domingo, 19 de maio de 2019

Aula 08 – O LUGAR SANTÍSSIMO – Subsídio


2º Trimestre/2019
Texto Base: Êxodo 26:31-35; Hebreus 9:1-5; Mateus 27:51
26/05/2019
 “Mas, depois do segundo véu, estava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos" (Hb.9:3).
Êxodo 26.31-35
31-Depois, farás um véu de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido; com querubins de obra prima se fará.
32-E o porás sobre quatro colunas de madeira de cetim cobertas de ouro, sobre quatro bases de prata; seus colchetes serão de ouro.
33-Pendurarás o véu debaixo dos colchetes e meterás a arca do Testemunho ali dentro do véu; e este véu vos fará separação entre o santuário e o lugar santíssimo.
34-E porás a coberta do propiciatório sobre a arca do Testemunho no lugar santíssimo,
35-e a mesa porás fora do véu, e o castiçal, defronte da mesa, ao lado do tabernáculo, para o sul; e a mesa porás à banda do norte.
Hebreus 9.1-5
1-Ora, também o primeiro tinha ordenanças de culto divino e um santuário terrestre.
2-Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o Santuário.
3-Mas, depois do segundo véu, estava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos,
4-que tinha o incensário de ouro e a arca do concerto, coberta de ouro toda em redor, em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas do concerto;
5-e sobre a arca, os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente.
Mateus 27.51
51-E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras.

INTRODUÇÃO

Continuando a nossa caminhada no interior do Tabernáculo, hoje iniciaremos a nossa visita ao Lugar Santíssimo, o Lugar mais sagrado do Tabernáculo. Ele representava a plenitude da presença de Deus entre o povo de Israel.
Era neste lugar que Deus respondia ao seu povo. Somente o sumo sacerdote podia entrar nele, uma vez por ano, no décimo dia do sétimo mês (Lv.16:29; Hb.9:7), para aspergir sobre o propiciatório - isto é, sobre a tampa da Arca -, o sangue do sacrifício anual feito para expiação dos pecados de todo o povo (Lv.16:14,15; 17:11).
Antes, o sumo sacerdote tinha que apresentar um sacrifício por si mesmo. Prova que o sacerdócio levítico era imperfeito.
Hoje, tal expiação não é mais necessária, porque Jesus, o nosso Sumo Sacerdote por excelência, já entrou na presença do Pai oferecendo o seu próprio sangue como propiciação definitiva pelos nossos pecados (Rm.3:24,25; Hb.9:11-15; 10:10,12), de maneira que todos quantos o recebem como único e suficiente Salvador e Senhor, aceitando o seu sacrifício expiatório e entregando suas vidas totalmente a Ele, têm livre acesso à presença de Deus (Hb.10:19-23).

I. O VÉU DO LUGAR SANTÍSSIMO

“Pendurarás o véu debaixo dos colchetes e meterás a arca do Testemunho ali dentro do véu; e este véu vos fará separação entre o santuário e o lugar santíssimo” (Êx.26:33).

1. O Véu como barreira ao livre acesso à Presença de Deus

O Véu era o único objeto que separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo; excluía todos os homens com exceção do sumo sacerdote, e acentuava que Deus é inacessível ao homem comum. A ninguém era permitido ver o objeto sagrado que ficava atrás desta cortina.
Uma vez por ano, no Dia da Expiação, o Sumo Sacerdote deveria entrar no Santo dos Santos com o sangue da Expiação. Nesta oportunidade ele aspergia um pouco do sangue no Propiciatório para expiar os pecados da nação.
"Dize a Arão, teu irmão, que não entre no santuário em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque eu apareço na nuvem sobre o propiciatório" (Lv.16:2).
"Mas, no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo; dando nisso a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Santuário não estava descoberto, enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo" (Hb.9:7,8).
O Véu visava proteger a glória (Shekinah) dos olhos dos não santificados. Quem poderia contemplar a Deus e sobreviver?
Após Moisés ter estado no Monte por quarenta dias e noites recebendo as tábuas de pedra com os Dez Mandamentos, Arão e todo Israel tiveram receio de aproximar-se dele porque sua face estava "resplandecente" (ver Êx.34:30). Após isto, Moisés punha um véu sobre o rosto cada vez que falava a Israel. "E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então, o véu se tirará" (2Co.3:15,16).
A Arca da Aliança era o único objeto além do Véu; era o mais sagrado objeto de Israel, e por ela tinha-se grande reverência; ela representava a presença de Deus no meio do povo de Israel.
Somente por via do mediador nomeado por Deus e do sacrifício do inocente podia o homem aproximar-se de Deus. Mas, com a morte de Jesus, algo aconteceu: o Véu do Templo se rasgou em dois, de alto a baixo (Mc.15:38). Agora temos livre acesso à presença do Senhor Deus.

2. O Véu tinha um bordado especial com a figura de querubins (Êx.26:31)

“Depois, farás um véu de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido; com querubins de obra prima se fará”.
Assim como no Jardim do Éden, onde os querubins ali estavam para o próprio bem do homem, para mantê-lo afastado da Árvore da Vida e salvá-lo do sofrimento eterno e do destino irremediável, aqui, novamente, encontramos os querubins. Esta cortina com os querubins bordados parece dizer: "Não te aproximes".
Seria isto uma contradição ao desejo de Deus de relacionar-se com o homem?  Creio que não. Creio que Deus desejava que soubéssemos que o sangue de novilhos, ovelhas e bodes não satisfaz a um Deus justo e santo; tampouco todo esse sangue qualificava o homem a entrar no Santo dos Santos com Deus.
O brilho e a claridade da santidade de Deus são tão grandes que os seres celestiais em torno do trono cobrem seus rostos perante Ele. Deus em sua misericórdia fez com que fosse colocado o Véu para que o homem não entrasse inadvertidamente em sua santa presença, para sua própria desgraça.
Conquanto estamos no tempo da graça, não podemos de forma descuidadosa entrar na santidade de Deus, a não ser para nossa própria destruição.

3. O Véu também tipifica o corpo de Jesus (Hb.10:19-23)

"Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto ê, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu".
Quando Jesus esteve na terra, seu corpo de carne escondia a glória de Deus que Ele possuía, a qual as multidões não puderam reconhecer.
-Uns diziam: "Não é o filho do carpinteiro? Conhecemos sua família, seus irmãos". Outros viram muito mais além, no entanto - "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória como do Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade" (João 1:14).
-Pedro reconheceu quem Ele realmente era, quando disse: "... Tu és o Cristo..." (Mt.16:16).
-Paulo também escreveu sobre isto: "Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz" (Fp.2:6-8).
Adiante lemos: "... Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória" (1Tm.3:16).
Algumas vezes, abriam-se os olhos de alguns e Ele era reconhecido pelo que era.
-No monte da Transfiguração, os três discípulos tiveram uma clara visão do que estava por trás do Véu de sua carne. Eles O viram em glória celestial quando Ele conversava com Moisés e Elias.
-O centurião romano junto à cruz disse: "Verdadeiramente este era o Filho de Deus!".
-Muitos, porém, não conseguiam ver Jesus além de seu corpo de carne, por isso gritavam: "Crucifica-o ... Seu sangue caia sobre nós e nossos filhos".
-Muitos viram os milagres, mas não o Cristo. Até mesmo um de seus discípulos, Filipe, disse: "Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: não me tendes conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai" (João 14:8,9).
É deveras importante que nossos olhos estejam abertos e vejamos Cristo como Ele realmente é. Os seus discípulos, mesmo andando no barco com Ele, não sabiam quem Ele era – “quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc.4:41). Muitos estão dentro da Igreja, mas ainda não conhecem Jesus. Quem é Jesus para você?

4. As Cores do Véu e o Linho fino torcido (Êx.26:31)

“Depois, farás um véu de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido; com querubins de obra prima se fará”.
O texto sagrado afirma que o Véu possuía as seguintes cores: Azul, Púrpura e Carmesim. O Azul nos lembra Jesus Cristo vindo à terra; a Púrpura fala-nos de Sua realeza entre os homens; o Carmesim mostra-nos o sofrimento do Cordeiro de Deus.
-O “Linho fino” refere-se à retidão. Aqui é mostrada a retidão de Cristo. Dele, disse Pedro: "o qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano" (1Pd.2:22). O tribunal romano, presidido por Pilatos, deu este veredicto: "Não vejo neste homem crime algum".
-“Linho fino torcido”. Era uma obra de hábeis artesãos; ficava entre o Azul, a Púrpura e o Carmesim. Isto significa que o humano e o divino estavam tão entretecidos na vida e no ser de Jesus que as pessoas não o podiam entender na época. Tampouco pode a mente carnal entendê-lo hoje.
Muitos admitirão que Jesus foi uma pessoa extraordinária. Outros dirão que Ele foi um grande reformador. Outros ainda dirão que foi profeta ou lhe darão crédito como um grande professor. Muitas religiões dão-lhe algum reconhecimento ao lado de seus próprios deuses ou líderes, mas não conseguem perceber a divindade nEle.
Em Jesus há o "engenhoso" entrelaçamento do humano e do divino. Ele não era parte humano e parte divino.
Ele era um ser humano em cada molécula, e que era, naturalmente, tocado em seus sentimentos por nossas enfermidades.
Ele se cansava e precisava descansar, ficava com sede e pedia um pouco de água. Ele era até mesmo sujeito a morrer.
Ao mesmo tempo Ele era divino. Foi Ele quem à entrada do túmulo de Lázaro bradou em alta voz: "Lázaro, vem para fora!". O que estivera morto quatro dias saiu do túmulo atado com suas vestes mortuárias. Ao seu comando, o vento e o mar obedeciam.
Portanto, aquele que não reconhece e aceita tanto o humano quanto o divino em Jesus Cristo, enquanto Ele esteve aqui na terra, não é de Deus. Foi o que o apóstolo João disse:
"Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no mundo" (1João 4:1-3).

II. O PROPÓSITO DO VÉU INTERIOR

O Véu interior traz a ideia de separação ou vedação. Ele foi uma das peças menos vistas pelo povo que adorava e servia a Deus naquele tempo, pois ele ficava no Santo Lugar, e dividia este Lugar do Lugar Santíssimo. Somente o sumo sacerdote podia passar por ele. Ele continuou a ser usado no Templo e permaneceu em uso até a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.
Qual era o propósito do Véu?

1. Avisar que a presença do Deus Todo Poderoso estava além do Véu – era uma entrada restrita e condicional (Lv.16:2; Hb.9:7)

Está escrito em Êxodo 33:20 que ninguém podia ver a Deus e continuar vivo – “Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá”.
Qualquer que rompesse o Véu indevidamente seria morto. Somente o sumo sacerdote podia entrar, uma vez por ano, tendo os seus pecados expiados antecipadamente.
Somente um homem sem pecado podia romper o Véu. Jesus é o nosso único acesso à presença do Pai. Ele nunca pecou. Ele é o Sumo Sacerdote do povo de Deus da Nova Aliança. Os sacerdotes olhavam para o Véu e sabiam da presença de Deus, nós olhamos para Jesus e podemos participar da presença do Senhor.
Louvemos a Deus pelo livre acesso que temos hoje à Sua presença. Reservemos um momento para avaliar se temos realmente valorizado a maravilhosa obra de Jesus, dando a Ele de nosso tempo e adoração.

2. Ensinar que o ministério da mediação faz-se necessário para se chegar à presença de Deus

O Véu era a barreira visível para o acesso à presença de Deus. Um acesso limitado a apenas um homem – o sumo sacerdote - e em um único dia do ano para uma tarefa muito específica (Hb.9:7). Qualquer sacerdote comum que desobedecesse e entrasse no Santíssimo Lugar morreria.
“Disse, pois, o SENHOR a Moisés: Dize a Arão, teu irmão, que não entre no santuário em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque eu apareço na nuvem sobre o propiciatório”(Lv.16:2).
“... só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo” (Hb.9:7).
Foi o sacrifício de Cristo na cruz que possibilitou que tivéssemos acesso à presença de Deus. Por causa do pecado estávamos separados de Deus, sem a mínima possibilidade de acesso. No entanto, hoje, temos acesso irrestrito à presença do Pai, por meio de Jesus Cristo.
O Véu que separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo foi rasgado ao meio. Afirma Mateus: “E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras”.
O Véu rasgado é um símbolo de que através da oferta sacrificial do Cordeiro de Deus o caminho ficou aberto para que cada pecador, arrependido e crendo no sacrifício de Cristo, entre na comunhão íntima com um Deus santo, sem a necessidade de mais ofertas pelo pecado. Foi um simbolismo apontando para o fato de que o Templo e todo o sistema cerimonial antigo não eram mais necessários. A Antiga Aliança deu lugar à Nova Aliança.
Note que o texto nos diz que o Véu foi rasgado de cima para baixo. Isso nos mostra que a morte de Jesus foi iniciativa de Deus e não de qualquer homem.
Ainda que Jesus tenha sido condenado por Pilatos e tenha sofrido conspiração da liderança judaica de seu tempo, Ele morreu porque Deus planejara (João 10:17,18). Pedro confirma essa verdade em seu sermão em Jerusalém quando afirma que Jesus foi "entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus" (Atos 2:23). Jesus caminhou para a cruz como um rei caminha para sua coroação.

3. Indicar o caminho à presença de Deus

O Véu era um elemento pedagógico; ele informava que teríamos que saber da existência de um lugar de profunda pureza e santidade onde o ser humano não poderia suportar estar ali, mesmo com todas as ofertas e sacrifícios. Uma única exceção existia: somente o sumo sacerdote podia ir além do Véu, uma vez por ano, não por méritos pessoais, mas mediante o sangue da expiação (Lv.16:15). A única função dele era expiar o próprio pecado e o do povo. Por isso, toda a orientação divina quanto à pureza do sumo sacerdote e de sua casa era rigorosa (Lv.16:6).
Jesus quebrou esse paradigma. Ele quebrou o impeditivo direto à presença divina e indicou ao ser humano o caminho para Deus. Naquele dia memorável, o Filho de Deus foi pregado numa cruz, tornando-se o perfeito Cordeiro do sacrifício por todos os pecados do mundo.
Esta éi a visão da Igreja do Novo Testamento com relação à morte e ressurreição de Cristo:
"Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção" (Hb.9:12).
"Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer, por nós, perante a face de Deus" (Hb.9:24).
"...mas, agora, na consumação dos séculos, uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo" (Hb.9:26).
Jesus tornou-se o perfeito sacrifício. Era o Homem sem pecado e o Filho de Deus. Pendurado naquela cruz com os braços estendidos, trazia Deus e o homem a uma reconciliação perfeita.
Quando gritou: "Está consumado", cumpriram-se as justas exigências de Deus.
O Véu, que até então ocultava a divina glória, rasgou-se de alto a baixo. Tanto Mateus 27:51 como Marcos 15:38 são específicos em relatar que o rasgo foi de alto a baixo, como se nos dissessem que o próprio Deus estendera sua mão e o rasgara em dois. Lucas 23:45 diz que o Véu se rasgou em duas partes.
Foi o braço do Todo-Poderoso que rasgou o Véu em duas partes. Aquele mesmo que havia ordenado sua colocação, sob severas instruções, agora estendia sua mão e o rasgava. Era como se Ele dissesse: "Não mais ocultarei do homem minha santidade e glória porque através de Jesus, meu perfeito sacrifício, e por causa de seu sangue, está aberto o caminho".
Foi Deus Pai quem escolheu Jesus para ser o único sacrifício aceitável e agradável a si, digno de poder reconciliar o homem consigo.
"Porque, por ele, ambos [judeus e gentios] temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito" (Ef.2:18).
Graças ao nosso amado Senhor, já não há mais separação nem Véu entre nós e Deus, pois Cristo é o perfeito mediador entre Deus e os homens (1Tm.2:5). O autor de Hebreus nos encoraja a dar atenção a esta verdade:
"Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura" (Hb.10:19-22).

III. COMO ERA O LUGAR SANTÍSSIMO?


1. O Lugar Santíssimo tinha o formato quadrangular

O Lugar mais sagrado do Tabernáculo, pois ali estava a presença de Deus, era um pequeno espaço que tinha a forma de um cubo, cujas medidas eram: dez côvados de altura, dez de largura e dez de comprimento. Essas medidas revelavam quatro dimensões da plenitude da glória de Deus naquele lugar. Essas dimensões foram reveladas a Paulo quando ele escreveu aos efésios:
"Que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade" (Ef.3:17,18).

2. O seu Mobiliário

O Lugar Santíssimo continha um único móvel: a Arca da Aliança. Este móvel sagrado representava a própria presença de Deus entre o povo. Era um cofre de 1,15m por 0,70m, construído de acácia e revestido de ouro por dentro e por fora.
Sobre a coberta da Arca ficavam dois querubins (seres angelicais) diante um do outro, feitos de ouro, que com suas asas cobriam o local conhecido como “propiciatório” (a tampa da Arca). A coberta se dava o nome de "propiciatório", pois ali o mais perfeito ato de expiação era realizado uma vez por ano pelo sumo sacerdote; era o lugar onde estava simbolizada a misericórdia. Nesse lugar Deus manifestava a sua glória.
As figuras dos querubins, com as asas estendidas para cima, e o rosto de cada um voltado para o rosto do outro, representavam reverência e culto a Deus.
A Arca só podia ser carregada pelos sacerdotes (Nm.9:15-17; 2Sm.6:1-15), que a carregavam nos ombros, assim como faziam com todas as peças do santuário (Nm.7:9).
Dentro da Arca havia três objetos: as duas tábuas da Lei, um vaso com maná, e mais tarde se incluiu a vara de Arão. Todos esses objetos lembravam a Israel o concerto e o amor de Deus.
Ø  As tábuas da Lei (Decálogo) simbolizavam a santidade de Deus e a pecaminosidade do homem. Também lembrava aos hebreus que não se pode adorar a Deus em verdade sem se dispor a cumprir sua vontade revelada.
Ø  O Maná simbolizava a constante provisão divina. Moisés, sob ordens divinas, ordenou que fosse colocado diante do Senhor um vaso contendo um gômer (3,7 litros) cheio de maná (Êx.16:32,33). Este recipiente seria guardado para as gerações futuras. O fornecimento do maná era diário. A lição de Deus para Israel, como também para os cristãos, é que os crentes têm de depender de Deus dia após dia.
Ø  A Vara de Arão que florescera. A Vara nos fala da autoridade conferida a alguém. A Bíblia diz que Deus fez com que essa Vara miraculosamente florescesse para confirmar diante do povo a chamada de Arão para ser o sumo sacerdote (Nm.17:7-11; Hb.9:4). Nossa autoridade quando colocada diante de Deus brota, aparece para que todos vejam e saibam que nosso ministério foi realmente dado a nós por Deus.

3. O que podemos aprender por Trono de Deus e a importância do Lugar Santíssimo?

A “Bíblia utiliza a linguagem figurada para ilustrar as coisas do Céu. A ideia do Trono de Deus na terra refere-se, essencialmente, à presença imanente de Deus no meio dos homens. Por causa do pecado e da própria santidade de Deus, sua presença ficava reservada ao sentimento de que Ele estava com o seu povo e permitia uma relação especial mediante um sacerdócio santo e separado. Nenhum homem comum podia adentrar esse Lugar. A entrada no Lugar Santíssimo reservava-se ao sumo sacerdote, o qual, uma vez por ano, no grande dia da Expiação, entrava com vestimentas especiais em nome de todo o povo de Israel. Agora, na dispensação da plenitude dos tempos, o Véu foi rasgado, e todos temos acesso ao Trono da Graça pelo sangue de Cristo Jesus” (Pr. Elienai Cabral).

CONCLUSÃO

Concluímos o início de nossa caminhada no Santo dos Santos. Rompemos o principal obstáculo, o Véu, e já contemplamos a beleza da santidade de Deus.
Na Antiga Aliança, o acesso à presença de Deus não era livre, existia o dia, o mês, e exclusividade para se chegar a este Lugar Santíssimo. Deus é santo e só podemos chegar a Ele por meio de Jesus Cristo, nosso Sumo Sacerdote. Ele é o mediador perfeito; do contrário, morreríamos.
Através de Jesus Cristo chegamos à presença do Pai celestial, sem nenhum impediente. Nosso Senhor Jesus removeu o que impedia nosso encontro direto com o Deus Altíssimo. Por isso, o Lugar Santíssimo aponta para Jesus Cristo como único caminho para o ser humano se reconciliar com o Pai.
“mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb.7:24,25).
Na próxima Aula, continuaremos a nossa caminhada no Santo dos Santos, e exploraremos o objeto mais sagrado do Tabernáculo: a Arca da Aliança. Até lá!
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 78. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Elienai Cabral. O Tabernáculo – Símbolos da Obra redentora de Cristo. CPAD.
Alvin Sprecher. Estudo Devocional do Tabernáculo no Deserto. CPAD.
Abraão de Almeida. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.



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