3°
Trimestre De 2021
Texto Base: 2 Reis 24:18-20; 25:1-10
“Porém zombaram dos mensageiros de
Deus, e desprezaram as suas palavras, e escarneceram dos seus profetas, até que
o furor do Senhor subiu tanto, contra o seu povo, que mais nenhum remédio
houve” (2Cr.36:16).
V.P.: ”Todo o ser humano se torna
cativo de suas escolhas e das consequências delas”.
2 Reis 24:
18.Tinha Zedequias
vinte e um anos de idade quando começou a reinar e reinou onze anos em
Jerusalém; e era o nome de sua mãe Hamutal, filha de Jeremias, de Libna.
19.E fez o que era
mal aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto fizera Jeoaquim.
20.Pois assim sucedeu
por causa da ira do Senhor contra Jerusalém e contra Judá, até os rejeitar de
diante da sua face; e Zedequias se revoltou contra o rei de Babilônia.
2 Reis 25
1.E sucedeu que, no
nono ano do reinado de Zedequias, no mês décimo, aos dez do mês, Nabucodonosor,
rei de Babilônia, veio contra Jerusalém, ele e todo o seu exército, e se
acamparam contra ela, e levantaram contra ela tranqueiras em redor.
2.E a cidade foi
sitiada até ao undécimo ano do rei Zedequias.
3.Aos nove dias do
quarto mês, quando a cidade se via apertada da fome, nem havia pão para o povo
da terra,
4.Então, a cidade foi
arrombada, e todos os homens de guerra fugiram de noite pelo caminho da porta
que está entre os dois muros junto ao jardim do rei (porque os caldeus estavam
contra a cidade em redor); e o rei se foi pelo caminho da campina.
5.Porém o exército
dos caldeus perseguiu o rei e o alcançou nas campinas de Jericó; e todo o seu
exército se dispersou.
6.E tomaram o rei e o
fizeram subir ao rei de Babilônia, a Ribla; e procederam contra ele.
7.E os filhos de
Zedequias degolaram diante dos seus olhos; e vazaram os olhos a Zedequias, e o
ataram com duas cadeias de bronze, e o levaram a Babilônia.
8.E, no quinto mês,
no sétimo dia do mês (este era o ano décimo nono de Nabucodonosor, rei de
Babilônia), veio Nebuzaradã, capitão da guarda, servo do rei de Babilônia, a
Jerusalém.
9.E queimou a Casa do
Senhor e a casa do rei, como também todas as casas de Jerusalém; todas as casas
dos grandes igualmente queimou.
10.E todo o exército
dos caldeus, que estava com o capitão da guarda derribou os muros em redor de
Jerusalém.
INTRODUÇÃO
Com esta Aula concluímos o 3º trimestre letivo da EBD do ano de
2021; trataremos do Cativeiro de Judá – reino do Sul. Apesar de haver em Judá
alguns reis tementes a Deus e de reformas terem sido feitas em momentos
oportunos, conforme estudamos em lições anteriores, o povo nunca mudou,
efetivamente, de vida; continuaram com suas atitudes ímpias. Então, Deus
finalmente usou o império Babilônico, sob o governo de Nabucodonosor, para
conquistar Judá, destruir Jerusalém e levar o povo ao cativeiro Babilônico.
Muitos anos antes, Deus tinha punido o reino do Norte levando-o ao
cativeiro Assírio. Esse cativeiro foi o claro resultado dos pecados cometidos
contra Jeová (2Rs.17:7). O povo tornou-se infiel para com o Senhor, que os
livrara do Egito, adorando e servindo a outros deuses (2Rs.17:15-17). Fizeram
isso apesar dos constantes avisos dos profetas de Deus de que tal atitude
consistia em grave traição. O resultado inevitável foi o julgamento de Deus, um
juízo que se manifestou na forma de exílio, expulsando os israelitas de sua
terra prometida.
Mas Judá não aprendeu com esse juízo de
Deus contra o reino do Norte - “Até Judá não guardou os mandamentos do
SENHOR, seu Deus; antes, andaram nos estatutos que Israel fizera”
(2Rs.17:19). Ezequias e Josias fizeram muitas reformas, que trouxeram o povo a
um grande avivamento durante o reinado deles, mas isto não foi o bastante para
converter permanentemente a nação a Deus. Em sua longanimidade, Deus demonstrou
sua misericórdia por Judá dando ao povo, diante do juízo merecido, repetidas
oportunidades para arrependimento. Mas, infelizmente, eles viraram as costas
para o Eterno. Logo, o juízo de Deus seria inevitável; Ele utilizou o pior
déspota da época para punir o reino do Sul. Judá foi derrotada pelos
babilônios, e a maioria dos judeus foram levados para o exílio; todavia, não
foram espalhados por outras nações, e a terra não foi repovoada. Às vezes não
aprendemos com os exemplos de pecado e tolice que ocorrem à nossa volta.
O fim do reino de Judá foi protagonizado
por quatro reis:
Ø Joacaz, filho do rei Josias (2Cr.36:1).
Ø Jeoaquim, também filho do rei Josias; ele reinou por ocasião do primeiro
grupo de prisioneiros levados para Babilônia, em 605 a.C.(2Cr.36:5,6).
Ø Joaquim, filho de Jeoaquim (2Cr.36:8), que reinou três meses e dez dias
(2Cr.36:9); ele vivenciou o cerco de Jerusalém por Nabucodonosor, que resultou
em dez mil pessoas presas, em 597 a.C. (2Cr.36:9,10).
Ø Zedequias, que foi entronizado por Nabucodonosor no lugar de Joaquim
(2Cr.36:10,11). Após alguns poucos anos, Zedequias rebelou-se contra o rei da
Babilônia, e este novamente cercou Jerusalém durante dezoito meses, resultando
na queda definitiva de Jerusalém, em 586 a.C.
A tragédia do exílio não pode ser
interpretada como apenas a deportação de um povo para outra terra, ou a destruição
de uma cidade e seu santuário central. Na verdade, Deus havia se retirado do
meio de seu povo, uma ausência simbolizada por uma das visões de Ezequiel, na
qual a Shekinah movia-se do Templo (Ezequiel - cap 1). Depois de cumprir
o tempo determinado por Deus (setenta anos) o povo judeu foi permitido voltar
para a sua terra; porém, o fim do cativeiro dos judeus em 539/538 não pode ser
sinônimo do fim do exílio, porque Jeová não retornou na ocasião para habitar no
Templo. Pelo contrário, os profetas vaticinaram que seu retorno aconteceria
apenas na era escatológica, quando o próprio Messias seria a glória de Deus
(Ag.2:7-9).
1. O DECLÍNIO ESPIRITUAL DE JUDÁ
1. As
advertências dos profetas
Deus foi paciente com Judá - enviou
profetas, principalmente o profeta Jeremias, para advertir o povo acerca do
iminente juízo de Deus sobre a nação, caso não houvesse uma conversão nacional;
porém, as injustiças sociais, a idolatria e as terríveis transgressões do povo
e dos líderes foram se intensificando cada vez mais (Jr.11:9-12). O avanço
implacável do mal entre o povo de Deus, chegara ao ponto culminante
irreversível; transbordara sua medida de iniquidade (ler Jr.5:1). O recurso
único de Deus foi aplicar um julgamento, que dissolveu a nação levando-a ao
cativeiro; restou apenas um remanescente para presenciar o cumprimento das
promessas de Deus.
Como compreender que o povo de Judá não
atentou ao que acontecera há pouco anos com seus irmãos do reino do Norte!
Analisando a história de Israel e de Judá, nota-se que a liderança fora a maior
culpada pela apostasia do povo - os sacerdotes não conseguiam enxergar o
Senhor; os que ensinavam a lei nem mesmo o conheciam; os pastores prevaricaram
contra o Senhor (prevaricar significa deixar de fazer o que é certo ou
obrigatório, sabendo o que deve ser feito; não é um erro advindo do
desconhecimento; o conhecimento existe, mas a intenção é desobedecer); os
profetas profetizavam por Baal, um deus falso que já fora desmascarado em
Israel (Jr.2:8) - “Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que
tratavam da lei não me conheceram, e os pastores prevaricaram contra mim, e os
profetas profetizaram por Baal e andaram após o que é de nenhum proveito”. Uma liderança corrompida, certamente,
corromperá os seus liderados.
Deus lamentou a atitude insana do seu
povo (Jr.2:11-13,19) - “Houve alguma
nação que trocasse os seus deuses, posto não serem deuses? Todavia, o meu povo
trocou a sua glória pelo que é de nenhum proveito. Espantai-vos disto, ó céus,
e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o meu
povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e
cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas. A tua malícia te
castigará, e as tuas apostasias te repreenderão; sabe, pois, e vê, que mau e
quão amargo é deixares ao Senhor, teu Deus, e não teres o meu temor contigo,
diz o Senhor Jeová dos Exércitos”.
Essa apostasia foi denunciada por
Jeremias, que não poupou nem mesmo os líderes da nação. Isto é necessário, pois
se a liderança não estiver de acordo com a vontade de Deus nem conhecer o
Senhor, com certeza conduzirá o povo por caminhos que Deus abomina.
Essa mensagem adverte a todo o povo de
Deus da Nova Aliança, a Igreja (1Co.10:1-12). Deus removerá do seu reino todos
aqueles que deixarem de obedecer fielmente à sua Palavra e desprezar o seu
amor. Os resultados de abandonar a Deus são o castigo, a ruína, o sofrimento e
a rejeição final (cf. Ap.2:5; 3:15,16).
2.
Previsão dos acontecimentos que levaram Judá ao exílio
Dos
profetas que advertiram Judá sobre os seus terríveis pecados, Jeremias foi o mais importante desse período.
Ele iniciou suas atividades proféticas no reinado de Josias e deu continuidade
durante os quatro reinos seguintes (Jr.1:1-3). Jeremias tinha uma firme convicção
de que o Cativeiro seria rápido e inevitável, se não houvesse arrependimento da
nação; daí, sua preocupação era falar o que Deus queria que ele falasse, e não
o que o povo queira ouvir.
A visão da vara de amendoeira (Jr.1:11)
revelou o início do juízo de Deus, porque a amendoeira é uma das primeiras
árvores a florescer na primavera. Significa que Deus viu os pecados de Judá e
das nações, e executaria um juízo rápido e certo. A “panela a ferver” (Jr.1:13)
voltada para o Norte, derramando-se sobre Judá, representava a Babilônia
trazendo o forte juízo de Deus contra o povo de Judá (Jr.1:14).
No tempo de Jeremias havia falsos
profetas, que pregavam mensagens “bonitas”, que vendiam ilusões, que enganavam
o povo. O profeta Jeremias foi usado para alertar o povo:
“Assim diz o Senhor dos Exércitos: não deis ouvidos às palavras dos
falsos profetas, que entre vós profetizam; ensinam-vos vaidades; falam da visão
do seu coração, não da boca do Senhor. Não mandei os profetas, e, todavia, eles
foram correndo; não lhes falei a eles, e, todavia, profetizaram” (Jr.23:16,21).
Esses falsos profetas, esses
profissionais da religião, enganavam o povo para tirar proveito pessoal. Não
foram chamados, não tinham compromisso com Deus, não conheciam Sua Palavra.
Falavam aquilo que o povo queria ouvir, e eram aplaudidos. Pregavam abundância
de bênçãos, de prosperidade, de libertação material para um povo afundado no
pecado e na idolatria (Jr.5:12; 8:11; 14:13,15).
Pelo visto, a base para esta falsa
mensagem de esperança era que a nação possuía a lei mosaica (Jr.8:8) e o Templo
do Senhor estava entre eles (Jr.7:4). Todavia, o Senhor ressaltou que não achou
os sacrifícios aceitáveis (Jr.6:20). Desde o dia de Moisés, a obediência
sincera era mais fundamental do que o ritual sacrificatório (Jr.7:11-23). Deus
também deixou claro que a presença do Templo não era garantia de segurança.
Para apoiar o argumento, destacou Siló, que outrora fora o local do
Tabernáculo, o qual foi mais tarde abandonado por Deus. Se o povo não se
arrependesse, o Monte do Templo seria destruído como fora Siló (Jr.7:12-14;
26:6,9). Isso foi cumprido literalmente.
A religiosidade para Deus é inútil. Em
Atos 26:5, o apóstolo Paulo, embora se dizendo antigo integrante da seita dos
fariseus, faz questão de dizer que havia, entre os judeus, uma “religião”, ou
seja, um sistema dominante que prescrevia como o povo de Israel deveria se
relacionar com o seu Deus, um sistema doutrinário completo e predominante que,
aliás, até hoje existe entre nós, a saber, o judaísmo.
O mesmo se dá na Carta do apóstolo
Tiago, que mostra que as pessoas procuram, via de regra, ser religiosas, ainda
que esta religiosidade, no mais das vezes, não implique num correto
relacionamento com Deus (Tg.1:26,27). A religião, portanto, apresenta-se como uma
organização da vida humana em sociedade, com o intuito de definir um
relacionamento com a divindade, mas que pode ser falsa, se esta ordenação se
der fora dos princípios e regras revelados pelo próprio Deus ao homem.
3. Motivos
que levaram Judá ao cativeiro
O principal motivo foi a apostasia (Jr.2:19). Apostasia deriva-se
da expressão grega “apostásis”, que significa afastamento. Israel
conhecia Deus e tinha experiência com Ele. Esta é uma condição básica para que
alguém possa conhecer o pecado da apostasia. O apóstata tem que tomar sua
decisão de forma consciente e premeditada. Apesar de tudo que Israel viu Deus
fazer no Egito, no deserto durante quarenta anos, e em Canaã, mesmo assim
Israel persistiu sendo rebelde, desobediente, duro de coração, incrédulo.
No Antigo Testamento, com relação ao
povo de Israel, a apostasia era considerada adultério espiritual. Israel era
chamado de “esposa de Jeová” (Jr.31:32; Is.54:5). Sempre que Israel seguia a
outros deuses, ou se curvava diante de ídolos, era acusado de apostasia. Esta
foi, inclusive, a causa principal do cativeiro babilônico, que tanto o profeta
Jeremias advertiu.
Quando Israel se instalou
definitivamente na terra prometida, o líder Josué conclamou o povo a tomar uma
decisão: ou servir ao Senhor ou servir aos falsos deuses da região, pois era
impossível servir ao Senhor e ao mesmo tempo aos falsos deuses. O povo
respondeu que, em vista do que o Senhor havia feito por eles, eles O serviriam
também – “Então respondeu o povo, e disse: longe esteja de nós o abandonarmos
ao Senhor para servirmos a outros deuses” (Josué 24:16). Mas Josué ponderou
que, se não tomassem essa decisão, corriam o risco de serem consumidos pelo
Senhor, se mais tarde eles O deixassem para servir a deuses estranhos. Ele é um
Deus santo e zeloso que não perdoaria a sua transgressão nem os seus pecados.
Mas o povo confirmou a sua decisão, e Josué mandou que jogassem fora os deuses
estranhos que havia entre eles e se dedicassem ao Senhor Deus de Israel (cf. Josué
24:20). E o povo novamente disse: “... ao Senhor serviremos” (Josué 24:21). E
para confirmar o compromisso que o povo estava fazendo naquele momento solene,
Josué lhes falou: “Sois testemunhas contra vós mesmos de que vós escolhestes o
Senhor, para o servir. E disseram: Somos testemunhas” (Josué 24:22). E disseram
mais ainda: “Serviremos ao Senhor, nosso Deus, e obedeceremos à sua voz” (Josué
24:24).
Por pouco tempo, o povo de Deus confiou
nEle com profunda devoção. No início, a comunhão com Deus era tão profunda que
a nação era considerada a esposa do Senhor (Jr.31:3; Is.54:5). Conquanto o povo
tenha declarado por três vezes o compromisso de servir ao Senhor, não cumpriu o
que prometeu; Israel se afastou de Jeová. Logo Deus o acusaria de quebrar seu
pacto com Ele (Juízes 2:2,3).
O povo da geração de Jeremias seguiu nos
passos dos antepassados rebeldes (Jr.11:9,10). Afastaram-se da lei de Deus (Jr.9:13)
e ostensivamente desobedeceram aos padrões mais básicos, maltratando-se uns aos
outros e adorando a deuses falsos (Jr.4:5,25). Além da idolatria, pecados
abomináveis foram cometidos contra Deus: derramaram sangue inocente
(2Cr.24:17-22); cometeram todo tipo de corrupção e injustiça social (Hc.1:2-4);
não observaram o descanso sabático e ainda mataram muitos dos seus profetas
(Mt.23:35).
Diante de tão grande apostasia, Deus faz
uma indagação pesarosa ao povo: “Assim diz o Senhor: que injustiça acharam
vossos pais em mim, para se afastarem de mim, indo após a vaidade e tornando-se
levianos?”(Jr.2:5).
Todo crente enfrenta a mesma tentação de
se esquecer da bondade de Deus e sua salvação, quando anda segundo a sua
vontade, e nos prazeres pecaminosos do mundo. É fácil dizer: seguiremos ao
Senhor Deus, mas é muito mais importante viver isto.
II. A OBSTINAÇÃO DE ZEDEQUIAS E SUA QUEDA
1. A teimosia
de Zedequias
Zedequias, foi o último rei de Judá; era
filho do rei Josias. Seus dois irmãos mais velhos - Joacaz e Jeoaquim -, e seu
sobrinho Joaquim, filho de Jeoaquim, governaram antes dele. Quando Joaquim foi
exilado na Babilônia, Nabucodonosor tornou Matanias rei de Judá (Jr.37:1), e
mudou o nome dele para Zedequias (2Cr.36:10; Jr.37:1ss). Ele era da idade de
vinte e cinco anos quando começou a reinar, e onze anos reinou em Jerusalém -
de 597 a 586 a.C. (2Cr.36:11); fez o que era mau aos olhos do Senhor, seu Deus
(Jr.52:2); não se humilhou perante o profeta Jeremias, que falava da parte do
Senhor (2Cr.36:12; Jr.38:14-28). Também se
rebelou contra o rei Nabucodonosor, que o tinha obrigado a jurar fidelidade em
nome de Deus; mas endureceu a sua cerviz e tanto se obstinou no seu coração,
que se não converteu ao SENHOR, Deus de Israel (2Cr.36:13).
Apesar das insistentes advertências e
conselhos de Jeremias, o rei Zedequias e seus oficiais não quiseram ouvir as palavras
do profeta; só queriam as bênçãos que poderiam ser concedidas pelas orações do
profeta (Jr.37:2,3; 38:14-28); queriam uma religião superficial que não
custasse coisa alguma. Deus não se agrada daqueles que vão a Ele buscando
apenas bênçãos, em vez de procurarem ter um relacionamento de fidelidade e
lealdade com Ele. Nós, seres humanos, não aceitaríamos esse tipo de
relacionamento com outras pessoas; logo, não devemos esperar que Deus aceite
isto de nós. Pense nisso!
2. Surdos
aos avisos dos profetas
Deus preveniu os habitantes de Judá contra
os pecados que praticavam. A nação se arrependia e Deus continuamente lhe
demonstrava o seu favor; porém, ela o abandonava em seguida (2Cr.36:15,16). Assim
narra o cronista:
“também todos os chefes dos sacerdotes e o povo aumentavam mais e mais as
suas transgressões, segundo todas as abominações dos gentios. E contaminaram o
templo que o Senhor tinha santificado em Jerusalém. O Senhor, Deus de seus
pais, sempre de novo falou-lhes por meio dos seus mensageiros, porque teve
compaixão do seu povo e da sua própria morada. Mas eles zombaram dos
mensageiros de Deus, desprezaram as palavras dele e debocharam dos seus
profetas, até que a ira do Senhor veio sobre o seu povo, e não houve mais
remédio” (2Cr.36:14-16).
Por fim, a situação se mostraria
irremediável. Deus resolveu levar a nação ao cativeiro, mas enviou o profeta
Jeremias para advertir o povo e o rei Zedequias que saíssem da cidade e se
rendessem aos babilônios. Assim exortou Jeremias:
“Assim diz o Senhor: Quem ficar nesta cidade morrerá à espada, de fome e
de peste; mas aquele que sair e se render aos caldeus viverá; porque a vida lhe
será por despojo, e viverá. Assim diz o Senhor: Esta cidade infalivelmente será
entregue nas mãos do exército do rei da Babilônia, e este a tomará” (Jr.38:2,3).
Mas, o povo e nem o rei não quiseram
ouvi-lo, e ainda colocaram o profeta numa cisterna de lama:
“Então as autoridades disseram ao rei: Este homem tem de ser morto,
porque, dizendo essas palavras, desfalece as mãos dos homens de guerra que
restam nesta cidade e as mãos de todo o povo. Este homem não procura o
bem-estar do povo, e sim o mal. O rei Zedequias respondeu: Eis que ele está nas
mãos de vocês, pois o rei nada pode fazer contra vocês. Então eles pegaram
Jeremias e o lançaram na cisterna de Malquias, filho do rei, que ficava no
pátio da guarda. Desceram Jeremias com cordas. Na cisterna não havia água,
apenas lama; e Jeremias se atolou na lama” (Jr.38:4-6).
O resultado dessa obstinação do povo e
do rei foi a destruição da cidade de Jerusalém, do Templo e o exilio (Jr.39:1).
Está escrito em 2Cronicas 36:17-21:
“Por isso, o Senhor trouxe contra eles o rei dos caldeus, que matou os
seus jovens à espada, na casa do santuário deles. Não teve piedade nem dos
jovens nem das moças, nem dos adultos nem dos velhos; entregou todos nas mãos
do rei dos caldeus. Todos os utensílios da Casa de Deus, grandes e pequenos, os
tesouros da Casa do Senhor e os tesouros do rei e dos seus príncipes, tudo ele
levou para a Babilônia. Os caldeus queimaram a Casa de Deus e derrubaram a muralha
de Jerusalém. Queimaram todos os seus palácios, destruindo também todos os seus
objetos de valor. Os que escaparam da espada, a esses ele levou para a
Babilônia, onde se tornaram escravos dele e de seus filhos, até o tempo do
reino da Pérsia. Isto aconteceu para que se cumprisse a palavra do Senhor, por
boca de Jeremias, até que a terra desfrutasse dos seus sábados. Durante todos
os dias da sua desolação a terra repousou, até que os setenta anos se
cumpriram”.
Tomemos cuidado para não abrigar o
pecado em nosso coração; pode chegar o dia em que não haja como aplicar o
remédio, e o castigo de Deus venha substituir a sua misericórdia. O pecado
muitas vezes repetido por alguém que nunca se arrepende é convite ao desastre.
Pense nisso!
III. JERUSALÉM É CERCADA E LEVADA CATIVA
1. A
destruição da Cidade Santa e do Templo
Embora o profeta Jeremias tenha
advertido insistentemente o povo e o rei de que a cidade de Jerusalém e o
Templo seriam destruídos, por causa dos pecados intermináveis da nação, eles
rejeitaram a mensagem do Senhor. Porém, as profecias de Jeremias se cumpriam
literalmente: Jerusalém e o Templo foram destruídos, o rei e os seus filhos
foram mortos de forma cruel e impiedosa, e a maior parte do povo foi levada ao
cativeiro babilônico. O Templo Sagrado, erigido há 380 anos, foi saqueado,
destruído e queimado; a glória de Israel se foi. Diz assim o texto sagrado:
“E, no quinto mês, no décimo dia do mês (este era o décimo nono ano do
rei Nabucodonosor, rei da Babilônia), veio Nebuzaradã, capitão da guarda, que
assistia na presença do rei da Babilônia, a Jerusalém. E queimou a Casa do
Senhor, e a casa do rei, e também a todas as casas de Jerusalém, e incendiou
todas as casas dos grandes. E todo o exército dos caldeus que estavam com o
capitão da guarda derribou todos os muros que rodeavam Jerusalém”
(Jr.52:12-14).
Os israelitas confiavam no Templo do
Senhor como base de sua fé, negando as boas obras, e logicamente pregando uma
coisa e vivendo outra bem diferente; cometiam todo tipo de pecado durante a semana
(Jr.7:5-9), depois, no sábado, vinham ao Templo, apresentava-se a Deus, e deste
modo enganavam-se, crendo que estavam seguros mediante o amor que Deus lhes
tinha. Acreditavam que o Senhor jamais permitiria que o Templo e a cidade de
Jerusalém fossem destruídos. Ledo engano!
O profeta Jeremias estava muito triste
ao ver o povo confiar na própria religião, a saber, o judaísmo, como base de
proteção, mesmo sendo infiéis, idólatras, adúlteros e assassinos. O profeta assim
os advertia: “Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor,
templo do Senhor, templo do Senhor é este“ (Jr.7:4).
Sob muitos aspectos, para os israelitas,
o Templo e a cidade de Jerusalém tinham o mesmo significado: simbolizava a
presença e a proteção do Senhor Deus entre o seu povo (cf. Êx.25:8; 29:43-46).
Quando ele foi dedicado, Deus desceu do céu e o encheu da sua glória (2Cr.7:1,2;
cf. Êx.40:34-38), e prometeu que poria o seu Nome ali (2Cr.6:20,33). Por isso,
quando o povo de Deus queria orar ao Senhor, podia fazê-lo voltado em direção
ao Templo (2Cr.6:24,26,29,32), e Deus o ouviria “desde o seu templo” (Sl.18:6).
Porém, o Templo simbolizava a presença
de Deus somente enquanto o povo rejeitasse todos os demais deuses e obedecesse
à lei de Deus. Miquéias, por exemplo, verberava contra os líderes do povo de
Deus, por sua violência e materialismo, os quais ao mesmo tempo, sentiam-se
seguros de que nenhum mal lhes sobreviria enquanto possuíssem o símbolo da
presença de Deus entre eles: o Templo (Mq.3:9-12); profetizou que Deus os
castigaria com a destruição de Jerusalém e do seu Templo.
Posteriormente, Jeremias repreendeu os
idólatras de Judá, porque se consolavam mediante a constante repetição das
palavras: “Templo do Senhor, Templo do Senhor, Templo do Senhor é este” (Jr.7:2-4,8-12).
Por causa de sua conduta ímpia, Deus destruiria o símbolo da sua presença: o
Templo (Jr.7:14,15). Deus até mesmo disse a Jeremias que não adiantava ele orar
por Judá, porque Ele não o atenderia (Jr.7:16). A única esperança deles era
endireitar os seus caminhos (Jr.7:5-7).
O próprio Jesus, assim como os profetas
do Antigo Testamento, censurou o uso indevido do Templo. Seu primeiro grande
ato público (João 2:13-17) e o seu último (Mt.21:12,13) foram expulsar do
Templo aqueles que estavam pervertendo o seu verdadeiro propósito espiritual
(ver Lc.19:45). Ele passou a predizer o dia em que o Templo seria completamente
destruído (Mt.24:1,2; Mc.13:1,2; Lc.21:5,6).
Existem alguns paralelos entre a maneira
como os judeus viam o Templo em Jerusalém e como muitos hoje veem suas igrejas:
-Os judeus
não cultuavam a presença de Deus em sua vida cotidiana como faziam no Templo. Hoje, é possível frequentar belas e bem equipadas igrejas, mas não levar
a presença de Deus conosco durante a semana.
-O
edifício do Templo se tornou mais importante para os judeus do que a essência
da fé. Hoje, ir à igreja e pertencer a um
grupo pode tornar-se mais importante do que ter uma vida transformada para
Deus.
-Os judeus
viam apenas o Templo como santuário. Hoje,
muitos cristãos não se veem como Templo do Espírito Santo e usam a filiação
religiosa como um esconderijo, pensando que esta os protegerá dos males e dos
problemas.
Portanto, o compromisso de Deus não é
com símbolos, monumentos ou com ícones, mas com todos os que guardam a sua
Palavra e obedecem aos seus mandamentos. O lugar onde adoramos não é tão
importante para Deus quanto a nossa adoração a Ele. O edifício de uma Igreja
pode ser bonito, mas se as pessoas que se reúnem ali não seguirem sinceramente
a Deus, a Igreja será decadente. Apesar da beleza do Templo de Jerusalém, o
povo de Judá tinha rejeitado em sua vida diária aquilo que afirmava em seus
rituais de adoração; deste modo, o culto havia se tornado uma farsa.
2. A
matança, o cativeiro, a peste e a pobreza
Jeremias exerceu o seu ministério até o
fim; cumpriu à risca tudo o que Deus lhe mandou que fizesse. Sua profecia
cumpriu-se literalmente: Jerusalém foi devastada, o Templo destruído e quase a
totalidade do povo, que não tinha sido morto pela fome e a espada, foi levado
cativo para a Babilônia.
A situação catastrófica presenciada pelo
profeta causou-lhe tremendas dores, expressa através dos cinco poemas que
compõem o livro das Lamentações de Jeremias. No capítulo 3, Jeremias
identifica-se como um indivíduo que experimentou em sua própria vida todo o
sofrimento que a nação tinha experimentado - “Eu sou homem que viu a aflição
pela vara do seu furor” (Lm.3:1).
O profeta descreve, com riqueza de
detalhes, as deploráveis cenas que presenciou. Jerusalém permaneceu sitiada por
dois anos. A vida tornou-se tão difícil que alguns comeram os próprios filhos.
Os corpos mortos eram deixados nas ruas, e ali apodreciam. As crianças morriam
de sede e fome; ninguém poderia saciá-las. Não havia mais esperança. Até os
sacerdotes perderam as esperanças. Veja apenas uma parte do que Jeremias presenciou:
“A língua do bebê que mama fica pegada, pela sede, ao céu da boca; as
crianças pedem pão, mas não há quem as alimente. Os que se alimentavam de
comidas finas desfalecem nas ruas; os que se criaram entre escarlate agora
vivem entre montes de lixo. Porque a maldade da filha do meu povo é maior do
que o pecado de Sodoma, que foi destruída num momento, sem intervenção humana.
Os seus príncipes eram mais alvos do que a neve, mais brancos do que o leite;
eram mais ruivos de corpo do que os corais e tinham a formosura da safira. Mas
agora o aspecto deles é mais escuro do que a fuligem; não são reconhecidos nas
ruas. A sua pele grudou nos ossos, secou-se como a madeira. Mais felizes foram
as vítimas da espada do que as vítimas da fome; porque estas se definham
atingidas mortalmente pela falta do produto dos campos. As mãos das mulheres
que antes eram compassivas cozinharam os seus próprios filhos; estes lhes
serviram de alimento quando a filha do meu povo foi destruída” (Lm.4:4-10).
Tudo isto aconteceu por causa do pecado
que superou até mesmo os pecados de Sodoma. Sodoma, destruída pelo fogo e enxofre
que caíram do céu, por causa da perversidade dos habitantes da cidade (Gn.18:20-19:29),
tornou-se um símbolo do juízo de Deus. Contudo, o pecado de Jerusalém foi maior
do que o pecado de Sodoma (Lm.4:6).
3. A
esperança profetizada
Deus permitiu que o povo de Judá fosse
levado ao cativeiro, mas deu-lhe uma esperança de que eles voltariam a ocupar
novamente a terra prometida. O profeta Jeremias narrou o quanto Deus é
misericordioso e o tamanho da sua fidelidade (Lm.3:21-23). Diz assim o texto sagrado:
“Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do
Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não
têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade”.
Jeremias quis que o seu povo soubesse
que nem tudo estava perdido. Apesar da situação ser desastrosa, eles não
deveriam perder a esperança. Razões: (a) A ira do Senhor é de curta duração,
mas a sua misericórdia não tem fim (Lm.3:22). Deus não rejeitou Judá como o
povo do Seu concerto, e Ele ainda tinha um propósito para ele; (b) O Senhor é
bom e misericordioso com aqueles que nEle esperam com humildade e
arrependimento (Lm.3:24-27).
Quando Ciro assumiu o poder do grande
império Medo-Persa, tratou com respeito todos os seus súditos leais, inclusive
os judeus. Em 538 a.C., ele fez uma grande proclamação, registrada no final de
2Crônicas:
“Assim diz Ciro, rei da Pérsia: o Senhor, Deus dos céus, me deu
todos os reinos da terra e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém,
que está em Judá; quem entre vós é de todo o seu povo, que suba, e o senhor,
seu Deus, seja com ele” (2Cr.36:23; Ed.1:2,3a).
Cumpriu-se, desse modo, a predição feita
pelo profeta Isaías há, aproximadamente, 160 anos antes acerca de Ciro, o “ungido”
do Senhor (Is.44:28). Depois de setenta anos de cativeiro, o povo foi
autorizado a retornar para sua terra prometida. O salmo 126 é um cântico de
louvor a Deus porque fez retirar do cativeiro o seu povo.
Entretanto, a maioria dos judeus da
dispersão preferiu permanecer em suas casas, especialmente os que moravam em
Babilônia; mas, aqueles que tinham seus olhos voltados para o propósito eterno
de Deus, viram no cativeiro um instrumento de correção. E o retorno à pátria
era o sinal de que ainda tinham um papel redentor a desempenhar.
No cativeiro, os princípios e crenças do
povo de Judá se consolidaram. O próprio fato de terem sido destituídos do
Templo, do altar e dos sacrifícios gerou neles uma retomada aos princípios
fundamentais da fé judaica. Por este motivo foram formadas no exílio escolas de
teologia judaica (precursoras das sinagogas – lugar de reunião e adoração – Mt.4:23)
e, portanto, quando enfim chegou o dia da restauração, não eram fracas as suas
convicções, nem desordenado o seu sistema doutrinário, e possuíam uma austera
crença monoteísta e um credo religioso distinto, não podendo efetuar domínio na
sua mente as fascinações da idolatria.
O cativeiro revelou um remanescente
fiel, preservado de modo sobrenatural por Deus, para que retornassem a
Jerusalém. Esse remanescente fiel não foi absorvido no meio da terra do seu
cativeiro, como havia sucedido a outros povos conquistados.
Certamente o tempo do exílio foi um
período de grande atividade literária entre os judeus no sentido de coligir,
preservar e editar antigos escritos. Por conseguinte, podemos atribuir ao povo
judeu a preparação do caminho para a vinda do Cristianismo, uma vez que
forneceu, por meio desta preservação literária, ao povo da Nova Aliança – a
Igreja de Cristo -, sua mensagem, a saber, o Antigo Testamento.
Deus, às vezes, permite aflições sobre
crentes rebeldes, para realizar uma obra benéfica e purificadora na vida deles.
Crentes em tais situações devem confessar seus pecados, se humilhar e confiar
no Senhor quanto ao seu perdão e restauração, pois “as misericórdias do Senhor
não têm fim”. Assim como Jeremias mudou sua desolação para um estado de
esperança, também o cristão deve desenvolver uma atitude de fé diante de suas
dificuldades e enfrentamentos. O maior motivo da nossa esperança é a
ressurreição de Cristo - “Cristo em vós, esperança da glória” (Cl.1:27b). A
vinda de Jesus Cristo para levar o seu povo a morar com Ele no Céu, conforme
prometido (João 14:1-3), é a mais sublime esperança do crente.
CONCLUSÃO
A passagem de levítico 26:27-45 é
surpreendente; nela, é predito com detalhes o cativeiro e como o povo de Deus
seria expulso de sua terra por desobedecer-lhe. Um dos mandamentos ignorados
era que, a cada sete anos, a terra cultivada deveria descansar por um ano (cf.
Êx.23:10,11). Os setenta anos de cativeiro permitiram que a terra descansasse,
compensando todos os anos em que os israelitas não observaram essa lei. Sabemos
que Deus cumpre as suas promessas, não apenas as de bençãos, também as de
juízo.
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Luciano de Paula Lourenço –
EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular
(Antigo Testamento).
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Beaccon – volume 2.
Roy
B.Zuck. A Teologia do Antigo Testamento.
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