1º
Trimestre/2018
Texto Base
Hebreus 12:1-8; 13:15-18.
"Portanto,
nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas,
deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com
paciência, a carreira que nos está proposta"(Hb.12:1).
Com esta Aula concluímos
o estudo da maravilhosa Epístola aos Hebreus, que trata acerca da superioridade
de Cristo, do seu ministério e da Nova Aliança. Nesta última Aula estudaremos
os dois últimos capítulos, os quais nos exortam a correr a “maratona” da fé sem
recuar ou olhar para trás, pois em breve o nosso Senhor, o nosso Salvador,
voltará. Nessa corrida exaustiva o crente corre em busca de um alvo: o “...prêmio
da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp.3:14), uma coroa incorruptível
(1Co.9:25), a ressurreição dentre os mortos (Fp.3:11) e a glorificação
(Fp.3:21). Para alcançar o prêmio final dessa maratona o crente se esforça,
dedica-se e trabalha com todo o esmero. Como um atleta que se prepara à
exaustão, o discípulo de Cristo deve deixar os entraves desta vida e manter o
foco na Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Nesta “maratona”, o crente se acha qual
um atleta, esforçando-se e correndo o máximo, totalmente concentrado no que
faz, a fim de não ficar aquém do alvo que Cristo estabeleceu para a sua vida. A
fé é o combustível que dinamiza a nossa atuação nesta grande “maratona” que nos
está proposta (Hb.12:1).
I. A CORRIDA
PROPOSTA
A salvação que alcançamos
pela fé na obra redentora de Cristo, não é o fim, mas o início da maratona,
pois a salvação é um processo. Uma vez salvo, temos o dever de desenvolver a
nossa salvação até o ponto da maturidade plena no Senhor Jesus. Devemos nos
conscientizar que a busca constante da maturidade espiritual é um desafio que
está posto a todos nós que aspiramos à concretização do alvo que Jesus
estabeleceu para todos nós, o Céu. O que era responsabilidade de Deus fazer,
Ele efetivamente fez. Temos, então, de cumprir a nossa parte no processo,
desenvolvendo-nos na fé, confiados no poder que Deus liberou-nos pela presença
do Espírito Santo que em nós habita. Ainda não somos perfeitos na qualidade e
proporção que o Senhor deseja, mas estamos a caminho, perseguindo a perfeição
até que um dia cheguemos à estatura de varões perfeitos em Cristo, que se dará
na glorificação.
1. O exemplo dos antigos. “Portanto, nós também,
pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos
todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência,
a carreira que nos está proposta” (Hb.12:1).
Os crentes destinatários
da Epistola, por terem renunciado ao judaísmo por Cristo, estavam enfrentando
oposição implacável. Havia o risco de eles interpretarem seu sofrimento como um
sinal de desagrado de Deus. Eles podiam ficar desencorajados e desistir. Pior
ainda, poderiam ser tentados a retornar ao Templo e às suas cerimônias. Eles
não deveriam supor que o sofrimento deles era excepcional. Muitas das
testemunhas descritas no capítulo 11 sofreram severamente como resultado da
lealdade ao Senhor, e, ainda assim, resistiram.
Os crentes fiéis ao longo
dos séculos (capitulo11) agora são como uma “grande nuvem de testemunhas” da
vida de fé. Eles não são “testemunhas” como se fossem meros espectadores,
olhando para nós lá do Céu e observando a vida dos crentes na terra; na
verdade, eles nos dão testemunho pela vida de fé e perseverança que levaram, e
estabeleceram um alto padrão para o imitarmos, que encoraja constantemente
aqueles que vivem depois deles. A vida desses gigantes da fé, os seus exemplos
e a sua fidelidade a Deus, sem ver as suas promessas, falam a todos os crentes
sobre a recompensa de permanecer nesta prova de força e comprometimento, que é
a “maratona” da vida cristã. Se eles mantiveram perseverança indeclinável com
seus poucos privilégios, muito mais deveríamos nós, a quem foram destinadas as
realidades superiores da Nova Aliança.
2. O exemplo de Jesus. O autor faz um apelo
para que os crentes olhem “para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo
gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e
assentou-se à destra do trono de Deus” (Hb.12:2).
Durante toda a maratona
da fé, devemos desviar-nos de todos os outros objetos e fitar os olhos em
Jesus, o corredor principal. Por quê? Porque Jesus, o nosso principal exemplo,
concluiu a sua corrida de maneira perfeita. Por Ele estar na linha de chegada,
os cristãos devem olhar para Ele, afastando os olhos de quaisquer distrações ou
opções. É dele que a nossa fé depende, do principio ao fim (Ele é o autor e
consumador da fé).
·
Jesus é o “Autor”, ou o pioneiro, da fé, no sentido de que nos proveu com
o único exemplo perfeito de como é a vida de fé.
·
Jesus é também o “Consumador” da fé. Ele não apenas iniciou a corrida,
mas a terminou com triunfo. Para Ele, o itinerário da corrida ia do Céu a Belém
de Judá; depois, do Getsêmani ao Calvário e; do túmulo, de volta para o Céu. Em
nenhum momento Ele vacilou ou voltou atrás. Ele manteve os olhos fixos na vinda
gloriosa, quando todos os remidos serão reunidos com Ele eternamente. Suportou
uma morte vergonhosa na cruz, mas Ele suportou todo este sofrimento pelo gozo
que lhe estava proposto. Ele manteve seus olhos no objetivo do curso que lhe
foi indicado, a realização do seu trabalho sacerdotal e o seu lugar à destra do
trono de Deus no Céu.
Saber que uma grande
recompensa estava por vir para o povo de Deus dava a Jesus grande alegria. Ele
não olhou para os seus desconfortos terrenos, mas manteve seus olhos fixos nas
realidades espirituais invisíveis. Como Cristo, nós devemos perseverar em
tempos de sofrimento, olhando para Ele como o nosso exemplo e concentrando-nos no
nosso destino celestial (ler Fp.3:20,21).
Quando os crentes
destinatários eram tentados a se concentrar nas suas dificuldades, ao ponto de
considerarem abandonar a sua fé, a Epistola aos Hebreus os incentivava a pensar
“naquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo”
(Hb.12:3). Cristo foi ridicularizado, açoitado, espancado, cuspido e
crucificado. Ainda assim, Ele não se entregou à fadiga, ao desânimo, ou ao
desespero.
3. O exemplo da Igreja. O sofrimento é uma
realidade implacável que cerca o cristão na maratona da fé, e o autor não nega
isso em relação a seus companheiros de caminhada. Por que a perseguição, as
provações, as tentações, as doenças, as dores, os sofrimentos e os problemas
atingem a vida do cristão? São sinais da ira e do desagrado de Deus? Eles
acontecem por acaso? Como deveríamos reagir a eles? Hebreus 12:5,6 ensina que
são partes do processo educativo de Deus para seus filhos. Embora eles não
venham de Deus, Ele os permite e depois os revoga para sua glória, para o nosso
bem e para a bênção dos outros. Diz assim os textos sagrados:
“E já vos esquecestes da
exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a
correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido; porque o
Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho”.
Nada acontece por acaso a
um cristão. Deus aproveita as circunstâncias adversas da vida para nos
conformar à imagem de Cristo. O apóstolo Paulo nos consola dizendo que “todas
as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm.8:28).
Assim os primeiros
cristãos hebreus eram exortados a se lembrar de Provérbios 3:11,12, em que Deus
se dirige a eles como filhos. Nesta passagem Ele os adverte a não desprezar a
disciplina ou a não se desencorajarem com sua repreensão. Se eles se rebelam ou
desistem, perdem o benefício dos procedimentos de Deus para com eles e deixam
de aprender as lições divinas.
Quando enfrentamos
dificuldades e desânimo, devemos nos conscientizar de que não estamos sozinhos;
Jesus está conosco - “Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos
pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos
ânimos” (Hb.12:3). Muitos suportaram circunstâncias muito mais difíceis do que
nós temos enfrentado. O sofrimento é pedagógico, ele nos educa para a
maturidade cristã, desenvolvendo a nossa paciência e tornando doce a nossa
vitória final.
II. CORREDORES
BEM TREINADOS
Para vencermos a corrida
que nos foi proposta pelo Senhor precisamos de treino. O corredor bem treinado
tem melhor desempenho na corrida.
1. Respeitam limites. O autor lembra a seus
leitores: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá
o Senhor" (Hb.12:14).
Nesta maratona da fé não
há concorrente, não há disputa à busca de um prêmio maior de quem chegar
primeiro, não. O prêmio é para quem chegar ao último estágio da “maratona”, a
glorificação. Portanto, o importante não é chegar primeiro, mas chegar
incólume, espiritualmente falando. Esta maratona da fé é uma prova de
resistência, não de competitividade. Por isso, o apóstolo exorta: "Segui a
paz com todos..." (Hb.12:14). Os crentes devem ter relações tão pacificas
quanto possível com as pessoas não-crentes, como também ter relações
harmoniosas dentro da comunidade cristã. A comunhão cristã deve ser
caracterizada pela paz e pela edificação reciproca.
Nesta prova de
resistência, também, há um limite a ser respeitado no decorrer da prova: não há
espaço para libertinagem; não se pode correr de qualquer maneira, fora dos
termos estabelecidos pelo Comitê (Pai, Filho e Espírito Santo) da prova. Por
isso, o autor da Epístola exorta: “Segui [...] a santificação, sem a qual ninguém
verá o Senhor”. A santificação é um dos fatores que nos mantêm preparados e
vigilantes para a volta de Cristo(Hb.12:14; 1Ts.5:23; Ap.19:7,8). A vontade de
Deus para a vida do crente é que ele seja santo, separado do pecado (1Ts.4:3).
Santificação significa a
devoção ou a consagração ao serviço de Deus. Na prática, a nossa santificação
significa honrar a Deus na maneira como tratamos os outros – amigos, vizinhos,
cônjuge, filhos, até mesmo inimigos – e na maneira como administramos os nossos
negócios, as nossas finanças, etc. A santificação faz com que o comportamento,
os pensamentos e as atitudes dos cristãos e dos não-crentes sejam diferentes. A
nossa santificação, que nos foi possibilitada graças à morte e ressurreição de
Cristo, nos permitirá ver o Senhor como Ele realmente é, quando estivermos com
Ele para sempre.
Os cristãos devem estar
“em boa forma espiritual” e devem ser capazes de correr a corrida desimpedidos.
Portanto, devemos nos despojar de todo embaraço ou peso que possa nos tornar
mais lentos nesta maratona da fé. Muitos “embaraços” ou “pesos” podem não ser
necessariamente atos pecaminosos, mas podem ser coisas que nos retém, como o
uso do tempo, algumas formas de diversão, determinados relacionamentos, bens
materiais, amor ao conforto, etc. Porém, é especialmente importante que nos
desembaracemos do pecado que tão de perto nos rodeia e que prejudica o nosso
progresso. Pecados como a avareza, o orgulho, a arrogância, a luxúria, os
mexericos, a desonestidade, o roubo..., podem fazer com que os crentes se
desviem do seu curso espiritual. Portanto, os cristãos devem correr, com
paciência, a carreira que está proposta por Deus. Precisamos nos proteger da
noção de que a “maratona” é uma corrida de velocidade fácil, que tudo na vida
cristã é cor-de-rosa. Temos de estar preparados para seguir em frente com
perseverança diante das provações e tentações.
2. Mantêm a mente limpa. “tendo cuidado de que
ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando,
vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hb.12:15).
Um corredor bem treinado
mantém a sua mente limpa e renovada, não permitindo que as coisas do mundo
ocupem espaço nela. O apóstolo Paulo, em Romanos 12:2, exorta: "Não se
amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua
mente" (Rm.12:2, NVI). A única maneira da nossa mente se manter limpa e renovada
é quando deixamos a Palavra de Deus limpar as coisas que o mundo coloca nela.
Se você perceber, o mundo é contumaz em transmitir as suas mensagens, pelos
diversos meios que dispõe, a fim de que elas sejam inculcadas em nossas mentes.
Mesmo que não concordemos, acabamos como que dessensibilizados para o pecado
que o mundo está promovendo. Mas Paulo nos diz que não devemos deixar que
sejamos moldados por esses padrões, mas devemos renovar a nossa mente. A nossa
mente depois de "bombardeada" diariamente com os conceitos mundanos
acaba "deformada", por isso devemos fazer o esforço para trazê-la à
forma correta. A forma correta que a nossa mente deve ter: a mente de Cristo. Paulo
diz em 1Coríntios 2:16: "Nós, porém, temos a mente de Cristo".
O apóstolo Paulo nos dá
algumas dicas para renovar a nossa mente:
· A primeira dica é
entregar o domínio dos nossos pensamentos à Cristo - "levando cativo todo
pensamento à obediência de Cristo" (2Co.10:5). Devemos reconhecer que, se
Cristo é nosso Senhor, devemos a Ele a obediência em todos os aspectos de nossa
vida, inclusive de nossos pensamentos. Devemos anular todo tipo de pensamento
que coloca em dúvida a soberania e o amor de Deus através de Cristo, e submeter
nossos pensamentos ao controle de Cristo.
· A segunda dica é não
deixar os pensamentos vazios, mas ativamente escolher o que pensar -
"Finalmente irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo
o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for
de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas
coisas" (Fp.4:8 NVI). Martinho Lutero dizia que a mente vazia é a oficina
do diabo. Não deixe sua mente divagar sem objetivo, traga-a à obediência de
Cristo pensando no que é bom.
· A terceira dica é meditar
e memorizar a Palavra de Deus. O Salmo 1 fala que o segredo do homem que é
bem-sucedido no que faz é que ele tem prazer na lei de Deus e medita nela dia e
noite. A meditação bíblica, no entanto, não é uma atitude passiva de
concentração, mas uma busca ativa de oportunidades de colocar em prática a
palavra que está sendo meditada e memorizada. Esta é a grande diferença entre
aqueles que conhecem muitas passagens bíblicas de cor e os que colocam em
prática as poucas passagens que conseguem memorizar.
Nesta maratona da fé, vale
a pena o esforço de manter a mente limpa e renovada. Ao nos apropriarmos da
mente de Cristo através da renovação da nossa mente pela meditação e prática da
Palavra de Deus poderemos experimentar, nas palavras do apóstolo Paulo, a
"boa, agradável e perfeita vontade de Deus para nós" (Rm.12:2).
3. Valorizam as coisas espirituais. “E ninguém seja
fornicador ou profano, como Esaú, que, por um manjar, vendeu o seu direito de
primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a
bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que, com
lágrimas, o buscou” (Hb.12:16,17).
Neste texto, o autor de
Hebreus mostra que Esaú, filho de Isaque, desprezou deliberadamente as coisas
de Deus. De acordo com o livro de Gênesis, Esaú era um indivíduo mais
preocupado com as coisas terrenas do que com as celestiais (Gn.25:29-34;
27:33,38). O autor instrui os crentes a observar que ninguém seja profano como
Esaú.
Esaú não seguiu os
exemplos daqueles que têm os seus olhos fixos nas recompensas celestiais. No
lugar de se importar com o seu direito de primogenitura, que tinha grande valor
espiritual, ele, por um manjar, vendeu o seu direito de primogenitura.
No Antigo Testamento, o
direito de primogenitura era uma honra especial conferida ao filho homem
primogênito. Ao negociar este direito, Esaú mostrou um completo desrespeito
pelas bênçãos espirituais que teriam vindo através deste direito, se ele o
tivesse conservado. Devido à sua atitude, querendo ele ainda depois herdar a
bênção de seu pai, foi rejeitado; já era tarde demais. Aqueles que rejeitam o
caminho de Deus não terão uma segunda chance quando chegar a oportunidade para
que outros herdem a sua benção espiritual. Nenhuma quantidade de apelos diante
do trono de Deus fará com que o Senhor mude de ideia sobre o destino daqueles
que o rejeitarem enquanto viverem na terra.
O pecado de Esaú foi a
sua impulsividade e o completo desrespeito pela sua herança espiritual. Assim
como Esaú teve pouca consideração pelas coisas espirituais, a Igreja deve tomar
cuidado com as pessoas que se unem a ela, mas não tem uma preocupação real com
as coisas espirituais.
III. A CORRIDA
FINAL, EXORTAÇÕES FINAIS
1. Valorizar a
liderança. “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a
fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver” (Hb.13:7).
Aqui, o autor dar
instruções a respeito da vida religiosa da igreja destinatária. Os seus
pastores tinham dado exemplos que mereciam respeito e consideração. Os pastores
mencionados aqui provavelmente eram os cristãos fundadores, os anciãos do
grupo, que lhes falaram a Palavra de Deus pela primeira vez. Embora esses
pastores já tivessem morrido, a sua influência continuava, como fica evidente
pela existência das comunidades de crentes. Esses pastores tinham imitado o
exemplo de uma grande nuvem de testemunhas crentes (Hb.12:1,2). Por terem
confiado no Senhor e terem feito o bem, as suas vidas eram dignas de ser
imitadas e valorizadas.
Onde não há respeito pela
liderança, prevalece a anarquia. Os líderes não são intocáveis nem tampouco
perfeitos, mas devem ser honrados pelo trabalho que realizam; a natureza da
missão a eles confiada pertence a outra dimensão, a saber a dimensão espiritual
– “... velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas...”
(Hb.13:17).
O apóstolo Paulo
escrevendo aos crentes de Tessalônica, exorta-os da seguinte forma: “E rogamos-vos, irmãos,
que reconheçais os que trabalham entre vós, e que presidem sobre vós no Senhor,
e vos admoestam; e que os tenhais em grande estima e amor, por causa da sua
obra” (1Ts.5:13,13).
Se é verdade que devemos
observar os demais homens e até imitá-los, como as personagens bíblicas e os
nossos irmãos, entre os quais os pastores”(Hb.13:7), o certo é que os homens só
nos servem de parâmetro enquanto forem ramos ligados à videira verdadeira.
Paulo exorta os crentes a imitá-lo enquanto era imitador de Cristo, e os
pastores devem ser imitados enquanto homens de fé em Deus. Jesus é o modelo
imutável e único; é a videira verdadeira. Como a Verdade é única, em nenhum
outro devemos nos espelhar.
2. Valorizar a doutrina. “Não vos deixeis levar
em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se
fortifique com graça e não com manjares, que de nada aproveitaram aos que a
eles se entregaram” (Hb.13:9).
Aqui, o autor adverte os
crentes destinatários contra os falsos ensinamentos do legalismo. Os
judaizantes insistiam em que a santidade estava vinculada às coisas externas,
como, por exemplo, as cerimônias de adoração e de purificação dos alimentos. A
verdade é que a santidade é produzida pela graça de Deus, e não pelos alimentos
que come ou deixa de comer. Os alimentos cerimoniais podem cumprir um ritual,
mas eles de nada aproveitam àqueles que deles participam. As transformações
duradouras no comportamento começam quando o Espírito Santo passa a habitar em
cada pessoa. Uma vez que a aprovação de Deus está garantida pela graça, não há
nenhum valor em se observar essas leis cerimoniais da Antiga Aliança. As leis
cerimonias podem influenciar o comportamento, mas não são capazes de modificar
o coração.
A legislação a respeito
dos alimentos puros e impuros era destinada a produzir ritual de purificação.
Mas isso não é o mesmo que santidade interna. Um homem pode ser purificado pela
cerimônia e ainda assim estar cheio de ódio e hipocrisia. Somente a graça de Deus
pode inspirar os cristãos e dar poder a eles para viver uma vida santa. O amor
pelo Salvador que morreu pelos nossos pecados nos motiva a “viver neste
presente século sóbria, justa e piamente” (Tt.2:12). Afinal, as regras
inumeráveis a respeito dos alimentos e bebidas não tinham beneficiado seus
adeptos.
3. Valorizar a adoração. “Portanto, ofereçamos
sempre, por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que
confessam o seu nome. E não negligencieis a prática do bem e a mútua cooperação;
pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz” (Hb.13:15,16).
A adoração a Deus é o
gesto concreto de nosso reconhecimento de que Deus é o Senhor de todas as
coisas, inclusive de nosso ser. É através da adoração que Deus é reconhecido
como Senhor e o homem, como seu servo. A principal missão da igreja não é
missões, mas adoração. Por isso, o crente deve valorizar sobremaneira a
adoração.
De acordo com a Bíblia, a
adoração está associada com a ideia de culto, reverência, veneração, por aquilo
que Deus é: Santo, Justo, Amoroso, Soberano, Misericordioso...; quando lemos na
Palavra de Deus, observamos que o Senhor sempre exigiu reverência, respeito e
consideração nas reuniões coletivas de adoração. Quando Deus se manifestou a
Moisés, imediatamente mandou que ele não se aproximasse da sarça ardente e,
ainda, descalçasse seus pés, pois o lugar onde se encontrava era terra santa,
em virtude da presença do Senhor (Ex.3:5), algo que, anos mais tarde, seria
repetido em relação a Josué, sucessor de Moisés (Js.5:15). Isto prova que a
adoração não se desprende da reverência. A reverência, o respeito, a
consideração traduzem, aliás, o que a Bíblia chama de “temor do Senhor”, ou
seja, o reconhecimento da soberania e do senhorio de Deus sobre cada ser
humano, o que nos leva a respeitá-lo, ou seja, “olhá-lo com atenção”, “levá-lo
em consideração”, “prestar-lhe atenção”, “dar-lhe ouvidos”.
Na Nova Aliança, todos os
cristãos são santos sacerdotes e vão ao santuário de Deus para adorar
(1Pd.2:5). Há pelo menos três sacríficos que um sacerdote cristão oferece:
· Primeiro, o sacrifício da
própria pessoa (Rm.12:1) – “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que
apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o
vosso culto racional”.
· Segundo, “o sacrifício de
louvor” (Hb.13:15). Ele é oferecido a Deus por meio do Senhor Jesus. Todo o
nosso louvor e toda nossa oração passam por Jesus antes de alcançar Deus Pai. O
sacrifício de louvor é o fruto de lábios que reconhecem o seu nome. A única
adoração que Deus recebe é aquela que flui de lábios remidos. Oferecendo
continuamente este sacrifício de louvor, nós confessamos o seu nome e, desta
maneira, mostramos que somos leais a Ele. Como os cristãos de origem judaica,
destinatários da Epístola, já não adoravam mais com outros judeus, devido à sua
fé em Jesus Cristo, eles podiam considerar o seu louvor e os seus atos de
serviço como os seus sacrifícios. Estes eram sacrifícios que eles podiam
oferecer continuamente, em qualquer lugar e a qualquer momento.
· Terceiro, o serviço a
favor dos santos e a comunhão. Devemos usar os nossos recursos materiais para
fazer o bem e ajudar os necessitados. Especialmente em tempos de perseguição,
os cristãos dependem uns dos outros. Os crentes têm comunhão com os outros
crentes quando tornam os seus recursos disponíveis para aqueles que estiverem
passando por necessidades, não somente material, mas, principalmente,
espiritual.
Muitos têm se iludido
achando que Deus se agrada se cumprirmos tão somente os deveres litúrgicos, ou
seja, se rendermos a Deus um culto formal em alguma igreja. A essência do culto está na adoração ao
Senhor, e nunca é demais enfatizarmos essa verdade, pois adoração vazia
significa culto frio e sem propósito. Quando adoramos ao Senhor, em espírito e
em verdade (João 4:23,24), trazemos o Senhor até ao local de adoração de uma
forma especial. O Senhor Jesus disse que Deus procura a estes adoradores e
disse que estaria onde estivessem dois ou três reunidos em seu nome
(Mt.18:20). Assim sendo, quando nos reunimos em nome do Senhor, quando
realmente O adoramos, Ele se faz presente de uma forma toda especial, ou seja,
como companheiro, como intercessor, como Salvador.
CONCLUSÃO
A maratona da fé é
um processo longo e duradouro, que somente terminará na linha de chegada
chamada glorificação. Não podemos jamais pensar em parar a nossa jornada, nem
“estacionar” do ponto-de-vista espiritual, pois a nossa vida é uma carreira,
que só terminará na linha de chegada estabelecida pelo Senhor da glória.
“Parar”, “estacionar”, nada mais é que “regredir”, “recuar”, “retirar-se para uma
vida inglória”, e a Bíblia é clara ao dizer que quem assim procede desagrada a
Deus (Hb.10:38,39).
---------
Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 73. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
CPAD.
Glória a Deus, otimo comentário!
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