domingo, 18 de agosto de 2019

Aula 08 – A MORDOMIA DO TEMPO – Subsídio


3º Trimestre/2019
Texto Base: Eclesiastes 3:1-8
"Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus" (Ef.5:15,16).
Eclesiastes 3.1-8
1-Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu:
2-há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;
3-tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar;
4-tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar;
5-tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar;
6-tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora;
7-tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;
8-tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da Mordomia do Tempo. O Tempo é um fator fundamental da vida. Saber administrá-lo é imprescindível, porém, é um grande desafio. Como criaturas, somos submetidas ao tempo, mormente depois que entrou o pecado na humanidade, de modo que a administração do tempo é um dos importantes desafios que o crente tem para poder servir fielmente ao Senhor.
Uma das grandes armas de nosso adversário está, precisamente, na tarefa de roubar o nosso tempo. Muitas pessoas têm usado o seu tempo disponível de forma desordenada e sem disciplina, e por isso tem a sensação de que o tempo é curto para tudo o que realiza. Em qualquer cidade grande o que se observa é: pessoas correndo, nervosas, atrasadas; motoristas avançando sinal, buzinando, desesperados; pessoas que não conseguem cumprir os horários, pessoas que não comparecem para cumprir compromissos assumidos, pessoas impontuais...escravos “nas mãos” do tempo. A causa de tudo isto está na má administração do tempo. O homem tem que ser senhor, e não escravo do tempo; precisa dominá-lo, e não ser dominado por ele. 
O tempo é precioso e devemos remi-lo, como nos recomendam as Escrituras Sagradas (Ef.5:16; Cl.4:5). Que possamos orar como o salmista: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Salmos 90:12).

I. CONCEITOS IMPORTANTES

1. A palavra Tempo

A expressão tempo deriva-se do latim, “tempus”, significando um período contínuo e indefinido no qual os eventos se sucedem. No grego, língua na qual foi escrito o Novo Testamento, tempo deriva-se “chronos”; de “chronos” temos duas expressões bem populares: Cronologia e Cronômetro. Cronologia é a ciência que cuida da medição do tempo, ou é a ciência das divisões do tempo e da determinação da ordem e sucessão dos acontecimentos. Cronômetro é um instrumento de precisão capaz de medir o tempo em frações de segundos.
Literalmente, o tempo é uma sucessão de dias, meses, anos, horas, minutos e segundos, que dá ao indivíduo uma noção de passado, presente e futuro. Enquanto o tempo é dividido em milênios, séculos, anos, meses, semanas, dias, horas, minutos, segundos, milésimos de segundos, a nossa vida é construída de incontáveis momentos. O momento é uma unidade indivisível de tempo que ninguém pode calcular.

2. O Tempo na Bíblia e na Teologia

O Tempo na Bíblia e na Teologia relaciona-se com os aspectos temporais e eternos da vida humana.
a) No princípio - a Eternidade. Só Deus tem o atributo da eternidade. Ele não tem princípio e nem fim. Está escrito: “... de eternidade a eternidade, tu és Deus’’(Sl.90:12). De Jesus, o texto sagrado diz que Ele é o “... Pai da eternidade...”(Is.9:6).
Por definição, eterno é o que não tem princípio e não terá fim; é diferente de imortal. O imortal teve um princípio, só não terá fim. O eterno está acima do tempo; o imortal está limitado dentro dele. O homem, bem como todas as criaturas que compõem o mundo espiritual, incluindo Satanás, são imortais, mas não são eternas, visto que tiveram um princípio de existência, o que os vincula ao tempo.
Na eternidade, onde Deus habita (Is.57:15), não se mede o tempo como nós medimos. O Senhor pode, simultaneamente, responder as orações de milhões de pessoas (Jr.33:3), dar comida aos corvos (Lc.12:24), fazer maravilhas (Sl.72:18), e ainda compadecer-se e abençoar o parto das cabras monteses, bem como das gazelas nas savanas africanas (Jó 39:1-3), dentre muitas outras tarefas espalhadas por todo o imenso universo de aproximadamente trezentos bilhões de galáxias. Isso não é nada para o Todo-Poderoso, o qual é o Pai da eternidade (Is.9:6).
b) A vida humana é temporal (Sl.90:10; Sl.103:15,16; Tg.4:14). Estes textos, dentre outros, afirmam que vida física do ser humano é passageira, é temporal, por isso o tempo de sua vida é precioso e precisa ser administrado de forma a aproveitá-lo bem.
“A duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos” (Sl.90:10).
“Porque o homem, são seus dias como a erva; como a flor do campo, assim floresce; pois, passando por ela o vento, logo se vai, e o seu lugar não conhece mais” (Sl.103:15,16).
c) O Tempo da vida do ser humano após a morte. Neste mundo terrenal, a vida do ser humano é temporal. Todavia, após a morte, ele vai viver eternamente, com Deus ou sem Deus. A escolha é do ser humano. A garantia de uma eternidade ditosa está na mordomia, sábia e piedosa, do tempo em que vivermos nesta vida. Aqui, no mundo terrenal, a vida é mais que respirar, comer, beber, dormir, trabalhar e se mover sobre a terra. Há algo além dessa vida física e material que deve estar na nossa consciência. Jesus disse: “Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do o vestido?” (Mt.6:25). Disse o apóstolo Paulo: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1Co.15:19).

3. Deus é o Criador e o Senhor do Tempo

Foi Deus quem criou o tempo; ele foi criado para que pudéssemos estabelecer uma ordem nas tarefas que nos foram determinadas para fazer. Deus é um Deus de ordem e quer que o homem, como Sua imagem e semelhança, seja, também, ordenado como Ele. Para tanto, criou o tempo.
Deus estabeleceu um tempo para todas as coisas debaixo do sol (Ec.3:1), e tem um propósito para todas as suas obras, pois não faz nada ao acaso. Ele criou o mecanismo para contar e dividir o tempo.
 “E disse Deus: haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre dia e noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos”(Gn.1:14).
Isto Deus fez não porque ele precisasse do tempo; Ele é o Senhor do Tempo e não pode ser limitado por ele - “um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia” (2Pd.3:8). Quando Deus criou todas as coisas, fê-lo sobre a perspectiva do tempo. Com efeito, as Escrituras indicam, logo no seu início, que "no princípio, criou Deus os céus e a terra"(Gn.1:1), revelando, portanto, que o tempo é algo próprio e adequado para as criaturas. A maioria dos estudiosos da Bíblia concorda que esse "princípio" é indefinido, pois é o "tempo de Deus", ou o seu kairós. João 1:1,2 expressa esse mesmo princípio – “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus”.
3.1. A origem do Tempo - Chronos. A partir do século XX, com o surgimento da teoria do Big Bang, a maioria dos cientistas passou a defender que o universo teve um marco inicial há mais de 13 bilhões de anos, quando um "átomo primordial" teria explodido, dando origem a tudo.
Porém, inexistem dados aferíveis cientificamente que comprovem a hipótese do Big Bang, como também não há revelação bíblica que indique a ocorrência de uma grande explosão no passado remoto, que tivesse liberado energia criadora. Aliás, uma explosão tem como resultado uma desorganização, e o universo é perfeitamente organizado e equilibrado, regido por leis impressionantemente e intencionalmente definidas.
Tanto a Bíblia como a ciência concordam que o universo teve um início. Assim, se houve um início para o universo, é inegável admitir que existiu uma época - antes de Génesis 1:1 - em que não havia matéria, nem espaço para a conter, como também não havia tempo a ser contado (chronos). Era apenas a eternidade. Então, Deus decidiu criar todas as coisas, submetendo-as às regras do tempo.
Portanto, o “chronos” - termo grego para "tempo", que pode ser medido, contado e definido -, teve um princípio, foi criado por Deus; ele pode ser medido, dividido, analisado ou estudado. Além de incluir o "dia" de 24 horas, também refere-se a semanas, meses, anos, décadas, etc.
A importância do “chronos” se dá, dentre outras coisas, pela necessidade do estabelecimento de ciclos para todas as obras formadas, bem como para que o homem, a obra prima da criação, pudesse conhecer e buscar a Deus.
3.2. O tempo de Deus - Kairós. “Kairós” é uma palavra de origem grega, que significa "momento certo", "tempo oportuno", em oposição a “chronos”, que traz a ideia de tempo sequencial, cronológico, quantitativo.
-O salmista sabia disso, por isso se expressou: “Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite”(Sl.90:4).
-O apóstolo Pedro revelou que, para Deus, o tempo não pode ser avaliado com as mesmas categorias humanas de medição: "Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia" (2Pd.3:8).
-Jesus também ensinou que não se pode definir o tempo de Deus, o “Kairós” - "E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder" (At.1:7).
3.3. Chronos x Kairós. O nosso tempo é o “Chronos”, que significa o tempo medido em semanas, horas e minutos, o tempo que corre; nós o usamos para alcançar um fim. Queremos o máximo de chronos para fazer o máximo de coisas. Por isso é que andamos fisicamente fatigados e emocionalmente estressados.
O Tempo de Deus é o “Kairós”, o tempo indeterminado em que algo especial acontece. Não pode ser medido e sim vivido. Dificilmente, Chronos coincidirá com Kairós. Portanto, estabelecer prazo para Deus cumprir o desejo de alguém, por mais piedosa que ele seja, é atentar contra a soberania de Deus.
Muitas vezes queremos que as coisas aconteçam na nossa hora, mas Deus sabe o momento certo para agir na nossa vida. A grande lição é saber esperar o tempo certo, pois é assim que o livro de Eclesiastes 3:1-10 nos ensina – “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec.3:1).
Todavia, esperar não é uma tarefa fácil, principalmente na atualidade, onde as pessoas vivem sob a pressão do imediatismo. Hoje, tudo tem que ser instantâneo, imediato; até mesmo as bênçãos de Deus ninguém quer esperar. Contudo, saber aguardar o momento certo, o Kairós de Deus, é uma virtude que toda pessoa de Deus precisa apreender.
Em determinadas situações, não podemos fazer absolutamente nada, a não ser esperar e confiar que os planos do Eterno jamais poderão ser frustrados. Essa certeza faz com que os servos de Deus esperem, com paciência e sem amargura ou dor, naquele que pode todas as coisas.

II. A MORDOMIA DO TEMPO

A Doutrina da Mordomia se assenta em dois pilares: na existência de um Senhor, o dono dos bens, e na existência de um servo a quem o Senhor confia os seus bens para serem administrados, ou cuidados. Pela Bíblia sabemos que Deus é o Senhor, o dono de todas as coisas que por Ele foram feitas ou criadas. Entre todas estas coisas está o Tempo. Assim, o tempo não apenas pertence como também está sob o controle de Deus. As coisas, as mais variadas, como salientou Salomão em Eclesiastes 3:1-8, só acontecem por sua vontade e determinação, e de acordo com o tempo que Ele estabelecer.

1. Remindo o Tempo

O tempo é um bem precioso e devemos remi-lo, como nos recomendam as Escrituras (Ef.5:16; Cl.4:5).  Remir o tempo significa usá-lo com sabedoria para as coisas que são verdadeiramente importantes.
“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus" (Ef.5:15,16).
O Tempo é irreversível, é o único bem que não podemos recuperar. As Escrituras ensinam que nem todo tempo é igual e que, passado este tempo, não haverá mais o que se fazer (Dn.5:26; Mt.25:10-13). Um provérbio chinês muito conhecido diz que quatro coisas não voltam atrás, e uma delas é o tempo perdido. Quando vemos a narrativa da criação, verificamos que, quando um dia terminava, ele não podia voltar mais. Ao dia primeiro, seguiu-se o segundo, ao segundo, o terceiro, e assim por diante, precisamente porque o tempo é irreversível. Várias passagens das Escrituras mostram-nos esta realidade.
Se há um tempo determinado para cada coisa, este tempo, também, é único. Não se pode perder a oportunidade.
-Salomão deixou bem claro que há um tempo para cada ação e que, passado este tempo, ele é irreversível (Ec.3:1-8).
-O salmista afirma que fazia a sua oração num tempo aceitável (Sl.69:13).
-O profeta diz que Deus ouviu o Seu servo no tempo favorável (Is.49:8) e que devemos buscar ao Senhor enquanto se pode achá-lo (Is.55:6).
-O poeta, por sua vez, afirma que o inverno passou, assim como a chuva cessou e que o tempo de cantar chegou (Ct.2:11,12).
-O próprio Deus, ao informar a Noé o Seu compromisso com o homem em não mais mandar um dilúvio sobre a terra, fez questão de lembrar o patriarca a respeito da sucessão irreversível do tempo (Gn.8:22).
Portanto, “remir o tempo”, é a palavra de ordem bíblica que deve ser atendido por todos os crentes. Infelizmente, milhares de pessoas que se dizem crentes, não estão remindo o seu tempo, mas desperdiçando-o com coisas inúteis e fofocas nas redes sociais. Certamente, Deus requererá de cada um de nós a devida prestação de contas.

2. Contar o Tempo

Moisés, certa vez, orou a Deus pedindo: "Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio" (Sl.90.12). O grande problema de muitas pessoas é que deixam para pensar sobre o fim da existência terrena somente quando lhes resta bem pouco tempo.
Contar os dias é uma atitude de sabedoria, pois significa ter em perspectiva a iminência da morte, o que garante um melhor entendimento sobre como aproveitar os dias de vida. É preciso nos conscientizar de que a vida é passageira, “e um vapor que aparece por um pouco, e depois desaparece” (Tg.4:14).
Muitos dizem, principalmente nestes tempos pós-modernos: “não tenho tempo”. Mas, a questão toda não é a falta de tempo, e, sim, nosso critério de prioridades no tempo que dispomos. Algumas ocasiões podem causar a expressão “não tenho tempo”: primeiro, a sobrecarga de atividades; segundo, as coisas que fazemos dentro desse tempo, são elas prioritárias, ou são secundárias?; terceiro, qual é o critério de prioridades que usamos na escolha das coisas que vamos fazer? Está escrito que na vida do serviço cristão devemos dar prioridades ao “reino e Deus” (Mt.6:33).
Um homem normal possui muitos sonhos; é natural que possua; sonhar é preciso. Um homem normal possui muitos projetos de vida. Porém, o tempo de vida nunca será suficiente para a realização de todos os nossos sonhos e para a concretização de todos os nossos projetos. Daí, se esse homem normal for um homem de Deus, conhecedor da Bíblia Sagrada, uma vez consciente da brevidade desta vida presente e da eternidade da vida futura, ele terá, então, que eleger prioridades para o uso do seu tempo.
Deus quer, portanto, que aprendamos a contar os nossos dias, isto é, que administremos o nosso tempo, de tal forma que nos faça bem e que glorifique a Deus.

3. A prestação de contas

Deus deu o tempo (chronos) exclusivamente para o ser humano. Ele é nosso, é próprio da humanidade, é um dom de Deus a cada ser humano. Ora, se o tempo é um dom que Deus nos concedeu, concluímos que, como dom, devemos saber como administrá-lo. Um Dia nos apresentaremos diante de Deus, e Ele nos cobrará por tudo que fazemos, inclusive a má administração do nosso tempo.
Tudo o que administramos com relação ao nosso corpo, alma e espírito - as faculdades físicas, emocionais e espirituais -, daremos conta a Deus. Sim, o Criador nos cobrará acerca do que fizemos com o nosso tempo. Está escrito: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2Co.5:10).

III. COMO APROVEITAR BEM O TEMPO

Dentro dos princípios da Mordomia do Tempo, devemos aproveitar o tempo de forma sábia, equilibrada e abalizada nas Escrituras Sagradas.

1. Prioridades para aproveitar o Tempo

Pela ordem crescente, estas são as principais prioridades para o servo de Deus aproveitar o seu Tempo: o Tempo deve ser dedicado a Deus; o Tempo deve ser dedicado à Família; o Tempo deve ser dedicado à Igreja; o Tempo deve ser dedicado a si mesmo.
a) Tempo para ser dedicado a Deus. Entre os que não conhecem a Palavra de Deus há quem deixe Deus para o fim da fila de suas prioridades. Porém, para o verdadeiro cristão, Deus tem que ser uma prioridade ímpar. O Senhor Jesus disse: “Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça...”(Mt.6:33). 
Por mais ocupados que sejamos, o tempo de Deus tem que ser encontrado, separado e dedicado a Ele. Deus não pode ficar na dependência do “se houver tempo”. Moisés exortou Israel neste sentido: “Guarda-te, e que te não esqueças do Senhor, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão”(Dt.6:12). Não encontrar tempo para Deus, esquecer-se dele é tão grave que o Salmista declarou: “Os ímpios serão lançados no inferno e todas as gentes que se esquecem de Deus”(Salmo 9:17).
No exercício da Mordomia Cristã do tempo, o bom Mordomo tem que dar prioridade a Deus no tempo de sua vida. Davi entendeu isto, face à sua declaração no Salmo 27:4: “Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e aprender no seu Templo”. Sem esta prioridade dedicada a Deus as demais coisas podem não existir.
Portanto, todo cristão autêntico precisa reservar tempo para Deus. Devocional diário, oração e estudo da Palavra não podem faltar em nossa vida piedosa.
b) Tempo para ser dedicado à Família. Na ordem das prioridades, segundo a Bíblia, a Família deve ocupar o segundo lugar na vida de um homem de Deus – em primeiro lugar, Deus; em segundo lugar, a Família.
No exercício da Mordomia Cristã do Tempo qualquer homem que não encontrar tempo para sua família, será um mau Mordomo do Tempo. Exorta o apóstolo Paulo: "Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel" (1Tm.5:8).
Qualquer pessoa, homem ou mulher, que ocupar todo o seu tempo, mesmo que seja em causas nobres e meritórias, como o estudar e trabalhar visando dar condições melhores à própria família, estará falhando no exercício da Mordomia do Tempo, porque a Família poderá não subsistir para desfrutar desse futuro melhor. Isto tem ocorrido, com frequência.
O homem precisa ter tempo para sua esposa; a esposa precisa ter tempo para seu marido. Qualquer atividade, incluindo aquela desenvolvida na Obra do Senhor que vier tirar o tempo de convivência do casal, será uma atividade indevida no exercício da Mordomia do Tempo.
É claro que não estamos afirmando que marido e esposa devam dedicar todo tempo disponível um ao outro, em prejuízo da Igreja ou da Obra do Senhor. Estamos afirmando que parte desse tempo disponível tem que ser dedicado, com prioridade à família, porque são as famílias que formam a Igreja. Famílias bem estruturadas formam Igrejas bem estruturadas. 
Ouve-se falar de jovens que se casam e continuam dedicando todo o tempo disponível às atividades da Igreja, contrariando o ensino de Paulo, em 1Corintios 7:33; ouve-se falar em Obreiros, principalmente evangelistas e irmãs missionárias que dedicam todo o tempo à Obra do Senhor, relegando a família a um plano terciário, visitando-a quando possível. Deus não separa casais. Quem age desta forma está falhando no exercício da Mordomia do Tempo e quebrando a prioridade estabelecida pela Palavra de Deus. Para estas pessoas, talvez Paulo diria: “Não vos defraudeis um ao outro...”(1Co.7:5).
Os pais, no exercício da Mordomia do Tempo, se forem bons Mordomos, terão que encontrar tempo para o convívio com os filhos, principalmente, se menores.
Os filhos, mesmo os casados, terão que encontrar tempo para o convívio com os pais. Os pais serão sempre pais e como tal precisam ser tratados.
A Bíblia diz a todos os filhos, de todas as idades, casados ou não, seja qual for a posição social, financeira, ou econômica: “honra a teu pai e a tua mãe...”(Ef.6:2). Não haverá bom crente, sendo mau pai; não haverá bom crente, sendo mau filho.
c) Tempo para ser dedicado à Igreja. No exercício da Mordomia do Tempo o bom Mordomo tem que encontrar tempo para a Igreja, para se dedicar à Obra do Senhor. Tem que, na vocação em que foi chamado, dar a sua contribuição. Ninguém que conhece a Palavra de Deus poderá alegar ser desnecessário na Obra do Senhor.
A Igreja é comparada a um corpo. Paulo diz que o corpo “é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo”(1Co.12:12). Nenhum dos muitos membros foi colocado no corpo, sem função. Toda vez que um membro, por mais insignificante que possa parecer, não cumpre a sua função, prejudica todo o funcionamento do corpo. Assim é, também, na Igreja.
É necessário, pois, que cada crente encontre tempo para cumprir a sua função na Igreja, do contrário, estará falhando no exercício da Mordomia Cristã do Tempo.
d) Tempo para ser dedicado a si mesmo. O apóstolo Paulo exortou a Timóteo a cuidar de si mesmo (1Tm.4:16) – “Tem cuidado de ti mesmo...”. 
O apóstolo João desejou ao destinatário de sua terceira Carta que tudo fosse bem em toda as coisas (3Jão 1:2) – “Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma”.
Assim, além de cuidar da vida espiritual, a Palavra de Deus mostra que é importante cuidar da parte física, emocional, buscando o equilíbrio interior, que tanto beneficia a mente e o corpo.

2. Usar o Tempo sabiamente

Deus dá ao indivíduo 24 (vinte quatro horas): 08(oito) horas para trabalhar, 08(oito) para descansar, e ainda sobra 08(oito) horas. Mesmo assim, por falta de um bom planejamento do tempo, ou por causa do mau uso dele, o indivíduo, muitas vezes, se queixa da falta de tempo. Para aproveitar bem o tempo, sabiamente, devemos:
a) não desperdiçar o Tempo disponível. Não há banco de acumulação de tempo; ele não é como o dinheiro que podemos acumular e utilizar depois. O tempo tem que ser usado à medida que ele é disponibilizado em nossa vida. Uma vez que se deixe de utilizá-lo, não se pode mais recuperá-lo definitivamente. Por isso, cada momento em nossa vida é precioso.
Quantas vezes perdemos tempo em atitudes fúteis e inúteis, e em atividades que prejudicam a alma e o corpo! Muitas dessas atividades inúteis afetam a consciência e entristecem o Espírito Santo (Ef.4:30,31). Davi, quase que perde o trono, e bem pior, a presença do Espírito Santo de forma definitiva em sua vida, por causa de atitudes inúteis. Infelizmente, milhões se perdem por que desperdiçam o seu tempo com coisas inúteis, fúteis, que resultam em perdição eterna.
b) planejar bem o Tempo disponível. Devemos planejar todas as nossas atividades de forma a preencher o tempo disponível. Qualquer atividade nossa sem planejamento, corre o risco de não ser executada. A Mordomia do Tempo requer inteligência, por isso nesse planejamento deve haver precisão, objetivos e programação. A previsão visa estimar o futuro de nossas atividades. Com os objetivos estabelecidos podemos determinar os resultados a serem alcançados.
c) manter-se equilibrado no uso do Tempo disponível. A palavra “equilíbrio” leva-nos a pensar numa balança de dois pratos. O desiquilíbrio do tempo está em dar mais peso para um lado da balança que o necessário. A Bíblia fala de equilíbrio quando diz: “Andeis como é digno da vocação com que fostes chamados” (Ef.4:1). A palavra “digno” tem na sua raiz o sentido de equilíbrio.
Ter equilíbrio não é algo que se conquista ou cai do céu. Equilíbrio se aprende, e aprende muitas vezes errando, outras vezes estudando, meditando, praticando e sendo provado.
Muitas pessoas dentro das igrejas, hoje, encontram-se desequilibradas, pois não foram transformadas pelo evangelho; são pessoas montanha russa: hoje está lá em cima, amanhã lá em baixo; hoje crê em Deus, amanhã já não sabe mais se Deus existe e ouve suas orações; vive de emoções e moveres espirituais sem fundamento bíblico.
Para encontrar equilíbrio o cristão deve: conhecer a Deus e obedecer aos seus mandamentos (João 17:3); renunciar a si mesmo (Mt.16:24); seguir o exemplo de Cristo (1João 2:6); viver em humildade (Gl.5:26); ter domínio próprio (Gl.5:22); exercitar o amor, que é o fruto excelente do Espírito (João 13:34; Gl.5:22; 1Co.cap.13).

CONCLUSÃO

Aprendemos que no exercício da Mordomia Cristã do Tempo o indivíduo tem que ser senhor e não escravo do tempo. Não podendo realizar todos os seus sonhos e concretizar todos os seus projetos, precisa, então, remir o tempo e eleger as prioridades, de acordo com a Palavra de Deus. Assim é que:
§  Se o indivíduo tiver tempo para tudo, mas não encontrar tempo para Deus, será um mau mordomo do tempo.
§  Se o indivíduo tiver tempo para tudo, mas não encontrar tempo para sua Família, será um mau mordomo do tempo.
§  Se o indivíduo tiver tempo para tudo, mas não encontrar tempo para a Igreja, será um mau mordomo do tempo.
§  Se o indivíduo gastar o seu tempo em coisas fúteis, ou sem valor, terá que prestar conta desse tempo perdido, porque o tempo pertence a Deus. 
Devemos remir o tempo, aproveitando-o de modo a glorificar a Deus e a honrá-lo enquanto estivermos neste mundo terreno, com os nossos olhos voltados para "Sião celeste". Ali, junto ao Senhor Jesus, desfrutaremos plenamente da vida eterna. A morte não terá poder sobre nós. Amém!
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 79. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Louis Berkhof. Teologia Sistemática.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Mordomia Cristã do Tempo. Portal-EBD_2003.
Pr. Elienai Cabral. LBM_CPAD.1987.

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