"Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós" (1Co.5:7)
Ao declarar que “Cristo é nossa Páscoa”, o apóstolo
Paulo estabelece uma ligação direta entre o evento da Páscoa judaica e o
sacrifício de Jesus na cruz. Assim como o cordeiro pascal foi imolado para
livrar os hebreus da morte no Egito, Cristo foi sacrificado para redimir a
humanidade da escravidão do pecado e da morte.
O Novo Testamento revela que as festas
judaicas eram “sombras das coisas futuras” (Cl.2:16,17; Hb.10:1), apontando
para a redenção por meio de Jesus. Isso se vê de forma clara em Êxodo 12, cuja
narrativa da primeira Páscoa carrega elementos que prenunciam a obra de Cristo:
- A graça salvadora de Deus era o centro da Páscoa.
Deus libertou os israelitas não por seus méritos, mas por amor e
fidelidade à sua aliança (Dt.7:7-10). Assim também é com a salvação em
Cristo: é pela graça (Ef.2:8-10; Tt.3:4,5).
- O sangue do cordeiro aplicado nas portas salvava
os primogênitos da morte (Êx.12:13,23). Esse ato antecipa o sangue de Cristo,
que nos livra da condenação (Hb.9:22).
- O cordeiro pascal como substituto revela a natureza vicária
do sacrifício. Ele morria no lugar do primogênito, apontando para Cristo,
que morreu em nosso lugar (Rm.3:25).
- O cordeiro sem mácula (Êx.12:5) prefigura a
pureza de Jesus, o Cordeiro de Deus sem pecado (João 8:46; Hb.4:15).
- Comer do cordeiro significava identificação
com o sacrifício. Da mesma forma, ao participarmos da Ceia do Senhor, nos
identificamos com a morte de Cristo (1Co.10:16,17; 11:24-26).
- A fé obediente era necessária para a aplicação do sangue (Êx.12:28;
Hb.11:28). Hoje, a salvação em Cristo também é recebida pela obediência da
fé (Rm.1:5; 16:26).
- Os pães sem fermento (Êx.12:8) simbolizavam
separação do pecado. Assim, os redimidos em Cristo são chamados a viver em
santidade (1Co.5:8).
O sacrifício de Cristo cumpre,
aprofunda e supera o simbolismo da Páscoa judaica. Ele é o “Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Sua morte, ressurreição e promessa de
vida eterna são o coração do evangelho (João 3:16).
Jesus instituiu a Ceia do Senhor como
um novo memorial, substituindo a antiga Páscoa. Nela, os elementos também
carregam profundo significado:
- O pão representa o corpo de Cristo entregue por nós
(1Co.11:24).
- O cálice representa o sangue da nova aliança, derramado
para remissão dos pecados (Lc.22:20).
- A nova aliança em Cristo substitui a antiga, e é válida para
todos os que creem (Hb.8:6-13).
Enquanto a Páscoa era restrita a
Israel, a Ceia é celebrada por crentes de todas as nações. Ela aponta para a
redenção universal e nos convida à comunhão com Cristo e com os irmãos.
No entanto, a narrativa da Ceia também
nos alerta. Jesus disse: “a mão do traidor está comigo à mesa” (Lc.22:21).
Embora o Senhor soubesse quem o trairia, os discípulos perguntaram angustiados:
“Serei eu?” (Lc.22:23). Essa reflexão nos desafia a permanecermos fiéis,
dispostos a viver e, se necessário, morrer pelo evangelho.
A Páscoa judaica lembrava a libertação
do Egito. Em Cristo, celebramos a libertação do pecado e da condenação. Ele nos
libertou para vivermos em santidade (João 8:36). Como Paulo exorta: “Apresentai
o vosso corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm.12:1).
Enfim, a afirmação de Paulo — “Cristo,
nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” — resume a essência da fé cristã.
Jesus cumpriu a promessa da Páscoa: Ele é o verdadeiro Cordeiro, imaculado e
suficiente, que morreu por amor e nos oferece vida eterna. Que nossa resposta a
esse sacrifício seja uma vida de gratidão, santidade e adoração contínua.
Luciano de
Paula Lourenço
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