Neste
último trimestre de 2025, estudaremos treze lições que nos conduzirão ao
entendimento da natureza integral do ser humano e da obra de restauração
realizada por Deus, a fim de nos levar à maturidade espiritual em Cristo.
Tema Geral: “Corpo, Alma e Espírito: A restauração integral
do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo”.
Objetivo: Promover o desenvolvimento espiritual e
o crescimento na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, aprofundando o
entendimento sobre a restauração do ser humano em sua totalidade — corpo, alma
e espírito.
Comentarista das Lições: pastor Silas Queiroz –
jornalista, bacharel em Teologia e Direito, especialista em Direito Público e
Processual Civil, e Procurador-Geral do município de Ji-Paraná, RO. Atua como
pastor nas congregações de Ji–Paraná, cidade na qual reside.
Diferente de toda a criação, que Deus trouxe à existência a partir
do nada (Hb.11:3), o homem foi formado do pó da terra (Gn.2:7). Ele é singular:
feito à imagem e semelhança de Deus (Gn.1:26), não como uma duplicata da
divindade, mas como criatura dotada de espiritualidade, racionalidade e
capacidade moral. Assim, o ser humano (homem e mulher) foi criado para ter
comunhão com Deus, refletir Sua glória e viver em santidade (Ec.7:29; Ef.4:24;
Cl.3:10).
I – A CRIAÇÃO DE ADÃO,
O PRIMEIRO HOMEM
“E formou
o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida;
e o homem foi feito alma vivente” (Gn.2:7).
1. O Concílio
divino
A criação do primeiro homem, que a
Bíblia chama de Adão, foi um ato deliberado da Trindade Santa: “Façamos o
homem à nossa imagem e semelhança” (Gn.1:26). O ser humano é a coroa da
criação, chamado a refletir atributos divinos:
a)
Espiritualidade
(capacidade de comunhão com Deus);
b)
Moralidade (consciência e
livre-arbítrio);
c)
Racionalidade
(capacidade intelectual);
d)
Autoridade (domínio sobre a criação).
2. A
matéria-prima: o pó da terra
“E formou
o Senhor Deus o homem do pó da terra...” (Gênesis 2:7).
O corpo humano foi moldado do pó,
lembrando-nos de nossa fragilidade e dependência de Deus (Gn.3:19; Sl.103:14).
O nome “Adão” (adham) está ligado a “solo” (adamah).
Portanto, a palavra hebraica ’adham’
possui um duplo significado nas Escrituras:
·
Sentido genérico: refere-se à humanidade como um todo, homens e
mulheres (Gn.5:2).
·
Sentido específico: designa o primeiro homem, Adão.
Sua raiz está ligada a ’adamah’, que
significa “terra” ou “solo”, destacando a íntima relação entre o homem e a
criação (Gn.2:7,15,19,20). Assim, Adão representa tanto a unidade da raça
humana quanto a individualidade do primeiro homem.
3. O sopro
divino
“...e
soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”
(Gênesis 2:7).
Deus soprou o fôlego da vida em
Adão (Gn.2:7), concedendo-lhe alma e espírito. Portanto, à luz da Bíblia, o ser
humano é uma criação tricotômica - espírito, alma e corpo (Lc.1:47; 1Ts.5:23;
Hb.4:12).
“Disse,
então, Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em
Deus, meu Salvador” (Lc.1:47).
“E o mesmo
Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo
sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo” (1Ts 5:23).
“Porque a
palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de
dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e
medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”
(Hb.4:12).
Logo, diferente dos
animais, o homem possui natureza espiritual que o capacita a refletir a imagem
do Criador.
a)
O corpo – É a parte material, o instrumento de
interação com o mundo físico. Embora temporário e sujeito à morte, será
ressuscitado para a vida eterna ou para a perdição (Dn.12:2; 1Co.15:42). O
corpo é o meio pelo qual expressamos nossa vida interior (cf. PEARCEY, Ama
Teu Corpo, CPAD, 2021, p.36).
b)
A alma – É a sede da mente, da vontade, das emoções e da
personalidade. Relaciona-se à experiência terrena e moral do homem. É imortal,
inseparável do espírito, e continua existindo após a morte física.
c)
O espírito – É a dimensão mais elevada do ser humano,
pela qual nos relacionamos com Deus. Permite comunhão com o Espírito Santo,
discernimento espiritual e consciência da eternidade.
Portanto, o corpo constitui o homem
exterior (2Co.4:16), enquanto a alma e o espírito formam o homem
interior.
Assim, esse sopro divino conferiu ao homem uma
natureza espiritual, formada por alma e espírito, algo exclusivo do ser humano.
Como está escrito: “Deus é Espírito...” (João 4:24), e por isso o homem
reflete essa realidade espiritual.
4. Criado
à imagem e semelhança de Deus
“Façamos o
homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança...” (Gn.1:26).
O homem foi criado como obra-prima da criação
divina, distinto de todos os outros seres. Nenhum animal recebeu a condição de
ser feito à imagem e semelhança de Deus; apenas o ser humano possui atributos
espirituais, morais e racionais que o tornam diferente de toda espécie animal.
A imagem de Deus no homem se manifesta de duas
formas:
·
Espiritual e moral, pois reflete a santidade, a justiça e a
capacidade de relacionar-se com Deus.
·
Natural e pessoal, pois o homem foi criado como pessoa, à
semelhança do próprio Deus, que também é pessoal.
Entretanto, essa imagem foi corrompida pelo
pecado. Ainda assim, em Cristo, ela pode ser restaurada:
- O homem salvo
torna-se novamente “imagem e glória de Deus” (1Co.11:7).
- É revestido “do
novo homem, criado segundo Deus em verdadeira justiça e santidade” (Ef.4:24).
- É feito “nova
criatura” (2Co.5:17), participante da “natureza divina” (2Pd.1:4).
No tempo presente, essa restauração é parcial,
pois estamos sujeitos às fraquezas; mas, na glorificação, a semelhança será
plena: “Agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de
ser. Mas sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, pois
assim como é, O veremos” (1João 3:2).
Outro aspecto importante é que, pelo sopro
divino, o homem recebeu em si a eternidade. O espírito e a alma do homem não
podem ser destruídos, porque aquilo que procede de Deus é eterno. A Palavra
confirma: “Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu” (Sl.119:89).
Assim, podemos concluir que o homem:
- Possui natureza
espiritual (alma e espírito), porque “o Senhor é Espírito” (2Co.3:17).
- Recebeu a
eternidade, pois o Senhor é Eterno - “de eternidade a eternidade, Tu és
Deus” (Sl.90:2). Logo, não existe base bíblica para o ensino de que os
ímpios serão aniquilados. O homem não é eterno em essência (pois foi
criado e teve princípio), mas recebeu a eternidade em sua alma e espírito.
Eterno, no sentido absoluto, é somente Deus — Pai, Filho e Espírito Santo,
que não têm começo nem fim.
5. Propósito
da criação do homem
O homem foi criado com propósito. A Bíblia
apresenta três grandes razões para sua existência:
1.
Glorificar a Deus (Is.43:7; 1Co.10:31).
2.
Exercer domínio sobre a criação como mordomo fiel
(Gn.1:28; Sl.8:4-6).
3.
Viver em comunhão com o Criador (Gn.3:8; Mq.6:8).
Mesmo após a Queda, Deus revelou Seu plano de
redenção em Cristo, para restaurar no homem a imagem perdida e reconduzi-lo à
comunhão com Ele (Ef.4:24; Cl.3:10).
II – TEMAS PROPOSTOS
DAS LIÇÕES DO TRIMESTRE
Lição 01.
O homem — Corpo, Alma e Espírito
O ser humano é uma criação única
de Deus, formado de maneira tricotômica: corpo, alma e espírito (1Ts.5:23;
Hb.4:12). Essa constituição revela tanto nossa ligação com a Terra quanto nossa
vocação eterna para a comunhão com o Criador.
Lição 02.
O Corpo — A maravilhosa obra da criação de Deus
O corpo humano não é acaso da
natureza, mas resultado do desígnio perfeito de Deus. É obra admirável do
Criador, expressão de Sua sabedoria (Sl.139:14; Gn.2:7). Cada detalhe expressa
a sabedoria divina e aponta para o cuidado do Criador que nos fez à Sua imagem.
Lição 03.
O Corpo e as consequências do pecado
Embora perfeito em sua origem, o
corpo foi marcado pelo pecado, tornando-se sujeito à dor, enfermidade e morte.
Porém, em Cristo, temos a esperança da redenção e da ressurreição gloriosa (Gn.3:19;
Rm.5:12; 1Co.15:42).
Lição 04.
O Corpo como templo do Espírito Santo
O corpo do cristão não pertence a
si mesmo, mas a Deus. Como templo do Espírito Santo, deve ser preservado com
santidade e usado para glorificar o Senhor em todas as áreas da vida (1Co.6:19,20;
Rm.12:1).
Lição 05.
A Alma — A natureza imaterial do ser humano
A alma é a
sede da mente, da vontade e das emoções (Lc.1:46,47; Sl.42:11; Mt.16:26). Ela
reflete nossa identidade pessoal e precisa ser submetida ao senhorio de Cristo
para que haja equilíbrio e direção correta.
Lição 06.
A Consciência — O tribunal interior
A consciência é a voz interior que
testemunha sobre o certo e o errado (Rm.2:15; Atos 24:16; 1Tm.1:5,19).
Iluminada pela Palavra de Deus, torna-se instrumento essencial para uma vida
reta e agradável ao Senhor.
Lição 07.
Os Pensamentos — A arena de batalha na vida cristã
A mente é campo de grandes
batalhas espirituais. Por isso, o cristão deve renovar seus pensamentos pela
Palavra e cativar todo raciocínio à obediência de Cristo (Rm.12:2; 2Co.10:5; Fp.4:8).
“Quanto ao
mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é
justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há
alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Filipenses 4:8).
Lição 08.
Emoções e Sentimentos — A batalha do equilíbrio interior
Deus nos criou com emoções, mas
estas precisam ser disciplinadas. O Espírito Santo nos conduz a viver com
equilíbrio, evitando que sentimentos desordenados dominem nossa vida (Pv.4:23;
Ef.4:26; Gl.5:22,23).
Lição 09.
A Vontade — O que move o ser humano
A vontade
é a força que orienta nossas escolhas. Quando submetida a Deus, torna-se
instrumento de obediência e de realização do Seu propósito em nossa vida (João
7:17; Mt.26:39; Fp.2:13).
Lição 10.
O Espírito — O âmago da vida humana
O espírito
é a dimensão mais elevada do ser humano, que nos conecta diretamente a Deus. É
nele que experimentamos comunhão, discernimento espiritual e vida abundante (Zc.12:1;
João 4:24; Pv.20:27).
Lição 11.
O espírito humano e as disciplinas cristãs
O fortalecimento espiritual
acontece pela prática de disciplinas como oração, leitura bíblica, jejum e
comunhão. Essas práticas mantêm o crente firme no relacionamento com Deus (Mt.6:6;
Atos 2:42; 1Tm.4:7,8).
Lição 12.
O espírito humano e o Espírito de Deus
É pelo
Espírito Santo que o espírito humano é vivificado e capacitado para viver em
santidade. Essa união traz vida, poder e direção para a caminhada cristã (Rm.8:16;
João 3:6; Gl.5:16,25).
Lição 13.
Preparando o corpo, a alma e o espírito para a eternidade
Nossa vida deve ser integralmente
consagrada a Deus. Corpo, alma e espírito precisam estar preparados para o
encontro com Cristo, aguardando com esperança a glorificação final (1Ts.5:23;
1João 3:2,3; Fp.3:20,21).
CONCLUSÃO
Neste trimestre, aprenderemos que
a verdadeira vida cristã envolve equilíbrio e consagração de todo o nosso ser a
Deus. Fomos criados para glorificá-lo com o corpo, a alma e o espírito, e é
nessa restauração integral que experimentamos a saúde espiritual, a santidade e
a maturidade em Cristo.
Oremos:
“Senhor Deus Todo-Poderoso, Criador dos céus e da terra, louvamos-te
pela criação do homem, por nos fazer à Tua imagem e semelhança, por nos
conceder espírito, alma e corpo, e por nos chamar para a comunhão contigo.
Ajuda-nos a refletir tua glória em nossas vidas, a viver com sabedoria, a
governar a criação com justiça e amor, e a propagar a vida conforme teu plano
divino.
Que possamos sempre lembrar que fomos criados com propósito:
glorificar-te, amar-te e cumprir tua vontade em tudo o que fazemos. Renova em
nós a consciência de que nossa vida e nossas ações devem honrar-te, preservando
a tua obra e servindo ao próximo.
Tudo isso te pedimos, confiantes em teu amor e em tua graça, pelo
nome de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.
Amém”.
Luciano de Paula Lourenço
IEADTC/EBD
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