4° trimestre 2024
SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 09
Texto
Base: Salmos 127:3-5; Efésios 6:1-4
“Honra a teu pai e a tua mãe, que
é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo
sobre a terra” (Ef.6:2,3).
Salmos 127:
3.Eis que os filhos são herança do Senhor, e o
fruto do ventre, o seu galardão.
4.Como flechas na mão do valente, assim são os
filhos da mocidade.
5.Bem-aventurado o homem que enche deles a sua
aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos à porta.
Efésios 6:
1.Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no
Senhor, porque isto é justo.
2.Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro
mandamento com promessa,
3.para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a
terra.
4.E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos
filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos as promessas de Deus
voltadas para o relacionamento entre pais e filhos, destacando os princípios
bíblicos que sustentam a harmonia familiar. Em um mundo cada vez mais
desafiador, onde os valores familiares muitas vezes são questionados, a criação
de filhos e a interação entre pais e filhos enfrentam obstáculos constantes. No
entanto, a Palavra de Deus nos oferece orientação e promessas que garantem que,
quando pais e filhos seguem os caminhos de Deus, podem experimentar um
relacionamento marcado por amor, respeito e proteção. As promessas divinas para
a família incluem não apenas bênçãos materiais e espirituais, mas também
princípios que ajudam a fortalecer os laços familiares e a promover uma
convivência que reflete os valores do Reino de Deus. Nesta lição, veremos como
essas promessas podem transformar e abençoar o relacionamento familiar,
cumprindo-se na vida de pais e filhos que buscam viver de acordo com os
ensinamentos divinos.
I. O RELACIONAMENTO BÍBLICO ENTRE
PAIS E FILHOS
1. Pais e filhos
O Salmo 127 apresenta uma visão profundamente
espiritual e positiva dos filhos, descrevendo-os como "herança do
Senhor" e "galardão", sublinhando o valor e o propósito divino
da vida familiar. Quando a Bíblia fala de filhos como herança, ela ressalta que
eles são uma dádiva concedida por Deus, um presente que deve ser tratado com
reverência e responsabilidade. Esse conceito não apenas reconhece a importância
dos filhos para o bem-estar e a continuidade da família, mas também destaca que
eles pertencem, em última instância, a Deus. Os pais são, portanto, mordomos
dessa herança, encarregados de cuidar, nutrir e educar os filhos nos caminhos
do Senhor.
Além disso, o Salmo compara os filhos a
"flechas na mão do valente" (Sl.127:4), implicando que eles são como
ferramentas poderosas e promissoras nas mãos de pais sábios e tementes a Deus.
Assim como o arqueiro precisa de habilidade e precisão para lançar suas flechas
de maneira eficaz, os pais são chamados a direcionar seus filhos de forma
cuidadosa, com ensinamentos que os capacitem a enfrentar o mundo com firmeza e
fé.
A metáfora da "herança" e do
"galardão" também reforça a ideia de que os filhos são um meio de
bênção, tanto para a família quanto para a sociedade, e essa bênção se estende
à medida que os pais investem em sua formação espiritual e moral. A educação e
o cultivo da fé são essenciais para que os filhos, como herança do Senhor,
cresçam para serem luz em um mundo cada vez mais obscuro e complicado. Assim, o
salmista enfatiza que os filhos, quando criados nos caminhos de Deus, não são
apenas uma recompensa para os pais, mas também uma bênção para as gerações
futuras e para o Reino de Deus.
2. Um mandamento com promessa
para os filhos
O apóstolo Paulo, ao citar Efésios 6:1-3, reafirma
um princípio vital da lei de Deus dado a Moisés: a promessa que acompanha o
quinto mandamento - "Honra a teu pai e a tua mãe, para que te vá bem, e
vivas muito tempo sobre a terra" (Êx.20:12). Este mandamento é singular
porque, além de ser um dos Dez Mandamentos, traz consigo uma promessa explícita
de bênção: longevidade e prosperidade. Através desse princípio, Deus estabelece
uma ligação clara entre a obediência e o respeito dos filhos para com seus pais
e o bem-estar físico, emocional e espiritual que eles podem desfrutar ao longo
da vida.
No contexto bíblico, honrar os pais envolve muito
mais do que mera obediência momentânea; trata-se de respeitar, cuidar e valorizar
a sabedoria, a experiência e a autoridade deles. A palavra "honra"
sugere peso, valor e estima, reconhecendo a importância do papel dos pais na
criação e formação dos filhos. Essa atitude de honra traz consequências
profundas, não apenas no relacionamento familiar, mas também em termos da
bênção divina. Quando os filhos obedecem e honram os pais, eles refletem a
ordem e o plano de Deus para a família, o que abre portas para a proteção, o
favor e a paz que provêm de uma vida vivida segundo os princípios de Deus. A
desobediência aos pais é um sinal de decadência moral da sociedade e um sinal
do fim dos tempos (Rm.1:28-30; 2Tm.3:1-3).
Os filhos não devem prestar só obediência aos pais,
mas também devotar amor, respeito e cuidado a eles. É possível obedecer sem
honrar. O irmão do filho prodigo obedecia ao pai, mas não o honrava. Há filhos
que desamparam os paris na velhice. Há filhos que trazem flores para o funeral
dos pais, mas jamais os presentearam com m um botão de rosa enquanto estavam
vivos.
Honrar pai e mãe é honrar a Deus (Lv.19:1-3). No
Antigo Testamento, desonrar aos pais era um pecado punido com a morte (Lv.20:9;
Dt.21:18-21). Resistir a autoridade dos pais é insurgir-se contra a autoridade
do próprio Deus.
Honrar pai e mãe traz benefícios (Ef.6:2,3). A
promessa consiste em prosperidade e longevidade. No Antigo Testamento, as
bênçãos eram terrenas e temporais, como a posse da terra. Paulo também coloca
esse mandamento no contexto da Nova Aliança, ao direcionar seus ensinamentos
aos cristãos de Éfeso, indicando que essa promessa não se limitava à antiga
aliança, mas permanece relevante para a Igreja. No Novo Testamento, nós somos
abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais em Cristo (Ef.1:3).
É uma promessa condicional: os filhos que se submetem
à orientação de seus pais e honram sua autoridade experimentarão as bênçãos
prometidas por Deus. Esse princípio espiritual tem um impacto direto na vida
prática. Ao longo da história, vemos que aqueles que honram seus pais, mesmo em
tempos de dificuldades, muitas vezes colhem os frutos de paz interior,
sabedoria e prosperidade.
O filho obediente livra-se de grandes desgostos.
Vejamos, por exemplo, algumas coisas que são importantes: (a) ouvir os pais –
quantos desastres, casamentos errados, perdas, lagrimas e mortes seriam
evitados se os filhos escutassem os pais; (b) ter cuidado com as seduções
(Pv.1:10) – drogas, sexo, namoro, abandono da igreja e amigos.
Portanto, este mandamento é um lembrete da
importância central da família na estrutura da sociedade e no plano de Deus. A
promessa de longevidade e de uma vida bem-sucedida é uma bênção divina que
transcende gerações, assegurando que, quando os filhos seguem o caminho da
obediência e da honra, tanto eles quanto suas famílias são fortalecidos e
abençoados.
3. Mandamentos e bênçãos para os
pais
Se por um lado os filhos devem honrar os pais,
estes não devem “provocar a ira dos filhos” (Ef.6:4). A personalidade da
criança ou adolescente é frágil, e os pais podem abusar de sua autoridade
usando ironia e ridicularização. O excesso ou ausência de autoridade provoca
ira nos filhos. O excesso ou ausência de autoridade leva os filhos ao desânimo.
Cada criança ou adolescente é uma pessoa peculiar e precisa ser respeitada em
sua individualidade.
Os pais podem provar a ira dos filhos por excesso
de proteção ou favoritismo. Quando Isaque revelou preferência por Esaú, e
Rebeca predileção por Jacó, eles jogaram um filho contra o outro e trouxeram
grandes tormentos sobre si mesmo e para as suas descendências.
Há pais que provocam a ira em seus filhos revelando
contínuo descontentamento com o desempenho deles. Os filhos não conseguem
agradar os pais em nada. Semelhantemente, os pais provocam ira nos filhos por
não reconhecer as diferenças entre eles. Cada filho é um universo distinto.
Outra forma de provocar ira nos filhos é o silêncio
gélido, a falta de diálogo. Esse foi o principal abismo que Davi cavou no
relacionamento com seu filho Absalão.
Os pais podem provocar ira nos filhos por meio de
palavras ásperas ou de agressão física.
Enfim, os pais podem provocar ira nos filhos por
falta de consistência na vida e na disciplina. Os pais devem ser espelho dos
filhos, e não carrascos deles. A disciplina e a admoestação devem ser aplicadas
de maneira equilibrada, sempre com o objetivo de formar o caráter dos filhos à
luz dos princípios cristãos, moldando-os para que cresçam no temor do Senhor. A
parceria em amor e a disciplina aplicada com sabedoria promoverão um ambiente
em que pais e filhos crescerão juntos na fé em Cristo. Por isso, os filhos são
bênçãos para os pais, e estes para os filhos - “A tua mulher será como a
videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de
oliveira, à roda da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme ao
Senhor!” (Sl.128:3,4).
A paternidade é derivada de Deus (Ef.3:14,15; 4:6).
Os pais devem cuidar dos filhos como Deus Pai cuida de sua família. Na verdade,
é o Senhor quem cria os filhos por intermédio dos pais.
Portanto, os pais têm um papel central em cultivar
a fé e o caráter de seus filhos. Ao seguirem os mandamentos de Deus com
sabedoria e amor, eles garantem um ambiente em que a família prospera
espiritualmente, emocionalmente e, muitas vezes, materialmente, desfrutando das
bênçãos prometidas àqueles que temem ao Senhor.
II. O CUIDADO DOS PAIS COM OS
FILHOS
1. Cultivando o ensino da Palavra
de Deus
O ensino da Palavra de Deus no contexto familiar é
um dos maiores privilégios e responsabilidades dos pais, segundo as Escrituras.
Deuteronômio 11:18-21 oferece uma orientação clara sobre como os pais devem
conduzir esse processo, destacando a importância de cultivar a Palavra em suas
próprias vidas antes de transmiti-la aos filhos. Esse ensino vai muito além de
simples instrução teórica; trata-se de uma vivência contínua e profunda da fé,
que se reflete em todas as áreas da vida familiar.
A primeira instrução é que os pais devem guardar a
Palavra de Deus no coração e na alma. Isso significa que a Palavra precisa ser
internalizada, profundamente enraizada no íntimo dos pais. Não se trata apenas
de conhecê-la intelectualmente, mas de vivê-la diariamente. O coração é
descrito em Provérbios 4:23 como a fonte da vida, e assim, a Palavra de Deus
deve ser o alicerce espiritual do ser humano, moldando o caráter e as decisões
dos pais. Quando os pais têm a Palavra de Deus viva em seu coração, eles estão
aptos a transmiti-la de maneira autêntica e eficaz aos filhos.
Além disso, os pais são chamados a praticar a
Palavra em suas ações. O texto de Deuteronômio 11:18 - "Ponde as minhas palavras...
na vossa mão" - enfatiza a importância de transformar o conhecimento da
Palavra em prática diária. As mãos, aqui, simbolizam o agir, e os pais devem
ser exemplos vivos de como a Palavra de Deus orienta as atitudes e decisões
dentro e fora do lar. O ensino da Palavra não é apenas verbal, mas também deve
ser demonstrado por meio do comportamento, pois as ações dos pais impactam
profundamente a formação espiritual dos filhos.
Outra orientação vital é que os pais devem ensinar
a ver a vida através da lente da Palavra de Deus. O texto fala sobre
"testeiras entre os olhos" (Dt.11:18), uma metáfora para a
necessidade de interpretar todas as coisas pela perspectiva divina. Isso
significa que os pais devem ajudar seus filhos a enxergar o mundo e suas circunstâncias
sob a luz da verdade bíblica, orientando-os a tomar decisões e agir de acordo
com os princípios da fé. Essa visão bíblica da vida é essencial para formar
filhos que saibam discernir o certo do errado, à medida que enfrentam os
desafios do mundo.
Além disso, o ensino da Palavra deve ser contínuo,
"andando pelo caminho" (Dt.11:19), ou seja, ele não deve se limitar
ao ambiente doméstico, mas deve ser levado para todas as esferas da vida. Os
pais têm a responsabilidade de ensinar seus filhos a aplicar a Palavra de Deus
em situações cotidianas, tanto nas interações sociais quanto nas escolhas
morais que farão ao longo da vida. Este ensino, que transcende o lar, prepara
os filhos para uma fé robusta e prática, que será vivida em todas as suas
atividades e relacionamentos.
A oração também deve ser cultivada no lar. Ensinar
os filhos a orar desde cedo fortalece o vínculo espiritual com Deus e promove
um ambiente de fé, onde as dificuldades são levadas ao Senhor e as bênçãos são
reconhecidas com gratidão. A oração, portanto, deve ser parte integrante da
vida familiar, e os pais devem liderar pelo exemplo, demonstrando a importância
de buscar a Deus em todas as situações.
Finalmente, é essencial que os pais levem seus
filhos à igreja e incentivem sua participação em atividades que promovem o
crescimento espiritual, como a Escola Bíblica Dominical e os cultos de ensino.
Como bem afirma o Pr. Elinaldo Renovato: “na atualidade, a Escola Dominical é a
maior e a mais acessível agência de ensino religioso das igrejas evangélicas.
Ela auxilia no ensino e compreensão das Sagradas Escrituras. Porém, a Escola
Dominical não pode ser a única responsável pelo ensino bíblico, pois ela é uma
parceira, auxiliadora”. Isso fortalece o
vínculo entre o lar e a igreja, onde ambas as esferas se complementam no
desenvolvimento espiritual da criança. A igreja, como extensão da família,
ajuda a nutrir a fé dos filhos, enquanto o lar, como extensão da igreja,
reforça os valores e princípios bíblicos ensinados na Igreja Local.
Cultivar o ensino da Palavra de Deus no lar é
fundamental para a formação de filhos que não apenas conhecem, mas vivem de
acordo com os princípios da fé cristã. Quando os pais se dedicam a esse
chamado, eles contribuem significativamente para a formação de uma geração
comprometida com Deus e com o Seu propósito.
2. Prioridades na vida familiar
A Bíblia ensina claramente que a família deve ser
uma prioridade central na vida do cristão, especialmente daqueles que estão
envolvidos no ministério. Em 1Timóteo 3:2,4,12 e Tito 1:5,6, Paulo destaca que
para um líder da igreja ser qualificado, ele deve demonstrar um cuidado
exemplar com sua família. Embora essas instruções sejam direcionadas a líderes
e candidatos ao ministério, elas refletem um princípio que se aplica a todos os
pais cristãos: o cuidado e a responsabilidade com a família são fundamentais
para a vida cristã saudável.
A prioridade familiar está ligada à integridade do
testemunho cristão. O apóstolo Paulo deixa claro que alguém que não consegue
administrar bem sua própria casa dificilmente estará capacitado para cuidar da
igreja de Deus (1Tm.3:5). Isso demonstra que a família é um microcosmo da
comunidade cristã maior, e o modo como os pais exercem seu papel no lar impacta
diretamente sua habilidade de servir na igreja.
Se considerarmos uma hierarquia de prioridades, o
relacionamento conjugal vem em primeiro lugar. O casamento é o fundamento da
família, e o relacionamento entre marido e mulher deve refletir a relação de
Cristo com a Igreja (Ef.5:25-33). Quando o cônjuge é priorizado, os filhos
recebem o benefício de um ambiente familiar estável e amoroso, o que facilita
seu desenvolvimento emocional, espiritual e social.
Em segundo lugar, os filhos são uma prioridade
vital. Como herança do Senhor (Sl.127:3), eles dependem dos pais para
orientação, formação espiritual e proteção. A criação dos filhos envolve não
apenas prover suas necessidades físicas, mas também educá-los nos caminhos do
Senhor, instruindo-os com a Palavra de Deus e sendo exemplo em todas as áreas da
vida (Pv.22:6). Pais que negligenciam essa responsabilidade em nome de outros
compromissos, mesmo os ministeriais, acabam comprometendo o bem-estar
espiritual de seus filhos.
Por último, vem o cuidado com a Igreja Local. O
ministério na igreja é importante e valioso, mas não deve ser realizado às
custas da família. Um líder cristão que não prioriza sua família pode acabar
comprometendo não apenas seu ministério, mas também o testemunho de Cristo.
Quando a família está bem cuidada, o impacto positivo se reflete na igreja,
pois líderes e membros têm mais condições de servir com integridade, equilíbrio
e amor.
Portanto, o equilíbrio entre família e igreja é
fundamental. Deus não deseja que o serviço ministerial seja feito à custa do
bem-estar da família. Quando os pais colocam suas prioridades em ordem,
cuidando primeiro de seus cônjuges e filhos, a igreja se beneficia com líderes
e membros que possuem uma base sólida e saudável em casa, capacitando-os a
cuidar melhor do rebanho de Deus.
3. Disciplina e estímulos aos
filhos
A disciplina dos filhos é uma responsabilidade
divina conferida aos pais, como parte fundamental da criação de uma geração que
ande nos caminhos do Senhor. No entanto, a disciplina bíblica vai além de
simples correção punitiva; ela deve ser equilibrada e fundamentada no amor. A
Palavra de Deus nos ensina que a disciplina é um ato de cuidado e instrução, e
não de punição meramente punitiva ou severa. O objetivo da disciplina é
corrigir com sabedoria, promovendo nos filhos o desenvolvimento de caráter,
obediência, honra e responsabilidade (Cl.3:20).
A disciplina deve começar pelo exemplo. Jesus nos
deixou um modelo claro de liderança e instrução pelo exemplo (João 13:15),
mostrando que os pais devem viver de acordo com os valores que ensinam. Quando
os filhos observam seus pais vivendo de maneira coerente com os princípios
bíblicos, eles são mais propensos a seguir esses ensinamentos com naturalidade
e respeito. Por isso, a disciplina eficaz se baseia não apenas em palavras, mas
também na vivência dos pais, que deve refletir os valores que eles desejam ver
nos filhos.
Além disso, a disciplina deve ser equilibrada com
estímulos positivos, como elogios, afeto e encorajamento. A Bíblia nos ensina a
criar os filhos na "doutrina e admoestação do Senhor" (Ef.6:4), o que
implica não apenas corrigir, mas também afirmar e reforçar comportamentos
positivos. Pais que reconhecem os esforços e conquistas de seus filhos, por
menores que sejam, contribuem para o fortalecimento da autoestima, confiança e
segurança emocional deles. Esses elementos são cruciais para que o
relacionamento familiar seja saudável e para que os filhos cresçam sentindo-se
amados e valorizados.
Um aspecto importante dessa abordagem é que a
disciplina não deve ser feita com dureza excessiva ou provocação à ira
(Ef.6:4). Quando aplicada de forma severa ou injusta, a disciplina pode criar
ressentimento, distanciamento emocional e até rebeldia. Por outro lado, quando
os pais equilibram correção com carinho e respeito, os filhos sentem que a disciplina
é para o seu bem e não um ato de punição arbitrária.
Portanto, o equilíbrio entre disciplina e estímulo
é essencial na criação de filhos que honrem a Deus. Pais que disciplinam com
amor e paciência, enquanto demonstram afeto e incentivo, criam um ambiente onde
os filhos aprendem a respeitar a autoridade e, ao mesmo tempo, sentem-se
seguros no amor incondicional de seus pais. Esse modelo familiar promove o
crescimento espiritual, emocional e social dos filhos, tornando-os indivíduos
saudáveis e equilibrados, aptos a seguir os caminhos de Deus.
III. BÊNÇÃOS, PAIS E FILHOS
1. Bênçãos para posteridade
A Bíblia está repleta de promessas que apontam para
a bênção de Deus não apenas sobre a vida individual, mas também sobre a
posteridade – filhos e descendentes. Em Isaías 44:3, Deus promete derramar o
Seu Espírito sobre a posteridade de Israel, sinalizando que as bênçãos
espirituais são destinadas não apenas à geração presente, mas também às
futuras. Isso revela o cuidado contínuo de Deus com as famílias, e como as Suas
bênçãos são transmitidas de geração em geração, através da Sua graça.
No livro do profeta Joel (2:28), encontramos outra
promessa importante que se refere ao derramamento do Espírito Santo:
"vossos filhos e vossas filhas profetizarão". Este versículo aponta
para uma obra poderosa do Espírito Santo, onde Ele habilita os filhos do povo
de Deus a serem instrumentos de Sua mensagem. A promessa de Deus de que os
filhos participarão ativamente do Seu plano, através de dons espirituais como a
profecia enfatiza, reforça a importância de orar e ensinar os filhos a buscarem
a presença de Deus, para que experimentem a plenitude do Espírito.
No Novo Testamento, em Atos 2:39, o apóstolo Pedro
reafirma essa promessa ao dizer que ela se estende "a vós, a vossos filhos
e a todos os que estão longe". Isso inclui não apenas os filhos de Israel,
mas todos os que, em qualquer lugar ou tempo, forem chamados por Deus. Pedro
estava declarando que a promessa do Espírito Santo, derramado no dia de
Pentecostes, não era limitada a uma época específica, mas era para todas as
gerações de crentes. Portanto, os filhos dos cristãos de hoje também são
herdeiros dessa promessa.
Diante dessas Escrituras, podemos concluir que Deus
deseja que os nossos filhos vivam imersos em Sua presença, usufruindo de uma
vida abundante no Espírito Santo. Há uma promessa clara de bênçãos espirituais
ilimitadas, de um relacionamento profundo com Deus, e do uso dos dons
espirituais em suas vidas. Assim, os pais devem orar incessantemente pela vida
espiritual dos seus filhos, buscando para eles o Batismo no Espírito Santo e
crendo que eles também serão capacitados a servir e glorificar a Deus.
A promessa do Espírito Santo é uma bênção divina
para a posteridade, e cabe aos pais guiá-los e ensiná-los a caminhar em fé,
confiando na promessa de que seus filhos também serão cheios do poder e da
presença de Deus. Isso reforça o papel central dos pais no cultivo da fé em
suas famílias, para que seus filhos cresçam conhecendo e experimentando as
promessas espirituais de Deus.
2. Família: Lugar onde os filhos
devem ser abençoados
A família é o primeiro e mais importante ambiente
de formação espiritual para os filhos. É dentro do lar que os valores, a fé e o
caráter são moldados. Por isso, a Bíblia enfatiza que o ambiente familiar deve
ser um lugar onde os filhos não apenas crescem fisicamente, mas também
espiritualmente, experimentando as bênçãos e promessas de Deus. Em Deuteronômio
6:6-9, vemos a instrução divina para que a Palavra de Deus seja ensinada
continuamente dentro do lar, em todas as situações da vida cotidiana. Isso
revela a importância de cultivar um ambiente em que a presença de Deus seja
constante.
Promover o culto doméstico é uma maneira poderosa
de fazer isso, reunindo a família para a oração, o louvor e a leitura da
Palavra. Esses momentos ajudam a consolidar nos filhos um relacionamento
pessoal com Deus e um compromisso profundo com Jesus Cristo. Quando os pais
praticam essa rotina de devoção e comunhão, demonstram que o lar é um lugar
onde Deus habita, e os filhos aprendem, desde cedo, a valorizar a vida
espiritual como algo central em sua jornada.
Além disso, o ambiente familiar deve ser um lugar
seguro para que os filhos possam expressar suas dificuldades, lutas e desafios
sem medo ou vergonha. Quando os pais ouvem e intercedem em oração por seus
filhos, eles não apenas fortalecem o vínculo familiar, mas também demonstram
que Deus é a fonte de socorro e direção. Assim, a família torna-se um lugar de
bênção, onde os filhos são encorajados a buscar a Deus em todas as áreas de
suas vidas.
Em última análise, o lar deve ser o lugar onde os
filhos encontram apoio espiritual, onde as promessas de Deus são vividas e
ensinadas, e onde o compromisso com Cristo é promovido como a base de toda a
vida. A bênção sobre os filhos não vem apenas de palavras, mas de um estilo de
vida que reflete a obediência a Deus, o amor pela Sua Palavra e a prática da
oração. Quando isso acontece, os filhos são capacitados a crescer em fé e a
cumprir o propósito divino para suas vidas.
3. Pais que protegem seus filhos
Os pais têm a responsabilidade de criar um ambiente
seguro e protetor para seus filhos em todas as fases da vida, conforme o modelo
bíblico. A proteção que os pais devem proporcionar vai além da segurança
física, abrangendo também o cuidado emocional e espiritual. Jesus, em Mateus
19:14, destacou o valor das crianças, dizendo que elas deveriam ter livre
acesso a Ele. Isso reflete a importância de criar um ambiente familiar onde as
crianças se sintam valorizadas e protegidas, para que possam crescer em
segurança e confiança.
Na adolescência, período de intensas mudanças e
questionamentos, os filhos devem encontrar no lar um refúgio. O exemplo de
Jesus aos 12 anos, no relato de Lucas 2:41-49, mostra a importância de os adolescentes
terem espaço para expressar suas dúvidas e buscar orientação. Os pais, então,
devem estar disponíveis para ouvi-los, compreendê-los e guiá-los com paciência
e sabedoria. Essa fase é crucial para o desenvolvimento do caráter e da fé, e
os pais precisam se colocar como fontes de apoio, oferecendo uma escuta atenta
e um direcionamento sólido.
Já na juventude, quando os desafios da vida se
tornam mais intensos, é essencial que os filhos encontrem nos pais palavras de
encorajamento e conselhos sábios. A proteção espiritual torna-se ainda mais
relevante, pois os jovens enfrentam as pressões do mundo e as tentações que
podem afastá-los do caminho de Deus. Efésios 6:10-13 destaca a importância de
estar revestido da "armadura de Deus" para resistir aos ataques do
Maligno. Nessa perspectiva, os pais são chamados a orar pelos filhos,
orientá-los e envolvê-los em um ambiente que promova a fé e o fortalecimento
espiritual.
Quando os pais cumprem esse papel protetor, eles
criam um ambiente familiar em que os filhos podem se desenvolver plenamente,
sentindo-se seguros, amados e preparados para enfrentar os desafios da vida com
confiança. Essa proteção é uma bênção divina, manifestada através da
responsabilidade e cuidado dos pais, conforme os princípios bíblicos.
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta Lição que Deus tem promessas
especiais para o relacionamento entre pais e filhos, revelando o Seu desejo de
abençoar e proteger as famílias. A Palavra de Deus nos ensina que, ao cultivar
um ambiente de amor, ensino e disciplina equilibrada, os pais podem transmitir
fé e valores eternos aos seus filhos. Embora criar e educar os filhos seja um
desafio, o Senhor nos garante Sua presença e sabedoria para cumprir essa tarefa
com sucesso. As promessas divinas, quando aplicadas, fazem com que a família se
torne um lugar de bênçãos, onde filhos crescem sob o cuidado, proteção e
orientação de pais que confiam no Senhor. Assim, ao buscar a direção de Deus,
podemos ver a Sua fidelidade se manifestar em nossas casas, conduzindo nossos
filhos a uma vida de fé e compromisso com Ele.
Luciano de Paula Lourenço –
EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento).
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.
Dicionário VINE.CPAD.
O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.
Lawrence O. Richards. Guia do Leitor da Bíblia. CPAD.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Filipenses. HAGNOS.
Pr. Hernandes Dias Lopes. 1Pedro. Com os pés no vale e o coração
no Céu. HAGNOS.
Pr. Hernandes Dias Lopes. 1Corintios. HAGNOS.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Efésios - Igreja, a Noiva gloriosa de
Cristo. HAGNOS.
Pr. Hernandes Dias Lopes, 1 e 2Tessalonocenses - Como se preparar
para a segunda vinda de Cristo.
Pr. Elinaldo Renovato. A Família Cristã e os
Ataques do Inimigo. CPAD.
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