segunda-feira, 1 de abril de 2019

Aula 01 – TABERNÁCULO – UM LUGAR DA HABITAÇÃO DE DEUS - Subsídio


2º Trimestre/2019

Texto Base: ÊXODO 25:1-9

 “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx.25:8).



Êxodo 25.1-9
1 - Então, falou o SENHOR a Moisés, dizendo:
2 - Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada.
3 - E esta é a oferta alçada que tomareis deles: ouro, e prata, e cobre,
4 - e pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pelos de cabras,
5 - e peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de texugos, e madeira de cetim,
6 - e azeite para a luz, e especiarias para o óleo da unção, e especiarias para o incenso,
7 - e pedras sardônicas, e pedras de engaste para o éfode e para o peitoral.
8 - E me farão um santuário, e habitarei no meio deles.
9 - Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis.
INTRODUÇÃO
Estamos iniciando mais um trimestre letivo, e nele estudaremos preciosas lições a respeito de “o “Tabernáculo: símbolo da Obra Redentora de Cristo”. Após o êxodo, Deus queria habitar no meio de seu povo, por isso Ele ordenou e orientou a Moisés que, juntamente com o povo recém-liberto da escravidão do Egito, estabelecesse um local e um ritual para o culto que deveriam prestar a Ele (Êx.cap.25-30). Esse lugar seria o “Tabernáculo” (hebraico mikadesh, santuário), um lugar de adoração ao único Deus verdadeiro.
A ideia central do Tabernáculo era que Deus habitava entre o seu povo; sua plena realização encontra-se na encarnação de Cristo: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (literalmente, fez tabernáculo entre nós, João 1:14). Daí que se chama Emanuel - “Deus conosco” (Mt.1:23). Em nossos dias a presença de Deus se manifesta na igreja por meio do Espírito Santo que habita nos cristãos (Ef.2:21,22).
O Tabernáculo tinha vários nomes; em regra geral, chamava-se "tenda" ou "tabernáculo", porque a sua cobertura exterior assemelhava a uma tenda. Também se denominava "tenda da congregação", porque ali Deus se reunia com o seu povo (Êx.29:42-44). Visto como continha a Arca e as tábuas da lei, chamava-se "tabernáculo do testemunho" (Êx.38:21; Nm.9:15) - testificava da santidade de Deus e da pecaminosidade do homem. Além disso, chamava-se "santuário" (Êx.25:8), porque era uma habitação santa para o Senhor.
Era nesse recinto, relativamente simples, que Deus encontrava-se com seu povo - “... à porta da tenda da congregação, perante o Senhor, onde vos encontrarei, para falar contigo ali" (Êx.29:42).
I. A PARCERIA DE DEUS COM SEU POVO PARA A CONSTRUÇÃO DO TABERNÁCULO (Êx.25:1-7)
1. Por que construir um Tabernáculo no deserto? Desde o inicio, na criação, Deus estabeleceu com o ser humano um relacionamento íntimo e de comunhão (Gn.3:8), para que lhe fosse prestado um culto de louvor e adoração. Noé e seus descendentes, assim como os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó mantinham viva essa relação cultual por meio de sacrifícios prestados em altares de pedra (Gn.8:20; Gn.12:7; 26:25; 35:1,2).
Quando o povo de Israel saiu do Egito em direção à Terra Prometida, Deus mandou Moisés construir o Tabernáculo - “E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles”(Ex.25:8). Foi construído conforme as orientações concedidas por Deus a Moisés, para que Ele pudesse manifestar Sua presença e receber a devida adoração. O “Tabernáculo” era de caráter provisório, pois podia ser armada e desarmada durante a caminhada israelita pelo deserto.
Embora em sentido literal seja impossível que a presença de Deus se limite a um lugar (Atos 7:48,49), pois "o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens" (Atos 7:48; 1Rs.8:27), o Tabernáculo tinha um propósito precípuo: lembrar ao povo que ele possuía o privilegio incomparável de ter o Senhor no meio de Israel. No Tabernáculo, Deus se fazia presente como Rei do seu povo e recebia culto de louvor e adoração. Além disso, o Tabernáculo também era o símbolo do relacionamento e da intimidade do ser humano com Cristo.
“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração (…). Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel”(Hb.10:19-23).
Em resumo, o Tabernáculo tinha os seguintes propósitos:
Ø  Proporcionar um lugar onde Deus se manifestasse entre seu povo (Êx.25:8; 29:42-46; Nm.7:89). Ali, o Todo Poderoso podia encontrar-se com os representantes de seu povo, e eles com Deus. Até aquele momento, Deus já havia se manifestado várias vezes em favor de Israel, mas não tinha sido visto ainda “no meio deles”. Quando Deus falava a Moisés no monte, o povo assistia à distância, impactado pela visão dos raios projetados lá de cima. Agora, porém, Deus está dizendo que a sua presença, que os assistira até ali, estaria permanentemente no meio do arraial, representada por um santuário erguido sob Sua orientação. O Tabernáculo lembrava também aos israelitas que Deus os acompanhava em sua peregrina­ção.
Ø  Ser o centro da vida religiosa, moral e social. O Tabernáculo sempre se situava no meio do acampamento das doze tribos (Nm.2:17), e era o lugar de sacrifício e centro de celebração das festas nacionais.
Ø  Representar grandes verdades espirituais que Deus desejava gravar na mente humana, tais como sua majestade e santidade, sua proximidade e a forma de aproximar-se de um Deus santo. Os objetos e ritos do Tabernáculo mostravam essas verdades espirituais, que eram figuras para o povo de Deus da Nova Aliança (Hb.8:1,2,8-11; 10:1). Os cerimoniais também desempenhavam um papel importante em preparar os hebreus para receber a obra sacerdotal de Jesus Cristo.
Observação: o “Tabernáculo” não se trata de morada de Deus. O principal objetivo do Tabernáculo (Mikadesh, santuário) é “... e habitarei no meio deles” (Êx 25:8b), ou seja, entre eles, e não “nele” (“shakan”). Com isso se chega à absoluta negação do antropomorfismo, no sentido de morada de Deus. O Templo, Tabernáculo, não é morada de Deus, mas dos homens, e seu principal objetivo é o de aperfeiçoar a condição humana à condição divina.
O Tabernáculo foi, durante os anos de peregrinação pelo deserto, o lugar de encontro de Deus com o seu povo; ali, o Todo-poderoso revelou-se e recebeu adoração (Êx.40:34,35). Esse santuário simbolizava a verdade de que lugares secos e áridos enchem-se de vida com a presença de Deus entre o Seu povo.
“Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo, de maneira que Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porquanto a nuvem ficava sobre ela, e a glória do SENHOR enchia o tabernáculo” (Êx.40:34,35).
2. A materialização da obra de Deus (Êx.40:2,17). Foi Deus quem projetou o Tabernáculo, e sua materialização no deserto do Sinai, no primeiro mês do segundo ano, após a saída do povo hebreu do Egito.
“E aconteceu no mês primeiro, no ano segundo, ao primeiro do mês, que o tabernáculo foi levantado“ (Êx.40:17).
Deus exigiu que o Tabernáculo fosse construído exatamente de acordo com os padrões divinos. Ele ensinou a Israel muitas lições median­te o livramento do Egito, das experiências no deserto e das leis dadas no Sinai.
Não obstante, há lições que podem ser aprendidas somente trabalhando em cooperação com Deus e na forma como ele deseja. Se essa verdade se aplica à construção física, muito mais importante é edificar congregações (pessoas) em nome de Cristo de acordo com o padrão divino do Novo Testamento.
3. As ofertas (Êx.25:2-7). Para construção do Tabernáculo a primeira coisa que Deus pediu foi uma oferta. O tabernáculo foi construído com as ofertas voluntárias do povo. Ninguém foi obrigado a dar. Não devia haver obrigação de nenhum tipo, exceto a que nasce do amor e da gratidão.
Moisés foi instruído a pedir ao povo uma oferta de materiais para construir o Tabernáculo. Sem dúvida, os metais e pedras preciosas, tecidos, especiarias e óleo correspondiam ao pagamento que os israelitas receberam dos egípcios quando saíram do Egito. Eles trabalharam arduamente (mais que isso, foram escravizados) por essas riquezas e agora as ofereciam ao Senhor em sacrifício. Deus desejava ver um coração bem disposto. Ninguém foi obrigado a ofertar, mas não poderia ofertar qualquer coisa; teriam que se enquadrar dentro de uma lista predeterminada pelo Senhor (cf. Êx.25:2-7). Como no passado, ainda hoje os templos são construídos graças à oferta do povo. De outra maneira não seria possível. A obra de Deus requer parceria humana.
2. Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada.
3. E esta é a oferta alçada que tomareis deles: ouro, e prata, e cobre,
4. e pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pêlos de cabras,
5. e peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de texugos, e madeira de cetim,
6. e azeite para a luz, e especiarias para o óleo da unção, e especiarias para o incenso,
7. e pedras sardônicas, e pedras de engaste para o éfode e para o peitoral.

O ato de ofertar foi e é um ato voluntário

“Tomai, do que vós tendes, uma oferta para o SENHOR; cada um, cujo coração é voluntariamente disposto, a trará por oferta alçada ao SENHOR...” (Êx.35:5).
“Todo homem e mulher, cujo coração voluntariamente se moveu a trazer alguma coisa para toda a obra que o SENHOR ordenara se fizesse pela mão de Moisés, aquilo trouxeram os filhos de Israel por oferta voluntária ao SENHOR” (Êx.35:29).
Êxodo 35:4-29 demonstra quão importante era para o Senhor que cada um tivesse a oportunidade de dar alguma coisa. Precisava-se de metais, materiais e tecidos de todos os tipos. Todos podiam dar segundo o que possuíam. Deus não depende de uns poucos homens ricos para pagar as contas; Ele deseja que todos desfrutem a emoção e a bênção de partilhar o que têm. Os israelitas deram com alegria, e foi tão abundante que foi necessário suspender a oferta (Êx.36:5-7).
“e falaram a Moisés, dizendo: O povo traz muito mais do que basta para o serviço da obra que o SENHOR ordenou se fizesse. Então, mandou Moisés que fizessem passar uma voz pelo arraial, dizendo: Nenhum homem nem mulher faça mais obra alguma para a oferta alçada do santuário. Assim, o povo foi proibido de trazer mais, porque tinham material bastante para toda a obra que havia de fazer-se, e ainda sobejava”.
 “Que lição preciosa! Quando cada crente entende que a oferta é parte vital na comunhão com Deus e dá liberalmente, a igreja não precisa descer ao ‘Egito’ (ao mundo) e mendigar a ajuda dos infiéis! Bem escreveu Arnold Doolan, em sua obra O Tabernáculo no Deserto, p.15: ‘Que insigne exemplo de devoção ao Senhor e de obediência ao seu mandamento. É impossível computar o valor de tudo quanto foi oferecido pelos israelitas, tudo dado espontaneamente e de muito boa vontade, para a construção do Tabernáculo e dos seus apetrechos. Devia representar uma elevadíssima soma. Contudo, o que mais impressiona o meu coração é o fato de que tudo deram voluntariamente e de todo o coração. Eles ouviram a voz do Senhor e corresponderam imediatamente. Sem dúvida, o Diabo era bastante astucioso para insinuar que aquela obra envolvia despesas extraordinárias, que o custo de vida seria elevado e que era prudente poupar ou guardar cuidadosamente o que possuíam. Mas os filhos de Israel, naquele tempo da sua história, tinham os seus olhos postos no Senhor, e a vontade do Senhor era de suprema importância para todos eles’” (Abraão de Almeida. O Tabernáculo e a Igreja).
Ao povo de Deus da Nova Aliança, o fator motivante para a contribuição é a alegria (2Co.9:7).
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2Co.9:7).
II - O TABERNÁCULO FOI UM PROJETO DE DEUS (Êx.25:8,9)

1. Deus arquitetou o Tabernáculo (Êx.25:8). Quando o povo de Israel saiu do Egito em direção à Terra Prometida, Deus mandou Moisés construir o Tabernáculo - “E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles”. Todos os detalhes foram feitos de acordo com o desenho que Deus mostrou a Moisés no Monte Sinai (Êx.25:9,40; 26:30; 35:10).
Por quarenta dias e quarenta noites Moisés esteve no Monte para ouvir a Deus (Êx.24:18). Ali, o Altíssimo deu a Moisés as diretrizes para construir o lugar onde Ele estaria. Isto nos ensina que é o próprio Deus quem determina os pormenores relacionados com o culto verdadeiro. Ele não aceita as invenções religiosas humanas nem o culto prestado segundo prescrições de homens (Cl.2:20-23). Temos de adorar a Deus da forma indicada em sua Palavra.
Ao construir o Tabernáculo estritamente conforme as ordenanças de Deus, os israeli­tas foram recompensados, pois a glória do Senhor encheu a “tenda” e a nuvem do Senhor permaneceu sobre ela (Êx.40:34-38).
“Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo, de maneira que Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porquanto a nuvem ficava sobre ela, e a glória do SENHOR enchia o tabernáculo”.
“Quando, pois, a nuvem se levantava de sobre o tabernáculo, então, os filhos de Israel caminhavam em todas as suas jornadas. Se a nuvem, porém, não se levantava, não caminhavam até ao dia em que ela se levantava; porquanto a nuvem do SENHOR estava de dia sobre o tabernáculo, e o fogo estava de noite sobre ele, perante os olhos de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas”.
Igualmente conosco, se desejamos a presença e bênção divinas, temos de cumprir as condições expressas na Palavra de Deus.
2. O plano térreo do Tabernáculo (Êx.25:9). O Tabernáculo era composto por três partes: Pátio, Santo Lugar e Santo dos Santos. Cada parte do Tabernáculo carregava um ensinamento espiritual sobre a pessoa e a obra de Cristo, assim como a respeito de como devemos nos aproiximar de Deus.
Observação: O Termo Tabernáculo algumas vezes se refere à tenda central em que se situava o lugar Santo e o Santo dos Santos, área coberta com cortinas bordadas. Entretanto, em outras passagens se refere a toda a construção, incluindo o Pátio e a cerca de proteção.
2.1. O Pátio do Tabernáculo (Êx.27:9-19) - “Farás também o pátio do tabernáculo; ao lado do meio-dia, para o sul, o pátio terá cortinas de linho fino torcido; o comprimento de cada lado será de cem côvados” (Êx.27:9).
O Pátio tinha um formato retangular e media cerca de 45 metros de comprimento por 22,5 metros de largura (Êx.27:18). Ele era cercado por cortinas e havia uma única entrada para ele. Isto simbolizava a separação que deve haver para adoração a Deus.
Segundo Mattew Henry, o “Pátio era um tipo da igreja, fechada e separada do resto do mundo, encerrada por colunas, indicando a estabilidade da igreja, fechada com o linho limpo, que está escrito que é a justiça dos santos (Ap.19:8). Este era o local que Davi ansiava estar e onde ele anelava residir (Sl.84:2,10), e onde o povo de Deus entrava com louvor e agradecimentos” (Sl.100:4).
O Pátio era descoberto. Isso significava que quem estava ali (e a maioria dos crentes ainda estão no pátio) estava exposto às intempéries do tempo - sol, chuva, ventos, etc.., além de tipificar a primeira experiência que todo homem deve ter para com Deus. Esta fase nos fala que o Pátio é somente uma parte do caminho a ser percorrido.
O Pátio compunha-se de três elementos: a Porta, o Altar e a Pia.
a) A PORTA. Só existia uma porta de entrada para o Pátio; representava Cristo, que é a única Porta de acesso a Deus, o único Caminho para o Céu (João 10:9;14:6). Ficava virada para o leste, o lado onde nasce o sol. Quando o dia nascia, a primeira coisa que viam era o nascimento do sol, que simboliza Jesus Cristo. Isto nos fala de nossa primeira experiência com o Eterno: a salvação. Quando passamos pela Porta (Jesus), saímos do mundo e entramos numa nova vida. Nossa vida recomeça então a partir do zero, pois iniciamos uma nova caminhada, só que agora com Deus. Nosso objetivo e alvo é crescermos até a estatura de varão perfeito em Cristo.
b) O ALTAR. Era a primeira coisa vista pela pessoa que adentrava o Pátio; era feito de madeira de cetim (acácia) coberta de bronze, e seu formato era de um quadrado com 2,25 metros de cada lado por 1,35 metro
de altura (Êx.27:1,2). Cada canto do Altar tinha uma ponta que se sobressaía em forma de chifre de boi. Os animais para o sacrifício eram atados a este chifre (Salmo 118:27). Também, se alguma pessoa era perseguida, podia apegar-se aos chifres do Altar a fim de obter misericórdia e proteção (1Reis 1:50,51). Ali os animais eram imolados em sacrifício para expiação dos pecados. O sangue das vítimas era colocado nas pontas do Altar e o restante dele era derramado na sua base (Lv.4:7).
O Altar, portanto, é o local de morte; é ali que nossa vida é colocada como um sacrifício para Deus. No Altar nós morremos para as nossas próprias convicções, vontades, desejos, expectativas, etc. Ali tem fim o velho homem. O desejo do coração do Eterno é que, após termos um verdadeiro encontro com Ele, possamos verdadeiramente morrer.
Quando o sacrifício queimava, subia um cheiro que se desprendia da vítima. E é isso que o Deus espera, que quando nossa vida for a Ele oferecida, possamos liberar um cheiro suave a fim de agradarmos ao Senhor - “Assim queimarás todo o carneiro sobre o altar; é um holocausto para o Senhor, cheiro suave; uma oferta queimada ao Senhor” (Êx.29:18).
c) A PIA DE BRONZE (Êx.30:17-21). A Pia de bronze era utilizada para o sacrifício de purificação (Êx.30:17-21). Essa lavagem cerimonial era feita com água constantemente substituída, já que não havia
sistema de torneiras ou bicas disponíveis. Os sacerdotes deveriam se lavar sempre nela antes de ministrarem no interior do Tabernáculo ou no Altar dos Holocaustos.
Para o cristão, a Pia simboliza o batismo. Ela nos fala de limpeza, onde os pecados são lavados publicamente e somos integrados a uma nova realidade. Tipifica nossa morte e ressurreição a fim de vivermos uma nova vida com Cristo - “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm.6:4).
2.2. A Tenda do Testemunho. A Tenda do Testemunho era a parte coberta do Tabernáculo. Dividia-se em duas câmaras. A entrada ficava ao oriente e conduzia ao Lugar Santo; este media nove metros de comprimento. Mais para dentro estava o Santo dos Santos ou Lugar Santíssimo. Entre os dois compartimentos havia um Véu de linho com desenhos em cor azul, púrpura e carmesim, adornado com figuras de querubins.

a) O Lugar Santo. Era neste Lugar que os sacerdotes adentravam na presença do Eterno, pois todos os mobiliários do Lugar Santo são de ouro, e o ouro nos fala da divindade, nos fala da realeza e da eternidade. No Lugar Santo encontravam-se três móveis: a mesa dos pães, o castiçal e o altar do incenso.
-À direita estava a mesa dos pães da proposição, feita de acácia e revestida de ouro; media noventa e um centímetros de comprimento por quarenta e seis de largura, com uma altura de sessenta e sete centímetros. Todos os sábados os sacerdotes punham doze pães sem fermento sobre a mesa e retiravam os pães envelhecidos que os sacerdotes comiam no Lugar Santo.
-Ao lado esquerdo do Lugar Santo encontrava-se o Castiçal ou Candelabro de ouro com suas sete lâmpadas (Ex.25:31-40). Sua "cana" ou tronco descansava sobre um pedestal. Tinha sete braços, três de cada lado e um no centro. Cada um com figuras de maçãs, flores e copos lavrados em derredor. Todas as tardes os sacerdotes limpavam as mechas e enchiam as lâmpadas com azeite puro de oliva a fim de que ardessem durante toda a noite (Êx.27:20,21; 30:7,8).
-Diante do véu no Lugar Santo estava o Altar do Incenso, no qual se faziam intercessões pelo povo de Deus (Êx.30:1-10; 37:25-28). À semelhança dos outros móveis da Tenda, era feito de acácia e revestido de ouro. Tinha seus quatro lados iguais; cada lado media meio metro e sua altura era aproximadamente de um metro. Sobressaindo da superfície, havia em seus quatro cantos umas pontas em forma de chifre. Todas as manhãs e todas as tardes, quando preparavam as lâmpadas, os sacerdotes queimavam sobre esse Altar o incenso utilizando-se de fogo tirado do Altar do holocausto. O Altar do Incenso relacionava-se mais estreitamente com o Lugar Santíssimo do que com os demais móveis do Lugar Santo. É descrito como o Altar "que está perante a face do Senhor" (Lv.4:18) como se não existisse o véu entre ele e a arca.
b) O Lugar Santíssimo. O Lugar Santíssimo tinha a forma de um cubo, e continha um único móvel: a Arca do Concerto (Nm.10:33) ou Arca do Testemunho (Êx.25:22), ou também “Arca da Aliança”, na qual se guardavam as “Tábuas da Lei” (Êx.31:18); era o objeto mais sagrado de Israel. A Arca era um cofre de 1,15m por 0,70m construído de acácia e revestido de ouro por dentro e por fora. Sobre a coberta da Arca estavam dois querubins (figuras de seres angelicais) diante um do outro, feitos de ouro, que com suas asas cobriam o local conhecido como "propiciatório".
Para os israelitas o Lugar Santíssimo e em especial o propiciatório (coberta) da Arca representavam a imediata presença de Deus. Ali se manifestava a glória de Deus, que representava sua própria presença. A coberta se dava o nome de "propiciatório", pois ali o mais perfeito ato de expiação era realizado uma vez por ano pelo sumo sacerdote.
As figuras dos querubins, com as asas estendidas para cima, e o rosto de cada um voltado para o rosto do outro, representavam reverência e culto a Deus.
A Arca continha as duas tábuas da lei, um vaso com maná, e mais tarde se incluiu a vara de Aarão. Todos esses objetos lembravam a Israel o concerto e o amor de Deus. As tábuas da lei simbolizavam a santidade de Deus e a pecaminosidade do homem; também lembrava aos hebreus que não se pode adorar a Deus em verdade sem se dispor a cumprir sua vontade revelada.
O Véu que separava o Lugar Santíssimo do Lugar Santo, e excluía todos os homens com exceção do sumo sacerdote, acentuava que Deus é inacessível ao homem pecador. Somente por via do mediador nomeado por Deus e do sacrifício de um inocente podia o homem aproximar-se de Deus.
Para o crente de hoje estas coisas servem de "alegoria para o tempo presente" (Hb.9:9), onde Jesus Cristo, nosso Sumo Sacerdote, entrou de uma vez para sempre com seu próprio sangue para fazer propiciação por nossos pecados e expiá-los. É interessante notar a relação que existe entre o "propiciatório" e as palavras do apóstolo Paulo quando disse, referindo-se a Cristo: "ao qual Deus propôs para propiciação" (Rm.3:25). Pela obra de Cristo no Calvário, "o Véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo" (Mt.27:51). Este símbolo da separação entre Deus e os homens foi entretecido por nossos pecados; agora está rasgado e os crentes têm acesso à presença de Deus (Hb.10:19,20; 4:14-16; Rm.5:1,2). Aleluia!
“Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb.10:19,20).
III. A RELAÇÃO TIPOLÓGICA ENTRE O TABERNÁCULO E A IGREJA
A palavra “igreja” fala de uma “reunião”, ou seja, um grupo de pessoas. Portanto, Igreja não é um indivíduo, não é uma pessoa solitária, mas, sim, um grupo de pessoas, um conjunto de pessoas. Desta forma, a salvação proporcionada por Jesus Cristo cria um novo grupo de pessoas, um novo povo. Não se pode, pois, biblicamente falando, ser salvo e permanecer isolado, solitário na vida sobre a face da Terra. Este novo povo, a Igreja, vem, portanto, realizar, concretizar aquilo que Israel, a “propriedade peculiar de Deus dentre todos os povos” (Ex.19:5,6), era apenas uma figura, um símbolo, uma sombra (Hb.10:1).
A “Igreja”, portanto, é a reunião de todos os salvos que creram em Cristo em todos os tempos, a partir da obra redentora na cruz do Calvário; é a “universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus” (Hb.12:23a); é o “Corpo de Cristo” (1Co.12:27,28; Ef.4:12); é a “ geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” (1Pd.2:9).
O conjunto de salvos que creram em Jesus Cristo ao longo da história se reunirá, pela primeira vez, quando do arrebatamento da Igreja, os quais serão apresentados ao Pai pelo Filho com as seguintes palavras: “Eis-me aqui a mim, e aos filhos que Deus me deu”(Hb.2:13).
O Tabernáculo, bem como o Templo de Salomão, simboliza a Igreja de Cristo edificada "para morada de Deus em Espírito" (Ef.2:22); simbolizam também o próprio crente cujo corpo "é o templo do Espírito Santo" (1Co.6:19). Ademais, o Tabernáculo, representa, por tipos, a realidade suprema do Céu, onde agora mesmo Cristo, o nosso Sumo Sacerdote, comparece, "por nós, perante a face de Deus" (Hb.9:24).
Nas lições seguintes, veremos a importância simbólica do Tabernáculo em seus adereços, utensílios e cultos, seus ministros e ajudantes, sua ordem e o significado de cada item na relação espiritual-tipológica com a Igreja de Cristo.
Paulo tipificou a Igreja como edifício de Deus para falar de crescimento coerente e organizado da comunidade cristã (1Co.3:9). Neste edifício, os crentes em Cristo são identificados como “pedras vivas”, as quais são edificadas umas sobre as outras.
Portanto, a Igreja é o Edifício Espiritual construído para morada de Deus, assim como era o Tabernáculo no Antigo Testamento. Ela também é tratada como “Templo de Deus” (1Co.3:16). Aqui, a figura do templo tem dupla referência, pois refere-se à Igreja e, também, ao lugar da presença de Deus.
A Igreja é tipificada como a Casa de Deus – “mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1Tm.3:15). Isto tem um caráter familiar, porque a palavra “casa”, nesse contexto, refere-se à família que mora na casa.
O Tabernáculo de Moisés era material, e Deus habitava nele; a Igreja é o Tabernáculo Espiritual onde o Altíssimo habita e se manifesta gloriosamente (Ef.2:22).
“no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito”.
CONCLUSÃO
O Tabernáculo arquitetado por Deus no deserto foi um modelo futurista da Igreja que iria surgir com a vinda de Cristo. Mas, também, apontava para a Pessoa de Jesus Cristo, que viria a esse mundo para mostrar, na prática, o desejo de Deus em habitar entre os homens. Ele fez isso na encarnação de seu Filho, o Tabernáculo divino. O Tabernáculo e o Templo de Salomão não existem mais, porém a Bíblia diz que, desde o dia em que entregamos nossa vida a Cristo, passamos a ser templos – tabernáculos - do Espirito Santo (1Co.6:19,20), peregrinando no deserto desta vida, aguardando o Dia em que seremos transportados para a nossa Terra Prometida – a Cidade Celestial (Fp.3:20). Portanto, onde quer que estejamos, carreguemos e manifestemos a glória do Senhor em nossa vida; e para que isso se torne uma realidade, que os seus mandamentos estejam sempre gravados no fundo do nosso ser. Amém!
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 78. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Eugene H. Merrill – História de Israel no Antigo Testamento. CPAD.
Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Silas Daniel – Uma jornada de Fé (Moisés, o Êxodo e o Caminho à Terra Prometida). CPAD.

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