No
3º Trimestre de 2025 estudaremos sobre o seguinte tema: “A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, Comunhão e Fé – a base para o crescimento
da Igreja”.
Comentarista: Pr.
José Gonçalves, líder da Assembleia de Deus em Água Branca (PI), mestre em
Teologia, graduado em filosofia, escritor de diversas obras editadas pela CPAD
e membro da Comissão de Apologética da CGADB.
O Tema geral do
Trimestre propõe uma análise profunda da primeira comunidade cristã formada após
a ascensão de Jesus e o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes. Através
do livro de Atos dos Apóstolos, especialmente os capítulos 1 a 15, o
comentarista Pr. José Gonçalves nos conduz por uma jornada teológica, histórica
e espiritual sobre como a Igreja de Jerusalém se tornou o protótipo da Igreja
Cristã: firme na doutrina dos apóstolos, comprometida com a comunhão fraternal
e cheia de fé em meio aos desafios.
A
Igreja de Jerusalém não é apenas o ponto de partida da história da Igreja; ela
é um modelo funcional e espiritual de como o povo de Deus deve se comportar
diante da Palavra, do Espírito Santo e da missão. Doutrina, comunhão e fé foram
os três pilares que sustentaram essa igreja nascente, demonstrando que o
crescimento numérico e qualitativo da Igreja não depende de recursos humanos,
mas da obediência ao padrão divino estabelecido por Jesus e mantido pelos
apóstolos.
O
livro de Atos revela que o crescimento da Igreja não era apenas orgânico, mas
também espiritual, social e missional. A Igreja de Jerusalém enfrentou
oposição, perseguições, conflitos internos e desafios doutrinários, mas
manteve-se firme, unida e aberta à direção do Espírito Santo. Esse modelo é
atual e necessário para a Igreja contemporânea.
1. Igreja: o que
significa?
Na
perspectiva bíblica, igreja não é apenas um edifício físico, mas um edifício
espiritual formado por pessoas vivas - os crentes em Cristo Jesus. O apóstolo
Pedro diz: “Também vós mesmos, como pedras vivas, sois edificados casa
espiritual para serdes sacerdócio santo…” (1Pd.2:5). Essas “pedras vivas” são
os santos, os que foram chamados por Deus para compor a família espiritual: “Assim,
já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da
família de Deus…” (Ef.2:19-22).
A
palavra grega para igreja, ekklesia, significa literalmente “chamados
para fora”. Refere-se às pessoas que foram chamadas por Deus para saírem do
pecado e viverem em obediência a Ele. A igreja, portanto, é um corpo vivo de
pessoas redimidas, não uma instituição fria ou impessoal. Como organismo vivo,
a igreja sente (Atos 5:11), ora (Atos 12.5), fala (Mt.18:17) e age.
Os
membros da igreja são santos, não porque sejam perfeitos, mas porque foram
separados do mundo para Deus (João 17:14-23; Cl.1:13; 1Pd.2:9). Esse chamado se
dá por meio da pregação do evangelho (2Ts.2:13,14), e os verdadeiros
convertidos são chamados de “santos” (1Co.1:2; Cl.1:1,2).
2. Igreja: organismo
vivo, não instituição humana
Muitos
compreendem a igreja como uma mera organização ou instituição, mas a Bíblia a
descreve como um corpo orgânico formado por membros vivos (Rm.12:4,5; 1Co.12:12-27;
Ef.5:23). Jesus não morreu por estruturas físicas, mas pelas almas dos que creem,
adquiridas com seu sangue (Atos 20:28; 1Co.6:19,20).
O
Pai e o Filho não habitam em organizações, mas no coração dos obedientes (João
14:15,23). Cada salvo é uma “pedra” na edificação espiritual que é a Igreja
(1Co.3:10-15). A comunhão verdadeira, o serviço e a adoração a Deus não
dependem de instituições humanas, mas de um povo regenerado pelo Espírito Santo.
3. Igreja Universal e Igreja
Local
Muitas
pessoas sugerem que a “igreja universal” é constituída de todas as igrejas
locais no mundo. Isto não é um conceito bíblico. A Bíblia distingue claramente
entre Igreja Local e Igreja Universal:
- A Igreja Local é composta pelos
crentes que se reúnem regularmente em um local específico (Rm.16:14,15;
1Co.16:19; Cl.4:15). É visível, identificável e organizada conforme os
princípios do Novo Testamento.
- A Igreja
Universal
inclui todos os salvos em Cristo ao redor do mundo, em todas as épocas. É
invisível ao olhar humano e só Deus conhece os que verdadeiramente lhe
pertencem (Hb.12:23).
Portanto,
tentar definir ou contar todos os membros da Igreja Universal é inútil e revela
uma compreensão limitada. Somente Deus conhece os que são seus.
4. Lições Bíblicas
propostas para o trimestre letivo
Ao
longo do trimestre, estudaremos treze Lições com os seguintes temas propostos:
Lição 1 – A Igreja que
nasceu no Pentecostes (Atos 1:12-14; 2:37-47)
Esta
lição marca o nascimento da Igreja cristã. O Pentecostes inaugurou a era do
Espírito Santo, evidenciando o cumprimento da promessa de Cristo. A lição
destaca a centralidade da oração, da pregação e da conversão como fundamentos
da Igreja nascente.
O
nascimento da Igreja no dia de Pentecostes não foi fruto de organização humana,
mas resultado direto da promessa de Jesus e da ação poderosa do Espírito Santo.
Nesse evento, inicia-se uma nova fase do plano redentor de Deus: o Espírito
agora habita nos crentes e os capacita para a missão. A Igreja de Jerusalém
surge como uma comunidade viva, dinâmica e cheia de fervor espiritual, marcada
pela pregação, conversão, comunhão e serviço.
O
Pentecostes nos desafia a viver uma fé vibrante, impulsionada pelo Espírito
Santo. Assim como os primeiros discípulos, precisamos cultivar um coração
sensível à Palavra, perseverar em oração e estar abertos à ação sobrenatural de
Deus. O crescimento espiritual e numérico da Igreja nasce da obediência, da
unidade e da consagração.
Lição 2 – A Igreja de
Jerusalém: um modelo a ser seguido (Atos 2:1-14)
Esta
Lição aponta os traços distintivos da Igreja primitiva: ensino, comunhão,
partir do pão e orações. A Igreja de Jerusalém revela como a fé cristã deve se
expressar coletivamente, em amor, unidade e poder espiritual.
A
Igreja de Jerusalém nasceu sob o fogo do Espírito Santo e se estabeleceu como
um referencial para todas as gerações. Sua firmeza doutrinária, comunhão
sincera, oração constante e vida cheia do Espírito revelam um modelo de
espiritualidade madura e comprometida. Essa comunidade não era perfeita, mas
estava profundamente enraizada nos valores do Reino de Deus.
Somos
chamados a refletir o modelo da Igreja primitiva. Não basta pertencer à igreja
visível — é preciso viver como discípulo de Cristo, buscando comunhão,
santidade e compromisso com a missão. Seguir o exemplo da Igreja de Jerusalém é
alinhar-se à vontade de Deus.
Lição 3 – Uma Igreja fiel
à pregação do Evangelho (Atos 3:11-26)
Esta
Lição reforça o compromisso da Igreja com a verdade do Evangelho. A cura do
paralítico serve de ponto de partida para uma poderosa pregação de Pedro. A
Igreja de Jerusalém mostra-se fiel à proclamação do Evangelho, mesmo diante da
oposição. Seu foco não está no espetáculo do milagre, mas na exaltação de Cristo
crucificado e ressurreto.
A
Igreja de hoje precisa recuperar sua voz profética. O compromisso com a verdade
do Evangelho deve estar acima de qualquer interesse. Pregar a Cristo, com
ousadia e fidelidade, continua sendo o principal instrumento de transformação
espiritual.
Lição 4 – Uma Igreja cheia
do Espírito Santo (Atos 4:19-31)
A
oração coletiva fortalece a Igreja diante das ameaças, conduzindo-a a um novo
derramar de poder e ousadia. Diante das ameaças, os cristãos não recuam. Ao
contrário, buscam a Deus em oração e são novamente cheios do Espírito Santo.
Isso revela que o enchimento do Espírito é contínuo e indispensável para a
missão e resistência cristã.
O
poder do Espírito nos capacita a testemunhar com ousadia. Em tempos de
oposição, precisamos depender mais da oração e da presença do Espírito Santo do
que de estratégias humanas. Uma igreja cheia do Espírito é uma igreja
inabalável.
Lição 5 – Uma Igreja cheia
de Amor (Atos 4:32-37)
Esta
Lição demonstra a generosidade e o desprendimento da Igreja primitiva. A
comunhão era visível nas atitudes práticas de cuidado mútuo, revelando que o
amor cristão vai além das palavras.
A
generosidade era uma marca da Igreja primitiva. Os cristãos compartilhavam seus
bens voluntariamente, motivados por amor. Não havia necessitados entre eles
porque havia um profundo senso de comunhão e responsabilidade mútua.
A
autenticidade do amor cristão se manifesta em ações práticas. A Igreja atual
precisa romper com o individualismo e cultivar a solidariedade. Onde há amor
verdadeiro, há provisão, acolhimento e cuidado mútuo.
Lição 6 – Uma Igreja não
conivente com a mentira (Atos 5:1-16)
Ananias
e Safira representam a ameaça da hipocrisia interna. Deus preserva a santidade
de sua Igreja, mostrando que integridade e temor ao Senhor são indispensáveis.
A
morte de Ananias e Safira revela a seriedade com que Deus trata a integridade
no seio da Igreja. O juízo divino reforça que a comunhão dos santos deve ser
preservada em santidade e verdade.
Deus
não tolera a hipocrisia espiritual. A Igreja deve ser um ambiente de
transparência e temor a Deus. Precisamos cultivar um coração sincero, longe da
aparência religiosa e do engano.
Lição 7 – Uma Igreja que
não teme a perseguição (Atos 5:17-29; 12:1-5)
A
perseguição não silenciou a Igreja de Jerusalém. Mesmo perseguida, a Igreja
perseverou em sua missão. A obediência a Deus foi colocada acima da obediência
aos homens. Os apóstolos, mesmo ameaçados, continuaram pregando com coragem. A
prisão de Pedro e a morte de Tiago revelaram os riscos, mas também a fidelidade
inabalável do povo de Deus. A oração e a intervenção divina demonstram que Deus
sustenta sua Igreja.
A
verdadeira Igreja de Cristo não se intimida diante da oposição. Devemos estar
dispostos a sofrer pelo Evangelho, certos de que Deus é soberano sobre todas as
coisas. A fidelidade a Deus vale mais que a segurança pessoal.
Lição 8 – Uma Igreja que
enfrenta os seus problemas (Atos 6:1-7)
Diante
de uma crise de natureza administrativa e social, os apóstolos tomaram decisões
sábias e inspiradas. A instituição dos diáconos mostra a importância do bom
testemunho e da sabedoria espiritual na liderança; mostra a capacidade da
Igreja de se adaptar sem perder sua essência.
Problemas
não devem ser ignorados, mas enfrentados com sabedoria, oração e discernimento.
A maturidade espiritual se revela na capacidade de resolver conflitos de
maneira bíblica e justa.
Lição 9 – Uma Igreja que
se arrisca (Atos 6:8-15; 7:54-60)
Esta
lição evidencia o preço do testemunho e a coragem de manter-se fiel até a morte.
Estêvão é o exemplo da Igreja que não teme entregar sua vida por Cristo. Cheio
do Espírito Santo e sabedoria, ele não recuou diante do perigo. Sua coragem e
testemunho foram marcantes. Ao se tornar o primeiro mártir cristão, ele inspira
a Igreja a ser fiel até o fim.
Seguir
a Cristo implica risco. Precisamos estar dispostos a pagar o preço do
discipulado. A vida de Estêvão nos desafia a manter a fidelidade e a firmeza
mesmo diante da morte.
Lição 10 – A expansão
da Igreja (Atos 8:1-12)
A
perseguição levou à dispersão dos crentes, e com ela, o Evangelho alcançou
outras regiões. A perseguição que dispersa os crentes acaba sendo um meio para
expandir o Evangelho. Filipe pregou em Samaria, e muitos creram. A missão rompeu
as fronteiras de Jerusalém. Isto mostra que o crescimento da Igreja está ligado
à obediência à missão.
Deus
transforma adversidades em oportunidades para avançar com Sua obra. A Igreja
precisa estar sempre pronta a se mover, obedecendo à direção do Espírito e
proclamando o Evangelho em novos campos.
Lição 11 – Uma Igreja hebreia
na casa de um estrangeiro (Atos 10:1-8, 21-23, 44-48)
Pedro
é conduzido ao lar de Cornélio, um gentio. A lição mostra a superação das
barreiras culturais e a universalidade do Evangelho. A visita de Pedro à casa
de Cornélio representa um divisor de águas. A salvação alcançou os gentios, e o
Espírito Santo foi derramado sobre eles, sem distinção. Deus quebra paradigmas
culturais e religiosos.
A
Igreja deve romper com preconceitos e barreiras. O Evangelho é universal, e todos
são chamados à comunhão com Deus. A missão exige de nós disposição para ir aonde
Deus enviar.
Lição 12 – O caráter missionário
da Igreja de Jerusalém (Atos 11:19-30)
Apesar
de inicialmente centrada em Jerusalém, a Igreja se envolveu no envio de missionários
e no apoio a outras comunidades, revelando sua maturidade e responsabilidade
cristã.
Apesar
de ser o berço da Igreja cristã, Jerusalém não se fechou em si mesma. Apoiou o
crescimento da obra em outros lugares, enviou Barnabé e Saulo (Paulo), e socorreu
os necessitados. Sua visão foi missionária e solidária.
Uma
igreja saudável é uma igreja missionária. Precisamos manter os olhos além das
nossas paredes e investir na expansão do Reino. A missão de Deus é global e
envolve cada crente.
Lição 13 – A Assembleia
de Jerusalém (Atos 15:22-32)
A
Igreja enfrentou uma crise doutrinária, quando do desafio da inclusão dos
gentios, mas respondeu com equilíbrio, oração e sabedoria. A Assembleia de
Jerusalém garantiu a unidade e reafirmou a centralidade da graça para a
salvação. A Assembleia demonstrou a importância da liderança espiritual, do
consenso e da orientação do Espírito na resolução de questões doutrinárias.
Em
tempos de confusão, é essencial voltar à Palavra e buscar direção do Espírito
Santo. A unidade da Igreja deve ser preservada com humildade, diálogo e
fidelidade ao Evangelho.
Conclusão
Este
trimestre oferecerá à Igreja atual a oportunidade de redescobrir os valores
fundamentais do Cristianismo Apostólico. Cada lição é um convite ao retorno à
essência da fé: viver sob a direção do Espírito Santo, manter-se firme na
doutrina, cultivar comunhão verdadeira e cumprir a missão de Deus no mundo. A
Igreja de Jerusalém, embora antiga, é um espelho para os dias modernos — uma
referência de perseverança, espiritualidade e compromisso com a verdade.
Luciano de Paula Lourenço
EBD/IEADTC
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