domingo, 28 de abril de 2019

Aula 05 – A PIA DE BRONZE, LUGAR DE PURIFICAÇÃO - Subsídio


2º Trimestre/2019

Texto Base: Êxodo 30:18-21; 40:30-32; 1Coríntios 6:11; Efésios 5:26,27

“Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (João15:3).

Êxodo 30
18-Farás também uma pia de cobre com a sua base de cobre, para lavar; e a porás entre a tenda da congregação e o altar e deitarás água nela.
19-E Arão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés.
20-Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao Senhor.
21-Lavarão, pois, as mãos e os pés, para que não morram; e isto lhes será por estatuto perpétuo, a ele e à sua semente nas suas gerações.
Êxodo 40
30-Pôs também a pia entre a tenda da congregação e o altar e derramou água nela, para lavar.
31-E Moisés, e Arão, e seus filhos, lavaram nela as mãos e os pés.
32-Quando entravam na tenda da congregação e quando chegavam ao altar, lavaram-se, como o Senhor ordenara a Moisés.
1Coríntios 6
11-E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus.
Efésios 5
26-para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, 27 - para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade à nossa jornada no interior do Tabernáculo pararemos hoje na Pia de Bronze, o local da purificação.
Na Aula passada estivemos no Altar do Holocausto, o lugar de sacrifício, o lugar onde os pecados eram confessados e purificados pelo sangue dos animais que ali eram sacrificados no lugar do pecador; isto apontava para a cruz de Cristo, o Cordeiro imaculado, que uma vez para sempre foi sacrificado em nosso lugar.
Após passar pelo Altar do sacrifício chegamos na Pia de bronze. Este local era de uso exclusivo dos sacerdotes, um simbolismo que trata da necessidade de purificação para servir a Deus (Is.52:11). Os sacerdotes se lavavam por inteiro uma única vez antes de ministrarem (Lv.8:6); depois disso, precisavam lavar constantemente as mãos e os pés; ou seja, um único banho e depois muitas purificações.
Hoje, todos os cristãos são sacerdotes (1Pd.2:5,9). Recebemos um único banho de regeneração (João 3:5; 13:10; Tt.3:5), porém, precisamos lavar constantemente as mãos - para servir - e os pés - para viver piedosamente (João 13:10). Esse ato de lavar é realizado com a água da Palavra de Deus (Sl.119:9-11; João 15:3; Ef.5:26).
“... Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra” (Ef.5:26).

I. A PIA DE BRONZE: A IMPORTÂNCIA DA SANTIDADE

Entre o Altar do Holocausto e a Tenda estava a Pia de bronze. Ela servia para acúmulo de água para a lavagem cerimonial dos sacerdotes que ministravam no Altar de bronze e na Tenda da Congregação (Ex.30:19,20). Lá, os sacerdotes tinham de lavar as mãos e os pés antes de exercer o seu ministério sacerdotal, quer seja no Altar dos sacrifícios quer seja na Tenda da congregação.
1. A Pia de bronze e a Água (Êx.30:18,19).
Deus ordenou a Moisés que fizesse uma Pia de bronze e colocasse entre o Altar do Holocausto e a Tenda da congregação.
“Farás também uma pia de bronze com a sua base de cobre, para lavar; e a porás entre a tenda da congregação e o altar e deitarás água nela. E Arão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés”.
O objetivo era que antes de entrar na Tenda da congregação (Êx.30:20), ou quando se chegassem ao Altar de Bronze (Êx.30:20) para ministrar, para acender a oferta queimada ao Senhor, os sacerdotes lavassem as mãos e os pés. Se assim não fosse feito, eles seriam mortos.
“Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao SENHOR” (Ex.30:20).
A Bíblia não diz que forma e que tamanho tinha a Pia. Naturalmente, quando em viagem pelo deserto, ela teria de ser de um tamanho que pudesse ser transportado de um lugar para outro com facilidade; porém, sua capacidade deveria ser tal que contivesse água o bastante para seu devido uso.
Mais tarde, quando o rei Salomão construiu o Templo, a Pia não era mais removível, era fixa e muito grande. A Pia era tão grande que era chamada de mar (cf. 1Rs.7:23). Seu diâmetro era de dez côvados - aproximadamente cinco metros, e cinco côvados de profundidade - aproximadamente 2 metros e meio; sua circunferência era de trinta côvados - aproximadamente 15 metros. Ela era sustentada por doze touros de bronze, e sua capacidade era de dois mil batos (1Rs.7:26); 01(um) bato equivalia, aproximadamente, 21,5 litros de água.
Isto equivale a dizer que a Pia, à época de Salomão, equivalia, aproximadamente, a 43.000 (quarenta e três mil) litros de água. De fato, era uma grande Pia. Sua mensagem ao adorador seria: “Há limpeza bastante para teus maiores fracassos e pecados”. Ela diria ainda mais: “Deus pode manter-te limpo”.
A Pia era lembrança constante da santidade que Deus exigia dos israelitas e ressaltava que a limpeza está de mãos dadas com a piedade. A água que estava na Pia era o meio de purificação da carne e tipo do Espírito Santo que limpa a alma.

2. Os sacerdotes e a santidade (Êx.30:20).

Os sacerdotes para aproximar-se de Deus e preparar-se para ministrar as coisas sagradas era necessário se purificar na Pia de bronze. Ali, os sacerdotes se lavavam antes de oficiar as coisas sagradas.
Apresentar-se diante de Deus sem atentar para a exigência da purificação podia custar aos sacerdotes a vida – “para que não morram” (Êx.30:20). Isto demonstra que é necessário purificar-se para servir a Deus, pois “sem santificação, ninguém verá o Senhor” (Hb.12:14).
Essa lavagem era mais do que o simples lavar de mãos e pés: significava “regeneração”, que implicava no primeiro passo para a consagração sacerdotal.
Na Nova Aliança é inaceitável que um obreiro na Casa do Senhor queira ministrar sem que antes tenha sido regenerado.
Quão triste é quando um ministro de valor, que é usado por Deus, por causa de grandes expectativas e pressões esquece a exigência de Deus de que ele "mantenha suas mãos e pés limpos".
As consequências são: uma vida e um ministério arruinados, o nome do Senhor levado a desrespeito, e aquele mensageiro outrora flamejante é abatido e esmagado.
O cristão precisa ser limpo “com a lavagem da água, pela Palavra” (Ef.5:26) e pela “regeneração”, e “renovação do Espírito Santo” (Tito 3:5).
Peçamos ajuda a Deus para passar bastante tempo junto à Pia da Palavra de Deus para termos certeza, em primeiro lugar, se nossas mãos – que são os nossos atos de adoração - e nossos pés – que significa o nosso andar perante Deus - estão puros à sua vista.

3. A santidade para a vida toda (Êx.30:21).

O pacto de lavagem da purificação por parte dos sacerdotes era perenal, para a vida toda. Disso dependeria a vida deles.
“...isto lhes será por estatuto perpétuo...”.
O povo de Deus da Nova Aliança deve parar diariamente junto à “Pia” para manter-se limpo. Jesus ilustrou a exigência de contínua limpeza, quando lavou os pés de seus discípulos. Pedro levantou um problema quando Jesus preparava-se para lavar os pés de seus discípulos. Esta passagem nos é contada em João 13:6-10:
"Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu Jesus e disse-lhe: O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não o necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo...".
"... se eu não te lavar, não tens parte comigo". Ainda hoje estas palavras de Jesus ecoam em nossa mente. Enquanto andarmos na luz, há constante purificação. A Palavra de Deus coloca a questão deste modo:
"Quem subirá ao monte do Senhor ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração... Este receberá a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação" (Sl.24:3-5).
"Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1João 1:7).
“Embora nossos pecados tenham sido expiados (Hb.10:17), ainda temos de nos chegar a Deus, continuamente, para sermos limpos de tudo o que desagrada-o: pensamentos, palavras e ações. Infelizmente, acidentes ocorrem no caminho da jornada cristã, e precisamos nos quebrantar na presença de Deus. Busquemos a santidade em Jesus Cristo”.

II. A PIA DE BRONZE: LUGAR DE LIMPEZA E PUREZA

A Pia não era apenas um objeto que atraía a atenção e na qual as pessoas se maravilhavam. Era, sim, um lugar de limpeza e purificação daqueles que ministravam no Tabernáculo do Senhor.
Assim como o sacerdote devia ir à Pia com água natural para purificar-se, devemos ir à Pia da Palavra de Deus diariamente para purificação de nossa mente e coração. Ali vemos como Deus nos vê, e com a aplicação prática de conformar nossas vidas de acordo com ela, para que não sejamos rejeitados após haver pregado para outros.
Tiago, sob a inspiração do Espírito Santo, usa essa mesma analogia:
"E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de como era" (Tiago 1:22-25).
Paulo, também, fala da regeneração quando escreve a Tito:  "... nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo" (Tito 3:5).
Paulo, também, fala da santificação quando escreve aos efésios: "Para a santificar [a Igreja], purificando-a com a lavagem da água, pela palavra" (Ef.5:26).
Jesus assim orou ao Pai: “Santificai-vos na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17).

1. A procedência do material para construção da Pia.

Em Êxodo 38:8, lemos que a Pia foi feita dos espelhos das mulheres. Elas haviam dado os seus espelhos para a confecção da Pia de bronze.
Naquele tempo não existia vidro, os espelhos eram feitos de bronze. As mulheres deram os seus espelhos a Deus e Ele ordenou que os derretessem, fazendo desse material um objeto precioso para o Tabernáculo do Senhor: a Pia de bronze.
“Fez também a pia de cobre com a sua base de cobre, dos espelhos das mulheres que se ajuntavam, ajuntando-se à porta da tenda da congregação”.
Aqueles espelhos de bronze necessitavam de polimento cuidadoso e rotineiro para que refletissem uma imagem verdadeira.
A Palavra de Deus, que é o nosso espelho dentro de nós, necessita ser polida pela sua leitura contínua e a constante comunhão com Jesus. Nesta Pia, segredos ocultos são trazidos à luz, mesmo as coisas que tememos ver.
Com água limpíssima e exposta à luz do sol, toda e qualquer sujeira era revelada no interior daquela Pia de bronze. A Palavra de Deus é o espelho que mostra quem somos e as obras que praticamos para que nos purifiquemos com a ajuda do Espírito Santo. A obra regeneradora do Espírito Santo torna-nos limpos.
“Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2Co.3:18).
Ninguém entra na presença de Deus, no seu santuário, com as marcas das sujeiras do pecado. O rei Davi pensou que seu pecado com Bate-Seba estava bem escondido e até já se justificara por tê-lo feito. Natã, o profeta, contou-lhe uma história simbólica na qual um homem rico tomou uma cordeirinha de um pobre, abatendo-a para um banquete. Davi, queimando de raiva contra o homem, disse a Natã: "... Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso. E pela cordeira tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa e porque não se compadeceu" (2Sm.12:5,6). E Natã revelou quem era o homem impiedoso: "Tu és este homem" (2Sm.12:7). Naquele momento, Davi viu, nitidamente, a sua própria imagem no espelho: a imagem do seu vil pecado.
Só a Palavra de Deus é eficaz para revelar o pecado do nosso coração, expô-lo e removê-lo.
A imagem dessa Pia nos rememora à santidade de Deus e a necessidade de se buscar uma vida de retidão, tanto na área espiritual quanto na moral. Somos de Deus, ovelhas de seu rebanho.

2. Limpeza e pureza: um ritual pedagógico.

A lavagem das mãos e pés dos sacerdotes era mais um ritual pedagógico de Deus para ensinar e preparar o Seu povo a compreender a realidade maior que se revelaria na manifestação histórica de Cristo.
Simbolicamente, a Pia apontava para a necessidade de se lavar para desfrutar da verdadeira comunhão com Deus. A ideia é que o homem não tem qualificações necessárias para comparecer diante do Senhor.
A mensagem é clara para todos: não pode haver verdadeira comunhão com Deus se a santidade pessoal não for diligentemente mantida. Como bem diz o Pr. Elienai Cabral: “Não podemos perder o senso de piedade e reverência diante de Deus. Por isso, nossos cultos, bem como nossas vidas, devem refletir a santidade de Deus”.
“mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd.1:15,16).

3. A Pia não era para todos, apenas para os consagrados.

“E Arão e seus filhos nela lavarão as mãos e os pés” (Êx.30:19).
Isto inclui a nós? Certamente! Está escrito: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pd.2:9). Portanto, para estarmos de pé diante do Senhor, precisamos ter o perdão dos pecados.
§  O perdão está no Altar de Bronze - “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1João 1:9). O nosso pecado foi expiado por Cristo no Calvário, o que significa que toda a nossa sujeira foi limpa para a glória de Deus.
§  A purificação ocorre na Pia de Bronze. Se alguém quer que sua vida reflita a Jesus para que Ele possa tornar-lhe a vida uma bênção para o Reino de Deus, este alguém precisa da constante e completa purificação. Paulo escreveu aos santos de Corinto: "... mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus" (1Co.6:11).
Fomos "lavados" com o sangue remidor de Jesus.

4. A Água da Pia de bronze (Êx.30:18).

”... e deitarás água nela”.
Qual o significado dessa Água?
a) Ilustra Cristo que limpa o pecado. Por Deus ser santo, e tendo em vista que os sacerdotes se contaminavam com frequência, havia uma ordem rigorosa ditando que os sacerdotes se lavassem na Pia de bronze antes de prestar o serviço a Deus. Do contrário, estariam impuros, não aptos para cumprir suas obrigações diante do Senhor, quer seja no Pátio externo quer seja na Tenda da Congregação.
Da mesma forma é hoje em dia com cada ser humano. O apóstolo diz que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm.3:23). Desta feita, necessitam ser lavados para poder se aproximar do Deus Santíssimo.
O autor de Hebreus usa a figura da água para evocar o ministério purificador de Jesus. Ele é aquele que pelo Seu sangue nos lavou dos nossos pecados. Aqueles, pois, que aceitam para si o sacrifício de Cristo estão limpos e estão incluídos no seguinte convite:
"aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura" (Hb.10:22).
b) Representa o poder purificador da Palavra de Deus. O relacionamento entre a “lavagem” e a Palavra de Deus está explícito em Efésios 5:26, o qual diz que Cristo purifica a Igreja “por meio da lavagem de água pela Palavra”. E em João 15:3 Jesus diz: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado”.
Assim vemos que a santidade pessoal só pode proceder da ação da Palavra de Deus (Sl.17.4; João 17:17). Desse modo, as Escrituras Sagradas ocupam papel central na santificação, porque nas suas páginas, "Deus falou na sua santidade" (Sl.60:6). A Bíblia é santa e só ela pode produzir homens e mulheres santos.
 “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti" (Sl.119:11).
Este é um dos versículos que autentica nossa confiança na capacidade das Sagradas Escrituras na santificação de quem as lê.

5. A Pia de bronze tinha um caráter de juízo sobre a vida do crente.

-No Altar de sacrifícios, o juízo era aplicado sobre o pecador com a oferta do sacrifício, dessa forma ele obtinha remissão dos pecados. A redenção do pecador apontava para Cristo, que ocuparia nosso lugar como substituto. Ele assumiu sobre si o juízo que merecíamos e assim o fez pela sua morte vicária (cf. 2Co.5:21; Gl.1:4).
-Na Pia, porém, as águas tinham como finalidade lavar aquele que já passou pelo Altar de sacrifícios, e agora, "as águas", que simbolizam a Palavra de Deus, têm o poder de limpar e disciplinar nossas obras para uma vida cristã santa e purificada.
Mesmo que nossos pecados tenham sido expiados (ver Hb.10:17), tudo quanto fazemos em nosso dia a dia precisa passar pela limpeza para que, quando chegar o juízo para recompensa, sejamos julgados pelas nossas obras.
“Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2Co.5:10).

III. A PIA DE BRONZE E A SUA APLICABILIDADE AO SACERDÓCIO DA NOVA ALIANÇA.

1. Todos somos sacerdotes.

A Pia de bronze para o israelita comum, na Antiga Aliança, não tinha muita importância, visto que não lhe era permitido passar além do Altar. Todavia, para nós, povo de Deus da Nova Aliança, para quem as promessas tipificadas no Tabernáculo já se cumpriram, a história é diferente. Aos que aceitaram o sacrifício de Cristo, Deus não só os lavou de seus pecados como também os fez sacerdotes.
Em Apocalipse 1:5,6, lemos que Jesus ama os Seus e fez deles sacerdotes para Deus, Seu Pai. Agora existe o sacerdócio universal de todos os crentes (1Pd.2:9).
Todo filho de Deus é também um sacerdote e como tal podemos acessar livremente o Santuário de Deus e deleitarmo-nos na comunhão com o nosso Deus.
Mas, para exercermos o sacerdócio e mantermos comunhão ininterrupta com Deus, devemos purificar "mãos e pés" pelo uso da verdadeira "Água", simbolizada pela água contida na Pia de bronze: a Palavra de Deus.
Aquele que recorre continuamente à Palavra de Deus e a deixa falar ao seu coração, e à sua consciência, está sendo purificado e mantido na atividade sacerdotal do Reino de Deus.

2. Exortações a uma vida de purificação.

Se alguém quer que sua vida reflita a Jesus para que Ele possa tornar-lhe uma benção para o Reino de Deus, esse alguém precisa da constante e completa purificação. Ou seja, esse alguém precisa:
§  Viver em constante santidade. Viver a santidade, conforme as Escrituras Sagradas, remonta a ideia de renúncia, mortificação dos desejos da carne e do anelo genuíno pela presença de Deus. Não é vier um estilo de vida criado por doutrinas humanas, mas pelo próprio Cristo.
§  Viver em constante purificação. Na Antiga Aliança, a limpeza diária exigida para ministrar no Tabernáculo era apenas das mãos e dos pés (Êx.30:19). Na Nova Aliança, porém, o “lavar-se” destaca o ato do Espírito Santo que opera em nós a santificação (Ef.5:26; 2Co.7:1). Nesse sentido, a consagração dos “sacerdotes” dar-se nos termos do compromisso de uma vida santificada. Esse compromisso é que deve permear a vida daquele que se acha vocacionado para realizar a obra do Senhor, para servir ao Senhor.

CONCLUSÃO

Não há como estar diante de Deus para ministrar adoração e serviço a Ele com as mãos e pés impuros. Não podemos ter parte na adoração verdadeira a Deus enquanto tentarmos esconder nossas mãos e pés sujos.
O rei Davi falava por experiência própria quando escrevei em Salmos 24:3,4:
“Quem subirá ao monte do Senhor ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puros de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente”.
Jesus disse: “Bem-aventurados os limpos de coração; porque verão a Deus” (Mt.5:8).
O apóstolo João escreve sobre a importância de nos mantermos limpos:
"... mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro" (1João 3:2,3).
Judas nos diz que o Senhor manterá e susterá aqueles que permanecerem puros:
"Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória, ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora, e para todo o sempre.  Amém!"(Jd.24,25).
Até o próximo compromisso, quando enfrentaremos maiores desafios em nossa caminhada dentro do Tabernáculo, rumo à presença gloriosa de Deus.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 78. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário  Bíblico Beacon. CPAD.
Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Elienai Cabral. O Tabernáculo – Símbolos da Obra redentora de Cristo. CPAD.
Alvin Sprecher. Estudo Devocional do Tabernáculo no Deserto. CPAD.
Abraão de Almeida. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.

domingo, 21 de abril de 2019

Aula 04 – O ALTAR DO HOLOCAUSTO – Subsídio


2 Trimestre/2019
Texto Base: Êxodo 27:1,2,6,7
"Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa” (Hb.10:22).
Êxodo 27:1,2,6,7
1-Farás também o altar de madeira de cetim; cinco côvados será o comprimento, e cinco côvados, a largura (será quadrado o altar), e três côvados, a sua altura.
2-E farás as suas pontas nos seus quatro cantos; as suas pontas serão uma só peça com o mesmo, e o cobrirás de cobre.
6-Farás também varais para o altar, varais de madeira de cetim, e os cobrirás de cobre.
7-E os varais se meterão nas argolas, de maneira que os varais estejam de ambos os lados do altar quando for levado.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo sobre o Tabernáculo trataremos nesta Aula do Altar do Holocausto. Ao entrar no Pátio a primeira coisa que se vê é o Altar de holocaustos; é a maior peça do Tabernáculo. Ali, eram oferecidas as ofertas que seriam queimadas.
Quando a oferta para o holocausto era consumida pelo fogo a fumaça exalava um cheiro especial que subia para os ares. O animal sacrificado era totalmente queimado no Altar e a gordura queimada exalava um cheiro que agradava a Deus; era um "cheiro suave, uma oferta queimada ao SENHOR" (Êx.29:18).
Por causa da regularidade e frequência com que aconteciam os sacrifícios de holocaustos, eles eram chamados de "holocausto contínuo" (Êx.29:42). Um animal limpo e sem defeito era oferecido ali em substituição ao pecador.
Do mesmo modo como se tomava o sacrifício e colocava-o sobre o Altar, Jesus também foi levantado, tipologicamente, no altar do Calvário para redimir a nossa alma (ver Lv.1:8,9; João 3:14,15; 12:32,33; Ef.5:2).
No Altar de holocaustos se formou a primeira imagem a respeito da necessidade de redenção dos pecadores. No tempo determinado, Cristo Jesus foi sacrificado no Calvário e o seu sangue derramado para apagar os pecados de toda humanidade. Foi um sacrifício perfeito e irrepetível.

I. O ALTAR DO HOLOCAUSTO

1. O Altar do Holocausto

O primeiro passo para o homem aproximar-se de Deus está simbolizado pelo Altar dos holocaustos, ou seja, a expiação. Sua mensagem é: "sem derramamento de sangue não há remissão" (Hb.9:22). Por conseguinte, sem remissão de pecados não há comunhão com Deus. A remissão perfeita e indelével foi efetuada no Calvário, onde Cristo se sacrificou por nossos pecados.
O Altar do Holocausto, também, era o lugar de completa dedicação a Deus, pois ali se ofereciam os sacrifícios de holocaustos que simbolizavam inteira consagração.
Os sacrifícios Levíticos aproximavam o povo de Israel de Deus. Tudo que diz respeito a aproximar-se de Deus estava implícito no sacrifício. Para o culto divino ser aceito por Deus o pecado tinha que ser coberto por meio de sacrifícios.
Não havia culto nem adoração sem sacrifícios; não havia culto sem altar. Os sacrifícios apontavam para aquilo que Cristo iria realizar, de forma vicária, uma vez para sempre, na Cruz do calvário.
Não há culto sem o significado da cruz; não há culto sem Jesus Cristo, que foi imolado, mas que agora vive e reina para todo o sempre, e tem as chaves da morte e do inferno (Ap.1:18).

2. O significado do Altar do Holocausto

O Altar do holocausto significa um “lugar elevado”, ou “lugar de sacrifícios”. Ali, eram oferecidas as ofertas que seriam queimadas.
O termo “holocausto” é formado por duas palavras gregas: holos = "inteiro" + kaumatizo = "queimar". Então, o significado literal é "sacrifício totalmente queimado".
É no Altar que o pecador, com toda a sua carga de pecado, encontra o perdão, a remissão, a redenção e a reconciliação, mediante um sacrifício substitutivo.

3. O modelo do Altar e seus materiais

O Altar era impressionante em sua construção. Como eu disse, era a primeira e maior peça no Pátio do Tabernáculo; media 2,25 metros quadrados por 1,35 metros de altura.
Era confeccionado de madeira de acácia e coberto com bronze. A madeira de acácia simbolizava a humanidade e a natureza de Cristo, enquanto o bronze com o qual o Altar era revestido simbolizava o julgamento correto do pecado. Isto nos fala de justiça divina, não humana que pode errar e causar dano.
O julgamento de Deus é sempre justo e conclusivo - "porque o salário do pecado é a morte..." (Rm.6:23); "... a alma que pecar, essa morrerá" (Ez.18:4).
Quem poderia ser submetido ao juízo de Deus e ser encontrado inculpável? Somente o santo Filho de Deus, o Justo; e o “Altar” sobre o qual Ele ofereceu o sacrifício foi a cruz, e a “vítima” foi Ele mesmo, livrando-nos do juízo vindouro.
"Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados" (Is.53:4,5).
"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus" (Rm.3:23,24).
O Altar era quadrado. Isto poderia significar os quatro lados da nossa Salvação:
Ø  Perdão. Não importando o quanto o pecado tenha manchado a alma, Isaías 1:18 diz: "Vinde, então, e argui-me, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã".
Ø  Substituição. Os sacrifícios na Antiga Aliança tinham que ser repetidos a cada dia, e somente cobriam os pecados, não os tiravam, eram temporários (Hb.10:1-4). Mas, o sacrifício do Cordeiro de Deus, no Calvário, foi feito uma só vez para sempre e tirou o pecado do mundo, foi permanente.
“mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus” (Hb.10:12).
"mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos" (Is.53:6).
“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus...” (1Pd.3:18).
Ø  Reconciliação. Na cruz, Cristo pagou o preço pago para nos reconciliar com Deus. A cruz é a ponte por onde devemos passar para chegarmos a Deus.
 “E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co.5:18,19).
Ø  Redenção. Cristo nos libertou da escravidão do pecado - "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres" (João 8:36). Jesus pagou o preço da nossa salvação e, por isso, nos comprou a liberdade. Por isso, o apóstolo Pedro nos lembra que não fomos comprados com ouro, mas com o precioso sangue de Jesus (1Pd.1:18,19). Como fomos comprados por Cristo, libertamo-nos do jugo do pecado e, por isso, não mais estamos sob condenação, alcançamos a justificação.
 “nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (Hb.9:12).

4. Os utensílios do Altar de holocaustos

O Altar possuía alguns utensílios que merecem uma análise. Senão vejamos.
a) O fogo. O fogo que ardia sobre o Altar foi aceso pelo próprio Deus (Lv.9:24). Jamais podia se apagar – “O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará" (Lv.6:13). O fogo é utilizado para representar dois aspectos do caráter e ministério de Deus: purificação e julgamento (1Co.3:11-15; 2Ts.1:7,8).
"E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo" (1Co.3:12-15).
b) Os varais e as argolas. Davam um aspecto móvel ao altar, revelando que Deus estaria com o povo durante sua peregrinação, mostrando que Deus sempre fez questão e manifestou Seu desejo de andar com Seu povo. Podemos aplicar esta realidade a nós, pois Deus tem interesse em relacionar-se e estar sempre conosco (Mt.28:20; Hb.13:5) – “Não te deixarei, nem te desampararei” (Hb.13:5).
c) Cinzeiros, pás, bacias, garfos e braseiros. Alguns desses utensílios eram utilizados para remoção das cinzas do altar, que era o que restava do sacrifício queimado, indicando que o sacrifício havia sido concluído. Como tipo de Cristo, os utensílios e as cinzas podem ser compreendidos como humilhação de Jesus Cristo (Fp.2:5-11) e como consumação da Sua Obra redentora na cruz (João 19:30).

5. A transitoriedade do Altar do holocausto

No Pátio do Tabernáculo não havia bancos para sentar ou descansar. Era necessário que continuamente se apresentassem novos sacrifícios, pois os seus resultados nunca podiam tirar definitivamente a culpa (Hb.10:11). Quando uma pessoa pecava de novo, ela devia oferecer um novo sacrifício, em antecipação ao verdadeiro Cordeiro sacrificial, que um dia seria morto na cruz. Ele se ofereceu a Si mesmo, de forma irrepetível, para nos conceder perdão, redenção, reconciliação e eterna salvação.
ANTES
AGORA
Sacrifícios de animais.
O Cordeiro de Deus, Jesus Cristo.
Muitos sacrifícios.
Único sacrifício.
Muitas ofertas recebidas.
Uma só oferta.
Repetível.
Está consumado para sempre.
Apenas cobria o pecado por um tempo.
Remissão completa.
O perdão era temporário.
Perdão total, de uma vez por todas.

II. AS QUATRO PONTAS (CHIFRES) DO ALTAR E O SENTIDO DE REDENÇÃO

O Altar do Holocausto tinha uma base alta e apresentava quatro cantos com quatro pontas em forma de chifres. Deus ordenou a Moisés:
"E farás as suas pontas nos seus quatro cantos; as suas pontas serão uma só peça com o mesmo, e o cobrirás de cobre" (Êx.27:2).
Os quatro chifres ajudavam o sacerdote na ministração da cerimônia, pois o animal ficava amarrado em um desses chifres para, em seguida, ser sacrificado (Salmo 118:27).
Tão logo o pecador passasse pela porta principal do Pátio, ele andava alguns metros e chegava ao Altar de holocaustos. Ali, o pecador apresentava ao sacerdote a sua oferta de sacrifício ao Senhor. O sangue do animal sacrificado pelo pecado era aspergido sobre esses chifres (Êx.29:12).
 “Depois, tomarás do sangue do novilho, e o porás com o teu dedo sobre as pontas do altar, e todo o sangue restante derramarás à base do altar”.
Os quatro chifres enfatizam o poder do sangue. Os chifres significavam poder para livrar a pessoa da servidão do pecado, bem como protegê-la por causa da aplicação do sangue (ver Lv.4:1-7). Aqui está a necessidade do pecador e o amor do Salvador em libertar e perdoar.
Os quatro chifres, apontando para as quatro direções, informavam que a salvação alcançaria os confins da terra.
"Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro" (Is.45:22).
Os chifres deveriam ser cobertos de sangue por ocasião da consagração dos sacerdotes (Êx.29:1; Lv.8:14,15; 9:9), como também no dia da expiação (Lv.16:18).
Os quatro chifres - chances de misericórdia. Se alguma pessoa era perseguida, podia apegar-se aos chifres do Altar a fim de obter misericórdia e proteção.
-Adonias temeu por sua vida após sua conspiração para usurpar o trono de Salomão e procurou refúgio na Casa do Senhor agarrando-se aos chifres do Altar (1Rs.1:50-53).
-Joabe, o homem de guerra, também foi ao Altar segurar-lhe nos chifres, quando temeu as consequências de seus feitos (cf.1Rs.2:28).
Nenhum dos dois encontrou a ajuda que queria, porque na realidade buscaram misericórdia do homem, não de Deus. Nenhum dos dois trouxe a oferta de expiação pelo pecado prescrita por Deus.
“Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!” (Jr.17:5)
O que mais o Altar de quatro chifres representa? Representa o lugar da aceitação do nosso sacrifício, que se tornou possível pelas seguintes condições:

1. Pela Propiciação

Propiciação é a ação com que se busca agradar a Deus para obter o seu perdão, seu favor ou boa vontade.
Devido ao seu caráter santo, Deus não pode deixar impune o mal, nem tampouco fingir que o mal não existe, ou que não tem importância.
No Antigo Testamento isto era resolvido com a morte de animais, para quem a ira de Deus era desviada (Lv.4:20; 19:22).
No Novo Testamento Deus satisfaz a Sua justa ira contra o pecado ao desviá-la do pecador e concentrá-la em Jesus Cristo (Hb.2:17; 1João 2:2). Com sua morte, Jesus Cristo se torna propício (favorável) ao pecador (não ao pecado), e como Sumo Sacerdote apresenta a Deus o seu próprio corpo em sacrifício como propiciação pelos pecados do ser humano convertido.
E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1João 2:2,10).
Agradeçamos a Deus por prover a nossa salvação. Agradeçamos a Deus pela Sua Obra maravilhosa de substituição, remissão e propiciação.

2. Pela Substituição

Sem trazer uma oferta pelo pecado para oferecer sobre este Altar não se alcançava aceitação de Deus. Só era possível entrar levando uma oferta: um animal perfeito e vivo.
No Pátio, o pecador chegava com sua oferta que seria oferecida pelo sacerdote, em seu lugar, no Altar. O pecador colocava a mão na cabeça do animal (Lv.1:4) e confessava seu pecado. Desta forma, o pecador transferia toda a sua culpa para o animal inocente e recebia para si o valor da sua morte.
Foi exatamente assim que Jesus levou sobre si a nossa culpa, oferecendo-se na cruz em nosso lugar (Is.53:4-6; João 1:29; 1Pd.2:24). Na pessoa de Jesus Cristo, a nossa pena foi cumprida plenamente (1Co.5:7).
Hoje, o pecador tem o privilégio de demonstrar fé na vítima da cruz, Cristo, tendo-o como o seu substituto perante Deus. Cristo morreu por todos os que têm posto suas mãos sobre Ele, o Cordeiro de Deus. Assim, pela fé em Jesus somos salvos, e regenerados (João 1:12,13,29; Hb.9:22).

3. Pela Reconciliação

É no Altar do holocausto que o homem, primeiramente, encontrava-se com Deus. Nele, o pecador, com toda a sua carga de pecado, encontrava o perdão mediante um sacrifício substitutivo. Assim, ele encontrava a reconciliação com o Deus santo.
Deus quis reconciliar-se definitivamente com o homem. Deveria ter partido de nós, a parte ofensora, mas partiu de Deus, a parte ofendida - “E tudo isso provém de Deus...”(2Co.5:18). É a parte ofendida que toma a iniciativa da reconciliação. Deus restaurou o relacionamento entre si mesmo e nós.
O Evangelho não é o homem buscando a Deus, mas Deus buscando o homem. Foi o homem quem caiu, afastou-se e rebelou-se. Mas é Deus quem o busca. É Deus quem corre para abraçar - “Com amor eterno eu te amei e com benignidade eu te atraí”(Jr.31:3).
A cruz de Cristo foi o preço que Deus pagou para nos reconciliar consigo. A cruz de Cristo é a ponte entre a Terra e o Céu. Nenhuma pessoa pode chegar até Deus a não ser por meio dessa ponte. Deus nos amou e nos deu seu Filho (João 3:16). Deus nos amou e Cristo sofreu em nosso lugar. Deus nos amou e Cristo morreu por nós.
Na verdade, não foi a cruz de Cristo que gerou o amor de Deus; foi o amor de Deus que gerou a cruz (Rm.5:8;8:32). A cruz é o maior arauto do amor de Deus por nós. A cruz é a prova cabal de que Deus está de braços abertos para nos receber de volta ao lar.
A nossa reconciliação com Deus, portanto, custou-lhe um preço infinito: a morte do seu próprio Filho. Ele nos comprou não com coisas corruptíveis como prata e ouro, mas com o sangue do seu Filho bendito (1Pd.1:18,19).

4. Pela remissão

Quando ocorria o sacrifício da vítima, sangue era vertido. Ali no Pátio, o pecado do povo era julgado e o pecador, redimido pelo sangue do animal imolado, experimentava a bênção do perdão; ele estava livre do ônus do pecado.
A vítima, com seu sangue derramado em volta do altar, representava Cristo, o Cordeiro que foi morto e derramou o Seu sangue pelos nossos pecados (João 1:29; Is.53:7; 1Pd.1:18-20; 3:18). Está escrito: "Sem derramamento de sangue não há remissão" (Hb.9:22).

III. O ALTAR DO HOLOCAUSTO É UMA IMAGEM DO CALVÁRIO

Já deu para entender que o Altar do holocausto simboliza a cruz do Calvário, lugar onde Cristo, vicariamente, foi crucificado (Hb.9:12-14;25-28; 10:10-14). O que precisava ser realizado Jesus já realizou; basta apenas apresentar-se a Ele como um pecador perdido, reconhecer nossa culpa, confessar nossos pecados, crendo que "ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1João 1:9).

1. No Altar do Holocausto – na Cruz - Deus proveu um Cordeiro imaculado uma vez para sempre em nosso lugar

No Altar dos Holocaustos, as vítimas inocentes eram sacrificadas no lugar dos pecadores. Assim como Deus proveu um cordeiro para substituir Isaque no monte do sacrifício, Ele enviou seu Filho para nos substituir na cruz do Calvário. Jesus, o Cordeiro de Deus, assumiu o castigo que era nosso. Ele tomou sobre si a nossa condenação. O Cordeiro de Deus morreu por nós. Na cruz, Deus materializou o Seu grande amor por toda a humanidade. Afirma Paulo:
“Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm.5:6).
“Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm.5:8).
Portanto, a cruz de Cristo não foi um acidente, mas um apontamento de Deus desde a eternidade. Ele foi morto desde a fundação do mundo. Ele nasceu para ser o nosso substituto, representante e fiador. A cruz, sempre esteve encrustrada no coração de Deus, sempre esteve diante dos olhos de Cristo. Ele jamais recuou da cruz. Ele marchou para ela como um rei caminha para a sua coroação.
Portanto, o Amor de Deus não é apenas um sentimento, é uma ação. Não consiste apenas em palavras, é uma dádiva. Não é uma dádiva qualquer, mas uma dádiva de si mesmo. Deus deu seu Filho. Ele deu tudo, deu a si mesmo.
Deus não amou aqueles que nutriam amor por Ele, mas aqueles que lhe viraram as costas. Deus amou aqueles que eram inimigos.
Cristo morreu no momento determinado por Deus e de acordo com seu eterno propósito (João 8:20; 12:27; 17:1; Gl.4:4; Hb.9:26).
Não há como medir o amor de Deus – “Deus amou o mundo de tal maneira...” (João 3:16).

2. No Altar do Holocausto – na Cruz - o sacrifício do Cordeiro Imaculado trouxe-nos Reconciliação com Deus

O sacrifício de Jesus Cristo foi único e definitivo para a nossa reconciliação com Deus (Ef.2:16). Jesus, o Cordeiro de Deus, é o autor e consumador da nossa fé (Hb.12:2). Sem Ele estaríamos perdidos, longe de Deus e condenados para sempre ao inferno.
Temos um Deus que nos ama e que não negou dar o seu Unigênito para que tivéssemos Paz com Deus e a vida eterna.
“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio, na sua carne, desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e, pela cruz, reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades” (Ef.2:14-16).

3. No Altar do Holocausto – na Cruz - o perfeito sacrifício do Cordeiro de Deus trouxe-nos Justificação

Na cruz, Cristo cumpriu a nossa pena, justificando-nos perante o Pai. Ele nos libertou da lei do pecado. Uma vez livres e justificados pela fé, temos paz com Deus (Rm.5:1). Uma vez livre e justificado a culpa do homem é transferida para Jesus, que já a pagou através de Seu sacrifício expiatório da cruz, e pode cobrir o homem com sua justiça. É por isto que Paulo diz: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é”.
Portanto, o homem justificado não é um homem “reformado”, mas, é um novo homem. Este novo homem é visto por Deus como se nunca tivesse pecado. A Justificação não deixa resíduos dos pecados dantes cometidos, isto por causa daquele “que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fossemos feitos justiça de Deus” (2Co.5:21).

4. No Altar do Holocausto – na Cruz – o sacrifício de Jesus Cristo trouxe-nos gloriosa Esperança

A esperança é um dos pilares da vida cristã. Em 1Pedro 1:3-4 está escrito:
“bendito seja o Deus e pai de nosso senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós”.
Isto quer dizer que:
  • Além de termos esperança de dias melhores;
  • Além de termos esperança de que Deus vai responder nossas orações;
  • Além de termos esperança de que Deus vai abrir portas em várias questões da vida, nós temos a esperança que um dia todo o sofrimento, toda dor, todo mal, vai ser debelado para sempre, e sempre e sempre.
Portanto, a nossa esperança é superlativa porque a cruz de Cristo nos proporcionou esta preciosa promessa. Em Romanos 8:24 o aposto Paulo se expressa de modo claro e convincente: “porque, em esperança, somos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê, como o esperará?".
Quando o crente é convicto de sua fé ele não titubeia, mas põe a sua confiança, a sua esperança só em Deus. Paulo disse perante o governador Félix:
“tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição tanto dos justos como dos injustos”.
Um dia todos nós morreremos, caso o Senhor Jesus não venha antes disso, mas, temos a esperança que ressuscitaremos e viveremos com Ele para sempre – é sem dúvida a nossa maior esperança.

CONCLUSÃO

Aprendemos nesta Aula que o Altar do Holocausto é o lugar da confissão do pecado, isto é, do arrependimento, de confessar Jesus como o nosso Salvador.
Não precisamos mais fazer sacrifícios, pois tudo está feito. Cristo é a oferta suficiente e eficaz para a expiação completa de nossa culpa. Ele já fez o verdadeiro sacrifício uma vez para sempre em nosso lugar. Nada resta fazer senão ir a Ele e apresentar-nos como pecador perdido. Ir com toda sinceridade, assim como somos e estamos, e colocar, pela fé, a mão sobre o Sacrifício (Jesus Cristo) reconhecendo nossa culpa, confessar nossos pecados, crendo que “Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toa injustiça” (1João 1:9).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 78. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Elienai Cabral. O Tabernáculo – Símbolos da Obra redentora de Cristo. CPAD.
Alvin Sprecher. Estudo Devocional do Tabernáculo no Deserto. CPAD.
Abraão de Almeida. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.