segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A ORAÇÃO QUE JESUS ENSINOU

Neste pequeno estudo, estou adiantando o tema do tópico II da Lição nº 5 deste trimestre:"Orando como Jesus ensinou".


Texto Base: Mateus 6:9-13

A maioria das vezes que Jesus se apresentava em oração ao Pai era sozinho; e Ele nos recomendou esse procedimento(Mt 6:6). Certa vez quando os discípulos o viram orar ficaram impressionados com a maneira como Ele se dirigia ao Pai em oração. Certamente a maneira como Ele se expressava, a intimada com que Jesus mantinha com o Pai, era diferente dos fariseus e dos demais religiosos da época. É tanto que, em seguida, os discípulos pediram que Ele os ensinasse a orar(Lc 11:1-4).
O fato de um dos discípulos pedir que Jesus os ensinasse a orar, como também João ensinou aos seus discípulos(Lc 11:1), deixa claro que a oração de Jesus distinguia da oração judaica e da oração dos discípulos de João Batista. Por se tratar de um serviço tão sublime e indispensável ao corpo da Igreja, Jesus atendeu o pedido dos seus discípulos e lhes mostrou o modelo para nos dirigir ao Pai em oração, a chamada “oração do Senhor”, “oração dominical” ou, como é conhecido, o “Pai nosso”. Essa oração-modelo não foi ensinada pelo Senhor para ser repetida automaticamente como uma reza, como muitos a têm tornado, mas, muito pelo contrário, nela temos uma verdadeira aula de como devemos orar corretamente e de forma agradável ao Senhor. Vejamos:
a) Ela começa com a expressão: “Pai nosso”. Essa foi a grande novidade introduzida por Jesus. Deus não era somente o Deus dos patriarcas, o Senhor dos Exércitos, o Senhor assentado num alto e sublime trono, não! Jesus nos revelou outra maneira de nos comunicarmos com Deus! Os judeus concebiam Deus como o Pai do povo todo, mas não ousavam dirigir-se pessoalmente a Ele com tanta intimidade. Jesus, porém, o fez(Mc 14:36), e ensinou os seus discípulos, de todos os tempos, a endereçarem a oração ao Pai nessa total intimidade e confiança.
Ao reconhecermos Deus como nosso Pai, demonstramos que a relação que existe entre Deus e o homem não é uma relação de senhorio, de propriedade, de domínio ou de cruel submissão, como se vislumbra, por exemplo, entre os islâmicos, mas é, sobretudo, uma relação de amor, de filiação, de intimidade e comunhão. Ao chamarmos a Deus de nosso Pai, ao reconhecermos isto, estamos dizendo que confiamos em Deus e em seu amor e que nada de ruim para nós pode ocorrer, pois Ele nos ama. É por isso que Jesus insiste em que tenhamos a imagem de Deus, na oração, como a imagem do Pai, daquele que é infinitamente muito mais bondoso do que nosso pai terreno e que, portanto, nunca pode querer nos prejudicar ou nos causar dano.
b) “que está nos céus”. Nos lembra que este Pai bondoso, amoroso e misericordioso está nos céus, ou seja, é o Senhor do universo, o Soberano, aquele que tem todo o poder. Lembrar que Deus é Pai, mas está nos céus, é lembrar que Ele não é nosso empregado, nem está à nossa disposição ou à disposição de nossos caprichos.
c) “santificado é o teu nome”. Na Bíblia, o nome equivale à pessoa. A oração-modelo nos lembra que o nome do Senhor é santificado, ou seja, que para termos uma verdadeira comunhão com Deus é necessário que estejamos em santidade diante de Deus. Não é possível que queiramos orar a Deus sem que estejamos em paz com Ele, o que somente se dá mediante a justificação pela fé em Jesus (Rm5:1). Para termos uma vida de oração correta e aceitável diante de Deus, é imperioso que estejamos vivendo de acordo com a sua palavra, pois é ela quem nos santifica(João 17:17).
d) “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu”. O reino de Deus é o centro e o objetivo final do seu plano e de toda a mensagem de Jesus. A vinda do reino consiste no reconhecimento da vontade de Deus, que oferece uma nova vida a todos. Mas o reino não está só no futuro. Ele se concretiza pouco a pouco, à medida que as pessoas aceitam o evangelho e vivem fraternalmente, compartilhando a nova vida. O anseio pelo reino mostra a meta, o alvo e a missão da comunidade cristã de proclamar o evangelho, porque todos devem ter a mesma oportunidade de crer, até que Deus seja tudo em todos(1Co 15:28).
Quando dizemos "venha o teu reino" estamos dizendo para Deus que queremos que sua vontade se realize em nossas vidas, que Ele seja o nosso Senhor, aquele que comanda as nossas vidas. Quão diferente é a oração daqueles "supercrentes", daqueles que, baseados nas falsas doutrinas da confissão positiva e da teologia da prosperidade, acham que a vontade deles é que tem de ser feita.
e) “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje”. A oração também envolve o aspecto material de nossas vidas, mas dentro de uma perspectiva de cumprimento da vontade de Deus e de sua soberania. Deus não se esquece das necessidades materiais do ser humano e sabe que, enquanto aqui estamos, precisamos de comida, de vestir e de bebida, razão pela qual está disposto a nos conceder o necessário para a nossa sobrevivência (Mt.6:31-34), mas devemos priorizar o reino de Deus e a sua justiça. Como se não bastasse isso, Deus se compromete com o necessário, não com a opulência ou a riqueza desmedida, como têm defendido os teólogos da prosperidade, numa perspectiva que mais os faz avarentos e, por conseguinte, idólatras(Cl 3:5), do que servos de Deus.
É bom ressaltar que “o pão de nosso de cada dia” não se trata apenas do aspecto material de nossas vidas, mas também se aplica ao pão da vida eterna, ao alimento que nos dá a vida plena. É o pão do banquete celeste.
f) “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. Essas palavras nos levam a pensar que não temos o direito de pedir perdão se nós mesmos não estamos dispostos a perdoar. O perdão de Deus para nós é proporcional ao perdão que concedemos aos outros. A questão é séria! Nenhuma igreja ou comunidade se mantém unida sem o perdão, porque viver juntos sempre traz mal-entendidos, atritos, conflitos e ofensas e, mais do que nunca, o perdão mútuo é necessário. Por isso, a pessoa que ora o ”Pai Nosso“ não precisa ser apenas criatura de Deus, mas uma criatura redimida (perdoada) por Deus. Redimida pela cruz, no sangue do Cordeiro ela não apenas deve ter encontrado anulação dos pecados do passado, mas também a libertação da sua natureza não reconciliável.
O apóstolo Paulo disse em Romanos 5:6-11 que Deus nos amou quando éramos ainda pecadores. Quando éramos seus inimigos, Deus nos reconciliou com Ele. E ainda afirmou depois, em Efésisos 4:32: “Antes sede uns para como os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”. Precisamos nos perdoar mutuamente, porque Cristo já nos perdoou. O perdão de Deus foi concedido quando nos convertemos e nos incentiva a perdoarmos uns aos outros. Só o perdão compartilhado pode garantir a continuidade da vida comunitária.
Portanto, na oração devemos ter consciência de que nossa vida com Deus depende de nosso comportamento com o próximo, razão pela qual não podemos jamais querer ter comunhão com Deus se não a tivermos com os demais homens (Mt 5:23-25). Jamais nos esqueçamos de que nada podemos dever aos homens senão o amor(Rm 13:8).
g) “E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal”. Nesta parte da oração, Jesus lembra-nos do compromisso divino de nos livrar do mal enquanto vivemos neste mundo de aflições e que está imerso no maligno (1João 5:19), compromisso este que foi ratificado e reiterado pelo próprio Senhor em sua oração sacerdotal (João 17:15). Este compromisso é a certeza que o cristão tem de que o mal não lhe tocará (1João 5:18), nem que o inferno prevalecerá contra a igreja (Mt 16:18). Isto não quer, em absoluto, dizer que o crente sincero nunca terá dificuldades ou lutas, nem que não poderá sofrer. Deus prometeu a vitória e somente há vitória após uma luta, de forma que a promessa de vitória é uma indireta declaração de que haverá lutas na vida do cristão, o que, aliás, foi explicitado pelo próprio Senhor(João 15:33).
Mas a que tentação Jesus se referiu? A todo tipo de tentação, mas talvez, principalmente, a de abandonar o evangelho de Cristo em troca das sugestões de Satanás: abundância, riqueza, poder e prestígio(Lc 4:1-13). Esse abandono pode ser motivado pela ganância, mas também pelo desânimo, pelo medo e pela insegurança. Judas foi tentado, caiu e abandonou definitivamente o plano de Deus(Lc 22:3-6,47,48). Pedro foi tentado, caiu, mas se arrependeu(Lc 22:54-62). Esse é o pedido mais importante: que Deus nos poupe de o trairmos, de o negarmos, pois assim trairíamos e negaríamos a nós mesmos e a todos aqueles que lutam para que o reino venha.
h) “porque teu é o reino, e o poder, e a glória para sempre. Amém”. A oração-modelo termina com uma expressão de adoração, parte indispensável em qualquer oração. É através da oração que expressamos nosso amor ao Senhor, que lhe rendemos a glória que só a Ele é devida. Lamentavelmente, nos nossos dias, oração tem significado apenas um petitório. Somente pedimos, pedimos, pedimos e, para finalizar, pedimos. Nem sempre nos lembramos de agradecer ao que Deus nos fez, que dirá adorá-lO, render-Lhe glória e louvor. É fundamental que a nossa oração, pelo menos, tenha uma parte de adoração. É preciso que louvemos e glorifiquemos a Deus em nossas orações.
Portanto, essa oração que Jesus ensinou não pode ser feita como uma reza, mas deve expressar a verdade do nosso coração. Como vai a sua vida de oração? Você tem se dirigido a Deus, desfrutando da intimidade que Jesus nos proporcionou com o Pai?
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós. Amém!”(2Co 13:13).

Um comentário:

  1. muito bom esse estudo,creio que mais que frases repetitivas Deus quer que apresentemos nossos corações á ele,mostrando toda a fé e confiança que temos nele,orar prá mim,é uma conversa com o pai,onde contamos o nosso dia á dia, as nossas dificuldades e para agradeçemos também pelas tantas alegrias que recebemos dele e quão prazeroso é pertencer e sermos filhos desse Deus maravilhoso!amém

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