terça-feira, 20 de julho de 2010

MODISMOS SUPERTICIOSOS NO COTIDIANO DO POVO EVANGÉLICO

APÊNDICE DA AULA 04 - Profecia e Misticismo

I. INTRODUÇÃO
Uma das principais características destes tempos trabalhosos em que estamos a viver é a apostasia, ou seja, o afastamento do homem do caminho do Senhor, o desvio espiritual de muitos que, uma vez, haviam sido resgatados da sua vã maneira de viver (cfr. 2Pedro 2:1). E a apostasia não se dá apenas pela rejeição pura e simples do Evangelho, mas, também, pela substituição da Palavra de Deus, da sã doutrina, por doutrinas outras, criadas pelos homens. A Igreja de Cristo não precisa de novidades, e sim, de constante renovação no Espírito Santo. É dever de todo crente sincero e temente a Deus, preservar a sã doutrina.
Crendices, práticas e comportamentos totalmente sem respaldo bíblico têm conseguido invadir as igrejas locais e desvirtuado a fé de muitos. Quem já não viu alguém procurar se proteger com um galho de arruda, com ferradura de cavalo na porta de casa, com sal grosso ou usar uma figa esperando obter sucesso? Os supersticiosos estão inclinados a acreditar em tudo, menos na Palavra de Deus.
Normal seria esperar que a superstição não tivesse lugar nem espaço no meio do povo de Deus, já que não há comunhão entre a luz e as trevas (2Corintios 6:14), e quem está em Cristo, anda na luz (1João 1:7; 2:10). Contudo, existem aqueles que dizem estar na luz, mas estão em trevas (1João 2:9), os falsos cristãos, aqueles que embora estejam entre nós, não são dos nossos (1João 2:19) e que, no tempo de Deus, serão revelados (Mateus 10:26; Marcos 4:22; Lucas 12:2). Daí porque haver, lamentavelmente, em nosso meio, práticas supersticiosas, numa onda de “misticismo” que tem causado enorme prejuízo espiritual.
II. O QUE É SUPERSTIÇÃO?
Segundo o dicionário Aurélio, é o sentimento religioso baseado no temor ou na ignorância, e que induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes; crendice; apego exagerado e/ou infundado a qualquer coisa.
A superstição seria uma tentativa do desejo humano de solucionar seus problemas, através de práticas que possam manipular forças sobrenaturais para o seu próprio proveito. A idéia inclui fazer com que Deus, os anjos ou até mesmo demônios possam estar ao seu serviço. Eles seriam uma espécie de gênio-da-lâmpada-de-Aladim. O “xis” da questão está no fato de a pessoa achar que ela mesma poderá resolver todos os seus problemas, independente de Deus. Na proporção em que o homem se desvia do Deus verdadeiro, ele se inclinará à superstição.
A superstição é a fé desviada de seu curso natural, Deus. A raiz da superstição está no fato de o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, feito para sua glória, recorrer a objetos e fórmulas aparentemente mágicas a fim de resolver seus próprios problemas, sem levar em conta seu Criador. Tal desejo de independência de Deus é um pecado, um desvio da verdadeira fé, que é direcionada para coisas, como rezas, talismãs, cristais, pêndulos, pirâmides etc.
A superstição produz no ser humano um comportamento descontrolado, irrazoável, sem qualquer critério de racionalidade ou de dignidade para com o homem. Por isso, vemos os homens praticando atos totalmente sem sentido e sem propósito, não raras vezes levando as pessoas à morte ou a comprometimentos sérios seja de sua vida, seja de sua saúde, seja de sua moral ou, mesmo, de sua vida financeira. Quantos prédios não partem do 12º para o 14º andar, só para evitar o número “13”? Quantos não se intoxicam por causa de ingestão de substâncias para satisfazer as “simpatias” ou atender a conselhos de “benzedeiros” e curandeiros de toda espécie? Quantos não se endividam por causa de “trabalhos”, de “sacrifícios” ou “fogueiras santas” para ter prosperidade e “sorte no amor?”.
Bem diferente, porém, é o servo de Deus. Seu comportamento é pautado pela moderação, pelo equilíbrio, pois, como alguém que produz o fruto do Espírito, é uma pessoa que tem como qualidade de seu caráter a temperança (Gálatas 5:22), ou seja, o autodomínio, o autocontrole, a moderação. É uma pessoa que, mesmo passando por grande aflição, como a sunamita, não se descabela, nem se desespera, mas vai até a presença de Deus para solicitar a solução para o seu problema.
III. ALGUNS EXEMPLOS DE MODISMOS SUPERSTICIOSOS NO COTIDIANO DO POVO EVANGÉLICO
1. Unção de Objetos. A unção de objetos é uma prática supersticiosa, que não tem qualquer respaldo bíblico. Para proceder à unção de objetos, os defensores desta prática costumam recorrer a textos do Antigo Testamento, onde se relata que objetos eram ungidos, em especial, as peças do tabernáculo, que foram ungidos por Moisés (Lv 8:10). Com base nisto, entendem ser possível a unção de objetos na atualidade.Temos aqui, uma vez mais, uma distorção do texto bíblico, ou seja, a prática da Eisegese. Só para lembrar: a Eisegese é o inverso da exegese. A preposição grega “eis”, “para dentro”, indica movimento de “fora para dentro”. Trata-se de uma maneira de contrabandear para o texto das Escrituras Sagradas as crenças e práticas particulares do intérprete. A serpente, no Éden, argumentou com Eva algo que Deus não havia falado (Gn 2.16,17; 3.1).
A unção de objetos é relatada na Bíblia única e exclusivamente no Antigo Testamento. Por quê? Porque tudo o que foi escrito ali foi escrito para nosso ensino (Rm 15:4). O tabernáculo que Deus mandou Moisés construir era figura de Cristo, era sombra da realidade espiritual que seria revelada plenamente com a vinda do Senhor Jesus (Hb 8:5; 10:1). Desta maneira, o fato de Moisés ter ungido as peças do tabernáculo na sua consagração tem um significado simbólico, qual seja, o de que Jesus, que é tipificado pelo tabernáculo (que era, a exemplo de Jesus, a presença de Deus no meio do povo, o Emanuel, o Deus conosco), seria ungido pelo Espírito Santo para cumprir a Sua missão sobre a face da Terra (At.10:38). Depois que Jesus veio e cumpriu a Sua missão, realizando-se, assim, aquilo que fora figurado na antiga aliança, não há mais motivo algum para que se proceda à unção de objetos, pois um objeto não é santificado ou consagrado pelo derramamento de azeite em si, mas, sim, nós, como filhos de Deus, é que devemos ter a unção do Espírito Santo e, em função da nossa santificação, utilizarmos dos nossos bens para que façamos boas obras e, por meio destas obras, os homens glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus (Mt.5:16).
A prática de ungir objetos, para que eles sejam “santificados” é pura superstição, é resquício de animismo, pois só tem sentido falarmos em “purificação”, “santificação” ou “consagração” de objetos na medida em que entendemos que este objeto possui uma “energia vital”, uma “alma” e isto nada mais é que “animismo”. Muitos assim agem, porque são idólatras e reconhecem nas coisas e nas criaturas não só a presença de espíritos ou almas, mas até mesmo uma condição divina.
Só para lembrar: Animismo é a crença que atribui vida espiritual ou alma a coisas inanimadas. Os animistas acreditam que plantas e animais possuem alma, que a natureza está carregada de seres espirituais e que o espírito dos mortos vagueia pelos lugares onde as pessoas viviam ou costumavam freqüentar (Isaias 34.14). A crença de que fenômenos e forças da natureza são capazes de intervir nos assuntos humanos constitui o fundamento de todas as idéias religiosas consideradas animistas.
Há, ainda, aqueles que dizem que devemos ungir os objetos apenas como um “reforço à fé”, uma “materialização da fé”, um “meio” para que a fé das pessoas progrida, cresça, desenvolva-se. Este argumento, porém, não tem cabimento algum. A fé existe quando não precisamos “ver algo”. Ela é a prova das coisas que não se vêem. A fé não é por vista (2Corintios 5:7), mas, pelo contrário, quem realmente crê é aquele que não vê (João 20:29).
A única unção que se verifica autorizada nas Escrituras, depois da vida, morte e ressurreição de Cristo, é a unção com óleo sobre os crentes enfermos (Tiago 5:14), unção a ser feita apenas pelos presbíteros da Igreja, isto é, pelos ministros do Evangelho, nos casos de enfermidade, e esta unção deve ser feita à moda bíblica, ou seja, na cabeça, pois assim é a unção que se encontra nas Escrituras (2Reis 9:3,6; Salmo 133:2). Não há qualquer base para se fazer a unção nas partes enfermas, como tem sido feito em alguns lugares, para não dizer de unção de partes íntimas para “santificação”, “purificação sexual” ou “libertação da prostituição”, como se vêem nestes “encontros” gedozistas. Fora esta hipótese, não se deve proceder a qualquer unção, pois a “necessidade de unção” em outras hipóteses, mesmo sobre pessoas, é fruto de superstição, é resquício de animismo, sem qualquer base bíblica.
Práticas de unção de pessoas separadas para o ministério, também, não têm respaldo bíblico. Esta prática também é supersticiosa, porque repete costumes gentílicos, observados nas várias religiões pagãs e que acabou sendo absorvida, inadvertidamente, por algumas igrejas ditas cristãs e pelas Igrejas orientais ao longo dos séculos. A unção dos profetas, reis e sacerdotes na antiga aliança, a exemplo do que ocorre com a unção de objetos, apontava para o tríplice ofício de Cristo, que é Rei(Mateus 2:2), Profeta(João 4:19) e Sacerdote(Hebreus 6:20). Agora, os ministros devem ter a unção do Espírito Santo (At 1:8; 6:3), devendo, no ato da separação, haver tão somente a imposição das mãos sobre os escolhidos (At 6:6; 13:3; 1Tm 4:14).
2. Amuletos e talismãs. Diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa que amuleto é “objeto, fórmula escrita ou figura (medalha, figa etc.) que alguém guarda consigo e a que se atribuem virtudes sobrenaturais de defesa contra desgraças, doenças, feitiços, malefícios etc.”; palavra que vem do latino “amuletum”, que era “remédio supersticioso que preservava contra feitiços, venenos etc.”. Também é conhecido como “talismã”, “objeto a que é atribuído um poder mágico efetivo fora do comum”, “efeito desse poder mágico; encantamento”, “tudo que produz um efeito súbito e fantástico”, palavra de origem grega, vinda do árabe, que significa “rito religioso”, “amuleto”.
É comum associarmos o uso de amuletos ou de talismãs ao baixo espiritismo ou a práticas animistas de povos primitivos, mas, lamentavelmente, também os há no meio daqueles que se dizem cristãos, apesar de isto ser explicitamente condenado pelas Escrituras (Levíticos 20:27; Deuteronômio 18:11).
· Porventura, não se trata de amuleto uma Bíblia que esteja aberta seguidamente no Salmo 91, como se vê em muitas casas de crentes? Não é a Bíblia um amuleto quando posta nestas circunstâncias, como se ela, enquanto um objeto, um livro, tivesse poder para proteger o ambiente ou o lar das pessoas? A Bíblia diz que quem nos protege é o próprio Deus, sob cujas asas encontramos descanso (Salmo 91:1). Não é o salmo que traz proteção, mas, sim, “habitar no esconderijo do Altíssimo”, ou seja, viver em comunhão com Deus, obedecer-Lhe e ter os pecados perdoados pela nossa fé em Cristo Jesus. Quando vamos a Cristo, somos recebidos em Sua mão e ali estamos bem seguros (João 6:37; 10:27-29).
· Porventura, não se tem um amuleto, um talismã quando se usa a Bíblia para repreender um espírito maligno que esteja a possuir alguém, como se a Bíblia fosse o objeto dotado de poder para tal libertação? (há, ainda, as pessoas que não se contentam em usar a Bíblia, mas em batê-la na pessoa possessa, muitas vezes na cabeça…). Entretanto, a Bíblia diz que a expulsão de demônios não é resultado do uso deste ou daquele objeto, pois é um sinal que segue aquele que tem fé em Cristo Jesus (Marcos 16:17). Trata-se, portanto, de um poder trazido pela aceitação do Evangelho, o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Romanos 1:16,17).
· Não é sequer o nome de Jesus, enquanto uma fórmula mágica, que opera a expulsão dos demônios, como nos mostra claramente o episódio que envolveram os filhos de Ceva, que, embora tivessem usado “a fórmula do nome de Jesus”, foram humilhados pelo inimigo, pois não tinham o essencial, que é a comunhão com Cristo (At.19:13-16).
· Porventura não se tem a Bíblia como um amuleto, como um talismã, quando é ela aberta aleatoriamente, para se “tirar uma palavra”, num verdadeiro exercício de “bibliomancia”, que é “adivinhação do futuro através da interpretação de uma passagem de um livro, aberto ao acaso”? É triste vermos pessoas que têm reduzido a Palavra de Deus a um mero exercício de futurologia, a uma simples questão de sorte ou de palpite. A Bíblia não é para ser consultada ao acaso, como se fosse um instrumento de adivinhação, mas deve ser lida diariamente, com devoção, para que saibamos qual é a vontade de Deus para as nossas vidas. Não somos contra as pessoas terem uma “caixinha de promessas”, mas desde que esta “caixinha” não seja um instrumento divinatório, desde que não substitua a leitura constante e profunda das Escrituras, que é dever de todo o cristão. Não se deve “consultar” a Bíblia, mas, sim, lê-la, pois, caso contrário, estaremos diante de uma prática supersticiosa. Lembremos que Jesus não leu as Escrituras a esmo, mas achou onde estava escrito (Lucas 4:17).
3. “Bênção da Água”. Na prática da “bênção da água”, tem-se, mais uma vez, nítido animismo inserido indevidamente no meio do povo de Deus. Esta prática nada mais é que uma “roupagem evangélica” para a “água benta”, umas das primeiras práticas pagãs absorvidas pelo romanismo.
Não é pela água que se purifica alguma coisa, nem que se consegue alguma bênção, muito menos que se espantam demônios ou espíritos malignos, mas por uma vida de comunhão com Cristo Jesus. A água, na Bíblia, é símbolo da Palavra de Deus e é por ela que somos santificados e regenerados (João 17:17; Efésios 5:26; 1João 5:7,8). O único momento em que usamos água com significado espiritual é o instante do batismo, em que, por imersão em água, testificamos publicamente que cremos em Jesus, nascemos de novo e estamos mortos para o mundo (Romanos 6:3,4). É um instante singular, único em que usamos a água.
4. ”Coreografias”. Estes movimentos têm invadido muitas igrejas locais, para a “invocação do Espírito de Deus”. Há pessoas que, na atualidade, para “sentirem a presença de Deus”, começam a dançar, a criar “círculos de dança” em volta de pessoas, para que elas sejam “batizadas com o Espírito Santo” ou “sintam o poder de Deus”, em meio a cantorias e ritmos que são verdadeiras repetições de “pontos de macumba” e sons a eles muito semelhantes. Trata-se de pura superstição, quando não de absorção de rituais satânicos dentro da liturgia evangélica, sob o pretexto de “avivalismo” e “presença do poder de Deus”.
A verdadeira adoração a Deus, o culto que se presta ao Senhor é “racional’ (Romanos 12:1,2), ou seja, não é feito sem propósito, sem objetivo, sem finalidade. É uma adoração genuína e que é marcada pela simplicidade que há em Cristo Jesus (2Coríntios 11:3).
O culto genuíno a Deus traz alegria aos corações, uma sensação de comunhão com Deus, não uma histeria ou uma situação de transe e de inconsciência, como temos visto em diversas manifestações que se dizem “demonstradoras do poder de Deus”, tais como “risadas santas”, “vômitos santos”, “quedas pelo poder de Deus” e tantas outras coisas que pela sua extravagância e pela falta de edificação espiritual e de resultado no comportamento das pessoas só nos fazem lembrar as estranhas e sobrenaturais artimanhas feitas pelo adversário de nossas almas, com seus encantamentos e manifestações ao longo da história sagrada.
5. “queima dos pedidos de oração”, “queima das necessidades” ou, ainda, “queima dos pecados dos antepassados” ou “queimas das maldições hereditárias”. Esta prática de se levar ao fogo para destruição ou purificação de algo é, nitidamente, uma prática retirada dos cultos pagãos, que o digam os sacrifícios feitos a Moloque, abomináveis aos olhos do Senhor (2Reis 16:3; 17:17; 21:6; 23:10; 2Crônicas 33:6; Ezequiel 20:31; 23:37). Por que fazer algo que o Senhor já declarou, explicitamente, em Sua Palavra, que abomina? Isto é puro animismo, pois é dar ao fogo o poder espiritual de atendimento às nossas preces, o que contraria totalmente o que ensinam as Escrituras. Repudiemos este “falso ensino”, verdadeiro exercício de feitiçaria!
O fogo não tem mais nenhum papel no culto a Deus, sendo, tão somente, símbolo da presença do Espírito Santo em nossas vidas, verdadeiro fogo purificador (Mateus 3:11; Lucas 3:16; Atos 2:3), ou, então, símbolo do julgamento divino dos homens, crentes ou não (Mateus 3:12; 5:22; 25:41; João 15:6; 1Coríntios 3:13).
Dizem os defensores desta prática que os sacrifícios eram levados ao fogo, para serem consumidos e que o fogo representaria a prova desta confiança na consumação, na destruição da dificuldade e da necessidade. Trata-se, mais uma vez, de grande distorção da Palavra de Deus. Os sacrifícios do antigo concerto apontavam para Cristo, que, tendo morrido uma só vez, aboliu a prática de sacrifícios. Nossos sacrifícios, agora, são apenas ofertas pacíficas ao Senhor, representados pelo nosso culto racional (Romanos 12:1,2) e pelos louvores (Hebreus 13:15), porquanto Jesus já Se sacrificou por nós, removendo o pecado do mundo (João 1:29).
6. “Oração no monte”. É muito praticada pelos evangélicos neopentecostais. Há aqueles que somente adoram a Deus “no monte”, que somente sentem a presença do Senhor “no monte”, já que lá Deus realmente se manifesta, até porque costumam ocorrer certas manifestações “sobrenaturais”, como o “brilho de galhos de árvore, de plantas” e outras “provas da presença do Senhor”. Para dar “respaldo bíblico” a suas teses, os defensores da “oração no monte” não cessam de dar exemplos de várias manifestações divinas nos montes, como Abraão no monte Moriá, Moisés no monte Sinai e até mesmo de Jesus no monte da transfiguração, para não dizer que Jesus morreu no monte Calvário e ascendeu aos céus no monte das Oliveiras, aonde retornará para derrotar o Anticristo…
A utilização de montes como lugar de adoração, no entanto, nada tem que ver com estas narrativas bíblicas. Jesus orou no monte, é bem verdade, mas também orou no jardim do Getsêmani, que fica ao pé do Monte das Oliveiras, portanto em lugar plano, uma das orações mais fervorosas de seu ministério. O próprio Jesus nos ensina que não é o lugar da adoração o que importa, mas, sim, que sejamos verdadeiros adoradores, que adoram ao Pai em espírito e em verdade, ou seja, em qualquer lugar (João 4:20-24). Aliás, há uma recomendação de Jesus que deve ser atendida por todos nós: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará”(Mateus 6:6).
A utilização dos montes e dos lugares altos como local de adoração é algo que remonta à Antigüidade e que era comum nos cultos idolátricos e pagãos. As Escrituras não cessam de dizer que os israelitas, imitando os costumes dos outros povos (Isaias 16:12; Jeremias 48:35), cultuavam a Deus e a outras divindades nos “lugares altos”, algo que era reprovado pelo Senhor, vez que não era esta a prescrição da lei de Moisés (1Reis 3:3; 13:33; 22:43; 2Reis 15:4,35; 16:4; 17:32; 2Crônicas 28:4; 33:17 Ezequiel 16:16).
7. “purificação de ambientes”, para “proteção do crente e de sua família”. Nestas chamadas “purificações” são utilizados os mais variados elementos tais como “sal grosso”, “rosa ungida”, “óleo de Israel”, “água do rio Jordão” e tantas outras besteiras. Queridos irmãos em Cristo, isto é pura idolatria, misturada com a mais banal feitiçaria. Como pode um servo de Deus, lavado e remido no sangue do Cordeiro, crer que, para estar livre dos espíritos malignos, deve ter sal grosso em casa, rosa ungida ou ter um frasco com água do rio Jordão? Qual a diferença deste proceder com aqueles que usam patuás, fitas benzidas, pés de coelho, figas ou outros conhecidos amuletos e talismãs? Evidentemente que é nenhuma!
As pessoas crentes que se deixam levar por isto são tão cegas quanto os incrédulos, para não dizer que estão ainda mais longe da salvação do que aqueles, pois, por pura ignorância, não sabem que Jesus liberta de tudo isto e não impõe estas coisas, como é defendido pelos pregadores deste falso e supersticioso evangelho. Tudo isto é resultado da ignorância espiritual, da falta do ensino da Palavra de Deus, do menosprezo que o ensino da Bíblia tem tido nas nossas igrejas locais. Somente a verdade pode libertar do pecado (João 8:32,36) e a verdade é a Palavra de Deus(João 17:17), a única que testifica de Cristo (João 5:39).
8. “Campanhas seriadas”. Prática supersticiosa que se tem disseminado é a da “campanha seriada”, também chamadas de “correntes de oração” e outras denominações decorrentes da criatividade marqueteira dos mercenários da fé. Tem sido costume dos mercenários da fé estabelecer “novenas”, “sete semanas de oração”, “quarenta dias de oração”, “mês de jejum” e outras iniciativas, que procuram enfatizar o caráter “mágico” de certos números que se encontram na Bíblia, o que nada mais é que uma versão “evangélica” de “numerologia”, que é o ”estudo do significado oculto dos números e sua influência no comportamento e no destino dos homens”, algo que, como admite o próprio dicionário, é vinculado diretamente ao “ocultismo”, a práticas de magia e de adivinhação.
Dizer que é preciso orar “sete semanas”, “sete sextas-feiras”, “quarenta dias”, “quarenta semanas” é pura superstição. Não é na repetição que Deus nos ouvirá (Mt.6:7), nem podemos prender Deus a alguma “força oculta” na quantidade de semanas, dias ou reuniões que compareçamos. Também, não têm fundamento algum as “correntes de oração”, como se fosse necessário que houvesse a formação de um “cerco de Jericó perpétuo” para que Deus atenda aos pedidos do Seu povo. Verdade é que devemos promover a oração intercessória, ou seja, que uns devem orar pelos outros e que podemos nos unir em oração em busca da bênção divina (1Tm 2:1; Tg.5:16); trata-se de uma demonstração de amor e de fé em direção a Deus, jamais de uma “tática” ou “estratégia” para “mover a mão de Deus” de forma obrigatória e inexorável, como crêem os defensores destas “correntes de oração”, que, assim, nada mais fazem do que reafirmar antigas superstições do paganismo.
A propósito, notamos, também, uma certa superstição com relação aos “dias” das campanhas. Há em relação a “campanhas de libertação”, “descarregos” e coisas similares uma preferência pelas “sextas-feiras”, a denunciar a inegável inspiração que tais movimentos têm dos cultos afro-brasileiros e do espiritismo em geral, que também escolheram este dia da semana como o preferencial para seus rituais e sessões. Pode coisa assim ser considerada como genuína de um servo de Deus? Tudo isto é resultado da ignorância espiritual, da falta de leitura e estudo devocional da Palavra de Deus. PENSE NISTO, AMADO IRMÃO E AMIGO EM CRISTO!
IV - CONCLUSÃO
Viver de modo supersticioso, pois, é distanciar-se de Deus, é criar uma indesejável distância entre o homem e a verdade, que é Cristo. Uma pessoa que se diz crente e que começa a adotar modismos supersticiosos é alguém que, voluntariamente, vai se distanciando de Deus. A superstição é feitiçaria, e sendo feitiçaria é uma expressão de rebeldia contra Deus, de insubmissão à vontade do Senhor (1Samuel 15:23). Crer em coisas triviais, ou nas aparentemente bíblicas, é rejeitar a fé em Deus ou acrescentar algo além dEle. Nós cremos num Deus que pode guardar-nos de todos os males (2Timóteo 1:12).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Professor EBD/Assembléia de Deus –Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.
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Fonte de Pesquisa: Comentário Bíblico do Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco:"Superstições religiosas"; Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo das Profecias; Bíblia de Estudo Pentecostal.

4 comentários:

  1. Caro irmão,
    A paz do Senhor!
    Solicito permissão para reproduzir estes comentários no site EBDweb (www.ebdweb.com.br).
    Grato,
    Klauber Maia

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  2. Olá, irmão!
    Estou fazendo minha monografia sobre essas práticas absurdas. Seu texto ajudou a organizar minhas idéias e me deu muita informação! Deus o abençoe e mantenha esse discernimento, pq dias piores virão!

    Marielen

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  3. Temos que voltar urgentemente aos 5 solos da Reforma Protestante!

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