domingo, 22 de novembro de 2020

Aula 09 – JÓ E A INESCRUTÁVEL SABEDORIA DE DEUS

 4º Trimestre/2020

Texto Base: Jó 28:1-28

 “Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência” (Jó 28:28).

Jó 28:

1.Na verdade, há veios de onde se extrai a prata, e, para o ouro, lugar em que o derretem.

2.O ferro tira-se da terra, e da pedra se funde o metal.

3.O homem pôs fim às trevas e até à extremidade ele esquadrinha, procurando as pedras na escuridão e na sombra da morte.

4.Trasborda o ribeiro até ao que junto dele habita, de maneira que se não pode passar a pé; então, intervém o homem, e as águas se vão.

5.A terra, de onde procede o pão, embaixo é revolvida como por fogo.

6.As suas pedras são o lugar da safira e têm pós de ouro.

7.Essa vereda, a ignora a ave de rapina, e não a viram os olhos da gralha.

8.Nunca a pisaram filhos de animais altivos, nem o feroz leão passou por ela.

9.Ele estende a sua mão contra o rochedo, e revolve os montes desde as suas raízes.

10.Dos rochedos faz sair rios, e o seu olho descobre todas as coisas preciosas.

11.Os rios tapa, e nem uma gota sai deles, e tira para a luz o que estava escondido.

12.Mas onde se achará a sabedoria? E onde está o lugar da inteligência?

13.O homem não lhe conhece o valor; não se acha na terra dos viventes.

14.O abismo diz: Não está em mim; e o mar diz: Ela não está comigo.

15.Não se dará por ela ouro fino, nem se pesará prata em câmbio dela.

16.Nem se pode comprar por ouro fino de Ofir, nem pelo precioso ônix, nem pela safira.

17.Com ela se não pode comparar o ouro ou o cristal; nem se trocará por joia de ouro fino.

18.Ela faz esquecer o coral e as pérolas; porque a aquisição da sabedoria é melhor que a dos rubis.

19.Não se lhe igualará o topázio da Etiópia, nem se pode comprar por ouro puro.

20.De onde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência?

21.Porque está encoberta aos olhos de todo vivente e oculta às aves do céu.

22.A perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama.

23.Deus entende o seu caminho, e ele sabe o seu lugar.

24.Porque ele vê as extremidades da terra; e vê tudo o que há debaixo dos céus.

25.Quando deu peso ao vento e tomou a medida das águas;

26.quando prescreveu uma lei para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões,

27.então, a viu e a manifestou; estabeleceu-a e também a esquadrinhou.

28.Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo do Livro de Jó, trataremos nesta Aula a respeito da “inescrutável sabedoria de Deus”. Teremos como texto base o capítulo 28 de Jó. Neste capítulo, Jó mais uma vez questionou a fonte da sabedoria de Elifaz, Bildade e Zofar, pois suas respostas não passavam de uma exposição filosófica que nada tinha a ver com as verdades profundas de Deus.

Muitas pessoas estão em busca da verdade e outras já desistiram de buscar, há bastante tempo. O problema da humanidade é que ela tem buscado a verdade em lugares que não a apresentarão de maneira satisfatória, como a filosofia natural e a ciência sem Deus, por exemplo. O ser humano é capaz de tantas coisas, mas não de encontrar sabedoria. Jó descreveu a incrível capacidade humana de cavar a terra, remover montanhas e atravessar rochas em busca de tesouros, mas não tem habilidade alguma de encontrar a sabedoria de Deus. Jó encerra o capítulo 28 com uma afirmação muito comum no livro de Provérbios, dizendo que a sabedoria está em temer ao Senhor (Jó 28:28). Temer ao Senhor não é ter medo dEle, mas demonstrar a Ele reverência. A motivação para um filho obedecer a seu pai deve ser o respeito e o amor a ele, mais do que o medo de ser castigado. Portanto, segundo as Escrituras Sagradas, uma pessoa sábia não é aquela que domina vários idiomas e dialetos, não é a que tem mais habilidade de ler livros e absorver conhecimento, não é aquela conhecedora exímia de filosofia, não é aquela que possui profundo conhecimento de teologia, não é aquela que possui profundo conhecimento da literatura nacional e mundial, não. Segundo as Escrituras, a pessoa sábia é aquela que tem o temor do Senhor - “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Sl.111:10; Pv.9:10).

I. A SABEDORIA VISTA COMO UM BEM NATURAL

1. O empenho na busca da sabedoria

Em Jó 28:1-14 o autor contrasta o árduo trabalho do homem na busca por bens preciosos nas entranhas da terra com a busca pela sabedoria. Jó esquece suas feridas e todas as suas angústias, e fala como um filósofo. Neste discurso há uma grande dose de filosofia moral e, também, natural. Aqui, Jó discorre a respeito da riqueza terrena, e quão diligentemente ela é buscada e perseguida pelos filhos dos homens, os esforços que eles fazem, os planos que elaboram, e os riscos que correm para obtê-la (Jó 28:1-11). Assim como o profissional do minério usa diligentemente a tecnologia na busca de metais preciosos, também ele deve empreender um grande esforço para encontrar a Sabedoria; o seu preço é muito elevado, é de valor inestimável (Jó 28:15-19). Os tesouros existem, mas estão enterrados; a Sabedoria existe, é um bem mui precioso, mas o seu lugar é extremamente secreto (Jó 28:14,20,22); é necessário grande empenho para alcançá-la.

2. Como quem explora o minério, assim o homem faz com a Sabedoria

O narrador expõe a diligência do homem na exploração do minério nas entranhas da terra (Jó 28:3-11). O homem vai até o fundo da terra (Jó 28:2) para descobrir metais e pedras preciosas. Para colocar um “fim às trevas” (Jó 28:3), os habilidosos na mineração vão até as profundezas da terra como se fossem luz. As minas geralmente são locais de difícil acesso e de pouca iluminação, por isso, há a necessidade de se abrir caminho e colocar luz artificial. Por meio da diligência e invenção deles, podem encontrar o tesouro escondido – “as pedras na escuridão” (Jó 28:3-5).

3.O homem pôs fim às trevas e até à extremidade ele esquadrinha, procurando as pedras na escuridão e na sombra da morte.

4.Trasborda o ribeiro até ao que junto dele habita, de maneira que se não pode passar a pé; então, intervém o homem, e as águas se vão.

5.A terra, de onde procede o pão, embaixo é revolvida como por fogo.

Entende-se aqui que aqueles que trabalham nas minas procuram os limites dos lugares escuros, aventurando-se nos recônditos mais remotos para obter minério; eles cavam poços profundos nos vales, em lugares remotos, raramente visitados por alguém, e descem neles, pendurados em cordas que oscilam para frente e para trás. Da terra o homem obtém o pão de cada dia, mas debaixo da superfície a terra é revolvida como por fogo (Jó 28:5).

A atividade e a engenhosidade do homem são maravilhosas, mas em todo esse empreendimento a “sabedoria” (Jó 28:12) não é descoberta. Ter conhecimento técnico profundo para explorar pedras preciosas não significa ter Sabedoria de Deus, pois ela não se acha na terra dos viventes” (Jó 28:13); ela não se encontra no abismo nem no mar (Jó 28:14). Por mais extraordinária que a exploração e a descoberta humana possam parecer, as pessoas não conseguem nem mesmo começar a sondar a sabedoria divina. As mentes humanas mais privilegiadas não conseguem descobri-la ou explorá-la. Os amigos de Jó tentaram, diligentemente, examinar o sábio entendimento de Deus acerca da situação de Jó, mas não obtiveram êxito; a Sabedoria suprema sempre permanece elusiva e além da compreensão humana.

3. De onde vem a Sabedoria?

Jó reconhece que a sabedoria está oculta a todos os seres da terra, mesmo às aves do céu, que podem enxergar longe, do alto (Jó 28:21). Jó demonstrou que o homem tem sido exitoso no seu trabalho de exploração de minérios, porém, incapacitado na “escavação da sabedoria”; tem procurado, mas não encontrado. Por que isso? Porque a verdadeira Sabedoria está escondia em Deus, e é Ele quem a revela; ela é dádiva de Deus (Pv.2:6).

“Porque o SENHOR dá a sabedoria, e da sua boca vem o conhecimento e o entendimento”.

A verdadeira Sabedoria, portanto, não se recebe nos bancos de uma escola, universidade, nem se aprende com a leitura de bons livros. Sabedoria não é um dote natural, é um dom exclusivo de Deus; emana das alturas; procede do Céu. Existe uma sabedoria terrena, mas não é sobre essa Sabedoria que estamos aqui tratando. Estamos tratando da Sabedoria divina, a Sabedoria que vem do Céu; essa deve ser desejada e pedida; deve ser buscada como buscamos a prata e o ouro.

Aqueles que pedem a Deus sabedoria, esses a recebem (Tg.1:5). Só Deus concede esse dom. Só de Deus procede essa boa dádiva. Da boca de Deus emanam a inteligência e o entendimento. A compreensão da vida e o discernimento dos propósitos da existência são o resultado de conhecermos a Deus. Aqueles que andam com Deus são sábios. Aqueles que amam a Deus têm inteligência e compreensão para discernir entre o bem e o mal, para separar o precioso do vil. É da boca de Deus, ou seja, de Sua Palavra, que procede a verdadeira compreensão acerca de Deus e da humanidade, do tempo e da eternidade, da vida e da morte. Aqueles que se apartam dos preceitos divinos entregam-se a estultícia, mas aqueles que se dedicam a conhecê-los e ensiná-los experimentam segurança e deleite, tanto no tempo presente como na eternidade. (1)

A Sabedoria somente se manifesta de forma prática na vida dos homens através do temor do Senhor. Como já frisei, a pessoa sábia é aquela que tem o temor do Senhor - “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Sl.111:10; Pv.9:10). Portanto, a Sabedoria é relacional. Este foi um testemunho que o próprio Deus já havia dado sobre Jó. Ao contrário de seus amigos, ele vivia a sabedoria divina.

Temer a Deus, portanto, é conhecê-lo, honrá-lo, obedecer-lhe. Temer a Deus é colocar os pés na estrada da santidade e beber das torrentes da felicidade. Quando tememos a Deus, nossos dias são dilatados na terra e somos poupados de muitas aflições. O temor ao Senhor é o grande freio moral que nos protege das propostas sedutoras do enriquecimento ilícito e nos blinda da sedução perigosa das aventuras sexuais. O temor ao Senhor nos afasta dos caminhos escorregadios e firma os nossos passos nas veredas da justiça. O temor ao Senhor nos desvia de companhias erradas e de lugares errados.

II. A SABEDORIA VISTA COMO UM BEM COMERCIAL

1. O preço da Sabedoria

Assim como aqueles que trabalham nas minas tem um esforço hercúleo para conseguir o que quer, também os que buscam a Sabedoria que vem de Deus precisam pagar um alto preço de sacrifício e devotamento. Segundo Jó, a Sabedoria vinda de Deus não tem um preço tangível que se possa oferecer para adquiri-la, o seu valor é incalculável; é patrimônio exclusivo de Deus, por isso, não pode ser transmitida. Portanto, o caminho da Sabedoria não pode ser encontrado tão facilmente. Como afirma Jó, a Sabedoria não está na terra ou no mar e não pode ser comprada ou avaliada, pois seu valor excede o precioso ônix, a safira e até mesmo o ouro puro (Jó 28:12-19).

12.Mas onde se achará a sabedoria? E onde está o lugar da inteligência?

13.O homem não lhe conhece o valor; não se acha na terra dos viventes.

14.O abismo diz: Não está em mim; e o mar diz: Ela não está comigo.

15.Não se dará por ela ouro fino, nem se pesará prata em câmbio dela.

16.Nem se pode comprar por ouro fino de Ofir, nem pelo precioso ônix, nem pela safira.

17.Com ela se não pode comparar o ouro ou o cristal; nem se trocará por joia de ouro fino.

18.Ela faz esquecer o coral e as pérolas; porque a aquisição da sabedoria é melhor que a dos rubis.

19.Não se lhe igualará o topázio da Etiópia, nem se pode comprar por ouro puro.

2. O valor da Sabedoria

“O homem não lhe conhece o valor; não se acha na terra dos viventes” (Jó 28:13).

Jó declarou que a Sabedoria não pode ser encontrada entre os viventes. É natural que as pessoas que não compreendem a importância da Palavra de Deus busquem sabedoria neste mundo. Elas procuram filósofos e outros mestres do saber que lhes forneçam direção para a vida. Por este motivo, Jó afirmou que a Sabedoria não é encontrada ali. Lamentavelmente, o homem ainda não aprendeu o verdadeiro valor da Sabedoria nem onde encontrá-la e que, por isso, acredita ser fácil adquiri-la. Nenhum mestre ou grupo de mestres pode produzir conhecimento ou percepção suficientes para explicar a totalidade da experiência humana. A interpretação definitiva da vida, de quem somos e para onde vamos, precisa vir de cima. Quando buscamos orientação, procuramos a Sabedoria de Deus como revelada na Bíblia. Para sermos elevados além dos limites da vida, precisamos conhecer e confiar no Senhor da vida.

Salomão, na sua cosmovisão, falando do valor da sabedoria, disse: “Porque melhor é a Sabedoria do que joias e, de tudo o que se deseja, nada se pode comparar com ela” (Pv.8:11). O ser humano corre sofregamente atrás de prata, ouro, joias e riquezas. Investe seu tempo, usa sua energia, devota sua inteligência e emprega seus talentos para amealhar riquezas. Muitos chegam a alcançar sucesso nessa empreitada, porém deixam para trás os destroços de sua busca insaciável. Há aqueles que destroem o casamento e a família para atingirem o topo da pirâmide social; acumulam bens, mas perdem a família; ajuntam tesouros, mas perdem a alma.

A Sabedoria divina nos adverte: o conhecimento é melhor do que o ouro escolhido; a Sabedoria é melhor do que joias. Nada neste mundo, nem as riquezas nem os prazeres, pode ser comparado à sabedoria. O néscio ajunta tesouros julgando que essa riqueza lhe dará felicidade e segurança; porém, esses tesouros acabam se transformando no combustível de sua própria destruição. Quando alguém busca conhecimento e sabedoria em vez de correr atrás de prata, ouro e joias, encontra segurança, felicidade e riqueza. (2)

Infelizmente, hoje, o mundo tem muito conhecimento, porém, pouca sabedoria. Somos considerados a sociedade do conhecimento. Avançamos em ciência, tecnologia e comunicação. Temos satélites e a internet, e sabemos que muito mais novidade vem por aí. O mesmo conhecimento que nos trouxe conquistas e conforto, trouxe-nos guerras e morte. Tanto não alcançamos felicidade pelo livre e pleno exercício da razão, como multiplicamos alternativas emocionais, hedonistas, utilitárias e egocêntricas para a vida comum. Distanciamo-nos uns dos outros; estranhamo-nos; isolamo-nos. Nossos índices de drogadição, alcoolismo, acidentes de trânsito, conflitos e dissoluções familiares aumentaram drasticamente.

Diante desse quadro, eis uma conclusão: temos muito conhecimento, mas pouca sabedoria. Conhecimento é domínio da informação que se refere ao objeto de interesse; sabedoria é a capacidade de utilizar o conhecimento em prol da vida e dos relacionamentos. O sábio não é, necessariamente, aquele que tem muito conhecimento, mas aquele que canaliza adequadamente para as ações e decisões do dia-a-dia todo o conhecimento que tem. Assim, um morador da periferia, um profissional artesanal, um administrador de negócio próprio sem formação acadêmico, uma dona de casa ou um jovem que trabalha no campo podem ser mais sábios que um doutor ou um professor universitário. Com certeza, nossa geração é a geração do conhecimento, mas carece de uma sabedoria que a ajude a encontrar veredas de vida e paz. (3)

3. A Sabedoria não é um bem comercial

Jó afirmou que a Sabedoria não é um bem comercial, e que o seu valor é inestimável e só quem pode concedê-la é Deus; portanto, não pode ser encontrada em qualquer lugar. Ela é o tesouro mais precioso do que ouro puro (Jó 28:19). Deve ser desejada mais do que a prata e o ouro refinado. Deve ser buscada mais do que o sucesso. É um bem que deve ser mais cobiçado do que a riqueza. Muitos desprezam a Sabedoria como se ela não fosse desejável; preferem os prazeres, cobiçam as riquezas, anseiam o sucesso; outros, mesmo tendo ouvido sobre o caminho excelente da sabedoria, apartam-se voluntária e afrontosamente dessa vereda; buscam caminhos mais sedutores; colocam os pés em estradas cercadas por mais aventuras; cobiçam coisas mais imediatas. O fim dessas escolhas insensatas, entretanto, é a decepção e o fracasso. É melhor ser um sábio pobre do que um rico tolo. É melhor ter Sabedoria do que ajuntar riquezas. É melhor obedecer aos preceitos de Deus do que deles se apartar.

III. A SABEDORIA VISTA COMO UM BEM ESPIRITUAL

1. Uma Verdade revelada

Pergunta o narrador: “De onde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência?” (Jó 28:20). No capítulo 28:13-19, Jó fez um contraste entre o trabalho de um minerador e o de quem procura a sabedoria. Ao contrário de Bildade, que chama o ser humano de “verme”, Jó admite a inteligência e a destreza dos homens para minerar a terra. O sucesso humano na mineração é prova de sua inteligência e habilidade; apesar disso, o homem fracassou completamente em sua busca por Sabedoria. Também as riquezas deste mundo são incapazes de comprá-la, pois ela não é um bem comercial (Jó 28:13-19). Jó afirma que a Sabedoria está escondida dos olhos de todo vivente (Jó 28:21); ela não está no centro da terra, nem com os sábios, de forma que possa ser passada pela simples via da tradição ou do conhecimento. Somente Deus é capaz de doá-la (Jó 28:21-28). O abismo e a morte apenas ouviram falar dela. Deus, o Criador da natureza, é a origem da sabedoria, pois o Senhor “lhe entende o seu caminho, e ele sabe o seu lugar. Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência” (Jó 28:23,28).

Contudo, a Sabedoria não é uma ideia abstrata, é uma Pessoa concreta. Não é uma pessoa meramente humana, mas a Pessoa divina. A Sabedoria é uma expressão eloquente do próprio Jesus, o Filho de Deus, que foi revelado na plenitude dos tempos (Gl.4:4). A Sabedoria faz soar sua voz, em tempo e fora de tempo, e em todos os lugares, a fim que todos conheçam sua mensagem. Sua mensagem é urgente e absolutamente vital. Tapar os ouvidos à voz da Sabedoria é caminhar para a morte e fazer uma viagem rumo ao desastre. Deus nos falou muitas vezes, de muitas maneiras, aos pais pelos profetas, mas agora ele nos fala pelo seu Filho, a Verdade revelada. Jesus é a Sabedoria de Deus; ouvir sua voz é viver; obedecer à sua voz é caminhar para a bem-aventurança eterna.

2. Uma Verdade prática

A Sabedoria não deve ser apenas sentida, ou contemplada, mas deve ser, principalmente, praticada. Ela deve ser uma realidade presente em nosso coração, e não apenas um vocábulo que está grafado nos dicionários. Nosso coração precisa ser a morada da Sabedoria. Ela precisa nos governar e ter todas as chaves da nossa vida. Não pode ser apenas uma inquilina sem autoridade de fazer as mudanças necessárias.

A Sabedoria precisa ser a dona da “casa”. Não pode ser apenas uma hóspede, que vem e vai embora, mas sim uma residente permanente. Quando a sabedoria é entronizada em nossa vida, então nos tornamos sábios. Salomão, ao ser entronizado rei de Israel, não pediu riqueza nem poder; pediu Sabedoria, e, com a Sabedoria vieram as demais coisas. Aqueles que são templos da Sabedoria descobrem que o conhecimento de Deus traz gozo e paz, uma fonte perene de delícias para a alma. (4)

A Sabedoria se materializa no temor do Senhor. Jó disse que a Sabedoria está no “temor do Senhor” (Jó 28:28). O temor a Deus é o princípio da Sabedoria. Quem teme a Deus afasta-se do mal, e quem se afasta do mal evita uma abundância de problemas na vida. Quem teme a Deus não desperdiça sua saúde em noitadas de aventuras. Quem tema a Deus não intoxica seu corpo com nicotina nem com outras drogas pesadas. Quem teme a Deus não se pende aos ditamos do alcoolismo. Quem teme a Deus não entrega seu corpo à impureza nem chafurda na lama da promiscuidade sexual. Quem teme a Deus não entrega sua língua à maledicência nem compra brigas desnecessárias, para depois viver amargurado. Quem teme a Deus semeia amor e colhe compreensão. Quem teme a Deus não guarda mágoa em seu coração, mas abençoa quem o maldiz. Portanto, a Sabedoria é uma verdade revelada e tem implicações práticas.

3. Cuidado com a falsa sabedoria

Nada é mais contrário à sabedoria do que a presunção. A sabedoria que se impõe pela empáfia e pela soberba é consumada tolice. O sábio é aquele que não faz propaganda de si mesmo. A sabedoria sempre anda de mãos dadas com a humildade; sempre se veste de modéstia. Salomão assim se expressou: “Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal” (Pv.3:7). Aqui, ele dá três conselhos:

  • Primeiro conselho - a necessidade imperativa da humildade. Só os humildes conhecem a ciência da sabedoria, e só os humildes serão exaltados.
  • Segundo conselho - a necessidade de sermos guiados na vida pelo temor ao Senhor. Só o temor a Deus nos livra de quedas e fracassos. Só o temor a Deus nos abre os portais da sabedoria.
  • O terceiro conselho - a necessidade de nos afastarmos de tudo o que é errado. Ninguém é regido pela sabedoria fazendo o mal e firmando alianças com aqueles que vivem na prática da injustiça.

Portanto, humildade de coração, temor ao Senhor e santidade de vida são os pilares da verdadeira sabedoria. Buscá-la em outras fontes é cavar cisternas rotas. Tocar trombetas para fazer apologia de si mesmo é insensatez. Nenhum engano é mais perigoso do que o autoengano. Nenhuma humilhação é mais notória do que aquela colhida pelos que exaltam a si mesmos. Não construa monumentos a si mesmo. Viva para a glória de Deus. Fuja da falsa sabedoria. (5)

CONCLUSÃO

Vimos que mesmo com empenho na busca da Sabedoria divina, os resultados não são satisfatórios. Não podemos alcançá-la, senão pela revelação divina. Ela está em Deus e somente Ele pode outorgá-la; somente Ele pode revelá-la - “O Senhor dá a sabedoria” (Pv.2:6) -, entretanto, ela não é encontrada nos segredos da natureza ou da providência, mas nas regras para o nosso próprio proceder. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Portanto, a Sabedoria se materializa no temor do Senhor. Logo, quem teme ao Senhor é sábio. Assim sendo, devemos engendrar esforços para alcançá-la. Muitos lutam bravamente para ser ricos; nesse projeto, empregam toda a sua energia e, às vezes, para alcançar seu propósito, perdem a própria alma. Outros tem como sentido da vida a busca sôfrega por preencher o vazio do coração. Salomão, que granjeou fortunas colossais e desfrutou de prazeres mil, diz que alcançar a sabedoria é o melhor de todos os projetos de vida. Quem alcança a sabedoria tem acesso à árvore da vida – come de seus frutos deliciosos e repousa debaixo de sua sombra abençoadora.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Hernandes Dias Lopes. Neemias – As teses de Satanás.

Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Pr. José Gonçalves. A fragilidade humana e a Soberania Divina. CPAD.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. Zofar e o perigo do Deísmo.PortalEBD.2003.

(1) Hernandes Dias Lopes. Provérbios, manual de sabedoria para a vida.

(2) Hernandes Dias Lopes. Ibidem.

(3) Marcelo Gomes. Sabedoria para viver e ser feliz.

(4) Hernandes Dias Lopes. Provérbios, manual de sabedoria para a vida.

(5) Hernandes Dias Lopes. Ibidem.

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