3º Trimestre/2019
Texto Base: Eclesiastes 3:1-8
"Portanto, vede prudentemente como andais, não
como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são
maus" (Ef.5:15,16).
Eclesiastes 3.1-8
1-Tudo
tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu:
2-há
tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que
se plantou;
3-tempo
de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar;
4-tempo
de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar;
5-tempo
de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de
afastar-se de abraçar;
6-tempo
de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora;
7-tempo
de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;
8-tempo
de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos da
Mordomia do Tempo. O Tempo é um fator fundamental da vida. Saber administrá-lo
é imprescindível, porém, é um grande desafio. Como criaturas, somos submetidas
ao tempo, mormente depois que entrou o pecado na humanidade, de modo que a
administração do tempo é um dos importantes desafios que o crente tem para
poder servir fielmente ao Senhor.
Uma das grandes armas de
nosso adversário está, precisamente, na tarefa de roubar o nosso tempo. Muitas
pessoas têm usado o seu tempo disponível de forma desordenada e sem disciplina,
e por isso tem a sensação de que o tempo é curto para tudo o que realiza. Em
qualquer cidade grande o que se observa é: pessoas correndo, nervosas,
atrasadas; motoristas avançando sinal, buzinando, desesperados; pessoas que não
conseguem cumprir os horários, pessoas que não comparecem para cumprir compromissos
assumidos, pessoas impontuais...escravos “nas mãos” do tempo. A causa de tudo
isto está na má administração do tempo. O homem tem que ser senhor, e não
escravo do tempo; precisa dominá-lo, e não ser dominado por ele.
O tempo é precioso e
devemos remi-lo, como nos recomendam as Escrituras Sagradas (Ef.5:16; Cl.4:5).
Que possamos orar como o salmista: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal
maneira que alcancemos coração sábio” (Salmos 90:12).
I. CONCEITOS IMPORTANTES
1. A palavra
Tempo
A expressão tempo
deriva-se do latim, “tempus”, significando um período contínuo e indefinido no
qual os eventos se sucedem. No grego, língua na qual foi escrito o Novo
Testamento, tempo deriva-se “chronos”;
de “chronos” temos duas expressões
bem populares: Cronologia e Cronômetro. Cronologia é a ciência que cuida
da medição do tempo, ou é a ciência das divisões do tempo e da determinação da
ordem e sucessão dos acontecimentos. Cronômetro é um instrumento de
precisão capaz de medir o tempo em frações de segundos.
Literalmente, o tempo é
uma sucessão de dias, meses, anos, horas, minutos e segundos, que dá ao indivíduo
uma noção de passado, presente e futuro. Enquanto o tempo é dividido em
milênios, séculos, anos, meses, semanas, dias, horas, minutos, segundos,
milésimos de segundos, a nossa vida é construída de incontáveis momentos. O
momento é uma unidade indivisível de tempo que ninguém pode calcular.
2. O Tempo
na Bíblia e na Teologia
O Tempo na Bíblia e na
Teologia relaciona-se com os aspectos temporais e eternos da vida humana.
a) No princípio - a
Eternidade. Só Deus tem o atributo da
eternidade. Ele não tem princípio e nem fim. Está escrito: “... de eternidade a
eternidade, tu és Deus’’(Sl.90:12). De Jesus, o texto sagrado diz que Ele é o
“... Pai da eternidade...”(Is.9:6).
Por definição, eterno é o
que não tem princípio e não terá fim; é diferente de imortal. O imortal teve um
princípio, só não terá fim. O eterno está acima do tempo; o imortal está
limitado dentro dele. O homem, bem como todas as criaturas que compõem o mundo
espiritual, incluindo Satanás, são imortais, mas não são eternas, visto que
tiveram um princípio de existência, o que os vincula ao tempo.
Na eternidade, onde Deus
habita (Is.57:15), não se mede o tempo como nós medimos. O Senhor pode,
simultaneamente, responder as orações de milhões de pessoas (Jr.33:3), dar
comida aos corvos (Lc.12:24), fazer maravilhas (Sl.72:18), e ainda
compadecer-se e abençoar o parto das cabras monteses, bem como das gazelas nas
savanas africanas (Jó 39:1-3), dentre muitas outras tarefas espalhadas por todo
o imenso universo de aproximadamente trezentos bilhões de galáxias. Isso não é
nada para o Todo-Poderoso, o qual é o Pai da eternidade (Is.9:6).
b) A vida humana é temporal
(Sl.90:10; Sl.103:15,16; Tg.4:14). Estes
textos, dentre outros, afirmam que vida física do ser humano é passageira, é
temporal, por isso o tempo de sua vida é precioso e precisa ser administrado de
forma a aproveitá-lo bem.
“A duração da nossa vida
é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o
melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos”
(Sl.90:10).
“Porque o homem, são seus
dias como a erva; como a flor do campo, assim floresce; pois, passando por ela
o vento, logo se vai, e o seu lugar não conhece mais” (Sl.103:15,16).
c) O Tempo da vida do ser
humano após a morte. Neste mundo terrenal, a vida do ser humano é temporal. Todavia, após a
morte, ele vai viver eternamente, com Deus ou sem Deus. A escolha é do ser
humano. A garantia de uma eternidade ditosa está na mordomia, sábia e piedosa,
do tempo em que vivermos nesta vida. Aqui, no mundo terrenal, a vida é mais que
respirar, comer, beber, dormir, trabalhar e se mover sobre a terra. Há algo
além dessa vida física e material que deve estar na nossa consciência. Jesus
disse: “Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do o vestido?”
(Mt.6:25). Disse o apóstolo Paulo: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos
os mais miseráveis de todos os homens” (1Co.15:19).
3. Deus é o
Criador e o Senhor do Tempo
Foi Deus quem criou o
tempo; ele foi criado para que pudéssemos estabelecer uma ordem nas tarefas que
nos foram determinadas para fazer. Deus é um Deus de ordem e quer que o homem,
como Sua imagem e semelhança, seja, também, ordenado como Ele. Para tanto,
criou o tempo.
Deus estabeleceu um tempo
para todas as coisas debaixo do sol (Ec.3:1), e tem um propósito para todas as
suas obras, pois não faz nada ao acaso. Ele criou o mecanismo para contar e
dividir o tempo.
“E disse Deus: haja luminares na expansão dos
céus, para haver separação entre dia e noite; e sejam eles para sinais e para
tempos determinados e para dias e anos”(Gn.1:14).
Isto Deus fez não porque
ele precisasse do tempo; Ele é o Senhor do Tempo e não pode ser limitado por
ele - “um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia” (2Pd.3:8).
Quando Deus criou todas as coisas, fê-lo sobre a perspectiva do tempo. Com
efeito, as Escrituras indicam, logo no seu início, que "no princípio,
criou Deus os céus e a terra"(Gn.1:1), revelando, portanto, que o tempo é
algo próprio e adequado para as criaturas. A maioria dos estudiosos da Bíblia
concorda que esse "princípio" é indefinido, pois é o "tempo de
Deus", ou o seu kairós.
João 1:1,2 expressa esse mesmo princípio – “No
princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele
estava no princípio com Deus”.
3.1. A origem do Tempo - Chronos. A partir do século XX,
com o surgimento da teoria do Big Bang,
a maioria dos cientistas passou a defender que o universo teve um marco inicial
há mais de 13 bilhões de anos, quando um "átomo primordial" teria
explodido, dando origem a tudo.
Porém, inexistem dados
aferíveis cientificamente que comprovem a hipótese do Big Bang, como também não há revelação bíblica que indique a ocorrência
de uma grande explosão no passado remoto, que tivesse liberado energia
criadora. Aliás, uma explosão tem como resultado uma desorganização, e o
universo é perfeitamente organizado e equilibrado, regido por leis
impressionantemente e intencionalmente definidas.
Tanto a Bíblia como a
ciência concordam que o universo teve um início. Assim, se houve um início para
o universo, é inegável admitir que existiu uma época - antes de Génesis 1:1 -
em que não havia matéria, nem espaço para a conter, como também não havia tempo
a ser contado (chronos). Era apenas a
eternidade. Então, Deus decidiu criar todas as coisas, submetendo-as às regras
do tempo.
Portanto, o “chronos” - termo grego para
"tempo", que pode ser medido, contado e definido -, teve um
princípio, foi criado por Deus; ele pode ser medido, dividido, analisado ou
estudado. Além de incluir o "dia" de 24 horas, também refere-se a
semanas, meses, anos, décadas, etc.
A importância do “chronos” se dá, dentre outras coisas,
pela necessidade do estabelecimento de ciclos para todas as obras formadas, bem
como para que o homem, a obra prima da criação, pudesse conhecer e buscar a
Deus.
3.2. O tempo de Deus - Kairós. “Kairós” é uma palavra de origem
grega, que significa "momento certo", "tempo oportuno", em
oposição a “chronos”, que traz a
ideia de tempo sequencial, cronológico, quantitativo.
-O salmista sabia disso, por isso se expressou: “Porque
mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da
noite”(Sl.90:4).
-O apóstolo Pedro revelou que, para Deus, o tempo não pode ser
avaliado com as mesmas categorias humanas de medição: "Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é
como mil anos, e mil anos, como um dia" (2Pd.3:8).
-Jesus também ensinou que não se pode definir o
tempo de Deus, o “Kairós” - "E
disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai
estabeleceu pelo seu próprio poder" (At.1:7).
3.3. Chronos x Kairós. O nosso tempo é o “Chronos”, que significa o tempo
medido em semanas, horas e minutos, o tempo que corre; nós o usamos para
alcançar um fim. Queremos o máximo de chronos para fazer o máximo de
coisas. Por isso é que andamos fisicamente fatigados e emocionalmente
estressados.
O Tempo de Deus é o “Kairós”, o tempo indeterminado em
que algo especial acontece. Não pode ser medido e sim vivido. Dificilmente, Chronos coincidirá com Kairós. Portanto, estabelecer prazo para
Deus cumprir o desejo de alguém, por mais piedosa que ele seja, é atentar
contra a soberania de Deus.
Muitas vezes queremos que
as coisas aconteçam na nossa hora, mas Deus sabe o momento certo para agir na
nossa vida. A grande lição é saber esperar o tempo certo, pois é assim que o
livro de Eclesiastes 3:1-10 nos ensina – “tudo
tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”
(Ec.3:1).
Todavia, esperar não é
uma tarefa fácil, principalmente na atualidade, onde as pessoas vivem sob a
pressão do imediatismo. Hoje, tudo tem que ser instantâneo, imediato; até mesmo
as bênçãos de Deus ninguém quer esperar. Contudo, saber aguardar o momento
certo, o Kairós de Deus, é uma
virtude que toda pessoa de Deus precisa apreender.
Em determinadas
situações, não podemos fazer absolutamente nada, a não ser esperar e confiar
que os planos do Eterno jamais poderão ser frustrados. Essa certeza faz com que
os servos de Deus esperem, com paciência e sem amargura ou dor, naquele que
pode todas as coisas.
II. A MORDOMIA DO TEMPO
A Doutrina da Mordomia se
assenta em dois pilares: na existência de um Senhor, o dono dos bens, e na
existência de um servo a quem o Senhor confia os seus bens para serem
administrados, ou cuidados. Pela Bíblia sabemos que Deus é o Senhor, o
dono de todas as coisas que por Ele foram feitas ou criadas. Entre todas estas
coisas está o Tempo. Assim, o tempo não apenas pertence como também está sob o
controle de Deus. As coisas, as mais variadas, como salientou Salomão em
Eclesiastes 3:1-8, só acontecem por sua vontade e determinação, e de acordo com
o tempo que Ele estabelecer.
1. Remindo o
Tempo
O tempo é um bem precioso
e devemos remi-lo, como nos recomendam as Escrituras (Ef.5:16; Cl.4:5). Remir
o tempo significa usá-lo com sabedoria para as coisas que são verdadeiramente
importantes.
“Portanto, vede
prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo,
porquanto os dias são maus" (Ef.5:15,16).
O Tempo é irreversível, é o único bem que não
podemos recuperar. As Escrituras ensinam que nem todo tempo é igual e que,
passado este tempo, não haverá mais o que se fazer (Dn.5:26; Mt.25:10-13). Um
provérbio chinês muito conhecido diz que quatro coisas não voltam atrás, e uma
delas é o tempo perdido. Quando vemos a narrativa da criação, verificamos que,
quando um dia terminava, ele não podia voltar mais. Ao dia primeiro, seguiu-se
o segundo, ao segundo, o terceiro, e assim por diante, precisamente porque o
tempo é irreversível. Várias passagens das Escrituras mostram-nos esta
realidade.
Se há um tempo
determinado para cada coisa, este tempo, também, é único. Não se pode perder a
oportunidade.
-Salomão deixou bem claro que há um tempo para cada
ação e que, passado este tempo, ele é irreversível (Ec.3:1-8).
-O salmista afirma que fazia a sua oração num tempo
aceitável (Sl.69:13).
-O profeta diz que Deus ouviu o Seu servo no tempo favorável
(Is.49:8) e que devemos buscar ao Senhor enquanto se pode achá-lo (Is.55:6).
-O poeta, por sua vez, afirma que o inverno passou,
assim como a chuva cessou e que o tempo de cantar chegou (Ct.2:11,12).
-O próprio Deus, ao informar a Noé o Seu compromisso com o
homem em não mais mandar um dilúvio sobre a terra, fez questão de lembrar o
patriarca a respeito da sucessão irreversível do tempo (Gn.8:22).
Portanto, “remir o
tempo”, é a palavra de ordem bíblica que deve ser atendido por todos os crentes.
Infelizmente, milhares de pessoas que se dizem crentes, não estão remindo o seu
tempo, mas desperdiçando-o com coisas inúteis e fofocas nas redes sociais.
Certamente, Deus requererá de cada um de nós a devida prestação de contas.
2. Contar
o Tempo
Moisés, certa vez, orou a
Deus pedindo: "Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que
alcancemos coração sábio" (Sl.90.12). O grande problema de muitas pessoas
é que deixam para pensar sobre o fim da existência terrena somente quando lhes
resta bem pouco tempo.
Contar os dias é uma
atitude de sabedoria, pois significa ter em perspectiva a iminência da morte, o
que garante um melhor entendimento sobre como aproveitar os dias de vida. É
preciso nos conscientizar de que a vida é passageira, “e um vapor que aparece
por um pouco, e depois desaparece” (Tg.4:14).
Muitos dizem,
principalmente nestes tempos pós-modernos: “não tenho tempo”. Mas, a questão
toda não é a falta de tempo, e, sim, nosso critério de prioridades no tempo que
dispomos. Algumas ocasiões podem causar a expressão “não tenho tempo”:
primeiro, a sobrecarga de atividades; segundo, as coisas que fazemos dentro
desse tempo, são elas prioritárias, ou são secundárias?; terceiro, qual é o
critério de prioridades que usamos na escolha das coisas que vamos fazer? Está
escrito que na vida do serviço cristão devemos dar prioridades ao “reino e
Deus” (Mt.6:33).
Um homem normal possui
muitos sonhos; é natural que possua; sonhar é preciso. Um homem normal possui
muitos projetos de vida. Porém, o tempo de vida nunca será suficiente para a
realização de todos os nossos sonhos e para a concretização de todos os nossos
projetos. Daí, se esse homem normal for um homem de Deus, conhecedor da Bíblia
Sagrada, uma vez consciente da brevidade desta vida presente e da eternidade da
vida futura, ele terá, então, que eleger prioridades para o uso do seu tempo.
Deus quer, portanto, que
aprendamos a contar os nossos dias, isto é, que administremos o nosso tempo, de
tal forma que nos faça bem e que glorifique a Deus.
3. A
prestação de contas
Deus deu o tempo
(chronos) exclusivamente para o ser humano. Ele é nosso, é próprio da
humanidade, é um dom de Deus a cada ser humano. Ora, se o tempo é um dom que
Deus nos concedeu, concluímos que, como dom, devemos saber como administrá-lo.
Um Dia nos apresentaremos diante de Deus, e Ele nos cobrará por tudo que
fazemos, inclusive a má administração do nosso tempo.
Tudo o que administramos
com relação ao nosso corpo, alma e espírito - as faculdades físicas, emocionais
e espirituais -, daremos conta a Deus. Sim, o Criador nos cobrará acerca do que
fizemos com o nosso tempo. Está escrito: “Porque todos devemos comparecer ante
o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por
meio do corpo, ou bem ou mal” (2Co.5:10).
III. COMO APROVEITAR BEM O TEMPO
Dentro dos princípios da
Mordomia do Tempo, devemos aproveitar o tempo de forma sábia, equilibrada e
abalizada nas Escrituras Sagradas.
1.
Prioridades para aproveitar o Tempo
Pela ordem crescente,
estas são as principais prioridades para o servo de Deus aproveitar o seu
Tempo: o Tempo deve ser dedicado a Deus; o Tempo deve ser dedicado à Família; o
Tempo deve ser dedicado à Igreja; o Tempo deve ser dedicado a si mesmo.
a) Tempo para ser dedicado
a Deus.
Entre os que não conhecem a Palavra de Deus há quem deixe Deus para o fim da
fila de suas prioridades. Porém, para o verdadeiro cristão, Deus tem que ser
uma prioridade ímpar. O Senhor Jesus disse: “Mas buscai primeiro o Reino de
Deus, e sua justiça...”(Mt.6:33).
Por mais ocupados que
sejamos, o tempo de Deus tem que ser encontrado, separado e dedicado a Ele.
Deus não pode ficar na dependência do “se houver tempo”. Moisés exortou Israel
neste sentido: “Guarda-te, e que te não esqueças do Senhor, que te tirou da
terra do Egito, da casa da servidão”(Dt.6:12). Não encontrar tempo para Deus,
esquecer-se dele é tão grave que o Salmista declarou: “Os ímpios serão lançados
no inferno e todas as gentes que se esquecem de Deus”(Salmo 9:17).
No exercício da Mordomia
Cristã do tempo, o bom Mordomo tem que dar prioridade a Deus no tempo de sua
vida. Davi entendeu isto, face à sua declaração no Salmo 27:4: “Uma coisa
pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias
da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e aprender no seu
Templo”. Sem esta prioridade dedicada a Deus as demais coisas podem não
existir.
Portanto, todo cristão
autêntico precisa reservar tempo para Deus. Devocional diário, oração e estudo
da Palavra não podem faltar em nossa vida piedosa.
b) Tempo para ser dedicado
à Família.
Na ordem das prioridades, segundo a Bíblia, a Família deve ocupar o segundo
lugar na vida de um homem de Deus – em primeiro lugar, Deus; em segundo lugar,
a Família.
No exercício da Mordomia
Cristã do Tempo qualquer homem que não encontrar tempo para sua família, será
um mau Mordomo do Tempo. Exorta o apóstolo Paulo: "Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua
família, negou a fé e é pior do que o infiel" (1Tm.5:8).
Qualquer pessoa, homem ou
mulher, que ocupar todo o seu tempo, mesmo que seja em causas nobres e
meritórias, como o estudar e trabalhar visando dar condições melhores à própria
família, estará falhando no exercício da Mordomia do Tempo, porque a Família
poderá não subsistir para desfrutar desse futuro melhor. Isto tem ocorrido, com
frequência.
O homem precisa ter tempo
para sua esposa; a esposa precisa ter tempo para seu marido. Qualquer
atividade, incluindo aquela desenvolvida na Obra do Senhor que vier tirar o
tempo de convivência do casal, será uma atividade indevida no exercício da
Mordomia do Tempo.
É claro que não estamos
afirmando que marido e esposa devam dedicar todo tempo disponível um ao outro,
em prejuízo da Igreja ou da Obra do Senhor. Estamos afirmando que parte desse tempo
disponível tem que ser dedicado, com prioridade à família, porque são as
famílias que formam a Igreja. Famílias bem estruturadas formam Igrejas bem
estruturadas.
Ouve-se falar de jovens
que se casam e continuam dedicando todo o tempo disponível às atividades da
Igreja, contrariando o ensino de Paulo, em 1Corintios 7:33; ouve-se falar em
Obreiros, principalmente evangelistas e irmãs missionárias que dedicam todo o
tempo à Obra do Senhor, relegando a família a um plano terciário, visitando-a
quando possível. Deus não separa casais. Quem age desta forma está falhando no
exercício da Mordomia do Tempo e quebrando a prioridade estabelecida pela
Palavra de Deus. Para estas pessoas, talvez Paulo diria: “Não vos defraudeis um
ao outro...”(1Co.7:5).
Os pais, no exercício da Mordomia do Tempo, se forem
bons Mordomos, terão que encontrar tempo para o convívio com os filhos,
principalmente, se menores.
Os filhos, mesmo os casados, terão que encontrar tempo
para o convívio com os pais. Os pais serão sempre pais e como tal precisam ser
tratados.
A Bíblia diz a todos os
filhos, de todas as idades, casados ou não, seja qual for a posição social,
financeira, ou econômica: “honra a teu pai e a tua mãe...”(Ef.6:2). Não haverá
bom crente, sendo mau pai; não haverá bom crente, sendo mau filho.
c) Tempo para ser dedicado
à Igreja.
No exercício da Mordomia do Tempo o bom Mordomo tem que encontrar tempo para a
Igreja, para se dedicar à Obra do Senhor. Tem que, na vocação em que foi
chamado, dar a sua contribuição. Ninguém que conhece a Palavra de Deus poderá
alegar ser desnecessário na Obra do Senhor.
A Igreja é comparada a um
corpo. Paulo diz que o corpo “é um, e tem muitos membros, e todos os membros,
sendo muitos, são um só corpo”(1Co.12:12). Nenhum dos muitos membros foi colocado
no corpo, sem função. Toda vez que um membro, por mais insignificante que possa
parecer, não cumpre a sua função, prejudica todo o funcionamento do corpo.
Assim é, também, na Igreja.
É necessário, pois, que
cada crente encontre tempo para cumprir a sua função na Igreja, do contrário,
estará falhando no exercício da Mordomia Cristã do Tempo.
d)
Tempo para ser dedicado a si mesmo.
O apóstolo Paulo exortou a Timóteo a cuidar de si mesmo (1Tm.4:16) – “Tem
cuidado de ti mesmo...”.
O apóstolo João desejou ao
destinatário de sua terceira Carta que tudo fosse bem em toda as coisas (3Jão
1:2) – “Amado, desejo que te vá bem em
todas as coisas e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma”.
Assim, além de cuidar da
vida espiritual, a Palavra de Deus mostra que é importante cuidar da parte física,
emocional, buscando o equilíbrio interior, que tanto beneficia a mente e o
corpo.
2. Usar o
Tempo sabiamente
Deus dá ao indivíduo 24
(vinte quatro horas): 08(oito) horas para trabalhar, 08(oito) para descansar, e
ainda sobra 08(oito) horas. Mesmo assim, por falta de um bom planejamento do
tempo, ou por causa do mau uso dele, o indivíduo, muitas vezes, se queixa da
falta de tempo. Para aproveitar bem o tempo, sabiamente, devemos:
a) não desperdiçar o Tempo
disponível. Não há banco de acumulação de tempo; ele não é como o dinheiro que
podemos acumular e utilizar depois. O tempo tem que ser usado à medida que ele
é disponibilizado em nossa vida. Uma vez que se deixe de utilizá-lo, não se
pode mais recuperá-lo definitivamente. Por isso, cada momento em nossa vida é
precioso.
Quantas vezes perdemos
tempo em atitudes fúteis e inúteis, e em atividades que prejudicam a alma e o
corpo! Muitas dessas atividades inúteis afetam a consciência e entristecem o
Espírito Santo (Ef.4:30,31). Davi, quase que perde o trono, e bem pior, a
presença do Espírito Santo de forma definitiva em sua vida, por causa de
atitudes inúteis. Infelizmente, milhões se perdem por que desperdiçam o seu
tempo com coisas inúteis, fúteis, que resultam em perdição eterna.
b) planejar bem o Tempo
disponível. Devemos planejar todas as nossas atividades de forma a preencher o tempo
disponível. Qualquer atividade nossa sem planejamento, corre o risco de não ser
executada. A Mordomia do Tempo requer inteligência, por isso nesse planejamento
deve haver precisão, objetivos e programação. A previsão visa estimar o futuro
de nossas atividades. Com os objetivos estabelecidos podemos determinar os
resultados a serem alcançados.
c) manter-se equilibrado no
uso do Tempo disponível. A palavra “equilíbrio” leva-nos a pensar numa balança de dois pratos. O
desiquilíbrio do tempo está em dar mais peso para um lado da balança que o
necessário. A Bíblia fala de equilíbrio quando diz: “Andeis como é digno da
vocação com que fostes chamados” (Ef.4:1). A palavra “digno” tem na sua raiz o
sentido de equilíbrio.
Ter equilíbrio não é algo
que se conquista ou cai do céu. Equilíbrio se aprende, e aprende muitas vezes
errando, outras vezes estudando, meditando, praticando e sendo provado.
Muitas pessoas dentro das
igrejas, hoje, encontram-se desequilibradas, pois não foram transformadas pelo
evangelho; são pessoas montanha russa: hoje está lá em cima, amanhã lá em baixo;
hoje crê em Deus, amanhã já não sabe mais se Deus existe e ouve suas orações; vive
de emoções e moveres espirituais sem fundamento bíblico.
Para encontrar equilíbrio
o cristão deve: conhecer a Deus e obedecer aos seus mandamentos (João 17:3); renunciar
a si mesmo (Mt.16:24); seguir o exemplo de Cristo (1João 2:6); viver em humildade
(Gl.5:26); ter domínio próprio (Gl.5:22); exercitar o amor, que é o fruto
excelente do Espírito (João 13:34; Gl.5:22; 1Co.cap.13).
CONCLUSÃO
Aprendemos que no
exercício da Mordomia Cristã do Tempo o indivíduo tem que ser senhor e não
escravo do tempo. Não podendo realizar todos os seus sonhos e concretizar todos
os seus projetos, precisa, então, remir o tempo e eleger as prioridades, de
acordo com a Palavra de Deus. Assim é que:
§ Se o indivíduo tiver
tempo para tudo, mas não encontrar tempo para Deus, será um mau mordomo do
tempo.
§ Se o indivíduo tiver
tempo para tudo, mas não encontrar tempo para sua Família, será um mau mordomo
do tempo.
§ Se o indivíduo tiver
tempo para tudo, mas não encontrar tempo para a Igreja, será um mau mordomo do
tempo.
§ Se o indivíduo gastar o
seu tempo em coisas fúteis, ou sem valor, terá que prestar conta desse tempo
perdido, porque o tempo pertence a Deus.
Devemos remir o tempo,
aproveitando-o de modo a glorificar a Deus e a honrá-lo enquanto estivermos
neste mundo terreno, com os nossos olhos voltados para "Sião
celeste". Ali, junto ao Senhor Jesus, desfrutaremos plenamente da vida
eterna. A morte não terá poder sobre nós. Amém!
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico
popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão
– nº 79. CPAD.
Comentário Bíblico
Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Louis Berkhof. Teologia
Sistemática.
Dr. Caramuru Afonso
Francisco. A Mordomia Cristã do Tempo. Portal-EBD_2003.
Pr. Elienai Cabral.
LBM_CPAD.1987.
O estudo esta maravilhoso que Deus abençoe
ResponderExcluirO estudo esta maravilhoso que Deus abençoe
ResponderExcluirExcelente obra, que Deus continue abençoando
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