3º Trimestre/2019
Texto Base: Malaquias 3:7-12
“Trazei todos
os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois
fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas
do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior
abastança" (Ml.3:10).
Malaquias
3:7-12
7-Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não
os guardastes; tornai vós para mim, e eu tornarei para vós, diz o SENHOR dos
Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?
8-Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te
roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas.
9-Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais a mim, vós, toda a
nação.
10-Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na
minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não
vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela
vos advenha a maior abastança.
11-E, por causa de vós, repreenderei o devorador, para que não vos
consuma o fruto da terra; e a vide no campo não vos será estéril, diz o SENHOR
dos Exércitos.
12-E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma
terra deleitosa, diz o SENHOR dos Exércitos.
INTRODUÇÃO
Continuando o estudo
sobre Mordomia Cristã, trataremos nesta Aula da Mordomia dos Dízimos e Ofertas.
A Igreja Local tem como recursos de subsistência os Dízimos e as Ofertas, advindos
dos seus membros e congregados, o que, de fato, é muito saudável.
Utilizando
estas duas fontes de recursos financeiros, a Igreja Local exerce a missão de evangelizar,
cumpre suas obrigações trabalhistas, serve aos domésticos da fé e os de fora em
suas necessidades. Para que se mantenha pagando suas contas com fidelidade -
como energia elétrica, água, salários, manutenção dos templos, prestar serviços
sociais, desempenhar obras missionárias e evangelísticas, dentre outras coisas,
a Igreja depende das contribuições financeiras trazidas pelos fiéis. Não é salutar
uma Igreja Local ser financiada pelo Estado, doações de políticos ou outros
meios extrabíblicos.
As
contribuições devem ser realizadas impulsionadas pelo amor ao Reino de Deus, e
não por constrangimento ou obrigação ou por interesse em barganhar com Deus.
Deus não precisa de nós e nem do nosso dinheiro para realizar a Sua obra. Ele é
dono de tudo. Somos apenas mordomos, devendo nós prestar contas ao verdadeiro
Dono do universo de tudo o que nos foi dado para administrar.
I. AS FONTES DE RECURSOS DA IGREJA LOCAL
Como eu disse, as duas
principais fontes de recursos da Igreja são: Dízimos e Ofertas. Bingos,
sorteios, rifas, e outros tipos de jogos de azar não são fontes de recursos
autorizados pela Bíblia Sagrada. Sem essas duas modalidades de recursos
financeiros – os Dízimos e as Ofertas – muitas atividades da Igreja ficariam
inviabilizados, ou até mesmo paralisadas. Por isso, cada cristão servo de Deus,
deve se conscientizar de sua terna responsabilidade em contribuir
financeiramente para a Obra do Senhor. Esta é uma maneira explícita de
participar da Grande Comissão estabelecida pelo Senhor Jesus (Mt.28:19,20).
1.
O Dízimo
1.1 O que o Dízimo é?
a) é um reconhecimento de que somos mordomos do Rei Jesus. Mordomo,
como temos visto até agora, é aquele que administra bens alheios. Em Mateus
19:21,22, temos o relato feito por Jesus sobre um jovem rico que não quis
seguir a Jesus porque pensava que era dono das terras que ocupava. Perdeu
a bênção e a salvação por não reconhecer que era apenas um mordomo. As terras
que ele pensava que eram dele já passaram por muitas outras mãos, e continuam
lá na Palestina, ocupadas por outros que também pensam ser donos delas. Quando
reconhecemos que não somos donos daquilo que usamos e administramos, então
temos o prazer de dar o Dízimo ao legítimo Dono.
b) é uma prova de
gratidão a Deus. O Salmista dizia: “Que darei eu ao Senhor por
todos os benefícios que me tem feito?” (Salmos 116:12). Todo ser humano gosta
de receber agradecimentos ou elogios. Deus também gosta de receber elogios e de
ouvir palavras e atos de gratidão de nossa parte. Deus se agrada quando
reconhecemos o seu cuidado e o seu amor diário para conosco. A Bíblia está
cheia de homens e mulheres que demonstraram sinceras atitudes de gratidão a
Deus. Cito alguns:
-Noé,
após sobreviver ao dilúvio, expressou sua gratidão oferecendo sacrifico a Deus (Gn.8:20).
-Davi, no Salmo
116:7, declara: “eu te darei uma oferta de gratidão e a ti farei as minhas
orações”.
-Ana
agradeceu a Deus por lhe abrir a madre oferecendo o seu filho Samuel para ser
exclusivo na casa do Senhor (Samuel 1).
E
nós, o que oferecemos a Deus como gratidão pela Sua graça derramada? Gratidão a
Deus, amor pelas almas, amor pela obra social da Igreja Local, são boas razões
para que um crente possa dar o seu dízimo.
c) é uma forma de adoração -
“...e ninguém compareça vazio
perante Mim” (Êx.23:15).
Salomão entendeu esta exigência de Deus, e disse: “Honra ao Senhor com a tua
fazenda e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros
abundantemente, e transbordarão de mosto os teus lagares” (Pv.3:9,10). Esta é
uma forma de adoração que agrada ao Senhor.
d) é um ato de fidelidade e de compromisso com Deus. À medida que separamos parte do nosso
patrimônio para o sustento da obra do Senhor, com certeza estamos demonstrando
que não somos indiferentes à obra de Deus, damos uma prova concreta de que
estamos comprometidos e envolvidos com os planos e propósitos de Deus para a
humanidade. A fé sem obras é morta (Tg.2:17) e, quando dizimamos, estamos
praticando uma atitude que mostra que temos uma verdadeira fé, revelamos que
amamos a Deus.
1.2. O que o Dízimo não é?
a) não é um investimento para uma vida abastada aqui na
Terra, como muitos têm pregado por aí. Não
devemos dizimar visando obter maiores lucros, como se o dízimo fosse uma
aplicação financeira ou um investimento de grande retorno no “banco de Deus”.
Os teólogos da prosperidade têm, muitas vezes, dito que o dízimo ou “o
sacrifício" (como muitos têm denominado a contribuição bem superior à
décima parte, envolvendo, não poucas vezes, todo o patrimônio de alguém,
"o seu tudo”, como dizem) é o caminho mais rápido e eficaz para a riqueza
e para a ampla prosperidade material. Mas, dízimo não é investimento, nem um
modo “santo” de se canalizar a ganância, algo que é próprio dos mais miseráveis
de todos os homens (1Co.15:19).
b) não é uma fonte de obrigações que Deus terá de cumprir. Muitos acham que, dizimando, criam para Deus
obrigações. Assim, entregam seus dízimos porque, assim, Deus estará obrigado a
lhes dar bênçãos de prosperidade material, de saúde ou, até mesmo, de salvação.
Pensam que o dízimo vincula Deus a seus caprichos, desejos e aspirações. Deus é
soberano e não deve satisfação à sua criação, de modo que é totalmente enganoso
esse ensino. Deus não tem que dar satisfação a ninguém, a não ser a Ele mesmo.
c) não é meio de salvação. Nem
todo dizimista é salvo. Dizer que, com a entrega do dízimo, estaremos dando
passos importantes para a nossa salvação é o mesmo que dizer que, pelas obras,
nós seremos salvos. É ressuscitar o odioso conceito da doutrina das
indulgências que fez com que Deus levantasse homens como Martinho Lutero para
recuperar a santidade e a biblicidade na Sua Igreja.
d) não é um meio de enriquecimento de inescrupulosos e
mercenários da fé.
Muitos têm se aproveitado da doutrina do dízimo para amealharem riquezas e
fazerem do evangelho um negócio rentável, cada vez mais crescente. Esta
possibilidade não passou despercebida do Senhor que, em Sua Palavra, já nos
primórdios da fé cristã, já advertia os crentes que muitos seriam feitos
negócio com palavras fingidas de pessoas inescrupulosas (2Pd.2:3). Certamente,
para esses falsos pastores que escandalizam o reino de Deus, Jesus diz:
“... ai daqueles por quem vierem os
escândalos! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra de moinho, e
fosse lançado ao mar” (Lc.17:1,2).
“Muitos me dirão naquele Dia: Senhor,
Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos
demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi
abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a
Iniquidade” (Mt.7:22,23).
e) não é um meio de logro dentro da Igreja.
Muitas pessoas acham que, por entregarem fartos dízimos têm o direito de opinar,
de ser indicado ao ministério eclesiástico ou de estabelecer as diretrizes para
o ministério da Igreja Local. Na verdade, há, mesmo, ministros do Evangelho que
dão satisfações ou procuram agradar um determinado grupo na Igreja Local por
causa do papel que eles representam no sustento seu e da obra do Senhor. Todas
estas atitudes são amplamente reprovadas pelas Escrituras, que não admitem a
acepção de pessoas e tratam aos que assim procedem como pecadores (Tg.2:1-9).
Os dons divinos não se adquirem nem se exercem por dinheiro (At.8:18-23). Isso
é simonia, isto é, o exercício de todas as formas de comércio relacionadas a
questões divinas.
2.
O que é Oferta?
A Oferta é uma demonstração material de reconhecimento
da soberania de Deus e de Sua graça provedora. Deus se agrada do gesto de
gratidão e reconhecimento do seu povo, do que está no coração do homem, não do
que está sendo apresentado em termos materiais. Tanto assim é que, ao indagar
Caim sobre sua oferta, Deus diz que ele deveria ter feito bem, ou seja, não
como um mero formalismo, não como um mero ritual, mas como algo espontâneo e
que proviesse do fundo da alma, pois, somente neste caso é que haverá aceitação
por parte do Senhor (Gn.4:7).
No Novo Testamento, este Deus que não muda nem
nEle há sombra de variação (Tg.1:17), torna a nos ensinar que Ele ama àquele
que dá com alegria (2Co.9:7).
O
Novo Testamento nos ensina sobre a importância das nossas ofertas para cumprir
a missão que Deus deu à Igreja. Cada pessoa verdadeiramente convertida a Cristo
dará conforme as suas condições por querer participar do trabalho
importantíssimo da Igreja.
II. A BASE BÍBLICA PARA OS DÍZIMOS E AS OFERTAS
1.
O Dízimo no Antigo Testamento
1.1. Na época dos
Patriarcas. Não temos relato de alguma regra sobre
dízimos na época patriarcal, ou seja, antes da Lei de Moisés.
-Abraão. Ele
pagou a Melquisedeque o dízimo (10%) dos despojos (Hb.7:4) de uma vitória
militar (Gn.14:18-24). Neste caso, Deus não nos revelou o motivo e não falou se
era ou não o costume de Abrão dar o dízimo de tudo que recebia. Se houve alguma
lei atrás disso, exigindo que Abrão desse o dízimo, as Escrituras não a
relatam.
É bom ressaltar que Abraão não usou o dízimo
como um instrumento de barganha, não deu para receber, não deu para ser
abençoado, ele usou o dízimo como instrumento de gratidão.
“E
Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era Sacerdote do Deus
Altíssimo. E abençoou-o e disse: Bendito seja Abraão do Deus Altíssimo, o
possuidor dos céus e da terra! E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os
teus inimigos nas tuas mãos! E deu-lhe o dízimo de tudo”(Gn.14:18-20).
As pessoas que alegam algum tipo de lei geral
do dízimo com base neste texto bíblico estão ultrapassando a Palavra do Senhor.
-
Jacó. Este foi outro patriarca que deu o dízimo antes da Lei mosaica.
“E
Jacó votou um voto, dizendo: se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que
faço, e me der pão para comer, e vestido para vestir, e eu tornar em paz à casa
de meu pai, o Senhor será o meu Deus... E de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo”(Gn.28:20-22).
Aqui,
o texto trata de um voto, ou uma obrigação que a própria pessoa assumiu, e nada
diz de lei ou dever imposto por Deus. Ao contrário do que muitos pensam, ele
não disse: “se eu ficar rico”, ou “se eu ganhar muito dinheiro”. Não foi esta a
sua oração. Ele pediu a Deus o básico, as condições necessárias para a sua
sobrevivência: alimento e roupa. Ele prometeu dar o dízimo “de tudo quanto
me deres”, ou seja, pouco ou muito. O dízimo nunca teve o objetivo de ser um
instrumento para gerar riquezas. Ele deve ser exercitado como uma prova de
gratidão, de obediência e de fé.
1.2. Na Lei de Moisés. É incontestável
que o Dízimo é um mandamento ordenado pela Lei mosaica aos filhos de Israel,
para que cumprissem o pagamento de 10% sobre toda produção agrícola e toda
criação de animais (ver Lv.27:30-32,34). Ele é mencionado em mais de 20
versículos, de Levítico a Malaquias. Todas essas citações se referem ao povo de
Israel.
O
trecho de Malaquias 3:6-12, frequentemente citado em algumas igrejas para
obrigar as pessoas a dar o dízimo, refere-se a um povo material (os
israelitas), que habitava numa terra material (Israel) onde produzia frutos do
campo e tinha obrigação de dar os dízimos. Assim fazendo, este povo seria
abençoado materialmente por Deus. Quando o povo não dava o devido valor aos
dízimos, era repreendido pelo Senhor por meio dos profetas, e Malaquias foi um
dos principais. Mas, quem utiliza as palavras de Malaquias para fazer regras
sobre dízimos, hoje, está distorcendo as Escrituras. A Igreja de Jesus é um
povo espiritual que habita no Espírito e recebe bênçãos espirituais e tem
muitas promessas, não materiais, mas espirituais – “E esta
é a promessa que ele nos fez: a vida eterna” (1João 2:25).
1.3.
Motivos da exigência do Dízimo aos filhos de Israel
a) prover a Tribo de Levi que não recebeu herança.
Depois de os filhos de Israel saírem da terra do Egito, após peregrinarem 40
anos pelo deserto, chegaram à Terra Prometida. A cada tribo, o Senhor concedeu
as respectivas possessões de terras. Somente à tribo de Levi, não foi permitido
por Deus que se distribuísse qualquer posse.
"Pelo que Levi não tem parte nem
herança com seus irmãos; o Senhor é a sua herança, como o Senhor teu Deus lhe
disse"(Dt.10:9).
"Aos filhos de Levi dei todos os
dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da
congregação" (Nm.18:21).
"Porque os dízimos dos filhos de
Israel, que apresentam ao Senhor em oferta, dei-os por herança aos levitas;
porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança
terão" (Nm.18:24).
b) socorrer os necessitados (ver Dt.14:28,29).
Cuidar dos que, realmente, são necessitados é uma ordenança de Deus, tanto na
Antiga como na Nova Aliança. Na Nova Aliança, o escritor sagrado chama isso de
“verdadeira religião” (cf.Tg.1:27).
“Ao fim de três anos, tirarás todos os
dízimos da tua novidade no mesmo ano e os recolherás nas tuas portas. Então,
virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o
órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão,
para que o SENHOR, teu Deus, te abençoe em toda a obra das tuas mãos, que
fizeres” (Dt.14:28,29).
“Quando acabares de dizimar todos os
dízimos da tua novidade, no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então, a
darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das
tuas portas e se fartem” (Dt.26:12).
Vemos, nestes textos,
como o Senhor se preocupa com os pobres e necessitados entre o seu povo.
“Quem se compadece do pobre ao Senhor
empresta, e este lhe paga o seu benefício” (Pv.19:17).
c) era mandamento aos filhos de Israel (ler Lv.27:30-32,34). O Dízimo está incluso nos mandamentos
ordenados pelo Senhor. Tendo sido incluso na Lei, o Dízimo se tornou uma
obrigação legal ao povo de Israel.
30.Também todas as dízimas do campo, da
semente do campo, do fruto das árvores são do SENHOR; santas são ao SENHOR.
31.Porém, se alguém das suas dízimas
resgatar alguma coisa, acrescentará o seu quinto sobre ela.
32.No tocante a todas as dízimas de vacas
e ovelhas, de tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao SENHOR.
34. Estes são os mandamentos que o SENHOR
ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai.
O não cumprimento de
uma obrigação legal é crime em qualquer país do mundo. Por esta razão, para
Israel, reter o dízimo seria tomar para si aquilo que não era seu.
O dízimo, legalmente,
era propriedade do Senhor, de acordo com a Lei de Israel. Por esta razão,
Israel quando deixou de entregar os dízimos, no tempo de Malaquias, foi acusado
de estar roubando o Senhor.
“Roubará o homem a Deus? Todavia vós me
roubais, e dizeis: em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas”(Ml.3:8).
Não cumprir a Lei
perante os homens é crime, perante Deus é pecado. Assim, de acordo com a Lei
Mosaica, não se podia negar que os que deixavam de dar os dízimos estavam
roubando o Senhor.
2.
O Dízimo no Novo Testamento
No Antigo Testamento,
o Dízimo servia para a manutenção dos sacerdotes e levitas (Ne.10:37; 18:21).
Este princípio do sustento do ministério integral se aplica, também, no Novo
Testamento (1Tm.5:17,18).
“Os presbíteros que governam bem sejam
estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na
palavra e na doutrina. Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que
debulha. E: Digno é o obreiro do seu
salário”.
“Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do
evangelho” (1Co.9:14).
Todavia, na Nova
Aliança, dar o dízimo é um ato voluntário, não uma obrigação, como era na
Antiga Aliança; é uma questão de fé. Pessoalmente, e este é um pensamento
nosso, não concordamos que o crente, nesta Nova Aliança, possa ser acusado de
ladrão por não dar o dízimo, como era no ordenamento civil judaico (Ml.3:8).
Não estamos debaixo dessa legislação, que foi ab-rogada, anulada (Hb.7:18).
“Porque o precedente mandamento é
ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nenhuma coisa
aperfeiçoou), e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual
chegamos a Deus” (Hb.7:18,19).
No compêndio
doutrinário da Igreja (o Novo Testamento), a contribuição financeira, seja qual
for a modalidade, não é obrigatória, é voluntário (2Co.9:7). Portanto, retê-lo
não é crime, mas pode ser considerado pecado, se esta omissão for por avareza,
ganância. Lembre-se, o que separa o homem de Deus é o pecado (Is.59:2), e
avareza é pecado (Cl.3:5).
Todavia,
se a Igreja entender que o não dizimista é um ladrão, então, biblicamente, ele
deve ser excluído da Igreja. A Igreja não pode ter um ladrão confesso no rol de
seus membros ou ministério. De acordo com a Bíblia, o ladrão está equiparado
aos adúlteros e aos que praticam atos homossexuais (cf. 1Co.6:10). Acusar um
crente de ladrão pelo fato de não ser dizimista pode acarretar para o acusador
problemas de ordem penal, visto que nossa legislação não contempla essa figura
jurídica para caracterizar um ladrão. Pessoalmente, e este é um pensamento
nosso, dar o dízimo é uma questão de fé.
O
Novo Testamento, a Aliança que governa o povo de Deus nos dias atuais, não
exige que todos doem 100% de suas posses, e nem estipula 10% (o dízimo) como
oferta obrigatória. Devemos contribuir para a Obra de Deus conforme a nossa
prosperidade (1Co.16:2), com alegria e sinceridade (2Co.8:8), segundo proposto
no coração (2Co.9:7), com generosidade (2Co.9:11) e com um espírito de
sacrifício (2Co.8:5; Fp.4:18).
“No primeiro dia da semana, cada um de
vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme
a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar”
(1Co.16:2).
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por
necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2Co.9:7).
Seguindo esses
princípios, muitos discípulos de Cristo darão até mais de 10% de sua renda, mas
farão isso com alegria, por livre vontade e deliberação, não pela imposição de
exigências humanas, mas em gratidão a Deus pela Sua graça provedora. Cristãos
verdadeiros que fazem parte de igrejas dedicadas ao Senhor terão prazer em
participar do Trabalho de Deus.
3.
As Ofertas nas Escrituras
Esta
modalidade de contribuição é basilar na Igreja Local e está devidamente
fundamentada nas Escrituras Sagradas, tanto no Antigo como no Novo Testamento.
Sem ela, não há sustentação das atividades da Igreja Local.
Conquanto seja voluntária (2Co.9:7), pois na
obra de Deus nada é obrigatório, elas se tornam quase que obrigacionais, pois
sem elas a maior parte das atividades da Igreja ficará estagnada.
Somos nós que temos que fazer a Obra de Deus,
mas para isto é necessária disponibilidade financeira, que tem como principal
fonte as Ofertas voluntárias. Foi sempre assim desde o Antigo Testamento.
O Tabernáculo, no
deserto, foi construído com as ofertas voluntárias do povo (cf. Êx.25:2-7). Ninguém
foi obrigado a dar. Não devia haver obrigação de nenhum tipo, exceto a que
nasce do amor e da gratidão.
“Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem
cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta
alçada” (Ex.25:2).
“Tomai, do que vós tendes, uma oferta para o SENHOR; cada um, cujo
coração é voluntariamente disposto, a trará por oferta alçada ao
SENHOR...” (Êx.35:5).
“Todo homem e mulher, cujo coração voluntariamente se moveu a
trazer alguma coisa para toda a obra que o SENHOR ordenara se fizesse pela mão
de Moisés, aquilo trouxeram os filhos de Israel por oferta voluntária ao
SENHOR” (Êx.35:29).
O que mais impressiona o meu coração é o fato
de que deram tudo voluntariamente, e de todo o coração. Eles ouviram a voz do
Senhor e corresponderam imediatamente.
Sem dúvida, o Diabo era
bastante astucioso para insinuar que aquela obra envolvia despesas
extraordinárias, que o custo de vida seria elevado e que era prudente poupar ou
guardar cuidadosamente o que possuíam, pois estavam no deserto. Mas, os filhos
de Israel, naquele tempo da sua história, tinham os seus olhos postos no
Senhor, e a vontade do Senhor era de suprema importância para todos eles.
Como no passado, ainda hoje os templos são construídos graças à oferta do
povo de Deus. De outra maneira, não seria possível. A obra de Deus requer
parceria humana. Que lição preciosa a ser seguida pelo povo de Deus da Nova
Aliança!
Quando cada crente
entende que a Oferta é parte vital na comunhão com Deus, e dá liberalmente, a
Igreja não precisa descer ao “Egito” (ao mundo) para mendigar ajuda dos
infiéis. Ao povo de Deus da Nova Aliança, o fator motivante para a contribuição
é a alegria (2Co.9:7).
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por
necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2Co.9:7).
3.1.
O que Deus pede aos cristãos
a) Ofertas conforme a nossa prosperidade (1Co.16:1,2). Embora este trecho trate de uma necessidade
específica (os santos necessitados em Jerusalém), ele ensina um princípio
importante que ajuda em outras circunstâncias. As necessidades podem ser
diferentes, mas a regra de ofertas continua a mesma. Devemos dar conforme nossa
prosperidade. Quem não possui nada e não ganha nada não terá condições de
ofertar (veja 2Co.8:12). Mas, qualquer servo do Senhor que goza de alguma
prosperidade, deve ofertar.
b) Ofertas feitas com amor e sinceridade (2Co.8:8-15). O
amor, a generosidade e a prontidão para a obra do Senhor são características do
servo de Deus. Paulo comenta sobre as contribuições dos cristãos de Coríntio:
“Não vos falo na forma de mandamento, mas para provar, pela diligência de
outros, a sinceridade do vosso amor; pois conheceis a graça de nosso Senhor
Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua
pobreza, vos tornásseis ricos” (2Co.8:8,9).
Paulo
está dizendo que o motivo maior de ofertar é o amor. O cristão que tem condição
de ofertar e não o faz, está demonstrando que não ama a Deus.
A pessoa que tem prosperidade deve ofertar por
obrigação? Não. O amor a Deus e à Sua Obra é o maior motivo. O amor é citado
inúmeras vezes nas Escrituras como motivo para nosso serviço cristão, e isso
inclui as ofertas.
Um exemplo neotestamentário que podemos
nos espelhar é o da Igreja da Macedônia nos dias Paulo. Veja o testemunho que
ele dá dos crentes da Macedônia quanto ao desprendimento de ofertar com
liberalidade e amor:
“Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da
Macedônia;
como, em muita prova de tribulação, houve abundância do seu gozo, e como
a sua profunda pobreza superabundou em riquezas da sua generosidade”
(2Tm.8:1,2).
O que faz com que um
grupo de crentes pobres, carentes de ajuda, abra mão do pouco ou quase nada que
possuem, para ajudar os outros? A resposta está em 2Co 8:5: “... a si mesmos
se deram primeiramente ao Senhor...”.
Aqueles que se dão ao Senhor, mesmo tendo poucos recursos, têm mãos abertas não
apenas para dar, mas também para receber. O segredo para ser despojado das
coisas materiais, seja rico ou pobre, é se dar ao Senhor.
c) Ofertas segundo o que tiver proposto no coração
(2Co.9:7). Foi o próprio Paulo quem disse: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração...” (2Co.9:7).
d) Ofertas feitas como sacrifícios agradáveis e aprazível a
Deus (Fp.4:17,18). As ofertas do cristão não são apenas o que
sobra depois de satisfazer os nossos próprios desejos. Pessoas que sempre
querem receber, ao invés de procurar dar liberalmente, não servem a Cristo
(veja a repreensão forte de Tiago 4:1-4). Paulo disse que as ofertas são
sacrifícios. Dinheiro que poderíamos empregar em outras coisas, até coisas
egoístas, será doado para fazer a obra do Senhor.
“Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que aumente a vossa conta.
Mas bastante tenho recebido e tenho abundância; cheio estou, depois que recebi
de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício
agradável e aprazível a Deus” (Fp.4:17,18).
III. A MORDOMIA DOS DÍZIMOS E DAS OFERTAS NA IGREJA
LOCAL
1.
Como deve ser a entrega dos dízimos e das ofertas na Igreja Local
a) quanto se deve contribuir financeiramente para a Igreja
Local? Na doutrina neotestamentária, não somos ordenados por
Deus a darmos uma porcentagem fixa. Jesus, através de Paulo, ensina que as
igrejas devem fazer coletas nas quais os cristãos darão de acordo com sua
prosperidade (1Co.16:1,2). Temos que dar com amor, generosidade e alegria,
conforme tencionamos em nossos corações (2Co.8:1-12; 9:1-9). Portanto, podemos
dar 10%, ou mais do que 10% ou menos do que 10%. Os nossos recursos financeiros
devem estar a serviço do legítimo Dono, o Senhor Jesus.
b) como devem ser aplicadas as Contribuições Financeiras?
Dinheiro dado para o trabalho da Igreja deve ser aplicado exclusivamente nas
coisas que Deus autorizou que a Igreja fizesse. Os homens que desviam o
dinheiro da Oferta e do Dízimo para criar ou manter instituições humanas ou
outras obras não autorizadas pelo Senhor estão ultrapassando a doutrina dele
(veja 1Co 4:6; 2João 9).
“E eu, irmãos, apliquei essas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo,
por amor de vós, para que, em nós, aprendais a não ir além do que está
escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro” (1Co.4:6).
“Todo aquele que prevarica e não persevera na doutrina de Cristo
não tem a Deus; quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto o Pai como
o Filho” (2João 9).
2.
Alguns erros referentes à Contribuição Financeira e que devem ser evitados
São muitos os erros
referentes à Contribuição Financeira que é entregue na Igreja Local, cometidos
por pessoas até bem-intencionadas, porém, sem conhecimento da Palavra de
Deus. Cito dois exemplos.
a) é um erro pensar
que o dinheiro vai ser mal aplicado. O diabo tem posto no coração
de alguns que não devem contribuir porque o dinheiro vai ser mal administrado e
mal aplicado pelos pastores. Por analogia, no que diz respeito aos nossos
impostos, se pensarmos assim, todos deixariam de pagar.
Estamos
cansados de saber que o dinheiro público é roubado e mal aplicado. No entanto,
temos que continuar pagando. No princípio da Igreja os fiéis traziam suas
contribuições e “depositavam nos pés dos Apóstolos”(Atos 4:34). Feito isto,
tanto os israelitas como os crentes da Igreja Inicial, cumpriam suas
obrigações. Fiscalizar a aplicação do dinheiro entregue não era função deles; era
responsabilidade dos que recebiam as contribuições.
Assim,
se o dinheiro das contribuições, for mal aplicado, o problema não será de quem
deu, mas será de quem aplicou mal. É preciso crer na Palavra de Deus, e ela
diz: “de maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”(Rm.14:12).
Lembremos
do caso de Judas, ele era o tesoureiro, apesar de ser ladrão (João 12:6): roubou;
aplicou o dinheiro em benefício próprio; morreu pendurado numa corda, e foi
para o inferno. É preciso crer na Justiça de Deus.
b) é um erro pensar
que não vai contribuir por não simpatizar com o pastor. Em
todas as cidades há um lugar público para a adoração, conhecido Igreja Local. O
Senhor Jesus comparou cada membro desta Igreja a uma ovelha, e a comunidade a
um rebanho. A ovelha é um animal cem por cento útil. Uma fazenda de criação de
ovelhas é mantida com a lã, com o leite, com a carne e com a reprodução das
ovelhas. Não é a ovelha que escolhe onde ela vai entregar sua produção, seja a
fazenda grande ou pequena. Sua produção é recolhida pelos seus pastores, na
fazenda onde ela vive.
O mesmo acontece com nossos impostos. Se
moramos numa cidade grande e muito rica, não podemos pagar nossos impostos numa
cidade pequena e pobre. Cada contribuinte paga no seu domicílio fiscal, não
importando se a cidade é rica ou pobre, gostando ou não do seu
governante. Imagine se cada cidadão pudesse escolher onde pagar! Não
haveria estabilidade administrativa. Seria um caos. Nenhum município poderia
prever sua receita. Não haveria orçamento. Portanto, pagar os tributos não é
uma questão de escolha, de poder ou não confiar no governante, de gostar ou não
dele. Pagar tributos é uma exigência legal.
Na
Igreja Local, acontece a mesma coisa. Não importa se ela é grande e rica, ou se
é pequena e pobre. É ali o seu lugar de adoração, é ali a Casa do Senhor, é ali
onde você é abençoado, e é ali que você tem seus compromissos financeiros. A
igreja precisa de nossa Contribuição Financeira para honrar os seus
compromissos, que não são poucos. Pense nisso!
CONCLUSÃO
A
Igreja, enquanto estiver aqui na terra, precisa de recursos financeiros. O
objetivo de Satanás é levar o crente a deixar de contribuir; assim, ele busca
enfraquecer a Obra do Senhor. Com esse objetivo ele inventa e espalha muitos
“boatos”.
Se
você, meu irmão, ama a Jesus e ama a Sua Obra, ainda que escândalos aconteçam,
e acontecem mesmo, não deixe sua fé abalar, continue contribuindo com seu
Dízimo e suas Ofertas, mas, com alegria e não por obrigação, “porque Deus ama
ao que dá com alegria” (2Co.9:7).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico
popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão
– nº 79. CPAD.
Comentário Bíblico
Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Louis Berkhof. Teologia
Sistemática.
Dr. Caramuru Afonso
Francisco. Ev. Caramuru Afonso Francisco – Dízimos e Ofertas, uma disciplina
abençoadora. PortalEBD_2012.
Dr. Caramuru Afonso
Francisco. A Mordomia do Dízimo. PortalEBD_2003.
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