1° Trimestre 2025
SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 03
Texto Base: 1João 1:1-3; 4:1-3; 2João 7
“E o Verbo se
fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito
do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1:14).
1João 1
1.O que era desde o princípio, o que
vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da
Palavra da vida
2.(porque a vida foi manifestada, e nós
a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o
Pai e nos foi manifestada),
3.O que vimos e ouvimos, isso vos
anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com
o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.
1João 4
1.Amados, não creiais em todo espírito,
mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm
levantado no mundo.
2.Nisto conhecereis o Espírito de Deus:
todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus;
3.e todo espírito que não confessa que
Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo,
do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no mundo.
2 João
7.Porque já muitos enganadores entraram
no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o
enganador e o anticristo.
INTRODUÇÃO
Nesta terceira lição, exploraremos a
doutrina central da fé cristã: A ENCARNAÇÃO DE JESUS CRISTO. Trata-se de um dos
mistérios mais sublimes das Escrituras, que afirma que o Filho de Deus,
eternamente divino, assumiu plena humanidade para habitar entre nós. Este é o
fundamento de nossa redenção e comunhão com Deus.
O apóstolo João, conhecido por
enfatizar a divindade absoluta de Cristo, também dedicou-se a defender a
realidade de Sua humanidade. Ele declara de forma contundente que “o Verbo se
fez carne e habitou entre nós” (João 1:14), destacando que Jesus não apenas
assumiu um corpo físico, mas viveu plenamente como homem, experimentando as
limitações e experiências humanas, exceto o pecado (Hb.4:15).
Este estudo é, ao mesmo tempo, um
aprofundamento teológico e uma defesa da doutrina cristã contra heresias que
negam a verdadeira humanidade de Cristo, como o Docetismo, que afirmava que
Jesus apenas parecia ser humano. O Docetismo acreditava que Jesus Cristo era um
espectro; apesar de ter uma aparência humana, não possuía carne e nem sangue.
A encarnação não é apenas um aspecto
secundário de nossa fé, mas a base de nossa compreensão do sacrifício de Cristo,
pois foi como homem que Ele se tornou o mediador perfeito entre Deus e a
humanidade (1Tm 2:5).
Ao longo desta lição, seremos
conduzidos a compreender a profundidade e a importância desse ato divino e
amoroso, no qual o eterno Filho de Deus esvaziou-se de Sua glória e vestiu pele
humana para reconciliar-nos com o Pai. Que este estudo reforce nossa gratidão
pela obra redentora de Jesus e aprofunde nossa fé em Sua pessoa e missão.
I. HERESIAS QUE NEGAM
A CORPOREIDADE DE CRISTO
1. O que é Docetismo?
O Docetismo é uma das mais antigas
heresias enfrentadas pela Igreja primitiva. Derivado do verbo grego dokeō,
que significa "parecer" ou "ter aparência", o Docetismo
negava que Jesus Cristo possuísse um corpo físico verdadeiro. Segundo essa
visão, a humanidade de Cristo não era real, mas apenas uma ilusão ou aparência,
semelhante a um fantasma. Essa heresia refutava a ideia central da encarnação:
que o Filho de Deus assumiu plena humanidade para cumprir a obra redentora.
Os docetas acreditavam que o corpo
físico era inerentemente mau e incompatível com a natureza divina de Jesus. Ao
propagar que Cristo apenas "parecia" humano, essa doutrina anulava a
eficácia do sacrifício na cruz, pois se Jesus não foi verdadeiramente homem,
Ele não poderia representar a humanidade ou morrer pelos pecados dela (Hb.2:14-17).
A Bíblia, no entanto, afirma categoricamente que "o Verbo se fez carne e
habitou entre nós" (João 1:14), estabelecendo a realidade de Sua
encarnação.
2. O que os
docetas ensinavam sobre Jesus?
Os docetas difundiam ensinamentos
contrários às Escrituras, negando a humanidade plena de Jesus. Para eles,
Cristo era divino, mas não poderia ter assumido um corpo humano físico. Essa
visão desafiava a autenticidade dos relatos evangélicos, que apresentam Jesus
como um homem real, inserido em uma família, em um contexto social e histórico.
O Evangelho de Lucas destaca claramente
a humanidade de Cristo. Ele apresenta Jesus como tendo parentes e amigos:
Zacarias e Isabel (Lc.1:5), José e Maria (Lc.2:4,5), irmãos (Mc.3:31-35). Ele
nasceu em um contexto humano, em Belém, durante o reinado de César Augusto (Lc.2:1,11),
teve infância, desenvolveu-se física, intelectual e espiritualmente (Lc.2:40,52).
A negação dos docetas contradizia não
apenas esses relatos históricos, mas também o objetivo de Cristo na redenção.
Ele precisou se tornar verdadeiramente humano para ser o mediador perfeito
entre Deus e os homens, "pois não temos um sumo sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas, mas um que, como nós, em tudo foi tentado,
mas sem pecado" (Hb.4:15).
3. O que os
principais docetas diziam sobre Jesus?
Os líderes docetas apresentaram
diferentes interpretações para negar a humanidade de Cristo. Citamos três deles:
- Cerinto.
Contemporâneo do apóstolo João, Cerinto negava o nascimento virginal de
Cristo e afirmava que Jesus era um homem comum, no qual o "Cristo
celestial" desceu no momento do batismo e o abandonou antes da
crucificação. Essa visão separava a natureza divina e humana de Cristo,
anulando o significado da encarnação (1João 4:2,3).
- Saturnino. Líder do Gnosticismo sírio, Saturnino alegava que Jesus não
nasceu, não possuía forma ou corpo físico e era apenas uma
"aparência" divina. Esse ensino subvertia a realidade histórica
do nascimento de Cristo, descrito em passagens como Mateus 2:1 e Lucas
2:11, e contradizia os relatos que destacam o corpo físico de Jesus (João
2:21).
- Marcião.
Considerado um dos maiores hereges do Cristianismo primitivo, Marcião
negava a plena humanidade de Jesus e sustentava uma visão dualista, rejeitando
o Antigo Testamento e a conexão de Cristo com o Deus criador. Para ele, o
corpo de Jesus era espiritual ou uma substância etérea (tende a ser
volátil ou fluído). No entanto, os Evangelhos enfatizam que Cristo era um
homem real, nascido de uma mulher, e cumpriu Sua missão como verdadeiro
homem e verdadeiro Deus (Gl.4:4).
Esses ensinos foram categoricamente
refutados pelos apóstolos e líderes da Igreja. A Escritura declara
enfaticamente que Jesus não apenas nasceu como homem (Mt.1:23; Lc.2:7), mas também
viveu em meio à humanidade e experimentou limitações humanas, como fome (Mt.4:2),
cansaço (João 4:6), tristeza (Mt.26:37) e até morte física (João 19:30).
Enfim, as heresias docetistas
comprometem a base do Evangelho ao negar a encarnação plena de Cristo. No
entanto, a Bíblia é clara em afirmar tanto a Sua plena divindade quanto a Sua
plena humanidade, fundamentos essenciais para a nossa salvação. A realidade da
encarnação é um testemunho do amor de Deus, que enviou Seu Filho para viver
entre nós e nos reconciliar consigo mesmo por meio de Sua morte e ressurreição.
II. A AFIRMAÇÃO
APOSTÓLICA DA CORPOREIDADE DE JESUS
1. “O que era desde o
princípio” (João 1:1)
A expressão "O que era desde o
princípio" (1João 1:1) é uma afirmação profunda que conecta o início de
todas as coisas com a eternidade do Verbo, destacando que Jesus Cristo
transcende o tempo e é eterno. O apóstolo João usa essa linguagem para
enfatizar que Jesus não apenas existia antes da criação (como visto em Gn.1:1),
mas que Ele próprio é o agente criador. Essa ideia está claramente articulada
na introdução do Evangelho de João: "No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus" (João 1:1). Aqui, João aponta para a
divindade absoluta de Jesus.
Os Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos
e Lucas) apresentam um retrato mais focado na humanidade de Cristo, revelando
aspectos como Seu nascimento, vida, milagres e ensinamentos terrenos. Em
contraste, o Evangelho de João oferece uma visão mais teológica e espiritual,
interpretando a pessoa de Jesus como o Verbo divino encarnado. Essa abordagem
interior e reflexiva de João não descarta a humanidade de Cristo; ao contrário,
ele destaca que "o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (João
1:14).
A afirmação de que "o Verbo se fez
carne" é central para a doutrina da encarnação. Isso significa que o
eterno Filho de Deus assumiu plenamente a natureza humana, sem perder Sua
natureza divina. Ele não apenas tomou forma humana, mas viveu entre as pessoas,
experimentou as limitações humanas e foi visto, tocado e ouvido por testemunhas
oculares. João reforça isso ao dizer que os apóstolos "contemplaram a Sua
glória, glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" (João
1:14).
A corporeidade de Jesus é essencial
para o Cristianismo. Ela garante que Sua obra redentora foi realizada de
maneira real e tangível. O fato de Ele "habitar entre nós" confirma
que Deus não apenas se revelou à humanidade, mas escolheu identificá-la
plenamente. Em última análise, a encarnação demonstra o amor e o compromisso
divino em resgatar a humanidade, pois, como verdadeiro Deus e verdadeiro homem,
Jesus é o único mediador entre Deus e os homens (1Tm.2:5).
João não deixa espaço para dúvidas: o
Verbo eterno, que já existia "desde o princípio", não apenas veio ao
mundo, mas o fez de forma humana e palpável. Ele não era um espírito ou uma
aparência, mas alguém que podia ser visto, ouvido e tocado, como atestado pelos
apóstolos (1João 1:1-3). Essa realidade refuta heresias como o Docetismo e
assegura a plena verdade da encarnação de Jesus.
2. A reafirmação
apostólica (João 1:1b)
O apóstolo João, ao reafirmar que Jesus
foi visto, contemplado e tocado, emprega uma linguagem profundamente enfática
para demonstrar a plena humanidade do Verbo encarnado. Essa reafirmação é
encontrada tanto na introdução do seu Evangelho quanto em sua primeira
epístola, onde ele declara: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que
vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos tocaram da
Palavra da vida” (1João 1:1).
João não apenas descreve a existência
de Jesus, mas insiste na experiência concreta e sensorial dos apóstolos com
Ele. O uso dos termos "vimos", "contemplamos" e
"tocamos" é deliberado, para combater heresias como o Docetismo, que
negavam a realidade do corpo físico de Cristo. O apóstolo quer deixar claro que
Jesus não era uma ilusão ou um ser espiritual sem corpo, mas um homem real, que
habitou fisicamente entre os homens.
A expressão “vimos com os nossos olhos”
parece redundante, mas tem uma razão específica: enfatizar o testemunho direto
dos apóstolos. Eles não ouviram falar de Jesus por terceiros, nem se basearam
em visões ou relatos abstratos. João afirma que eles viram Jesus com seus
próprios olhos, e isso é crucial para validar a autenticidade do Evangelho. O
verbo “contemplar” (no grego, theáomai) acrescenta uma dimensão mais
profunda à experiência visual, indicando uma observação detalhada e reverente,
como quem analisa algo extraordinário e significativo.
Além disso, a frase “as nossas mãos
tocaram” reforça a fisicalidade de Jesus. Este ponto é ilustrado de maneira
clara após a ressurreição, quando o Senhor convida Tomé a tocar Suas mãos e
lado para dissipar qualquer dúvida sobre Sua corporeidade (João 20:27). João
inclui essa ênfase para refutar diretamente os argumentos dos docetas e outros
grupos heréticos que alegavam que Jesus não tinha um corpo real.
Essa reafirmação apostólica não é
apenas uma defesa contra heresias, mas também uma declaração doutrinária
central para o Cristianismo. A humanidade de Jesus é essencial para a salvação.
Somente um Salvador verdadeiramente humano poderia se identificar plenamente
com a nossa condição, sofrer as nossas dores e oferecer a Si mesmo como
sacrifício pelos pecados. O fato de que Ele podia ser visto e tocado confirma
que Sua obra foi realizada de maneira concreta e histórica.
João, portanto, não permite espaço para
dúvidas: Jesus, o Verbo de Deus, veio ao mundo em carne, e essa verdade foi
testemunhada pelos apóstolos de forma direta e inquestionável. Essa reafirmação
é vital não apenas para a integridade do Evangelho, mas também para a fé cristã
como um todo.
3. Uma crença
herética (1João 4:2,3)
O apóstolo João, em sua Primeira
Epístola, confronta diretamente a heresia do Docetismo, que negava a realidade física
de Jesus Cristo. Ele declara com autoridade: “Todo espírito que confessa que
Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus
não é de Deus. Este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de
vir, e agora já está no mundo” (1João 4:2,3).
João vivia em Éfeso, a mesma cidade
onde Cerinto, um dos principais expoentes do Docetismo, difundia suas ideias. A
heresia docética se espalhou entre cristãos no final do primeiro século,
negando que Jesus tivesse um corpo físico verdadeiro. Essa negação não era
apenas um desvio teológico, mas uma ameaça fundamental à mensagem do Evangelho
e à esperança cristã.
A refutação de João não é apenas uma
defesa teórica. Ele aponta as implicações devastadoras dessa crença herética. Se
Jesus não veio em carne:
a) Ele não morreu de
fato. A obra redentora na cruz perderia todo o significado, pois a morte de
um ser sem corpo físico não teria valor substitutivo.
b) Ele não ressuscitou
fisicamente. A ressurreição seria um mito, e, sem ela, a fé cristã seria inútil e
sem propósito (1Co.15:17).
c) Não há esperança de
salvação. A obra expiatória e a vitória sobre o pecado e a morte seriam
ilusórias, privando os crentes de qualquer garantia de vida eterna.
Por isso, João declara com veemência
que negar a encarnação de Jesus é adotar o espírito do anticristo. Tal postura
não apenas se opõe a Cristo, mas também ataca o cerne da fé cristã: o Verbo de
Deus que “se fez carne e habitou entre nós” (João 1:14).
João vai além e identifica os
defensores dessa heresia como “enganadores” (2João 7). Este termo ressalta o
caráter nocivo dos docetas, que desviavam os cristãos da verdade e ameaçavam a
unidade da igreja. Para João, a encarnação de Cristo não era negociável, pois
ela é a base da redenção.
Sua resposta contundente evidencia a
gravidade dessa heresia. Ao afirmar que todo espírito que nega a encarnação não
provém de Deus, João estabelece um critério claro para discernir entre a
verdade e o erro espiritual.
Assim, o apóstolo não apenas refuta o
Docetismo, mas também fortalece a fé dos crentes, reafirmando a verdade de que
Jesus, plenamente Deus, também se fez plenamente homem para realizar a obra da
salvação. Sua vida, morte e ressurreição são a base da esperança cristã, e
qualquer doutrina que negue essa realidade deve ser rejeitada com firmeza.
III. COMO ESSAS
HERESIAS SE REVELAM HOJE
1. Quanto ao
nascimento virginal de Jesus
A doutrina do nascimento virginal de
Jesus é central para a fé cristã, pois sustenta a singularidade de Cristo como
o Filho de Deus. No entanto, heresias antigas, como as de Cerinto, ainda
encontram ecos em movimentos contemporâneos, como os Mórmons e a Igreja da
Unificação. Esses grupos negam que Jesus tenha sido concebido pelo Espírito
Santo, rejeitando a verdade bíblica sobre sua origem divina e atribuindo-lhe
uma concepção natural.
A Bíblia proclama desde o Antigo
Testamento o nascimento milagroso do Messias. O profeta Isaías, inspirado pelo
Espírito Santo, afirmou: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que
uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel” (Is.7:14).
Essa profecia foi cumprida no Novo
Testamento, quando Maria, uma jovem virgem, foi escolhida para conceber Jesus
por meio do Espírito Santo. Mateus confirma o cumprimento da profecia ao
narrar: “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe,
desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito
Santo” (Mt.1:18).
Lucas também registra a declaração do
anjo Gabriel a Maria: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do
Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de
nascer será chamado Filho de Deus” (Lc.1:35).
Negar o nascimento virginal de Jesus é
comprometer sua natureza divina e humana perfeita. A concepção pelo Espírito
Santo garante que Jesus não herdou a corrupção do pecado humano, sendo
plenamente santo desde o momento de sua concepção (Hb.7:26). Ele é,
simultaneamente, o Filho de Deus e o Filho do Homem, qualificando-se como o
único mediador entre Deus e os homens (1Tm.2:5).
Heresias modernas que negam o
nascimento virginal de Jesus não apenas distorcem a verdade bíblica, mas também
enfraquecem a compreensão da obra redentora de Cristo. Sem a concepção
virginal, sua natureza divina seria questionada, e sua missão como Salvador
perfeito seria invalidada. Essas negações refletem o mesmo espírito do
Docetismo e de outras heresias que tentaram minar a fé cristã nos séculos
iniciais.
Os cristãos são chamados a defender a
doutrina do nascimento virginal com base na revelação clara das Escrituras.
Esta verdade não é apenas um detalhe teológico, mas o fundamento da identidade
e da obra de Cristo. Ela confirma que a salvação é obra sobrenatural de Deus,
iniciada no ventre de Maria e consumada na cruz e na ressurreição.
Rejeitar o nascimento virginal é
rejeitar a própria essência do Evangelho, mas reafirmá-lo é celebrar o
cumprimento das promessas de Deus e a vinda do Salvador ao mundo. Como o anjo
declarou: “Eis que vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o
povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o
Senhor” (Lc.2:10,11).
2. Quanto à morte e à
ressurreição de Cristo
A morte e a ressurreição de Jesus
Cristo são os pilares centrais do Evangelho e a base da esperança cristã (1Co.15:3,4).
No entanto, desde os tempos antigos, essas verdades foram atacadas por heresias
e deturpações, como as defendidas por Basilides e propagadas pelo Alcorão.
Ambas as visões negam a realidade da crucificação e da ressurreição de Cristo,
tentando esvaziar o significado de sua obra redentora.
-A heresia de Basilides. Basilides, um
gnóstico do Egito do século II, propagou a ideia de que Jesus não foi
crucificado. Segundo ele, Simão de Cirene, que ajudou a carregar a cruz (Mt.27:32),
foi transfigurado e crucificado em lugar de Jesus. Essa teoria propõe que
Cristo teria apenas presenciado os eventos, escapando da cruz. Essa visão
gnóstica reflete a rejeição à ideia de que o divino pudesse sofrer.
Para os gnósticos, o mundo físico e o
sofrimento eram indignos de um ser celestial, levando-os a negar a humanidade
plena de Jesus e sua participação no sofrimento humano.
-A negação do Alcorão. O Alcorão também
rejeita a crucificação de Jesus, afirmando: “E por dizerem: ‘Matamos o Messias,
Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Deus’, embora não o tenham morto, nem
crucificado; mas isso lhes foi simulado. Aqueles que divergem a esse respeito
estão na dúvida, pois não têm nenhum conhecimento acerca disso, apenas
conjecturas, sendo certo que não o mataram” (Surata 4:157). Essa doutrina,
semelhante à de Basilides, sugere que outra pessoa, um sósia, foi crucificada
em lugar de Jesus. Essa visão é amplamente defendida no Islã e contradiz
diretamente o testemunho claro das Escrituras e da história.
-A prova Bíblica e histórica da morte e
ressurreição de Jesus. A Bíblia é clara e inequívoca ao afirmar que Jesus
morreu na cruz e ressuscitou ao terceiro dia. O apóstolo Paulo sintetiza essa
verdade no coração do Evangelho: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo
as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras” (1Co.15:3,4).
Os Evangelhos relatam detalhadamente a
morte de Cristo na cruz, seu sepultamento e as aparições após a ressurreição
(Mt.27:50-60; Lc.24:1-7; João 20:19,20). Além disso, testemunhos históricos
externos, como os de Tácito e Josefo, corroboram que Jesus foi crucificado sob
o governo de Pôncio Pilatos.
Negar a crucificação e ressurreição de
Cristo é destruir o fundamento da fé cristã. Se Jesus não morreu na cruz, então
o sacrifício pelos pecados não foi realizado, e se Ele não ressuscitou, a
vitória sobre a morte e o pecado não foi conquistada. Paulo adverte sobre essa
consequência: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé, e ainda
permaneceis nos vossos pecados” (1Co.15:17).
-Refutando as heresias. As doutrinas de
Basilides e do Alcorão não apenas contradizem o testemunho das Escrituras, mas
também falham em lidar com o impacto histórico e transformador da morte e
ressurreição de Cristo. Desde os apóstolos até hoje, milhões de pessoas
experimentaram a realidade do Cristo vivo, cuja ressurreição é a garantia da
nossa salvação e esperança eterna (Rm.4:25; 1Pd.1:3).
Portanto, a cruz e a ressurreição não
são apenas fatos históricos, mas também verdades que fundamentam nossa fé e
proclamam o amor de Deus ao mundo: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em
que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm.5:8).
3. Confirmação
histórica
A morte de Jesus na cruz não é um fato
amplamente corroborado por registros históricos, incluindo testemunhos de
fontes não cristãs. Essa evidência histórica reforça a credibilidade do relato
bíblico e sublinha a importância desse evento na história da humanidade.
-Evidências Bíblicas. O Novo Testamento
registra detalhadamente a morte de Jesus na cruz, o seu sepultamento e a
ressurreição (Mt.27:32-66; Mc.15:21-47; Lc.23:26-56; João 19:16-42). Além
disso, a ressurreição é atestada pelas aparições de Jesus a centenas de
pessoas, incluindo os apóstolos (1Co.15:3-8). O livro de Atos também reforça
que, após a crucificação, Jesus “se apresentou vivo, com muitas e infalíveis
provas” (Atos 1:3).
-Testemunhos históricos não cristãos. Historiadores
seculares, judeus e romanos, confirmam a existência de Jesus e sua execução sob
o governo de Pôncio Pilatos:
a)
Flávio Josefo (37-100 d.C.). Josefo, historiador
judeu, menciona Jesus em sua obra Antiguidades Judaicas. Em um trecho
reconhecido como o “Testimonium Flavianum”, ele escreve: “Acusaram-no perante
Pilatos, e este ordenou que o crucificassem. Os que o haviam amado durante a
sua vida não o abandonaram depois da morte”. Embora este texto tenha sido alvo
de interpolações por escribas cristãos, os estudiosos concordam que Josefo
mencionou Jesus e sua crucificação como um evento histórico.
b)
Tácito (55-117 d.C.). Tácito, um dos
maiores historiadores romanos, faz referência a Cristo em seus Anais ao
relatar a perseguição aos cristãos durante o reinado de Nero: “Aquele de quem
levavam o nome, Cristo, foi executado no reinado de Tibério pelo procurador
Pôncio Pilatos”. Essa menção, independente do cristianismo, confirma a
crucificação de Jesus como fato histórico durante a administração de Pilatos.
c)Luciano de Samósata
(125-180 d.C.). Luciano, um satirista grego, menciona Jesus como o “fundador dos
cristãos” que foi crucificado na Palestina.
d)
O Talmude Judaico. Embora crítico ao cristianismo, o Talmude reconhece que Jesus foi
condenado à morte, afirmando que Ele foi “pendurado na véspera da Páscoa”.
Esses testemunhos históricos sustentam
que Jesus foi crucificado, um fato amplamente aceito por estudiosos de diversas
tradições religiosas ou seculares. A tentativa de negar a crucificação, como
ocorre em algumas heresias antigas ou em doutrinas islâmicas, carece de base
histórica confiável e contradiz tanto os Evangelhos quanto registros seculares.
A confirmação histórica da crucificação
é crucial porque reafirma a veracidade do Evangelho. Mais do que um evento
histórico, a cruz de Cristo é o meio pelo qual Deus realizou a redenção da
humanidade. A sua ressurreição, igualmente confirmada por múltiplas fontes, é a
garantia da vitória sobre o pecado e a morte, como proclama o apóstolo Paulo: “Cristo
morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou
ao terceiro dia” (1Co.15:3,4).
Portanto, a combinação de evidências
bíblicas e históricas torna incontestável a realidade da crucificação de Jesus,
fundamento inegociável da fé cristã.
CONCLUSÃO
Aprendemos neste estudo que a doutrina
da encarnação de Jesus Cristo é uma das verdades mais profundas e centrais da
fé cristã. Ela revela que o Filho de Deus, em sua plenitude divina, assumiu a
natureza humana para redimir a humanidade. Compreendemos que Jesus não apenas
"pareceu" ser humano, mas de fato veio em carne, viveu entre nós,
enfrentou as limitações e desafios da existência terrena e, finalmente,
entregou-se como sacrifício pelos nossos pecados.
Os apóstolos, testemunhas oculares de
sua humanidade e divindade, afirmaram de maneira enfática que "o Verbo se
fez carne e habitou entre nós" (João 1:14). Essa verdade refuta as
heresias que negam sua corporeidade e reafirma a importância de sua vida, morte
e ressurreição como o fundamento da salvação.
Além disso, a encarnação nos ensina
sobre o caráter de Deus: sua proximidade, amor e desejo de se relacionar conosco
de maneira pessoal e transformadora. Jesus, plenamente Deus e plenamente homem,
tornou-se o mediador perfeito entre o Criador e a criação.
Portanto, que a humanidade de Jesus nos
inspire a vivermos em submissão ao Pai, como Ele viveu, e a reconhecermos a
profundidade de sua obra redentora, que nos trouxe vida e reconciliação com
Deus. Assim, proclamamos com gratidão e reverência: “Grande é o mistério da
piedade: Deus se manifestou em carne” (1Tm.3:16).
Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave –
Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico
popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento. CPAD.
Dicionário VINE.CPAD.
O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.
Pr. Hernandes Dias Lopes. 1, 2 e 3João
– como ter garantias da salvação.
Pr. Hernandes Dias Lopes. 1Pedro – com
os pés no vale e o coração no céu.
Pr. Hernandes Dias Lopes. João – As
glórias do Filho de Deus.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Mateus –
Jesus, o Rei dos reis.
Declaração de Fé das Assembleias de
Deus. Rio de Janeiro. CPAD.
Raimundo de Oliveira. Seitas e Heresias. CPAD.
Eurico Bergstén. As Grandes Doutrinas da Bíblia. CPAD.
Myer Pearlman. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. CPAD.
Esequias Soares. Heresias e Modismos. CPAD.
Silas Daniel. Seitas
e Heresias. CPAD.
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