3º Trimestre de 2025
SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 03
Texto
Base: Atos 3:11-19
“E, quando
Pedro viu isto, disse ao povo: Varões israelitas, por que vos maravilhais
disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou
santidade fizéssemos andar este homem?” (Atos 3:12).
Atos 3:
3.Ele, vendo a Pedro e a João, que iam entrando no templo, pediu
que lhe dessem uma esmola.
4.E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós.
5.E olhou para eles, esperando receber alguma coisa.
6.E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso
te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda.
7.E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e
tornozelos se firmaram.
8.E, saltando ele, pôs-se em pé, e andou, e entrou com eles no
templo, andando, e saltando, e louvando a Deus.
9.E todo o povo o viu andar e louvar a Deus;
10.e conheciam-no, pois era ele o que se assentava a pedir esmola
à Porta Formosa do templo; e ficaram cheios de pasmo e assombro pelo que lhe
acontecera.
11.E, apegando-se ele a Pedro e João, todo o povo correu atônito
para junto deles no alpendre chamado de Salomão.
12.E, quando Pedro viu isto, disse ao povo: Varões israelitas, por
que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa
própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem?
13.O Deus de Abraão, e de Isaque, e de Jacó, o Deus de nossos
pais, glorificou a seu Filho Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de
Pilatos negastes, tendo ele determinado que fosse solto.
14.Mas vós negastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos desse
um homem homicida.
15.E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dos
mortos, do que nós somos testemunhas.
16.E, pela fé no seu nome, fez o seu nome fortalecer a este que
vedes e conheceis; e a fé que é por ele deu a este, na presença de todos vós,
esta perfeita saúde.
17.E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como
também os vossos príncipes.
18.Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os
seus profetas havia anunciado: que o Cristo havia de padecer.
19.Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados
os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do
Senhor.
INTRODUÇÃO
A pregação fiel do Evangelho é uma das marcas mais evidentes de
uma igreja verdadeiramente comprometida com Cristo e com as Escrituras Sagradas.
Desde os primeiros dias da Igreja de Jerusalém, vemos os apóstolos proclamando,
com ousadia e autoridade espiritual, a mensagem central do cristianismo: Jesus
Cristo é o Messias prometido, morto e ressuscitado, e por meio dEle há perdão e
salvação para todo o que crê.
Em Atos 3, a segunda pregação de Pedro não apenas confirma a
fidelidade doutrinária da igreja primitiva, mas também destaca os elementos
essenciais da verdadeira evangelização: exaltação de Cristo, chamado ao
arrependimento e esperança em tempos de refrigério espiritual. Essa passagem
mostra que a eficácia da igreja não está em estratégias humanas, mas na ação do
Espírito Santo por meio de homens e mulheres comprometidos com a Palavra.
Assim, esta lição nos convida a refletir sobre o lugar da pregação
bíblica em nossas igrejas e sobre o tipo de mensageiros que temos sido diante
de um mundo que precisa urgentemente ouvir a verdade genuína do Evangelho.
I-A IGREJA QUE PREGA AS ESCRITURAS
1. As Escrituras revelam Deus
A cura do coxo junto a Porta Formosa (Atos 3:1-10) não foi apenas
um milagre de natureza física, mas também uma poderosa abertura para a
proclamação do Evangelho. O impacto público desse milagre foi inegável, pois o
homem curado era conhecido de todos — um coxo de nascença, com mais de 40 anos,
visto diariamente à entrada do templo. Sua restauração instantânea e completa não
podia ser explicada senão pelo poder sobrenatural de Deus. Esse sinal serviu
como confirmação visível da autoridade do nome de Jesus e como introdução
providencial à pregação apostólica.
O apóstolo Pedro, sensível à direção do Espírito Santo, aproveitou
a comoção causada pelo milagre para proclamar a mensagem de Cristo. Como no dia
de Pentecostes, ele não se deixou levar pela emoção do momento, nem buscou
glória pessoal. Ao contrário, desviou o foco do milagre em si e apontou o povo
para Jesus Cristo — o Filho de Deus, rejeitado pelos homens, mas exaltado pelo
Pai. Sua pregação, mais uma vez, foi profundamente cristocêntrica e
fundamentada nas Escrituras.
Pedro demonstra que o evangelho não é uma novidade dissociada da
revelação anterior, mas o cumprimento das promessas veterotestamentárias. Ele
cita diretamente Deuteronômio 18:15-19 e Gênesis 22:18, e alude a textos como
Salmos 22 e Daniel 9:26 para mostrar que Jesus é o Messias prometido, o Servo
Sofredor que havia de vir. Com isso, Pedro ensina que as Escrituras revelam o
agir de Deus na história e têm sua culminação em Cristo.
O crescimento da Igreja primitiva estava, portanto, diretamente
atrelado à pregação bíblica, que expunha com clareza a revelação de Deus,
centrada em Cristo. Esse padrão bíblico permanece válido até hoje: uma igreja
saudável cresce espiritualmente e numericamente quando sua pregação é
fundamentada na Palavra de Deus e conduz as pessoas à revelação de quem Deus é,
do que Ele fez em Cristo e do que exige de nós em resposta.
2. As Escrituras testemunham de Jesus
“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais
ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (João 5:39).
A centralidade de Jesus nas Escrituras é uma verdade essencial
para a fé cristã e para a pregação bíblica. O próprio Cristo declarou, em João
5:39, que as Escrituras testificam dEle. Isso significa que desde o Gênesis até
o Apocalipse, a Bíblia aponta para a pessoa e a obra redentora de Jesus. A
revelação progressiva de Deus nas Escrituras culmina na encarnação do Verbo.
Como afirmou F. F. Bruce, as Escrituras têm o poder de conduzir o ser humano à
salvação, mas essa salvação só se realiza plenamente pela fé em Cristo — a
figura central da história da redenção.
Pedro, em sua pregação após a cura do coxo (Atos 3:12-26), dá
continuidade ao padrão hermenêutico iniciado por Jesus com os discípulos no
caminho de Emaús (Lc.24:27). Ele mostra que a morte de Jesus, ainda que tenha
sido fruto da ignorância humana, cumpriu perfeitamente o plano divino revelado
pelos profetas. A rejeição, os sofrimentos e a glorificação do Messias foram
previstos nas Escrituras. Pedro cita diretamente textos como Deuteronômio
18:15-19, onde Moisés fala do Profeta que Deus levantaria, e Gênesis 22:18, que
aponta para a bênção de todas as nações por meio da descendência de Abraão.
John Stott observa com precisão que conhecer o Cristo verdadeiro
requer um retorno às Escrituras — elas são como o retrato inspirado que o Pai
nos deixou de seu Filho, colorido pela ação iluminadora do Espírito Santo. Desse
modo, ignorar as Escrituras é, inevitavelmente, ignorar a Cristo.
A pregação apostólica era, portanto, profundamente bíblica e
cristocêntrica. Não se tratava de discursos motivacionais ou de opiniões
humanas, mas da exposição fiel das Escrituras que apontavam, explicavam e
exaltavam Jesus como o cumprimento das promessas divinas. Esse é o modelo que a
igreja deve seguir hoje: pregar Cristo a partir das Escrituras, revelando que
toda a Bíblia converge para Ele, o Salvador e Senhor.
3. As Escrituras confrontam o pecado
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para
que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério
pela presença do Senhor” (Atos 3:19).
A verdadeira pregação bíblica não apenas consola, mas também
confronta. Ela ilumina a condição pecaminosa do ser humano e aponta o caminho
da redenção. No sermão de Pedro registrado em Atos 3:19, ele convoca um povo
profundamente religioso — conhecedor da Lei e assíduo nos rituais sagrados — ao
arrependimento e à conversão. Isso nos ensina que religiosidade, por si só, não
salva. É necessário nascer de novo (João 3:3,5).
Pedro afirma: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que
sejam apagados os vossos pecados”. A palavra “arrependei-vos” implica uma
mudança de mente e coração, enquanto “convertei-vos” sugere uma mudança de
direção — abandonar o velho modo de vida e voltar-se totalmente para Deus. Essa
dupla resposta à mensagem do Evangelho resulta no perdão dos pecados e na
experiência dos “tempos de refrigério pela presença do Senhor”.
A pregação cristocêntrica dos apóstolos não omitia a doutrina do
pecado, nem suavizava sua gravidade. Antes, proclamava que todos — inclusive os
mais religiosos — estavam perdidos sem arrependimento. Pedro mostra que a cruz
de Cristo é o ponto onde se encontram a soberania de Deus e a responsabilidade
humana (Atos 2:23; 3:17,18).
Nos dias atuais, muitas mensagens omitem a necessidade de
arrependimento, buscando apenas entreter ou agradar os ouvintes. No entanto, a
pregação que não confronta o pecado é incompleta e ineficaz espiritualmente. O
modelo apostólico é claro: sem arrependimento e conversão, não há perdão nem
salvação. A igreja fiel às Escrituras deve resgatar essa verdade essencial.
O QUE
APRENDEMOS NESTE TÓPICO I 1. A Igreja que prega as Escrituras revela
Deus:
👉 Lição: A Palavra de Deus revela quem Ele é, o que fez em Cristo e
o que espera de nós. 2. As
Escrituras testemunham de Jesus:
👉 Lição: Toda pregação fiel deve ser cristocêntrica — Jesus é o centro
da Bíblia. 3. As
Escrituras confrontam o pecado:
👉 Lição: Uma igreja fiel à Bíblia não suaviza o pecado, mas proclama a
necessidade de arrependimento e transformação. |
II-A IGREJA QUE PREGA NO PODER DO ESPÍRITO
SANTO
1. O Espírito capacita o mensageiro
A pregação apostólica registrada em Atos 3
revela que o poder do Espírito Santo não apenas operava sinais e maravilhas por
meio dos apóstolos, mas também capacitava e ungia os mensageiros com ousadia,
discernimento e autoridade espiritual. Quando o texto diz que Pedro “fitou os
olhos” no homem coxo (Atos 3:4), utiliza o verbo grego “atenízō”, que é
frequentemente usado em contextos onde há uma percepção espiritual
intensificada — momentos em que o mensageiro divinamente inspirado reconhece
algo que vai além do aparente.
Esse mesmo termo é empregado em outros
episódios de Atos, como em Listra (Atos 14:9), quando Paulo discerne a fé para
a cura no coração do paralítico, e em Atos 13:9, quando o apóstolo confronta
Elimas, o mágico, com autoridade espiritual. Essas ocorrências revelam que o
olhar fixo é mais do que uma simples observação: é uma ação guiada pela direção
do Espírito Santo.
No caso de Pedro, vemos que o Espírito não
apenas o capacitou para realizar o milagre, mas também o ungiu para proclamar a
verdade com clareza e ousadia. Ele discerniu a ocasião, viu a oportunidade e,
no poder do Espírito, anunciou Cristo como o único Salvador. Isso nos ensina
que uma pregação eficaz não é fruto apenas de eloquência ou preparação
intelectual, mas da capacitação sobrenatural que vem do Espírito de Deus.
Pregar, portanto, não é um ato meramente humano, mas uma ação espiritual em que
o mensageiro deve estar cheio do Espírito Santo para comunicar, com poder e
autoridade, as verdades eternas da Palavra de Deus.
Eram três
horas da tarde, prestes a começar uma reunião de oração no templo. Pedro e João
estavam passando, quando o paralítico lhes pediu uma esmola. Juntamente com
João, Pedro fitou o paralitico e lhe disse: “olha para nós”. O pedido de Pedro
ao paralítico — “Olha para nós” — desafia diretamente uma ideia comum na
espiritualidade contemporânea: a de que os cristãos não devem atrair atenção
para si, mas apenas para Jesus. No entanto, o gesto de Pedro não é arrogante,
nem egocêntrico; pelo contrário, é expressão de autoridade espiritual e
coerência de vida. Pedro e João sabiam que representavam Cristo — não apenas em
palavras, mas em testemunho e poder. Por isso, podiam dizer com segurança:
“Olhe para nós”.
A igreja precisa resgatar essa coragem moral e espiritual. A geração
atual está saturada de discursos religiosos desconectados da prática. Jesus já havia denunciado a incoerência dos
fariseus, que ensinavam corretamente, mas viviam em contradição com o que
pregavam (Mt.23:3). O mesmo alerta permanece atual. O mundo espera ver Cristo
nos cristãos. Como afirmou o apóstolo Paulo: “Sede meus imitadores, como também
eu sou de Cristo” (1Co.11:1).
Somos
chamados a ser “cartas vivas de Cristo” (2Co.3:2), cuja vida traduz fielmente a
mensagem do Evangelho. A declaração de Mahatma Gandhi ainda ecoa com tristeza:
“No vosso Cristo eu creio, só não creio no vosso cristianismo”. Isso revela a
tragédia de um cristianismo que fala de amor, mas age com indiferença; que
proclama a verdade, mas vive na incoerência.
“Olha para
nós” é um desafio para a igreja de hoje: pais, filhos, líderes, empregados,
patrões — todos nós devemos viver de forma que possamos ser dignos de ser
observados. Mais do que um chamado à visibilidade, é um clamor por
autenticidade. A verdadeira pregação é encarnada na vida de quem a anuncia.
Assim, o mundo poderá ver em nós a presença viva de Cristo.
3. O Espírito glorificará a Jesus
Jesus foi
claro ao afirmar que o Espírito Santo não falaria de Si mesmo, mas glorificaria
a Ele (João 16:14). Essa é uma das marcas inequívocas da atuação genuína do
Espírito: exaltar a Cristo. O verdadeiro mover espiritual não busca
autopromoção nem faz do homem o centro, mas revela a majestade de Jesus. É
exatamente isso que vemos em Atos 3, após a cura do paralítico na Porta
Formosa. O apóstolo Pedro, cheio do Espírito, rejeita veementemente qualquer
glória pessoal: “Por que olhais para nós, como se por nossa própria virtude ou
santidade fizéssemos andar este homem?” (Atos 3:12).
Pedro
sabia que o milagre não era produto de seu carisma ou espiritualidade, mas da
autoridade do nome de Jesus Cristo. Ele se recusou a ser exaltado pela multidão
e imediatamente redirecionou a atenção de todos ao verdadeiro autor do milagre:
Cristo glorificado. Essa postura revela a integridade espiritual de quem anda
no Espírito — alguém que entende que é apenas um canal, e não a fonte do poder.
Em
contraste, Atos 8 apresenta Simão, o mágico de Samaria, que gostava de ser
chamado de “o grande poder de Deus” e buscava notoriedade por meio de sinais.
Sua atitude serve de alerta para os que hoje tentam apropriar-se da glória que
pertence somente ao Senhor. Em muitos ambientes, milagres são exibidos como
espetáculos, usados para autopromoção ou para construir reputações, em
desacordo total com o padrão bíblico.
O Espírito Santo não está à
serviço da vaidade humana. Ele glorifica a Jesus, exalta Sua cruz, e honra Seu
nome. A igreja fiel deve rejeitar qualquer forma de culto à personalidade e
manter-se centrada em Cristo. Onde há verdadeiro mover do Espírito, há
humildade, reverência e glória unicamente para Jesus. Essa é a marca da
pregação autêntica e da igreja que vive no poder do Espírito.
O QUE APRENDEMOS NESTE TÓPICO II 1. O Espírito Santo capacita o mensageiro:
👉 Lição: O pregador não fala por si,
mas como instrumento do Espírito — com discernimento e autoridade que vêm do
alto. 2. “Olha para nós” — um chamado à autenticidade:
👉 Lição: A pregação mais poderosa é
aquela que é vivida. O mundo precisa ver Jesus em nós — com autenticidade e
coerência. 3. O Espírito glorifica a Jesus:
👉 Lição: Onde o Espírito Santo está
agindo de verdade, Jesus é exaltado — não o homem. A glória pertence somente
a Ele. |
III-A IGREJA QUE PREGA A ESPERANÇA VINDOURA
1. Alerta a uma sociedade indiferente e
insensível
Na sua segunda pregação, registrada em Atos 3,
o apóstolo Pedro continua a denunciar o estado espiritual da sua geração. Se em
Atos 2 ele a classificou como “perversa” (Atos 2:40), agora ele a chama de
“ignorante” (Atos 3:17), revelando que além da corrupção moral, havia também
cegueira espiritual. Essa combinação — perversidade e ignorância — é típica de
uma sociedade que perdeu a sensibilidade para com Deus. Trata-se de um povo
religioso, mas espiritualmente alheio, que rejeitou o próprio Autor da vida.
Tal quadro se assemelha à realidade contemporânea: vivemos em uma cultura
saturada de informações, mas carente de revelação; envolta em religiosidade,
mas distante de Deus.
Pedro não suaviza a verdade. Ele expõe o erro
com amor e ousadia, chamando ao arrependimento uma geração sem rumo e sem esperança
(cf. 1Ts.4:13). A frieza espiritual e a indiferença à verdade são marcas de um
povo que vive como se Deus não existisse (1Ts.4:5). Por isso, a igreja fiel tem
a responsabilidade de confrontar esse estado com a mensagem do Evangelho. Onde
há insensibilidade, é necessário proclamar a cruz; onde há ignorância, é
necessário ensinar a verdade; e onde reina a desesperança, é urgente anunciar
que há esperança viva em Cristo Jesus.
2. Uma
exigência clara (Atos 3:19a)
“Arrependei-vos,
pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados...”.
A mensagem de Pedro em Atos 3:19a é direta e inegociável: “Arrependei-vos,
pois, e convertei-vos”. Ele não está falando a um grupo de pagãos
ignorantes das Escrituras, mas a uma audiência profundamente religiosa —
pessoas familiarizadas com a Lei, com os rituais do templo e com os profetas.
No entanto, essa religiosidade formal não foi suficiente para livrá-los da
condenação. Pedro os confronta com uma verdade contundente: sem arrependimento
e conversão, não há salvação.
O verbo
“arrepender-se” (gr. metanoeō) implica mudança de mente e atitude. Já
“converter-se” (gr. epistrephō) comunica a ideia de um retorno
deliberado, um redirecionamento de vida — abandonar o pecado e voltar-se a Deus
com fé e obediência. Pedro une esses dois termos para deixar claro que o
Evangelho exige uma transformação integral: mente, coração e conduta. O
arrependimento não é apenas um sentimento de culpa, mas uma resposta ativa à
graça de Deus, resultando no cancelamento dos pecados (cf. Atos 3:19).
Esse
chamado urgente de Pedro ecoa o próprio ensino de Jesus (Mc.1:15) e revela que
a salvação não se alcança por herança religiosa, moralidade ou boas intenções,
mas por uma experiência pessoal e transformadora com Deus. Em nossos dias, essa
mensagem permanece essencial — especialmente diante de púlpitos que muitas
vezes suavizam a pregação, substituindo o arrependimento por motivação
emocional ou promessas de sucesso.
Pedro
também reafirma a tensão teológica entre a soberania divina e a
responsabilidade humana (Atos 3:17,18), mostrando que, embora a morte de Cristo
fosse parte do plano de Deus, os ouvintes tinham culpa e deveriam responder com
arrependimento. O Evangelho bíblico não é uma sugestão: é um chamado ao
quebrantamento, à renúncia do pecado e à rendição a Cristo.
3. A promessa
da Segunda Vinda de Jesus Cristo (Atos 3:19b)
“...e venham, assim, os tempos do refrigério
pela presença do Senhor”.
Após
chamar ao arrependimento e anunciar o cancelamento dos pecados, o apóstolo
Pedro proclama uma gloriosa promessa: “e venham, assim, os tempos do refrigério
pela presença do Senhor” (Atos 3:19b). Essa expressão aponta para a futura
restauração plena que será consumada na segunda vinda de Cristo. A palavra
grega traduzida como "refrigério" (anápsychis), que ocorre
unicamente neste texto no Novo Testamento, evoca uma imagem de alívio, descanso
e renovação — uma antecipação da paz messiânica prometida pelos profetas.
Ralph
Earle observa que este termo remete à época messiânica de alegria e repouso —
não apenas a um alívio momentâneo, mas à restauração final de todas as coisas,
mencionada explicitamente em Atos 3:21. É a grande época de alegria e repouso,
que será trazida pela vinda do Messias na sua glória. Essa esperança não é
genérica nem utópica: ela está centrada na pessoa e na obra de Jesus Cristo, o
profeta prometido por Moisés (Dt.18:15) e anunciado por todos os profetas desde
Samuel. Ele é o descendente de Abraão por meio de quem todas as nações seriam
abençoadas (Gn.12:3; cf. Gl.3:16).
Pedro
conclui sua mensagem com uma aplicação poderosa e contextual: seus ouvintes
eram herdeiros das promessas e da aliança com Abraão. Mas a bênção só poderia
ser experimentada por meio da fé e do rompimento com o pecado. A recusa em
ouvir e obedecer ao Cristo enviado traz, não refrigério, mas juízo (cf. Hb.2:2-4;
10:28,29).
Assim,
Pedro conecta o presente chamado ao arrependimento com a esperança
escatológica: não há refrigério, restauração nem salvação, sem arrependimento
verdadeiro. A Segunda Vinda de Cristo é a consumação dessa promessa — uma
realidade futura que exige hoje uma resposta imediata.
O QUE APRENDEMOS NESTE TÓPICO III 1. A Igreja alerta uma sociedade indiferente e
insensível:
👉 Lição: A igreja fiel não se cala diante
da insensibilidade espiritual — ela proclama com ousadia a esperança que há
em Jesus. 2. A mensagem do evangelho exige arrependimento
(Atos 3:19a):
👉 Lição: A esperança futura só é acessível
por meio de arrependimento e conversão genuínos — não por religiosidade ou
boas intenções. 3. A Promessa da Segunda Vinda de Cristo (Atos
3:19b–21):
👉 Lição: A esperança cristã é escatológica
— olhamos para a volta de Cristo com fé, mas respondemos hoje com
arrependimento e fidelidade. |
CONCLUSÃO
A Igreja verdadeira não pode se desviar de sua missão central:
anunciar com fidelidade o Evangelho de Cristo. A pregação apostólica em Atos 3
nos ensina que a mensagem deve ser fundamentada nas Escrituras, proclamada no
poder do Espírito Santo e carregada da viva esperança na segunda vinda de
Jesus. Essa pregação confronta o pecado, exalta a Cristo e convoca os ouvintes
ao arrependimento e à conversão. Em um tempo de tantas distorções e distrações,
a Igreja precisa manter-se firme na proclamação pura, corajosa e ungida do
Evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Que
sejamos, como Pedro e João, instrumentos fiéis da Palavra que transforma vidas
e conduz os perdidos à esperança eterna.
Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia
de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William
Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.
Dicionário
VINE.CPAD.
O
Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da Igreja. Hagnos.
Ralph
Earle. Livro dos Atos do Apóstolos.
John Stott. A Mensagem de Atos – Até os Confins da Terra. ABU.
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