sábado, 28 de junho de 2025

LIÇÕES BÍBLICAS EBD - 3° TRIMESTRE DE 2025

 


No 3º Trimestre de 2025 estudaremos sobre o seguinte tema: A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, Comunhão e Fé – a base para o crescimento da Igreja”.

Comentarista: Pr. José Gonçalves, líder da Assembleia de Deus em Água Branca (PI), mestre em Teologia, graduado em filosofia, escritor de diversas obras editadas pela CPAD e membro da Comissão de Apologética da CGADB.

O Tema geral do Trimestre propõe uma análise profunda da primeira comunidade cristã formada após a ascensão de Jesus e o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes. Através do livro de Atos dos Apóstolos, especialmente os capítulos 1 a 15, o comentarista Pr. José Gonçalves nos conduz por uma jornada teológica, histórica e espiritual sobre como a Igreja de Jerusalém se tornou o protótipo da Igreja Cristã: firme na doutrina dos apóstolos, comprometida com a comunhão fraternal e cheia de fé em meio aos desafios.

A Igreja de Jerusalém não é apenas o ponto de partida da história da Igreja; ela é um modelo funcional e espiritual de como o povo de Deus deve se comportar diante da Palavra, do Espírito Santo e da missão. Doutrina, comunhão e fé foram os três pilares que sustentaram essa igreja nascente, demonstrando que o crescimento numérico e qualitativo da Igreja não depende de recursos humanos, mas da obediência ao padrão divino estabelecido por Jesus e mantido pelos apóstolos.

O livro de Atos revela que o crescimento da Igreja não era apenas orgânico, mas também espiritual, social e missional. A Igreja de Jerusalém enfrentou oposição, perseguições, conflitos internos e desafios doutrinários, mas manteve-se firme, unida e aberta à direção do Espírito Santo. Esse modelo é atual e necessário para a Igreja contemporânea.

1. Igreja: o que significa?

Na perspectiva bíblica, igreja não é apenas um edifício físico, mas um edifício espiritual formado por pessoas vivas - os crentes em Cristo Jesus. O apóstolo Pedro diz: “Também vós mesmos, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo…” (1Pd.2:5). Essas “pedras vivas” são os santos, os que foram chamados por Deus para compor a família espiritual: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus…” (Ef.2:19-22).

A palavra grega para igreja, ekklesia, significa literalmente “chamados para fora”. Refere-se às pessoas que foram chamadas por Deus para saírem do pecado e viverem em obediência a Ele. A igreja, portanto, é um corpo vivo de pessoas redimidas, não uma instituição fria ou impessoal. Como organismo vivo, a igreja sente (Atos 5:11), ora (Atos 12.5), fala (Mt.18:17) e age.

Os membros da igreja são santos, não porque sejam perfeitos, mas porque foram separados do mundo para Deus (João 17:14-23; Cl.1:13; 1Pd.2:9). Esse chamado se dá por meio da pregação do evangelho (2Ts.2:13,14), e os verdadeiros convertidos são chamados de “santos” (1Co.1:2; Cl.1:1,2).

2. Igreja: organismo vivo, não instituição humana

Muitos compreendem a igreja como uma mera organização ou instituição, mas a Bíblia a descreve como um corpo orgânico formado por membros vivos (Rm.12:4,5; 1Co.12:12-27; Ef.5:23). Jesus não morreu por estruturas físicas, mas pelas almas dos que creem, adquiridas com seu sangue (Atos 20:28; 1Co.6:19,20).

O Pai e o Filho não habitam em organizações, mas no coração dos obedientes (João 14:15,23). Cada salvo é uma “pedra” na edificação espiritual que é a Igreja (1Co.3:10-15). A comunhão verdadeira, o serviço e a adoração a Deus não dependem de instituições humanas, mas de um povo regenerado pelo Espírito Santo.

3. Igreja Universal e Igreja Local

Muitas pessoas sugerem que a “igreja universal” é constituída de todas as igrejas locais no mundo. Isto não é um conceito bíblico. A Bíblia distingue claramente entre Igreja Local e Igreja Universal:

  • A Igreja Local é composta pelos crentes que se reúnem regularmente em um local específico (Rm.16:14,15; 1Co.16:19; Cl.4:15). É visível, identificável e organizada conforme os princípios do Novo Testamento.
  • A Igreja Universal inclui todos os salvos em Cristo ao redor do mundo, em todas as épocas. É invisível ao olhar humano e só Deus conhece os que verdadeiramente lhe pertencem (Hb.12:23).

Portanto, tentar definir ou contar todos os membros da Igreja Universal é inútil e revela uma compreensão limitada. Somente Deus conhece os que são seus.

4. Lições Bíblicas propostas para o trimestre letivo

Ao longo do trimestre, estudaremos treze Lições com os seguintes temas propostos:

Lição 1 – A Igreja que nasceu no Pentecostes (Atos 1:12-14; 2:37-47)

Esta lição marca o nascimento da Igreja cristã. O Pentecostes inaugurou a era do Espírito Santo, evidenciando o cumprimento da promessa de Cristo. A lição destaca a centralidade da oração, da pregação e da conversão como fundamentos da Igreja nascente.

O nascimento da Igreja no dia de Pentecostes não foi fruto de organização humana, mas resultado direto da promessa de Jesus e da ação poderosa do Espírito Santo. Nesse evento, inicia-se uma nova fase do plano redentor de Deus: o Espírito agora habita nos crentes e os capacita para a missão. A Igreja de Jerusalém surge como uma comunidade viva, dinâmica e cheia de fervor espiritual, marcada pela pregação, conversão, comunhão e serviço.

O Pentecostes nos desafia a viver uma fé vibrante, impulsionada pelo Espírito Santo. Assim como os primeiros discípulos, precisamos cultivar um coração sensível à Palavra, perseverar em oração e estar abertos à ação sobrenatural de Deus. O crescimento espiritual e numérico da Igreja nasce da obediência, da unidade e da consagração.

Lição 2 – A Igreja de Jerusalém: um modelo a ser seguido (Atos 2:1-14)

Esta Lição aponta os traços distintivos da Igreja primitiva: ensino, comunhão, partir do pão e orações. A Igreja de Jerusalém revela como a fé cristã deve se expressar coletivamente, em amor, unidade e poder espiritual.

A Igreja de Jerusalém nasceu sob o fogo do Espírito Santo e se estabeleceu como um referencial para todas as gerações. Sua firmeza doutrinária, comunhão sincera, oração constante e vida cheia do Espírito revelam um modelo de espiritualidade madura e comprometida. Essa comunidade não era perfeita, mas estava profundamente enraizada nos valores do Reino de Deus.

Somos chamados a refletir o modelo da Igreja primitiva. Não basta pertencer à igreja visível — é preciso viver como discípulo de Cristo, buscando comunhão, santidade e compromisso com a missão. Seguir o exemplo da Igreja de Jerusalém é alinhar-se à vontade de Deus.

Lição 3 – Uma Igreja fiel à pregação do Evangelho (Atos 3:11-26)

Esta Lição reforça o compromisso da Igreja com a verdade do Evangelho. A cura do paralítico serve de ponto de partida para uma poderosa pregação de Pedro. A Igreja de Jerusalém mostra-se fiel à proclamação do Evangelho, mesmo diante da oposição. Seu foco não está no espetáculo do milagre, mas na exaltação de Cristo crucificado e ressurreto.

A Igreja de hoje precisa recuperar sua voz profética. O compromisso com a verdade do Evangelho deve estar acima de qualquer interesse. Pregar a Cristo, com ousadia e fidelidade, continua sendo o principal instrumento de transformação espiritual.

Lição 4 – Uma Igreja cheia do Espírito Santo (Atos 4:19-31)

A oração coletiva fortalece a Igreja diante das ameaças, conduzindo-a a um novo derramar de poder e ousadia. Diante das ameaças, os cristãos não recuam. Ao contrário, buscam a Deus em oração e são novamente cheios do Espírito Santo. Isso revela que o enchimento do Espírito é contínuo e indispensável para a missão e resistência cristã.

O poder do Espírito nos capacita a testemunhar com ousadia. Em tempos de oposição, precisamos depender mais da oração e da presença do Espírito Santo do que de estratégias humanas. Uma igreja cheia do Espírito é uma igreja inabalável.

Lição 5 – Uma Igreja cheia de Amor (Atos 4:32-37)

Esta Lição demonstra a generosidade e o desprendimento da Igreja primitiva. A comunhão era visível nas atitudes práticas de cuidado mútuo, revelando que o amor cristão vai além das palavras.

A generosidade era uma marca da Igreja primitiva. Os cristãos compartilhavam seus bens voluntariamente, motivados por amor. Não havia necessitados entre eles porque havia um profundo senso de comunhão e responsabilidade mútua.

A autenticidade do amor cristão se manifesta em ações práticas. A Igreja atual precisa romper com o individualismo e cultivar a solidariedade. Onde há amor verdadeiro, há provisão, acolhimento e cuidado mútuo.

Lição 6 – Uma Igreja não conivente com a mentira (Atos 5:1-16)

Ananias e Safira representam a ameaça da hipocrisia interna. Deus preserva a santidade de sua Igreja, mostrando que integridade e temor ao Senhor são indispensáveis.

A morte de Ananias e Safira revela a seriedade com que Deus trata a integridade no seio da Igreja. O juízo divino reforça que a comunhão dos santos deve ser preservada em santidade e verdade.

Deus não tolera a hipocrisia espiritual. A Igreja deve ser um ambiente de transparência e temor a Deus. Precisamos cultivar um coração sincero, longe da aparência religiosa e do engano.

Lição 7 – Uma Igreja que não teme a perseguição (Atos 5:17-29; 12:1-5)

A perseguição não silenciou a Igreja de Jerusalém. Mesmo perseguida, a Igreja perseverou em sua missão. A obediência a Deus foi colocada acima da obediência aos homens. Os apóstolos, mesmo ameaçados, continuaram pregando com coragem. A prisão de Pedro e a morte de Tiago revelaram os riscos, mas também a fidelidade inabalável do povo de Deus. A oração e a intervenção divina demonstram que Deus sustenta sua Igreja.

A verdadeira Igreja de Cristo não se intimida diante da oposição. Devemos estar dispostos a sofrer pelo Evangelho, certos de que Deus é soberano sobre todas as coisas. A fidelidade a Deus vale mais que a segurança pessoal.

Lição 8 – Uma Igreja que enfrenta os seus problemas (Atos 6:1-7)

Diante de uma crise de natureza administrativa e social, os apóstolos tomaram decisões sábias e inspiradas. A instituição dos diáconos mostra a importância do bom testemunho e da sabedoria espiritual na liderança; mostra a capacidade da Igreja de se adaptar sem perder sua essência.

Problemas não devem ser ignorados, mas enfrentados com sabedoria, oração e discernimento. A maturidade espiritual se revela na capacidade de resolver conflitos de maneira bíblica e justa.

Lição 9 – Uma Igreja que se arrisca (Atos 6:8-15; 7:54-60)

Esta lição evidencia o preço do testemunho e a coragem de manter-se fiel até a morte. Estêvão é o exemplo da Igreja que não teme entregar sua vida por Cristo. Cheio do Espírito Santo e sabedoria, ele não recuou diante do perigo. Sua coragem e testemunho foram marcantes. Ao se tornar o primeiro mártir cristão, ele inspira a Igreja a ser fiel até o fim.

Seguir a Cristo implica risco. Precisamos estar dispostos a pagar o preço do discipulado. A vida de Estêvão nos desafia a manter a fidelidade e a firmeza mesmo diante da morte.

Lição 10 – A expansão da Igreja (Atos 8:1-12)

A perseguição levou à dispersão dos crentes, e com ela, o Evangelho alcançou outras regiões. A perseguição que dispersa os crentes acaba sendo um meio para expandir o Evangelho. Filipe pregou em Samaria, e muitos creram. A missão rompeu as fronteiras de Jerusalém. Isto mostra que o crescimento da Igreja está ligado à obediência à missão.

Deus transforma adversidades em oportunidades para avançar com Sua obra. A Igreja precisa estar sempre pronta a se mover, obedecendo à direção do Espírito e proclamando o Evangelho em novos campos.

Lição 11 – Uma Igreja hebreia na casa de um estrangeiro (Atos 10:1-8, 21-23, 44-48)

Pedro é conduzido ao lar de Cornélio, um gentio. A lição mostra a superação das barreiras culturais e a universalidade do Evangelho. A visita de Pedro à casa de Cornélio representa um divisor de águas. A salvação alcançou os gentios, e o Espírito Santo foi derramado sobre eles, sem distinção. Deus quebra paradigmas culturais e religiosos.

A Igreja deve romper com preconceitos e barreiras. O Evangelho é universal, e todos são chamados à comunhão com Deus. A missão exige de nós disposição para ir aonde Deus enviar.

Lição 12 – O caráter missionário da Igreja de Jerusalém (Atos 11:19-30)

Apesar de inicialmente centrada em Jerusalém, a Igreja se envolveu no envio de missionários e no apoio a outras comunidades, revelando sua maturidade e responsabilidade cristã.

Apesar de ser o berço da Igreja cristã, Jerusalém não se fechou em si mesma. Apoiou o crescimento da obra em outros lugares, enviou Barnabé e Saulo (Paulo), e socorreu os necessitados. Sua visão foi missionária e solidária.

Uma igreja saudável é uma igreja missionária. Precisamos manter os olhos além das nossas paredes e investir na expansão do Reino. A missão de Deus é global e envolve cada crente.

Lição 13 – A Assembleia de Jerusalém (Atos 15:22-32)

A Igreja enfrentou uma crise doutrinária, quando do desafio da inclusão dos gentios, mas respondeu com equilíbrio, oração e sabedoria. A Assembleia de Jerusalém garantiu a unidade e reafirmou a centralidade da graça para a salvação. A Assembleia demonstrou a importância da liderança espiritual, do consenso e da orientação do Espírito na resolução de questões doutrinárias.

Em tempos de confusão, é essencial voltar à Palavra e buscar direção do Espírito Santo. A unidade da Igreja deve ser preservada com humildade, diálogo e fidelidade ao Evangelho.

Conclusão

Este trimestre oferecerá à Igreja atual a oportunidade de redescobrir os valores fundamentais do Cristianismo Apostólico. Cada lição é um convite ao retorno à essência da fé: viver sob a direção do Espírito Santo, manter-se firme na doutrina, cultivar comunhão verdadeira e cumprir a missão de Deus no mundo. A Igreja de Jerusalém, embora antiga, é um espelho para os dias modernos — uma referência de perseverança, espiritualidade e compromisso com a verdade.

 

Luciano de Paula Lourenço

EBD/IEADTC

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