domingo, 20 de agosto de 2023

UMA VISÃO BÍBLICA DO CORPO

         3º Trimestre/2023

Texto Base: 1Coríntios 6:12-20

Subsídio para a Lição 09

“Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo” (1Co.6:13b).

1Coríntios 6:12-20

12.Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. 

13.Os manjares são para o ventre, e o ventre, para os manjares; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo. 

14.Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder. 

15.Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo e fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo. 

16.Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne. 

17.Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito. 

18.Fugi da prostituição.  Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. 

19.Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? 

20.Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.

INTRODUÇÃO

O corpo humano, criado por Deus, é a fantástica máquina da vida. Ele é formado por estruturas diversas - algumas mais simples como as células, até as mais complexas como os órgãos. O nível de organização do corpo humano obedece à seguinte ordem: células, tecidos, órgãos e sistemas. Cada uma dessas estruturas participa de um nível hierárquico até a formação de todo o organismo. Assim, o corpo humano funciona como uma fábrica. Os órgãos como, por exemplo, os pulmões, o coração e estômago, são as máquinas que desempenham diferentes tarefas. Os músculos, ossos e a pele são as paredes e pilares. E por fim, o cérebro, que é o chefe que controla tudo. Foi Deus quem criou essa maravilhosa máquina da vida. Criou-o para a sua glória (1Co.6:20); e em resposta a essa criação, Ele anseia que aqueles que são regenerados vivam em santidade (1Pd.1:15).

Nesta lição, exploraremos a criação do homem e as características de seu corpo, conforme revelado nas Escrituras Sagradas, enquanto também relacionamos esse tema com a perspectiva secular contemporânea em relação ao corpo. Nosso objetivo é apresentar a visão bíblica do corpo, seu propósito e sua glorificação última.

I. A CRIAÇÃO DO SER HUMANO

1. A origem da raça humana

O ser humano é singular entre todas as formas de vida, pois foi formado à imagem e semelhança de Deus (Gn.1:26,27). Isto vai de encontro aos ensinos seculares que dizem que o ser humano veio de um processo evolutivo. A Bíblia diz que o primeiro homem, Adão, foi formado do pó da terra (Gn.2:7), e Eva, a primeira mulher, foi formada a partir do corpo de Adão (Gn.2:22; 3:20). Notavelmente, tanto o homem quanto a mulher são descritos como sendo originários da terra, mas Deus conferiu a eles algo especial, "soprando em seus narizes o fôlego da vida" (Gn.2:7b), algo que não foi feito com os animais. Esse ato divino do sopro da vida nos outorgou o espírito, um atributo que nos distingue de todas as outras criaturas.

É importante ressaltar que, em muitas línguas, incluindo o português, a palavra "homem" (hb.”adham”) pode ser usada para se referir a pessoas em geral, independentemente do sexo. No entanto, também é usada para se referir ao sexo masculino em oposição ao sexo feminino. O termo hebraico "adham", no contexto das Escrituras Hebraicas (Antigo Testamento), é usado para se referir ao ser humano como um todo, tanto no sentido específico (nome próprio, como o primeiro homem, Adão), quanto no sentido genérico (homens e mulheres – Gn.5:2). A raiz etimológica de "adham" está relacionada ao verbo "adamah", que significa "terra" ou "solo". Essa conexão entre o termo "adham" e "adamah" é essencial para entender o conceito bíblico da criação do homem. De acordo com a narrativa do Gênesis, Deus formou o primeiro ser humano, Adão, do pó da terra (adamah – Gn.2:7).

A palavra "adham" também é usada em outros contextos, como nos Salmos e nos profetas, onde pode se referir à humanidade como um todo. Por exemplo, no Salmos 8:4, o salmista declara: "Que é o homem [adham], para que te lembres dele?". Aqui, o termo é usado para abranger toda a humanidade, expressando a insignificância do homem em comparação com a grandeza de Deus.

É interessante observar que, embora "adham" seja usado como um termo genérico para a humanidade, é também o nome próprio dado ao primeiro homem, Adão. Essa dualidade na linguagem hebraica traz um significado profundo, destacando a unidade da raça humana, originada da terra (adamah) e a individualidade do primeiro homem, cujo nome se tornou emblemático para toda a humanidade.

Portanto, o termo hebraico "adham" é uma palavra-chave nas Escrituras que abrange tanto a humanidade em geral quanto o nome próprio do primeiro homem, Adão, representando a criação divina e a conexão íntima entre o homem e a terra (Gn.2:15,19,20).

2. A constituição do ser humano

À luz da Bíblia Sagrada, a constituição do ser humano é tricotômica, ou seja, é dividida em três componentes: espírito, alma e corpo (1Ts.5:23; Hb.4:12). O corpo ou a carne (Gn.6:3; Sl.78:39) forma o “homem exterior”; o espírito e a alma formam o “homem interior” (2Co.4:16).

a)  Espírito: O espírito é frequentemente considerado a parte mais elevada ou divina da constituição humana. É a parte imaterial e eterna do ser humano que se conecta a Deus ou ao transcendente. É o componente pelo qual se tem comunhão com o Espírito de Deus. O espírito também é associado a características como a capacidade de discernir a verdade espiritual, ter uma consciência da existência divina e buscar um propósito mais profundo na vida.

b)  Alma: A alma é frequentemente considerada a parte intermediária entre o espírito e o corpo. É vista como a sede das emoções, vontade, mente e personalidade do indivíduo. Enquanto o espírito está relacionado ao aspecto eterno e divino, a alma está ligada à experiência humana terrena e ao desenvolvimento do caráter moral. A alma é imortal e, assim como o espírito, continua a existir após a morte física - estes dois elementos são inseparáveis. É na alma que muitas das nossas experiências emocionais e processos de pensamento ocorrem.

c)  Corpo: O corpo é a parte material e física da constituição humana. É o veículo através do qual interagimos com o mundo físico. Enquanto o espírito e a alma são imateriais, o corpo é temporário e sujeito ao envelhecimento e à morte. Ele é o invólucro que abriga o espírito e a alma durante a vida terrena e permite que os seres humanos experimentem as sensações físicas e a interação com o ambiente ao seu redor. “Em certo sentido, o nosso corpo tem primazia diante de nosso espírito. Afinal de contas, o corpo é a única maneira que temos para expressar a nossa vida interior ou para conhecer a vida interior de outra pessoa. O corpo é o meio pelo qual o invisível é feito visível” (PEARCEY, Nancy. Ama Teu Corpo: Contrapondo a cultura que fragmenta o ser humano criado à imagem de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2021, p.36).

O corpo voltará ao pó, mas um Dia será ressuscitado, para perdição eterna ou para salvação eterna com Deus (Dn.12:2; 1Co.15:42).

3. Queda e restauração humana

A Queda do ser humano foi a pior catástrofe do universo. Deliberadamente o homem pecou contra o seu Criador, e ao pecar, tornou-se escravo do pecado (João 8:34), dominado totalmente por ele (Gn.4:7), sem condição alguma de modificar esta situação por conta própria. O pecado deixou o seu “vírus” em nosso corpo: a morte. Ela se tornou universal. Como afirma o apóstolo Paulo: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm.5:12).

A imortalidade, que antes seria certa e desfrutável, fora extinta. Disse Deus: “Com o suor do rosto você obterá alimento, até que volte à terra da qual foi formado. Pois você foi feito do pó, e ao pó voltará” (Gn.3:19-NVT). Agora o homem teria de encarar o fato de que, mais cedo ou mais tarde, morreria fisicamente, pois já se encontrava morto espiritual e moralmente, ou seja, já era escravo do pecado e, portanto, não mais deixaria de pecar. O pecado, inevitavelmente, afasta as pessoas de Deus, como afirma o profeta: “Pois são os pecados de vocês que os separam do seu Deus, são as suas maldades que fazem com que ele se esconda de vocês e não atenda às suas orações” (Is.52:9-NTLH).

Contudo, apesar de que o ser humano era digno de nada menos que a morte, surgiram dos lábios amorosos do Pai palavras de esperança e restauração: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn.3:15). Este texto é conhecido como o “protevangelium”, o primeiro vislumbre do Evangelho. O descendente da mulher, Cristo, é a “luz no fim do túnel”, é a nossa garantia de vida diante da morte. O Plano divino para a salvação da humanidade foi plenamente cumprido no sacrifício inocente, amoroso e vicário de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. João 1:29; Cl.1:19-22; Gl.4:4,5).

A Bíblia compara os dois personagens mais influentes da humanidade - Adão (o homem que caiu) e Jesus (o Homem que restaurou) - o primeiro trouxe-nos ofensa e morte; o segundo, porém, presenteou-nos com perdão e abundância de vida, como diz o seguinte texto sagrado (Rm.5:14,15): 

¹⁴.Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.

¹⁵.Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos.  

O primeiro Adão nos trouxe a amarga condenação, mas o segundo Adão nos justificou através da sua morte, como afirma o texto sagrado (Rm.5:17-19):

¹⁷.Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.

¹⁸.Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.

¹⁹.Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos. 

Só Jesus Cristo é quem pode restaurar o ser humano caído e conceder-lhe a Salvação, pois “em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”(Atos 4:12).

II. A VISÃO BÍBLICA DO CORPO

1. Parte exterior do homem

Como vimos no item anterior, o ser humano tem uma constituição tricotômico – espírito, alma e corpo (1Ts.5:23). E a parte exterior do homem é representado pelo Corpo, que é o invólucro da parte imaterial do ser humano. O Corpo é uma referência ao organismo humano como um todo, incluindo todos os sistemas e órgãos que compõem a estrutura física do ser humano. Ele é um veículo essencial para a experiência e interação com o mundo físico. É através do Corpo que os seres humanos experimentam as sensações, emoções e percepções do mundo ao seu redor. Ele também é fundamental para a realização de ações e atividades diárias.

Na Bíblia, existem várias referências ao corpo humano, tanto no contexto do Novo Testamento como do Antigo Testamento. Duas das passagens mais conhecidas que mencionam o corpo são Mateus 10:28 e 1Coríntios 15:38. Em ambas as passagens, o conceito de "corpo" está relacionado com a ideia da vida física e mortal, bem como a sua eventual transformação ou mortalidade. A Bíblia frequentemente aborda a dualidade entre o aspecto físico e espiritual do ser humano, destacando a importância de valorizar tanto o corpo físico quanto a alma eterna. Essas referências bíblicas nos fazem refletir sobre a natureza do ser humano e a sua relação com Deus.

O termo "corpo" (do grego "soma") é frequentemente usado para identificar a parte exterior do ser humano, ou seja, a parte física e material do indivíduo. Esse conceito do corpo como "soma" é amplamente encontrado em textos filosóficos, médicos e religiosos da Grécia Antiga e teve uma influência significativa na forma como a anatomia e a compreensão do corpo humano foram abordadas naquela época.

Na filosofia grega, a noção de "soma" era frequentemente contrastada com a mente ou alma (psique), criando a dualidade mente-corpo que foi amplamente discutida pelos filósofos ao longo da história. Por exemplo, a filosofia platônica apresentava a ideia do "soma" como o receptáculo temporário da alma imortal, enquanto que a alma era vista como a verdadeira essência do ser humano.

Na medicina grega antiga, o termo "soma" era usado para se referir à estrutura física do corpo humano, e muitos médicos da época buscavam entender a anatomia e a fisiologia do "soma" para tratar doenças e promover a saúde. Atualmente, o termo "soma" ainda é usado em diversos contextos, especialmente em áreas como a medicina e a filosofia, para descrever o corpo humano e suas funções físicas.

Por causa da Queda, o Corpo envelhece e morre, ocasião em que alma e espírito o deixam (Gn.35:18; Tg.2:26). Mas temos a garantia de que um Dia, de uma vez por todas, seremos livres do pecado e da morte, e o nosso corpo definitivamente se tornará imortal, como afirma o texto sagrado (1Co.15:33-57):

⁵³.Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da      incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade.

⁵⁴.E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.

⁵⁵.Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?

⁵⁶.O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.

⁵⁷.Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.  

2. Templo do Espírito Santo

A Bíblia diz que nós somos o templo do Espírito Santo de Deus. Isso significa que o próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo, habita em nós. Na antiga aliança, Deus era adorado no Tabernáculo construído primeiramente no deserto e, mais tarde, no Templo construído em Jerusalém durante o reinado do rei Salomão. O Templo era o local onde o Nome de Deus habitava, no sentido de que sua presença se manifestava de tal forma que todo o Templo enchia-se com a nuvem de sua glória (1Reis 8:10,11). Na Nova Aliança, a presença de Deus habita em seu próprio povo, ou seja, na Igreja, o Corpo de Cristo, enchendo-a com o Espírito Santo. A Igreja é o templo de Deus (1Co.3:16) – “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”.

O apóstolo Paulo diz que a Igreja é o Templo do Espírito Santo, no entanto, ele aplica a cada indivíduo o conceito de que a Igreja é o templo em que Deus habita, mostrando que isso implica no caráter pessoal da habitação do Espírito Santo em cada crente. E como cada crente é um santuário do Espírito Santo, nunca deve ser profanado por impureza alguma (1Co.6:19; Ef.1:13). Estas passagens bíblicas são exemplos de como a Bíblia aborda essa visão do Corpo como templo e morada do Espírito Santo.

- 1Coríntios 6:19: "Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?".

Neste versículo, o apóstolo Paulo está exortando os cristãos de Corinto a se afastarem da imoralidade sexual e a honrarem seus corpos como morada do Espírito Santo. Ele enfatiza que o Espírito Santo habita no corpo dos crentes, tornando-o um santuário sagrado. Portanto, cuidar do corpo e evitar a impureza são formas de honrar a presença divina em suas vidas.

-Efésios 1:13: "Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa".

Neste versículo, Paulo destaca que os crentes foram selados com o Espírito Santo após a fé em Cristo. Isso implica que o Espírito Santo passa a residir no interior do crente, tornando-o um templo divino.

Estes textos exortativos é um chamado para a santidade, a pureza e o cuidado com o corpo; é um incentivo para evitar comportamentos que possam profanar ou prejudicar o santuário que é o corpo humano. Deus se agrada de habitar no verdadeiro cristão por causa da presença santificadora do Espírito Santo, que faz com que o corpo daquele que “nasceu de novo” seja verdadeiramente um templo que recebe a presença Divina.

Uma coisa importante que devemos apreender é que o corpo que temos não é nosso, pertence a Deus. William Hendriksen, em seu comentário expositivo de 1Coríntios, diz que “nós não somos os donos de nosso próprio corpo, porque Deus nos criou, Jesus nos redimiu e o Espírito Santo faz sua habitação dentro de nós”; e continua: “por Deus ser dono de nosso corpo, nós somos mordomos dele e precisamos prestar contas a ele”. Isso realmente é uma verdade absoluta. Essa visão também está relacionada à noção de que os crentes devem ser responsáveis não apenas pela espiritualidade, mas também pelo bem-estar físico e mental. O cuidado com a saúde, a alimentação adequada e o estilo de vida equilibrado são considerados aspectos importantes de preservar o templo do Espírito Santo. Zelar e manter o corpo saudável é uma forma de glorificar a Deus (1Co.6:20).

3. Glorificado na ressurreição

A ressurreição de Cristo foi o acontecimento mais extraordinário que ocorreu, pois aniquilou o império da morte (Hb.2:14,15); isto significa que a vitória de Cristo sobre a morte não foi apenas uma vitória pessoal, mas também uma vitória para toda a humanidade, sobre o poder e a permanência da morte. Essa vitória sobre a morte é uma demonstração do poder de Deus e é uma fonte de esperança e salvação para o ser humano. Além disso, a ressurreição de Cristo tem implicações importantes para a vida dos crentes salvos em Cristo.

-Em 1Coríntios 6:14, é mencionado que assim como Cristo ressuscitou dos mortos, os seguidores de Cristo também serão ressuscitados. É a mais sublime esperança da Igreja. Através da morte e ressurreição de Cristo, nós também seremos ressuscitados para a vida eterna e receberemos um corpo glorificado, livre de imperfeições e da mortalidade.

-Em 2Coríntios 4:14 essa esperança é reforçada, onde se diz que Deus, que ressuscitou o Senhor Jesus, também nos ressuscitará com Jesus. Isso significa que a ressurreição de Cristo não é apenas uma garantia da ressurreição dos crentes, mas também está ligada à ideia de glorificação e reconciliação com Deus.

A ressurreição de Cristo é uma prova tangível do poder de Deus e da vitória sobre o pecado e a morte. Ela dá significado e esperança à vida dos cristãos, pois mostra que Deus tem poder para transformar a morte em vida e que, através da fé em Cristo, os crentes têm a promessa da glorificação e de vida eterna com Deus.

A glorificação é a última etapa do processo da Salvação (Rm.8:30). O mesmo destino que teve Jesus, o de ressuscitar num corpo glorioso e ir para o Céu, será o destino que terão os crentes em Cristo, ressuscitando aqueles que já tiverem morrido e, reunidos com os vivos, todos em corpos gloriosos, também irão para o Céu, para a Nova Jerusalém, onde habitarão para sempre com o Senhor. Esta esperança do crente tem como seu fundamento a ressurreição de Cristo, pois do mesmo modo que Ele ressuscitou, nós ressuscitaremos, conforme o texto sagrado: "que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas" (Fp.3:21).

Hoje, o nosso corpo está sujeito às enfermidades e demais fragilidades, mas na ressurreição ele será revestido de incorruptibilidade. Nunca mais morreremos, pois, a ressurreição dos santos será a vitória final sobre a morte e o inferno (1Co.15:54,55). Em termos gerais, o corpo ressurreto do crente salvo será semelhante ao corpo ressurreto de nosso Senhor (Rm.8:29; 1Co.15:20,42-44,49; Fp.3:20,21; 1João3:2). Mais especificamente, o corpo ressurreto do salvo em Cristo será:

ü  Um corpo que terá continuidade e identidade com o corpo atual e que, portanto, será reconhecível (cf.Lc.16:19-31).

ü  Um corpo transformado em corpo celestial, apropriado para o novo Céu e a nova Terra (1Co.15:42-44,47,48; Ap.21:1).

ü  Um corpo imperecível, não sujeito à deterioração e à morte (1Co.15:42).

ü  Um corpo poderoso, não sujeito às enfermidades, nem à fraqueza (1Co.15:43).

ü  Um corpo espiritual (isto é, um corpo não natural, mas sobrenatural), não limitado pelas leis da natureza (Lc.24:31; João 20:19; 1Co.15:44).

ü  Um corpo capaz de comer e beber (Lc.14:15; 22:16-18,30;24:43; At.10:41).

ü  Um corpo revestido da imortalidade (1Co.15:53).

ü  Um corpo glorificado, como o de Cristo (1Co.15:43; Fp.3:20,21).

Que riqueza perenal! Que esperança bendita e mui maravilhosa!

III. A VISÃO SECULAR DO CORPO

1. Hedonismo e Narcisismo

Hedonismo e Narcisismo são conceitos distintos relacionados à busca de prazer e satisfação pessoal. Zelar e manter o corpo saudável é uma forma de glorificar a Deus (1Co.6:20), contudo, nestes tempos pós-modernos em que se busca de forma desenfreada e libertina a satisfação pessoal, o Hedonismo e o Narcisismo estão em forte evidência na sociedade. Embora tenham suas características distintas, eles podem estar inter-relacionados, pois um indivíduo excessivamente hedonista pode se tornar narcisista, buscando constantemente a satisfação pessoal e a validação de outras pessoas.

O Hedonismo é uma filosofia que coloca o prazer como o objetivo principal da vida, podendo ser ético (busca do bem-estar coletivo) ou psicológico (busca do prazer individual).

O Narcisismo, por outro lado, é um traço de personalidade caracterizado por um amor excessivo e preocupação consigo mesmo, buscando constantemente a admiração e validação dos outros; de modo insensato, a pessoa narcisista persegue o corpo ideal por meio da boa estética a qualquer custo e se porta com ostentação em busca da autorrealização e de ser admirado. No entanto, Paulo se opõe a essa cultura, ao fazer a seguinte exortação: “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm” (1Co.6:12a). O Narcisismo pode levar a relacionamentos problemáticos e prejudicar a capacidade do indivíduo de se conectar verdadeiramente com os outros. Além disso, pode ser uma barreira para o crescimento pessoal, já que o narcisista muitas vezes evita admitir suas falhas ou procurar ajuda quando necessário.

2. Erotização e libertinagem

Erotização e libertinagem são termos relacionados à sexualidade e comportamento sexual.

-A erotização refere-se ao processo de tornar algo ou alguém sexualmente atrativo ou estimulante; é a transformação de situações, objetos ou comportamentos em estímulos sexuais. A erotização está presente em diversas esferas da cultura, como na mídia, publicidade, moda, arte, músicas e literatura. Isto tem sido severamente problemático, pois tem contribuído de maneira absurda para a sexualização precoce de crianças e adolescentes.

Há um afrouxamento, sem par, da ética e da moral como foram estabelecidas por Deus. A propagação midiática e gráfica da ideologia de gênero, e a erotização da infância, têm se alastrados, com a devida anuência das instituições governamentais. Estamos vivendo num mundo de trevas, onde o poder e a presença do pecado têm dominado essa sociedade de cultura amoral e degradante.

-Quanto a Libertinagem, é um termo que muitas vezes é usado para descrever um comportamento sexualmente desregrado e excessivo, sem consideração aos princípios éticos, morais ou às consequências emocionais e sociais. A libertinagem pode envolver promiscuidade, infidelidade, envolvimento em práticas sexuais ilícitas ou exploração sexual. As redes e as mídias sociais têm favorecido largamente a proliferação da libertinagem.

É bom enfatizar que comportamento sexual fora dos limites é considerado inadequado ou pecaminoso. Os limites estão estabelecidos nas Escrituras Sagradas. O cristianismo bíblico prega que a relação sexual não é só para procriar, mas também para o prazer dentro dos limites do matrimônio e do uso natural do corpo (Rm.1:26,27; Hb.13:4). O pecado não está no sexo, mas na perversão de seu propósito. Paulo ensina que o sexo é uma benção, mas pode se tornar uma maldição. Ele é uma bênção dentro do casamento, mas um sério problema fora dele. Diante disso, o apóstolo Paulo adverte: “todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1Co.6:12b). Mas, infelizmente, o sexo criado por Deus para ser utilizado no casamento formal entre um homem e uma mulher (Gn.2:24) está sendo banalizado; defendem a liberdade (liberdade ou libertinagem?) de decisão sobre o corpo, normaliza-se o sexo extraconjugal e a cultura degradante do ativismo LGBTQI+ (Rm.1:26,27).

3. Liberdade e autonomia

Quando Deus formou o homem e a mulher, dotou-os de livre-arbítrio (Gn.2:16,17). O livre-arbítrio é a capacidade que os seres humanos têm de tomar decisões e fazer escolhas por si mesmos, mesmo que essas escolhas possam ter consequências significativas. Com essa liberdade de escolha, cada indivíduo é responsável por suas decisões e ações; porém, a Bíblia ensina que todas as ações do ser humano serão objeto de juízo divino (Ec.12:14), o que nos impulsiona a agir de forma ética e justa perante Deus e os outros seres humanos.

Entretanto, o que vemos hoje nesta amoral cultura social pós-moderna é a cultivação de ideias secularistas que promovem a banalização do corpo. Os libertinos, as pessoas que não creem em Deus, os ativistas LGBTQI+, por exemplos, asseveram que para assoalhar o sentido da vida o homem deve usufruir de liberdade incondicional (leia-se libertinagem). Nesse aspecto, fora do padrão moral de Deus, o indivíduo banaliza o próprio corpo, considerando-o meramente como um objeto de prazer. Essa perspectiva tem levado à trivialização de aspectos importantes da sexualidade, da saúde e do bem-estar, negligenciando a dimensão ética e espiritual associada ao corpo humano. Desse modo, atuam contra o corpo na legalização do aborto, da prostituição, das drogas, do suicídio assistido, dentre outros. Contrário a esse ativismo, o apóstolo Paulo assevera: “não sabeis [...] que não sois de vós mesmos?” (1Co.6:19). Diz mais: “[...] o corpo não é para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor, para o corpo” (1Co.6:13).

A mesma concepção que os gregos da época de Paulo tinha com relação ao corpo é a mesma que os ativistas secularistas de hoje tem, a saber, que o corpo é apenas uma prisão da alma, que Deus não dá nenhuma importância ao corpo. Defendem uma liberdade total, irrestrita e incondicional. A lei que rege a vida deles é: é proibido proibir! No entanto, Deus valoriza o corpo, que um Dia o ressuscitará. O corpo do crente salvo será glorificado na vinda de Cristo (1Co.15:52).

Observe que em relação às tentações sexuais, a Bíblia nunca nos manda resistir, mas fugir (1Co.6:18). Ser forte é fugir! José fugiu, e as razões estão em Gênesis 39:8,9. É um ledo engano pensar que conhecemos nossos limites e sabemos até onde podemos ir e quando devemos parar. A mesma Bíblia que nos manda resistir ao diabo, nos manda fugir da impureza. A única atitude segura em relação a imoralidade sexual é fugir; a ordem de Deus é fugir, dar o fora, dar no pé, correr! – “Fujam da imoralidade sexual!” (1Co.6:18).

Precisamos ter muito cuidado, pois a erotização é facilmente acessível; pode estar na palma da mão. O celular é o meio mais fácil e usual, pois com um clique pode-se nunca mais alguém sair desse mar de iniquidade. Portanto, reconheçamos a nossa fragilidade, não brinquemos com essa situação perigosa. Fujamos! Não fiquemos flertando com o pecado! Não fiquemos paquerando a tentação! Zombar do pecado é loucura!

CONCLUSÃO

Ao concluir este estudo, reafirmamos que o nosso corpo foi criado por Deus, que Jesus Cristo o comprou e redimiu, e que esse corpo agora não pertence mais a nós, pertence a Jesus Cristo. Os membros do nosso corpo estão ligados a Cristo. Nosso corpo é um membro de Cristo. Além do mais, esse corpo agora é templo do Espírito Santo, que faz dele um santuário para a sua habitação. Nessa concepção, não podemos cometer pecado com o corpo sem afetar o Espírito Santo. Aonde quer que vamos, somos portadores do Espirito Santo. Portanto, devemos eliminar toda forma de conduta que não seja apropriada para o corpo; nada que seja inconvenientemente no “santuário” de Deus é decente no corpo do filho de Deus.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Pr. Douglas Baptista. A IGREJA DE CRISTO E O IMPÉRIO DO MAL. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. 1Corintios. Como resolver conflitos na Igreja.

Rev. Hernandes Dias Lopes. 2Corintios.O Triunfo de um homem de Deus diante das dificuldades.

 

 

 

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