domingo, 2 de agosto de 2015

Aula 06 – CONSELHOS GERAIS


3º Trimestre/2015

 
Texto Base:1Timóteo 5:17-22;6:9-10

“Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (Atos 20:28).

 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos acerca dos conselhos gerais de Paulo a Timóteo em relação aos membros da família cristã com os quais trabalhava. Paulo o orienta a lidar de forma sábia com as diferentes pessoas e grupos dentro da igreja. O cristianismo não é apenas uma coletânea de dogmas, mas sobretudo o cultivo de relacionamentos saudáveis. A maioria dos pastores enfrenta tensões na igreja por falta de habilidade de relacionar-se com pessoas. Timóteo é instruído a agir de forma criteriosa com os diferentes membros da comunidade, a fim de que a igreja de Deus empregue todo o seu potencial na obra, em vez de desperdiçar suas energias em conflitos internos.

I. O CUIDADO COM O REBANHO

Uma das tarefas de um pastor é corrigir as faltas de alguns membros da igreja. Para um pastor lograr êxito na repreensão aos membros da igreja, ele necessita de duas coisas: o conteúdo bíblico e a forma amorosa. Não basta exortar de acordo com a verdade; é preciso também exortar com amor. O pastor precisa ter tato e sensibilidade para lidar com pessoas de diversas faixas etárias.

1. Cuidado com os anciãos (1Tm 5:1).Não repreendas asperamente os anciãos, mas admoesta-os como a pais; aos jovens, como a irmãos”. Aqui, Paulo ensina a Timóteo a maneira correta de lidar com as pessoas mais velhas. Sendo jovem e, talvez, mais dinâmico, Timóteo poderia ser tentado a se tornar impaciente e ressentido com alguns homens idosos. Por isso a admoestação para ele não repreender a um homem idoso asperamente, mas exortá-lo como a um pai. Seria impróprio a ele, jovem, criticar tal pessoa com ataques verbais. Se o respeito com as pessoas idosas faz parte da cultura de muitos povos, entre o povo de Deus essa distinção deve ser ainda mais observada.

“... aos jovens, como a irmãos”. Havia ainda o perigo de Timóteo manifestar uma atitude de opressão em relação aos mais moços. Paulo o alerta a tratar os moços como a irmãos. Ele deveria ser exatamente como um deles, sem lhes mostrar atitudes autoritárias. A igreja é a família de Deus, e devemos olhar para as pessoas da nossa idade como irmãos e irmãs.

2. O cuidado com as mulheres idosas e viúvas (1Tm 5:2,3). “Às mulheres idosas, como a mães... Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas”. Aqui, Paulo orienta Timóteo que as mulheres idosas devem ser consideradas como mães e tratadas com a dignidade, o amor e o respeito devidos. E Paulo também dá a Timóteo algumas orientações para que ele pudesse resolver as questões das viúvas na igreja (1Tm 5:3-8). A igreja não pode negligenciar a assistência aos domésticos da fé, quando estes são necessitados, e ao mesmo tempo não assumir o papel da família, quando esta pode socorrê-los. O sustento financeiro pela igreja deve limitar-se às viúvas que são realmente necessitadas (1Tm 5:3,5,16), ou seja, aquelas que não têm dotes nem parentes para mantê-las. Havia um grande número de viúvas na igreja de Éfeso.

Deus proíbe que seu povo aflija os órfãos e as viúvas (Êx 22:22). Um magistrado que oprime as viúvas está sob o juízo divino (Dt 27:19). Os agricultores eram instruídos a reservar um décimo da sua produção para as viúvas e os órfãos, deixando a eles ainda uma parte da colheita (Dt 14:28,29). Os profetas de Deus denunciaram a nação por defraudar as viúvas (Is 1:17,23; Jr 7:5; Ez 22:7; Zc 7:10). Jesus demonstrou compaixão com a viúva de Naim (Lc 7:11,12) e enalteceu a oferta da viúva pobre (Mc 12:41,42), ao mesmo tempo que denunciou os escribas que devoravam as casas das viúvas e se escondiam atrás de uma pecaminosa ostentação religiosa (Mc 12:40). A igreja de Jerusalém nomeou sete homens cheios de sabedoria, cheios de fé e cheios do Espírito Santo para supervisionar a distribuição diária às viúvas (At 6:1-6). Mais tarde, Tiago afirma que uma das evidências da verdadeira religião é visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações (Tg 1:27).

3. Tratar as pessoas do sexo oposto com honra e pureza (5:2). “... às moças, como a irmãs, em toda a pureza”. Aqui, Paulo orienta a Timóteo que “pureza” deveria caracterizar toda a atitude dele em relação às jovens moças. Ele deveria não apenas evitar o que é pecaminoso, mas também se desviar dos atos de indiscrição e de todo comportamento com aparência de pecado. O pastor precisa respeitar as jovens da igreja, tratando-as com honra e pureza. Um pastor que olha para as jovens da igreja com lascívia é um desastre. Um líder cujos olhos são cheios de adultério é como um lobo entre as ovelhas. Muitos pastores têm caído na área moral, por se entregarem a desejos lascivos. O conselho de Paulo nunca foi tão urgente, atual e oportuno!

4. O cuidado com os ministros fiéis (1Tm 5:17). “Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino”.

Os líderes que são fiéis ao Senhor e à igreja devem ser estimados e apoiados por todos os liderados. Paulo estabelece a regra de que os presbíteros que presidem bem devem ser merecedores de dobrados honorários. “Honorários” pode significar respeito, mas também inclui a ideia de reembolso financeiro (Mt 15:6). “Dobrados honorários” contêm as duas ideias. Antes de tudo, são merecedores de respeito do povo de Deus devido a seu trabalho, mas, se o seu tempo é integralmente dedicado a esse trabalho, também são merecedores de ajuda financeira. Os que se afadigam na palavra e no ensino são provavelmente aqueles que gastam tanto tempo na pregação e no ensino que não podem ter um emprego regular. Aos cristãos de Corinto ele fez observações idênticas, revelando seu zelo pela manutenção dos obreiros (1Co 9:6-10).

Os presbíteros fiéis em seu trabalho não deveriam ser apegados ao dinheiro - avarento (1Tm 3:3), mas eram dignos de receber honra e honorários. Com isso, Paulo considera que o pastorado é um ministério remunerado. Da mesma forma que nos dias do Antigo Testamento os sacerdotes eram sustentados a fim de se dedicarem à lei do Senhor (2Cr 31:4), também nos dias do Novo Testamento os pastores devem ser sustentados para que possam devotar-se à obra do evangelho.

II. O TRATO COM O PRESBITÉRIO

1. Acusação contra os presbíteros (1Tm 5:19). “Não aceites acusação contra presbítero, senão com duas ou três testemunhas”. Por ocuparem uma posição de responsabilidade na igreja, os presbíteros se tornam o alvo principal de ataque de Satanás. Por essa razão, o Espírito Santo de Deus toma medidas para protegê-los de falsa acusação. É estabelecido o princípio de que nenhuma ação disciplinar ocorra contra um presbítero, a menos que a acusação seja confirmada por duas ou três testemunhas. Na realidade, esse mesmo princípio se aplica a uma ação disciplinar contra qualquer membro da igreja, mas é enfatizado aqui porque havia o risco de os presbíteros serem acusado injustamente. Mas, se o líder for realmente culpado precisa se arrepender, confessar, deixar os seus pecados e ser disciplinado (Pv 28:13). Encobrir os erros daqueles que pecaram não é solução, pois “Deus não tem o culpado por inocente” (Nm 14:18). Os presbíteros, ou pastores, estão sujeitos a pecar, por isso, precisam vigiar e orar ainda mais (Mt 26:41).

2. A repreensão aos presbíteros (1Tm 5:20).Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor”. Aqui, Paulo ensina a respeito da forma como aqueles que pecaram e tiveram suas faltas comprovadas por testemunhas, devem ser disciplinadas.

A lei já exigia que não se podia condenar ninguém com o testemunho de uma única pessoa (Dt 19:15). Porém, quando uma acusação contra um presbítero procedia de duas ou mais testemunhas e era verdadeira, e além disso o denunciado persistia no pecado, então o faltoso deveria ser corrigido na presença de todos.

Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, pecados públicos devem ser corrigidos publicamente para que haja temor, pois a disciplina visa não apenas a restaurar o faltoso, mas também a prevenir os demais membros do corpo a não caírem no mesmo laço. A igreja nunca pode dar ao mundo a ideia de que está tolerando o pecado. O pecado é maligníssimo. É como um fermento: um pouco leveda a massa toda. Um mau exemplo é devastador na igreja. É como uma laranja podre numa cesta de laranjas saudáveis. Contamina as demais!

Timóteo é exortado a não ter parcialidades na aplicação da disciplina (1Tm 5:21). A igreja de Deus não pode ter dois pesos e duas medidas. Não pode tratar alguns membros com rigor e outros com complacência. Não pode aplicar a uns o rigor da lei e a outros, regalias e privilégios.

Segundo Hernandes Dias Lopes, a vida do líder é a vida de sua liderança, mas os pecados do líder são os mestres do pecado. Os pecados do líder são mais graves, mais hipócritas e mais danosos que os pecados dos demais membros da igreja. São mais graves, porque o líder peca mesmo tendo maior conhecimento. São mais hipócritas, porque o líder convoca o povo a viver em santidade e, muitas vezes, pratica o pecado em secreto. E são mais danosos, porque, quando um líder cai, mais pessoas são atingidas. Daí, os líderes que têm práticas pecaminosas não devem ser ignorados. Na realidade, a posição que ocupam não é um atenuante, mas um agravante. Eles devem ser tratados com mais severidade, e na presença de toda a igreja (Mt 18:15-17), para que os demais presbíteros, ou pastores, também possam sentir-se cheios de temor piedoso de fazer o mal.

Todavia, ao tratar da disciplina na igreja local, há dois perigos a serem evitados. O primeiro é a prevenção ou preconceito, e o outro é a parcialidade ou o favoritismo. É fácil ter um preconceito contra alguém e assim prejulgar o caso com injustiça. Também é muito fácil mostrar parcialidade em relação a alguém por causa de sua riqueza, posição na comunidade ou personalidade. Assim, Paulo solenemente conjura Timóteo diante de Deus, e Cristo Jesus e também diante dos anjos eleitos, a obedecer a essas instruções sem julgar uma questão antes de todos os fatos serem conhecidos ou sem mostrar-se favorável a alguém simplesmente porque é amigo ou conhecido - “Conjuro-te, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que, sem prevenção, guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade” (1Tm 5:21). Portanto, cada caso deve ser julgado diante de Deus, e Cristo Jesus e também diante dos anjos. Os anjos são os observadores do mundo onde vivemos e eles devem ver justiça perfeita em questões de disciplina na igreja.

3. O cuidado com a saúde (1Tm 5:23). O apóstolo Paulo demonstra seu zelo pastoral ao preocupar-se com a saúde de Timóteo. O apóstolo escreve: “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades. Não há dúvida de que este versículo se refere ao vinho de verdade, e não apenas ao suco de uva. Se não fosse vinho de verdade, não faria sentido o apóstolo enfatizar que se deve usar somente “um pouco”.

O conselho de Paulo - “não continues a beber somente água” - significa que Timóteo não deveria beber água sem “um pouco de vinho”. Paulo aconselha o uso de “um pouco de vinho por causa de seu “estômago” e de suas “frequentes enfermidades”. É claro que, aqui, Paulo refere-se apenas ao uso medicinal do vinho e jamais deve ser interpretado como desculpa a seu uso abusivo.

É muito comum o obreiro gastar todo o tempo cuidando do rebanho e esquecer-se de si mesmo. Timóteo era bastante cuidadoso com os outros, mas estava descuidando de si mesmo. Precisava dar atenção à sua saúde para poder cuidar da igreja. As pressões do ministério são enormes, e Timóteo estava no comando da maior igreja da época, a igreja de Éfeso. Éfeso era a capital da Ásia Menor, uma cidade complexa e com muitos desafios. Os falsos mestres perturbavam a igreja, e Timóteo precisava lidar com essas pressões que vinham de fora e também com as tensões que vinham de dentro da igreja. O desgaste emocional e os reflexos que esse desgaste tinham na saúde de Timóteo levaram Paulo a orientar o jovem pastor a cuidar de sua saúde.

Note que, embora Paulo, como apóstolo, sem dúvida tivesse o poder de curar todos os tipos de doenças, nem sempre o usava. Aqui, ele justifica o uso de remédios para doenças estomacais. Há momentos que a resposta de Deus, em relação à cura, é negativa, e, quando isso acontece, devemos aprender a lidar com a soberania divina. Mesmo homens de fé, como Moisés e Paulo, deixaram de ter suas orações atendidas (Dt 3:26; 2Co 12:8,9).

III. CONSELHOS GERAIS (1Tm 6:3-21)

No capítulo cinco, vimos como Paulo tratou a questão da ação social na igreja, especialmente no cuidado das viúvas que não tinham suporte financeiro da família. Também vimos como Paulo abordou a questão do sustento e disciplina. Agora veremos como Paulo orienta Timóteo a lidar com os falsos mestres e o cuidado que deve ter como pastor do rebanho. Também veremos os conselhos dados pelo apóstolo aos ricos.

1. Aos que não respeitam a sã doutrina (1Tm 6:3-5). “Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas, altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro”.

Aqui, Paulo volta a atenção para aqueles que estariam dispostos a ensinar doutrinas novas e estranhas na igreja. São falsos mestres, aqueles que se desviam da sã doutrina, abandonam a verdade e desviam-se da fé, dividindo a igreja, motivados pela avareza. Eles trocam o evangelho por outro evangelho. Trocam o genuíno pelo espúrio, o verdadeiro pelo falso, o pão nutritivo da verdade pelo caldo mortífero da mentira (morte na panela: 2Rs 4:38-41). Por discordarem da sã doutrina, ensinam suas perniciosas heresias.

Os falsos mestres, por serem arrogantes e ignorantes, promovem divisões. Proclamam a si mesmos como os donos da verdade. Gostam de discutir. São obcecados por contendas de palavras. No entanto, são vazios, não entendem nada, são desprovidos da verdade e escravos da mentira.

Cinco resultados são apresentados: inveja (ressentir-se por causa dos dons dos outros); provocação (cultivar espírito de rivalidade e contenda); difamações (espalhar mentiras acerca de outras pessoas); suspeitas malignas (esquecer-se de que a comunhão se constrói com a confiança, e não com a suspeita); altercações sem fim (o fruto da irritação).

Esses falsos mestres são homens depravados e mentirosos. Além do mais, o vetor que governa sua vida é o lucro. Eles não estão interessados na salvação das pessoas, mas no dinheiro que elas possuem. Fazem da religião um negócio. Distorcem o evangelho e fazem dele um artigo comercial. Transformam o templo numa praça de negócio. Usam o púlpito ou a mídia como um balcão, e os crentes como consumidores. “Eles tornam a mais sagrada das vocações em um ofício de ganhar dinheiro”.

Esses falsos mestres nos lembra os pastores mercenários que posam como ministros cristãos, mas não tem amor real pela verdade. Também nos faz pensar no comércio que se tornou tão comum no cristianismo: a venda de indulgências, os bingos, os bazares beneficentes, as quermesses, etc. Há uma ordem clara de nos desviarmos de tais mestres ímpios: “Aparta-te dos tais” (1Tm 6:5 – ARC).

2. Aos que querem ser ricos (1Tm 6:9,10).Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”.

Ser rico não é pecado, mas confiar nas riquezas, preferi-las à vida eterna é fatal para a vida espiritual de alguém. Assim, lutar por uma vida regalada nesta Terra, estar à busca de obtenção de riquezas, erigir isto como uma prioridade na vida é praticamente assinar a sua sentença de perdição.

A riqueza como fruto do trabalho e da providência divina é uma bênção. É Deus quem nos dá força para adquirirmos riqueza. Há muitas pessoas ricas e piedosas. Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, o problema não é possuir dinheiro, mas ser possuído por ele. O problema não é ter dinheiro, mas o dinheiro nos ter. O problema não é carregar dinheiro no bolso, mas carregá-lo no coração.

Paulo diz que o amor ao dinheiro é a fonte de todos os males. Nem todo o mal do universo surge do amor ao dinheiro, mas certamente é uma das grandes fontes de vários tipos de males. Por exemplo, o amor ao dinheiro produz inveja, briga, roubo, desonestidade, intemperança, esquecimento de Deus, egoísmo, desvios de conduta, etc.

É preciso destacar que o dinheiro não é raiz de todos os males. O dinheiro em si é uma bênção. Com ele suprimos nossas necessidades e servimos ao próximo. Com ele ajudamos os necessitados e cooperamos com a expansão do reino de Deus. O problema não é ter dinheiro no bolso, mas ter o dinheiro no coração. O problema não é possuirmos riquezas, mas as riquezas nos possuírem. O problema não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro.

3. Conselhos aos ricos (1Tm 6:17-19).Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna”.

Nos versículos anteriores Paulo escreveu de forma detalhada sobre aqueles que desejam ser ricos. Aqui, ele se refere aos ricos. Veja alguns conselhos que Timóteo deveria dar aos ricos:

a) Os ricos não deveriam ser orgulhosos (1Tm 6:17a). Essa é a tentação dos ricos. A posse do dinheiro pode levá-los a serem orgulhosos. O indivíduo pode pensar que ser rico significa ser mais competente, mais inteligente, melhor que os outros ou até mesmo mais amado por Deus. A pessoa pode ficar soberba porque tem muitas propriedades, porque conseguiu construir um colossal patrimônio. A soberba, porém, é a antessala da ruína. Um rico soberbo não compreendeu nem a vulnerabilidade da vida nem a instabilidade das riquezas.

b) Os ricos não deveriam depositar a sua esperança, literalmente, na instabilidade da riqueza (1Tm 6:17b). Confiar na instabilidade da riqueza é a mesma coisa que edificar sua casa na areia. Hoje há muitas pessoas desesperadas. Até ontem estavam confiantes de terem feito os melhores investimentos; agora, seus investimentos deram para trás. Aquela aplicação antes tão sólida de repente se torna vulnerável. Muitas pessoas perderam seus bens do dia para a noite. A Bíblia diz: “Porventura fitarás os teus olhos naquilo que é nada? Pois certamente a riqueza fará para si asas, como a águia que voa pelos céus” (Pv 23:5). Confiar no dinheiro é uma insanidade.

c) Os ricos deveriam confiar em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas usufruirmos (1Tm 17:c). Uma das grandes ciladas da riqueza é que é difícil tê-la sem confiar nela. E isso é uma forma de idolatria. É negar a verdade de que Deus é quem abundantemente nos dá todas as coisas para nossa satisfação. O dinheiro pode lhe dar roupas bonitas, mas não beleza. Pode lhe dar prazeres, mas não paz. Pode lhe dar aventuras, mas não felicidade. Pode lhe dar um carro blindado e segurança, mas não proteção real. Pode lhe dar uma casa, mas não uma família. Pode lhe dar remédios, mas não saúde. Pode lhe dar bajuladores, mas não amigos. Pode lhe dar satisfação sexual, mas não amor. Pode lhe dar um rico funeral, mas não vida eterna.

d) Os ricos devem dar daquilo que recebem de Deus (1Tm 6:18) – “que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis”. O rico é lembrado de que o dinheiro que ele possui não é dele. Ele o recebeu para ser administrado. Ele é responsável pelo uso do dinheiro para a glória de Deus e para o bem-estar de seu próximo. Ele deve usá-lo para as boas obras e ser generoso com os necessitados.

e) Os ricos devem fazer investimentos para a eternidade – “que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna”. Jesus disse que devemos ajuntar tesouros lá no céu, onde os ladrões, a traça e a ferrugem não podem destruí-los. A bolsa de valores do Céu jamais entra em colapso. As riquezas espirituais jamais podem ser roubadas. A Bíblia diz que onde estiver o seu tesouro, aí estará o seu coração. Devemos buscar as coisas lá do alto. Devemos buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça. Devemos buscar tesouros que sejam um sólido fundamento. Devemos nos apoderar da verdadeira vida.

O homem que só pensava em seus banquetes e em suas vestes, e deixou Lázaro faminto e chagado à sua porta, morreu sem ajuntar tesouros no Céu. Morreu e foi para o inferno, onde acabou atormentado nas chamas e não recebeu nem mesmo o alívio de uma gota de água (Lc 16:19-31).

O homem que se preparou apenas para esta vida e não fez nenhuma provisão para a sua alma foi chamado de louco (cf Lc 12:20,21).

Portanto, aquele que ajunta tesouros apenas para esta vida descobrirá que, no dia em que sua casa cair, no dia em que estiver atravessando a ponte que liga o tempo à eternidade, o dinheiro não poderá ajudá-lo a se apoderar da verdadeira vida. O crente sábio não entesoura para esta vida, mas para a futura (Mt 6:19-21).

CONCLUSÃO

Paulo conclui os seus conselhos gerais admoestando a seu amigo e colaborador a guardar o objeto que lhe foi confiado: “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado...” (1Tm 6:20a). O objeto entregue a Timóteo para ser protegido por ele é o santo Evangelho. Isto inclui, naturalmente, o que o apóstolo está escrevendo na carta de 1Timóteo: todas as ordens dadas a Timóteo e todo o ensino que esta epístola contém. Timóteo terá de dar conta a Deus quanto ao que fez com o “depósito”.

A fé cristã foi colocada nas mãos de Timóteo. Ele recebeu esse depósito e precisa transmiti-lo com fidelidade. Timóteo deve entregar o que recebeu, e não o que inventou. Deve transmitir o que recebeu, e não o que criou. Segundo Hernandes Dias Lopes, “o pregador não gera a mensagem, ele transmite a mensagem. Ele não é o dono da mensagem, é o servo da mensagem. O pregador é um despenseiro de Deus (Tt 1:7), e o que se requer do despenseiro é fidelidade. Ele não pode sonegar ao povo o evangelho que Deus a ele confiou nem acrescentar coisa alguma ao evangelho por ele recebido”.

Paulo finaliza sua admoestação dizendo: ”...tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência; a qual professando-a alguns, se desviaram da fé. A graça seja contigo. Amém!” (1Tm 6:20b,21). Timóteo não deveria perder tempo com as futilidades dos falsos mestres. Não deveria envolver-se com falatórios inúteis e profanos e com as contradições do saber, pois os que assim procedem desviam-se da fé; antes, ele deveria manter-se firme e fiel na pregação do evangelho que lhe foi confiado. Da mesma forma que os hereges se afastam da verdade, o pastor deve afastar-se das heresias.

Concluo com as mesmas palavras de Paulo a Timóteo: A graça seja convosco” (1Tm 6:21b). É unicamente no poder dessa graça que Timóteo e a igreja são capazes de resistir os falsos mestres, afastar-se de sua influência. A graça é suficiente. Ela nos basta! Amém!

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 63. CPAD.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

Tito e Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

1 Timóteo – o pastor, sua vida e sua obra. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

2 Timóteo – O testamento de Paulo à Igreja. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

Comentário do Novo Testamento – 1 e 2 Timóteo e Tito. William Hendriksen.

As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.

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