3º Trimestre/2018
Texto Base: Levítico 8:1-13
INTRODUÇÃO
Nesta Aula, trataremos a respeito dos Ministros que conduziam a adoração
e representavam o povo diante de Deus na Antiga Aliança. No Sinai, Deus
escolheu e separou a tribo de Levi para que dela fossem vocacionados os
sacerdotes e os levitas que ministrariam a adoração e o serviço no Tabernáculo.
Ser escolhido para tal função era um privilégio, uma honra, mas também uma
grande responsabilidade e abnegação, já que os descendentes de Levi não teriam
herança como às demais tribos. O Senhor seria a herança deles e o sustento
viria das outras tribos. Era preciso ter fé e viver dela. Por determinação de
Deus, os sacerdotes deveriam ser descendentes de Arão, irmão de Moisés, e as
suas esposas deveriam ser israelitas de sangue puro. Na Nova Aliança, graças ao
sacrifico de Jesus Cristo, cada crente é um sacerdote santo, chamado para
oferecer sacrifícios espirituais (1Pd.2:5). Atuamos como proclamadores do
Evangelho e intercessores tanto pelos crentes quanto pelos que ainda não creem.
À semelhança dos sacerdotes levitas, o chamamento divino exige separação,
excelência e dedicação integral.
I. LEVI, A TRIBO SACERDOTAL
No momento da promulgação da lei, todo o povo israelita era formado de
sacerdotes, uma vez que Moisés não só levantou doze monumentos, representando
as doze tribos de Israel, como também convocou jovens de todas as tribos para
oferecer sacrifícios (Êx.cap.24). Tinha sido esta a proposta de Deus para
Israel, ou seja, a de que eles se tornassem “reino sacerdotal e povo santo do
Senhor” (Ex.19:5,6). Mas, enquanto Moisés esteve ausente por quarenta dias e
quarenta noites (ÊX.24:18), o povo de Israel quebrou a lei, fazendo para si um
bezerro de ouro, quebrando os dois primeiros mandamentos da lei. Ao retornar ao
arraial, Moisés, indignado, quebrou as tábuas da lei. Depois, Moisés perguntou
ao povo quem estava do lado do Senhor, e somente a tribo de Levi se manifestou
(Ex.32:26); por esta razão, foi a tribo de Levi escolhida para exercer o
sacerdócio entre os israelitas, porque, com a quebra da lei, Israel perdera a
condição de ser “reino sacerdotal” (Dt.10:8).
1. Os levitas. Eram
descendentes de Levi, filho de Jacó e Lia (Gn.29:34). Levi foi pai de três
filhos: Gérson, Coate e Merari (Gn.46:8,11). No Egito, durante a sua estada, a
família de Levi aumentou e passou a ser uma tribo, e as famílias dos três
filhos se tornaram divisões tribais. Arão, Miriã e Moisés nasceram na divisão
coatita da tribo (Êx.2:4; 6:16-20; 15:20). Quando o Tabernáculo foi removido,
os coatitas levaram a mobília, os gersonitas, as cortinas e seus pertences, e
os meratitas transportaram e instalaram o Tabernáculo propriamente dito
(Nm.3:35-37; 4:29-33).
Por haverem sido resgatados da morte, por ocasião da primeira Páscoa
(Êx.11:5; 12:12,13), os primogênitos das famílias hebraicas pertenciam a Deus,
mas os levitas, por seu zelo espiritual, foram escolhidos por Deus como
substitutos dos filhos mais velhos de cada família (Nm.3:12,45; 8:17-19). Conforme
Números 3:41-45, os levitas agiram como substitutos dos primogênitos de toda
casa de Israel.
Por serem separados para o serviço de Deus, não se esperava que fossem à
guerra (Nm.1:3,49) ou plantassem seus próprios alimentos numa área tribal. Eles
deviam espalhar-se por toda a Terra Prometida e viver entre o povo (Nm.35:1-8),
e deviam ser sustentados com os dízimos do povo (Nm.18:21).
Os levitas, dados a Arão e a seus filhos, eram os ajudantes dos
sacerdotes. Eles assistiam os sacerdotes em seus deveres e transportavam o
tabernáculo e cuidavam dele (Nm.1:50,51; 8:19-22).
2. O zelo dos levitas. Uma das características dos descendentes de Levi, os levitas, era a sua
devoção a Deus e a sua postura zelosa em relação aos padrões morais de Deus
estabelecidos para o seu povo. Quando os hebreus adoraram o bezerro de ouro no
sopé do Monte Sinai, foram os levitas que se uniram a Moisés contra a
idolatria. Sua devoção a Deus se evidenciou publicamente nesse ato. Por causa
de sua obediência e consagração a Deus, eles receberiam uma bênção (Ex.30:29).
A bênção que receberam foi o fato de terem sido escolhidos como a tribo
dedicada ao serviço de Deus (Nm.3:6-13). Nesta ocasião, Deus usou esses
escolhidos para cumprir a tarefa sacerdotal de executar os julgamentos divinos
(Ex.32:27,28). Os serviços do tabernáculo eram executados somente por eles
(Nm.1:50,51). Eram bastante zelosos no exercício sacerdotal, chegando até mesmo
resistir com firmeza ao rei Uzias quando este queria usurpar os serviços que
apenas a eles eram permitidos executar (cf.2Cr.26:16-18); Deus castigou este
rei com lepra pela infringência cometida (2Cr.26:19-21).
3. A vocação sacerdotal dos levitas. Tendo em vista o caráter santo e distintivo
da tribo de Levi, aprouve a Deus separá-la para o sacerdócio (Nm.3:45). Deus
instituiu Arão e seus filhos como os primeiros sacerdotes de Israel (Êx.cap.28).
Depois disso, a única forma de se tornar sacerdote era nascendo na tribo e na
família sacerdotal. Na Sua presciência, Ele já havia, no Monte Sinai, dito a
Moisés que escolhera a Arão e a seus filhos para exercerem o ofício sacerdotal
(Ex.28:1). Essa escolha divina foi confirmada mediante a unção, que seguiu um
rito todo especial, determinado pelo próprio Deus (cf. Levítico cap. 8).
O sacerdote era um mediador que ensinava a
lei, mas principalmente oficiava os cultos religiosos dos israelitas (Êx.28:43). Eles
só podiam vir da tribo de Levi. No entanto, o simples fato de alguém ser
levita não fazia dele um sacerdote. Para atuar como sacerdote, era necessário o
chamado de Deus - "Ninguém,
pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como
aconteceu com Arão" (Hb.5:4). Então, ser sacerdote era uma honra
especial, e os que desempenhavam essa função eram diretamente chamados por
Deus.
Os sacerdotes da ordem levítica eram
consagrados ou separados por Deus para esse trabalho especial
(Êx.28:1-4). Isso significa que eram santos, não devendo ser consideradas
pessoas comuns. Os demais levitas, embora desempenhassem trabalhos importantes
na vida religiosa de Israel, não eram sacerdotes.
Além disso, para que alguém fosse sacerdote,
essa pessoa precisava não só ser da tribo de Levi, ser chamada por Deus para o
trabalho e ser consagrada, mas tinha de estar isenta de deformidades físicas e
de outras contaminações (Lv.21:16-21). Ainda que uma pessoa preenchesse
alguns dos outros requisitos, se fosse cega, coxa ou de algum modo deformada,
não podia atuar como sacerdote. Devia se casar com uma mulher de caráter
exemplar. Não devia contaminar-se com costumes pagãos nem tocar em coisas
imundas.
A santidade divina exige daqueles que se aproximam
de Deus um estado habitual de pureza, incompatível com a vida comum dos homens.
Então, vemos que os que eram sacerdotes no sistema do Antigo Testamento eram
especiais, santos e sem deficiências. Isso apontava para o Sumo Sacerdote da
Nova Aliança, Jesus Cristo (Hb.6:20), que é perfeito e seu sacrifício por nós
foi único, completo e aceito pelo Pai.
A instituição do sacerdócio levítico era mais
um “remédio”, uma medida paliativa que se criava até a vinda do Messias, que
redimiria a humanidade e que se tornaria o Sumo Sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque (Hb.5:10; HB.6:20), instituindo, então, um verdadeiro “reino
sacerdotal” (1Pd.2:9; Ap.1:5,6), que é a Sua Igreja.
Com a vinda de Cristo, porém, não há que se
falar mais em necessidade de que parte do povo de Deus, a Igreja, seja
constituída por “sacerdotes”, pois todo o povo de Deus é agora formado de
sacerdotes, vez que o pecado foi tirado e há livre acesso à presença de Deus.
O sacerdócio levítico encerrou-se pouco antes
da morte de Cristo na cruz do Calvário, quando o sumo sacerdote Anás, quebrando
norma da lei (Lv.21:10), rasgou suas vestes durante o julgamento de Jesus pelo
Sinédrio (Mt.26:65; Mc.14:63).
Logo em seguida, com Sua morte na cruz, Jesus
instituiu o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque (Sl.110:4; Hb.7:17,21),
oferecendo-se pelo pecado da humanidade, sacrifício único e que efetuou eterna
redenção (Hb.7:27; 9:12).
Na Igreja, portanto, a única forma de se
tornar sacerdote é por meio do Novo Nascimento (Ap.1:5,6). É muita presunção
querer ordenar sacerdotes por meios humanos. Na Nova Aliança, só há um mediador
entre Deus e homem: Jesus Cristo, homem (1Tm.2:05). Jesus é o nosso sublime e
perfeito Sumo Sacerdote (Hb.7:26,27). Portanto, não mais necessitamos de
intermediários humanos para nos achegarmos a Deus; não há mais a figura humana
do sacerdote; é errado, portanto, chamar os pastores de sacerdotes, pois não
existe mais a atividade de intermediação, como existia no Antigo Testamento;
cada crente é um sacerdote - “vós também, como pedras vivas, sois edificados
casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais,
agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1Pd.2:5). Agora, qualquer um de nós pode
adentrar ao trono da graça de Deus para suplicar, interceder, e oferecer culto
e sacrifício de louvor ao Senhor.
II. O SUMO SACERDOTE
O sumo sacerdote era o principal representante do culto divino no Antigo
Testamento (Êx.28:1). O povo de Deus somente poderia chegar à presença do
Senhor através de pessoas especialmente designadas para isto. O sacerdócio veio
como uma continuação da mediação que, iniciada por Moisés, deveria prosseguir
até que viesse outro profeta como Moisés (Dt.18:15; At.7:37), que, então,
estabelecesse uma nova ordem, um novo regime de sacerdócio.
1. Arão, da tribo de Levi, foi o primeiro sumo sacerdote. Arão foi o primeiro sumo sacerdote da
história de Israel (Êx.28:1-3), cuja função era, primordialmente, a de
interceder a Deus por todo o povo, notadamente no dia da expiação (Lv.16;
23:26-32).
Somente ele usava roupas especiais (Lv.16:2),
interpretava o lançamento das sortes sagradas (Urim e Tumim – Êx.28:30; Lv.8:8)
que eram mantidas em seu peitoral.
Somente ele entrava uma vez por ano no lugar santíssimo
para expiar os pecados da nação israelita (Lv.16:29); no lugar santíssimo,
depois de ter feito sacrifício antes por si mesmo, oferecia um sacrifício em
nome de todo o povo, ocasião em que Deus aplacava a sua ira e diferia, por mais
um ano, a punição pelos pecados cometidos.
Somente ele aspergia sangue sobre o propiciatório - como
era chamada a tampa de ouro da arca do concerto -, que ficava dentro do lugar
santíssimo, e este sangue trazia favor ao povo de Israel, pois, por causa deste
sangue, o pecado do povo era coberto e Deus se mostrava favorável, não
castigando o povo pelo pecado cometido.
Somente ele usava o peitoral com os nomes das doze tribos
de Israel e atuava como mediador entre toda a nação e Deus.
Somente ele tinha o direito de consultar ao Senhor
mediante Urim e Tumim, que ficava dentro do peitoral, os quais significavam
“luzes e perfeições”. Segundo se crê, era duas pedrinhas, uma indicando
resposta negativa e a outra, resposta positiva. Não se sabe como eram usadas,
mas é provável que, em situações difíceis, fossem retiradas de algum lugar ou
lançadas ao acaso, ao fazer-se uma consulta propondo uma alternativa: “farei
isto ou aquilo?” E, segundo saísse Urim ou Tumim, interpretava-se a resposta,
segundo a vontade de Deus (Nm.27:21; Ed.2:63; 1Sm.14:36-42; 2Sm.5:19).
Embora o sacerdote em alguns aspectos prefigure o cristão, o sumo
sacerdote simbolizava Jesus Cristo (ver 1Pd.2:5,9; Hb.2:17; 4:14).
Restrições: Por ser tão honrosa e de muita
responsabilidade, a função do sumo sacerdote era cercado de uma série de
restrições, muito superiores a de qualquer outro israelita. Assim, por exemplo:
não podia descobrir a sua cabeça; não podia rasgar os seus vestidos (Lv.21:10);
não podia se chegar a qualquer cadáver, nem mesmo de seus pais (Lv.21:11);
tinha que casar com mulher virgem, sendo-lhe vedado casar com mulher repudiada
ou, mesmo, viúva (Lv.21:13,14).
2. Ungido para o ofício (Lv.8:10-12). Moisés tomou o azeite da unção, conforme
estipulado em Êx.30:22-33, e derramou-o sobre a cabeça de Arão e ungiu-o, para
santificá-lo (Lv.8:12). A unção de Arão simboliza a separação do sacerdote para
Deus e a investidura com poder divino (charisma)
necessário para o exercício do ministério santo. No Antigo Testamento, o
profeta (1Rs.19:16), o rei (1Sm.9:16; 10:1) e o sacerdote eram ungidos dessa
maneira. Em hebraico, o verbo “ungir” (mashach)
é o radical do qual se deriva a palavra Messias (“o ungido”). O Messias tinha
de ser ungido não apenas com óleo, mas com o Espírito Santo (Is.11:2; 42:1;
Lc.3:22).
O Senhor determinou que o sumo sacerdote Arão
fosse ungido a fim de dignificá-lo como ministro extraordinário do culto divino
(Êx.28:41; 29:1-7). A primeira etapa na consagração de Arão como sumo sacerdote
foi lavá-lo com água diante da porta da tenda da congregação (Ex.29:4); em
seguida, Arão vestiu as roupas descritas em Êxodo 28:5,6; em seguinda, recebeu
a unção com óleo (Êx.29:7) – “e tomarás o azeite da unção e o derramarás sobre
a sua cabeça; assim, o ungirás”.
O azeite sobre a cabeça de Arão simbolizava a
unção do Espírito Santo. Os dons e a influência divina são indispensáveis ao
exercício do ministério. No Salmo 133:2 indica-se a abundância do óleo com o
qual foi ungido Arão; é um belíssimo simbolismo do Espirito Santo derramado sem
medida sobre o Senhor Jesus Cristo (Sl.45:6,7; João 3:34), nosso magnifico Sumo
Sacerdote.
Moisés espargiu a santa unção sobre Arão e seus
filhos. Assim é a presença e o poder do Espírito Santo para o "sacerdócio
real" dos crentes a fim de que ministrem com poder e eficácia.
Assim como os sacerdotes do Antigo Testamento,
os ministros de Cristo precisam ser ungidos com o Espirito Santo, afim de que o
culto tenha a qualidade desejada pelo Senhor, sendo, assim, aceitável diante
dEle. Além disso, a vida do ministro deve ser coerente com o culto ou serviço
que prestam a Deus.
3. Cargo vitalício (Êx.28:43) – “E
estarão sobre Arão e sobre seus filhos, quando entrarem na tenda da
congregação, ou quando chegarem ao altar para ministrar no santuário, para que
não levem iniquidade e morram; isto será estatuto perpétuo para ele e
para a sua semente depois dele”.
O sumo sacerdócio era um cargo vitalício, dado
ao primogênito do vigente sumo sacerdote, com exceção dos casos de enfermidade
ou mutilação previstos pela Lei (Nm.3:1-13; Lv.21:16-23), de modo que eles
podiam transmitir a seus filhos as leis detalhadas relacionadas com o culto e
com as numerosas regras às quais os sacerdotes viviam sujeitos a fim de
manterem a pureza legal que lhes permitisse aproximar-se de Deus. Como os
filhos de Arão, Nadabe e Abiú, foram mortos por levarem fogo estranho diante de
Deus, Eleazar sucedeu o sumo sacerdócio, e foi mantido em sua família (Nm.20:25,26).
Segundo
Ralph Gower, em alguma época da história de Israel, o sumo sacerdócio foi
assumido pela família de Itamar, o quarto filho de Arão, mas Salomão fez novamente
retornar à família de Eleazar, colocando Zadoque na posição de sumo sacerdote.
Essa posição foi mantida na família dele até que seu descendente veio a ser
deposto por Antíoco Epifânio (rei da Síria) nos dias dos macabeus. Nesse
período posterior, os sumos sacerdotes eram indicados pelo poder reinante (exemplo:
Anás foi deposto pelos romanos e substituído por Caifás - cf. Lc.3:2; João
11:49-51; 18:13-24), mas quando eles se tornaram forte o bastante para resistir
às autoridades, adotaram seu próprio estilo de soberania. Ao que tudo indica,
havia um rodízio entre os principais membros da família de Arão (Lc.3:2).
Na Nova Aliança, não há mais linhagens de sumo
sacerdotes, porque o nosso único e definitivo Sumo Sacerdote é Cristo, que
através do seu sacrifício acabou com a necessidade de novas ofertas e
sacrifícios (Hb.7:1-8). Todos os cristãos são sacerdotes diante de Deus (1Pd.2:5,9;
Ap.1:5,6; 5:9,10). Portanto, todo o povo de Deus da Nova Aliança pode se
apresentar diretamente a Deus para oferecer-lhe sua adoração (Hb.10:19-23;
13:15). Por isso, devemos ter uma vida exemplar, quer em atitudes quer em
palavras.
III. DIREITOS E DEVERES
Eram direitos e deveres dos descendentes de
Levi, principalmente os da casa de Arão: viver do altar, santificar-se ao Senhor
e ser uma referência moral, ética e espiritual.
1. Viver do altar (Lv.7:35). Nem os levitas nem os sacerdotes receberam
terra quando Josué repartiu Canaã porque o Senhor havia de ser sua parte e
herança (Nm.18:20). Os levitas que cuidavam do tabernáculo e o transportavam
recebiam o dízimo das outras tribos. Por sua vez, davam seus dízimos aos
sacerdotes (Nm.18:28). Além disso, os sacerdotes recebiam a carne de
determinados sacrifícios, as primícias, parte consagrada dos votos e os
primogênitos dos animais – “Esta é a porção de Arão e a porção de seus filhos,
das ofertas queimadas do SENHOR, no dia em que os apresentou para administrar o
sacerdócio ao SENHOR” (Lv.7:35).
Assim expressa o apóstolo Paulo ilustrando
este princípio: "Não sabeis vós que
os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? .... Assim ordenou
também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho"
(1Co.9:13,14). E o ministro deve ter a atitude do Salmista: "O Senhor é a porção da minha herança e do
meu cálice; tu sustentas a minha sorte" (Salmo 16:5).
2. Santificar-se ao Senhor. Em virtude de seu ofício, os sacerdotes
deveriam erguer-se, em Israel, como referência de santidade e pureza. Eles eram
a personificação de Israel e sempre era seu dever trazer à memória de seu povo
a santidade de Deus. O sumo sacerdote, por exemplo, tinha de ostentar uma faixa
de ouro, em seu turbante (mitra), no qual estava colocada uma lâmina de ouro
puro com as palavras "Santidade
ao Senhor", gravadas sobre ela (Êx.28:36). Os sacerdotes proclamavam
que a santidade é a essência da natureza de Deus e indispensável a todo o
verdadeiro culto prestado a Ele.
No culto divino, tudo o que eles empregavam
tinham de ser consagrados ao serviço divino. Portanto, Arão e seus filhos
tinham de estar devidamente limpos e ataviados e deviam ter expiado seus
pecados antes de assumirem os deveres sacerdotais.
3. Tornar-se uma referência espiritual e moral. Por ser o mediador entre Deus e o povo de
Israel, os sacerdotes tinham o dever de se apresentarem como uma referência
espiritual e moral. Caso contrário, seriam punidos exemplarmente, como
aconteceu com os filhos de Eli, Hofni e Finéias. Estes, em consequência de seu
proceder, tornaram-se um péssimo exemplo para o povo de Israel. A Bíblia diz
que o Senhor queria matá-los por se comportarem de forma imoral perante o povo
de Israel (1Sm.2:22-25). Eles endureceram o coração e pecaram abertamente e sem
constrangimento. Eli os advertiu, mas a advertência de Eli não teve efeito
moral sobre eles. Deus os entregou à sua própria sorte. Para eles, já se
passara o dia da salvação, estando, pois, destinados por Deus à condenação e à
morte, à semelhança daqueles referidos em Rm.1:21-32. Iam morrer como resultado
da sua própria e insolente desobediência e da sua recusa de arrepender-se.
À época de Malaquias, também, os sacerdotes se
comportavam muito mal diante de Deus e do povo de Israel; estavam totalmente
corrompidos. Por isso, o Senhor os havia tornado desprezíveis e indignos diante
de todo o povo. A irreverencia deles era tão pútrida que Deus pediu que eles
não fizessem mais culto a Ele no templo de Deus, que fechassem as portas do
Templo – “Quem há também entre vós que
feche as portas e não acenda debalde o fogo do meu altar? Eu não tenho prazer
em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oblação”
(Ml.1:10). Por causa disso, Deus os advertiu de que sofreriam uma condenação
terrível caso não se arrependessem e mudassem de atitude.
Na Nova Aliança, também, Deus exige que o seu
povo ande em santidade e pureza diante dEle, como exorta o apóstolo Pedro: “mas, como é santo aquele que vos chamou,
sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1Pd.1:15).
CONCLUSÃO
O sacerdócio levítico era glorioso; seus membros eram considerados
príncipes de Deus (Zc.3:8). Todavia, o sacerdote não era perfeito, e por causa
disto devia estar sempre disposto a reconhecer seus pecados, abandoná-los e
oferecer o sacrifício correspondente. Os sacerdotes eram apenas sombras do perfeito
Sumo Sacerdote, o Senhor Jesus Cristo. Ele, como Sumo Sacerdote, foi designado
e escolhido por Deus (Hb.5:5); Ele não tem pecado (Hb.7:26); o Seu sacerdócio é
inalterável (Hb.7:23-24); o Seu oferecimento é perfeito e definitivo (Hb.9:25-28);
Ele intercede continuamente (Hb.7:24-25); Ele é o único Mediador (1Tm.2:5); Ele
já ofereceu o sacrifico definitivo. O que precisamos, então, é de uma
apropriação pela fé dos méritos do Calvário, que nos limpam e nos colocam em
condições de entrarmos no santuário de Deus.
Até à próxima Aula, se Jesus Cristo, nosso
Sumo Sacerdote, quiser.
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Luciano de Paula
Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 75. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Bacon.
C.H. Mackintosh. Estudo sobre o Livro de Levítico.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. A Sublimidade do Culto Cristão.
PortalEBD_2008.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. Decência e ordem no Culto ao Senhor.
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Ralph Gower. Novo Manual dos Usos & Costumes dos Tempos Bíblicos.
2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 325, 326.
Paul Hoff. O Pentateuco.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. Deus escolhe Arão e seus filhos para o
sacerdócio. PortalEBD_2014.
paz irmão faltou o quarto ponto do segundo tópico
ResponderExcluirExcelente explanação. Como sempre muito clara. Que Deus continue te abençoando.
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