domingo, 8 de março de 2015

Aula 11 – NÃO DIRÁS FALSO TESTEMUNHO


1º Trimestre_2015

 
Texto Base: Êxodo 20:16; Deuteronômio 19:15-20

 
“Não admitirás falso rumor e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa” (Êx 23:1).

 

INTRODUÇÃO

Dando sequência ao estudo do Decálogo trataremos nesta Aula a respeito do Nono Mandamento: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”. O testemunho falso, desnecessário, sem valor ou sem fundamento constitui uma das formas mais seguras de arruinar a reputação de uma pessoa e impedi­-la de receber tratamento justo por parte dos outros. Por causa de uma palavra mal falada, lares foram estilhaçados, reputação foi abalada, vidas literalmente destruídas, e até mesmo famílias inteiras arruinadas. A língua tem o fantástico poder de abençoar ou amaldiçoar, de curar ou ferir, de amar ou odiar. A falsa testemunha não ficará impune ao mentir sobre o seu semelhante, causando-lhe sofrimento - “... A falsa testemunha não ficará impune; e o que profere mentiras perecerá..." (Pv 19:9).

I. O NONO MANDAMENTO

O Nono Mandamento é mais uma maneira de expressarmos amor ao nosso próximo; neste caso, preservando a sua honra por meio de nossas palavras. Deus espera que, como seus filhos, a verdade flua de nossa boca e não o engano. A observância do Nono Mandamento contribuirá para a harmonia no convívio social. O Senhor Jesus Cristo citou este mandamento para o moço rico, juntamente com outros do Decálogo (Mt 19:18; Mc 10.19; Lc 18.20). Da mesma maneira, fez o apóstolo Paulo (Rm 13.9).

1. Abrangência. Dizer falso testemunho contra o próximo aplica-se não apenas ao perjúrio nos tribunais para prejudicar alguém, mas também à divulgação de boatos falsos e mexericos. Levantar acusações contra pessoas sem ter provas legítimas contra elas seria um ato pecaminoso e monstruoso. Não por acaso Tiago afirma que a língua é um membro capaz de incendiar uma floresta (Tg 3:7). Com a má língua pode-se rapidamente destruir reputações que levaram anos para serem construídas.

Li uma história de um jovem discípulo que contrariado com seu mestre levantou diversos falsos testemunhos contra ele causando-lhe grandes problemas. Anos depois ao saber que o velho mestre encontrava-se muito doente quase à morte, este jovem arrependido foi até ele para lhe suplicar o perdão dizendo que faria qualquer coisa para consertar o seu erro. O velho mestre gentilmente disse que aceitaria seu pedido de desculpas, mas pediu uma última tarefa ao jovem discípulo, dizendo-lhe que ele deveria pegar um saco cheio de penas e soltá-las do topo do edifício mais alto da cidade. Quando isso foi feito, o jovem voltou ao mestre que olhou para ele e disse: ‘Agora vá e recolha cada uma dessas penas e traga até mim’. O jovem exclamou: ‘Isso é impossível!’. E o velho mestre, como uma última lição lhe disse: ‘Da mesma forma que é impossível recolher as penas, é impossível que uma palavra proferida seja recolhida novamente’.

As palavras de um falso testemunho podem e devem ser perdoadas, mas nunca serão esquecidas por aqueles que foram tocadas por seu veneno.

Tiago recomenda que o homem seja "pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar" (Tg 1:19). Ouvir bem, ser cauteloso ao falar e não se irar facilmente são três métodos práticos para se cumprir construtivamente o Nono Mandamento. Mais adiante, Tiago mostra a dificuldade que o homem tem de dominar sua língua (Tg 3:8). Mas não existe justificativa para o cristão não cumprir de modo positivo o Nono Mandamento. Tiago ensina que a figueira não produz azeitonas, a videira não produz figos e a fonte de água doce não jorra água salgada (Tg 3:12). Portanto, o cristão deve refrear a língua, mesmo que seja praticamente impossível (Tg 3:8), pois isso corresponde a vontade e diretriz de Deus para ele.

2. Objetivo. Segundo o pr. Esequias Soares, o propósito divino neste mandamento é erradicar a mentira, a calúnia e a falsidade do meio do povo (Dt 19:20; Dt 17:3).

Segundo Hans Ulrich, “o problema da mentira é tão antigo como a história da humanidade. Já no jardim do Éden, Satanás usa uma pergunta falsa para arruinar o homem: ‘será que Deus disse...?’ (Gn 3:1). As palavras mais frequentes que a Bíblia hebraica aplica à mentira são sheger (‘falsidade’, ‘engano’) e kazabh (‘mentira’, ‘engano’). Portanto, a mentira é uma declaração falsa que tem a intenção de enganar o próximo. Um exemplo clássico está em Juízes 16:10,13, quando Sansão mente três vezes para Dalila”.

Também, o propósito deste mandamento, segundo o pr. Esequias Soares, é “promover o bem-estar social e a fraternidade entre os seres humanos. No tocante à doutrina, o mandamento torna-se uma muralha de proteção contra os falsos ensinos teológicos” (2Co 13:8).

3. Contexto. A honra talvez seja a parte mais sensível do ser humano. O Nono Mandamento não somente defende a honra, mas também a vida. Com suas normas na legislação mosaica, este mandamento mostra a administração da justiça em Israel. Todo o sistema judicial hebreu era baseado no testemunho. Todas as provas eram colhidas a partir das falas das testemunhas (cf. Dt 19:15-21). Uma palavra podia salvar ou condenar, inclusive à pena capital. Moisés instrui os juízes de Israel tanto na esfera criminal (Nm 35:9-34) como também na esfera religiosa (Dt 17:2-7) e civil (Dt 19:14-21).

Um falso testemunho pode resultar num julgamento injusto e comprometer a idoneidade da corte. Não é possível a vida numa sociedade corrompida em que o cidadão de bem não se sente seguro diante de uma corte que não oferece confiança e de um modus operandi em conluio com os corruptos, como havia à época de Habacuque – “Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida.” (Hc 1:4).

O sistema mosaico colocava a testemunha falsa sujeita à mesma pena que ela esperava ser aplicada ao acusado (Dt 19:16-21). Mesmo assim, nunca faltou quem se apresentasse como falsa testemunha.

II. O PROCESSO

1. Responder em juízo. “O Mandamento ‘não dirás falso testemunho contra o teu próximo’ (Êx 20:16; Dt 5:20) reflete o aspecto legal e isso é conhecido pelos termos usado e por sua regulamentação na lei”, afirma o pr. Esequias Soares. A palavra de um israelita contra a de outro não poderia ser válida para se estabelecer um julgamento. O processo religioso estabelece: "Por boca de duas ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por boca de uma só testemunha, não morrerá" (Dt 17:6). Nem mesmo um processo civil que não envolvia pena capital deveria aceitar uma só testemunha: "Uma só testemunha contra ninguém se levantará por qualquer iniquidade ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que pecasse; pela boca de duas ou três testemunhas, se estabelecerá o negócio" (Dt 19:15). Dessa maneira, esperava-se um julgamento justo e transparente, mas nem sempre essas testemunhas eram idôneas e honradas. Mas, se a testemunha procedesse de forma mentirosa em qualquer processo ela “estaria cometendo o crime em nada inferior ao crime objeto do julgamento”; ela seria processada e “a sentença deveria ser a mesma que se destinava ao acusado” (cf. Dt 19:19). “Se a acusação exigia a pena de morte, ela deveria ser transferida do réu para a falsa testemunha” (cf. Dt 19:21). “Mesmo conhecendo o rigor da lei, a história registra um número considerável de personagens que não levaram em consideração o nono mandamento”, afirma o pr. Esequias Soares.

2. Falso testemunho. Trata-se de alguém que fala em vão, sem fundamento, que faz acusação sem validade e sem consciência, portanto falso. Ninguém podia ser acusado por uma só testemunha, pois a lei exige duas ou três testemunhas (Dt 19:15-20). Era a garantia de um julgamento justo. Mas nem sempre isso era possível”.

- Nabote foi acusado, julgado e condenado conforme a lei, mas era inocente, pois as testemunhas eram falsas (1Rs 21:13).

- O Senhor Jesus Cristo foi a principal vitima de falso testemunho. O sistema legal de Jerusalém foi arranjado por representantes da lei cujo propósito era fazer o linchamento parecer um julgamento justo conforme determina o sistema mosaico. Seus acusadores eram as autoridades políticas e religiosas: "Os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte, e não o achavam, apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas" (Mt 26:59, 60). A passagem paralela de Marcos 14:55,56 afirma que as acusações dessas falsas testemunhas da elite do Sinédrio "não eram coerentes".

- Estêvão foi também vítima de falsas testemunhas. Essas pessoas foram subornadas para falarem mentiras contra um homem justo; a acusação era de blasfêmia contra Deus, contra Moisés, contra o templo e contra a lei (At 6:11-14). Assim como o Senhor Jesus, Estêvão foi condenado à morte (At 7:58-60).

- O apóstolo Paulo foi acusado, além das demais acusações falsas de introduzir gentios no templo de Jerusalém (At 21:27-33). Os romanos o prenderam para livrá-lo de um linchamento por parte dos judeus radicais, mas este episódio foi o início do fim da carreira apostólica de Paulo.

3. O próximo. Segundo o pr. Esequias Soares “é no Nono Mandamento do Decálogo que o termo ‘próximo’ aparece pela primeira vez. A expressão ‘teu próximo’ era conhecida por qualquer judeu familiarizado com as Escrituras no período do ministério terreno do Senhor Jesus, mas parece que havia incerteza quanto a seu exato significado: ‘E quem é o meu próximo? ’(Lc 10:29), perguntou um doutor da lei a Jesus. O contexto dos evangelhos deixa claro que os judeus daquela época consideravam como seus ‘próximos’ apenas os amigos da mesma etnia, tribo e classe com quem mantinham uma relação mútua de afinidade e intimidade. Mas não é esse o pensamento do Antigo Testamento, que inclui também os estrangeiros além dos israelitas (Êx 3:22; Lv 19:34). O segundo e grande mandamento, ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo’, é a palavra final sobre o assunto”. Portanto, “o próximo é qualquer pessoa, independentemente de sua etnia, status, confissão religiosa ou convicção política e filosófica”.

Múltiplas são as facetas do pecado contra a honra do próximo: desrespeito, resposta evasiva (Gn 4:9), engano proposital ou falsidade deliberada (Gn 27:19), ambiguidade, mordacidade, maledicência, injúria, ofensa, insulto, ódio, calúnia, detração, crítica desastrosa, murmuração, falsidade, malícia, logro (At 5:1-10), mexerico, zombaria, raiva. Toda manifestação de mentira provém do coração enganoso (Jr 17:9), que evidencia o desrespeito e o desprezo em nossos pensamentos e desejos íntimos.

III. A VERDADE

1. O que é a verdade?  Segundo Esequias Soares, “verdade é aquilo que corresponde aos fatos, em contraste com qualquer coisa enganosa, a mentira” (Dt 13:14; 17:4; Is 43:9).

Segundo Hans Ulrich, ao ser interrogado por Pilatos, Jesus respondeu que Sua missão é dar testemunho da verdade, e que todo aquele que ouve Sua voz é da verdade (João 18:37). Este jogo de palavras revela o segredo messiânico: Jesus é a verdade vinda do Pai; Ele é de fato o rei.

No testemunho joanino, a verdade de Cristo é uma força transformadora, capaz de nos libertar da escravidão do pecado; está escrito: "E conhecereis a verdade, e a verdade te libertará" (João 8:32).

A verdade de Jesus não nos deixa aprisionados, mas livres para sempre. O apóstolo João ainda afirma que é possível conhecer essa verdade. Conhecer alguém implica em ter interesse e abertura em relação a tal pessoa. Na medida em que se abre para a verdade e busca conhecer a Cristo, o homem desenvolve aquela fé que resulta na transformação real. O Nono Mandamento cumpre-se verdadeiramente na pessoa de Cristo. Ele colocará fim a toda mentira do homem e do diabo, de maneira que todo homem há de confessar que Ele é o Senhor (Fp 2:11).

O crente deve sempre escolher andar na verdade em quaisquer lugares: na família, na escola, no trabalho, nas amizades, em todo ambiente onde os seres humanos se relacionam entre iguais. Quem é de Jesus não tem outro compromisso que não seja a verdade. Não empreste a sua língua para levantar falso testemunho contra alguém. Como já disse, o nosso Senhor foi condenado pelos homens através do falso testemunho de outrem. A vida de Jesus nos ensina o lado que devemos escolher: o melhor é sempre o da verdade.

2. Antigo Testamento. Segundo Hans Ulrich, no Antigo Testamento, a palavra básica para "verdade" é “emet”, que deriva do conhecido vocábulo “amem” e significa fazer certo, concordar, suportar, sustentar. Também existe uma ideia de solidificação, estabilidade e firmeza. O oposto de “emet” é falsidade, mentira.

No testemunho do Antigo Testamento, Javé é a verdade (Is 65:36). Deus é o Deus da verdade (Sl 146:6; Jr 10:10). Ele não mente como o homem (Nm 23:19; Hb 6:18). Ele guarda Sua fidelidade ou, literalmente, Ele guarda Sua verdade para sempre (Sl 146:6) e é fiel e verdadeiro Seus conselhos (Is 25:1). Graça e verdade O precedem (Sl 89:14). Ele é grande em misericórdia e verdade (Êx 34:6). Suas palavras são verdadeiras (2Sm 7:28) e Sua palavra é reconhecida como a verdade (Sl 119:160).

O homem é criado à imagem de Deus e, portanto, é convidado por Deus a ser homem de verdade, integridade e fidelidade (Êx 18:21; Dt 1:13; Nm 7:2) e a andar na verdade (Sl 25:5; 43:3; 86:11).

Nos salmos, Deus nos exorta a praticar a integridade e a justiça, dizer a verdade de coração (Sl 15:2,3), refrear a língua, apartando-se do mal (Sl 34:13,14) e controlar a língua (Sl 39:2).

De acordo com a visão messiânica de Zacarias, a cidade de Sião será chamada cidade de verdade (Zc 8:3). O Senhor será "Deus em verdade e em justiça" (Zc 8:8), ou seja, Ele executará essas virtudes. A verdade não será um ato unilateral de Deus, pois o homem estará incluído nessa prática e participará da verdade. Isso significa que ele será capaz de falar a verdade com seu próximo (Zc 8:16) e realmente amar a verdade (Zc 8:19).

3. Novo Testamento. No Novo Testamento, Cristo é a perfeita expressão da verdade. Segundo Hans Ulrich, Cristo não apenas possui ou representa a verdade, Ele é a verdade em essência. A verdade se encarnou (João 1:14) e assumiu forma concreta em Jesus. Note que Ele não é uma verdade entre muitas outras verdades. Ele reivindica ser a verdade absoluta: "eu sou a verdade" (João 14:6).

Paulo recomendou aos colossenses que sua palavra fosse sempre agradável e temperada com sal, para saberem como responder a cada um (Cl 4:6). No capítulo 3 aos Colossenses, Paulo ensinou que o cristão não mente porque se despiu do velho homem, o que indica que, ao se tomar nova criatura em Cristo e participar da nova vida em Jesus, o homem passa a ser capaz de cumprir o Nono Mandamento. Para Paulo, existe uma nítida relação entre ser crente em Jesus e viver na verdade.

IV. O CUIDADO COM A MENTIRA

1. A origem da mentira. A mentira surgiu bem cedo na história da humanidade. Satanás, pai da mentira (Jo 8:44), no Éden, disse a primeira mentira registrada na Bíblia. Primeiro com uma indução (Gn 3:1) - “É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?” - e depois com a mentira propriamente dita (Gn 3:4) - “É certo que não morrereis”. Os nossos primeiros pais caíram em pecado justamente por não acreditarem nas palavras de Deus e sim nas mentiras proferidas pelo diabo.

A mentira não deve fazer parte da vida dos filhos de Deus. Ele ordenou: “…nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo” (Lv 19:11). “Os lábios mentirosos são abomináveis ao SENHOR” (Pv 12:22). Temos de abominar e detestar a mentira (Sl 119:163), rogando ao Senhor que a afaste de nós (Pv 30:8).

O nosso compromisso é com a verdade, por isso, “não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos” (Cl 3:9; cf. Ef 4:25).

2. O pecado da mentira. Segundo disse o pr. Esequias Soares, o Nono Mandamento proíbe toda forma de mentira, tanto aquela que se diz deliberadamente na vida diária como também sob juramento num tribunal. Tudo aquilo que se fala com o propósito de prejudicar o bom nome de alguém é pecado e violação deste mandamento. Na graça este mandamento aparece na esfera espiritual e não jurídica (Ef 4.25; Cl 3.9).

"Pelo que deixai a mentira e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros" (Ef 4:25).

O apóstolo Paulo mostra que engendrar pensamento falso, falar mentira, propalar falsos rumores faz parte do estilo de vida do mundo pagão. Portanto, nós que somos convertidos à fé cristã temos pela frente o desafio de mudar o nosso padrão de vida; precisamos agora viver como discípulos de Cristo.

3. O problema da mentira branca (*). Segundo Hans Ulrich, tudo o que se diz deve ser verdade, mas nem tudo o que é verdade deve ser dito. Em outras palavras, do ponto de vista da ética cristã, é bom e aconselhável diferenciar entre mentira proposital, engano ou erro de cálculo, retenção da verdade e mentira branca. Sabemos que, na prática, nem sempre é possível sair deste problema moral. Tal conflito leva muitas pessoas às mentiras brancas, conhecidas também por mentiras de emergência, úteis ou serviçais.

A mentira de emergência surge quando o homem se encontra no dilema de não querer admitir toda a verdade nem querer mentir propositadamente. Qual a solução para este problema? Pode-se mentir numa emergência? Jesus ensinou a dizer "sim" ou "não". O problema é que o ideal não ajuda a chegar a conclusões concretas nos casos em que o "não" constitui uma mentira e o "sim" prejudica meu próximo. É lícito guardar propositadamente um segredo e evitar dizer a verdade plena? Ou a proibição à mentira é um absoluto moral?

O Antigo Testamento relata as mentiras dos patriarcas, sem que tal atitude fosse rejeitada imediatamente no contexto: de Abraão (Gn 12:11-13; 20:1-12); de Isaque (Gn 26:7-11); de Jacó (Gn 27:8-27). As parteiras que salvaram muitos filhos dos hebreus são consideradas mulheres tementes a Deus (Êx 1:21). Também na história de Davi e seu amigo Jônatas consta a mentira emergencial (1Sm 20:1-30).

Todavia, no Novo Testamento não há lugar para qualquer forma de mentira. Jesus ensinou a dizer a verdade (Mt 5:37). Seria trágico se daí se concluísse que a verdade deve ser dita da mesma forma, em qualquer lugar, a qualquer hora e para qualquer pessoa.

Hans Ulrich, citando Bonhoeffer disse: a verdade não pode ser dita em qualquer lugar, a qualquer hora e para qualquer pessoa de igual maneira. Ao dizer a verdade plena, o médico pode provocar a morte imediata de um paciente sensível. Em um regime totalitário, a verdade plena também pode pôr fim a vidas preciosas. Não somos obrigados a responder toda a verdade a um regime de mentira que faz morrer milhares de pessoas inocentes. Por outro lado, é preciso levar a sério o ensino de Jesus: é melhor dizer "sim" ou "não" do que jurar (Mt 5:37).

CONCLUSÃO

Uma maneira de evidenciar nossa obediência a Deus quanto ao Nono Mandamento é amar sempre a verdade. A carta aos Coríntios nos lembra de que o amor “não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade” (1Co 13:6). Quem ama de fato a Deus e ao próximo como a si mesmo deve ter sua real satisfação em falar a verdade e nunca dizer falso testemunho. Quando minamos a reputação de outra pessoa pelas palavras que falamos, somos culpados de causar danos indescritíveis na vida desta pessoa, e de destruir a respeitabilidade e credibilidade dela diante da sociedade em que ela vive, quer seja no trabalho, comunidade, congregação ou mundo secular. Pense nisso!

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 61. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Esequias Soares. Os Dez Mandamentos – Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. CPAD.

Hans Ulrich Reifler. A ética dos dez Mandamentos. Vida Nova.

 (*) Hans Ulrich Reifler. A ética dos dez Mandamentos, pp. 224/225. Vida Nova.

2 comentários:

  1. OBRIGADO PR., DEUS CONTINUE DANDO AO SR. GRANDE SABEDORIA. PAZ E GRAÇA!

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  2. Obrigado pastor, Deus continue lhe dando graça e sabedoria!

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