4º
Trimestre/2017
Texto Base:
Gênesis 3.9-15
Com a graça de Deus
chegamos ao último trimestre do ano de 2017, e vamos encerrar a nossa série de
estudos bíblicos tratando a respeito da maior e mais importante dádiva divina
aos homens: a Salvação. O homem pecou de modo deliberado contra Deus, mas o
Criador não o deixou entregue à sua própria sorte, já no Éden o Senhor
providenciou a sua redenção mediante o sacrifício de Jesus Cristo. A promessa
da Salvação é a que abre a porta para todas as demais promessas direcionadas à
Igreja e individualmente a todas os crentes. Esta promessa estava no coração de
Deus antes mesmo da fundação do mundo (Ap.13:8). Deus na sua onisciência sabia
que o homem ia pecar, por isso arquitetou o plano mais precioso de todos os
demais planos, e isto Ele deixou claro logo após a consumação do pecado pelo homem
(Gn.3:15). Satanás sabia que o homem era a obra prima de Deus (Gn.1:27) e que
iria substituí-lo no Éden (Ez.28:13), assim sendo intentou destituí-lo, mas o
Senhor fê-lo saber a maior promessa: a Promessa da Salvação.
I. O CONCEITO
BÍBLICO DE SALVAÇÃO
1. O conceito. A palavra “Salvação” significa, em primeiro
lugar, ser tirado de um perigo, livrar-se, escapar. A Bíblia fala da Salvação
como libertação do perigo de uma vida sem Deus (At.26:18; Cl.1:13). A tradução
da palavra grega “Soterion” tem o sentido de “tornar ao estado perfeito”, ou
“restaurar o que a queda causou”. Segundo o Pr. Antônio Gilberto, Salvação é
uma milagrosa transformação espiritual, operada na alma e na vida – no caráter
– de toda pessoa que, pela fé recebe Jesus Cristo como seu único Salvador
pessoal (Ef.2:8,9; 2Co.5:17; João 1:12;3:5).
“Porque pela graça sois
salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das
obras, para que ninguém se glorie”.
“Assim que, se alguém
está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se
fez novo”.
“Mas a todos quantos o
receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu
nome”.
“Jesus respondeu: Na
verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não
pode entrar no Reino de Deus”.
Observe as afirmações
bíblicas: “é nova criatura” (conversão) e; “tudo se fez novo” (nova vida, novo
e íntegro caráter).
A Salvação não se trata
apenas de livramento da condenação do Inferno; a Salvação abarca todos os atos
e processos redentores, bem como transformadores da parte de Deus para com o
ser humano e o mundo (isto é, a criação), através de Jesus Cristo, nesta vida e
na outra (Rm.13:11; Hb.7:25; 2Co.3:18).
“E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono;
porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos
a fé”.
“Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a
Deus, vivendo sempre para interceder por eles”.
“Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a
glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem,
como pelo Espírito do Senhor”.
Pessoalmente
- isto é, em relação à pessoa -, a Salvação que Cristo realiza abrange:
- A Regeneração
da pessoa,
aqui e agora (Tt.3:5; 2Co.3:18).
·
“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua
misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito
Santo”.
·
“Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a
glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem,
como pelo Espírito do Senhor”.
- A Redenção do corpo do
crente,
no futuro (Rm.8:23; 1Co.15:44).
·
“E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também
gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”.
·
“Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo
animal, há também corpo espiritual”.
- A glorificação integral do crente, também no
futuro (Cl.3:4; Ef.5:27).
·
“Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos
manifestareis com ele em glória”.
·
“Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem
coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”.
2. A Promessa da Salvação no Antigo Testamento. Os 39 livros do Antigo
Testamento descrevem muito mais do que a origem do universo, do homem, e
da nação de Israel. Eles descrevem também as promessas divinas de redenção da
humanidade. Vejamos alguns exemplos:
a) A promessa no
Éden. Podemos
dizer que, biblicamente, a primeira promessa messiânica deu-se no Éden, quando
os nossos pais pecaram. Disse o Senhor: ”E porei inimizade entre ti e a
mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar” (Gn.3:15).
b) A promessa
tipificada na morte de um animal inocente. Um animal inocente foi morto, para cobrir a
nudez de Adão e de sua mulher: ”E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher
túnicas de peles, e os vestiu” (Gn.3:21). A morte deste animal, já tipificava a
morte do Senhor Jesus. Os animais que eram obrigatoriamente sacrificados para
expiar os pecados, apontavam para o sacrifício substitutivo de Jesus Cristo na
cruz do Calvário (Hb.10:11,12).
“Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus
Cristo, feita uma vez. E assim todo sacerdote aparece cada dia, ministrando e
oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar pecados”.
Era o oferecimento de um
inocente no lugar de um culpado; uma morte não merecida, mas aceita diante de
Deus para remir os pecados do povo de Deus (Hb.9:22) – “E quase todas as
coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue
não há remissão”.
c) A promessa
na chamada de Abraão. Deus prometeu a Abraão que, através de sua descendência, seriam benditas
todas as famílias da terra: “E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei
os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn.12:3).
d) A Promessa
por intermédio dos profetas. Diversos profetas do Antigo Testamento falaram acerca da salvação,
principalmente Isaías, o profeta messiânico (Is.25:9; 45:17; 33.2; 49:8; 56:1;
62:11; Mq.7:7). O ápice da salvação no Antigo Testamento se deu com a profecia
de Isaías sobre a vida e a morte do "Servo Sofredor" (Is.cap.53).
3. Salvação no Novo Testamento. No Novo Testamento, a Salvação
não é apenas prometida, mas também explicada:
a) Nos
Evangelhos. Os quatro primeiros livros do Novo Testamento descrevem o nascimento,
vida, ministério, morte e ressurreição do Senhor Jesus. Neles encontramos as
promessas divinas da salvação para a humanidade (Mt.1:21; Lc.1:69; 2:30; 3:6;
19:9; João 4:22).
b) No livro de
Atos. O
livro dos Atos dos Apóstolos descreve a fundação da Igreja e a expansão do cristianismo
no primeiro século; nele, a promessa da salvação também está presente (At.4:12;
At.13:47; 28:28).
c) Nas
Epístolas. Nas Epístolas as Doutrinas Bíblicas são
fundamentadas e explicadas, principalmente, a Doutrina da Salvação (Rm.1:16; 2Co.6:2;
Ef.1:13; Fp.2:12; Jd.1:3).
d) No Livro de
Apocalipse. O livro de Apocalipse descreve a consumação de todas as coisas, dentre
elas, a Salvação (Ap.5:9; 7:10; 12:10; 19:1).
Ainda que o pecador não
mereça, por intermédio do Filho de Deus, o Pai o justifica, o perdoa, o
reconcilia consigo (Rm.5:11), o adota em sua família (Gl.4:5) e faz dele uma
nova criatura (2Co.5:17). Assim, o Espírito Santo capacita o crente a viver em
santidade, mortificando a força do pecado, assemelhando-o com Cristo, a fim de
que o nascido de novo espere, com confiança, pela salvação plena e gloriosa (Fp.3:21).
4. A Salvação -
a Rainha de todas as bênçãos. A Salvação é oferecida ao homem como uma bênção, e, de forma gratuita.
Porém, para Deus ela teve um preço, um altíssimo preço. Ela custou a vida de seu
Filho Unigênito. Assim, para que a Salvação, a Rainha de todas as bênçãos, se
tornasse possível “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a vida
eterna” (João 3:16). Foi, pois, em Jesus, que Deus preparou a bênção da
Salvação para “todo aquele que crê”. Deus quer que todo pecador receba esta
bênção - “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo Salvação a todos
os homens” (Tito 2:11).
Afirmamos que a Salvação
é a Rainha de todas as bênçãos porque ela é a maior de todas as bênçãos que
Deus preparou para o pecador. Ela é a que teve o custo mais alto para Deus. Por
isto o Senhor Jesus afirmou: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo
inteiro, se perder a sua alma?” (Mt.16:26).
Se você, meu irmão, já
tomou posse desta tão grande Salvação, dê glória a Deus, e zele por ela, pois
ela custou a vida do Filho de Deus.
II. A
IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA DA SALVAÇÃO
1. A grandeza
da Salvação. Exorta o escritor aos Hebreus: “Como escaparemos nós, se não atentarmos
para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor,
foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram” (Hb.2:3). Na redenção da
humanidade, o Pai planejou a salvação, no céu (João 3:16; Gl.4:4,5); o Filho
consumou-a, na Terra (João 17:4,5; 19:30); e o Espírito Santo realiza e aplica
essa tão grande salvação à pessoa humana (João 16:8-11; Tt.3:5).
Por que a Salvação é grande?
João 3:16 explica claramente o porquê de ela ser tão grande: “Porque Deus amou
o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Explicando melhor:
a) A Salvação é grande por causa da sua Procedência - “Por que Deus amou...”. A Salvação procede do coração de Deus, do
seu íntimo. O Criador do universo, o Senhor dos céus e da terra, o Deus eterno,
colocou o seu coração em nós e nos amou desde a fundação do mundo. Deus nos amou
não por causa dos nossos méritos, mas Deus nos amou apesar dos nossos deméritos.
b) Por causa do seu Alcance. A
Salvação, também, é tão grande por causa de seu alcance – “por que Deus amou o mundo…”. Deus ama a todos indistintamente. Deus
não faz acepção de pessoas. Deus ama o pobre, o rico, o analfabeto, o doutor, o
homem do campo e da cidade, o religioso e o não religioso. O amor de Deus não
tem a sua causa em nós, tem a sua causa em seu próprio coração amoroso.
c) Por causa de sua Intensidade. Também, essa Salvação é
tão grande por causa de sua intensidade – “porque
Deus amou o mundo de tal…”. Deus não amou o mundo de uma maneira pequena,
limitada. Deus amou o mundo ao ponto de se dar por nós, de se sacrificar por
nós. Observe o que a Bíblia diz: “mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda
pecadores” (Rm.5:8); “nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e
enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados”(1João 4:10). O apóstolo
Paulo diz que Deus não poupou o seu próprio Filho, antes por todos nós o
entregou (Rm.8:32). Essa é a grandeza, esta é a intensidade do amor de Deus por
você e por mim.
d) Por causa do seu Sacrifício. A Salvação, outrossim, é
grande por causa do sacrifício de Cristo. O texto sagrado prossegue dizendo:
“por que Deus amou o mundo de tal maneira, que
deu o seu Filho unigênito…”. Deus não amou você a ponto de dar ouro e
prata. Deus não amou você a ponto de dar as riquezas das entranhas da terra.
Deus não amou a você a ponto de dar um anjo. Deus amou a você de tal maneira
que deu o seu Filho, o seu Filho unigênito. E deu para vir ao mundo e se
esvaziar de sua glória. E deu para entrar neste mundo e vestir pele humano, e
aqui ser humilhado, ser esbofeteado, ser pregado na cruz. Deus jamais
retrocedeu neste amor imenso, eterno, imutável, sacrifical, incondicional a nós,
nesta dádiva do seu próprio Filho.
e) Por causa da sua Oportunidade. A Salvação, também, é mui
grande por causa da sua oportunidade. O texto sagrado prossegue e diz: “porque Deus
amou......para que todo aquele que nele
crer...”. Deus providenciou a Salvação, e oferece esta Salvação: não
aqueles que são religiosos; não aqueles que são sinceros; não aqueles que
praticam boas obras; não aqueles que fazem penitências e sacrifícios. Diz o
texto sagrado que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho para
todo aquele que nele crer”. A condição única para nós sermos salvos, para nós
obtermos a vida eterna, para nós irmos para o Céu, para que o nosso nome seja
escrito no livro da vida é que creiamos em Jesus Cristo. Não há outro caminho;
não há outra alternativa; não há outra porta; não há outra possibilidade para nós
sermos salvo.
f) Por causa do seu Livramento. A Salvação, outrossim, é
mui grande por causa do seu livramento. Diz o texto sagrado: “porque deus amou
o mundo de tal maneira........não pereça.
Jesus estar nos alertando acerca de um perigo enorme: perecer eternamente. O
que é perecer neste texto? Não é apenas morrer fisicamente; não é apenas, como
muitos imaginam, serem extintos, não. Jesus fala de uma condenação eterna, de
trevas exteriores, de banimento para sempre da presença de Deus. Jesus fala de
uma condenação eterna. Jesus fala de um fogo que não se paga, de um bicho que
não para de roer. Jesus fala de choro e ranger de dentes. Jesus fala de inferno,
de condenação para sempre. Aquele que não crer vai perecer. Cristo não morreu
na cruz para que os incrédulos sejam salvos, para aqueles que se rebelam contra
a graça de Deus sejam salvos, mas Cristo morreu na cruz para que todo aquele
que nele crer não pereça.
g) Por causa da Oferta que Deus oferece: “a vida
eterna”.
O texto sagrado termina dizendo: “porque Deus amou o mundo...tenha a vida eterna”. O que é a vida eterna? Não é apenas uma
vida que nunca vai acabar, porque aqueles que vão para o inferno também nunca
vão cessar de existir, com tormento. Vida eterna é muito mais que uma vida que
nunca vai acabar. Vida eterna é uma qualidade superlativa excelente de vida, de
santidade, de contentamento, de alegria, de pureza, que nunca vai terminar. É
quando Deus vai enxugar de nossos olhos toda lágrima; é quando não haverá mais
dor; é quando não haverá mais luta; é quando não haverá mais tristeza; é quando
não haverá mais despedida; é quando não haverá mais velhice; é quando não
haverá mais tropeço; é quando não haverá mais cortejo fúnebre; é quando não
haverá mais cansaço; é quando estaremos com Deus e para Deus eternamente. Sem
dúvida, a Salvação em Cristo é de uma grandeza sem par! Como escaparemos nós,
se não atentarmos para uma tão grande Salvação?
Disse o Pr. Antônio
Gilberto, e concordo com ele: “Se todos os crentes tivessem uma plena visão da
Salvação, se todos pudessem ver plenamente ao longe a tão grande salvação que
receberam, com certeza teriam atitudes diferentes no seu dia-a-dia. Teríamos tanto
regozijo, tanta motivação, tanto entusiasmo, tanta convicção, tanto anseio e
enlevo pelo Céu, que não haveria na Terra um só salvo descontente, descuidado,
negligente e embaraçado com as coisas desta vida e deste mundo. Ademais,
teríamos uma tão profunda compreensão do que é o Céu – e, por isso, teríamos
tanto desejo de ir para lá -, que o Diabo não teria na igreja um só fã, um só
admirador de suas coisas, um só aliado” (Pr. Antônio Gilberto. Soteriologia – a
Doutrina da Salvação. CPAD).
2. Para compreender o que Jesus fez. A Doutrina da Salvação é
importante para compreendermos o grande feito de Jesus por toda a humanidade:
sua morte vicária na Cruz por toda a humanidade. Jesus nasceu para morrer. Ele
nasceu para ser o nosso substituto, nosso representante, nosso fiador. Na
verdade, a cruz sempre esteve incrustada na mente de Deus, em Seu coração
amoroso. Jesus Cristo jamais recuou diante dessa cruz. Ele caminhou resoluto
para ela como um rei caminha para sua coroação. Portanto, a cruz de Cristo além
de ser um fato já planejado na eternidade, expressa para você e para mim o
gesto do maior amor de Deus por nós.
Se você ainda tem dúvida
do amor de Deus, entenda que não há possibilidade de nós expressarmos de forma
mais eloquente e mais profunda o amor de Deus por nós do que a manifestação da
cruz. Ali aconteceu o maior de todos os sacrifícios. O Filho de Deus deixou o
Céu, deixou a companhia dos anjos, deixou a glória do Pai, e veio e se
humilhou, se fez servo; foi perseguido, foi preso, foi insultado, foi cuspido,
foi zombado, foi escarnecido, foi pregado na cruz. Com a morte de Jesus,
ativou-se o contato da criatura com o Criador que fora quebrado no Éden e se
tornou visível a ação de Deus na vida dos homens, de maneira que o céu, que
parecia ser inatingível, tornou-se acessível aos homens por meio de Cristo
Jesus. A morte de Jesus na cruz, que seria uma vitória do diabo, na verdade
representou a própria derrota de Satanás.
Qualquer pecador pode ser
salvo aqui e agora. Basta apenas arrepender-se de seus pecados e crer na
suficiência da graça manifestada em Cristo Jesus (Rm.10:8-10). Infelizmente, há
em alguns segmentos ditos evangélicos uma mentalidade herética de que é preciso
o pecador cumprir algum tipo de ritual para alcançar os benefícios da graça de
Deus. Alguns desses rituais são: listar todos os pecados conhecidos,
confessá-los nome por nome a algum preposto sacerdote, “queimar” esses pecados
em fogueiras, quebrar as chamadas maldições hereditárias e passar por um
processo de purificação emocional, como se esse, sim, fosse o grande segredo
guardado a sete chaves para a obtenção da salvação. Ora, a obra completa da
salvação já foi consumada na cruz, é perfeita e não precisa de nenhum adendo (1Pd.2:24;
Cl.1:20; Is.53:4,5,12).
3. Para se apropriar dos benefícios da Salvação. A Doutrina da Salvação
também é importante para aprendermos e experimentarmos as bênçãos da Salvação.
Por si só, a Salvação já é uma grande bênção, mas como promessa-mãe ela é força
geratriz de muitas outras bênçãos. O apóstolo Paulo descreve com muita
inspiração as muitas bênçãos da Salvação, na carta aos Efésios 1:3-14. Muitos
são os benefícios da Salvação, tais como a libertação da culpa e do poder do
pecado. Todavia, outros benefícios se apresentam diante de nós que aceitamos a
Jesus Cristo como único e suficiente Salvador:
- A bênção da Regeneração. Regeneração ou o Novo
Nascimento significa o ato sobrenatural em que o homem é gerado por Deus para
ser filho (João 1:12) e participante da natureza divina (2Pd.1:4).
Ø Significa vida renovada (1João
3:13,14): “Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos odeia. Nós sabemos
que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu
irmão permanece na morte”.
Ø Significa mente renovada
(Rm.12:2): “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus”.
Ø Significa propósitos renovados
(2Co.5:17): “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas
velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”.
Ø Significa a vontade de
Deus em nossa vida (João 1:12,13): “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes
o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não
nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de
Deus”.
Ø Significa despir-se do
velho homem (1Co.6:20): “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai,
pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus”.
O Novo Nascimento é
essencial para que o homem entre no Reino de Deus, e não ocorre por ocasião do
batismo em águas nem pela vontade humana, e sim pela vontade de Deus. O homem
regenerado recebe de Deus coração e espírito novos (Ez.36:26), podendo assim
ter comunhão com Deus e a garantia de viver com Ele na eternidade.
- A bênção de sermos “filhos de Adoção por Jesus
Cristo”(Ef.1:5). A salvação torna-nos filhos de Deus (João 1:12). Como deixamos de ter
pecados, como passamos a ser considerados justos, como passamos a ter comunhão
com Deus, recebemos o poder de sermos filhos de Deus, herdeiros de Deus e coerdeiros
de Cristo (Rm.8:17). Enquanto estávamos nos nossos pecados, Deus não podia nos
levar a essa posição tão próxima dele e marcada por tanto carinho. Por isso, o
Senhor Jesus veio à Terra e, por sua morte, sepultamento e ressurreição,
resolveu o problema dos nossos pecados, satisfazendo as exigências de Deus. O
valor infinito do seu sacrifício no calvário providenciou a base justa sobre a
qual Deus pode nos adotar como filhos. A nova vida que recebemos pelo perdão
dos pecados faz com que tenhamos comunhão com Deus e o Espírito de Deus
testifica com o nosso espírito, que volta a ter relacionamento com Deus, que
somos filhos de Deus (Rm.8:16). Adotado por Deus, o crente é considerado como
filho do Pai Celeste (1João 3:2), como irmão de Jesus (Hb.2.11), como herdeiro
dos céus (Rm.8.17). De igual modo, é libertado do medo (Rm.8.15) e desfruta de
segurança e certeza de vida eterna (Gl.4.5,6).
- A bênção da Redenção (Ef.1:7). Jesus pagou o preço da nossa Salvação e, por isso, nos comprou a
liberdade. Este ato é conhecido por “redenção”, ou seja, “o ato de remir ou
redimir”; o “resgate”, ou seja, “o ato de livrar (algo) de ônus por meio do
pagamento”, o “ato de comprar para libertar”. Por isso, o apóstolo Pedro nos
lembra que não fomos comprados com ouro, mas com o precioso sangue de Jesus (1Pd.1:18,19).
O preço da Redenção é o seu sangue; nada mais serviria. Como fomos comprados
por Cristo, libertamo-nos do jugo do pecado e, por isso, não mais estamos sob
condenação, alcançamos a Justificação.
- A bênção de sermos propriedades exclusivas de Deus
(Ef.1:13). Dantes estávamos mortos em nossos delitos e pecados, destituídos da
glória de Deus. Agora, somos propriedade sua – “... fostes selados com o
Espírito Santo”. Como “selo”, o Espírito Santo é dado ao crente como a marca ou
evidência de propriedade de Deus. Ao outorgar-nos o Espírito, Deus nos marca
como seus(2Co 1:22). Assim, temos a evidencia de que somos filhos adotados por
Deus, e que a nossa Redenção é real, pois o Espírito Santo está presente em
nossa vida(Gl.4:6).
- A bênção da garantia da nossa Herança: o Espírito
Santo - “o penhor da nossa herança”(Ef.1:14). No dia em que fomos
salvos, o Espírito Santo começou a revelar-nos algumas das riquezas que serão
nossas em Cristo. Ajuda-nos a entender a glória vindoura. Porém, como poderemos
ter a certeza de que um dia receberemos a herança toda? O Espírito Santo é a
garantia divina de que pertencemos a Deus e que Ele cumprirá o que prometeu.
Ele é como um pagamento inicial, um depósito ou penhor, uma assinatura que
valida um contrato. Sua presença em nós demonstra a veracidade de nossa fé,
prova que somos filhos de Deus e nos garante a vida Eterna. Glórias sejam dadas
a Deus por todas as bênçãos que Ele nos deu através da morte vicária de nosso
Senhor Cristo Jesus!
III. A SALVAÇÃO
PROMETIDA NO ÉDEN
A Queda do homem foi um
desastre que afetou todo o cosmo. As consequências foram catastróficas. Deus
castigou o pecado com dor, sujeição e sofrimento. Um Deus santo e justo não
pode fazer vista grossa à rebelião de suas criaturas. Ele é o justo Juiz.
Com a Queda, a natureza
humana corrompeu-se e o homem adquiriu a tendência para pecar. Já não era
inocente como uma criança, mas sua mente se havia sujado e ele sentia vergonha
de seu corpo. Outra prova da sua natureza corrompida: ele lançou a culpa sobre
sua mulher. Adão chegou a insinuar que Deus era o culpado: "A mulher que
me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi" (Gn.3:12). Isto é
uma demonstração clara da natureza decaída do homem. Os juízos de Deus eram
inevitáveis.
Mas, no Éden, não houve
apenas juízos inclementes. Também houve a promessa de um juízo redentivo. Ao
invés de lançar apenas juízos inclementes e condenatórios sobre o casal, Deus,
o justo Juiz, abriu um espaço para a Redenção. Observe a bondade de Deus
ao prometer a vinda do Messias antes mesmo de decretar a sentença de juízo condenatório
ao homem e a mulher: “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua
semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”
(Gn.3:15). Esta é a mais gloriosa promessa de Redenção, de soerguimento do
homem da condenação. Este versículo é conhecido como protoevangelho, isto é, “o
primeiro evangelho”. O texto anuncia a inimizade perpétua entre Satanás e a
mulher (que representa toda a humanidade), e entre a descendência de Satanás
(seus representantes) e o seu descendente (o descendente da mulher, o Messias).
O Descendente da mulher feriria a cabeça de Satanás. Essa ferida foi infligida
no Calvário, quando o Salvador triunfou sobre Satanás. Este, por sua vez,
feriria o calcanhar do Messias. Essa ferida se refere ao sofrimento (incluindo
morte física), mas não à derrota final. Cristo sofreu na cruz e morreu, mas
ressuscitou dentre os mortos, vitorioso sobre o pecado, o inferno e Satanás.
Cristo esmagou a cabeça
da "Serpente" provendo a solução definitiva para o estado caído do
ser humano. A peçonha do pecado que Satanás tentou passar à humanidade foi
aniquilada pela morte redentora de Cristo. O Criador prometeu Salvação e deseja
que todo ser humano seja salvo (1Tm.2:3,4), apesar da condição de rebelado, de
pecador e de inimigo de Deus.
Embora a queda tenha
acarretada tanta desgraça para o ser humano, nós aprendemos que há uma
esperança para o pecador, em Cristo Jesus. Através de Cristo, Deus Pai
provê-nos eterna e suficiente Redenção, dispensando-nos um tratamento mui
especial. Glórias a Deus pelo seu grande amor e misericórdia!
CONCLUSÃO
Devemos glorificar a Deus
por nos ter dado esta oportunidade imerecida de Salvação. Devemos, pois, cumprir
a nossa parte, renunciando a nós mesmos, tomando a nossa cruz e seguindo ao
Senhor Jesus (Mt.16:24), para que alcancemos a Glorificação, tornando, assim,
realidade em nossas vidas esta maravilhosa promessa, a promessa da Salvação.
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 72. CPAD.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e
exaustiva.
Pr. Caramuru Afonso Francisco. A Promessa da
Salvação. PortalEBD_2007.
Pr. Antônio Gilberto. Soteriologia – a Doutrina da
Salvação. CPAD.
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