domingo, 25 de junho de 2017

Aula 01 – INSPIRAÇÃO DIVINA E AUTORIDADE DA BÍBLIA


3º Trimestre/2017

Texto Base: 2Timóteo 3:14-17 

"Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo" (2Pd.1:21).

 INTRODUÇÃO

Mais um trimestre letivo se inicia. Estudaremos as principais doutrinas da fé cristã. E nesta primeira Aula, trataremos da inspiração divina e autoridade das Escrituras Sagradas, que são a verdade, a expressão do próprio Deus. As Escrituras Sagradas não são fruto da lucubração humana, mas da revelação divina. Elas não provêm da descoberta humana, mas do sopro divino. Toda a autoridade das Escrituras depende exclusivamente da sua origem divina. As Esculturas surgiram na mente de Deus e foram comunicadas pela boca de Deus, pelo sopro de Deus ou pelo seu Espirito Santo. As Escrituras são, pois, no verdadeiro sentido do termo, a Palavra de Deus, porque Deus as disse. É como os profetas costumavam anunciar: “a boca do Senhor o disse” (Is.1:20).

A Bíblia é a Palavra de Deus. Ela mesma assim se define e o cumprimento exato de tudo quanto nela está desde os primórdios da história da humanidade é a prova irrefutável de que ela é, sem sombra de dúvida, a Palavra de Deus, a revelação de Deus aos homens. Muitos têm tentado, ao longo dos séculos, levantar-se contra essa Palavra, mas todos têm fracassado em seu intento de calá-la ou desacreditá-la, precisamente porque não se trata de uma obra feita pela mente, vontade ou imaginação humana, mas tem sua origem, sua concepção e o zelo pelo seu cumprimento diretamente em Deus. Sua inspiração divina e sua soberania como única regra de fé e prática para a nossa vida constituem a doutrina basilar da fé cristã.

I. REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO

A Bíblia foi dada por Deus através de inspiração e revelação, à medida que o Espírito Santo operou em homens escolhidos, revelando a eles os pensamentos de Deus e capacitando-os a usar as palavras adequadas para comunicar a verdade divina sem erros.

1. Revelação. Um dos princípios da Teologia é o fato de Deus não nos ter criado e deixado largados para viver em um mundo sujeito às regras do pecado, mas ter nos confiado um manual que revela a sua vontade, a Bíblia. Daí advém o que chamamos de revelação, o ato de tornar conhecido o que antes não o era. Esta Revelação, a Bíblia Sagrada, nos foi entregue, a fim de que reconheçamos a Deus como o ser Supremo por excelência e a seu Filho Unigênito como o nosso Salvador.

2. Inspiração. É o registro dessa revelação sob a influência do Espírito Santo, que penetra até as profundezas de Deus (1Co.2:10-13). Os 66 Livros da Bíblia são divinamente inspirados. Os escritores do Antigo Testamento estavam conscientes de que o que disseram ao povo e o que escreveram é a Palavra de Deus (ver Dt.18:18; 2Sm.23:2; 2Pd.1:21). Repetidamente os profetas iniciavam suas mensagens com a expressão: “Assim diz o Senhor”. Esta expressão ocorre mais de 2.600 vezes. O Espírito Santo falou por intermédio dos autores - “O Espírito do Senhor falou por mim, e a sua palavra esteve em minha boca” (2Sm.23:2). Jesus também ensinou que a Escritura é a inspirada Palavra de Deus até em seus mínimos detalhes (Mt.5:18). Afirmou, também, que tudo quanto Ele disse foi recebido da parte do Pai e é verdadeiro (João 5:19, 30,31; 7:16; 8:26).

É bom fazer uma distinção entre o texto inspirado e o registro inspirado. Assim, declarações mentirosas como as de Ananias e Safira, as declarações de Satanás não foram inspiradas por Deus, mas sim o seu registro. Tais textos foram incluídos na Bíblia, para que conheçamos os ardis de Satanás, os pensamentos dos ímpios. Sabemos que uma das características da Bíblia é a sua imparcialidade, assim, ela não omite as mentiras, as falsidades ditas por alguém.

3. A forma de comunicação. Existem duas formas principais de comunicação entre Deus e o homem: verbal e escrita. Verbal até Moisés e depois, segundo alguns teólogos, usando a instrumentalidade do homem mais manso da terra passou a ser escrita.

a) A transmissão verbal. As palavras do Criador para a humanidade foram passadas no início de forma falada. Deus em contato pessoal com o homem colocava as suas leis e este era o responsável em passá-la para a posteridade. Com o passar dos anos a corrupção generalizou-se na sociedade pré-noêmica e as distorções fatalmente seriam inseridas na história se não fosse o dilúvio que levou à morte toda aquela geração, excetuando-se a família do patriarca Noé que, pela Graça de Deus, conservou a história para ser outra vez disseminada entre seus descendentes.

Com o aparecimento das línguas (Gn.11:7) e a dispersão do povo (Gn.11:8), a história corria sério risco de ser perdida, então Deus chama a Abraão e põe nele a sua Palavra de forma mais clara e objetiva. Nesse ponto o patriarca tem a história passada pelos seus ancestrais juntamente com as palavras de orientação e proféticas do Todo-Poderoso. A Palavra de Deus continuou sendo transmitida oralmente até Moisés.

b) A transmissão escrita. Embora seja a Palavra de Deus, a Bíblia foi escrita e redigida por seres humanos (2Pd.1:21) que, para escrevê-la, usaram de todos os materiais que tinham à sua disposição para tanto, lembrando-se, aliás, que, no tempo da formação dos escritos sagrados, não havia o papel, material que o Oriente Médio e o Ocidente somente conheceram num tempo posterior à elaboração das Escrituras, elaboração esta, aliás, que durou mais de mil e quinhentos anos, que é o tempo que vai de Moisés ou Jó, apontados como os autores do livro de Jó, que é o livro mais antigo das Escrituras, até a redação dos livros do apóstolo João, que são considerados os últimos escritos inspirados da Bíblia Sagrada.

É interessante notar que Deus não escreveu parte nenhuma da Bíblia. As Escrituras registram que Deus havia escrito as primeiras tábuas da Lei (Ex.32:15), mas foram quebradas por Moisés, indignado por causa da corrupção do povo no episódio do bezerro de ouro (Ex.32:19). As segundas tábuas, embora lavradas por Moisés, foram também escritas por Deus (Dt.10:1-4), mas estas tábuas foram colocadas na arca, ou seja, não puderam ser lidas pelo povo. Moisés escreveu o seu teor, nesta oportunidade, naquilo que viria a ser o Pentateuco (Ex.34:27), numa comprovação de que parte alguma das Escrituras foi feita pelo dedo de Deus.

O mesmo devemos dizer a respeito do Filho de Deus, ou seja, Jesus nada deixou escrito, mas tudo que transmitiu o fez oralmente, teor este que foi, posteriormente, lembrado pelo Espírito Santo para que pudesse ser reduzido a escrito (1Co.11:23; 2Pd.1:18-21; 1João 1:1,3). Vemos, pois, que, embora seja a Palavra de Deus, a Bíblia não foi escrita, em momento algum, por Deus, que delegou, pois, tal tarefa para o homem. A Bíblia foi inspirada por Deus; a palavra grega “theopneustos” significa literalmente “soprada por Deus”, porém, isso não quer dizer que Deus anulou a personalidade, o estilo ou a preparação de seus escritores, uma vez que esses homens santos “falaram movidos pelo Espirito Santo” (2Pd.1:21).

Deus quis, portanto, que a Bíblia fosse escrita pelos homens, embora se tratasse da própria Palavra do Senhor, para que as Escrituras fossem, elas mesmas, a demonstração da comunhão que se pretendeu restabelecer entre Deus e o homem. Esta comunhão, que, em Jesus, estava evidenciada pela dupla natureza, é um dos aspectos pelos quais as Escrituras são consideradas testemunhas do próprio Verbo Divino (João 5:39). Assim, pois, como Jesus é homem e é Deus, as Escrituras também são Palavra de Deus, mas escrita pelos homens.

4. Inspiração, Revelação e Iluminação. Toda a Bíblia foi inspirada por Deus, mas nem tudo nela é produto de revelação. A revelação implica em Deus mostrar fatos desconhecidos ao escritor sacro enquanto que na inspiração isto não se faz necessário. Por exemplo: Moisés recebeu os primeiros capítulos de Gênesis por revelação enquanto outros não foram necessário produto de revelação. Lucas foi inspirado a reunir vários documentos cristãos precedentes para confeccionar seus dois livros, o Evangelho e o livro de Atos (Lc.1:1-4). Paulo que não andou com Cristo e nem recebeu instrução apostólica deixou-nos um tesouro teológico de inestimável grandeza em suas epistolas. Enquanto Lucas foi inspirado a escrever, a Paulo foi revelado o que escrever.

Quanto à Iluminação, tem a ver com a compreensão da mensagem revelada. Em 1Pd.1:10-12 está um ótimo exemplo do que significa a iluminação: "Desta salvação inquiriram e indagaram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos era destinada, indagando qual o tempo ou qual a ocasião que o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e sobre as glórias que os seguiriam. Aos quais foi revelado que não para si mesmos, mas para vós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho. Coisas para as quais até os anjos desejam atentar".

Portanto, a Inspiração tem a ver com a recepção e o registro da verdade; a Revelação tem a ver com a transmissão e; a Iluminação é a compreensão desta mesma mensagem. Neste caso, os profetas recebiam a Revelação e a Inspiração, mas muitas delas não eram acompanhadas de Iluminação.

II. A INSPIRAÇÃO DIVINA E AUTORIDADE DA BÍBLIA

1. A inspiração divina. “Inspiração” vem do latim, que significa “respirar para dentro” (in e spiro) e de uma forma grega que significa “expirado por Deus” (theopneustos). Deus colocou o Espírito Santo nos escritores da Bíblia e, através dEle, os guiou na redação da Bíblia. Por isso, a “inspiração” pode ser definida como o processo pelo qual Deus expirou o Seu Espírito em homens, capacitando-os a receber e comunicar a verdade divina sem erro. A Bíblia é Deus falando. Os escritores da Bíblia escreveram sobre fatos que eles conheciam tanto quanto sobre fatos que eles não conheceriam sem a inspiração. Os fatos conhecidos sobre os quais eles escreveram chegaram a eles por observação pessoal, documentos existentes ou tradição oral. Muito do que foi escrito por esses homens chegou ao conhecimento deles pela primeira vez através da revelação de Deus. Quer estivessem escrevendo fatos conhecidos, quer revelação, a inspiração os guiou a informarem somente a verdade, sem erros de comunicação (Hugo Mccord).

Mattew Henry, um dos maiores expositores das Sagradas Escrituras, é categórico ao referir-se à inspiração da Bíblia: “As palavras das Escrituras devem ser consideradas palavras do Espírito Santo”. Como não concordar com Henry? Basta ler a Bíblia para sentir, logo em suas palavras iniciais, a presença do Espírito Santo. Paulo afirma: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2Tm.3:16,17). Aqui, o termo “Escritura” refere-se principalmente aos escritos do Antigo Testamento (2Tm.3:15). Mas é importante destacar que toda a Escritura, e não apenas parte dela, é inspirada por Deus. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento compõem as Escrituras (cf. 2Tm.3:14; 2Tm.5:18; 1Co.2:13; 2Co.2:17; 13:3; Gl.4:14; Cl.4:16; 1Ts.2:13; 5:27; 2Pd.3:16).

Muitos liberais aproximam-se das Escrituras carregados de ceticismo e contestando toda inspiração, inerrância e infalibilidade. Há aqueles que, enganosamente, afirmam que as Escrituras apenas contêm a Palavra de Deus, mas não são a Palavra de Deus. Outros negam sua historicidade e tentam, jeitosamente, explicar seus registros históricos e seus milagres de forma metafórica. Todavia, permanece a verdade inabalável de que toda a Escritura é inspirada por Deus, é a própria Palavra de Deus.

2. Autoridade da Bíblia. A Bíblia é a Palavra de Deus, porque tem origem em Deus; seu conteúdo foi comunicado por Deus aos homens santos escolhidos pelo Senhor para reduzi-la a escrito. O selo dessa autoridade aparece em expressões como "assim diz o SENHOR" (Êx.5:1; Is.7:7); "veio a palavra do SENHOR" (Jr.1:2); "está escrito" (Mc.1:2). Ante tais considerações, não temos como deixar de reconhecer que a Bíblia Sagrada é dotada de autoridade absoluta, ou seja, deve ser aceita pelo homem como única regra de fé e de prática, ou seja, o ser humano, se quiser ser fiel e obediente ao seu Criador, deve crer no que a Bíblia diz e fazer exatamente o que a Bíblia determina.

Sendo a Palavra de Deus e a fiel comunicação da vontade divina aos homens, não há, mesmo, como deixar de observar o que é prescrito pelas Escrituras, nem deixar de crer naquilo que ela nos diz. No entanto, apesar disto, não têm sido poucas as tentativas, ao longo da história, e no meio do povo que se diz de Deus, para descaracterizar esta autoridade absoluta e prioritária que deve ter a Bíblia Sagrada na vida de um servo do Senhor. Ao longo da história de Israel, todos quantos procuraram se rebelar contra a autoridade das Escrituras foram apresentados como pessoas que se fizeram inimigas da vontade de Deus, demonstrando, claramente, que a desconsideração da autoridade das Escrituras é atentado contra o próprio Deus. São diversos os exemplos, mas citemos apenas alguns a título de ilustração:

a) Saul, o primeiro rei de Israel, foi rejeitado por Deus porque preferiu sacrificar a obedecer à Palavra do Senhor (1Sm.13:8-14).

b) Davi, mesmo sendo um homem segundo o coração de Deus, viu transformar-se em tragédia uma festividade que realizou para levar a arca de Deus para Jerusalém, por não ter atentado à lei do Senhor (2Sm.6:3-9; 2Cr.15:1-3).

c) O povo do reino de Israel, o reino das dez tribos do Norte, perdeu a sua terra e a sua identidade, até o dia de hoje, porque rejeitou o conhecimento de Deus, ou seja, a observância da Sua Palavra (2Rs.17:7-23).

d) O povo do reino de Judá, o reino das duas tribos do Sul, perdeu a sua terra, que descansou durante setenta anos, por não ter cumprido a determinação do ano sabático (2Cr.36:21,22).

e) Os saduceus são apontados por Jesus como pessoas que viviam erradamente sob o ponto-de-vista espiritual por não conhecerem as Escrituras, ou seja, não a observarem, erro este que levou à total destruição deste partido judeu quando da destruição do templo de Jerusalém no ano 70 d.C. e a derrota definitiva para os romanos no ano 135 d.C. (Mt.22:29; Mc.12:24; Mc.12:27).

Apesar destes exemplos bíblicos, não foram nem são poucos os que se encontram na mesma e triste lamentável situação dos saduceus, errando por não conhecerem as Escrituras e lhes negando autoridade, embora se digam, como o faziam os saduceus, “defensores intransigentes das Escrituras” e isto porque, assim como os saduceus, embora afirmem prestigiar o texto sagrado e reconhecer-lhe a autoridade, diminuíam-no na prática de seus atos. Os saduceus, por exemplo, somente criam nos cinco livros da lei, desprezando todas as demais Escrituras, como se elas não fossem igualmente inspiradas por Deus. De igual modo, os “modernos saduceus” promovem muitos erros porque não aceitam a autoridade da Bíblia Sagrada.

III. INSPIRAÇÃO PLENA E VERBAL

A correta doutrina bíblica a respeito da inspiração é: inspiração verbal e plenária. Pedro enfatiza que as Escrituras são provenientes de Deus, e não de seres humanos; são divinamente inspiradas. Os escritores bíblicos não redigiram uma combinação de suas próprias ideias; o texto resultante não é proveniente de imaginação, discernimento ou especulação humana. O apóstolo Pedro, em sua segunda Epístola assim afirmou: “sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”(2Pd.1:21). Na verdade, homens santos de Deus falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo. Apesar de não compreendermos plenamente como se deu o processo, Deus dirigiu cada palavra que esses homens escreveram. Ao mesmo tempo, contudo, Deus não destruiu a individualidade ou o estilo dos escritores. Em tempos como os nossos, nos quais tantas pessoas negam a autoridade da Bíblia Sagrada, é importante termos convicção da inspiração verbal e plenária das Escrituras Sagradas.

1. Inspiração verbal. A inspiração verbal indica que as palavras redigidas por pelo menos quarenta escritores humanos foram inspiradas por Deus – “As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais” (cf.1Co.2:13). O mesmo se refere ao texto bíblico do Antigo Testamento – “E Moisés escreveu todas as palavras do SENHOR, e levantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte e doze monumentos, segundo as doze tribos de Israel” (Ex.24:4). Deus não deu um esboço geral ou algumas ideias básicas e depois permitiu que os escritores as expressassem como lhes parecesse melhor. As próprias palavras que usaram foram dadas pelo Espírito Santo.

Não resta dúvida de que muitos escritores da Bíblia reduziram a escrito mensagens que lhes foram dadas verbalmente por Deus, como é exemplo os Dez Mandamentos e boa parte daquilo que foi escrito por Moisés na lei. No entanto, temos de entender que Deus opera além de quaisquer limites humanos ou que nossa compreensão possa atingir, de forma que temos de, neste ponto, fazer coro ao seguinte pensamento de R.N. Champlin, que reproduzimos: “…a inspiração, normalmente, é verbal, visto que diz respeito à comunicação da verdade em linguagem humana. Isso não significa, entretanto, que consiste em mero ditado de palavras, mas significa que os diversos processos que jazem por detrás da questão, envolvendo aspectos como a individualidade dos escritores, o meio ambiente, o treinamento, as experiências deles, além de outros fatores, foram de tal modo manipulados por Deus que o resultado foi que as palavras registradas não são apenas do homem, mas são plenamente de Deus…” (CHAMPLIN, R.N. Escrituras. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.2, p.475).

2. Inspiração plenária. A inspiração plenária indica que a Bíblia toda foi igualmente inspirada por Deus, desde Gênesis até Apocalipse. O apóstolo Paulo afirmou: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm3:16). Toda Escritura é divinamente inspirada se refere à Bíblia completa, aos 66 livros do Antigo e Novo Testamento. Até os mínimos detalhes foram colocados na Bíblia sob inspiração divina - “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido” (Mt.5:16).

Em 2Pd.1:20,21 está escrito: “sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo”. Pedro aqui atesta que as Escrituras não podem ser de “particular interpretação”, ou seja, que os textos bíblicos não podem ser entendidos isoladamente, mas como parte de um conjunto, pois, embora tenham sido escritos por homens de diferentes culturas, de diferentes épocas, de diferentes classes sociais, de diferentes graus de instrução, o resultado não é fruto da cultura, da história, da época, da posição social nem tampouco da erudição de cada um dos escritores, mas tão somente obra do Espírito Santo, que é o mesmo a ter agido na vida de cada um destes “homens santos de Deus”. Portanto, a Bíblia toda, sem qualquer exceção, foi inspirada pelo Espírito Santo, ou seja, as Escrituras foram geradas pelo próprio Deus que deu a mensagem a cada um dos escritores, que, fielmente, reduziram a escrito a mensagem recebida.

Negar a inspiração plenária das Sagradas Escrituras, portanto, é desprezar o testemunho fundamental de Jesus Cristo (Mt.5:18; 15:3-6; Lc.16:17; 24:25-27, 44,45; João 10:35), do Espírito Santo (João 15:26; 16:13; 1Co.2:12-13; 1Tm.4:1) e dos apóstolos (2Pd.1:20,21).

IV. ÚNICA REGRA INFALÍVEL DE FÉ E PRÁTICA

1. Proveitosa para ensinar. “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar...” (2Tm.3:16,17). As Escrituras Sagradas são essencialmente o manual da salvação, pois elas "podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus" (2Tm.3:15). As Escrituras são ensinos espirituais que não se encontram em nenhum lugar do mundo. Seu propósito mais alto não é ensinar fatos da ciência que o homem pode descobrir por sua investigação experimental, mas ensinar fatos da salvação que nenhuma exploração humana pode descobrir e somente Deus pode revelar. As Escrituras falam sobre a criação e a queda. Ensinam sobre o juízo de Deus e também de seu amor redentor. Alguém disse que a Escritura é pastoralmente útil para o ensino, isto é, como fonte positiva de doutrina cristã; para repreensão, isto é, para refutar o erro e para repreender o pecado; para a correção, isto é, para convencer os mal-orientados dos seus erros e colocá-los no caminho certo outra vez; e para a educação na justiça, isto é, para a educação construtiva na vida cristã. Como bem diz o Pr. Esequias Soares, a Bíblia revela os mistérios do passado como a criação, os do futuro como a vinda de Jesus, os decretos eternos de Deus, os segredos do coração humano e as coisas profundas de Deus (Gn.2:1-4; Is.46:10; Lc.21:25-28).

2. A conduta humana. Como Criador, Deus nos concedeu uma espécie de "manual do fabricante", que é a Sua Palavra. Está escrito que “toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para...redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra” (2Tm.3:16,17). A Palavra de Deus é aplicável na vida diária, na família, na igreja, no trabalho e na sociedade. Somente Deus, o nosso Criador, nos conhece e sabe o que é bom para suas criaturas. Suas orientações estão na Bíblia, o "manual do fabricante". Portanto, não devemos tomar a Bíblia como um livro comum, apenas para trazer-nos algum conhecimento em nossa mente, mas devemos tomá-la, como um Livro de vida, contatando o Senhor Jesus, através da oração, para que Ele nos conceda algo vivo em sua palavra, ou seja, algo que traga uma lição prática para o nosso viver no dia a dia.

3. As traduções da Bíblia. Temos de entender que a inerrância e a infalibilidade estão relacionadas diretamente com a inspiração das Escrituras e, portanto, dizem respeito à mensagem originariamente transmitida aos homens inspirados pelo Espírito Santo e que foram sendo copiadas e transmitidas geração após geração. Não nos esqueçamos de que a cópia de um texto é algo feito pelo homem, e um homem que não está sob a inspiração verbal plenária, e que, por isso mesmo, neste ato de copiar não estão envolvidos os conceitos de inerrância nem de infalibilidade.

Com relação à tradução bíblica, também, é outro fator que não está sob o império da inerrância e da infalibilidade da Bíblia. Aqui, também, não temos a atuação da “inspiração verbal plenária” e, portanto, tais atividades podem ter erros ou equívocos, como também necessitam, de tempos em tempos, de revisões e atualizações, pois são ações humanas e, como tal, sujeitas ao tempo e ao espaço. A primeira versão da Bíblia Sagrada em língua portuguesa a ser levada para a imprensa, a de João Ferreira de Almeida, que continha o Novo Testamento, ainda antes de ter sido lançada, teve, pelo próprio tradutor apontados cerca de 1.000 erros de tradução. Aliás, é por isso que esta Versão, após terem sido feitas as correções, é conhecida como Almeida Revista e Corrigida, ou seja, foi objeto de uma correção e, se foi corrigida, é porque continha erros. Na década de 1940, a Sociedade Bíblica do Brasil efetuou uma atualização desta Versão que, feita no século XVII, se encontrava extremamente defasada e era de difícil compreensão da população da metade do século XX, surgindo, então, a Versão Almeida Revista e Atualizada. Tudo isto é possível e até necessário porque versões e traduções são obras humanas, feitas segundo a vontade de Deus, no sentido da tarefa da Igreja, mas sem a “inerrância e infalibilidade”.

É bom enfatizar que a autoridade e as instruções das Escrituras valem para todas as línguas em que elas forem traduzidas. É vontade de Deus que todos os povos, tribos, línguas e nações conheçam sua Palavra (Mt.28:19; At.1:8).

CONCLUSÃO

A Bíblia é inspirada por Deus e fornece evidências plausíveis desse fato para aqueles que estão dispostos a investigar; é a única revelação escrita de Deus para toda a humanidade. Ela sobreviveu para contar sua mensagem de Cristo e da salvação de geração a geração. Não esqueçamos que a Palavra de Deus é: (a) leite que nutre – “desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (I Pedro 2:2); (b) água que limpa – “tendo-a purificado por meio da lavagem e da água pela palavra” (Ef.5:26); (c) espada para as lutas – “Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef.6:17); (d) mel que deleita – “os juízos do Senhor são verdadeiros e igualmente justos,... são mais doces do que o mel e o destilar dos favos” (Salmo 19:10); (e) fogo e martelo – “Não é a minha palavra fogo, diz o Senhor, e martelo que esmiúça a penha?” (Jr.23:29); (f) restaura a alma - “a lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos” (Salmo 19:7,8).

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 71. CPAD.
Pr. Esequias Soares. A Razão de nossa Fé. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Bíblia, a Inspirada e Inerrante Palavra de Deus PortalEBD_2006.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Bíblia é a Palavra de Deus. PortalEBD_2008.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

LIÇÕES BÍBLICAS DO 3° TRIMESTRE DE 2017



No 3º Trimestre letivo de 2017, estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema: “A Razão da nossa Fé – Assim cremos, assim vivemos”. Estudaremos algumas das principais doutrinas da fé cristã, tendo como base fundamental a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. As lições serão comentadas pelo Pr. Esequias Soares, e estão distribuídas sob os seguintes temas:

Lição 1 - Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia.

Lição 2 - O Único Deus Verdadeiro e a Criação.

Lição 3 - A Santíssima Trindade: um só Deus em três Pessoas.

Lição 4 - O Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Lição 5 - A Identidade do Espírito Santo.

Lição 6 - A Pecaminosidade Humana e a sua Restauração a Deus.

Lição 7 - A Necessidade do Novo Nascimento.

Lição 8 - A Igreja de Cristo.

Lição 9 - A Necessidade de Termos uma Vida Santa.

Lição 10 - As Manifestações do Espírito Santo.

Lição 11 - A Segunda Vinda de Cristo.

Lição 12 - O Mundo Vindouro.

Lição 13 - Sobre a Família e a sua Natureza.

Na capa da Revista é apresentada uma figura da Bíblia Sagrada, surrada, demonstrando que ela foi manuseada com avidez e de forma contínua, no anseio de tirar dela um tesouro mui valioso.

A Bíblia é o Livro dos livros: inspirada por Deus, escrita por homens santos, concebida no Céu, nascida na terra, odiada pelo inferno, pregada pela igreja, perseguida pelo mundo e crida pelos fiéis.

A Palavra de Deus é infalível, inerrante e suficiente. É vencedora invicta em todas as batalhas. Tem saído ilesa do ataque implacável dos críticos e das fogueiras da intolerância. Ela é a bigorna que tem quebrado todos os martelos dos céticos. Homens perversos se esforçam para destruí-la, queimá-la, escondê-la ou matá-la, mas ela tem saído incólume de todas essas investidas. É viva e poderosa. É atual e oportuna. É a divina semente. Por meio dela cremos em Cristo. Por meio dela somos fortalecidos.

A Palavra de Deus é água para os sedentos, pão para os famintos e luz para os errantes. Por meio dela somos santificados e através dela recebemos poder. Ela é a arma de combate e o escudo que nos protege. Ela é mais preciosa que o ouro e mais doce que o mel.

Todos os cristãos genuínos reconhecem que a Bíblia é a Palavra de Deus porque ela mesma, diversas vezes, o afirma. “Assim diz o Senhor”, por exemplo, é uma expressão que aparece dezenas de vezes no Antigo Testamento. E mais, o cumprimento exato de tudo quanto nela está desde os primórdios da história da humanidade é a prova irrefutável de que ela é, indubitavelmente, a Palavra de Deus, a revelação de Deus aos homens.

Muitos têm tentado, ao longo dos séculos, levantar-se contra o divino Livro, mas todos têm fracassado em seu intento de calá-la ou desacreditá-la, precisamente porque não se trata de uma obra feita pela mente, vontade ou imaginação humana, mas tem sua origem, sua concepção e o zelo pelo seu cumprimento diretamente em Deus.

Tudo o que Deus tem preparado para o homem, bem como o que Ele requer do homem, e tudo o que o homem precisa saber espiritualmente da parte dEle quanto a sua redenção e felicidade eterna, está revelado na Bíblia. Tudo o que o homem tem a fazer é tomar a Palavra de Deus e apropriar-se dela pela fé.

Podemos afirmar que a Bíblia é a Palavra de Deus entre outros motivos, porque: (a) A própria Bíblia faz menção da sua inspiração; (b) O Espírito Santo testifica em nosso íntimo que ela é a Palavra de Deus; (c) Nenhum outro livro apresenta tantos testemunhos a respeito da transformação de uma pessoa; muitas conversões foram feitas por meio da leitura da Bíblia, demonstrando o poder da Palavra; (d) A unidade da Bíblia: seus sessenta e seis livros apresentam a pessoa de Jesus Cristo; o Antigo Testamento falava da vinda do Messias e as suas profecias se cumpriram no Novo Testamento; o próprio Jesus destacou ser Ele o tema do Antigo Testamento (cf.Mt. 5:17; Lc.24:27,44; João 5:39; Hb.10:7).

Se a Bíblia não fosse a inspirada Palavra de Deus, por que tantas pessoas arriscaram suas vidas, para preservar as Escrituras? Por que Deus levantou inúmeras pessoas para traduzir a Bíblia e esses servos não se importaram de sacrificar suas vidas para que a Palavra fosse conhecida? Eles tinham plena confiança de que valia a pena dar sua vida por um livro, não por um livro qualquer, mas pela inspirada e inerrante Palavra de Deus. Nenhum livro fala ao coração humano como este.

A raiz dos problemas da sociedade é espiritual e é através da Bíblia que podemos aprender a ter o verdadeiro viver espiritual, sendo assim ela foi escrita com certas características que a levaram a ser considerada o “Livro de Deus”:

Ø  Ela é pura - "Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam" (Pv.30:5).

Ø  Ela é valiosa - "Aceitai o meu ensino, e não a prata, e o conhecimento, antes do que o ouro escolhido. Porque melhor é a sabedoria do que joias, e de tudo o que se deseja nada se pode comparar com ela"(Pv.8:10-11).

Ø  Ela é a verdade – “As tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos juízos dura para sempre”(Sl.119:160).

Ø  Ela é eterna - "Para sempre, ó Senhor, está firmada a tua palavra no céu" (Sl.119:89).

Ø  Ela é imutável - "A palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada"(1Pd.1:25).

Ø  Ela é profética - "porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”(2Pd.1:21).

Ø  Ela é perfeita e fiel - "A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos simples” (Sl.19:7).

Ø  Ela é Lâmpada – “Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra e Luz para o meu caminho”(Sl.119:105).

A existência da Bíblia, abrangendo seus escritores, sua formação, composição, preservação e transmissão, só pode ser explicada como milagre de Deus, ou melhor: Deus é seu autor, seu real intérprete é o Espírito Santo e seu assunto central é o Senhor Jesus Cristo. O homem deve ler a Bíblia para ser sábio, crer nela para ser salvo e praticá-la para ser santo ou santificado.

Embora a Bíblia seja um grande tesouro com respeito à sua contribuição para humanidade em literatura, filosofia e história, o maior valor deste livro se encontra na grande influência que exercem sobre as pessoas. Esse é o fator principal que a classifica como o Livro mais singular. Através de suas páginas o homem se vê exposto quanto à sua verdadeira condição diante de Deus.

A Palavra de Deus é como uma espada que penetra até os pensamentos e propósitos do homem e o convence de seus pecados diante de Deus.

 "Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração"(Hb.4:12).

O chamado Santo Agostinho era um homem indisciplinado e libertino em sua juventude, porém sua mãe orava por ele enquanto ele crescia. Depois de levar uma vida dissoluta por muitos anos, certo dia, com trinta e um anos de idade, lendo a Bíblia debaixo de uma figueira, chegou num trecho que diz: "Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e nada disponhais para a carne, no tocante às suas concupiscências"(Rm.13:13,14). Essas palavras o convenceram dos seus pecados e ele se arrependeu diante do Senhor e se tornou um servo de Cristo.

No curso da história, muitas pessoas famosas foram movidas a crer em Cristo e ler a Bíblia. O imperador francês Napoleão, após ter sido derrotado e exilado na ilha de Santa Helena, confessou que embora ele e outros grandes líderes tivessem fundado seus impérios através da força, Jesus Cristo edificou Seu reino com amor. Ele também confessou que embora pudesse reunir seus homens em torno dele em prol de sua própria causa, ele teria de fazê-lo falando-lhes face a face, enquanto, por dezoito séculos, incontáveis homens e mulheres se dispuseram a sacrificar, com alegria, a própria vida por amor a Jesus Cristo, sem tê-lo visto sequer uma vez.

A razão pela qual muitos se dispuseram a deixar tudo para seguir a Cristo e ser martirizados por causa dEle é que eles O viram revelado na Bíblia. A Bíblia tem sido a fonte de inspiração para que muitos creiam em Cristo. Embora muitos reis, imperadores e governo tenham tentado, nos últimos dois mil anos, erradicar a Bíblia, começando pelos imperadores romanos do primeiro século até aos governos ateus deste século, nenhum poder sobre a terra tem conseguido cessar a atração do homem por esse livro e pela pessoa maravilhosa que ele revela. O Cristo revelado na Bíblia continua hoje tão vivo como há dois mil anos. Nenhuma biografia de homem sobre a terra tem transformado tantas vidas como a vida de Jesus Cristo.

A Bíblia existe para que possamos compreender, temer, respeitar e amar a Deus sobre todas as coisas. Assim ela a si mesmo se denomina como a Sagrada Escritura.

"e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra"(2Tm.3:15-17).

Portanto, não devemos tomar a Bíblia como um livro comum, apenas para trazer-nos algum conhecimento em nossa mente, mas devemos tomá-la, como um livro de vida, contatando o Senhor Jesus, através da oração, para que Ele nos conceda algo vivo em sua Palavra, ou seja, algo que traga uma lição prática para o nosso viver no dia a dia.

Na igreja e no nosso lar, a Bíblia deve ser a autoridade final em todas as questões de ensino, de repreensão, de correção, de doutrina e de instrução na justiça. É o que o apóstolo Paulo diz ao seu filho Timóteo e, também, a todos nós (2Tm.3:16,17).

“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra”.

Ninguém pode submeter-se ao senhorio de Cristo sem estar submisso a Deus e à sua Palavra como a autoridade máxima (João 8:31,32, 37).

“Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós”.

Como filhos de Deus, não podemos afastar-nos jamais da Sagrada Escritura; desta, todos dependemos vitalmente. Todos na igreja devem amá-la, estimá-la e protegê-la como um tesouro, tendo-as como a única verdade de Deus para um mundo perdido e moribundo. Quanto mais a lermos, mais íntimos seremos de seu Autor, que é Deus.

Espero que ao concluirmos este trimestre possamos estar mais próximos de Deus, mais convictos de nossa fé e inabaláveis na jornada rumo à Formosa Jerusalém Celestial.

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Luciano de Paula Lourenço

domingo, 18 de junho de 2017

Aula 13 – JESUS CRISTO, O MODELO SUPREMO DE CARÁTER


2º Trimestre/2017

Texto Base: Mateus 1:18, 21-23; 3:16,17

"[...] E o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Is.9:6).

 INTRODUÇÃO

Esta é a última Aula do 2º Trimestre letivo de 2017. Ao longo do trimestre estudamos o caráter de 11(onze) personagens bíblicos, homens e mulheres de Deus que deixaram um legado espiritual exemplar, a ser recomendado pela Bíblia Sagrada como exemplos a ser seguido. Nesta Aula, estudaremos a respeito do Homem mais importante que já esteve aqui neste mundo – Jesus Cristo, o Senhor. Sua vinda a este mundo ocorreu de forma sobrenatural; foi tão significativa e marcante que a história da humanidade foi dividida em duas partes: antes e depois de Cristo. Sua encarnação não somente significou Deus entre nós, o Emanuel (Mt.1:23), mas o cumprimento da promessa do Criador de redimir o homem da queda; Ele se humanizou como "a semente da mulher" que haveria de ferir a cabeça do Diabo (Gn.3:15). Como Homem, Jesus teve um desenvolvimento e um caráter perfeito que refletia a sua natureza divina. Ele viveu como qualquer judeu de sua época: foi apresentado no Templo por seus pais; participou das festas judaicas; trabalhou como carpinteiro; pagou impostos e teve uma vida sociável, indo a jantares na casa dos amigos e a festa de casamento. Por isso, Jesus deve ser nosso modelo e referência como Homem impecável e servo obediente. Que possamos seguir sempre os seus passos, glorificando o seu nome.

I. JESUS DE NAZARÉ, O FILHO DO HOMEM

1. Sua entrada no mundo. Sua entrada no mundo não teve a participação da semente do homem, mas da mulher, como estava vaticinada nas Escrituras Sagradas (Gn.3:15). A Sua concepção foi virginal. Isaias, setecentos anos antes de Cristo nascer, assim profetizou: “Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (Is.7:14). Maria concebeu, sem que conhecesse varão. Diz a Bíblia que o anjo Gabriel foi o enviado especial da parte de Deus à cidade de Nazaré, "a uma virgem", cujo nome era "Maria" (Lc.1:26,27). O Deus Filho tornou-se humano por meio de uma concepção milagrosa, operada pelo Espírito Santo no útero de Maria.

A concepção de Jesus, portanto, não foi por meios naturais, mas sobrenaturais, daí o anjo afirmar para Maria: “o santo que de ti há de nascer, será chamado filho de Deus”(Lc.1:35). Por isso, Jesus Cristo nos é revelado como uma só Pessoa com duas naturezas: divina e humana, mas inculpável. Como humano, Jesus se compadece das fraquezas do ser humano (Hb.4:15,16); como o divino Filho de Deus, Ele tem poder para libertar o ser humano da escravidão do pecado e do poder de satanás (At.26:18; Cl.2:15; Hb.2:14,15; 7:25); como Ser Divino e também Homem impecável, Ele preenche os requisitos como sacrifício pelos pecados de cada um de nós; como Sumo Sacerdote, preenche os requisitos para interceder por todos os que por ele aproximam-se de Deus (Hb.2:9-18; 5:1-9;7:24-28;10:4-12).

É interessante observar, portanto, que a vinda de Jesus por obra e graça do Espírito Santo, em momento algum, pode ser usada como argumento para negar a sua humanidade, porquanto sua concepção virginal teve o propósito de fazê-lo entrar no mundo do mesmo modo que Adão, numa natureza sem pecado, ainda que humana, a fim de que pudesse vencer o mundo e o pecado, e, por conseguinte, garantir a salvação de toda aquele que nele crer (João 3:16).

2. Por que Deus tornou-se Homem?  Jesus se fez homem para remir o homem perdido, através do mistério da encarnação. Ele veio para morrer, como homem sem pecado, pelo pecado dos homens, para se entregar como sacrifício por eles, por uma humanidade que tinha caído através do primeiro homem, Adão. Agora, os homens podem ser salvos por Ele. Tornar-se homem em Jesus foi a única possibilidade de Deus resgatar um mundo perdido - “Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (João 3:17). Diz Paulo: "Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos" (Gl.4:4,5).

Jesus, integrante da Trindade, adicionou a si mesmo uma natureza humana, e se tornou um homem, um Homem Perfeito. A Bíblia diz que Jesus é Deus encarnado - "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus…E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós..." (João 1:1,14); e "porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade,"(Cl.2:9). Jesus, portanto, tem duas naturezas: Ele é Deus e Homem imaculado (1Pd.2:22). Jesus é completamente humano, mas Ele também tem uma natureza divina, visto que Ele foi gerado por obra e graça do Espírito Santo (Lc.1:30,31; 34,35). Ao ser concebido, Jesus se fez Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus.

COMO DEUS
COMO HOMEM
Ele é adorado (Mt.2:2,11; 14:33; 28:9).
Ele adorava ao Pai (João 17).
As pessoas oram pra ele (Atos 7:59; 1Co.1:2).
Ele orava ao Pai (João 17:1).
Ele é chamado de Deus (João 20:28; Hb.1:8).
Ele foi chamado de homem (Mc.15:39; João 19:5).
Ele é chamado de Filho de Deus (Mc.1:1).
Ele foi chamado de Filho do Homem (João 19:35-37).
Ele não tem pecado (1Pd.2:22; Hb.4:15).
Ele foi tentado (Mt.4:1).
Ele sabia de todas as coisas (João 21:17).
Ele cresceu em sabedoria (Lc.2:52).
Ele dá a vida eterna (João 10:28).
Ele morreu (Rm.5:8).
Toda a plenitude da divindade habita nele (Cl.2:9).
Ele teve um corpo de carne e ossos (Lc.24:39).

3. Jesus é Deus.  A primeira informação que as Escrituras nos trazem a respeito de Jesus é a de que Ele é Deus, é uma das Pessoas Divinas, o Filho. O apóstolo João, ao escrever o seu evangelho, deixa-nos isto bem claro ao afirmar que “no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus” (João 1:1), numa afirmação tão clarividente que tem, mesmo, tirado o sono de todos quantos procuram negar esta verdade bíblica, como é o caso das “Testemunhas de Jeová”. Para que não houvesse qualquer dúvida de quem era este Verbo a que João se referia, o próprio evangelista no-lo diz no versículo 14 deste mesmo capítulo: “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós e vimos a Sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.

Jesus é o Verbo eterno. Ele preexiste à criação. Ele não teve origem, pois é da mesma substância do Pai e do Espírito Santo. Antes que todas as coisas viessem a existir, Ele já existia eternamente em comunhão com o Pai e com o Espírito Santo. Mesmo se fazendo Homem, não deixou de ser Deus. Ele não abdicou de sua divindade ao tabernacular-se entre nós.

Jesus não foi a primeira criação de Deus como ensinava Ário de Alexandria no século quarto e como prega ainda hoje algumas seitas heréticas, como, por exemplo, “as Testemunhas de Jeová”. Na verdade, Jesus é coigual, coeterno e consubstancial com o Pai. Ele é auto-existente e imutável. Ele e o Pai são um. Jesus tem os atributos da divindade: ele é o Criador e sustentador da vida. Ele conhece todas as coisas e pode todas as coisas. Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. Ele foi e é adorado como Deus. Ele reivindicou ser adorado como Deus. Ele realizou obras milagrosas como Deus. Sua vida, seus ensinos e suas obras provam, de forma irrefutável, sua divindade.

Portanto, Jesus é Deus desde a eternidade. Esteve envolvido no ato da criação, indicando que já existia antes dela. Paulo confirma a sua atuação criadora: “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra...Tudo foi criado por ele e para ele”(Cl.1:16); João 1:3 diz que “todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. De acordo com João 10:30 e 17:5, Cristo afirmou possuir a mesma natureza de Deus e glória igual a de Deus.

4. Jesus, o Filho do Homem. O termo “Filho do Homem” tem dois significados nas Escrituras Sagradas. O primeiro significado é usado em referência à profecia de Daniel 7:13-14; é um título Messiânico - "Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído". Jesus é o único a quem foi dado domínio, glória e o reino. Quando Jesus usou esse termo em referência a Si mesmo, Ele estava atribuindo a profecia do “Filho do Homem” a Si mesmo. Ele estava proclamando ser o Messias. Os judeus daquela época com certeza estariam bem familiarizados com o termo e a quem se referia.

O segundo significado para o termo "Filho do Homem" é que Jesus realmente era um ser humano. Deus chamou o profeta Ezequiel de "filho do homem" diversas vezes no Livro de Ezequiel. Disse Deus: “E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo” (Ez.2:1). Deus estava simplesmente chamando Ezequiel de um ser humano. Um filho do homem é um homem. Jesus era 100% Deus (João 1:1), mas Ele também era um ser humano (João 1:14). 1João 4:2 nos diz: "Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus". Sim, Jesus era o Filho de Deus – Ele era Deus em Sua essência. Mas, também, Jesus era o Filho do Homem – Ele era um ser humano em Sua essência. Em resumo, a frase "Filho do Homem" indica que Jesus é o Messias e que Ele realmente é um ser humano.

De todos os seus títulos, 'Filho do Homem' é o que Jesus preferia usar a respeito de si mesmo. E os escritores dos evangelhos sinóticos usam a expressão 69 vezes. “Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las” (Lc.9:56).

5. Seu desenvolvimento humano e espiritual. Em toda a sua humanidade, Jesus era um “menino” que estava submetido ao processo de desenvolvimento como todo indivíduo, porque realmente se fez carne e, em virtude disto, necessitava se desenvolver tanto física quanto psíquica e espiritualmente. Crescia em sabedoria, conforme a graça de Deus. Era perfeito quanto à natureza humana, prosseguindo para a maturidade, segundo a vontade de Deus, plenamente consciente de que Deus era seu Pai (Lc.2:49). Vejamos algumas fases desse desenvolvimento:

a) seu desenvolvimento físico. Jesus passou pelas mesmas fases de desenvolvimento físico, aprendendo a andar, falar, brincar e trabalhar. Por causa disso ele pode identificar-se conosco em cada fase do nosso crescimento. Diz o texto sagrado: “E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc.2:40).

b) seu desenvolvimento social (Lc.2:52). “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens”. Aqui vemos a verdadeira humanidade e o crescimento normal do Senhor Jesus: (a) Crescimento mental: Jesus crescia “em sabedoria”; (b) Crescimento físico: “estatura”; (c) Crescimento espiritual: e “graça, diante de Deus”; (d) Crescimento social: e dos “homens”. Jesus era perfeito em todo aspecto do seu crescimento.

A narrativa de Lucas passa silenciosamente por cima dos dezoito anos que o Senhor Jesus passou em Nazaré como Filho de um carpinteiro. Esses anos nos ensinam a importância de preparação e treinamento, a necessidade de paciência e o valor do trabalho diário. Eles advertem contra a tentação de pular do nascimento espiritual ao ministério público. Espiritualmente falando, os que não têm infância e adolescência normal atraem desastre na sua vida e no seu testemunho posteriores.

c) seu desenvolvimento espiritual (Lc.2:39). “… crescia, e se fortalecia em espírito...”. Jesus passara a infância crescendo e se fortalecendo em espírito, enchendo-se de sabedoria, tendo sobre si a graça de Deus. A graça de Deus estava sobre ele. Jesus andava em comunhão com Deus e na dependência do Espírito Santo. Ele estudava a Bíblia, passava tempo em oração e se alegrava em fazer a vontade do Pai.

Seu crescimento e fortalecimento, diz-nos o texto bíblico, era “em espírito”. O crescimento de Jesus se dava na comunhão com o Senhor. O espírito faz a ligação entre Deus e o homem, e Jesus crescia, enquanto homem, neste quesito, até quando se tornou responsável diretamente diante de Deus, segundo a lei, a iniciar a tratar dos negócios de seu Pai (Lc.2:49).

O fato de a Bíblia dizer que o menino crescia e se fortalecia é a prova de que a plenitude do Espírito Santo não estava ainda sobre o menino ou o adolescente Jesus. Tinha Ele tido a consciência do bem e do mal, escolhendo o bem, o que proporcionou o início do seu progresso espiritual, mas, de modo algum, pode-se admitir um Jesus milagreiro, como o apresentado pelos “evangelhos da infância”. Nem no Egito, nem em Nazaré, Jesus fez qualquer milagre, pois ainda não era chegada a hora.

Se Jesus, sendo Deus, enquanto homem necessitava crescer e se fortalecer em espírito, que diremos de nós? Não se pode exigir de um ser humano que atinja de imediato a plenitude espiritual. Muito pelo contrário, a Bíblia é repleta de textos que nos indicam a necessidade de crescermos na graça e no conhecimento de Jesus (2Pd.3:18), de nos aperfeiçoarmos continuadamente (Ef.4:11-14).

II. O MINISTÉRIO E CARÁTER SUPREMO DE JESUS CRISTO

1. O caráter exemplar de Jesus. Quando falamos do caráter de Cristo, estamos a falar de todas as qualidades demonstradas e apresentadas pelo Senhor Jesus enquanto esteve entre nós, qualidades estas que devem estar presentes em todos aqueles que se dizem filhos de Deus, que se dizem herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo (Rm.8:17). Se somos coerdeiros de Cristo e filhos de Deus é porque participamos da mesma natureza do Senhor (2Pd.1:4) e, se temos a mesma natureza, estamos ligados à videira verdadeira (João 15:4), temos de produzir o mesmo fruto produzido por Jesus. Em seu ministério, Jesus demonstrou aspectos do seu caráter que são referência e modelo para todos os que o aceitam como Senhor e Salvador. Suas ações revelam tanto o lado divino como o lado humano de sua personalidade marcante e singular.

a) Humildade (Mt.5:3). Jesus demonstrou sua humildade ao despojar-se de sua glória (Fp.2:6,7, na irrestrita obediência à vontade do Pai (João 5:30; 6:39). Sendo Deus, Criador e Senhor, despojou-se de seus atributos divinos; tornou-se homem e servo, humilhando-se "até à morte" (Fp.2:6-8); permitiu ser batizado por João Batista no rio Jordão. Este sentiu-se constrangido, dizendo que Jesus é que deveria batizá-lo, mas Jesus insistiu com João para que o batizasse, a fim de cumprir "toda a justiça" (Mt.3:13-15); quando lavou os pés dos discípulos (João 13:3-5); e ao relacionar-se com todas as pessoas, independentemente de sua raça ou posição social (Mt.9:11; 11:19; João 3:1-5; 4:1-30).

Ao se fazer carne (João 1:14), o Verbo, que era Deus (João 1:1), cumpre a vontade divina, submete-se à vontade soberana, para que o homem pudesse ser salvo. Jesus, então, pode nos ensinar sobre “humildade de espírito”, porque, desde o instante mesmo de sua encarnação, nada mais fez senão a vontade de Deus.

Jesus mandou que aprendêssemos dEle a humildade (Mt.11:29) e que, em nossas petições, sempre nos conformássemos à vontade de Deus (Mt.6:10). Ele, próprio, ao orar, sempre quis que a vontade de Deus fosse feita e não a dEle (Mt.26:42). Temos sido humildes de espírito? Temos querido fazer a vontade de Deus?

A humildade é um aspecto do caráter imprescindível a todos os crentes (Ef.4.1,2; Cl.3.12), pois os humildes sempre alcançam o favor do Senhor (Tg.4.6). Só é do reino dos céus aquele que for “pobre de espírito”, ou seja, que renunciar a si mesmo e fizer tão somente aquilo que Deus quer que seja feito.

b) Mansidão (Mt.5:5). A identificação de Jesus com o cordeiro é a maior demonstração de sua mansidão. Jesus não era apenas Cordeiro porque haveria de ser imolado para pagar o preço do pecado do mundo (João 1:29; 1João 2:2), mas também porque os ovinos são animais que externam brandura, mansidão e submissão. Com efeito, os ovinos são animais dóceis e sem qualquer mecanismo natural de defesa, motivo pelo qual sempre foram associados à ideia de inocência.

Jesus sempre demonstrou mansidão, notadamente nos momentos mais angustiantes e difíceis por que passou, quando de sua paixão e morte. Nesta oportunidade, comportou-se como uma ovelha, mantendo-se calado, sem abrir a sua boca, precisamente como fazem as ovelhas quando vão para o matadouro (Is.53:7; Mt.27:14; At.8:32).

É mais fácil ser manso quando tudo nos é favorável. No entanto somos exortados a conservar a mansidão em todas as situações a fim de modelarmos o nosso caráter cristão. Entretanto, não devemos confundir mansidão com relaxo diante dos assuntos relacionados ao Reino de Deus, que inclui a luta pela justiça. O Pentateuco apresenta Moisés como um homem muito manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra (Nm.12.3), no entanto, perdeu a oportunidade de entrar na terra prometida quando deixou de ser manso (batendo na rocha com a qual deveria falar); quebrou as tábuas da lei, ao contemplar o deus-bezerro, depois de ter visto a glória do Deus invisível.

O Jesus que se manteve silencioso quando foi julgado (Mt.27:12-14; cf. Is.53:7) foi o mesmo que expulsou os comerciantes de uma das áreas do templo (João 2.14-17) e não se cansava de denunciar a hipocrisia dos fariseus (Mt.23:13ss).

A indignação deve fazer parte do caráter cristão; do contrário, o cristão será um cínico. No entanto, mesmo a indignação deve ser exercida com mansidão (2Tm.2:25), que não pode ser confundida com timidez, com falta de firmeza ou com covardia.

c) Misericórdia e compaixão (Mt.5:7). Misericórdia é a compaixão pela necessidade alheia. A misericórdia nada mais é que a bondade em ação, o fazer bem. Como podemos pretender ter o bem de Deus e do próximo, se não fazemos bem a ninguém? Jesus foi misericordioso com os homens em suas fraquezas e privações (Mc.5:19; Hb.2:17; Tg.5:11; 2Co.1:3 ver Mt.15:22,32; 17:15).

A bondade de Jesus é demonstrada em todas as suas curas, sermões, ensinos e palavras proferidas ao longo do seu ministério, ministério este que prossegue, pois a Bíblia nos diz que Ele está a interceder em prol dos transgressores (Is.53:12). A cada instante, temos visto a manifestação da bondade do Senhor, sempre fazendo o bem aos homens, tanto que tudo quanto sucede aos que O amam e são chamados pelo seu decreto é para o seu bem (Rm.8:28). Certíssimo está o poeta sacro Joel Carlson ao dizer: “Meu Jesus, Tu és bom, Tu és tudo pra mim” (hino 25 da Harpa Cristã).

Na parábola do Bom Samaritano, Jesus pôs em evidência a insensibilidade dos religiosos que não tinham compaixão pelos caídos à beira do caminho (Lc.10:30-37). Temos sido bons? Temos feito o bem? As Escrituras afirmam que quem sabe fazer o bem e não o faz, peca (Tg.4:17), como também que o verdadeiro e genuíno servo do Senhor é alguém que não se cansa de fazer o bem (Gl.6:9; 2Ts.3:13).

d) Caráter pacificador (Mt.5:9). Jesus é o príncipe da Paz (Is.9:6). A paz de Cristo não é a ausência de conflitos, porquanto, como o próprio Jesus admite, a sua presença geraria conflitos entre os homens (Mt.10:34). No entanto, é uma paz que existe mesmo em virtude dos conflitos, pois é a segurança e a tranquilidade decorrentes do perdão dos nossos pecados, da nossa justificação.

Temos a paz de Cristo porque sabemos que fomos retirados do charco de lodo e agora temos nossos pés firmados na rocha (Sl.40:2). Quando somos justificados pela fé em Cristo Jesus, quando temos o perdão dos nossos pecados, passamos ter paz com Deus (Rm.5:1) e, assim, desfrutamos também da paz de Deus (Fp.4:7; Cl.3:15).

Precisamos promover a paz entre as pessoas, temos o dever de ser pacificadores. A paz que recebemos de Cristo é para ser distribuída entre os que nos cercam. Certa feita Ele exortou: "Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, vai reconciliar-te primeiro com teu Irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta" (Mt.5:23,24). De forma mais prática, ele reproduziu a mensagem do salmo 133, tão esquecida nos dias atuais.

Muitos, baseados na assertiva do Senhor de que Ele viria trazer espada e não paz, costumam justificar o mau comportamento que têm, já que são verdadeiras fontes de intrigas nos lugares que frequentam, em especial, na igreja local. Jesus, porém, nunca promoveu dissensão. Apenas disse que, em virtude de sua Palavra, haveria o surgimento de conflitos, já que muitos aceitariam a sua Palavra e outros a rejeitariam, não havendo como se evitar a luta entre a luz e as trevas, mas, em momento algum, permitiu o Senhor que os conflitos se iniciassem pelo seu discípulo. Muito pelo contrário, o apóstolo Paulo nos ensina que “…quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens” (Rm.12:18b).

Nas suas últimas instruções aos discípulos Jesus afirmou que lhes deixava a sua Paz, que não era a paz do mundo (João 14:27). A paz do mundo é uma paz precária, insegura e sujeita a temores constantes, porque é apenas a ausência de conflitos, uma ausência que não é garantida por coisa alguma. A Paz de Cristo é diferente, é um estado de quietude interior, embora as circunstâncias externas demonstrem a existência de conflitos sociais, econômicos, religiosos, etc.

2. Na prática, Ele demonstrou o seu imenso amor pelos pecadores. Está escrito que Ele “...andou fazendo o bem, e curando a todos os oprimidos do diabo...” (Atos 10:38). Pela Virtude do Espírito Santo, Jesus curou os enfermos e ressuscitou mortos, levantou paralíticos, abriu os olhos e os ouvidos dos cegos surdos, e fez falar os mudos; expulsou demônios e libertou os oprimidos; multiplicou os pães e os peixes, repreendeu as forças da natureza, acalmando o mar, fazendo cessar o vento e a tempestade. Os fariseus queriam matar a mulher adúltera, mas Jesus a perdoou e ordenou que não pecasse mais (João 8:11). Portanto, o amor é a essência do caráter de Jesus Cristo. Ele declarou ao doutor da lei que o maior dos mandamentos é amar a Deus acima de tudo, e o segundo, é amar ao próximo como a si mesmo (Mt.22:34-40). O amor é "a marca do cristão" (João 13:34,35).

3. Seu caráter é referência para a Igreja. O Caráter de Cristo é exemplar. Ele foi um líder-servo, que nos deixou o exemplo e exorta-nos a segui-lo. Ele disse: "Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também" (João 13:15). O Senhor dos senhores servia a todos os seus servos e Ele mesmo concluiu: Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes (João 13:17). Segundo o ensinamento de Jesus, um líder só será bem-sucedido se compreender que ele é um servo de todos. Esses ensinamentos de Jesus foram direcionados apenas aos apóstolos; e quem foram os apóstolos? Foram os lideres escolhidos para servirem aos santos, a igreja. Um dos ensinamentos mais claros é este: Jesus ensinou que o verdadeiro líder deve servir.

Concordamos que o Senhor dos senhores, Jesus Cristo, mesmo sendo o maior Senhor, foi também o maior de todos os servos. Ele é o Senhor que serviu. Em Filipenses 2:6-11, temos que: “Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, (...) se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homens; (...) a si mesmo se humilhou, (...) pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para gloria de Deus pai”. Aqui está a prova cabal e conclusiva que, para ser líder-servo é necessário tornar-se servo, e sendo servo você não estará deixando de ser senhor. Jesus mesmo servindo nunca deixou de ser Deus. Deus é Deus, pode fazer o que lhe aprouver sem deixar de ser o que é, e sempre foi e sempre será: Senhor!

A igreja de Cristo deve seguir o exemplo de Jesus. Diz o apóstolo João: ”aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou” (1João 2:6). Viver como salvo é viver de modo distinto dos demais homens. Pela Bíblia sabemos haver um padrão ético que deve ser observado por todo aquele que quiser viver como salvo. Nenhum crente salvo, filho de Deus, integrante do reino de Deus aqui na terra, do qual é embaixador, poderá pensar ser possível viver de qualquer maneira. Seria triste engano pensar que o Rei Jesus poderia reconhecer como seu embaixador alguém que não pensasse como ele pensa, que não agisse como ele próprio agiria, que não falasse como ele falou. De um embaixador se requer estar plenamente afinado com aquele soberano, ou governante que ele representa. Somos embaixadores de Cristo.

III. A MORTE, RESSURREIÇÃO E VOLTA DE CRISTO

Falar destes três temas num tópico final de uma Aula é muita pretensão. Todavia, faremos um resumo.

1. A morte de Cristo, exemplo supremo de amor. Jesus morreu (Mt.27:50; Fp.2:8; João 19:30,34). Enquanto Deus, Jesus jamais poderia morrer, porque Deus é eterno e a própria vida; todavia, enquanto homem, embora não tivesse jamais pecado, Jesus morreu para que, pela sua morte, pudéssemos ter vida. Os soldados romanos confirmaram isso (João 19:33).

A morte de Cristo é a concretização do amor de Deus pela humanidade. O seu significado pode ser resumido no que Ele próprio disse a Nicodemos: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que' deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16). Ao morrer por todos nós, Jesus agiu como nosso Representante. Quando Ele morreu, todos morreram nele. Assim como o pecado de Adão se tornou o pecado de seus descendentes, também a morte de Cristo se tornou a morte daqueles que nele creem (Rm.5:12-21; 1Co.15:21,22). Por causa de seu sacrifício vicário somos agora nova criatura (2Co.5:17), ou seja, temos uma nova posição em relação a Deus e ao mundo. Temos agora uma nova forma de viver, na qual desaparece a vida pregressa e os velhos costumes. Por ocasião da conversão, não apenas viramos uma página de nossa vida velha, começamos um novo estilo de vida sob o controle do Espírito Santo. Esse novo estilo de vida é consequência lógica da conversão, pois o amor de Deus pela humanidade constrange-nos a viver integralmente para Ele.

Não são poucos os movimentos religiosos que negam a morte de Jesus. Muitos espíritas insistem em dizer que Jesus era um “espírito evoluído” e, portanto, jamais poderia ter morrido, embora isto tenha aparentemente ocorrido. Deste mesmo parecer são os muçulmanos, que afirmam que mataram outra pessoa em lugar de Jesus, que teve vida longa, morrendo em idade avançada. Tudo isto, porém, nada mais é que engano, pois Jesus realmente morreu, porque se fez homem e semelhante aos irmãos. Ele mesmo testemunhou isso: “fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap.1:18).

2. A ressurreição de Cristo. A ressurreição é a restituição à vida, ou seja, o retorno à unidade entre corpo, alma e espírito, que havia quando da vida física. É válido ressaltar que a ressurreição de Jesus foi a primeira ressurreição propriamente dita, porque Jesus ressuscitou em corpo glorificado, para não mais morrer. É importante observar que Jesus ressuscitou enquanto homem e, portanto, foi o Deus Pai quem O ressuscitou (Atos 2:32; 3:15; 4:10; 10:40; 13:30,37; Rm.4:24; 1Co.6:14; 15:15; 1Pd.1:21). Jesus foi ressuscitado para que se cumprissem as Escrituras (Lc.24:44-48) e, nesta ressurreição, Jesus é o primogênito dentre os mortos (Cl.1:18), as primícias dos que dormem (1Co.15:20), porque foi o primeiro homem a ressurgir em corpo espiritual (1Co.15:44), incorruptível (1Co.15:42), imortal (1Co.15:54). Com a ressurreição, Jesus foi exaltado sobre todo o nome (Fp.2:9), passando, então, a ser chamado de Nosso Senhor (Rm.1:4), tendo todo o poder no céu e na terra (Mt.28:18).

3. A vinda de Cristo em glória. Diz o texto sagrado: “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mt.20:30).

A vinda de Jesus em glória é a verdade mais preciosa que contém a Bíblia Sagrada. Enche o coração do crente de gozo e eleva-o por cima das lutas, temores, necessidades, provas e ambições deste mundo, e o faz mais que vencedor em todas as coisas.

Na sua gloriosa vinda, as nuvens serão a sua carruagem; os anjos, a sua escolta; o arcanjo, o seu arauto e; os santos, o seu glorioso cortejo.

Na primeira vinda, a glória de Cristo não era perceptível: veio ao mundo de maneira muito singela e modesta, como um bebê, em meio a uma grande pobreza - seu berço era um cocho de animais, uma manjedoura; sua mãe o envolveu em panos; Ele, sendo Deus, "Rei dos reis e Senhor dos senhores" (Ap.19:16), se fez pobre (Zc.9:9; 2Co.8:9). Mas na sua vinda em glória será diferente: sua glória será mui grandemente perceptível (Mc.14:62); Ele virá "com poder e grande glória" (Mt.24:30); Ele virá cercado de anjos (2Ts.1:7); Ele virá com seus santos para reinar sobre a Terra (Judas14). Aleluia!

A Vinda de Jesus em Glória se dará após a Grande Tribulação. Ele retornará a esta Terra para cumprir todas as profecias messiânicas, redimir Israel e a natureza, estabelecer a justiça e a paz, tão esperada nesta Terra.

Breve Jesus virá. A Bíblia diz: “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap.22:12).  “Ora vem, Senhor Jesus” (Ap.22:20).

CONCLUSÃO

Concluímos esta Aula, e este trimestre letivo, afirmando que Jesus Cristo é o melhor modelo, exemplo, de caráter a ser imitado, como ensinou o apóstolo Paulo (1Co.11:1). Ele foi chamado de “Caminho”, pois é a jornada de Cristo debaixo do sol que devemos imitar para que, assim como Ele chegou à glória vencedor, também lá possamos chegar um dia, dia este que está tão próximo. Não é outro o sentido que Pedro nos dá a respeito da vida de Cristo, ao afirmar que “…Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as Suas pisadas” (1Pd.2:21). Também não é por outro motivo que o próprio Senhor Jesus se intitulou como “o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6a). “Caminho” não significa tão somente acesso, mas, também, um modelo, um padrão a ser seguido, uma continuidade de passos e de atitudes que levam a um determinado lugar. Jesus é o Caminho, porque, através da sua vida, deixou-nos o exemplo a ser seguido, o modo de vida que nos conduz à glória eterna com Ele.

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 70. CPAD.
Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do Cristão. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. O papado e os dogmas de Maria.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A infância de Jesus. PortalEBD_2008.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. O caráter de Cristo. PortalEBD_2007.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Jesus, Verdadeiro Deus, verdadeiro Homem. PortalEBD_2008.