quarta-feira, 1 de outubro de 2025

O HOMEM – CORPO, ALMA E ESPÍRITO

           4° Trimestre de 2025

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 01

Texto Base: Gênesis 1:26-28; 2:7,18,21-23

“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts.5:23).

Gênesis 1:

26.E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.
27. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.

28.E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.

Gênesis 2:

7.E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.

18.E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.

21.Então, o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar.

22.E da costela que o Senhor Deus tomou do homem formou uma mulher; e trouxe-a a Adão.

23.E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada.

INTRODUÇÃO

Ao iniciarmos o estudo deste último trimestre de 2025, somos conduzidos ao tema fundamental da constituição do ser humano. A Palavra de Deus revela que o ser humano foi criado de forma tricotômica — corpo, alma e espírito (1Ts.5:23) — refletindo, de maneira limitada, a natureza triúna do próprio Deus: Pai, Filho e Espírito Santo (Gn.1:26).

Deus criou o ser humano de forma única e especial, como o ápice de Sua criação (Gn.1:27,28). Diferente dos demais seres viventes, que surgiram a partir da ordem “produza a terra” (Gn.1.24), o homem foi resultado de uma ação direta, pessoal e plural do Criador (Gn.1.26). Sua formação revela tanto a dimensão material — “do pó da terra” — quanto a espiritual, mediante o sopro divino que lhe concedeu vida (Gn.2.7). Essa realidade confere ao homem uma posição singular na criação, pois nenhum outro ser foi formado à imagem e semelhança do Criador.

Veremos também a tragédia da Queda, a beleza da Redenção em Cristo e a necessidade de viver de forma equilibrada, saudável e santa em todas as dimensões do nosso ser. Tudo isso na esperança bendita de que, em breve, seremos plenamente restaurados e nos encontraremos para sempre com o Senhor (1Ts.4.15-17).

Nesta lição introdutória, estudaremos a distinção e a interação entre corpo, alma e espírito, compreendendo que fomos formados para glorificar a Deus em nossa totalidade. O propósito é reconhecer que a vida cristã não se restringe a uma esfera isolada, mas envolve um equilíbrio integral, no qual corpo, alma e espírito devem estar consagrados ao Senhor, em santidade e comunhão.

I – A TRICOTOMIA HUMANA

1. Doutrina e teologia

A Doutrina do Homem ocupa um lugar essencial na revelação bíblica. Desde o Gênesis até o Apocalipse, as Escrituras mostram quem é o homem, sua origem, sua constituição e, sobretudo, o propósito para o qual foi criado (Gn.1:26-29; Sl.8:3-9; Ef.1.3-6). No campo da Teologia Sistemática, esse estudo é denominado Antropologia Bíblica, que não apenas descreve a natureza do ser humano antes e depois da Queda, mas também revela o plano redentor de Deus e a esperança da eternidade com Cristo.

Esse conhecimento não está isolado; ele relaciona-se com todas as demais doutrinas da fé, pois compreender quem é o homem ajuda a entender melhor a salvação, a graça, a santificação e até a glorificação futura. Além disso, responde às perguntas mais profundas da existência humana: Quem sou? De onde vim? Para onde vou?

Em nossos dias, quando muitos procuram respostas nas filosofias humanistas, na psicologia secular ou em espiritualidades contrárias às Escrituras, torna-se ainda mais urgente retornar à fonte segura da Palavra de Deus. Somente ela é capaz de discernir a verdadeira natureza do homem, revelar sua necessidade de redenção e conduzi-lo à plenitude de vida em Cristo (1Co.2:1-16; 2Tm.3:16,17; Hb.4:12).

Assim, estudar a doutrina bíblica do homem não é apenas um exercício acadêmico, mas um ato devocional; é reconhecer nossa total dependência de Deus e reafirmar que fomos criados para refletir a Sua glória em todas as dimensões do nosso ser.

O que aprendemos neste item 1

Aprendemos que o estudo bíblico sobre o homem (Antropologia Bíblica) é essencial para compreendermos nossa identidade, origem e propósito diante de Deus. A Bíblia não trata o ser humano de forma superficial, mas revela sua constituição, sua condição antes e depois da Queda, sua necessidade de redenção e sua esperança eterna em Cristo.

Percebemos que a doutrina do homem não pode ser vista isoladamente, pois se conecta com todas as demais doutrinas da fé cristã: sem entender quem é o homem, não se entende plenamente a salvação, a graça, a santificação ou a glorificação.

Além disso, aprendemos que, em um mundo marcado por filosofias, psicologias e espiritualidades que distorcem a visão bíblica do ser humano, somente a Palavra de Deus é a fonte segura que mostra quem realmente somos, por que existimos e para onde vamos.

Por fim, compreendemos que estudar essa doutrina não é apenas um exercício teológico, mas também um ato de devoção: ao conhecer nossa natureza e propósito, reconhecemos nossa dependência de Deus e renovamos o compromisso de viver para refletir a Sua glória em todas as áreas da vida.

2. A tríplice natureza

Segundo as Escrituras, o ser humano foi criado de forma singular, composto de corpo, alma e espírito (Gn.1.26; 2:7; 1Ts.5:23). Essa constituição revela sua dupla dimensão: material - representada pelo corpo, e imaterial - formada pela alma e pelo espírito.

  • O corpo é a parte física, responsável pelo contato com o mundo visível, por meio dos cinco sentidos: ver, ouvir, cheirar, saborear e tocar.
  • A alma é o centro da personalidade, onde residem a razão, a vontade, as emoções e os sentimentos, sendo a sede das decisões.
  • O espírito é a dimensão mais profunda do ser humano, responsável pela comunhão com Deus, pela compreensão das coisas espirituais e pela ligação com o Céu.

A criação do homem foi um ato pessoal e singular de Deus - “Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança” (Gn.1:26). Diferente dos animais, que foram chamados à existência pela palavra criadora, o homem foi modelado do pó da terra e recebeu o sopro divino, tornando-se alma vivente (Gn.2:7). Esse sopro conferiu ao ser humano a dignidade de portar a imagem de Deus, tanto no aspecto espiritual e moral, quanto no relacional, por ser pessoa criada à semelhança do Criador.

Esse fôlego de vida também concedeu ao homem a marca da eternidade. A alma e o espírito humano não podem ser destruídos, porque procedem de Deus, que é eterno (Sl.90:2). Diferentemente de Deus, o homem não é eterno em essência — pois teve princípio na criação —, mas recebeu a eternidade como dádiva divina. Por isso, não há base bíblica para a ideia de que os ímpios serão aniquilados. Criados com alma imortal, todos prestarão contas diante do justo Juiz.

Assim, a natureza humana aponta para sua sublime vocação: viver em comunhão com Deus. O corpo deve ser consagrado como templo do Espírito Santo, a alma deve refletir santidade em seus desejos e emoções, e o espírito deve manter-se em permanente ligação com o Criador, pois fomos criados para glorificá-Lo integralmente.

O que aprendemos neste item 2

Aprendemos que o ser humano foi criado por Deus de forma única e especial, composto de corpo, alma e espírito, refletindo a imagem e semelhança do Criador. Essa constituição revela nossa singularidade em relação a todos os demais seres criados: enquanto os animais têm apenas vida física, o homem recebeu o sopro divino, que lhe concedeu dignidade, consciência moral e a capacidade de se relacionar com Deus.

Aprendemos também que cada dimensão do nosso ser tem uma função específica:

  • O corpo conecta-nos ao mundo físico;
  • A alma expressa nossa personalidade, razão e sentimentos;
  • O espírito nos coloca em comunhão direta com Deus.

Além disso, vemos que a marca da eternidade foi impressa no homem. Embora não sejamos eternos em essência (porque fomos criados), recebemos de Deus a dádiva da imortalidade da alma e do espírito. Isso nos lembra da responsabilidade de viver à luz da eternidade, pois todos, justos e ímpios, prestarão contas diante de Deus.

Por fim, compreendemos que a tríplice natureza humana aponta para nossa vocação sublime: glorificar a Deus em todas as áreas da vida. O corpo deve ser apresentado como templo do Espírito Santo, a alma deve ser purificada e guiada pela vontade divina, e o espírito deve permanecer em constante comunhão com o Senhor.

3. Físico e espiritual

A criação do homem revela uma singularidade que o distingue de todos os demais seres criados. Deus, que é Espírito (João 4:24), formou o homem a partir de uma combinação única: o corpo físico - moldado do pó da terra, e o fôlego divino - que lhe conferiu vida (Gn.2:7). Essa união fez do ser humano uma criatura integral, chamada na Escritura de “alma vivente”.

A comparação com outras criaturas ajuda a compreender essa distinção:

  • Os anjos são seres espirituais criados por Deus, dotados de inteligência e vontade, mas não possuem corpo físico (Sl.33:6; Hb.1:13,14).
  • Os animais, por sua vez, têm vida biológica, mas não possuem a dimensão espiritual do homem. Sua “alma” (vida) está restrita ao corpo, de modo que cessa com a morte (Lv.17:12-14).

No caso do homem, porém, o texto hebraico de Gênesis 2:7 usa a palavra “chayim (plural de “vida”), permitindo a tradução “fôlego das vidas”. Essa expressão indica a plenitude da vida recebida por Adão: vida física, vida da alma (psíquica) e vida do espírito (espiritual). Em outras palavras, o homem foi criado como um ser integral, com dimensões que se relacionam com a terra, consigo mesmo e com o próprio Deus.

Esse “fôlego das vidas” aponta, portanto, para a dignidade e responsabilidade do ser humano. Diferente dos anjos e distinto dos animais, ele é chamado a viver em equilíbrio entre sua dimensão física e espiritual, reconhecendo que sua verdadeira essência e propósito estão no relacionamento com o Criador.

O que aprendemos neste item 3

Aprendemos que o homem é uma criatura única, formada por Deus a partir do corpo físico (pó da terra) e do sopro divino (vida espiritual), tornando-o uma “alma vivente” (Gn.2:7). Essa composição o diferencia de todas as demais criaturas:

  • Os anjos são espirituais, inteligentes e dotados de vontade, mas não possuem corpo físico (Sl.33:6; Hb.1:13,14).
  • Os animais têm vida biológica, mas sua alma está restrita ao corpo e desaparece com a morte (Lv.17:12-14).

O termo hebraico “chayim”, usado em Gênesis 2:7, sugere “fôlego das vidas”, indicando que o homem recebeu uma vida completa: física, psíquica (alma) e espiritual (espírito). Isso revela que o ser humano não é apenas corpo ou alma, mas um ser integral, capaz de se relacionar com a terra, consigo mesmo e com Deus.

Portanto, aprendemos que o homem tem dignidade e responsabilidade únicas, sendo chamado a viver equilibrando suas dimensões físicas e espirituais, com sua verdadeira essência e propósito encontrados no relacionamento com o Criador.

II – A DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO

1. A Alma

A palavra “alma” (hebraico nephesh, grego psyché) é uma das mais polissêmicas da Bíblia, possuindo vários significados conforme o contexto, o idioma e a época em que os textos foram escritos. Por isso, nem sempre o termo “alma” tem o mesmo sentido. No uso cotidiano, percebemos essa variação: quando dizemos “a propaganda é a alma do negócio”, ou “minha alma tem sede de Deus”, claramente não falamos do mesmo conceito bíblico.

Na Bíblia, podemos identificar três principais sentidos da alma:

a)   Alma como respiração da vida – A alma é associada à vida que se manifesta na respiração. Assim, o “último suspiro” simboliza a morte, quando a alma se retira do corpo (Gn.35:18; 1Rs.17:21,22). Embora a alma não seja literalmente a respiração, ela habita em um corpo que respira, dependendo da ação de Deus para a vida (Is.42:5; Atos 17:25; Jó 34:14,15).

b)   Alma como sangue – A vida da carne está no sangue, e a alma depende dele para continuar no corpo (Lv.17:11; Dt.12:23). Aqui, a alma não é o sangue, mas se manifesta através dele.

c)   Alma como indivíduo – A palavra também pode significar a pessoa como um todo, distinguindo-a de outros indivíduos (Rm.13:1).

No Antigo Testamento, alma aparece 755 vezes, sendo seu sentido original “ser vivo” (Gn.1:20). Nesse uso, aplica-se também aos animais (Gn.1:24), significando vida.

A distinção mais profunda entre a alma humana e a dos animais está no sopro de Deus que deu origem à alma do homem (Gn.2:7). Assim, a alma humana é uma substância espiritual, incorpórea, invisível e imortal (Dn.12:2; Mt.25:46; Lc.16:22-25; Ap.20:4), dotada de razão, sentimento e vontade, atributos essenciais para cumprir sua missão (Gn.1:28) e para se relacionar com Deus e com o próximo (Gn.2:15-24; 3:8).

Isso reflete a singularidade do homem como ser pessoal, criado à imagem de Deus (Gn.1:26), chamado a viver em harmonia com sua dimensão física, psíquica e espiritual, exercendo sua vocação relacional e refletindo a glória do Criador.

O que aprendemos neste item 1

A aprendemos que:

1.   A palavra alma tem vários significados na Bíblia (respiração da vida, sangue, ou o próprio indivíduo), por isso é preciso atenção ao contexto.

2.   No Antigo Testamento, aparece 755 vezes, inicialmente como “ser vivo”, aplicando-se tanto a homens como a animais.

3.   A diferença essencial entre a alma do homem e a dos animais está no sopro de Deus que originou a vida humana (Gn.2:7).

4.   A alma humana é uma substância espiritual, incorpórea, invisível e imortal, dotada de razão, sentimento e vontade.

5.   Esses atributos permitem ao homem cumprir sua missão no mundo, se relacionar com o próximo e, sobretudo, viver em comunhão com o Criador.

6.   Isso revela a singularidade do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, chamado a refletir Sua glória em todas as dimensões da existência.

2. O Espírito

A palavra “espírito” (hebraico ruah, grego pneuma) designa a parte imaterial mais elevada do homem, que, unida à alma, compõe o chamado “homem interior”. É através do espírito que o ser humano mantém comunhão direta com o Criador, o “Pai dos espíritos” (Hb.12:9), e o adora em espírito e em verdade (João 4:23,24).

Paulo descreveu essa realidade ao afirmar: “Segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Rm.7:22). Esse “homem interior” contrasta com a natureza carnal, que milita contra o espírito. Enquanto a carne busca satisfazer os desejos terrenos, o espírito inclina-se à vontade de Deus.

O espírito é, portanto, o elemento de ligação entre Deus e o homem, permitindo que o ser humano:

  • Seja iluminado pelo Espírito Santo;
  • Viva em reverência ao Senhor;
  • Exerça a verdadeira adoração;
  • E se mantenha em plena comunhão com o Pai.

Assim, o espírito é o ponto mais profundo do nosso ser, criado para responder à presença divina e nos orientar na vida espiritual.

O que aprendemos neste item 2

Aprendemos que:

  1. O espírito é a parte mais elevada e imaterial do ser humano, criada para a comunhão direta com Deus.
  2. Diferente da alma, que lida com emoções e pensamentos, o espírito conecta o homem ao mundo espiritual e à presença do Criador.
  3. É no espírito que ocorre a verdadeira adoração, iluminação e orientação do Espírito Santo.
  4. A luta entre carne e espírito é constante, mas o “homem interior” encontra prazer na lei de Deus e deve ser fortalecido diariamente pela Palavra e pela oração.

Assim, viver segundo o espírito é o caminho para agradar a Deus e experimentar uma vida espiritual plena.

3. A alma e o espírito são inseparáveis

Como já foi dito, a alma e o espírito constituem, juntos, a natureza espiritual do ser humano — o “homem interior”. Ambos procedem do sopro de Deus no ato da criação e são inseparáveis em sua existência. Isso significa que, após a morte, não seguem destinos diferentes: se a alma vai para o inferno, o espírito também irá; se o espírito é recebido no Céu, a alma o acompanha.

Eclesiastes 12:7 afirma: “... e o pó volte à terra, como era, e o espírito volte a Deus, que o deu”. Aqui, entende-se que, após a morte, o espírito (juntamente com a alma) retorna à disposição de Deus, que determinará seu destino eterno. Esse destino é duplo e definido pela relação do ser humano com Cristo:

  • Os salvos - o espírito e a alma vão para o Paraíso, lugar de descanso, consolação e bem-aventurança (Lc.16:23,25; Ap.14:13). Por isso, a morte dos justos é preciosa aos olhos do Senhor (Sl.116:15).
  • Os perdidos - o espírito e a alma seguem para o Hades, lugar de tormento, onde permanecerão até a ressurreição e o juízo final diante do trono de Deus (Lc.16:22,23; Ap.20:11,12).

Assim, alma e espírito não apenas formam a essência espiritual do homem, mas também compartilham juntos a eternidade, seja no gozo da presença divina ou na condenação eterna.

O que este item 3 nos ensina

Ensina-nos:

  1. Unidade espiritual do homem – Alma e espírito não se separam no destino eterno. O que define para onde ambos irão é a decisão que a pessoa toma em vida quanto a Cristo.
  2. A certeza do destino após a morte – Ninguém fica “perdido no vazio” depois de morrer. A Bíblia é clara: os salvos vão para o descanso no Paraíso, e os perdidos para o tormento no Hades, aguardando a ressurreição, o juízo final e, por conseguinte, o Lago de fogo e enxofre, que é o Inferno propriamente dito.
  3. O valor da vida presente – O tempo de decidir é agora, enquanto vivemos. Após a morte, não há mais oportunidade de mudança de destino.
  4. Consolo para os justos – Para os que estão em Cristo, a morte não é derrota, mas passagem para a presença do Senhor, lugar de descanso e alegria eterna.
  5. Urgência missionária – Saber que a alma e o espírito dos injustos irão ao Hades deve nos motivar a evangelizar com zelo, para que mais pessoas recebam a salvação em Jesus.

III – A INTERAÇÃO DAS TRÊS DIMENSÕES

1. Corpo, afetos e somatização

O corpo humano (gr. soma) é a dimensão visível e material do ser humano, criado para ser templo do Espírito Santo (1Co.6:19,20). Ele é o instrumento por meio do qual a alma e o espírito se manifestam no mundo, expressando razão, sentimentos e vontade. A alma, como princípio vital e racional, utiliza o corpo e seus sentidos como canais para interagir com a realidade física e se comunicar com os outros.

Na linguagem bíblica, o termo “coração” (hb. leb; gr. kardia) aparece frequentemente como sinônimo da vida interior — sede dos sentimentos, pensamentos e decisões. Essa conexão entre o interior e o exterior foi registrada pela sabedoria bíblica:

  • O coração alegre reflete no semblante (Pv.15:13).
  • A saúde da alma promove vigor físico (Pv.14:30).
  • A alegria interior funciona como um remédio para o corpo, ao passo que a tristeza profunda adoece os ossos (Pv.17:22).

Essa interação entre corpo e alma é hoje reconhecida pela medicina com o termo “doenças psicossomáticas”, que designa enfermidades físicas originadas em distúrbios emocionais, espirituais ou psicológicos. A Bíblia já antecipava essa realidade, mostrando que pecados não confessados, angústias prolongadas e aflições espirituais podem gerar consequências físicas (Sl.31:9,10; 32:3-5).

Assim, aprendemos que o ser humano é integral: o que afeta a alma e o espírito também repercute no corpo. Por isso, cuidar da vida espiritual e emocional é tão essencial quanto cuidar do corpo. A verdadeira saúde só é alcançada quando corpo, alma e espírito são entregues ao Senhor, que deseja santificar-nos por completo (1Ts.5:23).

O que aprendemos neste item 1 do tópico III

Aprendemos:

  1. Unidade integral do ser humano – O corpo não existe isolado, mas é expressão da alma e do espírito. O que afeta o interior do homem repercute no exterior.
  2. A importância do coração (vida interior) – A Bíblia mostra que sentimentos e pensamentos refletem no corpo: alegria gera saúde e beleza; tristeza e angústia trazem abatimento e doenças.
  3. A realidade das doenças psicossomáticas – Muitos problemas físicos não têm apenas causas biológicas, mas também emocionais e espirituais, algo que a Escritura já revelava.
  4. Consequências do pecado na saúde – Pecados não confessados e angústias espirituais podem adoecer a alma e, consequentemente, o corpo (Sl.32:3-5).
  5. Chamado ao equilíbrio – Deus deseja que corpo, alma e espírito estejam consagrados a Ele (1Ts.5:23). Cuidar da vida espiritual e emocional é essencial para uma saúde integral.

2. Equilíbrio e saúde

O ser humano é uma unidade integrada de corpo, alma e espírito. Quando uma dessas dimensões sofre desequilíbrio, inevitavelmente as outras também são afetadas. Assim como doenças da alma e do espírito podem gerar sintomas físicos, problemas no corpo — naturais, emocionais ou espirituais — podem abalar a vida interior.

A Escritura chama atenção, por exemplo, para o poder da língua. Pequeno membro, mas de enorme impacto, ela pode causar destruição emocional, espiritual e até física (Pv.18:7,21; Tg.3:6). Um viver equilibrado exige vigilância sobre palavras, atitudes e pensamentos, preservando todas as áreas do ser (Ef.4:25-32).

Manter a saúde integral requer cuidado em duas frentes:

  • Dimensão física – zelo pelo corpo, que é templo do Espírito Santo, buscando hábitos saudáveis e evitando vícios e excessos (Cl.3:5).
  • Dimensão espiritual e moral – uma vida de oração, santidade e comunhão com Deus, que fortalece contra as enfermidades da alma e do espírito (Ef.6:18).

Quanto às questões emocionais e mentais, a medicina e a psicologia têm seu papel legítimo e necessário quando há diagnóstico clínico. Entretanto, é preciso discernir: nem todo sofrimento é apenas físico ou emocional; muitas vezes, sua raiz é espiritual. Pecados não confessados, ressentimentos ou distanciamento de Deus geram crises profundas que nenhum remédio pode curar (Sl.32:3-5). Para esses casos, a verdadeira restauração vem pelo arrependimento, confissão e reconciliação com Deus (Tg.4:6-10; 2Cr.7:14).

Portanto, a verdadeira saúde do homem resulta do equilíbrio entre corpo, alma e espírito, sustentado pelo cuidado físico responsável e, sobretudo, por uma vida santificada em Cristo, que é a fonte da cura integral (Is.53:4,5).

O que aprendemos neste item 2

Aprendemos:

  1. O ser humano é integral – corpo, alma e espírito estão interligados; o desequilíbrio em uma área afeta as demais.
  2. A língua pode destruir – palavras impensadas têm poder de gerar enfermidades emocionais e espirituais (Pv.18:21; Tg.3:6).
  3. Cuidado físico é necessário – hábitos saudáveis glorificam a Deus e preservam o corpo como templo do Espírito Santo (Cl.3:5).
  4. Vida espiritual é fundamental – oração, santidade e comunhão com Deus mantêm a alma e o espírito fortalecidos (Ef.6:18).
  5. Discernimento é essencial – nem todo problema é físico ou emocional; muitas vezes, a raiz é espiritual.
  6. A medicina é bênção de Deus – acompanhamento médico e psicológico deve ser valorizado em casos clínicos.
  7. O pecado adoece a alma – pecados não confessados e ressentimentos produzem crises profundas (Sl.32:3-5).
  8. A cura espiritual vem do arrependimento – confissão, humilhação e retorno a Deus trazem restauração plena (Tg.4:6-10; 2Cr.7:14).
  9. Cristo é a fonte da saúde integral – em sua obra redentora encontramos cura para corpo, alma e espírito (Is.53:4,5).

CONCLUSÃO

Esta Lição, sobre a constituição do ser humano, nos revela a grandeza da criação de Deus. O homem não é fruto do acaso, mas resultado de um ato divino e pessoal: formado do pó da terra e vivificado pelo sopro do Todo-Poderoso. Por isso, é um ser singular, chamado a viver em harmonia em suas três dimensões — corpo, alma e espírito.

Aprendemos que o corpo é o templo do Espírito Santo e deve ser cuidado; a alma é o centro da razão, da vontade e das emoções, devendo ser santificada; e o espírito é a parte mais profunda do ser, criada para manter comunhão com Deus. Assim, qualquer desequilíbrio em uma dessas áreas afeta toda a existência.

A saúde integral do homem depende de sua sujeição ao Criador. Somente em Cristo encontramos restauração plena, pois Ele veio para salvar o homem por inteiro: corpo, alma e espírito. Portanto, viver em obediência à Palavra, em comunhão com Deus e no cuidado de si mesmo é o caminho para refletirmos, de forma completa, a imagem e semelhança do nosso Criador.

 

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Dicionário VINE.CPAD.

O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Gênesis, a origem de todas as coisas.

Pr. Claudionor de Andrade. A Raça humana – Origem, Queda e Redenção. CPAD.

Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Bruce K. Waltke. Gênesis. Editora Cultura Cristã.

Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. A tríplice mordomia cristã: corpo, alma e espírito. PortalEBD_2003.

Louis Berkhof. Teologia Sistemática.

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