terça-feira, 1 de julho de 2025

A IGREJA QUE NASCEU NO PENTECOSTES

         3° Trimestre/2025

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 01

Texto Base: Atos 2:1-14

“E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (Atos 2:4).

Atos 2:

1.Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;

2.e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.

3.E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.

4.E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.

5.E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.

6.E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.

7.E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê!

8.Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?

9.Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judeia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia,

10.e Frigia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos),

11.e cretenses, e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.

12.E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?

13.E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.

14.Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras.

INTRODUÇÃO

Nesta primeira lição, voltamos nossa percepção ao ponto inaugural da Igreja de Cristo: o evento do Pentecostes, registrado em Atos 2. Esse episódio histórico não apenas marcou o cumprimento da promessa do derramamento do Espírito Santo, conforme Joel profetizara (Jl.2:28-32), mas inaugurou a era da Igreja como um novo povo de Deus, agora selado e capacitado pelo Espírito Santo para cumprir sua missão no mundo.

O Pentecostes, uma das três principais festas judaicas, reunia peregrinos de várias nações em Jerusalém. Deus, em sua soberania, escolheu esse momento estratégico para manifestar publicamente o cumprimento da promessa de Cristo sobre o batismo com o Espírito Santo (Lc.24:49; Atos 1:8; Atos 2:1-14). Assim, a Igreja nasceu como uma comunidade marcada pela ação sobrenatural do Espírito Santo, pelo compromisso com a Palavra, pela comunhão fraterna e por um testemunho ousado e transformador.

Mais do que um evento isolado, o Pentecostes representou o início de uma nova realidade escatológica: a comunidade messiânica dos últimos dias, composta por homens e mulheres cheios do Espírito, vocacionados a proclamar o Evangelho “até aos confins da terra” (Atos 1:8).

Nesta lição, veremos como a Igreja de Jerusalém emergiu como um modelo de vivência espiritual, missão, adoração e comunhão — elementos fundamentais para a identidade e o crescimento saudável da Igreja em todos os tempos.

I-A NATUREZA DO PENTECOSTES BÍBLICO

1. De natureza divina

O evento do Pentecostes, conforme descrito por Lucas em Atos 2:2,3, não foi apenas um fenômeno extraordinário, mas uma manifestação teofânica, ou seja, uma autocomunicação visível e audível da presença de Deus. O som “como de um vento veemente e impetuoso” e as “línguas repartidas, como que de fogo” não são meramente efeitos naturais ou psicológicos, mas sinais que acompanham uma intervenção sobrenatural. Esses elementos reforçam que o Pentecostes tem uma origem e natureza divina: não foi produzido por iniciativa humana, mas foi um ato soberano de Deus.

O paralelo com a teofania do Sinai é intencional e significativo. Assim como no Êxodo a Lei foi dada em meio a trovões, fogo e uma voz poderosa (Êx.19:16-19; Dt.4:36), agora, no Pentecostes, o Espírito é derramado com sinais igualmente impactantes. No Sinai, Deus estabeleceu Israel como sua nação santa; em Atos 2, Ele inaugura a Igreja como o novo povo da aliança, selado e guiado pelo Espírito Santo. A presença do fogo e do som celeste, portanto, indica a continuidade do agir divino, agora em um novo contexto: a era do Espírito Santo.

Além disso, essa manifestação revela que a presença de Deus não está mais confinada ao templo ou ao tabernáculo. O Espírito desce sobre pessoas comuns — homens e mulheres, judeus e, mais tarde, gentios — fazendo delas morada de Deus. O Pentecostes bíblico, portanto, é a confirmação visível de que o Deus que desceu no Sinai agora habita no meio e dentro do seu povo, por meio do Espírito Santo.

2. Um evento paralelo ao Sinai

Como já disse no item anterior, o Pentecostes, conforme descrito em Atos 2, pode ser compreendido como um evento paralelo e, ao mesmo tempo, superior ao que ocorreu no Monte Sinai. No Sinai, Deus se revelou ao povo de Israel após tirá-lo do Egito, estabelecendo uma aliança por meio da entrega da Lei. Esse foi um momento de profunda manifestação divina: trovões, relâmpagos, som de trombeta, fogo e uma nuvem espessa cobriam o monte (Êx.19:16-19). No Pentecostes, o mesmo Deus se manifestou novamente, agora não para entregar tábuas de pedra, mas para inscrever Sua vontade nos corações, por meio do Espírito Santo.

Essa relação entre os dois eventos não é meramente simbólica, mas teológica e escatológica. No Sinai, Deus formou Israel como uma nação teocrática; no Pentecostes, Ele dá início à Igreja, o novo povo da aliança, composto por todos os que creem em Cristo. Enquanto no Sinai a Lei foi escrita em pedra (Dt.9:10,11), agora, no Pentecostes, cumpre-se a promessa de Jeremias: "porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração" (Jr.31:33), algo que Paulo também reafirma em 2Coríntios 3:3.

Portanto, o Pentecostes não apenas ecoa o Sinai, mas o supera em glória (cf. 2Co.3:7-11). A Lei que antes condenava, agora é vivificada pelo Espírito; o fogo que antes causava temor, agora purifica e capacita; o Deus que falava do alto do monte, agora habita em cada crente. O Sinai foi o nascimento de uma nação; o Pentecostes, o nascimento da Igreja universal — um povo espiritual, regenerado, capacitado e comissionado para proclamar o Evangelho até os confins da terra.

3. Centrada em Cristo e nos tempos finais

O evento do Pentecostes, embora caracterizado pelo derramamento do Espírito Santo, não pode ser corretamente compreendido fora da centralidade da obra redentora de Cristo. Na pregação de Pedro, logo após a descida do Espírito, é evidente que o foco não está nos fenômenos em si, mas na pessoa e na obra de Jesus de Nazaré. Pedro conecta diretamente o Pentecostes à morte, ressurreição e exaltação de Cristo (Atos 2:23-24,32-33), afirmando que foi o próprio Jesus exaltado que “derramou isto que agora vedes e ouvis” (v.33). Isso significa que o Pentecostes é tanto pneumatológico quanto cristológico: é o Espírito de Cristo sendo enviado por Cristo, como cumprimento de Suas promessas (João 14:16,17; 16:7).

Assim, o Pentecostes não é um fenômeno autônomo, desvinculado da cruz e da ressurreição, mas o fruto direto da obra consumada de Cristo. Sem a cruz, não haveria perdão; sem a ressurreição, não haveria exaltação; sem a exaltação, não haveria envio do Espírito. O Espírito Santo vem como selo da nova aliança, agora ratificada pelo sangue do Cordeiro.

Além disso, Pedro interpreta o Pentecostes como o cumprimento imediato da profecia de Joel (Jl.2:28-32), identificando-o como o início dos “últimos dias” (Atos 2:17). Essa expressão tem implicações escatológicas profundas: significa que, com a vinda do Espírito, os tempos finais foram inaugurados. A Igreja, portanto, vive entre dois tempos — o “já” do Pentecostes e o “ainda não” da plenitude futura. O Espírito Santo é a garantia da herança futura (Ef.1:13,14), e sua presença contínua na Igreja é o sinal de que o Reino de Deus já começou, embora ainda não tenha se consumado plenamente.

Desse modo, o Pentecostes aponta para o Cristo glorificado e nos posiciona no horizonte escatológico do agir de Deus na história. Ele nos lembra que a missão da Igreja se dá no poder do Espírito, mas sob a autoridade de Cristo, e com os olhos voltados para a esperança do Seu retorno.

Sinopse I: A NATUREZA DO PENTECOSTES BÍBLICO

O Pentecostes, conforme descrito em Atos 2, é um evento de profunda significância teológica, revelando-se em três dimensões principais:

  1. De natureza divina. O Pentecostes não foi um simples fenômeno extraordinário, mas uma manifestação teofânica — uma autocomunicação visível e audível da presença de Deus. Os sinais sobrenaturais, como o som de um vento impetuoso e as línguas como de fogo, indicam que o evento teve origem divina, não humana. Assim como Deus se revelou no Sinai com trovões e fogo ao entregar a Lei, agora Ele se manifesta para inaugurar a era do Espírito Santo, habitando não mais em templos, mas em pessoas comuns, selando a Igreja como Seu novo povo.
  2. Um evento paralelo ao Sinai. O Pentecostes é apresentado como um paralelo e, ao mesmo tempo, um cumprimento superior ao evento do Sinai. Enquanto no Sinai Deus formou Israel como nação ao entregar a Lei escrita em pedra, no Pentecostes Ele forma a Igreja, inscrevendo Sua vontade nos corações por meio do Espírito. Essa transição marca a passagem da antiga para a nova aliança, onde o Espírito vivifica a Lei e capacita os crentes para a missão. O nascimento da Igreja universal, portanto, supera em glória o nascimento da nação israelita.
  3. Centrada em Cristo e nos tempos finais. O Pentecostes está intrinsecamente ligado à obra redentora de Cristo. Pedro, em sua pregação, destaca que o derramamento do Espírito é resultado direto da morte, ressurreição e exaltação de Jesus. O evento é tanto cristológico quanto escatológico: cumpre a promessa de Joel e inaugura os “últimos dias”, marcando o início da era da Igreja. O Espírito é o selo da nova aliança e a garantia da herança futura, posicionando os crentes entre o “já” da redenção e o “ainda não” da consumação final.

II-O PROPÓSITO DO PENTECOSTES BÍBLICO

1. Promover a verdadeira adoração

Um dos frutos imediatos e evidentes do derramamento do Espírito Santo no Pentecostes foi a expressão espontânea de louvor e exaltação ao nome de Deus. Conforme registrado por Lucas, os que estavam presentes no cenáculo “começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem” (Atos 2:4), e os que ouviam diziam maravilhados: “os ouvimos falar das grandezas de Deus” (Atos 2:11). Isso mostra que a primeira resposta da Igreja cheia do Espírito foi uma adoração autêntica, glorificadora e inspirada — uma adoração centrada em Deus, e não em manifestações humanas.

O Pentecostes, portanto, tem como um de seus propósitos centrais a restauração da verdadeira adoração. Enquanto muitos associam a plenitude do Espírito apenas com poder para evangelizar (o que é bíblico e importante), não se pode negligenciar que esse poder é, primeiramente, voltado para glorificar a Deus em espírito e em verdade (João 4:23,24). O culto pentecostal, conforme Atos 2 e Atos 10:46, é marcado pela exaltação fervorosa das “grandezas de Deus”, e não por exibições emocionais vazias ou desordem.

Além disso, o apóstolo Paulo, ao orientar os crentes sobre o uso dos dons espirituais na adoração, declara que aquele que fala em línguas “dá bem as graças” (1Co.14:17). Ou seja, o falar em línguas, quando inspirado pelo Espírito, também é uma forma elevada de adoração, ainda que incompreensível ao público sem interpretação. Isso reforça que o Pentecostes não apenas inaugura um novo tempo para a missão da Igreja, mas também para a sua espiritualidade e culto: o Espírito forma adoradores cuja boca está cheia do louvor a Deus e cujo coração está inflamado pelo fogo do céu.

Portanto, um Pentecostes que não resulta em adoração genuína e centrada em Deus não é o Pentecostes bíblico. A verdadeira espiritualidade pentecostal é marcada, antes de tudo, por reverência, gratidão e exaltação ao Senhor — seja por meio de línguas, salmos, hinos ou cânticos espirituais (Ef.5:18,19). Onde o Espírito é derramado, o nome de Deus é engrandecido.

2. Poder para testemunhar

O derramamento do Espírito Santo no Pentecostes não foi um fim em si mesmo, mas parte essencial do plano redentivo de Deus para a história. A experiência do Pentecostes tem um claro vínculo escatológico, como observa Pedro ao citar Joel: “antes de chegar o grande e glorioso Dia do Senhor” (Atos 2:20). Ou seja, trata-se de um evento que inaugura os “últimos dias” e posiciona a Igreja dentro de uma realidade escatológica que aguarda a manifestação final do Reino de Deus. Porém, essa expectativa não deve gerar uma espiritualidade alienada ou escapista.

Ao contrário, o Pentecostes comissiona a Igreja para um engajamento ativo e poderoso na missão de Deus no mundo. Conforme a promessa de Jesus, o Espírito Santo é concedido para que os crentes recebam “poder” (gr. dýnamis) para serem Suas testemunhas (Atos 1:8). Esse poder não é meramente entusiasmo emocional ou êxtase espiritual, mas capacitação sobrenatural para anunciar, viver e sofrer pelo Evangelho de Cristo, com ousadia, sabedoria e perseverança (cf. Atos 4:31,33; 5:29-32).

Nesse contexto, o Pentecostes revela o caráter missionário e público da fé cristã. O Espírito Santo foi derramado na cidade, durante uma festa com peregrinos de todas as nações, e sua primeira consequência foi uma proclamação clara e corajosa do Evangelho. Não há espaço para uma espiritualidade individualista ou enclausurada. A plenitude do Espírito leva os discípulos das casas às ruas, do segredo à pregação, da espera à ação.

Sinopse II: O PROPÓSITO DO PENTECOSTES BÍBLICO

O Pentecostes, conforme registrado em Atos 2, não foi apenas um marco histórico, mas um evento com propósitos espirituais profundos e transformadores para a Igreja. Dois desses propósitos se destacam:

  1. Promover a verdadeira adoração. O derramamento do Espírito Santo resultou imediatamente em uma adoração espontânea e autêntica. Os discípulos, cheios do Espírito, proclamaram “as grandezas de Deus” em diversas línguas, revelando que a plenitude espiritual leva, antes de tudo, à exaltação do Senhor. Essa adoração não é centrada em manifestações humanas, mas em glorificar a Deus com reverência e verdade. O Pentecostes inaugura uma nova dimensão de culto, onde o Espírito forma adoradores fervorosos, cuja expressão de fé é marcada por gratidão, louvor e santidade — seja por meio de línguas, salmos ou cânticos espirituais.
  2. Conceder poder para testemunhar. Além da adoração, o Pentecostes tem um propósito missionário claro: capacitar os crentes com poder (gr. dýnamis) para serem testemunhas de Cristo. O Espírito Santo não é dado para experiências isoladas, mas para impulsionar a Igreja à proclamação do Evangelho com ousadia e perseverança. O evento ocorre em um contexto público e multicultural, sinalizando que a fé cristã é essencialmente missionária e voltada ao mundo. A plenitude do Espírito leva os discípulos da espera à ação, do recolhimento à evangelização, posicionando a Igreja como agente ativo no plano redentor de Deus até a consumação dos tempos.

III-CARACTERÍSTICAS DO PENTECOSTES BÍBLICO

1. Uma experiência específica

O Pentecostes, conforme relatado em Atos 2, apresenta-se como uma experiência espiritual distinta e subsequente à salvação. Os discípulos que receberam o batismo no Espírito Santo naquele dia já haviam crido em Cristo, recebido o perdão dos pecados e tinham os nomes escritos nos céus (Lc.10:20). Jesus mesmo atestou que eles já estavam limpos pela Palavra (João 15:3), o que indica sua regeneração espiritual. Portanto, os cerca de 120 reunidos no cenáculo não estavam buscando salvação, mas sim a promessa do Pai (Lc.24:49), a qual Jesus identificou como sendo o batismo no Espírito Santo (Atos 1:5,8).

Esta experiência não deve ser confundida com o novo nascimento, pois o próprio Cristo faz distinção entre nascer do Espírito (João 3:5,6) e ser revestido de poder do alto (Lc.24:49). O nascimento espiritual insere o crente no Corpo de Cristo, ao passo que o batismo no Espírito capacita o crente para o serviço cristão e o testemunho poderoso. Em Atos, esta capacitação é sempre acompanhada de evidências visíveis, sendo a glossolalia (falar em outras línguas) o sinal físico inicial dessa experiência (Atos 2:4; 10:44-46; 19:6).

O apóstolo Pedro, em sua pregação no dia de Pentecostes, ligou diretamente essa manifestação ao Cristo exaltado: “Exaltado, pois, à destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis” (Atos 2:33). Ou seja, o Pentecostes é fruto direto da glorificação de Cristo, que, tendo completado a obra da redenção, envia o Espírito à Igreja como um novo e poderoso agir de Deus nos crentes.

Assim, o Pentecostes bíblico não é apenas um símbolo, nem uma metáfora da vida cristã em geral. Ele é uma experiência real, específica, sobrenatural e atual, oferecida por Cristo ressurreto aos seus discípulos como um revestimento de poder para que sejam Suas testemunhas até os confins da terra (Atos 1:8). Negar ou minimizar essa dimensão específica do Pentecostes é reduzir o impacto e o propósito da promessa feita por Jesus.

2. Uma experiência definida e contínua

O relato de Atos 2:4 deixa claro que o batismo no Espírito Santo é uma experiência espiritual definida, marcada por um sinal sobrenatural identificável: o falar em outras línguas “conforme o Espírito lhes concedia que falassem”. A natureza objetiva dessa experiência impede qualquer interpretação puramente subjetiva ou emocional. O texto bíblico não diz que os discípulos apenas sentiram algo, mas que algo visível e audível ocorreu — a glossolalia (do grego glossa = língua e lalein = falar). Esse padrão se repete em outras ocorrências no livro de Atos (Atos 10:44-46; 19:6), deixando evidente que falar em línguas foi a evidência física inicial do batismo no Espírito Santo.

No episódio com Cornélio e sua casa (Atos 10), Pedro e os demais judeus que o acompanhavam reconheceram que o Espírito Santo havia sido derramado sobre os gentios porque os ouviram falar em línguas (Atos 10:46). Isso prova que, mesmo para os apóstolos, o sinal das línguas era indispensável para atestar que alguém havia sido batizado no Espírito. O critério não foi um sentimento subjetivo, nem mesmo a manifestação de virtudes como amor, fé ou alegria, mas um sinal claro, sobrenatural e observável.

Essa experiência, embora definida, não é isolada. Trata-se de uma vivência contínua na vida espiritual do crente. O mesmo grupo que foi cheio do Espírito em Atos 2 volta a ser renovado em Atos 4:31. O enchimento do Espírito é, portanto, uma realidade que pode e deve se repetir, levando o crente a uma vida de constante dependência, renovação e capacitação espiritual.

O falar em línguas, como evidência inicial, não substitui a maturidade cristã nem é a finalidade do batismo, mas é o sinal de que o crente foi revestido de poder do alto (Lc.24:49). A partir dessa experiência, ele é chamado a viver sob a plenitude do Espírito (Ef.5:18), permitindo que o Espírito produza frutos em sua vida (Gl.5:22,23) e o capacite com dons espirituais (1Co.12:7-11).

Dessa forma, o Pentecostes bíblico não é uma experiência vaga, emocional ou apenas simbólica, mas uma intervenção real, definida e transformadora do Espírito de Deus, que inaugura uma nova dimensão de vida e ministério para o cristão.

3. As línguas e o amor

Como já foi explicado anteriormente, no contexto do batismo no Espírito Santo, conforme narrado em Atos dos Apóstolos, o falar em outras línguas aparece como a evidência física inicial e inconfundível desse revestimento de poder (Atos 2:4; 10:44-46; 19:6). Essa manifestação sobrenatural é o sinal que distingue essa experiência espiritual de outras operações do Espírito na vida do crente, como a regeneração ou a santificação. Importante destacar que, segundo o padrão neotestamentário, essa evidência não é substituída por sentimentos ou virtudes cristãs.

Embora o amor seja um elemento essencial da vida cristã, ele não é apresentado nas Escrituras como o sinal inicial do batismo no Espírito Santo. Em Romanos 5:5, Paulo afirma que “o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”, mas aqui o apóstolo está falando da obra do Espírito na regeneração e no processo de santificação, não do batismo com o Espírito Santo como experiência distinta. O amor, nesse contexto, é fruto da presença do Espírito no crente desde a conversão, e não uma evidência do revestimento pentecostal.

É importante distinguir entre o sinal inicial do batismo com o Espírito (as línguas) e as virtudes do Fruto do Espírito (como o amor), que são resultado de um relacionamento contínuo com Deus e de crescimento na graça (Gl.5:22,23). O amor não é sinal inicial do batismo, mas é o marco da maturidade espiritual e da plena submissão ao Espírito Santo.

Por isso, o falar em línguas no batismo com o Espírito Santo não é um fim em si mesmo, mas o ponto de partida para uma vida cheia do Espírito, marcada por uma crescente expressão do amor de Deus, da comunhão fraterna e do serviço cristão. A Igreja de Corinto, apesar de ter recebido dons espirituais em abundância (1Co.1:7), foi exortada por Paulo a buscar um caminho mais excelente: o amor (1Co.13:1-13). Isso mostra que dons espirituais e maturidade cristã não são sinônimos, embora devam caminhar juntos.

Assim, um Pentecostes autêntico começa com línguas como sinal inicial, mas se aprofunda no amor como expressão do caráter de Cristo na vida do crente. O crente cheio do Espírito fala em línguas, mas também aprende a andar em amor — sinal de que está amadurecendo espiritualmente à medida que caminha com Deus.

Sinopse III: CARACTERÍSTICAS DO PENTECOSTES BÍBLICO

O Pentecostes, conforme descrito em Atos 2, é uma experiência espiritual marcante e transformadora, com três características fundamentais que definem sua natureza e propósito na vida da Igreja:

  1. Uma experiência específica. O Pentecostes é apresentado como uma experiência distinta e subsequente à salvação. Os discípulos já eram regenerados quando receberam o batismo no Espírito Santo, o qual não deve ser confundido com o novo nascimento. Trata-se de um revestimento de poder prometido por Jesus, com o propósito de capacitar os crentes para o serviço e o testemunho. Essa experiência é sobrenatural, real e visível, tendo como sinal inicial o falar em outras línguas, conforme o Espírito concedia. É fruto direto da exaltação de Cristo, que envia o Espírito à Igreja como cumprimento da promessa do Pai.
  2. Uma experiência definida e contínua. O batismo no Espírito Santo é uma experiência objetiva e identificável, marcada por um sinal sobrenatural: a glossolalia. Esse padrão se repete em diversas ocasiões no livro de Atos, confirmando que o falar em línguas era a evidência física inicial do revestimento espiritual. No entanto, essa experiência não é isolada: ela inaugura uma vida de constante renovação e plenitude no Espírito. O crente é chamado a viver sob essa influência contínua, permitindo que o Espírito produza frutos e distribua dons para edificação da Igreja.
  3. As línguas e o amor. Embora o falar em línguas seja o sinal inicial do batismo no Espírito, ele não substitui o amor cristão, que é o verdadeiro sinal de maturidade espiritual. O amor é fruto do Espírito e se desenvolve ao longo da caminhada cristã, sendo essencial para a vida e o testemunho do crente. Um Pentecostes autêntico começa com línguas, mas se aprofunda no amor, refletindo o caráter de Cristo. Assim, dons espirituais e virtudes cristãs devem caminhar juntos, com o amor como o caminho mais excelente.

CONCLUSÃO

A Igreja de Cristo nasceu no Pentecostes como uma comunidade marcada pela presença poderosa do Espírito Santo, inaugurando um novo tempo no plano redentor de Deus. Aquilo que foi vivenciado pelos cerca de 120 discípulos no cenáculo, em Jerusalém, não foi um fenômeno isolado, mas o cumprimento de promessas proféticas e o ponto de partida de uma obra que alcançaria “até aos confins da terra” (Atos 1:8).

O Pentecostes bíblico é, portanto, um evento cristocêntrico, escatológico e eclesiológico. Está fundamentado na obra redentora de Cristo e se manifesta como uma capacitação sobrenatural para a adoração, o testemunho e a missão. O Espírito que foi derramado no início da Igreja é o mesmo que ainda hoje reveste o povo de Deus com poder, conduzindo-o a uma vida de comunhão, santidade, serviço e proclamação.

Mais do que uma recordação histórica, o Pentecostes continua sendo uma realidade espiritual atual e indispensável para a Igreja contemporânea. Ele nos desafia a buscar não apenas a experiência inicial do batismo no Espírito, com a evidência de falar em línguas, mas também a viver continuamente cheios do Espírito (Ef.5:18), manifestando o amor de Deus e cumprindo nossa missão neste mundo até a volta gloriosa de Jesus Cristo.

 

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Dicionário VINE.CPAD.

O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Atos. Hagnos.

Ralph Earle. Livro dos Atos do Apóstolos.

Myer Pearlman. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva.

sábado, 28 de junho de 2025

LIÇÕES BÍBLICAS EBD - 3° TRIMESTRE DE 2025

 


No 3º Trimestre de 2025 estudaremos sobre o seguinte tema: A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, Comunhão e Fé – a base para o crescimento da Igreja”.

Comentarista: Pr. José Gonçalves, líder da Assembleia de Deus em Água Branca (PI), mestre em Teologia, graduado em filosofia, escritor de diversas obras editadas pela CPAD e membro da Comissão de Apologética da CGADB.

O Tema geral do Trimestre propõe uma análise profunda da primeira comunidade cristã formada após a ascensão de Jesus e o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes. Através do livro de Atos dos Apóstolos, especialmente os capítulos 1 a 15, o comentarista Pr. José Gonçalves nos conduz por uma jornada teológica, histórica e espiritual sobre como a Igreja de Jerusalém se tornou o protótipo da Igreja Cristã: firme na doutrina dos apóstolos, comprometida com a comunhão fraternal e cheia de fé em meio aos desafios.

A Igreja de Jerusalém não é apenas o ponto de partida da história da Igreja; ela é um modelo funcional e espiritual de como o povo de Deus deve se comportar diante da Palavra, do Espírito Santo e da missão. Doutrina, comunhão e fé foram os três pilares que sustentaram essa igreja nascente, demonstrando que o crescimento numérico e qualitativo da Igreja não depende de recursos humanos, mas da obediência ao padrão divino estabelecido por Jesus e mantido pelos apóstolos.

O livro de Atos revela que o crescimento da Igreja não era apenas orgânico, mas também espiritual, social e missional. A Igreja de Jerusalém enfrentou oposição, perseguições, conflitos internos e desafios doutrinários, mas manteve-se firme, unida e aberta à direção do Espírito Santo. Esse modelo é atual e necessário para a Igreja contemporânea.

1. Igreja: o que significa?

Na perspectiva bíblica, igreja não é apenas um edifício físico, mas um edifício espiritual formado por pessoas vivas - os crentes em Cristo Jesus. O apóstolo Pedro diz: “Também vós mesmos, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo…” (1Pd.2:5). Essas “pedras vivas” são os santos, os que foram chamados por Deus para compor a família espiritual: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus…” (Ef.2:19-22).

A palavra grega para igreja, ekklesia, significa literalmente “chamados para fora”. Refere-se às pessoas que foram chamadas por Deus para saírem do pecado e viverem em obediência a Ele. A igreja, portanto, é um corpo vivo de pessoas redimidas, não uma instituição fria ou impessoal. Como organismo vivo, a igreja sente (Atos 5:11), ora (Atos 12.5), fala (Mt.18:17) e age.

Os membros da igreja são santos, não porque sejam perfeitos, mas porque foram separados do mundo para Deus (João 17:14-23; Cl.1:13; 1Pd.2:9). Esse chamado se dá por meio da pregação do evangelho (2Ts.2:13,14), e os verdadeiros convertidos são chamados de “santos” (1Co.1:2; Cl.1:1,2).

2. Igreja: organismo vivo, não instituição humana

Muitos compreendem a igreja como uma mera organização ou instituição, mas a Bíblia a descreve como um corpo orgânico formado por membros vivos (Rm.12:4,5; 1Co.12:12-27; Ef.5:23). Jesus não morreu por estruturas físicas, mas pelas almas dos que creem, adquiridas com seu sangue (Atos 20:28; 1Co.6:19,20).

O Pai e o Filho não habitam em organizações, mas no coração dos obedientes (João 14:15,23). Cada salvo é uma “pedra” na edificação espiritual que é a Igreja (1Co.3:10-15). A comunhão verdadeira, o serviço e a adoração a Deus não dependem de instituições humanas, mas de um povo regenerado pelo Espírito Santo.

3. Igreja Universal e Igreja Local

Muitas pessoas sugerem que a “igreja universal” é constituída de todas as igrejas locais no mundo. Isto não é um conceito bíblico. A Bíblia distingue claramente entre Igreja Local e Igreja Universal:

  • A Igreja Local é composta pelos crentes que se reúnem regularmente em um local específico (Rm.16:14,15; 1Co.16:19; Cl.4:15). É visível, identificável e organizada conforme os princípios do Novo Testamento.
  • A Igreja Universal inclui todos os salvos em Cristo ao redor do mundo, em todas as épocas. É invisível ao olhar humano e só Deus conhece os que verdadeiramente lhe pertencem (Hb.12:23).

Portanto, tentar definir ou contar todos os membros da Igreja Universal é inútil e revela uma compreensão limitada. Somente Deus conhece os que são seus.

4. Lições Bíblicas propostas para o trimestre letivo

Ao longo do trimestre, estudaremos treze Lições com os seguintes temas propostos:

Lição 1 – A Igreja que nasceu no Pentecostes (Atos 1:12-14; 2:37-47)

Esta lição marca o nascimento da Igreja cristã. O Pentecostes inaugurou a era do Espírito Santo, evidenciando o cumprimento da promessa de Cristo. A lição destaca a centralidade da oração, da pregação e da conversão como fundamentos da Igreja nascente.

O nascimento da Igreja no dia de Pentecostes não foi fruto de organização humana, mas resultado direto da promessa de Jesus e da ação poderosa do Espírito Santo. Nesse evento, inicia-se uma nova fase do plano redentor de Deus: o Espírito agora habita nos crentes e os capacita para a missão. A Igreja de Jerusalém surge como uma comunidade viva, dinâmica e cheia de fervor espiritual, marcada pela pregação, conversão, comunhão e serviço.

O Pentecostes nos desafia a viver uma fé vibrante, impulsionada pelo Espírito Santo. Assim como os primeiros discípulos, precisamos cultivar um coração sensível à Palavra, perseverar em oração e estar abertos à ação sobrenatural de Deus. O crescimento espiritual e numérico da Igreja nasce da obediência, da unidade e da consagração.

Lição 2 – A Igreja de Jerusalém: um modelo a ser seguido (Atos 2:1-14)

Esta Lição aponta os traços distintivos da Igreja primitiva: ensino, comunhão, partir do pão e orações. A Igreja de Jerusalém revela como a fé cristã deve se expressar coletivamente, em amor, unidade e poder espiritual.

A Igreja de Jerusalém nasceu sob o fogo do Espírito Santo e se estabeleceu como um referencial para todas as gerações. Sua firmeza doutrinária, comunhão sincera, oração constante e vida cheia do Espírito revelam um modelo de espiritualidade madura e comprometida. Essa comunidade não era perfeita, mas estava profundamente enraizada nos valores do Reino de Deus.

Somos chamados a refletir o modelo da Igreja primitiva. Não basta pertencer à igreja visível — é preciso viver como discípulo de Cristo, buscando comunhão, santidade e compromisso com a missão. Seguir o exemplo da Igreja de Jerusalém é alinhar-se à vontade de Deus.

Lição 3 – Uma Igreja fiel à pregação do Evangelho (Atos 3:11-26)

Esta Lição reforça o compromisso da Igreja com a verdade do Evangelho. A cura do paralítico serve de ponto de partida para uma poderosa pregação de Pedro. A Igreja de Jerusalém mostra-se fiel à proclamação do Evangelho, mesmo diante da oposição. Seu foco não está no espetáculo do milagre, mas na exaltação de Cristo crucificado e ressurreto.

A Igreja de hoje precisa recuperar sua voz profética. O compromisso com a verdade do Evangelho deve estar acima de qualquer interesse. Pregar a Cristo, com ousadia e fidelidade, continua sendo o principal instrumento de transformação espiritual.

Lição 4 – Uma Igreja cheia do Espírito Santo (Atos 4:19-31)

A oração coletiva fortalece a Igreja diante das ameaças, conduzindo-a a um novo derramar de poder e ousadia. Diante das ameaças, os cristãos não recuam. Ao contrário, buscam a Deus em oração e são novamente cheios do Espírito Santo. Isso revela que o enchimento do Espírito é contínuo e indispensável para a missão e resistência cristã.

O poder do Espírito nos capacita a testemunhar com ousadia. Em tempos de oposição, precisamos depender mais da oração e da presença do Espírito Santo do que de estratégias humanas. Uma igreja cheia do Espírito é uma igreja inabalável.

Lição 5 – Uma Igreja cheia de Amor (Atos 4:32-37)

Esta Lição demonstra a generosidade e o desprendimento da Igreja primitiva. A comunhão era visível nas atitudes práticas de cuidado mútuo, revelando que o amor cristão vai além das palavras.

A generosidade era uma marca da Igreja primitiva. Os cristãos compartilhavam seus bens voluntariamente, motivados por amor. Não havia necessitados entre eles porque havia um profundo senso de comunhão e responsabilidade mútua.

A autenticidade do amor cristão se manifesta em ações práticas. A Igreja atual precisa romper com o individualismo e cultivar a solidariedade. Onde há amor verdadeiro, há provisão, acolhimento e cuidado mútuo.

Lição 6 – Uma Igreja não conivente com a mentira (Atos 5:1-16)

Ananias e Safira representam a ameaça da hipocrisia interna. Deus preserva a santidade de sua Igreja, mostrando que integridade e temor ao Senhor são indispensáveis.

A morte de Ananias e Safira revela a seriedade com que Deus trata a integridade no seio da Igreja. O juízo divino reforça que a comunhão dos santos deve ser preservada em santidade e verdade.

Deus não tolera a hipocrisia espiritual. A Igreja deve ser um ambiente de transparência e temor a Deus. Precisamos cultivar um coração sincero, longe da aparência religiosa e do engano.

Lição 7 – Uma Igreja que não teme a perseguição (Atos 5:17-29; 12:1-5)

A perseguição não silenciou a Igreja de Jerusalém. Mesmo perseguida, a Igreja perseverou em sua missão. A obediência a Deus foi colocada acima da obediência aos homens. Os apóstolos, mesmo ameaçados, continuaram pregando com coragem. A prisão de Pedro e a morte de Tiago revelaram os riscos, mas também a fidelidade inabalável do povo de Deus. A oração e a intervenção divina demonstram que Deus sustenta sua Igreja.

A verdadeira Igreja de Cristo não se intimida diante da oposição. Devemos estar dispostos a sofrer pelo Evangelho, certos de que Deus é soberano sobre todas as coisas. A fidelidade a Deus vale mais que a segurança pessoal.

Lição 8 – Uma Igreja que enfrenta os seus problemas (Atos 6:1-7)

Diante de uma crise de natureza administrativa e social, os apóstolos tomaram decisões sábias e inspiradas. A instituição dos diáconos mostra a importância do bom testemunho e da sabedoria espiritual na liderança; mostra a capacidade da Igreja de se adaptar sem perder sua essência.

Problemas não devem ser ignorados, mas enfrentados com sabedoria, oração e discernimento. A maturidade espiritual se revela na capacidade de resolver conflitos de maneira bíblica e justa.

Lição 9 – Uma Igreja que se arrisca (Atos 6:8-15; 7:54-60)

Esta lição evidencia o preço do testemunho e a coragem de manter-se fiel até a morte. Estêvão é o exemplo da Igreja que não teme entregar sua vida por Cristo. Cheio do Espírito Santo e sabedoria, ele não recuou diante do perigo. Sua coragem e testemunho foram marcantes. Ao se tornar o primeiro mártir cristão, ele inspira a Igreja a ser fiel até o fim.

Seguir a Cristo implica risco. Precisamos estar dispostos a pagar o preço do discipulado. A vida de Estêvão nos desafia a manter a fidelidade e a firmeza mesmo diante da morte.

Lição 10 – A expansão da Igreja (Atos 8:1-12)

A perseguição levou à dispersão dos crentes, e com ela, o Evangelho alcançou outras regiões. A perseguição que dispersa os crentes acaba sendo um meio para expandir o Evangelho. Filipe pregou em Samaria, e muitos creram. A missão rompeu as fronteiras de Jerusalém. Isto mostra que o crescimento da Igreja está ligado à obediência à missão.

Deus transforma adversidades em oportunidades para avançar com Sua obra. A Igreja precisa estar sempre pronta a se mover, obedecendo à direção do Espírito e proclamando o Evangelho em novos campos.

Lição 11 – Uma Igreja hebreia na casa de um estrangeiro (Atos 10:1-8, 21-23, 44-48)

Pedro é conduzido ao lar de Cornélio, um gentio. A lição mostra a superação das barreiras culturais e a universalidade do Evangelho. A visita de Pedro à casa de Cornélio representa um divisor de águas. A salvação alcançou os gentios, e o Espírito Santo foi derramado sobre eles, sem distinção. Deus quebra paradigmas culturais e religiosos.

A Igreja deve romper com preconceitos e barreiras. O Evangelho é universal, e todos são chamados à comunhão com Deus. A missão exige de nós disposição para ir aonde Deus enviar.

Lição 12 – O caráter missionário da Igreja de Jerusalém (Atos 11:19-30)

Apesar de inicialmente centrada em Jerusalém, a Igreja se envolveu no envio de missionários e no apoio a outras comunidades, revelando sua maturidade e responsabilidade cristã.

Apesar de ser o berço da Igreja cristã, Jerusalém não se fechou em si mesma. Apoiou o crescimento da obra em outros lugares, enviou Barnabé e Saulo (Paulo), e socorreu os necessitados. Sua visão foi missionária e solidária.

Uma igreja saudável é uma igreja missionária. Precisamos manter os olhos além das nossas paredes e investir na expansão do Reino. A missão de Deus é global e envolve cada crente.

Lição 13 – A Assembleia de Jerusalém (Atos 15:22-32)

A Igreja enfrentou uma crise doutrinária, quando do desafio da inclusão dos gentios, mas respondeu com equilíbrio, oração e sabedoria. A Assembleia de Jerusalém garantiu a unidade e reafirmou a centralidade da graça para a salvação. A Assembleia demonstrou a importância da liderança espiritual, do consenso e da orientação do Espírito na resolução de questões doutrinárias.

Em tempos de confusão, é essencial voltar à Palavra e buscar direção do Espírito Santo. A unidade da Igreja deve ser preservada com humildade, diálogo e fidelidade ao Evangelho.

Conclusão

Este trimestre oferecerá à Igreja atual a oportunidade de redescobrir os valores fundamentais do Cristianismo Apostólico. Cada lição é um convite ao retorno à essência da fé: viver sob a direção do Espírito Santo, manter-se firme na doutrina, cultivar comunhão verdadeira e cumprir a missão de Deus no mundo. A Igreja de Jerusalém, embora antiga, é um espelho para os dias modernos — uma referência de perseverança, espiritualidade e compromisso com a verdade.

 

Luciano de Paula Lourenço

EBD/IEADTC

domingo, 22 de junho de 2025

RENOVAÇÃO DA ESPERANÇA

         2° Trimestre de 2025

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 13

Texto Base: João 20:19,20,24-31 

“E, oito dias depois, estavam outra vez os seus discípulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco!”  (João 20:26).

João 20:

19.Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco! 

20.E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor.

24.Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.

25.Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei. 

26.E, oito dias depois, estavam outra vez os seus discípulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco!

27.Depois, disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente.

28.Tomé respondeu e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!? 

29.Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram! 

30.Jesus, pois, operou também, em presença de seus discípulos, muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro.

31.Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

INTRODUÇÃO

Chegamos na última lição do 2º trimestre de 2025 refletindo sobre o impacto da ressurreição de Jesus Cristo na vida dos discípulos e, por consequência, na vida da Igreja. Esta verdade gloriosa não apenas marcou a vitória sobre a morte, mas também inaugurou uma nova estação de esperança para todos os que creem. A aparição do Cristo ressurreto, em meio ao medo e à incerteza dos seus seguidores, transformou o desespero em júbilo, a dúvida em fé e o luto em missão. Sem a ressurreição de Cristo, nossa fé seria vã, e nossa pregação, vazia. Sem a ressurreição de Cristo, não haveria remissão de pecados quanto ao passado nem esperança quanto ao futuro.

Nesta lição, veremos como a presença do Senhor ressurreto renovou a esperança dos discípulos, encorajando-os com palavras de paz e enviando-os com propósito. Veremos também como a fé de Tomé foi fortalecida por provas concretas, reafirmando que a fé cristã está ancorada em fatos reais e históricos. A ressurreição é mais que um evento do passado: é a fonte da nossa esperança presente e a certeza da glória futura.

Objetivos da Lição: (1) Compreender a Ressurreição como evidência incontestável da vitória de Cristo sobre a morte; (2) Identificar como a presença do Cristo vivo transforma realidades de tristeza e medo em fé e alegria; (3) Reafirmar que a fé cristã é sólida porque se fundamenta na ressurreição e nas promessas eternas de Jesus.

I – A APARIÇÃO DE JESUS CRISTO 

1. “Paz seja convosco!” (João 20:19)

No final da tarde do primeiro dia da semana, o Cristo ressurreto apareceu aos seus discípulos reunidos secretamente, com portas trancadas, dominados pelo medo dos judeus. Esse cenário reflete não apenas a ameaça externa, mas, sobretudo, o estado interno de alma dos discípulos: corações tomados por temor, dúvida, frustração e culpa. Desde a crucificação, os discípulos estavam desnorteados pela ausência física de Jesus, com seus sonhos aparentemente sepultados junto ao corpo de seu Mestre.

Foi nesse ambiente carregado de incerteza que Jesus, de maneira sobrenatural, apareceu no meio deles e declarou: “Paz seja convosco!”. Esta saudação, mais do que um simples cumprimento, foi uma ministração direta ao coração abatido dos discípulos. A paz que Jesus oferece não é meramente emocional, mas espiritual e profunda. É a paz que reconcilia, acalma a alma, e restaura a confiança — a mesma paz que Ele havia prometido antes de sua morte (João 14:27).

O contraste entre o medo antes do Pentecostes e a ousadia após o derramamento do Espírito Santo mostra o poder transformador da presença de Cristo e da fé na ressurreição. Antes, trancados por medo. Depois, presos por coragem. O Cristo ressurreto não apenas se apresenta vivo, mas também comunica uma nova realidade aos seus seguidores: eles não estão mais sozinhos, e agora, com Ele vivo, há verdadeira paz e esperança.

Assim, a ressurreição não é apenas uma doutrina gloriosa: é uma experiência pessoal que devolve ao coração aflito a certeza da presença de Jesus e a força da sua paz inabalável.

2. O registro das aparições de Jesus ressurreto

Após sua gloriosa ressurreição, Jesus permaneceu na Terra por um período de 40 dias, durante o qual apareceu diversas vezes a seus seguidores, confirmando de maneira incontestável que estava vivo (Atos 1:3). Os Evangelhos e as cartas apostólicas registram pelo menos dez aparições distintas do Cristo ressurreto, reforçando a veracidade do evento e consolidando a fé dos discípulos.

Essas aparições ocorreram em momentos e locais variados, a diferentes grupos e indivíduos:

a)   A Maria Madalena, junto ao túmulo vazio (João 20:11-18);

b)   A outras mulheres, quando retornavam da sepultura (Mt.28:8-10);

c)   A Pedro, em momento particular (Lc.24:34; 1Co.15:5);

d)   Aos dois discípulos no caminho de Emaús, ao entardecer (Mc.16:12; Lc.24:13-32);

e)   Aos discípulos reunidos, com ausência de Tomé (Lc.24:36-43; João 20:19-25);

f)    Aos discípulos novamente reunidos, agora com Tomé presente (João 20:26-31);

g)   A sete discípulos à beira do mar da Galileia, ocasião do milagre da pesca (João 21);

h)   Aos apóstolos e a mais de quinhentos irmãos, em uma reunião coletiva (Mt.28:16-20; 1Co.15:6);

i)    A Tiago, seu meio-irmão (1Co.15:7);

j)    No momento da ascensão, no Monte das Oliveiras (Lc.24:50-53; Atos 1:6-12).

Essas aparições não foram ilusões nem visões isoladas, mas encontros reais com o Cristo glorificado, que falou, comeu, ensinou e tocou os discípulos. Esses registros tornam a ressurreição um fato histórico fundamentado em múltiplas testemunhas oculares, e não um mito ou criação simbólica da Igreja primitiva. São esses encontros que transformaram discípulos inseguros em testemunhas ousadas do Evangelho por todo o mundo.

3. Preciosas lições

A ressurreição de Jesus Cristo não é apenas um evento extraordinário do passado, mas uma realidade viva que continua a comunicar verdades profundas e transformadoras para a fé cristã. Três grandes lições emergem dessa gloriosa realidade:

-Em primeiro lugar, a ressurreição é o alicerce central da fé cristã. O apóstolo Paulo foi categórico ao afirmar que, se Cristo não tivesse ressuscitado, toda a pregação do Evangelho e a própria fé dos crentes seriam vazias e sem valor (1Co.15:14). Ou seja, a fé cristã não se baseia em uma filosofia ou ideal abstrato, mas em um fato concreto: Cristo venceu a morte. Sua vitória garante que toda a obra redentora foi aceita por Deus e consumada com perfeição.

-Em segundo lugar, a ressurreição é um fato histórico incontestável que produz convicção, coragem e alegria. Não foi um evento secreto ou simbólico, mas amplamente testemunhado, registrado e celebrado desde os primórdios da Igreja. Saber que Jesus está vivo transforma o medo em ousadia, a tristeza em esperança e o desespero em celebração. A fé cristã não repousa sobre suposições, mas sobre uma verdade poderosa: Jesus vive e reina para sempre!

-Em terceiro lugar, a ressurreição aponta para a nossa própria esperança futura. A promessa bíblica assegura que, assim como Jesus ressuscitou, também nós ressuscitaremos com Ele (1Ts.4:14-16). Esse é o destino glorioso reservado aos que estão em Cristo: a vida eterna em um corpo incorruptível, semelhante ao do nosso Senhor (Fp.3:20,21).

A ressurreição é, portanto, a âncora firme da esperança cristã, que sustenta o crente em meio às tribulações desta vida, apontando para a glória vindoura.

Essas lições não apenas moldam nossa teologia, mas devem impactar profundamente nosso viver diário — com fé firme, alegria constante e uma esperança renovada em cada novo amanhecer.

Sinopse I – A APARIÇÃO DE JESUS CRISTO

A aparição de Jesus Cristo ressurreto aos seus discípulos foi um marco decisivo para a fé cristã.

Ao dizer “Paz seja convosco”, Jesus não apenas acalmou os corações temerosos, mas também restaurou a confiança e a comunhão com os seus seguidores.

As aparições do Senhor, registradas ao longo dos quarenta dias entre a ressurreição e a ascensão, confirmam a veracidade do evento e fortaleceram o testemunho apostólico.

Por fim, essas manifestações nos oferecem preciosas lições: a ressurreição é o fundamento da fé cristã, a certeza de que Jesus está vivo traz alegria e segurança, e a promessa de que, assim como Ele ressuscitou, também nós ressuscitaremos para a glória eterna.

II – APARIÇÃO DE JESUS: ESPERANÇA E PLENA ALEGRIA 

1. O medo deu lugar à esperança

“E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém, onde acharam reunidos os onze e outros com eles,34 os quais diziam: — De fato, o Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão! Então os dois contaram o que lhes tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido o Senhor no partir do pão. Jesus aparece aos discípulos. Falavam eles ainda estas coisas quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: — Que a paz esteja com vocês!” (Lc.24:33-36).

A crucificação de Jesus representou, para os discípulos, o colapso de suas expectativas. Aquele em quem haviam depositado toda a sua confiança foi morto de forma humilhante, e isso mergulhou seus corações em um profundo sentimento de perda, medo e desorientação. O episódio dos dois discípulos a caminho de Emaús (Lc.24:13-35) retrata bem essa atmosfera de desalento. Caminhavam entristecidos, debatendo-se com a dor da decepção e dizendo: “Ora, nós esperávamos que fosse ele quem redimiria Israel...” (Lc.24:21).

Entretanto, tudo muda quando o Cristo ressurreto se aproxima e caminha com eles. Suas palavras e presença operam uma transformação interior, reacendendo a esperança e reanimando a fé. Ao reconhecerem Jesus no partir do pão, suas emoções são substituídas pela convicção viva de que a morte não foi o fim, mas o cumprimento de um plano redentor.

A aparição do Senhor ressurreto não apenas afastou o medo, mas restaurou o ânimo, mostrando que as promessas de Deus continuam de pé, mesmo quando tudo parece perdido. Essa verdade permanece atual: quando Cristo se revela a nós — em sua Palavra, em sua presença pelo Espírito — o medo cede lugar à esperança, a tristeza se converte em alegria, e o coração abatido volta a arder com fé viva e renovada.

2. A tristeza deu lugar à alegria

“E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor” (João 20:20).

A tristeza que dominava o coração dos discípulos após a morte de Jesus era profunda e compreensível. Eles haviam perdido seu Mestre, seu Amigo e sua maior esperança. O vazio causado por sua ausência transformou-se em luto e desânimo. No entanto, tudo começou a mudar quando, no cenáculo, Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “Paz seja convosco!” (João 20:19). Logo em seguida, mostrou-lhes as marcas da crucificação — as mãos e o lado —, e os discípulos “se alegraram, vendo o Senhor” (João 20:20).

Esse reencontro foi muito mais do que uma visita inesperada: foi a confirmação de que Jesus estava vivo, que a morte havia sido vencida, e que as promessas de Deus estavam se cumprindo. A alegria que brotou naquele instante foi espiritual e transformadora — não uma euforia passageira, mas uma satisfação profunda e duradoura, baseada na certeza da vitória de Cristo.

Essa experiência aponta para uma verdade essencial da fé cristã: a presença real do Cristo ressurreto tem o poder de transformar lágrimas em cânticos, luto em celebração, e desesperança em gozo espiritual. Mesmo nas adversidades, essa alegria não depende das circunstâncias externas, mas da convicção interna de que Jesus vive e reina. Como ensinou o apóstolo Pedro: “A quem, não havendo visto, amais; no qual, crendo, embora agora o não vejais, exultais com alegria inefável e gloriosa” (1Pd.1:8)

3. Esperança e Alegria

A esperança e a alegria não são meros sentimentos passageiros para o cristão — são virtudes essenciais, espirituais e profundamente transformadoras, firmadas na obra redentora de Cristo. No Novo Testamento, ambas aparecem como marcas distintivas da vida daqueles que foram regenerados pelo Espírito Santo.

O apóstolo Paulo afirma que “agora permanecem a fé, a esperança e o amor” (1Co.13:13), colocando a esperança no mesmo patamar de centralidade que a fé e o amor. Da mesma forma, ao escrever aos gálatas, ele destaca a alegria como um dos elementos do Fruto do Espírito (Gl.5:22), o que indica que essa alegria não é circunstancial, mas resultado direto da atuação do Espírito na vida do crente.

Essas duas virtudes — esperança e alegria — estiveram presentes de forma marcante na manifestação de Jesus ressurreto aos discípulos. A esperança foi renovada quando perceberam que a morte não tinha sido o fim, e a alegria brotou ao contemplarem, vivos e reais, os olhos, as mãos e a voz dAquele que haviam visto morrer.

Se de fato cremos no Cristo vivo, que venceu a morte e reina soberano, essas virtudes precisam ser visíveis em nós. A esperança que temos em Cristo não decepciona (Rm.5:5), pois está ancorada na fidelidade de Deus. E a alegria que provém da salvação não depende de circunstâncias externas, mas da certeza de que fomos reconciliados com Deus e temos um futuro glorioso ao Seu lado. Portanto, viver com Cristo é viver com esperança que impulsiona e alegria que contagia.

Sinopse II – APARIÇÃO DE JESUS: ESPERANÇA E PLENA ALEGRIA

A aparição de Jesus ressurreto aos discípulos transformou profundamente o estado emocional deles. O medo deu lugar à esperança, pois a presença viva de Cristo dissipou a insegurança e reacendeu a confiança nas promessas divinas. A tristeza cedeu espaço à alegria verdadeira, pois ver o Senhor ressurreto encheu os corações de júbilo e renovação. Assim, a esperança e a alegria passaram a ser marcas inconfundíveis da fé cristã, frutos da certeza da ressurreição e da comunhão com o Cristo vivo.

III – APARIÇÃO DE JESUS: CONVICÇÃO FORTALECIDA 

1. As dúvidas dissipadas (João 20:25-28)

“Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei. E, oito dias depois, estavam outra vez os seus discípulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco! Depois, disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. Tomé respondeu e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!”.

O relato de Tomé, conhecido como o “incrédulo”, reflete uma experiência humana autêntica diante do extraordinário: a dificuldade de crer sem ver. Sua hesitação (João 20:25) revela que até mesmo os seguidores mais próximos de Jesus podiam ser tomados pela dúvida diante da ressurreição — um evento tão sobrenatural que confrontava a lógica natural. No entanto, quando Jesus aparece e convida Tomé a tocar em suas feridas, não apenas atende à sua necessidade de prova, mas também oferece uma lição duradoura sobre fé (João 20:27-29). A dúvida de Tomé é vencida pela presença real do Cristo ressurreto, transformando seu ceticismo em confissão profunda: “Senhor meu, e Deus meu!”. Assim, este episódio mostra que Cristo não rejeita os corações sinceros que buscam compreender, mas os conduz à convicção plena e à fé robustecida.

2. Fortalecimento da fé

A poderosa confissão de Tomé — “Senhor meu, e Deus meu!” (João 20:28) — representa uma das mais claras declarações cristológicas do Novo Testamento. De um coração antes tomado pela incredulidade, agora brota uma fé convicta e pessoal, não apenas em Jesus como Mestre, mas como o próprio Deus encarnado. Esse episódio demonstra que a fé cristã não é cega, mas nasce do encontro real e transformador com o Cristo ressuscitado.

Se uma pessoa realmente cética como Tomé se convenceu da ressurreição de Jesus, ninguém ficará sem desculpas. Se Jesus, de fato, ressurgiu, podemos concluir, como Tomé, que Ele é divino. Se Jesus permitiu que Tomé o adorasse como Deus, devemos entregar-nos a Ele em adoração e amor, que provou ser, por sua ressurreição, “Deus verdadeiro de verdadeiro Deus”.

Ao longo dos séculos, muitos que viveram imersos em dúvida ou ceticismo — como ex-ateus, filósofos ou agnósticos — tiveram suas convicções transformadas após confrontarem a realidade viva de Cristo, revelada pelas Escrituras e pela ação do Espírito Santo. Como ensina Paulo em Romanos 1:21-23, a rejeição da fé é, muitas vezes, fruto de um coração obscurecido pela vaidade e pela idolatria. No entanto, ao sermos iluminados pela presença de Jesus, a fé é despertada, fortalecida e enraizada na verdade que Ele é o Senhor ressurreto e glorificado. “A fé não precisa ver para crer; a fé crê e, por isso, vê” (Pr. Hernandes Dias Lopes).

3. Fortalecimento da esperança

A ressurreição de Cristo não apenas consolidou a fé dos discípulos, mas também projetou neles uma esperança viva e inabalável quanto ao futuro glorioso prometido por Deus. Em sua teologia, o apóstolo Paulo tratou esse tema com centralidade e profundidade, ensinando que a ressurreição do Senhor é a garantia segura da ressurreição dos que nEle creem (1Co.15:20-23). Para Paulo, negar a ressurreição futura seria o mesmo que esvaziar o Evangelho (1Co.15:12-14), pois a glorificação do corpo do crente está diretamente ligada à vitória de Cristo sobre a morte.

Essa esperança é o antídoto contra o desespero diante da morte e das tribulações deste mundo. A ressurreição de Jesus serve como as primícias de uma nova criação (1Ts.4:14), um modelo do que nos aguarda: corpos incorruptíveis, restaurados e preparados para a eternidade com Deus. Assim, a mensagem pascal, ou seja, a mensagem da ressurreição de Jesus Cristo, não é apenas motivo de fé presente, mas de esperança futura, pois aponta para o dia em que, reunidos com Cristo, desfrutaremos plenamente da vida eterna e da redenção completa, tanto do espírito quanto do corpo.

Sinopse III – APARIÇÃO DE JESUS: CONVICÇÃO FORTALECIDA

A aparição de Jesus ao apóstolo Tomé, que inicialmente demonstrou ceticismo quanto à ressurreição, revela como a presença viva do Cristo ressuscitado dissipa dúvidas e fortalece a fé. Diante de Jesus, Tomé deixa de lado sua incredulidade e professa uma das mais profundas declarações de fé: “Senhor meu, e Deus meu!” (João 20:28). Essa experiência não apenas consolidou a convicção dos discípulos, mas também reacendeu sua esperança no cumprimento das promessas eternas. Assim, a fé e a esperança dos seguidores de Cristo passaram a repousar sobre uma base segura: a realidade da ressurreição e a certeza da glorificação futura dos salvos.

CONCLUSÃO

A ressurreição de Jesus não apenas encerra o relato do Evangelho de João com glória, mas inaugura uma nova era de esperança viva para todos os que creem. A presença do Cristo ressuscitado transformou o medo em coragem, a tristeza em alegria e a dúvida em convicção.

Ao longo desta lição, vimos que o encontro dos discípulos com o Senhor ressurreto reavivou sua fé e os capacitou para a missão que tinham pela frente. Assim também acontece conosco: quando cremos no Cristo vivo, temos a nossa esperança renovada, nossa fé fortalecida e nossa alegria restaurada. Esta é a mensagem central do Evangelho — Jesus venceu a morte e vive para sempre, garantindo aos seus seguidores a vida eterna e a certeza de que, mesmo em meio às dificuldades, não estamos sozinhos.

Com esta Lição, encerramos o estudo do 2º trimestre de 2025 da Escola Bíblica Dominical, cujo tema foi: “E o Verbo se fez carne, baseado no Evangelho de João. Ao longo do trimestre, fomos conduzidos por profundas reflexões acerca da pessoa de Jesus Cristo, o Verbo eterno, que assumiu a natureza humana sem deixar de ser Deus. Ele é distinto do Pai, mas da mesma essência divina; Criador de todas as coisas, Fonte da vida espiritual e da salvação eterna.

O apóstolo João escreveu seu Evangelho com um propósito claro: levar seus leitores a crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, por meio dessa fé, alcançar a vida eterna (João 20:31). Que essa convicção permaneça firme em nossos corações, inspirando-nos a viver com esperança renovada, firmados na verdade de que o Cristo ressuscitado continua presente e ativo em nossas vidas. Amém?

No próximo Trimestre estudaremos sobre o seguinte tema: A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, Comunhão e Fé – Base para o Crescimento da Igreja”.  Até lá, então!

 

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Dicionário VINE.CPAD.

O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.

Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e exaustiva.

Rev. Hernandes Dias Lopes. João, as glórias do Filho de Deus. Hagnos.