1° Trimestre 2025
SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 04
Texto Base: Mateus 3:15-17; 28:19,20
“Portanto, ide,
ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo” (Mt.28:19).
Mateus 3
15.Jesus, porém, respondendo, disse-lhe:
Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o
permitiu.
16.E, sendo Jesus batizado, saiu logo
da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo
como pomba e vindo sobre ele.
17.E eis que uma voz dos céus dizia:
Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
Mateus 28
19.Portanto, ide, ensinai todas as
nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
20.ensinando-as a guardar todas as
coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até
à consumação dos séculos. Amém!
INTRODUÇÃO
A doutrina da Trindade revela um dos
maiores mistérios da fé cristã: Deus é único em essência, mas se manifesta em
três Pessoas — Pai, Filho e Espírito Santo. O Novo Testamento evidencia que os
cristãos do período apostólico reconheciam essa realidade, mesmo antes de a
Igreja formalizar a terminologia teológica necessária para combater ideias
equivocadas.
Embora o termo “Trindade” não esteja explícito
nas Escrituras, sua verdade permeia a Bíblia de forma clara e consistente.
Desde o batismo de Jesus, onde o Pai fala dos céus, o Filho é batizado e o
Espírito desce como pomba (Mt.3:16,17), até as bênçãos apostólicas que envolvem
as três Pessoas divinas (2Co.13:13), percebemos um Deus relacional,
perfeitamente uno e plural.
Nesta lição, exploraremos os
fundamentos bíblicos e a riqueza dessa doutrina, compreendendo que a Trindade
não é apenas um conceito teológico, mas a revelação do Deus vivo que opera em
unidade perfeita para a nossa salvação e comunhão eterna.
I. COMO A BÍBLIA
APRESENTA A SANTÍSSIMA TRINDADE
1. A Trindade e o
monoteísmo judaico-cristão
A doutrina da Trindade é firmemente
ancorada no monoteísmo bíblico, isto é, na crença de que há um único Deus. As
Escrituras, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, revelam que o Deus de
Israel é o mesmo Deus dos cristãos, e que Ele se manifesta em três Pessoas
distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Essa verdade, embora transcenda a
lógica humana, não contradiz o ensino bíblico sobre a unicidade de Deus.
a) Cada Pessoa da Trindade é chamada "Deus". A Bíblia aplica o
título “Deus” a cada uma das Pessoas da Trindade:
- Ao
Pai:
Ele é o criador soberano e sustentador de todas as coisas (Fp.2:11).
- Ao
Filho:
Ele é plenamente Deus, habitando corporalmente toda a plenitude da
divindade (Cl.2:9).
- Ao
Espírito Santo:
Ele é Deus, como demonstrado na passagem de Atos 5:3,4, onde mentir ao
Espírito Santo é equivalente a mentir a Deus.
Essa atribuição deixa claro que cada
Pessoa compartilha a mesma essência divina, sem hierarquia de divindade entre
elas.
b) Cada Pessoa da Trindade é chamada "Senhor". O termo “Senhor” (em
hebraico, YHWH - o tetragrama sagrado) também é usado para referir-se a
cada Pessoa da Trindade:
- Ao
Pai:
Ele é identificado como Senhor em passagens como Salmos 110:1, onde a
soberania de Deus é exaltada.
- Ao
Filho:
Isaías 40:3 apresenta o título “Senhor” aplicado ao Filho, conectando
Jesus diretamente ao Deus de Israel.
- Ao
Espírito Santo:
Ezequiel 8:1,3 revela o Espírito como Senhor no exercício de Sua obra
divina.
Por isso, o monoteísmo da fé cristã não
contradiz a pluralidade das Pessoas em Deus, mas enriquece a compreensão de Sua
unidade.
c) O monoteísmo bíblico não contradiz a Trindade. Deuteronômio 6:4,
conhecido como o “Shemá”, declara: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único
Senhor”. A palavra hebraica “echad”, traduzida como “único”,
frequentemente denota uma unidade composta. O mesmo termo é usado em Gênesis
2:24 para descrever a união entre marido e mulher como “uma só carne” - duas
pessoas em uma unidade. Esse uso de “echad” indica que o monoteísmo
bíblico, judaico-cristão, não exclui a pluralidade dentro da unidade de Deus,
mas a suporta.
A revelação de Deus como Trindade não
contradiz a confissão de fé do Judaísmo; pelo contrário, a Trindade é o
cumprimento perfeito dessa revelação, trazendo à luz a unidade e diversidade
harmoniosa de Deus em Sua essência.
Portanto, a Trindade é a manifestação
plena do monoteísmo bíblico, revelando que o único Deus é ao mesmo tempo Pai,
Filho e Espírito Santo, em perfeita comunhão e unidade.
2. Evidência no
Antigo Testamento
Embora a doutrina da Trindade seja
plenamente revelada no Novo Testamento, há indicações claras de sua presença
implícita no Antigo Testamento. Os textos a seguir demonstram a pluralidade na
unidade de Deus, um conceito que se harmoniza com a revelação progressiva das
Escrituras.
a) Pluralidade na Criação. Em Gênesis 1:26, Deus declara: “Façamos
o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. A forma plural
usada em “façamos” e “nossa” aponta para uma interação dentro da própria
divindade. Essa expressão não se refere a anjos ou outros seres criados, pois
apenas Deus é o Criador e somente Ele confere Sua imagem ao ser humano. Aqui,
vislumbramos um diálogo entre as Pessoas da Trindade - Pai, Filho e Espírito
Santo - cooperando na criação.
b) Pluralidade na unidade Divina. Outras passagens reforçam a ideia de
pluralidade na unidade de Deus:
- Gênesis
3:22:
“Eis que o homem é como um de nós”.
- Gênesis
11:7:
“Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua”.
Estes textos utilizam termos plurais para descrever ações e decisões
divinas. A palavra “nós” reflete uma conversa intra-trinitária, revelando uma
comunhão intrínseca em Deus.
c) O Espírito Santo e o Anjo do Senhor. Em Isaías 63:8-14,
encontramos uma descrição fascinante da atuação divina na história de Israel. O
texto menciona:
- Javé (o Senhor). Representando Deus Pai em Sua liderança sobre
Israel.
- O
Espírito Santo.
Ativo no meio do povo, guiando-o e garantindo sua redenção (Is.63:10,11).
- O
Anjo da presença. Identificado com a manifestação de Deus no Antigo Testamento,
frequentemente associado a Cristo pré-encarnado, pois realiza obras
atribuídas exclusivamente a Deus.
Esse trecho evidencia uma interação
harmoniosa entre diferentes Pessoas divinas, todas operando em unidade para
redimir e conduzir o povo de Deus.
Portanto, o Antigo Testamento, embora
não explique detalhadamente a doutrina da Trindade, oferece uma base sólida e
consistente para sua revelação posterior no Novo Testamento. Essas evidências
são fundamentais para compreender que o único Deus da Bíblia é triúno, manifestando-se em três Pessoas
distintas, mas unidas em essência e propósito.
3. Revelada no Novo
Testamento
A doutrina da Trindade encontra sua
revelação mais clara no Novo Testamento. Embora a palavra “Trindade” não seja
usada nas Escrituras, o conceito de um único Deus que subsiste eternamente em
três Pessoas - Pai, Filho e Espírito Santo - está amplamente fundamentado nos
textos sagrados e é central à fé cristã.
a) A Trindade em Si mesma. No Novo Testamento, a interação entre
as três Pessoas da Trindade é evidente em várias passagens que revelam tanto
sua unidade quanto suas distinções:
- A
Grande Comissão (Mateus 28:19). Jesus ordena aos discípulos a batizarem “em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. A fórmula singular “nome”
enfatiza a unidade divina, enquanto as três Pessoas mencionadas demonstram
sua distinção.
- Distribuição
dos dons espirituais (1Coríntios 12:4-6). Paulo descreve o Espírito,
o Senhor (Cristo) e Deus (o Pai) como agentes complementares na concessão
dos dons espirituais, na administração e no poder operacional da Igreja.
- A bênção
trinitária (2Coríntios 13:13). Paulo invoca “a graça do Senhor Jesus Cristo,
o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo” sobre os cristãos,
destacando a atuação conjunta e harmônica das três Pessoas da Trindade.
- Unidade
da Igreja (Efésios 4:4-6). A Igreja é apresentada como um corpo único,
sustentado por “um só Espírito”, “um só Senhor” e “um só Deus e Pai de
todos”, indicando que a Trindade é o fundamento dessa unidade.
- A
obra da salvação (1Pedro 1:2). Pedro destaca que os crentes são eleitos
“segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a
obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo”, revelando a participação
das três Pessoas da Trindade na redenção humana.
Esses exemplos mostram que a Trindade
não é uma invenção teológica posterior, mas uma verdade claramente evidenciada
na obra de Deus relatada no Novo Testamento.
b) A Trindade dos Credos. Os credos da Igreja, formulados nos
primeiros séculos do Cristianismo, consolidaram a doutrina da Trindade em
resposta às heresias que desafiavam a compreensão bíblica de Deus.
- Definição. A Trindade é definida como
a união de três Pessoas - Pai, Filho e Espírito Santo - em uma única
essência divina. Elas são iguais em poder, glória, majestade e eternidade,
da mesma substância (homoousios, como declarado no Credo de
Niceia).
- Distinção. Embora iguais em essência,
as três Pessoas são distintas em suas funções. O Pai é a fonte de todas as
coisas, o Filho é o Redentor, e o Espírito Santo é o Santificador, mas
todos atuam em perfeita unidade e cooperação.
- Credo
apostólico e Credo Niceno. Esses documentos históricos refletem a
confissão cristã da Trindade e enfatizam que a fé cristã reconhece e adora
um único Deus triúno.
Portanto, o Novo Testamento não apenas
revela a Trindade, mas também apresenta sua relevância prática e teológica para
a fé e vida cristãs. Desde a missão da Igreja até a obra da redenção, cada
Pessoa da Trindade desempenha um papel essencial e interligado. Essa verdade
foi fielmente preservada nos credos da Igreja, garantindo que a fé cristã
continue ancorada na revelação bíblica do único Deus triúno.
II. AS HERESIAS
CONTRA A DOUTRINA DA TRINDADE
São duas as principais heresias contra
a Trindade: o Unicismo e o Unitarismo. Ambas são contrárias à Bíblia,
condenadas pelas igrejas antigas e rejeitadas pelos principais ramos do
Cristianismo. Nesta lição, trataremos do Unicismo.
1. O Unicismo
O Unicismo é uma das heresias mais
antigas e persistentes que desafiam a doutrina bíblica da Trindade. Esse
movimento surgiu no século III e, ao longo da história, assumiu diferentes
nomenclaturas, como monarquianismo, modalismo, patripassianismo
e sabelianismo, sendo representado por heresiarcas como Noeto, Práxeas
e Sabélio.
A Base do ensino Unicista
O Unicismo não nega a deidade do Filho
e do Espírito Santo, mas distorce o ensino bíblico ao afirmar que Pai, Filho e
Espírito Santo não são três Pessoas distintas, mas manifestações ou modos de
uma única Pessoa divina. Essa visão ensina que Deus assume diferentes formas ou
modos de existência conforme necessário: Como Pai na criação e na autoridade; Como Filho na encarnação e na redenção; Como Espírito Santo na
regeneração e na santificação.
Os unicistas rejeitam a coexistência
simultânea das três Pessoas da Trindade, entendendo-as como aspectos ou funções
temporárias de Deus, e não como subsistências eternas e distintas de uma única
essência divina.
Refutação Bíblica ao Unicismo
A Bíblia apresenta Deus como um único
Ser eterno (monoteísmo), mas subsistente em três Pessoas distintas -
Pai, Filho e Espírito Santo - que interagem e coexistem de maneira simultânea.
Essa verdade é enfatizada em várias passagens:
a)
No batismo de Jesus (Mateus 3:16,17):
- O
Filho é batizado nas águas.
- O
Espírito Santo desce em forma de pomba.
- O
Pai declara: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”.
Essa cena mostra as três Pessoas agindo simultaneamente, descartando a
ideia de que são apenas modos ou manifestações de uma única Pessoa.
b) Na grande Comissão (Mateus 28:19):
- Jesus
ordena o batismo “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. A
fórmula singular “nome” revela a unidade divina, enquanto as designações
“Pai”, “Filho” e “Espírito Santo” destacam sua distinção.
c)
Na bênção trinitária (2Coríntios 13:13):
- A
bênção apostólica menciona “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus
e a comunhão do Espírito Santo”, evidenciando a ação conjunta e harmoniosa
das três Pessoas divinas.
d)
Na obra da redenção (1Pedro 1:2) – “eleitos, segundo a presciência de Deus Pai,
em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus
Cristo. Que a graça e a paz lhes
sejam multiplicadas”.
- Veja
que a eleição, “segundo a presciência de Deus Pai”, é realizada “pela
santificação do Espírito” e aplicada “pela aspersão do sangue de Jesus
Cristo”. Essa passagem refuta qualquer noção de confusão entre as Pessoas
da Trindade.
A visão unicista distorce a natureza de
Deus e afeta doutrinas essenciais do Cristianismo, como:
- A
encarnação de Cristo. Se Pai e Filho não são Pessoas distintas, a relação do Filho como
enviado do Pai perde significado (João 3:16,17).
- A
intercessão de Cristo. A função do Filho como Mediador diante do Pai (1Timóteo 2:5)
torna-se incompreensível.
- A
obra do Espírito Santo. O papel do Espírito como Ajudador enviado
pelo Pai em nome do Filho (João 14:26) é reduzido a uma ilusão.
Portanto, a doutrina da Trindade não é
um conceito teológico inventado pela Igreja, mas uma verdade revelada nas
Escrituras. O Unicismo, ao negar a coexistência das três Pessoas da Trindade em
uma única essência divina, contradiz o ensino bíblico e subverte a natureza de
Deus. Como a Declaração de Fé de muitas denominações cristãs, especialmente
a da Assembleia de Deus, corretamente afirma: “cremos em um só Deus que
subsiste eternamente em três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo”.
Esse é o verdadeiro Deus revelado nas Escrituras.
2. A verdade Bíblica
A doutrina bíblica da Trindade é clara
e irrefutável, e a ideia de unicismo - que nega a distinção entre as Pessoas da
Trindade - não pode ser sustentada pela leitura direta e honesta das
Escrituras. A Bíblia apresenta consistentemente o Pai, o Filho e o Espírito
Santo como três Pessoas distintas que subsistem em uma única essência divina.
a) O Batismo de Jesus: evidência incontestável (Mateus 3:16,17). No batismo de Jesus,
a interação entre as três Pessoas da Trindade é evidente:
- O Filho
é batizado no rio Jordão.
- O Espírito
Santo desce sobre Ele em forma de pomba.
- O Pai
declara audivelmente: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”.
Essa cena refuta completamente a ideia
unicista de que Pai, Filho e Espírito Santo são meros modos ou manifestações de
uma única Pessoa. Todas as três Pessoas agem simultaneamente, demonstrando
distinção e unidade.
b) As Declarações de Jesus sobre Sua relação com o Pai. Jesus afirmou
repetidamente que Ele e o Pai são distintos, embora compartilhem a mesma
essência divina:
- João 8:16,17. Jesus declara que Seu testemunho é válido
porque Ele não está sozinho; o Pai que O enviou é outro que dá testemunho
Dele.
- João 17:3. Na oração sacerdotal, Jesus refere-se ao Pai
como “o único Deus verdadeiro” e a Si mesmo como “aquele que enviaste”.
- Mateus 20:23. Jesus ensina que somente o
Pai tem autoridade para conceder certos privilégios, destacando a
distinção de funções entre Eles.
- Mateus 26:39,42. No Jardim do Getsêmani,
Jesus ora ao Pai, expressando Sua submissão à vontade do Pai, mostrando
claramente que são Pessoas distintas.
c) O Espírito Santo - a Terceira Pessoa da Trindade. Jesus também
apresenta o Espírito Santo como uma Pessoa distinta:
- João
14:16,17. Jesus promete que o Pai
enviará o Consolador, outro Auxiliador, em nome Dele. Aqui, a palavra
grega “allon” (outro)
indica alguém da mesma essência, mas distinto.
- João
14:26. Jesus declara que o Espírito
Santo ensinará todas as coisas e lembrará os discípulos das palavras de
Jesus, confirmando Sua personalidade e missão divina.
d) A relação Eu, Tu, Ele. A relação entre o Pai, o Filho e o
Espírito Santo reflete claramente uma interação interpessoal. Na oração
sacerdotal (João 17), Jesus ora ao Pai com expressões como “eu” e “tu”,
reafirmando o relacionamento distinto e pessoal entre Eles. Além disso, ao
anunciar o Espírito Santo, Jesus usa a terceira Pessoa: “Ele vos ensinará todas
as coisas” (João 14:26), demonstrando que o Espírito Santo não é uma força
impessoal nem o próprio Jesus, mas outra Pessoa divina.
e) A paternidade do Pai e a filiação do Filho. A Bíblia descreve
Jesus como “o Filho do Pai” (2João 3). Essa expressão não apenas indica um
relacionamento único e eterno, mas também refuta a ideia de que Jesus seja o
próprio Pai. A relação entre Pai e Filho é um aspecto essencial da Trindade, e
confundi-los equivale a negar a revelação bíblica.
Portanto, a doutrina da Trindade não é
um construto humano, mas uma verdade claramente revelada nas Escrituras. As
distinções entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo são consistentes e
fundamentais para a compreensão da natureza de Deus. Negar essas distinções,
como faz o Unicismo, é contradizer as Escrituras e a própria essência da
revelação divina. O Deus triúno, Pai, Filho e Espírito Santo, é o fundamento do
Cristianismo bíblico e da nossa fé.
III. UNICISMO: UMA
HERESIA ANTIGA NA ATUALIDADE
1. O problema
A heresia unicista, que nega a
distinção entre as Pessoas da Trindade, ainda persiste na atualidade,
especialmente em alguns movimentos pentecostais que, embora mantenham uma
aparência de cristianismo ortodoxo, ensinam uma visão distorcida de Deus. Esses
grupos, muitas vezes, utilizam músicas e mensagens populares para disseminar
suas ideias, tornando a heresia mais acessível e menos evidente para muitos
cristãos. No entanto, essa questão não é um mero detalhe teológico, trata-se de
um desvio que compromete a essência da revelação bíblica sobre Deus e o plano
da salvação.
Unicismo e o desvio doutrinário sobre Deus
O unicismo nega a coexistência eterna
de três Pessoas distintas na divindade - Pai, Filho e Espírito Santo -,
reduzindo-as a meros modos ou manifestações de uma única Pessoa. Essa visão
contradiz diretamente a revelação bíblica. Jesus, ao orar em João 17:3,
destacou a necessidade de reconhecer o Pai como o único Deus verdadeiro e a Si
mesmo como Aquele que foi enviado. Essa declaração não apenas reafirma a
distinção entre as Pessoas, mas também aponta para a importância de compreender
essa verdade para a salvação.
Em João 17:3, Jesus ensina que a vida
eterna depende do conhecimento do Pai como Deus verdadeiro e de Jesus como o
enviado. Esse conhecimento não é meramente intelectual, mas profundamente
relacional, envolvendo comunhão, fé, adoração e obediência. A unidade entre o
Pai e o Filho não anula sua distinção pessoal. Pelo contrário, essa unidade é
fundamentada em sua essência divina comum (João 10:30). Negar essa distinção
compromete o entendimento correto do evangelho e do relacionamento que Deus
deseja ter com a humanidade.
Unidade na Trindade: uma revelação Bíblica
Embora Pai, Filho e Espírito Santo
compartilhem a mesma essência divina, a Bíblia consistentemente apresenta cada
Pessoa da Trindade em papéis distintos:
- O Pai
envia o Filho ao mundo (João 3:16; João 5:37).
- O Filho
executa a obra de redenção e revela o Pai (João 14:9; João 17:4).
- O Espírito
Santo aplica a obra redentora, habitando nos crentes e os guiando em
toda verdade (João 14:26; João 16:13).
A compreensão bíblica de Deus envolve a
aceitação dessa pluralidade na unidade. Negar essa verdade é reduzir o Deus
revelado nas Escrituras a algo inferior ao Seu pleno caráter divino.
Movimentos unicistas apresentam uma
visão limitada de Deus que, embora pareça próxima à fé cristã, contradiz a
Bíblia. Ao confundir as pessoas da Trindade, esses grupos distorcem a natureza
do Deus revelado em Jesus Cristo, comprometendo a base do evangelho. Essa
heresia não é apenas uma questão de terminologia ou perspectiva, mas afeta
profundamente a compreensão da obra da salvação.
Mesmo disfarçado em um contexto
contemporâneo, o Unicismo continua sendo uma ameaça à pureza doutrinária. Para
combatê-lo, é essencial que os cristãos conheçam e proclamem a verdade bíblica
sobre a Trindade. O reconhecimento do Pai, do Filho e do Espírito Santo como
Pessoas distintas, mas igualmente divinas, é central para nossa fé e adoração.
A vida eterna depende do correto conhecimento de Deus, e isso inclui a
aceitação plena da Trindade conforme revelada nas Escrituras.
2. Uma reflexão
bíblica sobre o impacto das músicas unicistas
A questão do uso de músicas compostas
por movimentos unicistas levanta um ponto delicado: como devemos entender as
conversões e as experiências espirituais associadas a esses ministérios? À luz
da Bíblia, é essencial separar o poder transformador da Palavra de Deus da
falibilidade dos instrumentos humanos que a proclamam.
Jesus ensina que a eficácia espiritual
não está nas mãos do semeador, mas na semente - a Palavra de Deus (Lc.8:11).
Mesmo que essa “semente” seja lançada por pessoas com doutrinas equivocadas ou
vidas espiritualmente comprometidas, ela possui intrinsecamente o poder de
gerar vida, conforme Isaías 55:11: "Assim será a palavra que sair da
minha boca: ela não voltará para mim vazia". A obra de Deus não é
limitada pelos erros humanos, mas isso não isenta os crentes de discernirem e
confrontarem falsas doutrinas (2Tm.4:2-4).
Muitas pessoas justificam o consumo de
músicas ou práticas equivocadas baseando-se em experiências emocionais
positivas. Contudo, a Bíblia é clara ao afirmar que o coração humano, sem a
orientação de Deus, é enganoso e corrupto (Jr.17:9). Sentir-se bem ao ouvir uma
música ou participar de um evento não garante a conformidade dessa prática com
a verdade bíblica. Em Mateus 7:21-23, Jesus adverte que muitos realizarão obras
em Seu nome sem, de fato, fazerem a vontade de Deus. Emoções são importantes,
mas devem ser submetidas à autoridade da Palavra.
A doutrina cristã não se baseia em
emoções, experiências pessoais ou tradições, mas unicamente na Palavra de Deus
(2Tm.3:16,17). Pedro exorta os crentes a atentarem à profecia bíblica como uma "luz
que brilha em lugar escuro" (2Pd.1:19), reafirmando que a verdade é
revelada por Deus, e não pelo homem. João 16:13 reforça que é o Espírito Santo
quem guia os crentes em toda a verdade, conduzindo-os pela Palavra.
Embora a conversão de pessoas através de
músicas ou mensagens equivocadas possa ocorrer, isso não justifica a adoção ou
a validação de heresias. Os crentes são chamados a testar os espíritos
(1Jo.4:1) e a rejeitar qualquer doutrina que não esteja alinhada com a verdade
bíblica (Gl.1:8,9). O uso de conteúdos associados a heresias requer vigilância
espiritual e compromisso com a pureza doutrinária, evitando que tais materiais
sirvam de porta de entrada para ideias equivocadas.
Enfim, Deus, em Sua soberania, pode
usar até mesmo instrumentos imperfeitos para cumprir Seus propósitos. No
entanto, isso não diminui a responsabilidade dos crentes de se manterem firmes
na verdade da Palavra. Emoções e experiências humanas não são base para
doutrina; somente as Escrituras têm essa autoridade. Como seguidores de Cristo,
devemos buscar uma adoração fundamentada na verdade bíblica, guiada pelo
Espírito Santo e centrada em Deus.
3. A posição oficial
da Igreja Assembleia de Deus
A Igreja Assembleia de Deus, desde sua
origem, posiciona-se firmemente contra o Unicismo, reconhecendo-o como uma
heresia condenada pelas Escrituras e rejeitada pelos principais ramos do
cristianismo ao longo da história. Essa doutrina deturpa a verdadeira
identidade de Deus revelada na Bíblia, apresentando um Jesus diferente daquele
descrito no Novo Testamento (2Co.11:4).
Em sua Declaração de Fé, a Assembleia
de Deus afirma o compromisso com a sã doutrina, rejeitando o uso de músicas de
grupos unicistas em cultos e atividades eclesiásticas. Tal decisão não é um
ataque pessoal aos seguidores do Unicismo, mas sim uma defesa da pureza
doutrinária e da verdadeira adoração ao Deus triúno revelado nas Escrituras.
Apesar da oposição à doutrina, a
postura da igreja em relação aos adeptos do Unicismo deve ser marcada por
respeito e mansidão. A Bíblia nos orienta a manter contato respeitoso com
pessoas de crenças diferentes, ao mesmo tempo em que rejeitamos a propagação de
ensinamentos contrários à verdade bíblica (2João 10,11). Assim, nosso
compromisso é com a verdade, mas também com o amor, buscando oportunidades de
testemunhar o Evangelho de forma firme, mas graciosa.
“NEGAÇÃO AO UNICISMO, UNITARISMO E
TRITEÍSMO. Negamos o Unicismo sabelianista e moderno, ou seja, que o Pai, o
Filho e o Espírito Santo sejam três modos de uma mesma pessoa divina, porque
está escrito que as três pessoas são distintas.
Negamos também o Unitarismo, pois essa
doutrina afirma que somente o Pai é Deus, negando, assim, a divindade do Filho
e do Espírito Santo, ao passo que as Escrituras Sagradas ensinam a divindade do
Filho e do Espírito Santo.
Também negamos o Triteísmo, ou seja,
que existam três deuses separados, pois a Bíblia revela a existência de um
único Deus verdadeiro: ‘há um só Deus e que não há outro além dele’ (Mc 12.32);
‘todavia, para nós há um só Deus’ (1 Co.8.6). Essa doutrina monoteísta tem
implicação para a salvação: “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por
único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste’’ (João 17.3) ”’
(Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.41).
CONCLUSÃO
Acabamos de estudar que,
indubitavelmente, Deus é Triúno. Deus é um só, mas subsiste eternamente em três
Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, que são iguais em essência, poder e
glória. Essa revelação está firmemente alicerçada nas Escrituras, desde os
primeiros indícios no Antigo Testamento até a plena manifestação no Novo
Testamento.
Compreender a Trindade é essencial para
a verdadeira adoração e comunhão com Deus, pois ela reflete o amor e a unidade
perfeita que existem em Sua natureza divina. Ao mesmo tempo, é nosso dever
combater heresias que distorcem essa doutrina, como o Unicismo, permanecendo
fiéis à Palavra de Deus.
Ao defender a verdade bíblica, somos
chamados a agir com mansidão e respeito, refletindo o amor de Deus em nossos
relacionamentos, mas sem abrir mão da fidelidade às Escrituras. Que este estudo
fortaleça nossa fé e nos leve a glorificar a Deus, Pai, Filho e Espírito Santo,
o único Deus verdadeiro e eterno.
Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave –
Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico
popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário do Novo Testamento –
Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento. CPAD.
Dicionário VINE.CPAD.
O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Mateus –
Jesus, o Rei dos reis.
Pr. Hernandes Dias Lopes. 1, 2 e 3João
– como ter garantias da salvação.
Pr. Hernandes Dias Lopes. 1Pedro – com
os pés no vale e o coração no céu.
Pr. Hernandes Dias Lopes. João – As
glórias do Filho de Deus.
Declaração de Fé das Assembleias de
Deus. Rio de Janeiro. CPAD.
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