domingo, 4 de agosto de 2019

Aula 06 – A MORDOMIA DA ADORAÇÃO – Subsídio


3º Trimestre/2019
Texto Base: João 4:19-26
"Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem" (João 4:23).
João 4:
19-Disse-lhe a mulher. Senhor, vejo que és profeta.
20-Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.
21-Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.
22-Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.
23-Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
24-Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
25-A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo.
26-Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo.

INTRODUÇÃO

Em continuidade ao estudo sobre Mordomia Cristã, trataremos nesta Aula a respeito da Mordomia da Adoração. A ordem do Senhor a todos os seus mordomos é: “Ao Senhor teu Deus Adorarás”(Mt.4:10). Não adorar a Deus significa não obedecer à sua Palavra. A Mordomia da Adoração, que na Antiga Aliança era feita no Templo, mediante sacrifícios, na Nova Aliança, ela se realiza "em espírito e em verdade" (João 4:23). Ou seja, hoje, a verdadeira adoração não está mais centrada no ritualismo ou no simbolismo da Antiga Aliança, mas na Pessoa bendita de Jesus Cristo. Ele é o centro. Ele é o tudo. Ele é o nosso Senhor e Salvador.

I. O QUE É ADORAÇÃO

01. Conceito

Adoração é uma honra que se presta a Deus, em virtude do que Deus é e do que significa para os que O adoram. O termo Adoração vem do latim “adorationem”, cujo significado é “orar para alguém”. No grego, língua em que foi escrito o Novo Testamento, é “proskyneo”, que significa “um ato de prostração e reverência”; é o homem prostrado diante de Deus em sinal de reconhecimento de Sua soberania, de Seu poder, de Sua grandeza, de Sua glória, tal como João o viu sendo adorado no Céu:
“Os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas” (Ap.4:10,11).
Nesta declaração feita no Céu nós podemos encontrar o fundamento da Mordomia da Adoração. Deus deve ser adorado porque ele é o Criador e o sustentador de todas as coisas - “...porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”. O Salmista entendeu esta verdade, e declarou: “Ó, vinde adoremos e prostremo-nos; ajoelhemo-nos diante do Senhor que nos criou” (Sl.95:6). Na adoração, o Mordomo prostra-se diante do seu Criador em reconhecimento de que só Ele é o Senhor.

2. No Antigo Testamento

O ser humano adora a Deus desde o início da história.
-Adão e Eva tinham comunhão regular com Deus no jardim do Éden (cf.Gn.3.8).
-Caim e Abel trouxeram a Deus oferendas de vegetais e de animais (Gn.4:3,4).
-Os descendentes de Sete invocavam “o nome do SENHOR” (Gn.4:26).
-Noé construiu um altar ao Senhor para oferecer holocaustos depois do dilúvio (Gn.8:20).
-Abraão assinalou a paisagem da terra prometida com altares, nos quais oferecia holocaustos ao Senhor (Gn.12:7,8; 13:4,18; 22:9), e falou intimamente com Ele (Gn.18:23-33; 22:11-18).
Somente depois do êxodo, quando o Tabernáculo foi construído, é que a adoração pública tornou-se formal. A partir de então, sacrifícios regulares passaram a ser oferecidos diariamente, e especialmente no sábado, e Deus estabeleceu várias festas sagradas anuais como ocasiões de culto público dos israelitas (Êx.23:14-17; Lv.1—7; Dt.12; Dt.16).
O culto a Deus foi posteriormente centralizado no Templo de Jerusalém (cf. os planos de Davi, segundo relata 1Cr.22—26).
Quando o Templo foi destruído, em 586 a.C., os judeus, no cativeiro babilônico, construíram sinagogas como locais de ensino da lei e adoração a Deus, e aonde quer que viessem morar.
Com o retorno a Jerusalém, os judeus repatriados, incentivados por Esdras e Neemias, reavivaram o culto levítico (Ne.2:22-30). O Templo foi restaurado e os sacerdotes voltaram a realizar o culto divino, conforme Deus tinha proposto. As sinagogas continuaram em uso para o culto de adoração a Deus, mesmo depois de construído o segundo templo por Zorobabel (Ed.3—6).

3. No Novo Testamento

A adoração na Igreja Primitiva era prestada tanto no Templo de Jerusalém quanto em casas particulares (At.2:46,47). No início da Igreja haviam sinagogas na terra de Israel e em todas as partes do mundo romano (cf. Lc.4:16; João 6:59; At.6:9; 13:14; 14:1; 17:1,10; 18:4; 19:8; 22:19).
Fora de Jerusalém, os cristãos prestavam culto a Deus nas sinagogas, enquanto isso lhes foi permitido. Quando lhes foi proibido utilizá-las, passaram a cultuar a Deus noutros lugares, geralmente em casas particulares (cf. At.18:7; Rm.16:5; Cl.4:15; Fm.v.2), e, às vezes, em salões públicos (At.19:9,10).

II. COMO ADORAR A DEUS

“Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4:23,24).
A principal incumbência da Igreja não é missões, mas adoração. Muitos têm se iludido achando que Deus se agrada se cumprirmos tão somente os deveres litúrgicos, ou seja, se rendermos a Deus um culto formal em alguma igreja local. A essência do culto está na adoração ao Senhor, e nunca é demais enfatizarmos essa verdade, pois adoração vazia significa culto frio e sem propósito.
A adoração a Deus é o gesto concreto de nosso reconhecimento de que Deus é o Senhor de todas as coisas, inclusive de nosso ser. É através da adoração que Deus é reconhecido como Senhor e o homem, como seu servo.
Jesus declarou duas coisas importantes sobre a verdadeira adoração: primeiro, como se deve adorar a Deus; segundo, onde se deve adorar a Deus.

1. Como devemos adorar a Deus?

1.1. "Em espírito e em verdade" (João 4:23). Foi o que Jesus disse à mulher samaritana. Quando adoramos ao Senhor, “em espírito e em verdade”, trazemos o Senhor até aquele local de uma forma especial.
O Senhor Jesus disse que Deus procura a estes adoradores e disse que estaria onde estivessem dois ou três reunidos em seu nome (Mt.18:20). Assim sendo, quando nos reunimos em nome do Senhor, quando realmente O adoramos, Ele se faz presente de uma forma toda especial, ou seja, como Companheiro, como Intercessor, como Salvador, como Provedor.
A verdadeira adoração é a chave para sentirmos a presença do Senhor e para que haja salvação de vidas, operação de sinais e maravilhas, demonstração do poder de Deus.
Quando não há adoração, nada disso se verifica e este é um sinal patente da ausência de Deus numa determinada Igreja Local.
1.2. Com reverência. Quando lemos na Palavra de Deus, observamos que o Senhor sempre exigiu reverência, respeito e consideração nas reuniões coletivas de adoração. Deus é infinitamente sublime em majestade, poder, santidade, bondade, amor e glória. Por isso, devemos adorá-loo e servi-lo com toda reverência, fervor, zelo, sinceridade e dedicação.
Pelo que, recebendo nós um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e temor”(Hb.12:28,29).
-Quando Deus se manifestou a Moisés, imediatamente mandou que ele não se aproximasse da sarça ardente e, ainda, descalçasse seus pés, pois o lugar onde se encontrava era terra santa, em virtude da presença do Senhor (Ex.3:5), algo que, anos mais tarde, seria repetido em relação ao sucessor de Moisés, Josué (Js.5:15).
Isto prova que a adoração não se desprende da reverência. A reverência, o respeito, a consideração, traduzem, aliás, o que a Bíblia chama de “temor do Senhor”, ou seja, o reconhecimento da soberania e do senhorio de Deus sobre cada ser humano, o que nos leva a respeitá-lo, ou seja, “olhá-lo com atenção”, “levá-lo em consideração”, “prestar-lhe atenção”, “dar-lhe ouvidos”.
-Hofni e Finéias, filhos do sacerdote Eli, sacerdotes no Tabernáculo de Deus, eram muito irreverentes na Casa de Deus. A Bíblia diz que o Senhor queria trazer juízo sobre eles por se comportarem de forma imoral perante o povo de Israel (1Sm.2:22-25). Eles endureceram o coração e pecaram abertamente e sem constrangimento.
Eli os advertiu, mas a advertência de Eli não teve efeito moral sobre eles. Deus os entregou à sua própria sorte. Para eles, tinha se passado o dia da salvação, estando, pois, destinados por Deus à condenação e à morte, à semelhança daqueles referidos em Rm.1:21-32. Iam morrer como resultado da sua própria e insolente desobediência e da sua recusa de arrepender-se.
-Nadabe e Abiú, filhos do sumo sacerdote Arão, se apresentaram diante do altar do incenso de forma irreverente e irresponsável. Pecaram deliberadamente contra o Senhor Deus de Israel. O juízo do Senhor foi imediato: eles morreram, não apenas fisicamente, também espiritualmente.
Isto nos ensina uma lição: não apenas a adoração a falsos deuses é proibida, mas também a adoração ao verdadeiro Deus de maneira errada.
-Os sacerdotes à época de Malaquias se comportavam muito mal diante de Deus. A irreverencia deles era tão pútrida que Deus pediu que eles não fizessem mais culto a Ele no Templo de Deus, e que fechassem as portas do Templo.
 “Quem há também entre vós que feche as portas e não acenda debalde o fogo do meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oblação” (Ml.1:10).
Por causa disso, Deus os advertiu de que sofreriam uma condenação terrível caso não se arrependessem e mudassem de atitude.
-Na Nova Aliança, também, Deus exige que o seu povo ande em santidade e pureza diante dEle, como exorta o apóstolo Pedro: “mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1Pd.1:15).
Devemos, pois, estarmos cônscios de que Deus não se deixa escarnecer (Gl.6:7); Ele exige santidade, pureza e reverência de cada um de seus filhos, quando formos nos apresentar diante dEle, principalmente daqueles que fazem parte do ministério eclesiástico e que estão sempre em evidência.
1.3. Com sinceridade. O adorador precisa entender que a adoração não é uma questão de performance diante dos homens, mas de sinceridade diante de Deus (João 4:24). Certa feita, Jesus levantou a sua voz e disse aos fariseus:
“Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mc.7:6).
Davi compreendeu que Deus procura a verdade no íntimo:
“Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria” (Salmos 51:6).
O povo de Israel, à época do profeta Amós, não adorava a Deus com sinceridade. Deus os reprendeu energicamente:
Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembleias solenes não tenho nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras. Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene” (Am.5:21-24).
O respeito leva-nos, portanto, a ter algumas regras e normas no culto a Deus, normas estas que devem ser observadas e que revelam o próprio ato de adoração que está presente em cada culto coletivo a Deus.
Até as vestes são levadas em consideração, quando nos apresentamos a Deus em adoração.
“Adorai ao Senhor vestidos de trajes santos; tremei diante dele, todos os habitantes da terra”(Sl.96:9).
O nosso culto, portanto, ou é verdadeiro e bíblico ou é anátema. Deus não se impressiona com pompa; Ele busca a verdade no íntimo.
Em outras palavras, o culto tem que ser bíblico, tem que ser em verdade, conforme estabelecido, prescrito por Deus, e ele tem que ser sincero - “em espírito e em verdade”.
1.4. Com entendimento, a partir de um "culto racional". A adoração não é um culto sem entendimento (João 4:22). Disse Jesus à mulher samaritana: “Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus”.
Os samaritanos adoravam o que não conheciam. Havia uma liturgia desprovida de entendimento. Havia um ritual vazio de compreensão.
O culto racional significa cultuar a Deus "com razão de ser", motivados espiritualmente, portadores de uma sinceridade profunda. Ele é incompatível com meninices e com práticas como o “reteté” e emocionalismo delirante.
A presença do poder de Deus como havia no princípio da Igreja, a plenitude do Espírito Santo, jamais significou o irracionalismo, o emocionalismo que hoje é, por muitos, considerado como “sinal da presença de Deus”.
A Palavra de Deus é a verdade e o poder de Deus não se confunde com desatinos e espetáculos lamentáveis.
O crente não deve ficar fora da racionalidade ou da consciência do culto devido a Deus. Pense nisso!

2. Onde adorar a Deus?

Para a mulher samaritana o lugar correto de adoração era o Monte Gerizim, em Samaria (João 4:20). Os judeus diziam que o lugar correto de adoração era o Monte Moriá, em Jerusalém (João 4:20). Mas, Jesus disse que chegaria um tempo em que o essencial da adoração não seria o lugar geográfico, ou o local sagrado, pois "os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (João 4:21,23,24).
Na Nova Aliança, não existe lugar mais sagrado do que outro. Não é o lugar que autentica a adoração, mas a atitude do adorador.

3. A atitude do adorador

O verdadeiro adorador, aquele que adora a Deus “em espírito e em verdade”, no exercício da Mordomia, adora em qualquer situação.
Vejamos a atitude do adorador em três fases: na Planície, no Vale e no Monte. Planície, Vale e Monte falam de três tempos, ou de três momentos de nossa vida espiritual.
No exercício da Mordomia da Adoração, o mordomo fiel precisa reconhecer o poder, a majestade, a soberania de Deus, estando na Planície, no Vale, ou no Monte.
a) Adorando a Deus na Planície – Daniel adorou
“...e três vezes ao dia se punha de joelhos e orava e dava graças, diante do seu Deus, como também dantes costumava fazer” (Dn.6:10).
Espiritualmente, estar na Planície significa estar vivendo um momento de tranquilidade, de paz; é quando tudo está bem, é quando tudo está dando certo - não há subidas íngremes e nem ladeiras perigosas. É como estar em Elim, onde havia muita água e muita sombra - sombra e água fresca em pleno deserto - “Então vieram a Elim, e havia ali doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali se acamparam junto das águas” (Êx.15:27).
Assim, era como estava vivendo o velho estadista e fiel servo de Deus, Daniel. Ele era um homem realizado em todos os sentidos. Tinha tudo o que um homem natural gostaria de ter: era rico, poderoso, respeitado, amado.
Há cerca de setenta anos que ele ocupava naquele Império a posição de maior prestigio depois do imperador. E aquele era o maior e mais poderoso império do mundo de então.
Daniel estava, agora, entre 85 e 86 anos de idade, com muita saúde, dinheiro, fama e poder. Tinha também tudo o que um homem espiritual gostaria de ter: Daniel era um homem muito amado por Deus, conforme lhe declarou o anjo Gabriel - “...e eu vim, para to declarar, porque és mui amado ...” (Dn.9:27). Amado por Deus, amado e respeitado pelo imperador, o homem mais poderoso da Terra.
Daniel estava vivendo numa imensa Planície - material e espiritual. Mas Daniel continuava sendo um verdadeiro adorador. Três vezes ao dia “se punha de joelhos e orava, e dava graças, diante do seu Deus”. Daniel era um adorador em todo o tempo. Era um bom mordomo no exercício da Mordomia da Adoração. 
Tem crentes que quando estão na Planície esquecem de Deus, dão “férias” à adoração, são maus mordomos no exercício da Mordomia da Adoração. 
b) Adorando a Deus no Vale - Paulo e Silas adoraram
“E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus...” (Atos 16:25). 
Espiritualmente, estar no Vale significa estar passando por duras provas, por momentos de dificuldades; é quando tudo parece ter dado errado; é quando a solidão espiritual quer nos dominar e Satanás sopra em nossos ouvidos que Deus se esqueceu de nós; é quando o céu parece ter-se fechado. É um momento difícil de se poder exercer a Mordomia da Adoração.
Se você já esteve no Vale, ou mesmo no fundo do Vale, então você pode me entender. Adorar quando parece que Deus nos abandonou, adorar no silêncio de Deus, adorar quando parece que o céu se fechou, é difícil; mas, pela Palavra de Deus, sabemos ser possível. 
A Bíblia registra a história de muitos homens de Deus que adoraram, mesmo estando no fundo do Vale. Poderíamos discorrer, dentre outros, sobre Jó, José, Davi, Jeremias, etc., porém, vamos, aqui, nos deter apenas em Paulo e Silas.
Paulo e Silas, em Filipo, desceram ao fundo do Vale. Apanharam com varas em praça pública. Foram feitos espetáculo para os homens.
E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando -lhes os vestidos, mandaram açoita-los”.
Após serem açoitados foram lançados num cárcere fétido e presos com correntes num tronco.
“E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança. O qual tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior, e lhes segurou os pés no tronco” (Atos 16:22-25).
Paulo e Silas desceram ao fundo do Vale. Tudo parecia ter dado errado. O Senhor Jesus não veio e não mandou nenhum anjo socorrê-los. Permitiu que tudo aquilo lhes acontecesse.
Ali estavam os dois homens de Deus no fundo de um cárcere - acorrentados num tronco, com as costas cortadas por varas. Era uma situação assaz difícil para ser entendida e explicada. Eles tinham tudo para estarem abatidos, confusos, até revoltados.
Adorar a Deus quando tudo está bem, é fácil, mas o verdadeiro adorador, no exercício da Mordomia da Adoração, adora a Deus em todo o tempo e em quaisquer circunstâncias - “...o Pai procura a tais que assim o adorem” (João 4:23). 
Há crentes que quando se encontram no fundo do Vale, se desesperam, murmuram, reclamam...e até pecam. Paulo e Silas, no entanto, mesmo no fundo do Vale, adoraram a Deus através da oração e do louvor.
 “E perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam”(Atos 16:25).
A adoração move o coração de Deus. O barulho do clamor do povo, a fúria dos magistrados, os gemidos de Paulo e Silas não moveram o coração de Deus, mas, a adoração moveu, e ele se manifestou com poder, desde os céus.
“E de repente sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos”(Atos 16:26).
A Adoração, através do louvor, é um instrumento mais poderoso do que os gemidos e as lágrimas.
Se Paulo e Silas estivessem gemendo e chorando, talvez nada tivesse acontecido. Mas, como esqueceram-se da dor e começaram a adorar a Deus, as portas se abriram e as prisões se soltaram.
Talvez você esteja, neste momento, no fundo do Vale. Você já cansou de chorar, de clamar... e você até já murmurou; então, por que não experimenta adorar a Deus com oração e louvor? fez isto, e deu certo. Paulo e Silas fizeram isto, e deu certo.
Adorar a Deus, no fundo do Vale, este pode ser o caminho para mover o coração de Deus. Pense nisso! 
c) Adorando a Deus no Alto do Monte - Abraão adorou
“E disse Abraão a seus moços: ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós” (Gn.22:5).
Espiritualmente, estar no alto do Monte significa ter vencido uma batalha, ter passado por uma provação, ter alcançado uma bênção.
Não se chega ao alto do Monte sem o sacrifício de uma subida íngreme e difícil. Às vezes, depois de uma subida tão penosa, chega-se no alto do Monte tão abatido que se corre o perigo de esquecer a adoração. Isto, porém, não ocorreu com Abraão.
Abraão estava com cerca de 115 anos quando subiu o Monte Moriá, 40 anos depois de sua chamada em Ur, na Caldéia. Era um homem experimentado e amadurecido em muitas batalhas. Um homem que viveu na Planície, que desceu ao fundo do Vale, e que agora ia celebrar sua maior vitória - no alto do Monte.
Certamente que de todas as grandes batalhas travadas por Abraão, esta foi a mais árdua, a que mais fez sangrar sua alma. Quando o problema é apenas pessoal, fica mais fácil; quando envolve um ente querido, então a dor é mais intensa.
Nesta batalha, do ponto de vista humano, o que estava em perigo era a vida do filho querido, com cerca de 15 anos.
 “...toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto...” (Gn.22:2).
Abraão se propôs a fazer o que Deus lhe mandou fazer. Foram três dias de caminhada. Os três dias mais longo, mais penosos de toda sua vida.
Mas Abraão subiu, não apenas no sentido literal, também no sentido espiritual. Abraão subiu e chegou no alto do Monte Moriá. Ali, após vencer aquela dura batalha, Abraão adorou a Deus conforme havia prometido - “... eu e o moço iremos até ali, e havendo adorado, tornaremos a vós”.
Quem não se dispuser a pagar o preço da subida não poderá adorar a Deus no alto do Monte. Pense nisso!

III. GESTOS E ATITUDES NA ADORAÇÃO A DEUS

Adorar a Deus está muito acima de cantar, dançar ou tocar algum instrumento musical. Também vai muito além de gestos, tais como levantar as mãos, chorar, pular, gritar, entre outros gestos corporais.
Reduzir a adoração a pequenos impulsos sentimentais, gestos ou cânticos é cometer erro gravíssimo. Se assim pensamos sobre a adoração, logo tem razão do culto não ser tão interessante, a administração da Palavra ser tão “fraquinha” e os louvores serem tão vazios e sem graça.

1. Ajoelhar-se e prostrar-se

Adorar vem de uma palavra que significa "inclinar-se, prostrar-se em deferência diante de um superior". No contexto bíblico, portanto, essa palavra significa um prostrar-se diante de Deus em reconhecimento à sua divindade. Existem vários exemplos na Bíblia desta forma de adoração a Deus.
-Salomão, na inauguração do Templo, em Jerusalém. Diante de todo o povo, Salomão se pôs de joelhos, adorando a Deus:
"Sucedeu, pois, que, acabando Salomão de fazer ao Senhor esta oração e esta súplica, estando de joelhos e com as mãos estendidas para os céus, se levantou de diante do altar do Senhor" (1Rs.8:54).
-Jesus prostrou-se diante do Pai em súplica (Mt.26:39).
-Daniel, três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus (Dn.6:10).
-João, na ilha de Patmos, em uma visão ele viu os “vinte quatro anciãos” prostrados adorando ao Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap.4:10,11).
“os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, adoravam o que vive para todo o sempre e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”.

2. Louvar e Cantar

A adoração a Deus também se expressa com cânticos e hinos de caráter espiritual. O louvor era um elemento-chave na adoração de Israel a Deus (cf. Sl.100:4; 106:1; 111:1; 113:1; Sl.117), bem como na adoração cristã primitiva (At.2:46,47; 16:25; Rm.15:10,11; Hb.2:12). O Antigo Testamento está repleto de exortações sobre como cantar ao Senhor (cf. 1Cr.16:23; Sl.95:1; 96:1,2; 98:1,5,6; 100:1,2).
A exortação à Igreja é oferecer “sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hb.13:15). Uma maneira autêntica de louvar a Deus é cantar salmos, hinos e cânticos espirituais (Cl.3:16).
Na ocasião do nascimento de Jesus, a totalidade das hostes celestiais irrompeu num cântico de louvor (cf. Lc.2:13,14); e a igreja inicial do Novo Testamento era um povo que cantava (1Co.14:15; Ef.5:19; Cl.3:16; Tg.5:13).
“falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Ef.5:19).
Os cânticos dos cristãos eram cantados, ou com a mente (isto é, num idioma humano conhecido) ou com o espírito (isto é, em línguas - ver 1Co.14:15). Em nenhuma circunstância os cânticos eram executados como passatempo. A verdadeira música espiritual vem do Céu e é endereçada ao Céu. Diz o salmista:
 “e pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no SENHOR” (Salmos 40:3).
Quem deve estar na mente do crente na hora do louvor é o Senhor. Qualquer outro objetivo fora este é um desvirtuamento do louvor.
Lamentavelmente, vemos hoje os “louvorzões”, os “festivais de música evangélica”, os “shows” e “apresentações” que nada estão a dever dos seus similares da música profana. Nestas ocasiões, os aplausos, os fãs estão presentes e são a tônica destas reuniões. Podemos, porventura, dizer que isso é culto ou reunião de adoração?
Tenhamos cuidado, Deus não se agrada disto e a mesma repugnância que teve com Herodes Agripa (At.12:21-23), terá, sem dúvida, com estes “artistas” que se põem no lugar que é único e exclusivamente reservado ao Senhor.
O apóstolo Paulo nos exorta a praticar a verdadeira adoração de forma consciente e profunda:
"A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração" (Cl.3:16).
Nós louvamos a Deus porque somos agradecidos a Ele porque nos salvou e nos deu a vida eterna. É o sentimento de gratidão que tem de mover o louvor, sem o que este louvor não será genuíno.
“Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos! Ajoelhemos diante do SENHOR que nos criou” (Sl.95:6).

3. Com atos

Na adoração, mesmo sem palavras, apenas com atos, nos humilhamos diante de Deus, reconhecemos e exaltamos a glória, majestade e poder.
Maria, a que ungiu os pés de Jesus com precioso bálsamo, enxugando-os com seus cabelos, é um exemplo impressionante. Essa mulher não pronunciou qualquer palavra, mas sem dúvida, o seu gesto foi um sublime ato de adoração (João 12:3).
Esse ato de Maria demonstra que adoração não consiste apenas em palavras; aliás, nem sempre a adoração que consiste apenas de palavras não agrada a Deus. Em Isaías 29:13, Ele afirma:
"Este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens".
Portanto, adoração envolve mais do que palavras e pensamentos, envolve todo o nosso ser, nossas atitudes.
Fazer uma contribuição financeira para a Obra de Deus ou externar um ato de misericórdia a algum necessitado é um ato de adoração a Deus, embora nenhuma palavra seja pronunciada por aquele que contribuiu. Ao invés de utilizar palavras, ele está fazendo uma declaração por meio de seus atos; está dizendo: "Deus é o Senhor do meu bolso, bem como de outros aspectos de minha vida. Ele é o Senhor do meu dinheiro e dos meus bens".
Na adoração nada se pede, nada se reivindica; apenas exaltamos, glorificamos ao Senhor nosso Deus pelo que Ele é; apenas adoramos, e nos alegramos pela simples presença de Deus.
"Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado, todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é minha força, ele fará os meus pés como os da corça, e me fará andar sobre os meus lugares altos" (Hc.3:17-19)

CONCLUSÃO

Aprendemos que a adoração agrada a Deus, e nos faz ficar mais perto dEle. Devemos ter esta consciência de que a nossa vida é a base de toda a nossa adoração. Adorar a Deus significa servi-lo a todo instante, a todo o momento.
O catecismo de Westminster diz que o fim principal do homem é glorificar a Deus e deleitar-se nele para sempre. Que possamos adorá-lo com reverência, sinceridade, com atos, pois somente Ele é digno de toda honra, de toda glória e de todo louvor. Louvado seja o seu nome!
“Ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém” (1Tm.1:17).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 79. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Importância da Mordomia Cristã. PortalEBD_2003.
Louis Berkhof. Teologia Sistemática.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Mordomia da Adoração_PortalEBD_2003.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Igreja, povo exclusivo de adoração. PortalEBD_2007.


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