sábado, 2 de outubro de 2010

ULTRAPASSANDO AS FRONTEIRAS DO AMOR

O nosso compêndio doutrinário, o Novo Testamento, nos leva a uma posição além fronteira, e nos mostra que a prática do Amor não tem limite. Como bem disse certo pastor, “o amor é o cartão de identidade do cristão”. Jesus resumiu todos os mandamentos num só: o Amor (ver Lc 10:27).
Para refletirmos sobre esse tema tomo como base a parábola do “Bom Samaritano”, exclusivo no Evangelho de Lucas, exarado no capítulo 10 versículos 29 a 37.
Um intérprete da Lei quis colocar Jesus numa armadilha e fez a seguinte pergunta: “Quem é o meu próximo?” Essa questão era muito discutida na época de Jesus e ainda hoje está presente em nossas mentes.
Em fim, quem é o meu próximo? O próximo é o parente, o amigo, o colega, os que são da mesma religião, casta, partido ou classe social? Muitos tentam estabelecer as fronteiras do amor. Quem ficar fora da fronteira não merece nosso amor; essa é a tendência humana.
Jesus não discutiu a teoria sobre o próximo. Em vez disso, contou essa parábola e devolveu a pergunta ao intérprete da Lei. A estrada de Jerusalém a Jericó ainda hoje é perigosa, e tudo faz crer que o homem que foi assaltado e quase morto era judeu. O sacerdote e o levita viram o homem caído e se desviaram, “passando de largo”. Certamente tinham medo de tocar num provável morto e ficar impuros, mesmo estando vindo, e não indo ao Templo em Jerusalém.
Em contrapartida, um Samaritano, inimigo tradicional dos judeus, se aproximou, viu e se encheu de compaixão, ou seja, “sofreu junto” com o homem ferido. E imediatamente começou a praticar o amor. Ali mesmo providenciou os primeiros socorros, colocou o ferido no seu jumento e, a pé, seguiu até uma pensão, onde continuou a cuidar dele. No dia seguinte, deu duas moedas (salário de dois dias) ao dono da pensão e comprometeu-se a pagar o que fosse gasto com o homem ferido.
O ensino de Jesus através desta parábola descreve tudo o que o samaritano fez para salientar que a prática do amor não tem fronteiras. É a necessidade do outro que diz o que precisa ser feito e até que ponto se deve amar. Além disso, o amor quebra todas as fronteiras: o samaritano não perguntou se o ferido era judeu ou não. O próximo é qualquer pessoa que encontramos.
E Jesus perguntou ao astuto intérprete da Lei: “Qual dos três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores?”(Lc 10:36). Ou seja, quem foi que se tornou próximo dele? A questão mudou radicalmente. O amor nasce em cada um de nós do amor que dedicamos a Deus de todo coração, alma, força e entendimento, e que, na prática, nos faz aproximar do necessitado e responder concretamente às suas necessidades.
Aquele intérprete da Lei estava preocupado com a fronteira do amor. Mas Jesus mostrou que o amor é um centro que irradia ações práticas e não conhece nenhuma fronteira. O intérprete da Lei reconheceu isso e, quando declarou que o próximo foi o que usou de misericórdia, isto é, teve compaixão, mostrou muito bem que tornar-se próximo é entrar em sintonia com o outro e sofrer junto com ele. É condoer-se com o sofrimento alheio.
E, no final, Jesus deu uma ordem solene: “Vai e procede tu de igual modo”(Lc 10:37). Em outras palavras, preocupe-se em praticar concretamente o amor sem se preocupar com as teorias sobre o próximo que merece o seu amor. Você tem amado dessa maneira, sem exigir que somente alguns recebam o seu amor? Numa sociedade como a nossa, repleta de excluídos, essa é uma avaliação que necessitamos fazer constantemente diante de Deus.
Mas ainda em relação a essa parábola, verificamos que existem três modos de viver a vida: o modo do ladrão, o modo do sacerdote e do levita e o modo do samaritano. São três compreensões diferentes que condicionam o nosso ser e o nosso comportamento.
O ladrão pensava: “o que é seu é meu”, e vivia à espreita contínua do roubo e da exploração. O sacerdote e o levita compreendiam a vida entendendo que “o que é meu é meu”, e se fecharam naquilo que eram e no que possuíam, deixando os outros “se virarem”. Mas o samaritano entendeu e praticou “o que é meu é teu”, e repartiu não só o seu coração, mas também seu tempo e tudo o que possuía.
As relações entre as pessoas são governadas por um desses três modos de ser e de viver. Resta-nos ver em qual deles nos encaixamos, lembrando que o evangelho está totalmente do lado do bom samaritano.
Deixo o apóstolo Paulo concluir esta reflexão: “Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”(Rm 13:9).

3 comentários:

  1. Caro pastor e amigo Luciano,

    A paz do Senhor.

    Parabéns pelo blog e por este artigo. Que Deus continue lhe dando inspiração para escrever com tamanha clareza.

    Transmita a minha saudação ao pastor Teixeira Rego Neto.

    Em Cristo,

    Ciro Sanches Zibordi

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  2. Pr. Ciro, palavras de incentivos como estas advindas de um ícone do conhecimento bíblico como você o é, muito me alegra! Sou grato pelas tuas palavras de incentivo!
    Deus o abençoe sobremaneira!
    Luciano

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  3. Parabéns querido irmão Luciano de Paula pelo seu excelente blog! O ilustre irmão honra a Assembleia de Deus com este belissimo artigo.
    Que o Espírito Santo continue lhe capacitando e usando cada vez mais, e mais. Que a Paz de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo esteja com você e os seus!!! visite o meu blog: http://lucivaldodepaula.blogspot.com/

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