segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Aula 05 – AMANDO E RESGATANDO A PESSOA DESGARRADA - Subsídio


4º Trimestre/2018

Texto Base: Lucas 15.3-10

"Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento" (Lc.15:7).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos de duas Parábolas proferidas por Jesus, narradas no capítulo 15 de Lucas: a da moeda perdida e a da ovelha perdida. Elas foram contadas com o objetivo de servirem de respostas às autoridades religiosas judaicas que criticavam e condenavam Jesus, porque recebia pecadores e comia com eles (Lc.15:2). O atrito entre Jesus e as autoridades religiosas teóricas (escribas) e práticas (fariseus) aumentava a cada dia. Eles ficavam à espreita, observando (Lc.14:1) e preparando ciladas com o intuito de tirar das suas próprias palavras motivos para o acusar (Lc.11:54).
Estas Parábolas retratam a atitude amorosa de Deus em relação a todos os pecadores. Isto era exatamente oposta à atitude apresentada pelos religiosos que condenavam Jesus por se misturar com os indesejáveis. Por meio destas duas Parábolas, Jesus estava explicando aos seus caluniadores que, embora eles não estivessem contentes com Ele, Deus Pai estava contente porque Jesus estava procurando as almas perdidas e trazendo a elas as Boas Novas do Reino.
Para entendermos cada uma destas duas Parábolas é necessário percebermos o grande valor que cada “objeto perdido” tinha para o seu possuidor. E nesses casos específicos, até os mais simples compreenderam o grande valor da ovelha perdida e da dracma perdida. Por serem importantes para seus possuidores, eles se dedicaram para reavê-los. Assim foi Deus. Para reaver o ser humano perdido em seus delitos e pecados, Ele enviou o Seu Filho amado – Jesus Cristo –, para morrer por toda a humanidade. Está escrito que “Deus amou o mundo e tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
I. INTERPRETANDO AS PARÁBOLAS DA OVELHA E DA DRACMA PERDIDAS
Estas Parábolas mostram aspectos diferentes de um mesmo tema: a busca amorosa de Deus à pessoa que se afastou dEle. No fim de cada história Jesus descreve uma festa, uma celebração: o pastor deu uma festa por ter achado sua ovelha perdida; a mulher deu uma festa porque achou sua moeda perdida. Duas histórias, e em cada uma aparece a mesma palavra: “gozo, alegria”.
Ao achar a ovelha, o pastor põe-na sobre os ombros e leva-a para sua casa; o pastor reuniu os amigos e vizinhos para alegrar-se com ele na salvação da ovelha perdida.
Ao achar a dracma perdida, a mulher reúne as amigas e vizinhas para festejar com ela; a dracma perdida que ela achou trouxe bem mais alegria para ela que as nove que nunca foram perdidas.
Portanto, o ponto principal das duas Parábolas é claro: Deus se alegra muito quando encontra a pessoa que estava perdida. Para Ele nenhum momento se compara ao da salvação de uma pessoa que estava perdida e foi encontrada. O pecador que se humilha e confessa sua condição de perdido traz alegria ao coração de Deus.
“Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc.15:10).
1. A Parábola da Ovelha perdida (Lc.15:4-7). A ovelha é um animal frágil, teimoso, indefeso, míope, que não consegue defender-se. Para estar segura, precisa do cuidado do pastor e da companhia das outras ovelhas.
Esta Parábola, que também fora contada em outra ocasião (Mt.18:12-14), ilustra a busca pelo perdido. Presenciar pastores apascentando ovelhas era algo corriqueiro e familiar naquela época. Então, uma prática extremamente comum, mais uma vez é utilizada por Jesus para transmitir os seus ensinos. Além dos ouvintes estarem habituados com a cena descrita por Jesus, vale também ressaltar que eles, principalmente os fariseus e os escribas, conheciam muito bem as passagens do Antigo Testamento que mostram Deus como o Pastor de suas ovelhas (Sl.23:1; Is.40:11; Ez.34:15,16).
Nesta Parábola, Jesus ilustrou o amor divino a partir da realidade do mundo do homem – o pastor. O seu significado é claro: uma unidade, simbolizada por cem, ficou rompida – perdeu-se uma ovelha. A atitude do pastor foi a de restabelecer a unidade.
Diante dos fariseus e escribas que murmuravam, dizendo que Jesus recebia pecadores e comia com eles (Lc.15:1,2), Jesus lhes faz a seguinte pergunta: “Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e não vai após a perdida até que venha a achá-la?” (Lc.15:4).
O que Jesus está ensinando nessa pergunta é que todo pastor bom e zeloso, buscará a ovelha perdida, mesmo que isso implique em deixar as outras 99 enquanto busca uma única que está desgarrada.
No texto, vemos que a ovelha se perdeu e o pastor deixou as 99 no aprisco e saiu em busca daquela que se desgarrou. Quando a encontrou, colocou-a sobre os ombros e voltou contente (Lc.15:5). Mesmo ainda tendo 99, o pastor esforçou-se para recuperar a ovelha que havia se desgarrado. Então, fez uma festa para qual convidou seus amigos e disse: “...alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida” (Lc.15:6). Em vez de sacrificá-la, o pastor alegrou-se em encontrá-la e festejou sua reintegração ao rebanho. É assim que Deus faz conosco. Ele não desiste de nos amar. Ele não nos trata conforme nossos pecados, mas consoante suas infinitas misericórdias.
Jesus contou esta Parábola depois de ter sido criticado pelos escribas e fariseus. E, certamente, eles entenderam o seu recado. Lucas 15:5,6 introduz a Lição principal desta Parábola, presente no versículo 7, que demonstra a alegria que há no Céu quando um pecador, ora perdido, é encontrado.
“Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc.15:7).
Essa alegria é resultante da busca e do cuidado providencial do Bom Pastor. Sobre isso, no Evangelho de João, Jesus nos mostra o tamanho desse cuidado:
“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10:11).
Quem são as noventa e nove ovelhas “justas” citadas por Jesus em Lucas 15:7? Existem diferentes interpretações sobre este tema. Selecionamos duas que se apresentam com maior coerência:
  • Esses “justos” são verdadeiramente “pessoas justas”, e que há alegria no Céu por aqueles que fazem a vontade de Deus e procuram seguir seus mandamentos, mas, quando um pecador se arrepende, então a alegria é ainda maior, pois um filho perdido foi encontrado.
  • Esses “justos” são aquelas pessoas que se acham justas a seus próprios olhos (como se achavam os escribas e os fariseus), que pensam não precisarem de arrependimento; afinal, se alguém se julga “justo”, este, não deve ter nada do que se arrepender.
Embora as duas interpretações sejam boas e demonstram verdades confirmadas pelas Escrituras, na minha concepção, a segunda interpretação é a mais correta. Para que fique mais claro esse pensamento, basta considerarmos o contexto da própria Parábola. Jesus estava junto dos “publicanos e pecadores” que o cercavam para ouvir suas palavras (Lc.15:1), enquanto os religiosos, que se orgulhavam de “cumprir” a Lei, se consideravam justos, e murmuravam diante da atitude de Jesus (Lc.15:2). Diante desse aspecto, parece claro que Jesus está falando dos fariseus e dos escribas, juntamente com os que os seguem.
Então, os “noventa e nove justos”, representam os murmuradores, que confiavam em suas próprias obras. Essa mesma condição também foi enfatizada por Jesus em outras ocasiões no mesmo Evangelho de Lucas:
“E os escribas deles, e os fariseus, murmuravam contra os seus discípulos, dizendo: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?”.
“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos; Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento” (Lc.5:30-32).
“E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros”(Lc.18:9).
De qualquer forma, seja qual for a interpretação adotada, o importante é entender que a ênfase desta Parábola está posta na ovelha que se perdeu, foi buscada, encontrada e celebrada. Em outras palavras, a Lição de Jesus demonstra que se um pastor humano deixa as noventa e nove ovelhas para buscar uma única que se perdeu, o que se pode esperar então do Bom Pastor celeste, que dá sua vida pelas ovelhas?
Perceba algumas atitudes de Jesus nesta Parábola, que nos traz profundas lições (Adaptado do Livro “Lucas – Jesus, o Homem perfeito”, do Rev. Hernandes Dias Lopes):
a) Jesus nos valoriza. O pastor poderia ter se contentado com as 99 ovelhas que estavam seguras e desistido da ovelha rebelde que se desgarrou. Mas o pastor não desistiu de buscar a ovelha, ainda que fosse uma ovelha rebelde.
b) Jesus nos procura. O pastor saiu em busca da ovelha perdida. Ele veio buscar e salvar o perdido. Ele veio para os doentes. Ele veio salvar pecadores. Ele move os céus e a terra para conquistar-nos e atrair-nos para si. Seu amor é eterno, sua compaixão é infinita, e seu prazer é ter-nos na sua presença.
c) Jesus desce aos mais profundos abismos para nos buscar. O Bom Pastor correu riscos para encontrar a ovelha perdida. Jesus desceu da glória, fez-se carne, sofreu, foi perseguido, humilhado, cuspido, pregado na cruz; Ele suportou na sua carne o flagelo dos nossos pecados; Ele bebeu sozinho o cálice da ira de Deus contra o pecado e morreu por nós, para nos resgatar da morte. Que bendito amor, sublime amor, incomensurável amor.
d) Jesus nos toma nos braços e nos leva para o aprisco. Jesus evidencia seu imenso amor a ponto de nos carregar no colo. Ele nos toma em seus braços eternos. Ele nos toma pela sua mão direita e nos conduz à glória. Ele não sente nojo da ovelha que caiu no abismo, mas desce os despenhadeiros mais perigosos para arrancar das entranhas da morte a ovelha que se perdeu; ao encontrá-la, toma-a amorosamente nos braços e a leva para o aprisco.
e) Jesus celebra com alegria o nosso resgate. Com ironia, o Senhor confronta os fariseus de dois modos, para vergonha deles:
·         Primeiro, os habitantes do céu alegram-se com a conversão de um pecador, enquanto para os fariseus isto constitui motivo de reclamação.
·         Segundo, os anjos de Deus sentem maior júbilo por um pecador que se arrepende do que por 99 justos da categoria dos fariseus. Os 99 justos citados aqui são os fariseus e escribas murmuradores (Lc.15:2), aqueles que são justos a seus próprios olhos, que não entram no Reino pela porta do arrependimento, nem se alegram com a entrada dos pecadores arrependidos. Enquanto os fariseus murmuram, a Bíblia diz que há festa no céu por um pecador que se arrepende. Os anjos exultam de alegria ao verem uma ovelha ser resgatada das garras da morte. Deus tem prazer na misericórdia e festeja a volta do pecador para Ele. Que graça maravilhosa, que Deus bendito, que nos ama com amor eterno apesar de sermos pecadores!
2. A Parábola da Dracma perdida. O termo "dracma" designa uma moeda grega que era compatível ao denário romano, valor que era equivalente a um dia de salário de um trabalhador agrícola. Assim, quando se considera que aquela mulher tinha somente dez moedas, tratava-se de uma perda significativa. Por isso, ela acende a lâmpada, varre a casa, e a procura diligentemente, fazendo uma verdadeira faxina, não deixando um só canto sem ser revistado em busca da pequena moeda que se perdeu.
Esta Parábola retrata uma realidade daquela época. As mulheres da Palestina recebiam “dez dracmas” como presente de casamento. Além do seu valor monetário, estas moedas tinham um valor sentimental semelhante ao de uma aliança; perder uma delas seria extremamente aflitivo. As dez moedas poderiam ter sido as economias dessa mulher, destinadas a sustentá-la numa época de necessidade. Ao descobrir que estava faltando uma moeda, a mulher acendeu a candeia para ver os cantos escuros e varrer cada parte da poeira do chão, na esperança de encontrá-la. Embora a mulher ainda tivesse nove moedas, ela não descansaria até que a décima fosse recuperada. A sua procura foi recompensada. Como o pastor da Parábola anterior, ela compartilhou a sua alegria com suas amigas e vizinhas para que se alegrassem com ela.
Nesta Parábola, Jesus retrata o amor de Deus por alguém que cai numa vida de pecado. Esta pessoa está perdida, separada do seu verdadeiro dono, que é o próprio Deus. Mas o dono das pessoas não desiste delas. Ao contrario, Ele procura misericordiosamente por ela, oferecendo-lhe livremente o perdão por meio de Seu Filho, Jesus Cristo.
Da mesma maneira como um pastor se alegraria por encontrar uma ovelha perdida, e uma mulher se alegraria por encontrar sua moeda perdida, também todo o Céu se alegra com um pecador que se arrepende. Cada indivíduo é precioso para Deus. Ele procura ativamente os perdidos e, quando são encontrados, “há alegria diante dos anjos de Deus” (Lc.15:10).
Vejamos algumas Lições que esta Parábola apresenta (Adaptado do Livro “Lucas – Jesus, o Homem perfeito”, do Rev. Hernandes Dias Lopes):
a) A dracma perdida tinha um grande valor. A mulher que perdeu a décima dracma não se conformou em desistir dela nem se contentou pelo fato de ter ainda em segurança as outras nove. Essa dracma ou moeda perdida era valorosa porque é um símbolo do ser humano que se perdeu. A proprietária da dracma tomou todas as medidas para reavê-la. Você tem grande valor para Deus. Ele não desiste de amar você. Ele mesmo tomou todas as medidas para buscar você. Ele deu a Sua própria vida para buscar você.
b) Medidas práticas foram tomadas para encontrar a dracma perdida. A mulher não ficou apenas lamentando a perda da dracma; ela tomou medidas práticas para encontrá-la:
·         Primeiro, ela acendeu a candeia. As casas na Palestina não tinham tantas portas e janelas como as de hoje. Não se podia procurar algo perdido sem primeiro iluminar a casa, e foi isso o que a mulher fez. Se quisermos encontrar a pessoa que se perdeu, precisamos também de luz: a luz da Palavra de Deus.
·         Segundo, ela varreu a casa. Ela tirou muita coisa do lugar e levantou muita poeira, fazendo uma verdadeira faxina em toda a casa. Para buscarmos o que se perdeu, precisamos ter coragem de mexer com muita coisa que está sedimentada em nossa vida; precisamos ainda ter coragem de levantar a poeira do tempo e remover os entulhos escondidos há muito tempo nos cantos escuros de nossa casa, de nossa vida.
·         Terceiro, ela procurou diligentemente a dracma até encontrá-la. Notemos duas coisas que essa mulher fez: primeiro, sua procura foi meticulosa; segundo, sua procura foi perseverante. Houve diligência e perseverança. É dessa maneira que devemos procurar aqueles que se perdem e se desviam. Um fato ainda digno de nota é que a dracma se perdeu dentro de casa. Muitos estão, também, perdidos dentro da igreja.
c) Houve alegria e celebração quando a dracma foi encontrada. A mulher buscou e encontrou a dracma perdida, usando todo esforço e diligência, mas a celebração dessa descoberta foi coletiva. Ela reuniu suas amigas e vizinhas para comemorar o fruto do seu labor. Devemos, de igual modo, não apenas buscar aqueles que se perderam, mas celebrar com grande e intenso júbilo quando eles são encontrados.
O Senhor Jesus concluiu a Parábola dizendo que a festa não é apenas na terra, mas também, e sobretudo, no Céu. Há júbilo diante dos anjos de Deus lá no Céu quando um pecador se arrepende. O Céu está conectado com a Terra. As coisas que acontecem aqui refletem lá. Os anjos não evangelizam, pois, essa gloriosa missão Deus deu a nós; porém, eles celebram com intenso júbilo os frutos da nossa evangelização. Os anjos não são ministros da reconciliação, mas eles festejam quando um desviado é encontrado e levado de volta à comunhão da Igreja.
II. PRECISAMOS BUSCAR QUEM SE DESGARROU
1. A vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos. Deus chama todas as pessoas à salvação, porque todas as pessoas pecaram (Rm.3:23). As Escrituras Sagradas são claras com relação a isto.
“Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm.2:4).
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
“Desejaria Eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor Jeová: não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva?” (Ez.18:23).
“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt.2:11).
Deus oferece uma real oportunidade de salvação a todas as pessoas, indistintamente. Mas, alguém poderá dizer que não são todas as pessoas que se salvam, e o dizem com razão, visto que as Escrituras assim o declaram, quando afirmam que “a fé não é de todos” (2Ts.3:2). No entanto, isto é apenas reflexo do fato de que o chamado para a salvação está inserido na ordem estabelecida por Deus de que as pessoas foram criadas com livre-arbítrio, ou seja, a graça salvadora de Deus é estendida a todas as pessoas, mas Ele requer que as pessoas estendam a sua mão para receber – “por meio da fé” (Ef.2:8).
Portanto, a chamada para a salvação parte de Deus, e tem caráter universal, pois o caráter divino é imparcial, Deus não faz acepção de pessoas (Dt.10:17; 2Cr.19:7; Jó 34:19; Is.47:3; At.10:34; Ef.6:9; 1Pd.1:17).
Assim, sendo proveniente de Deus, a chamada é para todas as pessoas, que, segundo afirmou Paulo, “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”(Rm.3:23). O Senhor Jesus também pensava assim quando lançou o seu convite a todos, sem qualquer exceção: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”(Mt.11:28). Também na Grande Comissão: “... ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”(Mc 16:15,16). Como se vê aqui, o Senhor Jesus Cristo não excluiu ninguém da grande chamada universal para a Salvação. O apóstolo Paulo também pensava assim, quando, em Atenas, na Grécia, pregou no Areópago, onde declarou: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam, porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos”(Atos 17:30,31). A vontade de Deus, portanto, é que todos os homens sejam salvos.
2. Jesus é um Pastor que está sempre em ação. Jesus é a expressão máxima do amor de Deus. Seu amor não foi proclamado do alto de uma cátedra, mas do alto da cruz. Ele não entregou para nós apenas ricas dádivas, ele deu-nos sua própria vida. Para libertar-nos sofreu o castigo da lei; para livrar-nos do pecado, fez-se pecado por nós; para livrar-nos da maldição, fez-se maldição por nós; para livrar-nos da morte, suportou o golpe da morte em nosso favor.
O Salmo 22, profeticamente revela-nos que Jesus, o bom Pastor, não veio para explorar as ovelhas e oprimi-las, mas para morrer por elas e dar-lhes a vida eterna. Ele não é como o mercenário que foge ao ver o lobo e deixa as ovelhas entregues aos predadores; ao contrário, ele as protege, as perdoa e as conduz a uma vida maiúscula, abundante e bem-aventurada.
Jesus, o amoroso Pastor, é incansável em suas tarefas. Ele vive para as ovelhas (Hb.13:20), Ele dá a Sua vida por elas (João 10:11). Ele trata suas ovelhas com ternura e mansidão (Is.40:11; 1Pd.5:2). Jesus não apenas deu sua vida pelas ovelhas, ele vive para elas. O Salmo 23 diz que Ele oferece às suas ovelhas provisão, direção, descanso, refrigério, companhia, livramento e vitória. Jesus é, na verdade, a maior provisão para suas ovelhas: Ele é o Senhor, o provedor, o companheiro e o hóspede. Ele protege, sustenta e acompanha suas ovelhas aqui, e ao fim, as recebe na Casa do Pai, a glória celeste. Jesus como o grande e amoroso Pastor das ovelhas é a verdade para a nossa mente, o caminho para os nossos pés, a vida para a nossa alma. Ele é a nossa esperança, a nossa alegria e a nossa paz. Ele é o nosso exemplo, o nosso alvo e a nossa força. Ele está à destra do Pai de onde intercede por nós e está conosco sempre em todos os lugares e em todas as circunstâncias.
3. Resgatando a ovelha desgarrada. Quem já viu alguma vez um rebanho de ovelhas e se atentou ao comportamento delas, sabe o quão limitadas elas são em todos os sentidos, e como são dependentes do pastor que as apascenta. É por isso que o pastor de ovelhas sempre está atento a qualquer problema que possa ocorrer com seu rebanho, para protegê-lo de qualquer imprevisto, visto que a ovelha em si, não possui qualquer condição de se virar sozinha.
Da mesma forma Cristo, como um pastor, vai à procura do homem que é totalmente incapaz de fazer qualquer coisa por si mesmo. É o pastor que vai em busca da ovelha, e não a ovelha que vai em busca do pastor. Logo, em termos de salvação, o homem por si só, mesmo pensando consigo possuir muitas habilidades e capacidades, não possui qualquer condição de encontrar o caminho para o aprisco da salvação. Sozinha, a ovelha perdida nunca teria sido encontrada. De igual modo, Deus encontra o pecador que está perdido no pecado e que sozinho nunca conseguirá escapar de cair no abismo.
Os homens passam suas vidas buscando alento em muitas coisas. Alguns buscam em religiões, outros em bens materiais, outros em status e fama ou qualquer outra coisa que possa satisfazê-los. Porém, quando o pecador é resgatado de sua perdição e se sente acolhido nos braços do Bom Pastor, não resta outra coisa a ele a não ser admitir que não foi ele quem encontrou a Cristo, mas Cristo foi quem o encontrou. Uma coisa, porém, temos que aceitar: a “ovelha” perdida, ou seja, o pecador perdido, não é forçado a voltar ao aprisco. O bom pastor apenas chama com insistência: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt.11:28).
Estas duas parábolas, portanto, deixam claro o interesse divino em todas as pessoas, por isso, devemos agir da mesma maneira que Jesus: indo em busca dos que se desgarraram. Devemos nos doar pela tarefa de anunciar o Evangelho que encontra e restaura o perdido. Cristo não odiou os publicanos e os pecadores, nem mesmo foi indiferente a eles, ao contrário, Ele fez mais até do que apenas recebê-los bem; na verdade, muitas vezes Ele mesmo é quem foi em busca destes (Lc.19:10; Mt.14:14; 18:12-14; João 10:16). E você? Qual tem sido sua atitude para com os perdidos? O nosso comentarista apresenta quatro passos mínimos para se resgatar uma ovelha desgarrada:
a)    Procure pela pessoa afastada. Demonstre interesse e evite julgamentos e questionamentos sobre os motivos de seu afastamento.
b)    Comprometa-se com a responsabilidade assumida. Resgatar é muito mais trabalhoso do que converter. Esteja disposto a apoiar a pessoa, colocando-se ao seu lado em todos os momentos possíveis;
c)     Incentive a pessoa neófita a participar das atividades da igreja local. Deve-se envolver a pessoa em atividades e pequenas responsabilidades com outras pessoas ou grupos, para que ela sinta o desejo de ser útil e de se envolver com as atividades da igreja.
d)    Nutra a pessoa com palavras e atitudes que edificam. Isto ignifica não julgar, mas estender as mãos em sinal de boas-vindas; significa ajudar a entender e buscar a compreensão das doutrinas e princípios da igreja, para que, aos poucos, compreenda por si próprio o que a doutrina ensina, e com esta compreensão encontre razões para adquirir firmeza.
III. HÁ ALEGRIA NO CÉU QUANDO UM PECADOR SE ARREPENDE
“Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc.15:10).
Ao apresentar estas duas parábolas, Jesus estava defendendo os interesses do Pai. Quem estava em foco era o próprio Deus e a sua maneira de agir. Em cada uma das parábolas percebemos o grande valor que cada “objeto perdido” tinha para o seu possuidor. E nestes casos específicos, até os mais simples compreenderam o grande valor da ovelha perdida e da dracma perdida. Por serem importantes para seus possuidores, eles se dedicaram para reavê-los. Ouve grande alegria quando encontrou o que estava perdido (Lc.15:7,10).
1. Quando o pastor encontrou a ovelha perdida houve grande alegria (Lc.15:6). Já vimos que a ovelha perdida representa o ser humano que está perdido, que vive longe de Deus. No texto, vemos que a ovelha se perdeu e o pastor deixou as 99 no aprisco e saiu em busca da ovelha desgarrada. Observe que na parábola não é dito o porquê de a ovelha ter se perdido. O pastor não está preocupado se ela é uma ovelha "rebelde" que gostava de fugir. A principal preocupação do pastor é encontrar a ovelha desgarrada. Jesus age da mesma forma com quem se afastou do redil, da Igreja; Ele espera apenas que ele se arrependa do que fez. Temos de entender que, sem arrependimento, será impossível salvar-nos e ficar firmes com Cristo (Lc.15:7). Quando o pastor encontrou a ovelha, alegremente a coloca sobre os ombros e a leva para casa. Querendo que outros tomem parte em sua alegria, ele convida os amigos e vizinhos para comemorar com ele: “Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida (Lc.15:6). Da mesma forma, há também alegria no Céu quando um pecador se arrepende dos seus erros e se junta às demais ovelhas do aprisco do amado Pastor e Bispo de nossas almas.
2. Quando a mulher encontrou a moeda perdida houve grande alegria (Lc.15:9). Na parábola da moeda perdida vemos também a ênfase colocada na alegria quando a moeda é encontrada. Depois do sucesso na procura, a mulher festejou com muita alegria, pois tinha conseguido o seu objetivo, mesmo que para isso tivesse que gastar um pouco daquele valor para festejar. Esta parábola, também, simboliza o homem que se perdeu, desviando-se de Deus, e a alegria que Ele sente quando um pecador perdido volta a Ele. Ele está pronto a perdoar qualquer “ovelha” perdida, desgarrada. Ele é grandioso em perdoar (Is.55:7).
 “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar”.
Não há pecado que Deus não possa perdoar, se a pessoa verdadeiramente estiver disposta a pedir perdão.
Vinde, então, e argui-me, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã” (Is.1:18).
3. A alegria da salvação (Lc.15:10). Assim como um pastor se alegra por encontrar a sua ovelha perdida, assim como uma mulher se regozija por encontrar sua moeda perdida, os anjos se alegram pelo arrependimento de um pecador (Lc.15:10). Cada indivíduo é precioso para Deus. Ele lamenta toda perda, e fica alegre sempre que um de seus filhos é encontrado e trazido para o Seu Reino.
Quando observamos o nascimento natural de um ser humano verificamos que há um instante difícil, dolorido e de perigo que é o chamado “trabalho de parto”, o instante em que a mãe inicia a dar à luz um novo ser. De igual forma, quando verificamos o processo do novo nascimento, vemos que, em primeiro lugar, ocorre um instante de sofrimento, de dor, que é o arrependimento. Confrontado com o seu estado pecaminoso, o homem percebe-se que é um ingrato, um rebelde, merecedor da condenação por parte do seu Criador. É um instante de tristeza, mas que redunda em conversão, pois este arrependimento gera uma tristeza que não é para destruição, mas para salvação. Arrependido, o pecador vai aos pés do Salvador, recebe o perdão dos seus pecados, porque crê na Palavra de Deus, no Evangelho, aceita a oferta de perdão por Jesus Cristo e, em seguida, esta tristeza é substituída pela alegria, pelo sentimento de paz com Deus e de perdão. Esta alegria é resultado imediato do perdão dos nossos pecados e da restauração da nossa comunhão com Deus. Davi tinha plena compreensão a respeito disto, tanto que, quando pecou, sentiu que não mais tinha comunicação com Deus, e pediu ao Senhor que lhe tornasse a dar “a alegria da salvação” (Sl.51:12).
Talvez tivéssemos mais alegria em nossas igrejas se compartilhássemos o amor e preocupação que Jesus sente pelos perdidos. “A alegria que a volta de alguém proporciona nas regiões celestiais, deve ser experimentada por todos aqueles que servem a Deus e que trabalham para que pessoas sejam resgatadas”.
CONCLUSÃO
Deus quer salvar todas as pessoas, mas não há salvação sem um genuíno arrependimento. Ninguém entre no Céu sem antes saber que é um pecador. Jesus afirmou que para fazer parte do Reino de Deus é necessário o arrependimento (Mt.4:17). No dia de Pentecostes, tamanha foi o poder de persuasão do Espirito que, mesmo sem Pedro ter feito um convite ou apelo, seus ouvintes perguntaram: “Que faremos, irmãos?”. Pedro responde: “Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados” (At.2:37,38). Deus anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam (At.17:30). A mensagem inicial de João Batista (Mt.3:2), de Jesus (Mt.4:17) e dos apóstolos (At.2:38) era: “Arrependei-vos”. Todos devem arrepender-se, porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm.3:23).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 76. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Lucas, Jesus o Homem perfeito.

Um comentário:

  1. Que Deus abençoe o irmão pelo importante trabalho, sempre uso o material que o irmão disponibiliza.

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