domingo, 3 de março de 2019

Aula 10 – PODER DO ALTO CONTRA AS HOSTES DA MALDADE - Subsídio


1º Trimestre/2019

Texto Base: Atos 8:5-13,18-21

"Eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc.24:49).

Atos 8:5-13,18-21
5-E, descendo Filipe à cidade de Somaria, lhes pregava a Cristo.
6-E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia,
7-pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados.
8-E havia grande alegria naquela cidade.
9-E estava ali um certo homem chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica e tinha iludido a gente de Samaria, dizendo que era uma grande personagem;
10-ao qual todos atendiam, desde o mais pequeno até ao maior, dizendo: Esta é a grande virtude de Deus.
11-E atendiam-no a ele, porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas.
12-Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres.
13-E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou, de contínuo, com Filipe e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito.
18-E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro,
19-dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo.
20-Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.
21-Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus.

INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo do trimestre sobre Batalha Espiritual estudaremos nesta Aula a respeito do poder de Deus, do poder da pregação do Evangelho, contra as obras das trevas que pertinaz procuram impedir a salvação das pessoas que ainda não foram alcançadas para Cristo. Daremos ênfase ao que o Espírito Santo operou em Samaria pela instrumentalidade do evangelista Filipe (Atos 21:8), que era um dos diáconos da Igreja em Jerusalém (Atos 6:5). A pregação do Evangelho em Samaria, bem como a manifestação do Espirito Santo, quebrou a animosidade histórica que havia entre os judeus e os samaritanos desde 722 a.C. O poder do alto trouxe alegria e libertação para essa cidade e desfez a obra das trevas naquele lugar. Se cremos no poder do evangelho, saiamos a falar de Cristo, e comecemos pela nossa casa. Assim, haveremos de constatar que nenhuma porta resistirá ao impacto da Palavra de Deus. Jesus não diz que o mundo inteiro será convertido, todavia, constrange-nos a espalhar a sua mensagem até aos confins da terra (Atos 1:8), porque o Evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que nele crê” (Rm.1:16).
I. O PODER DO ALTO EM SAMARIA
1. Cidade de Samaria. Esta cidade foi fundada pelo pai do rei Acabe – Onri -, o qual reinava sobre as dez tribos do Norte, que se apartaram de Jerusalém no século X a.C. (1Rs.12:19,20); era a capital do Reino do Norte. O rei Onri comprou, de uma pessoa chamada Semer, um monte, onde fundou a cidade de Samaria, em homenagem ao dono anterior, e fez dela a capital do seu reino (cf.1Rs.16:24).
Em 722 a. C., Samaria foi sitiada e conquistada pelo rei da Assíria, Salmaneser V (2Rs.17:3; 18:9), e os israelitas, que eram constituídos de 10 (dez) tribos, que ali habitavam, foram levados cativos para regiões pagãs fora dos seus termos (cf. 2Rs.17:18). O espaço territorial de Samaria foi povoado, por imposição do rei da Assíria, por estrangeiros pagãos. Os poucos israelitas que ficaram na terra se misturaram com esses estrangeiros deportados de suas terras (cf. 2Rs.17:24-31). Desse modo, os filhos de Israel não eram totalmente israelitas nem completamente gentios, eram chamados de samaritanos. Com o passar do tempo, essa mescla veio a ser também religiosa. Na época de Jesus e da apostólica, o clima entre judeus e samaritanos era tenso. Podemos perceber o clima não amistoso entre os judeus e samaritanos nas seguintes palavras da mulher samaritana, em João 4:9: "os judeus não se comunicam com os samaritanos" (João 4:9).
Os samaritanos eram diferentes dos judeus em vários aspectos. Dentre esses aspectos, se destacaram o livro sagrado que seguiam como regra de fé e prática, e o local do santuário de adoração a Deus. Eles se opuseram à reconstrução do Templo em Jerusalém no século VI a.C. O cisma samaritano se consolidou com a construção de um templo rival no monte Gerizim. Os samaritanos instituíram novos sacerdotes e rejeitaram o Antigo Testamento, exceto o Pentateuco. Não se davam com os judeus, pois estes os desprezavam como um povo híbrido, tanto na raça como na religião. Para os judeus os samaritanos eram hereges e cismáticos. Mas havia um ponto comum importante: eles esperavam também a vinda do Messias (João 4:25). Somente o poder do evangelho poderia quebrar essa animosidade, e isto foi iniciado pelo próprio Jesus, quando teve o encontro com a mulher samaritana (João cap. 4).
2. A importância da plenitude do Espírito Santo. Não é exagero expressar a importância que o Espírito Santo exerce em nossa vida. O apóstolo Paulo falou que somos selados pelo Espírito Santo (Ef.1:13-14), que não devemos entristecer o Espírito (Ef.4:30) e ordena que estejamos cheios do Espírito Santo (Ef.5:18).
É o Espírito Santo que nos convence do pecado (João 16:8). É Ele que opera em nós o Novo Nascimento. É Ele quem nos ilumina o coração para entendermos as Escrituras. É Ele quem nos consola e intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm.8:26). É Ele quem nos batiza no corpo de Cristo (1Co.12:13). É Ele quem testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm.8:16). É Ele quem habita em nós (João 14:17; 1Co.3:16; 6:19). Todavia, é possível ser nascido do Espírito Santo, ser batizado com o Espírito, habitado pelo Espírito, selado pelo Espírito e estar ainda sem a plenitude do Espírito. Nós que já temos o Espírito Santo, que somos batizados no Espírito, devemos ser cheios do Espírito Santo.
Há uma profecia no sentido de que João Batista seria cheio do Espírito Santo desde o ventre materno (Lc.1:5), ao passo que se diz de Isabel bem como de Zacarias que ficaram cheios do Espírito Santo (Lc.1:41,67). O mesmo Espírito estava sobre Simeão, revelou-lhe que haveria de ver o Cristo, e o guiou para o Templo no momento apropriado (Lc.2:25-27). Com relação a Jesus Cristo, o Espírito Santo estava ativo em conexão com o Seu Ministério; este fato remonta até à concepção original, pois o anjo Gabriel informou a Maria que desceria sobre ela o Espírito Santo e o poder do Altíssimo lhe envolveria com a sua sombra (cf. Lc.1:35).
Quando Jesus estava para começar Seu ministério, há várias referências ao Espírito Santo. João Batista profetizou que Jesus batizava com o Espírito Santo e com fogo (Lc.3:16). Quando Jesus foi batizado, o Espírito Santo veio sobre Ele “em forma corpórea como pomba” (Lc.3:22), e o mesmo Espírito O encheu e O guiou para o deserto na ocasião da tentação (Lc.4:1). Depois de terminada a tentação, e Ele estava para entrar no Seu ministério, “Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galileia” (Lc.4:14). Depois, quando pregou na sinagoga de Nazaré, Jesus aplicou a Si mesmo as palavras: “O Espírito do Senhor está sobre mim” (Lc.4:18).
Em certa ocasião Jesus “exultou no Espírito Santo” (Lc.10:21) e provavelmente devamos entender que isto indica que o Espírito Santo estava continuamente com Ele. Além disto, disse aos Seus seguidores que, nas emergências, o Espírito Santo lhes ensinaria as coisas que deveriam dizer (Lc.12:12).
Jesus disse a Seus discípulos que o Pai daria o Espírito Santo àqueles que lhes pedirem (Lc.11:13). Depois da ressurreição, disse: “Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai”; e passou a assegurar os discípulos que seriam “revestidos de poder do alto” (Lc.24:49). Esta é uma clara referência à vinda do Espírito Santo, profecia esta que foi cumprida no Pentecostes, e que está constantemente operante desde aquele Dia.
3. O poder de Deus entre os samaritanos. No início da Igreja houve uma grande perseguição aos crentes. E esta perseguição dispersou os crentes, que saíram pregando a Palavra de Deus em várias cidades. A perseguição faz com a Igreja aquilo que o vento faz com a semente, espalhando-a e aumentando a colheita. Os cristãos de Jerusalém eram as sementes de Deus, e a perseguição foi usada por Deus para plantá-los em novo solo, a fim de que dessem frutos. Um desses solos foi Samaria. E Filipe, diácono, judeu de língua grega, foi impulsionado pelo Espirito Santo para pregar em Samaria (Atos 8:5) – “E, descendo Filipe à cidade de Somaria, lhes pregava a Cristo”. Esse lugar foi impactado com a pregação do evangelho e do poder de Deus. Filipe era um homem cheio do Espirito Santo, de fé e sabedoria. Ele tinha vida e testemunho. Pregava aos ouvidos e aos olhos (Atos 8:6).
“E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia”.
Os samaritanos não só ouviram, mas também viram as maravilhas que Filipe fazia. Os samaritanos não apenas ouviram dele belas palavras, mas também viam por intermédio dele grandes obras (Atos 8:6) – “...ouviam e viam os sinais que ele fazia”. Era algo inédito e que atraía as multidões - pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados (Atos 8:7). Essa manifestação era o autêntico poder do alto contra as hostes espirituais da maldade por meio da pregação do evangelho. Filipe revolucionou a cidade pelo poder de Deus.
Hoje, há gigantes do saber nos púlpitos, mas anões na demonstração de poder do Alto. Os samaritanos foram libertados de aflições físicas, controle demoníaco e, sobretudo, de seus pecados. Em Samaria, o evangelho produziu salvação, libertação e alegria.
4. Em Samaria, a pregação foi endereçada aos ouvidos e aos olhos: houve impacto, prodígios e alegria (Atos 8:6,7) – “E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia, pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados”.
Percebe-se pelos textos que os samaritanos “ouviam e viam” o poder de Deus por meio de Filipe. Hoje as pessoas escutam belos sermões, mas não veem vida. A Igreja é mais conhecida pelos seus escândalos do que pelos seus milagres. A Igreja divorciou a pregação da vida, infelizmente!
Na Parábola do semeador, a boa semente produz a trinta, sessenta e cem por um. Por que hoje a semente não produz nem a um por cento? É que hoje a Igreja prega apenas aos ouvidos, mas não aos olhos. Vale destacar que o diácono Filipe operou milagres, mostrando que as Escrituras Sagradas não restringiram os milagres aos apóstolos. Os samaritanos que ouviram o evangelho e creram foram libertados de suas aflições físicas, da possessão demoníaca e, acima de tudo, de seus pecados.
5. O batismo no Espírito Santo (Atos 8:14-17). Quando os apóstolos em Jerusalém receberam a noticia de que Samaria havia recebido de bom grado a Palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João. Ao chegarem a Samaria, os apóstolos ficaram sabendo que os cristãos haviam sido batizados em o nome do Senhor Jesus, mas não haviam recebido o Espirito Santo. Agindo, sem duvida, sob a orientação de Deus, os apóstolos oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo e lhes impuseram as mãos. Logo em seguida, os samaritanos receberam o batismo no Espírito Santo.
“Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). Então, lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo”.
O Batismo no Espírito Santo é uma promessa dirigida aos cristãos, para quem é salvo em Cristo.
"Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar" (At.2:39).
O batismo no Espírito Santo, com a evidência inicial do falar em línguas (At.2:1-6; At.10:44-48; At.19:1-6), é um revestimento de poder celestial que capacita o crente a testemunhar eficazmente de Jesus (Atos 1:8).
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”.
O apóstolo Paulo escreveu aos cristãos de Éfeso afirmando que a nossa luta não é contra a carne e o sangue (Ef.6:10-18). Essa batalha se trava no mundo espiritual, onde as forças demoníacas atuam para destruir a nossa fé. É uma guerra incessante na qual o interesse do inimigo é o futuro de nossas almas e onde ele emprega os seus agentes mais poderosos para distanciá-las de Deus. Assim, esse revestimento vindo do céu permite ao crente combater contra as forças espirituais da maldade no poder do Senhor (Lc.9:1; 10:19; At.4:7-10). O crente cheio do Espírito Santo faz bom uso das armas de Deus para resistir aos ataques malignos e triunfar contra todas as ciladas do Diabo. 
II. SIMONIA - TENTATIVA DE BARGANHAR COM DEUS
 “E estava ali um certo homem chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica e tinha iludido a gente de Samaria, dizendo que era uma grande personagem; E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo (Atos 8:9,18,19).
1. Origem do termo. O nome “Simão” (Atos 8:9) deu origem à palavra moderna “simonia”, que é a tentativa de comercializar coisas sagradas. A “simonia” inclui a venda de todas as formas de comércio relacionadas a questões divinas. Hoje é aplicada aos mercadores da fé, que oferecem as bênçãos divinas mediante o pagamento de certa quantia em dinheiro. O apóstolo Paulo via, com muita tristeza, o crescimento dessa tendência mercadológica; para combatê-la, usou uma palavra cujo sentido é “falsificar ou mercadejar a Palavra de Deus”; isso envolve práticas de "simonia” e adulteração da Palavra de Deus, é transformar o cristianismo numa prática comercial, visando apenas interesses pessoais.
2. A perversão de Simão (Atos 8:18,19). Simão, o mágico, ofereceu dinheiro a Pedro e a João em troca da capacidade de se conceder o batismo com o Espírito Santo (At.8:18-21). Ele ficou extremamente impressionado com o fato de o Espírito Santo ter sido concedido quando os apóstolos impuseram as mãos sobre os samaritanos. Desprovido de qualquer entendimento acerca das implicações espirituais desse acontecimento, Simão o considerou apenas uma demonstração de poder sobrenatural que lhe poderia ser útil em sua ocupação. Então, ofereceu dinheiro aos apóstolos em troca desse poder.
Infelizmente, hoje, muitos estão indo atrás de Jesus não porque queiram ter vida eterna, mas apenas para obter vantagens materiais e fama. Querem não servir a Jesus, mas, sim, se servir de Jesus, e é precisamente esta a mensagem antropocêntrica da “teologia da prosperidade”. Estas pessoas, como diz o apóstolo Paulo, são as mais miseráveis criaturas humanas da face da Terra (1Co.15:19), porque, sabendo quem é Jesus e o que veio fazer neste mundo, querem apenas dEle se servir para terem bens e tesouros que nada lhes representará na eternidade. São pessoas que, infelizmente, não seguem a doutrina de Cristo que, tão explicitamente exposta no sermão do monte, nos manda ajuntar tesouros no céu e não na terra, pois onde estiver o nosso tesouro, ali estará o nosso coração (Mt.6:19-21).
3. A punição de Simão (Atos 8:20-23). Esse ato insano de barganhar com Deus foi rispidamente repreendido pelo apóstolo Pedro. Ele disse que Simão estava sendo inspirado por Satanás.
“O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus”.
A resposta de Pedro indica que Simão não era um homem convertido:
Ø  O teu dinheiro seja contigo para perdição. Nenhum cristão verdadeiro será entregue à perdição (João 3:16).
Ø  Não tens parte nem sorte neste ministério. Em outras palavras, não fazia parte da comunhão dos santos.
Ø  O teu coração não é reto diante de Deus. Uma descrição apropriada para uma pessoa que não é salva e que quer barganhar com Deus. Simão não era convertido. Impressionado com os milagres que Filipe operava, Simão teria se convencido de ser Jesus o Messias, mas não houve transformação em sua vida.
Ø  Estás em fel de amargura e laço de iniquidade. Palavras como essas não poderiam ser usadas para uma pessoa regenerada.
Esta é a segunda vez que o pecado tenta entrar na igreja por meio do dinheiro: em Jerusalém, Ananias tentou comprar reconhecimento (Atos 5:1-5); em Samaria, Simão, o mágico, tentou comprar poder espiritual. A igreja de Deus precisa ter discernimento para não receber qualquer tipo de oferta. Se a motivação do ofertante não for pura diante de Deus, sua oferta torna-se maldição, e não bênção, para a igreja.
4. A Súplica de Simão (Atos 8:24). Pedro instou Simão a se arrepender de seu pecado grave e orar para que seu plano perverso fosse perdoado (Atos 8:22,23). Em resposta, Simão pediu que Pedro servisse de mediador entre ele e Deus e, com isso, foi o precursor daqueles que preferem se dirigir a um mediador humano a ir diretamente ao Senhor.
“Respondendo, porém, Simão disse: Orai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes venha sobre mim”.
As palavras de Simão indicam que não houve arrependimento sincero da sua parte. Em vez de expressar contrição por seus pecados, ele demonstrou apenas preocupação com as suas consequências. Na verdade, ele não demonstrou sincero arrependimento. Quis livrar-se das consequências do seu pecado, e não do pecado propriamente dito. John Stott diz que o que realmente o preocupava não era o perdão de Deus, mas apenas escapar do juízo de Deus (Atos 8:24).
Simão ouviu o evangelho, viu os milagres, professou sua fé em Cristo e foi batizado, no entanto, nunca chegou a nascer de novo. Ele foi batizado junto com os samaritanos para não ofender o povo com quem vivia e trabalhava. Era uma das falsificações engenhosas de Satanás.
III. O PERIGO DE BARGANHAR COM DEUS
1. O perigo de se ter um Deus imanente, mas não transcendente. Deus é transcendente e imanente. Ou seja, a despeito de habitar nas alturas mais insondáveis, e apesar de infinito e imenso, não permanece alheio às suas criaturas. Assim, ao longo dos séculos, o Eterno vem se comunicando com o homem, direta ou indiretamente. Ele tem prazer de ser assim com o ser humano; é tanto que, após o pecado do homem, Ele proveu o Cordeiro imaculado, Jesus Cristo, para através de sua morte vicária resgatar o ser humano ao estado original da criação.
- Deus é transcendente. Conquanto a natureza possa nos fazer inferir que haja um Deus, não permite que nós, através dela ou da razão, possamos descobrir os mistérios e as profundidades do pensamento divino, pois Deus é Deus, e nós, meros homens. Ou seja, Deus é transcendente - Ele é diferente e independente da sua criação (ver Ex.24:9-18; Is.6:1-3; 40:12-26; 55:8,9). Seu Ser e sua existência são infinitamente maiores e mais elevados do que a ordem por Ele criada (1Rs.8:27;At.17:24,25).
- Deus é Soberano. Embora Deus tenha o prazer de atender ao ser humano em suas necessidades, não podemos nos esquecer de que Ele é soberano e está acima de toda criação. Deus é superior ao homem e, portanto, o homem não pode querer esquadrinhar os Seus pensamentos ou entender os Seus propósitos, a não ser pela própria revelação divina. Atualmente, os teólogos adeptos da “teologia da barganha”, tentam, a bel prazer, priorizar a relação de Deus com a criação, ignorando propositalmente a soberania e a vontade de Deus. Ninguém deve, jamais, pensar que é merecedor de qualquer coisa da parte de Deus. Isso deve se aplicar a todos os aspectos da vida do cristão, desde o ar que respiramos, passando pela salvação provida na cruz, ou qualquer outro benefício que venhamos a receber dEle (Tg.4:13-15).
Quando vemos as promessas divinas, como ato soberano de Deus, temos motivos para nos humilhar perante Sua potente mão e reconhecermos que não passamos de homens e mulheres carentes de Sua graça. É uma pena que alguns cristãos não estejam se apercebendo disso, resultando em exageros nas orações e nas pregações. De vez em quando, vemos e ouvimos pregadores que oram determinando bênçãos às vidas de seus expectadores. Alguns, mais ousados, querem pôr Deus no “canto da parede”, justificando, não poucas vezes, que Deus, ao prometer, não pode mais voltar atrás, tornando-se, assim, escravo de Sua palavra. Tal ensino é um acinte à soberania divina, uma verdadeira blasfêmia, que não ficará impune. Deus não tem que dar satisfação a ninguém, a não ser a Ele mesmo. Ao assumir um compromisso, como diz a Bíblia em Isaías 55:10,11, assume um compromisso com Ele mesmo. Deus é fiel, como dizem as Escrituras (1Co.1:9; 10:13; 2Co.1:18), ou seja, cumpre a sua Palavra, não porque o homem passe a lhe mandar, mas, sim, porque o caráter de Deus diz que Ele não muda (Ml.3:6), é a verdade (Dt.32:4; Jr.10:10), é Justo (Ex.9:47; 2Cr.12:6; Sl.11:7) e que, portanto, sua Palavra só pode ser “sim e amém” (2Co.1:20). Certo teólogo afirmou que Deus “pode fazer tudo o que quer, mas não quer fazer tudo o que pode”. Isto significa que o poder de Deus está sob o controle de sua sábia vontade.
2. O perigo de transformar o sujeito em objeto. Hoje estamos assistindo ao fenômeno do mercadejamento da fé. A falaciosa “teologia da barganha” tem, vergonhosamente, transformado a fé em um grande negócio rentável e cada vez mais crescente. Isso tem trazido prejuízos enormes para a Igreja do Senhor Jesus. Há pastores que transformam o púlpito em uma praça de negócios, e os crentes em consumidores. São obreiros fraudulentos, gananciosos, avarentos e enganadores. São amantes do dinheiro e estão embriagados pela sedução da riqueza. Há pastores que mudam a mensagem para auferir lucros. Pregam prosperidade e enganam o povo com mensagens tendenciosas para abastecer a si mesmos.
A briga por espaços na mídia tem sido assaz notória, vendendo uma ilusão de que seus ministérios são aprovados por Deus, quando na verdade eles estão iludindo uma parcela dos que cristãos dizem ser, que não entendem que essa atitude mercantilista é reprovada por Deus.
O Senhor, em Sua Palavra, nos primórdios da fé cristã, advertiu os crentes que muitos seriam feitos negócio com palavras fingidas de pessoas inescrupulosas (2Pd.2:3).
“e, por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita”.
Antes mesmo da formação da Igreja, o profeta Ezequiel já indicara a existência de pastores infiéis, que têm como objetivo tão somente explorar as ovelhas (Ez.34:4). Eles estão mais interessados no dinheiro das ovelhas do que na salvação delas. Eles negociam o ministério, mercadejam a Palavra e transformam a igreja em um negócio lucrativo.
Vergonhosamente, muitos pastores estão se desvinculando da estrutura eclesiástica e rompendo com suas denominações para criar ministérios particulares, em que o líder se torna o dono da igreja. A igreja passa a ser uma propriedade particular do pastor. O ministério da igreja torna-se um governo dinástico, em que a esposa é ordenada, e os filhos são sucessores imediatos. Não duvidamos de que Deus chame alguns para o ministério específico em que toda a família esteja envolvida e engajada no projeto, mas a multiplicação indiscriminada desse modelo é deveras preocupante. O meu maior desejo é que esses pastores se convertam dos seus maus caminhos, antes que seja tarde demais, antes que sua mente fique cauterizada e a apostasia não mais ofereça lugar à piedade e a honestidade (ler Pv.29:1).
3. O perigo da espiritualidade fundamentada em técnicas e não em relacionamentos. Os adeptos da “doutrina da barganha” têm transformado o relacionamento com Deus em algo meramente técnico e interesseiro. Segundo seus ensinamentos, para se obter o que se deseja de Deus é preciso fazer quatro coisas, as chamadas “regras da fé” ou “fórmulas da fé”, a saber:
Ø  Confessar o que você quer.
Ø  Crer que você tem aquilo que você quer.
Ø  Receber o que você quer.
Ø  Contar aos outros que você tem o que você quer.
De pronto, observamos que a soberania de Deus não é levada em consideração. Tudo gira em torno do que “você quer”, sem que se indague se o que se quer é o que Deus quer. Desprezam a realidade de que, apesar de sermos filhos de Deus, somos totalmente submissos à sua vontade e à sua soberania, como Jesus mesmo nos ensinou na oração-modelo – “o Pai nosso” – e na sua oração no jardim do Getsêmani(vide Lc.22:42; veja também 1João 5:14).
Temos, portanto, mais uma vez, evidenciado que a “doutrina da barganha” diviniza o homem, dá uma “roupagem evangélica” para o desejo pecaminoso de se ser independente de Deus. Que Deus nos guarde de agirmos assim, pecando contra a Sua soberania. Que Deus nos conceda poder do Alto contra as hostes da maldade.
CONCLUSÃO
“A história de Simão, o mágico, nos mostra que seu comportamento foi reprovado por Deus. Há uma diferença abissal entre o poder que vem do alto, o poder sobrenatural do Espírito Santo, e os pseudomilagres operados por charlatões e embusteiros, agentes a serviço do reino das trevas. Isso nos serve de lição para estarmos alertas quanto aos líderes enganosos” (LBM.CPAD).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 77. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Resistindo aos apelos do mundanismo. PortalEBD_2008.
Dr.Caramuru Afonso Francisco. A promessa da verdadeira Prosperidade. PortalEBD_2007.



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