domingo, 3 de dezembro de 2017

Aula 11 – ADOTADOS POR DEUS


4º Trimestre/2017

Texto Base: Romanos 8:12-17

 "Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai" (Rm.8:15).

 
INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da Adoção, elemento integrante do processo da salvação. Fomos regenerados, justificados, santificados e adotados em Cristo Jesus. A salvação torna-nos filhos de Deus (João 1:12). Fazer parte da família de Deus é a certeza de que nEle estaremos seguros. Uma pessoa torna-se participante de uma família por nascimento ou por adoção, assim também acontece com o crente. Após crermos e arrependermo-nos, ingressamos à família de Deus pelo novo nascimento (João 1:12,13; 3:6,7; 1Pd.1:3-5,23) tornando assim seus filhos por adoção (Gl.3:26; Rm.8:15). Deus ama todas as criaturas e que o sacrifício de Cristo foi feito em favor de todos, mas somente aqueles que, pela fé, recebem a Jesus como Salvador podem se tornar filhos (João 1:12). Como filho, podemos desfrutar do amor altruísta do Pai e da sua comunhão. E como Pai amoroso, Ele supre as nossas necessidades, sejam elas físicas, emocionais ou espirituais. Conquanto usufruamos das inumeráveis bênçãos dessa condição atualmente, temos a esperança de, num futuro bem próximo, desfrutarmos da adoção plena e gloriosa nos céus.

I. O CONCEITO BÍBLICO DE ADOÇÃO

“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai” (Rm.8:15).

Quando um indivíduo nasce de novo, recebe o espírito de adoção, ou seja, torna-se parte da família de Deus como um filho. Um instinto espiritual o leva a olhar para Deus e chamá-lo de Aba, Pai. Aba é um termo aramaico impossível de traduzir com exatidão. É uma forma carinhosa da palavra pai, como “papai” ou “paizinho”. Apesar de hesitarmos em usar uma linguagem tão intima para nos dirigir a Deus, não deixa de ser verdade que Ele é, ao mesmo tempo, infinitamente exaltado e intimamente próximo.

O termo adoção é usado de três formas em Romanos:

  • Em Rm.8:15, refere-se à consciência da filiação produzida pelo Espírito Santo na vida do cristão.
  • Em Rm.8:23, olha para o futuro, quando o corpo do cristão será redimido ou glorificado – “E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”.
  • Em Rm.9:4, olha para o passado, quando Deus escolheu Israel para ser seu filho (Êx.4:32) – “que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas”.

Em Gálatas 4:5 e Efésios 1:5, o termo significa “colocação como filho”, isto é, o ato de colocar os cristãos na posição de filhos adultos maduros, com todos os privilégios e responsabilidades da filiação.

“para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl.4:5).

“e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”.

Todo cristão é filho de Deus, no sentido de que nasceu na família na qual Deus é o Pai. Porém, nem todo cristão vivencia o relacionamento mais profundo da filiação com os privilégios de alguém que alcançou a maturidade da vida adulta.

II. A ADOÇÃO NO TEMPO PRESENTE

O recém-convertido possui um instinto espiritual de que é filho de Deus. O Espírito Santo lhe dá essa certeza. O próprio Espirito Santo testifica com o espírito do cristão que ele é membro da família de Deus. À medida que o cristão lê a Bíblia, o Espirito lhe confirma que, por ter crido no Salvador, ele agora é filho de Deus. Diz o texto sagrado: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm.8:16).

1. Parecidos com o Pai. O apóstolo João afirma que, pelo fato de agora sermos filhos, somos semelhantes ao Pai, ou seja, manifestamos em nossa vida as características do caráter do Pai, cuja característica principal é o amor (Ef.5:1), que será aperfeiçoada em nós até o dia final (Fp.1:6).

“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (1João 3:2).

A característica genética do filho não é escolhida por este, mas, sim, comandada pelo “DNA” do pai; portanto, quem é filho de Deus automaticamente é parecido com o Pai. Quem não herdou as características do Pai precisa nascer de novo e passar pelo processo de adoção para ser como o Pai é (ler Is.64:8) e ter sua filiação eterna garantida para escapar da condenação do pecado.

2. Ser amado pelo Pai. O processo de adoção pelo qual todos nós passamos ao aceitarmos a salvação que há em Cristo é prova do grande amor que Deus tem por nós, seus filhos (1João 3:1). Agora, o assombro da culpa do pecado, das angústias da perdição eterna e a insignificância de ser escravo do pecado não perturbam mais (Ef.6:23), pois nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm.8:1). E, na comunhão do Pai, podemos morrer gradualmente para nossas ilusões terrenas, que fatalmente nos afastam do Pai, e podemos dar ouvidos à voz de amor paterno escondida no centro de nosso ser que nos chama para seus braços.

Os amados do Pai são guiados pelo Espírito de Deus (Rm.8:14) e mortificam a carne com seus apetites desordenados porque neles habita a vida do Espirito de Deus (Rm.8:13). Eles manifestam sua aversão ao mundo e aos valores do mundo porque retribuem o amor do Pai amando da mesma forma (1João 2:15). Portanto, há um antagonismo claro entre amar o Pai e amar o mundo, pois o filho de Deus não pode ter um coração dividido. Para permanecer em seu amor, é preciso guardar os seus mandamentos, que sempre serão contrários aos do mundo (João 15:10).

Posso ter certeza do amor de Deus porque, em primeiro lugar, ele enviou o seu Filho para morrer por mim; em segundo lugar, porque ele habita em mim no presente e; em terceiro lugar, posso olhar para o futuro com confiança e sem medo. O amor de Deus não encontra espaço para operar na vida daqueles que têm medo de Deus, ou seja, das pessoas que não se achegaram a ele em arrependimento e receberam o perdão dos pecados. Cientes do amor do Pai, não temos mais medo de perecer. No amor não existe medo; antes, o perfeito amor de Deus lança fora o medo (cf. 1João 4:18).

3. Os direitos e os deveres na adoção. Na lei romana, os filhos adotivos desfrutavam dos mesmos direitos dos filhos legítimos. Um filho adotivo recebia o nome da nova família e tornava-se herdeiro natural dessa família. Somos filhos de Deus. Recebemos um novo nome, uma nova herança. Os filhos de Deus passam a ter garantias e direitos (Rm.8:17) de filhos legítimos enxertados (Rm.11:17) na oliveira verdadeira, que é Cristo. Eles passam a ter um novo nome (Ap.2:17); passam a fazer parte de uma nova família (Ef.2:19); estão livres e emancipados da lei que gera morte (Gl.3:25).

Mas da mesma forma que temos direitos, os filhos de Deus têm também deveres, que são: apartar-se do mundo e do que é imundo (2Co.6:17,18); vencer o mundo (Ap.21:7); praticar a justiça e amar o seu irmão (1João 3:10); amar os inimigos, bendizer os que maldizem, fazer o bem aos que nos odeiam e orar pelos que nos maltratam e perseguem (Mt.5:44). E com todos esses deveres devemos glorificar a Deus (Mt.5:16). Os filhos também devem aceitar a disciplina do Pai, pois essa disciplina demonstra o seu amor, que é para nosso aperfeiçoamento em santidade (Hb.12:5-11).

III. A ADOÇÃO PLENA NO FUTURO

Todos os filhos de Deus são herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo (Rm.8:17). Tudo que o Pai possui é nosso. Ainda não estamos desfrutando de todos os benefícios, mas certamente o faremos no futuro; quando Cristo voltar para reinar sobre o mundo, teremos parte com ele em todas as riquezas do Pai. Temos uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível que está reservada nos céus para nós (1Pd.1:4).

Embora sejamos herdeiros de todas as coisas que pertencem ao nosso Pai, pois tudo é dele, por meio dele e para ele, a nossa mais gloriosa herança é o próprio Deus (Sl.73:25,26); Ele é nosso quinhão, nosso tesouro, nossa herança; nele está nosso prazer. Somos coerdeiros com Cristo da sua glória excelsa, aquela mesma glória de que o pecado nos havia privado. Como a glória é a efulgência de Deus, participar de sua glória é aparecer em sua presença, ser envolvido na efulgência de sua divindade gloriosa.

Enquanto não tomamos posse definitiva dessa herança imarcescível e gloriosa, cruzamos aqui vales escuros, desertos esbraseados e caminhos juncados de espinhos. O sofrimento com Cristo sempre há de preceder a glória com Cristo. É confortador saber que todos quantos participam do sofrimento de Cristo por fim ouvirão de seus lábios as palavras de boas-vindas: “Bem está servo bom e fiel. Entra em meu descanso” (Mt.25:23).

Em Romanos 8:22,23, o apóstolo Paulo assim expressa: “Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”. Neste texto, a “adoção” plena do crente é algo que ainda ocorrerá no futuro, visto que incluiu a redenção do corpo, quando a vida será transformada, por ocasião do Arrebatamento, e aqueles que morreram em Cristo serão ressuscitados.

Vivemos na tensão entre o que Deus inaugurou (ao dar-nos seu Espírito) e o que ele consumará (quando se completar nossa adoção e redenção final); gememos em desconforto, desejando ardentemente o futuro. Os gemidos da igreja não são os soluços da alma, movidos pela desesperança, mas o anseio ardente daqueles que, tendo provado os sabores da bem-aventurança eterna, aguardam a glorificação, ou seja, a manifestação pública de sua adoção como filhos de Deus. Veja que o apóstolo Paulo diz: “também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”. Os gemidos da igreja não são de morte, mas de vida. Os filhos de Deus não gemem com medo da morte; gemem pela ardente expectativa da ressurreição. Não gemem por aquilo que são, mas por desejarem ardentemente aquilo que virão a ser. Não gemem pela fraqueza do corpo terreno, mas pelo anelo do revestimento do corpo de glória.

John Stott tem razão quando escreve: “É claro que já fomos adotados por Deus (Rm.8:15), e o Espirito nos assegura que somos filhos de Deus (Rm.8:16). Existe, porém, uma relação Pai-filho ainda mais rica e profunda que virá quando formos plenamente ‘revelados' como seus filhos (Rm.8:19) e ‘conformados à imagem do seu Filho’ (Rm.8:29). Nós já fomos redimidos, mas nossos corpos não. Nosso espírito está vivo (Rm.8:11), mas aguardamos o dia em que receberemos um corpo semelhante ao corpo da glória de Cristo” (John Stott. A mensagem de Romanos).

Portanto, embora desfrutemos, aqui na Terra, dos benefícios da adoção espiritual, a alegria plena dessa realidade se dará somente quando da manifestação plena e literal de Jesus Cristo, na ocasião da sua gloriosa vinda.

CONCLUSÃO

É um privilégio fazer parte da família de Deus. Entretanto, sabemos que ainda não vivemos a plenitude do que está prometido para nós. Embora sejamos plenamente filhos de Deus, num futuro, quando deixarmos o nosso "tabernáculo terreno", receberemos a plenitude da adoção, "a saber, a redenção do nosso corpo" (Rm.8:23). O que significa que vivemos a realidade da adoção neste tempo presente, mas quando a ressurreição dentre os mortos for realizada, ou por meio do Arrebatamento da Igreja, a nossa adoção será plena. Será o dia em que veremos o Pai como Ele é. Por isso, o apóstolo Paulo disse: "Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido" (1Co.13:12).

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 72. CPAD.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e exaustiva.
Claiton Ivan Pommerening. Obra da Salvação. CPAD.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. As Doutrinas da Graça de Deus. Portal EBD.2006.
Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. CPAD.

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