quinta-feira, 17 de abril de 2025

CRISTO, NOSSA PÁSCOA


"Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós" (1Co.5:7)

Ao declarar que “Cristo é nossa Páscoa”, o apóstolo Paulo estabelece uma ligação direta entre o evento da Páscoa judaica e o sacrifício de Jesus na cruz. Assim como o cordeiro pascal foi imolado para livrar os hebreus da morte no Egito, Cristo foi sacrificado para redimir a humanidade da escravidão do pecado e da morte.

O Novo Testamento revela que as festas judaicas eram “sombras das coisas futuras” (Cl.2:16,17; Hb.10:1), apontando para a redenção por meio de Jesus. Isso se vê de forma clara em Êxodo 12, cuja narrativa da primeira Páscoa carrega elementos que prenunciam a obra de Cristo:

  • A graça salvadora de Deus era o centro da Páscoa. Deus libertou os israelitas não por seus méritos, mas por amor e fidelidade à sua aliança (Dt.7:7-10). Assim também é com a salvação em Cristo: é pela graça (Ef.2:8-10; Tt.3:4,5).
  • O sangue do cordeiro aplicado nas portas salvava os primogênitos da morte (Êx.12:13,23). Esse ato antecipa o sangue de Cristo, que nos livra da condenação (Hb.9:22).
  • O cordeiro pascal como substituto revela a natureza vicária do sacrifício. Ele morria no lugar do primogênito, apontando para Cristo, que morreu em nosso lugar (Rm.3:25).
  • O cordeiro sem mácula (Êx.12:5) prefigura a pureza de Jesus, o Cordeiro de Deus sem pecado (João 8:46; Hb.4:15).
  • Comer do cordeiro significava identificação com o sacrifício. Da mesma forma, ao participarmos da Ceia do Senhor, nos identificamos com a morte de Cristo (1Co.10:16,17; 11:24-26).
  • A fé obediente era necessária para a aplicação do sangue (Êx.12:28; Hb.11:28). Hoje, a salvação em Cristo também é recebida pela obediência da fé (Rm.1:5; 16:26).
  • Os pães sem fermento (Êx.12:8) simbolizavam separação do pecado. Assim, os redimidos em Cristo são chamados a viver em santidade (1Co.5:8).

O sacrifício de Cristo cumpre, aprofunda e supera o simbolismo da Páscoa judaica. Ele é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Sua morte, ressurreição e promessa de vida eterna são o coração do evangelho (João 3:16).

Jesus instituiu a Ceia do Senhor como um novo memorial, substituindo a antiga Páscoa. Nela, os elementos também carregam profundo significado:

  1. O pão representa o corpo de Cristo entregue por nós (1Co.11:24).
  2. O cálice representa o sangue da nova aliança, derramado para remissão dos pecados (Lc.22:20).
  3. A nova aliança em Cristo substitui a antiga, e é válida para todos os que creem (Hb.8:6-13).

Enquanto a Páscoa era restrita a Israel, a Ceia é celebrada por crentes de todas as nações. Ela aponta para a redenção universal e nos convida à comunhão com Cristo e com os irmãos.

No entanto, a narrativa da Ceia também nos alerta. Jesus disse: “a mão do traidor está comigo à mesa” (Lc.22:21). Embora o Senhor soubesse quem o trairia, os discípulos perguntaram angustiados: “Serei eu?” (Lc.22:23). Essa reflexão nos desafia a permanecermos fiéis, dispostos a viver e, se necessário, morrer pelo evangelho.

A Páscoa judaica lembrava a libertação do Egito. Em Cristo, celebramos a libertação do pecado e da condenação. Ele nos libertou para vivermos em santidade (João 8:36). Como Paulo exorta: “Apresentai o vosso corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm.12:1).

Enfim, a afirmação de Paulo — “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” — resume a essência da fé cristã. Jesus cumpriu a promessa da Páscoa: Ele é o verdadeiro Cordeiro, imaculado e suficiente, que morreu por amor e nos oferece vida eterna. Que nossa resposta a esse sacrifício seja uma vida de gratidão, santidade e adoração contínua.

 

Luciano de Paula Lourenço

Nenhum comentário:

Postar um comentário