domingo, 15 de setembro de 2019

Aula 12 – A MORDOMIA DO CUIDADO COM A TERRA - Subsídio


3º Trimestre/2019
Texto Base: Gênesis 1:26-30
“Os céus são os céus do SENHOR; mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens” (Sl.115:16).
Gênesis 1
26-E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.
27-E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
28-E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
29-E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente e que está sobre a face de toda a terra e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para mantimento.
30-E a todo animal da terra, e a toda ave dos céus, e a todo réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde lhes será para mantimento. E assim foi.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula, trataremos da Mordomia do cuidado com a Terra. O ser humano foi preparado para ser mordomo de Deus no planeta Terra; ele foi vocacionado por Deus para plantar, cultivar, constituir famílias, sociedade e construir empreendimentos, preservando os recursos naturais. Precisamos nos conscientizar da nossa responsabilidade no cuidado com os elementos de subsistência dos seres vivos. É preciso desenvolver a nossa consciência bíblica acerca dessa responsabilidade. Não podemos contribuir para poluir a Terra, degradá-la e arruiná-la; o nosso Deus nos deu o privilégio de zelar por ela, que é o lar de todos nós. O cuidado para com toda a criação na Terra é tarefa das mais importantes do ser humano, é sua responsabilidade a manutenção e a conservação de tudo aquilo que foi criado por Deus.

I. O HOMEM FOI CRIADO PARA SER MORDOMO DE DEUS

1. O Mordomo da Terra

Ao formar o homem do pó da terra (Gn.2:7), Deus o pôs num Jardim (Gn.2:8), no Éden, com o propósito de lavrá-lo e guardá-lo (Gn.2:15). Vemos, assim, que o propósito divino para o homem é que ele conserve, preserve a natureza que foi criada pelo Senhor bem como que envide esforços, trabalhe para que esta mesma criação seja mantida tal qual o Senhor a criou.
No Éden, quando a natureza ainda não lhe era hostil, o homem já tinha a incumbência de preservá-la, de manter o equilíbrio instituído por Deus para o correto funcionamento de todas as coisas, funcionamento, aliás, que contribuía sensivelmente para que o homem tivesse o bem-estar que possuía no Éden, um lugar de felicidade plena.
Embora o homem fosse superior aos demais seres viventes, com poder, inclusive, de cuidar deles e de trabalhar na criação, de modo a que obtivesse dela o máximo proveito, o máximo de suas potencialidades, não era para ser um senhor sobre a natureza, ou seja, não poderia fazer o que bem entendesse com ela, pois este domínio não significava senhorio, mas uma posição de mordomo, administrador. É isso mesmo, o ser humano não passa de um mero mordomo de tudo o que Deus criou; sendo assim, deve se comportar como tal.

2. A Terra foi criada para ser habitada

Está escrito: “No princípio criou Deus os céus e a Terra” (Gn.1:1). A criação da Terra, na forma simples declarada pela Bíblia, só pode ser aceita pela fé - “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito daquilo que é aparente” (Hb.11:3).
É claro que, com argumentos humanos, não podemos colocar isto na cabeça de um homem natural - “Ora o homem natural não compreende as coisas do espírito de Deus, porque lhe parecem loucura...” (1Co.2:14). Somente o Espírito Santo é que pode colocar na alma do homem nascido de novo a certeza de que a Bíblia é a Palavra de Deus, e que as verdades por ela declaradas são verdades eternas e incontestáveis. Assim, para nós que cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, as coisas aconteceram da maneira simples que ela declara.
Observe que a Bíblia não diz que no princípio começou Deus a criar a Terra, e que após milhões, bilhões de anos, em sucessivas eras geológicas, a Terra ficou pronta para ser habitada. Não. A Bíblia diz que “no princípio criou Deus os céus e a Terra” (Gn.1:1). Deus não precisa de tempo para criar, para fazer, para aperfeiçoar alguma Obra sua. Sendo um Deus perfeito e Todo Poderoso, num só ato ele cria ou faz uma obra perfeita, sem necessidade de acabamentos ou retoques.
Pela informação que nos dá a Palavra de Deus e de forma clara narrada pelo profeta Isaías, Deus criou a Terra para ser habitada.
 “Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a Terra, e a fez, ele a estabeleceu, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada. Eu sou o Senhor e não há outro” (Is.45:18).
Num primeiro momento, segundo tudo indica, ao criar a Terra Deus entregou o seu governo a um Querubim ungido (Ez.28:14). Esse Querubim falhou, pecou, e, em consequência, a Terra se tornou “sem forma e vazia” (Gn.1:2).
Num segundo momento, Deus restaurou a Terra, devolvendo-lhe suas características originais. E para cuidar dela, Deus criou o homem, um ser diferente de todas as demais criaturas que já havia criado. O homem permanece cuidando da Terra e o fará até que o Senhor Jesus Cristo venha para implantar o Seu Reino sobre ela.

3. A Terra que Deus criou era acabada, perfeita e bela

A Palavra de Deus afirma que Deus é perfeito e que não há imperfeição naquilo que Ele faz.
“Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos juízo são. Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é” (Dt.32:4).
Deus jamais chamaria de “céus e Terra” um número infinito de átomos isolados e que se aglutinariam num tempo indeterminado, uma quantidade quase infinita de poeira cósmica jogada no espaço de forma aleatória. Não. De maneira alguma isso foi considerado “céus e Terra” pelo Espírito Santo de Deus. No princípio, a Terra que Deus criou era uma Terra acabada, perfeita e bela.
a) Antes de criar a Terra, ou a matéria, Deus criou o mundo espiritual. Os anjos já existiam quando Deus criou a Terra, ou a matéria. Eles foram os primeiros seres vivos a contemplarem a Terra tal como Deus a criou. Na expressão do próprio Criador, os anjos, chamados de “estrelas da alva” e “filhos de Deus”, ao contemplarem a Terra recém-criada, rejubilaram e alegremente louvaram a Deus. Veja este depoimento dado pelo próprio Deus, falando a Jó:
“Onde estavas tu, quando eu fundava a Terra? Faze-me saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam?” (Jó 38:4-7).
Portanto, aquilo que o Espírito Santo chamou de “céus e terra” não era uma mistura heterogênea de gases e de poeira cósmica, não era uma substância gelatinosa e informe. A Terra que Deus criou era formada de matéria, era sólida, tinha medidas certas, bases e fundamentos, solta no espaço infinito, conforme declarou Jó - “... suspende a Terra sobre o nada” (Jó 26:7).
Os anjos viram uma Terra acabada, perfeita e bela, por isto, “alegremente cantaram”, louvando a Deus pela obra de suas mãos. Certamente, o que eles viram não foi uma Terra “sem forma e vazia”, coberta pelas águas.
b) Deus constituiu um Querubim para cuidar da Terra originalTu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas” (Ez.28:14).
A Terra era como um Paraíso, reconhecida como sendo o Monte santo. É claro que não se pode afirmar com verdade matemática, mas, por inferência de várias passagens bíblicas, podemos supor que Deus entregou o governo da Terra original a um Querubim ungido e a seus anjos. É claro que respeitamos as opiniões contrárias. Esse “Querubim ungido” era como estrela radiante, ou “estrela da manhã, filha da alva!” (Is.14:12), razão porque convencionou-se chamá-lo de Lúcifer. Não há como determinar, nem mesmo imaginar, por quanto tempo a Terra original permaneceu tal como fora feita pelas mãos de Deus.
c) A Terra Original foi subvertida, transformada em caos, como consequência do pecado de Lúcifer - E tu dizias no teu coração: eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono ... Subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” (Is.14:13,14).
Em consequência deste ato tresloucado de Lúcifer querendo destronar o Criador, o juízo de Deus foi tão grande contra ele, que alcançou também a própria Terra, a qual passou a ser vista tal como descrita em Gênesis 1:2 - “E a terra era sem forma e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. Neste estado, a Terra é conhecida como Terra caótica. A Terra que Deus criara, perfeita e bela, foi transtornada.
A Terra foi submersa pelas águas e envolta na escuridão. Porém, com muita propriedade, a Palavra de Deus afirma que “o Espírito de Deus se movia sobre a face da água”. Isto pode significar que a presença de Deus ali estava para garantir o seu direito de propriedade sobre a Terra. Satanás nunca se tornou senhor, ou proprietário dela. A Terra sempre foi propriedade exclusiva de Deus.
“Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há” (Dt.10:14). “Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl.24:1).
Não se pode quantificar em números – em milhares, em milhões, talvez bilhões de anos, séculos ou milênios o tempo em que a Terra tenha permanecido neste estado caótico - “sem forma e vazia”. Porém, é certo que ela permaneceu o tempo suficiente para cobrir todas as eras geológicas defendidas pela ciência. Afirma a maioria dos comentaristas que a Terra original era povoada por animais, mas, não pelo homem. Isto justificaria o encontro de fósseis com milhões ou bilhões de anos.
d) A Terra restaurada em seis dias. Os Céus e a Terra que agora existem - “Mas os céus e a terra que agora existem ...” (2Pd.3:7).
Após o estado caótico, Deus não criou novos céus e nem uma nova Terra. A expressão “criar”, do verbo hebraico, “barah”, no sentido de trazer à existência algo que antes não existia, ou trazer do nada, ou fazer existir aquilo que não é material, somente é usada três vezes no capítulo 1 de Gênesis - versículos 1,21 e 27.
Em relação à Terra, no terceiro dia, não há qualquer menção do verbo criar ou “barah”. Isto significa que Deus não criou uma nova Terra, mas, restaurou aquela que ele havia criado, “no princípio”, e que tinha sido transtornada como consequência do pecado de Lúcifer, sendo envolta em escuridão e coberta pelas águas. Em razão disto, Deus ordenou:
“... ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca. E assim foi” (Gn.1:9).
Portanto, a Terra já existia, apenas estava encoberta pelas águas.
“E chamou Deus a porção seca Terra, e ao ajuntamento das águas chamou Mares. E viu Deus que era muito bom” (Gn.1:10).
e) A Terra foi coberta pelo verde da vegetação. Mais uma vez, em Gênesis 1:11, não aparece o verbo criar, ou “barah”. Isto significa que Deus não criou novas plantas, mas, que ordenou às sementes de todas as plantas que antes existiam na Terra original, e que permaneceram em estado latente para que germinassem.
“E disse Deus: produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra. E assim foi. E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera cuja semente está nela conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom. E foi a tarde e a manhã o dia terceiro” (Gn.1:11-13).
Assim, a antiga Terra, criada por Deus, “no princípio”, após permanecer em estado caótico por um tempo que só Deus conhece sua duração, está finalmente renovada e pronta para ser habitada outra vez.
Após tudo isto, ou seja, a restauração da Terra, Deus formou o homem para cuidar de tudo aquilo que Deus criou e que estava sobre a Terra
“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn.2:7).

II. DEUS CONCEDEU A TERRA AOS HOMENS

Para povoar e cuidar da Terra, agora renovada, Deus tem um novo plano. Não irá mais entregar o seu governo a um Querubim, ou a qualquer outro ser angelical. O plano de Deus, agora, foi entregar o governo da Terra ao ser humano.

1. A Terra é do Senhor (Sl.24:1)

A Terra não pertence a nenhum querubim nem ao ser humano. Deus fez os céus como seu local de habitação, mas designou a Terra como habitação dos homens, um lugar onde podem adorá-lo e servi-lo. As Escrituras Sagradas são claras ao dizer que a Terra pertence a Deus.
“Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl.24:1).
“Eis que os céus e os céus dos céus são do SENHOR, teu Deus, a terra e tudo o que nela há” (Dt.10:14).
“Os céus são os céus do SENHOR; mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens” (Sl.115:16).
Deus concedeu a Terra ao ser humano apenas com direito de usufruto. O ser humano não pode fazer dela o que ele quiser. Como bem diz o Pr. Elinaldo Renovato, “o que o Criador espera de nós é o zelo, o cuidado e a sabedoria para exercer a nossa mordomia sobre a Terra. Nesse sentido, espera-se que os crentes, em Jesus, sejam o exemplo na relação com o meio ambiente. Não podemos contaminar os recursos naturais; precisamos evitar os desperdícios e o uso irracional da água”.
Todas as ações praticadas pelo o ser humano estão sendo anotadas pelo Criador da Terra. Cuidando da Terra o ser humano está cuidando de si mesmo; protegendo a Terra o ser humano está protegendo a si mesmo; zelando pela Terra o ser humano está zelando pelos seus próprios interesses.

2. A Natureza – uma dádiva da graça de Deus

Sem dúvida, a natureza é uma dádiva divina, pois é Deus “quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (At.17:25). Por meio dela, Deus nos garante o ar, a água, o sol, a chuva, a germinação das plantas, o fruto e os alimentos necessários à nossa subsistência. Sem a natureza, não há vida. É a graça comum de Deus que permite que estas coisas venham sobre todas as pessoas, indistintamente, conforme nos revela o Evangelho de Mateus:
“porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt.5:45).
Mas, infelizmente, o homem está destruindo a natureza. A Palavra de Deus diz que “o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males, e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores” (2Tm.6:10). Nessa cobiça, por amor ao dinheiro, o homem destruiu e está destruindo as florestas, envenenou os ares, contaminou e está contaminando as águas, todo ecossistema foi e está sendo abalado.
Este mesmo homem que foi constituído Mordomo de Deus para cuidar da Terra, está, na verdade, destruindo-a. Esta atitude constitui uma franca desobediência à vontade de Deus. Certamente, Deus trará o homem à Juízo. Quem destrói aquilo que não é seu tem que responder pelos prejuízos causados ao legítimo proprietário.
Segundo o ensino de Jesus, todo mordomo terá que prestar contas de sua mordomia; e a Terra é um desses bens que foram entregues aos homens, para cuidar.
“Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens” (Mt.25:14,19).

3. Cuidar da Terra, uma missão necessária e urgente

O homem está destruindo a Terra. Esta é uma realidade visível e tangível. Há, em todo o mundo uma preocupação ecológica, ou um esforço na defesa do Meio Ambiente, objetivando sua preservação a fim de se evitar que a vida animal e vegetal não seja extinta, no todo, ou em parte. Neste sentido o Poder Público e as Entidades Privadas (ONGs) honestas e estritamente comprometidas com a causa mobilizaram-se e estão se mobilizando.
Todavia, segundo a Bíblia Sagradas, sabemos que esse poder maléfico e destrutivo só será contido quando o Senhor Jesus Cristo vier para implantar o Seu Reino aqui na Terra. Até lá, “toda criação” continuará gemendo esperando a sua redenção (Rm.8:22,23).
As organizações humanas combatem os efeitos, estão lutando na remoção das “teias”, mas não podem suprimir a causa, ou seja, eliminar a “aranha”. Nós sabemos que todas as maldades que se praticam sobre a Terra contra o ser humano, contra a vida animal e vegetal, toda ação destrutiva levada a efeito contra o Meio Ambiente, toda “agressão” à Terra, tem uma única causa, chama-se pecado. Seu agente motivador é Satanás.
Assim, os sistemas do mundo não têm a solução para os problemas da Terra. Nós sabemos que a solução para o planeta Terra, e para as pessoas que nela habitam, está na pregação do Evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que nEle crê (Rm.1:12). Cada pessoa que for alcançado pelo Poder do Evangelho, cada pessoa que for transformada pela operação do Espírito Santo, será um agente a mais nas mãos de Deus, usado para cuidar da Terra, e um agente a menos nas mãos de Satanás para destruir a Terra.

III. O HOMEM E SUA RELAÇÃO COM A TERRA

1. A Terra antes da formação do ser humano

O ser humano foi formado somente após a reestruturação, renovação, da Terra que se deu em seis dias (Gn.1:3-25). Antes dessa reestruturação, não. Está escrito:
Toda planta do campo ainda não estava na terra, e toda erva do campo ainda não brotava; porque ainda o SENHOR Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra’ (Gn.2:5).
O homem foi formado e dado a ele toda responsabilidade para cuidar da criação de Deus (Gn1:26-31).
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.
E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente e que está sobre a face de toda a terra e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para mantimento.
E a todo animal da terra, e a toda ave dos céus, e a todo réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde lhes será para mantimento. E assim foi.
E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã: o dia sexto”.
O Potentíssimo Deus tudo criou, fez, formou pelo poder da Sua Palavra. Ele, simplesmente, disse: “haja”, “produza”, “ajunte-se”, e os elementos vieram à existência (Gn.1:3; Sl.33:6). Por sua ordem, o sistema solar e os reinos, vegetal e animal, ganharam vida.
“Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus; e todo o exército deles, pelo espírito da sua boca” (Sl.33:6).
Deus criou todas as coisas de forma sistemática (não criou as plantas antes da luz), e criou homem e mulher como seres únicos, capazes de comunicar-se com Ele. Não importa em quanto tempo Deus fez o mundo, se em alguns dias ou alguns milhões de anos; o importante é que Ele o criou exatamente como desejava.
Veja, em resumo, o quadro demonstrativo da criação:

2. A Terra depois da criação do homem

Nela havia uma harmonia perfeita e um equilíbrio perfeito entre Deus, homem e natureza. Nesse lugar perfeito e belo, de felicidade plena, Deus criou um lar para Adão e Eva: um Jardim no Éden (Gn.2:8).
“E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado”. Deus colocou o homem ali, não para viver em ociosidade, mas para cuidar do Jardim e zelar por ele. Está escrito: “E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar” (Gn.2:15).
Éden é uma palavra hebraica que significa “agradável”, ou “prazer”. Deus criou um Jardim perfeito, onde Ele poderia passar momentos agradáveis juntamente com o homem que criara. O profeta Isaías indica que naquele Jardim havia “regozijo e alegria, ações de graça e som de música” (Is.51:3).
Nesse Jardim, onde Adão e Eva habitavam antes do pecado, era o Paraíso de Deus aqui na Terra; um local perfeito, onde o homem podia viver em comunhão perfeita com seu Deus. Infelizmente, esse estado tão maravilhoso e de plena felicidade parece ter durado pouco, pois o homem, como consequência do seu pecado, foi destituído desta posição privilegiada e expulso do Jardim.

3. A Terra depois da Queda

Com a Queda do homem, toda a natureza foi perturbada e atingida pelos nefastos efeitos do rompimento da comunhão do homem com o Criador (Gn.3:17,18). O pecado do homem trouxe consequências para toda a criação. Deus exerceu severo juízo sobre o homem e sobre a Terra. Está escrito assim:
“E a Adão disse: Porquanto destes ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida” (Gn.3:17).
A natureza passou a ser hostil ao homem, porquanto a Terra foi maldita em virtude de seu pecado, passando a produzir espinhos e cardos, sendo, ademais, necessário esforço do homem para que pudesse sobreviver (Gn.3:18,19).
Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás”.
Esta circunstância, entretanto, não alterou o domínio do homem sobre a natureza, embora, agora, tivesse ele de lutar contra ela, pois a natureza não mais favorecia o homem incondicionalmente na sua sobrevivência.
Expulso do Éden, o homem passou a viver em uma Terra hostil e que lhe causaria dificuldades. O novo lugar em que passou a morar chama-se de "habitat" (o lugar onde está habitando, onde está morando), que é das mais diferentes características, mormente após o dilúvio, quando se alteraram bruscamente as condições de clima (cf. Gn.2:5,6; 8:22).
O "habitat", o lugar onde o homem está vivendo, é a verdadeira "casa" do homem, que faz parte do ambiente, do meio-ambiente, que é formado por todos os seres vivos daquele lugar. É, por isso, que a ciência que estuda este relacionamento entre o homem e a sua nova "casa”, entre o homem e o meio-ambiente, chama-se "ecologia" (palavra grega que significa "estudo da casa"). É por isso que os defensores da natureza são chamados de "ecologistas" ou ambientalistas.
Apesar da Queda, o ser humano continua a ser, indispensável ao cultivo, à guarda e à preservação do planeta Terra; essa é a nossa missão.
A Terra ou a criação aguarda a gloriosa redenção do homem e da própria natureza, quando Cristo assumir o Reino milenial.
 “Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm.8:22,23).
Nosso Senhor reinará neste mundo e toda a natureza será restaurada e voltará ao seu status quo original.
“E o SENHOR será rei sobre toda a terra; naquele dia, um será o SENHOR, e um será o seu nome” (Zc.14:9).
“Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap.22:20).

IV. A MORDOMIA DO MEIO AMBIENTE

1. O homem, mordomo, deve agir com responsabilidade

Logo após a formação do homem, Deus o incumbiu de lavrar e cuidar do local onde ele ia morar – o Jardim do Éden (Gn.2:15). Um dos propósitos de Deus era conscientizar o ser humano da responsabilidade de conservação e preservação da natureza que foi criada pelo Senhor. O homem estava incumbido de manter o equilíbrio instituído por Deus para o correto funcionamento de todas as coisas.
Os seres vivos e os elementos sem vida da natureza estão integrados num relacionamento que permite que haja um equilíbrio, de forma que, numa determinada região, exista um conjunto de espécies animais e vegetais. Este relacionamento entre as criaturas gera o que se denomina de "ecossistema", e é necessário que ele seja mantido, não seja alterado, pois a mudança de um fator trará a destruição de todo o ecossistema.
O homem, como é um ser inteligente, tem condições de alterar o ecossistema, de tal maneira que os fatores que lhe sejam prejudiciais, tornem-se-lhe favoráveis, mas a intervenção deve ser feita na sua qualidade de mordomo, ou seja, deve ser uma intervenção que vise à sua sobrevivência. Assim, ao intervir na natureza, o homem deve manter o ecossistema e fazer as modificações absolutamente necessárias para que tenha um melhor conforto, para que a hostilidade da natureza seja reduzida, não mais do que isto.

2. O desenvolvimento sustentável

É a missão de prover o desenvolvimento econômico e tecnológico sem esgotar os recursos naturais do planeta. Nada mais é que o cumprimento da mordomia estabelecida pelas Escrituras, ou seja, a obtenção da sobrevivência do homem através do trabalho e da intervenção da natureza, mas de modo a que a vida seja preservada, não destruída; é a criação de mecanismos que permitam ao homem ter melhores condições de vida aproveitando dos recursos que lhe são oferecidos pela natureza sem destruir o equilíbrio existente em cada ecossistema.
O que Deus estabeleceu para o homem e que só agora o homem percebe ser necessário observar é o grande desafio dos nossos dias, pois, apesar da consciência ecológica e do sem-número de documentos e conferências em que se determina que isto seja feito, o mundo em que vivemos, totalmente dominado pelo maligno, resiste a acatar este princípio e, em sua natural rebeldia contra os mandamentos divinos, prossegue destruindo a natureza, quase sempre com o apoio de grandes forças econômicas e políticas.

3. A degradação da Terra

O homem, com sua mente obscurecida pelo pecado, principalmente após o desenvolvimento da tecnologia, passou a querer extrair da natureza não apenas o necessário para a sua sobrevivência, mas para a satisfação da sua ganância, ganância esta sempre insaciável (cf. Ec.6:7), agindo de modo irresponsável, sem levar em conta a sua condição de mordomo, pois, como administrador, não tem o poder de destruir aquilo que Deus fez, pois seu domínio sobre a criação terrena é limitado. É dever do homem conservar e não para destruir. Assim, suas intervenções têm gerado enormes prejuízos à criação e ao próprio ser humano, pois a destruição do equilíbrio ecológico gera o próprio comprometimento da sobrevivência dos seres do ecossistema, inclusive do homem.
Tomemos um exemplo muito comum: o desmatamento de florestas para a exploração de madeira. O desmatamento indiscriminado, sem reposição das árvores, altera toda a vida das florestas.
Além de representar prejuízo à alimentação e abrigo para vários animais, a retirada das árvores deixa o solo da floresta à mercê da erosão, causada pelas constantes chuvas, pois a retirada das árvores modifica a própria distribuição da água. O solo da floresta, ademais, tem nos resíduos orgânicos sua principal fonte de alimento. Sem as árvores, com a erosão, o solo transforma-se, em pouco tempo, em um verdadeiro deserto, comprometendo até a própria sobrevivência humana no local, e a produção de madeira, que não se renova. 
Percebemos, portanto, que o comportamento predatório, ou seja, o comportamento que tem em vista a obtenção da natureza do que é capaz de trazer riquezas, sem qualquer preocupação com as consequências pela intervenção do ser humano na natureza, é uma conduta efetivada pela intenção de destruição e de morte, algo que não é vindo de Deus, e sim resultado do domínio do mal sobre os homens sem Deus e sem salvação.
A Igreja, não pode, enquanto povo santo de Deus, concordar com tais comportamentos, que têm em vista a própria destruição do ser humano, o ser tão caro e tão amado por Deus.

4. A restauração da Terra, do Meio Ambiente

As Escrituras Sagradas nos dizem que a Terra será novamente restaurada. No reinado de Jesus Cristo, no Milênio, a Terra, a natureza, será redimida. Um dos objetivos do Milênio é promover a redenção da natureza, que geme desde que o pecado entrou no mundo por força da desobediência do primeiro casal. E a situação vai piorar muito no decurso da Grande Tribulação.
Após a batalha do Armagedom, a situação ecológica do mundo estará em situação de calamidade total. O governo desumano, belicista e ganancioso do Anticristo e as pragas divinas lançadas durante a Grande Tribulação causarão um enorme transtorno em toda a natureza, mas isto será a preparação para a redenção que se operará durante o reino milenial de Cristo. Assim como a mulher sofre dores antes de dar à luz um filho, assim, também, antes de promover a restauração da natureza, esta gemerá como nunca por causa do pecado e da rebeldia do ser humano.
“Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm.8:22,23).
a) No Milênio, haverá abundância de água. Um dos grandes problemas na atualidade e que se intensificará como nunca na Grande Tribulação é o da água. Se hoje já começa a faltar água para a humanidade, a Bíblia diz que, na Grande Tribulação, a água dos mares e dos rios tornar-se-á imprestável para uso, notadamente após o derramamento das taças da consumação da ira de Deus. Mas, no Milênio, a Bíblia diz que haverá abundância de água (Is.30:25) e simplesmente desaparecerão os desertos (Is.35:1,2,7). Tudo isto contribuirá muitíssimo para a fertilidade do solo e o desaparecimento da fome.
b) No Milênio, haverá perfeito equilíbrio entre a fauna e a flora. Mas não será apenas a natureza inanimada que será restaurada. Também os seres vivos irracionais serão alcançados pela restauração da criação a ser promovida no Milênio. Além dos vegetais, que, com as mudanças climáticas, terão melhores condições de vida e não sofrerão mais o ataque depredador do homem, pois que a produção será voltada para a alimentação e a satisfação das necessidades, sem ganância, o que fará com que seja respeitado naturalmente o equilíbrio ecológico, os animais todos serão, como eram no princípio, herbívoros e será retirada a ferocidade atualmente existente, que nada mais é que a reação da natureza ao homem que a violenta diariamente e a violentou permitindo o ingresso do pecado no mundo.
c) No Milênio, haverá perfeita harmonia entre o ser humano e a fauna. A Bíblia fala-nos que, durante o Milênio, o lobo e o cordeiro pastarão juntamente, o leão comerá palha como o boi (Is.65:25), assim como o leopardo se deitará com o cabrito e um menino pequeno guiará tanto o bezerro, quanto a ovelha e o filhote de leão (Is.11:6), e os animais jamais farão qualquer dano ao ser humano (Is.11:9; 65:25). Será, enfim, um ambiente de perfeita harmonia e paz entre o homem e a natureza.
d) No Milênio, haverá prolongamento da vida e muita saúde. A saúde será perfeita, por isso a vida humana será prolongada como no princípio da história humana (ler Is.65:20,22 e Zc.8:4). Haverá abundância de saúde para todos (Is.33:24). Isto em muito contribuirá para prolongar a vida. Não haverá deformado, nem paralíticos, nem aleijados (Is.35:5,6). Haverá muito mais luz(Is.30:26), e isto resultará em benefícios em muitos sentidos: influenciará no clima e na vegetação. Haverá um elevado índice de natalidade (Zc.8:5;10:8). Com o prolongamento da vida e muita saúde, será elevado o índice de natalidade e, por conseguinte, a população da Terra será restaurada da redução que sofreu durante a Grande Tribulação (Zc.10:8). Jesus é a única esperança para o planeta Terra!

CONCLUSÃO

O homem deve ter consciência de que ele tem uma tarefa singular e excelente na Terra: guardar a criação terrena, conservar e manter a ordem estabelecida por Deus, e que se constitui nos ecossistemas existentes na mais variada forma em todo o planeta.
Mesmo tendo pecado, o homem não perdeu esta condição de mordomo da criação na Terra e deve exercê-lo segundo os cânones estabelecidos por Deus, ou seja, combatendo a sua hostilidade com o propósito de sobrevivência, dela se servindo para continuar vivendo e impedindo que ela se constitua em meio de morte e de destruição.
Devemos, enquanto servos de Deus, combater toda e qualquer atitude que signifique a destruição da natureza e dos ecossistemas. Não devemos contribuir para a degradação do meio-ambiente, abstendo-nos de participar de atividades que importem em degradação ambiental.
Se não podemos enfrentar o desmatamento da floresta Amazônica, podemos, por exemplo, cuidar para que nosso lixo ou nosso esgoto não seja jogado no córrego mais próximo, que não sejam feitas queimadas em nossos roçados, que nos utilizemos de produtos de limpeza biodegradáveis, que contribuamos para a conservação das áreas verdes próximas a nossas casas, que nos utilizemos racionalmente da água e assim por diante. Como diz velho provérbio chinês, "se cada um limpar a frente de sua casa, em breve toda a cidade estará limpa".
Devemos promover junto a nossos filhos uma verdadeira educação ambiental e termos um comportamento correto no que diz respeito ao meio-ambiente.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 79. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Pr. Elinaldo Renovato. Tempo, Bens e Talentos – Sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado. CPAD.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. Cuidando da Terra. PortalEBD_2003.


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