1º Trimestre de 2025
SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 08
Texto Base: João
1:43-51; Mateus 26:37,38,42
“Jesus percorria
toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e
curando todo tipo de doenças e enfermidades entre o povo” (Mt.4:23).
João 1:
43.No dia seguinte, quis
Jesus ir à Galileia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me.
44.E Filipe era de
Betsaida, cidade de André e de Pedro.
45.Filipe achou Natanael
e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na Lei
e de quem escreveram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.
46.Disse-lhe Natanael:
Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem e vê.
47.Jesus viu Natanael vir
ter com ele e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há
dolo.
48.Disse-lhe Natanael: De
onde me conheces tu? Jesus respondeu e disse-lhe: Antes que Filipe te
chamasse, te vi eu estando tu debaixo da figueira.
49.Natanael respondeu e
disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.
50.Jesus respondeu e
disse-lhe: Porque te disse: vi-te debaixo da figueira,
crês? Coisas maiores do que estas verás.
51.E disse-lhe: Na
verdade, na verdade vos digo que, daqui em diante, vereis o céu aberto e
os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do Homem.
Mateus 26:
37.E, levando consigo
Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se
muito.
38.Então, lhes
disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e
vigiai comigo.
42.E, indo segunda vez,
orou, dizendo: Meu Pai, se este cálice não pode passar de mim sem eu o
beber, faça-se a tua vontade.
Nesta Lição, exploraremos como Jesus Cristo, sendo
plenamente Deus, também experimentou a condição humana em toda a sua
profundidade e complexidade. Ele cresceu em Nazaré, interagiu socialmente,
trabalhou, participou de festividades, enfrentou desafios e teve uma vida
religiosa dentro da tradição judaica. A humanidade de Jesus não foi apenas uma
aparência; Ele experimentou fome, sede, cansaço, tristeza e até a dor da morte.
Essa realidade reforça a verdade bíblica de que Cristo se tornou plenamente
humano sem deixar de ser Deus (João 1:14; Hb.4:15). Assim, ao entender essa
experiência, somos conduzidos a uma maior apreciação do amor de Deus e da
identificação de Jesus com nossas lutas e limitações.
I. A EXPERIÊNCIA HUMANA NO MINISTÉRIO DE JESUS
1. Os debates com as autoridades religiosas
“Os principais opositores de Jesus foram os
fariseus, os saduceus e os herodianos. Esses debates revelam o ensino de Jesus
sobre a ética, os princípios morais e as responsabilidades que temos” (LBM).
a) Os fariseus. Representavam uma facção do judaísmo profundamente
zelosa pelas tradições orais que, muitas vezes, sobrepunham às Escrituras.
Apesar de sua devoção religiosa, Jesus frequentemente os criticava por sua
hipocrisia e pelo legalismo que obscurecia o verdadeiro propósito da Lei (Mt.23:23-28).
Eles acreditavam na ressurreição e em anjos, mas colocavam tradições humanas
como critérios de autoridade (Mt.15:6). A oposição de Jesus a esses líderes
enfatizava a necessidade de uma fé centrada em Deus e não em aparências
religiosas (Lc.18:9-14). Paulo, antes de sua conversão, foi um dos fariseus
mais fervorosos, reconhecendo posteriormente como essas práticas estavam longe
da essência do Evangelho (Fp.3:5,6).
b) Os saduceus. A
origem do termo "saduceus" deriva do nome próprio hebraico "Tsadoq", que significa
"justo" ou "reto". Esse nome está associado a Zadoque, um
sacerdote importante que serviu durante o reinado do rei Davi e Salomão (1Reis
1:39; 2Samuel 8:17). Zadoque tornou-se o ancestral de uma linhagem de
sacerdotes que continuaram a exercer funções no Templo de Jerusalém.
Os saduceus, enquanto grupo, possivelmente
reivindicavam descendência ou associação com essa linhagem sacerdotal, mantendo
influência significativa sobre o Templo e os rituais sacrificiais. No período
do Segundo Templo, eles formaram uma elite aristocrática e política, geralmente
composta de sacerdotes e membros da alta sociedade judaica. O nome grego correspondente,
"Saddukaioi", usado no Novo Testamento, também se relaciona a essa
origem, refletindo uma transliteração da raiz hebraica ou aramaica.
Os saduceus, influentes na aristocracia sacerdotal,
rejeitavam doutrinas fundamentais como a ressurreição dos mortos e a existência
de seres espirituais (Atos 23:8). Seu apego aos primeiros cinco livros da
Bíblia (Pentateuco) e a rejeição do restante do Antigo Testamento refletia uma
visão limitada e materialista da fé. Jesus enfrentou suas crenças diretamente
ao defender a ressurreição com base no Pentateuco (Mt.22:23-32), mostrando como
até mesmo os textos que eles aceitavam afirmavam a continuidade da vida após a
morte.
c) Os herodianos. Eram um grupo mais político do que religioso,
alinhados à dinastia de Herodes e defensores do domínio romano. Eles viam em
Jesus uma ameaça à estabilidade política, temendo que Seu ensino popular
pudesse perturbar o status quo. Sua união com os fariseus contra Jesus mostra a
profundidade da oposição a Ele, mesmo entre grupos ideologicamente divergentes
(Mc.3:6). No debate sobre os tributos, Jesus desmascarou a hipocrisia desses
grupos ao afirmar: "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de
Deus" (Mc.12:17), revelando a superficialidade de suas armadilhas
políticas e espirituais.
Os debates de Jesus com esses três grupos demonstram
sua autoridade, sabedoria e capacidade de expor os erros tanto do legalismo
religioso quanto da ambição política. Mais do que enfrentar seus opositores,
Jesus revelou verdades eternas, desafiando seus ouvintes a irem além das
aparências religiosas e políticas para viverem uma fé genuína e transformadora.
2. A vida social e religiosa de Jesus
A vida social e religiosa de Jesus Cristo reflete
plenamente sua humanidade e o modo como ele interagiu ativamente com o contexto
de seu tempo, independentemente de diferenças culturais, espirituais ou
sociais.
a) Vida social de Jesus
Jesus viveu intensamente em comunidade. A escolha de
discípulos como Filipe, André, Pedro e Natanael ocorreu em um ambiente de convivência,
mostrando que suas relações começavam em círculos sociais de amizade e
proximidade (João 1:43-46). Além disso, os Evangelhos relatam sua interação com
parentes e amigos desde a infância, como Zacarias e Isabel, que aparecem nos
relatos de Lucas (capítulos 1 e 2). João e Tiago, filhos de Zebedeu, eram
primos de Jesus por parte de Salomé, irmã de Maria (João 19:25). Esse vínculo
familiar reforça a conexão de Jesus com sua comunidade local.
Sua interação não era limitada a grupos específicos:
Jesus era conhecido por estar com publicanos e pecadores (Mateus 9:10,11),
fariseus, e pessoas marginalizadas, como a mulher pecadora (Lucas 7:37-39) e a
samaritana junto ao poço (João 4:9-15). Sua inclusão social ultrapassava
barreiras religiosas, culturais e de status, enfatizando sua missão de alcançar
todos.
b)) Vida religiosa de
Jesus
Jesus foi profundamente enraizado no judaísmo,
respeitando e cumprindo suas tradições. Lucas descreve Jesus participando de
festividades e da vida no Templo desde a infância, mostrando que ele crescia
"em sabedoria e estatura, e em graça para com Deus e os homens" (Lc.2:40,52).
Sua religiosidade era demonstrada em práticas como a frequência às sinagogas
(Lc.4:16), a observância da Páscoa (Lc.2:41,42) e o envolvimento em debates
sobre a Lei com líderes religiosos.
Esses aspectos da vida de Jesus mostram que Ele,
sendo plenamente humano, experimentou as dinâmicas das relações humanas e
religiosas. Ele valorizou a interação em comunidade e demonstrou empatia e
inclusão, enquanto vivia de maneira irrepreensível no cumprimento das tradições
judaicas, mostrando que a fé verdadeira se manifesta em compaixão e santidade.
3. Características
próprias do ser humano
A humanidade de Jesus é
um aspecto fundamental de sua encarnação, demonstrada por características
próprias de um ser humano, sem, contudo, comprometer sua perfeição moral e
espiritual. O estudo dessas características oferece uma visão mais profunda
sobre como Jesus experimentou a vida terrena e identificou-se plenamente com a
condição humana.
a) Nascido de mulher
Jesus nasceu de forma
comum, por meio de Maria, embora sua concepção tenha sido milagrosa, realizada
pelo Espírito Santo (Lc.1:35). Seu nascimento em Belém (Lc.2:6,7) revela tanto
sua humanidade como a humildade de sua missão, pois foi trazido ao mundo em
circunstâncias simples e comuns.
b) Sentimentos e limitações humanas
Jesus demonstrou emoções
humanas, como tristeza e angústia. Ele chorou (Lc.19:41; João 11:35), sentiu
medo e sofrimento (Mt.26:37; Hb.5:7,8). Além disso, experimentou cansaço
físico, fome e sede, indicando sua identificação com as fragilidades humanas
(Mt.8:24; João 4:6; 19:28). Sua dependência da oração e do Espírito Santo (Lc.4:1,14;
5:16) sublinha seu estado humano e seu exemplo de total submissão à vontade de
Deus.
Morte e Ressurreição
O sofrimento culminou na
cruz, onde ele experimentou a morte física (1Co.15:3). Entretanto, sua
ressurreição ao terceiro dia diferencia-o de qualquer outro ser humano,
mostrando que, embora plenamente homem, ele era também plenamente Deus, com
poder sobre a morte.
Impecabilidade
Mesmo em sua humanidade,
Jesus viveu sem pecado (João 8:46; Hebreus 4:15). Ele experimentou todas as
fraquezas humanas, mas sem cair em fraquezas morais ou espirituais. Isso faz
dele o modelo perfeito de obediência e santidade.
Ao assumir a humanidade,
Jesus revelou que compreende nossas dores e limitações, tornando-se o mediador
perfeito entre Deus e os homens (1Tm.2:5). Seu exemplo nos encoraja a buscar
dependência no Espírito Santo e em oração, assim como ele fez. Além disso, sua
impecabilidade inspira a santidade e a confiança em sua capacidade de salvar
completamente.
II. HERESIAS QUE NEGAM
A HUMANIDADE DE JESUS
1. Apolinarismo
O Apolinarismo é
uma heresia cristológica que surgiu no século IV e representa uma tentativa de
explicar a encarnação de Cristo, mas de forma que compromete a plena humanidade
de Jesus. O ponto central da doutrina de Apolinário, bispo de Laodiceia, é a
negação de que Jesus possuísse um espírito humano (ou "pneuma"). Ele
argumentava que o Verbo divino (João 1:1,14) assumiu diretamente a função do
"pneuma" em Cristo, substituindo a parte racional de sua natureza
humana.
Na visão de Apolinário, o
ser humano é composto de três elementos:
Ø Sōma (corpo ou carne) – a parte física.
Ø Psychē (alma animal) – a sede dos instintos, emoções e desejos.
Ø Pneuma (espírito ou alma racional) – a parte intelectual e moral,
responsável pela razão e espiritualidade.
Apolinário acreditava que
Jesus possuía um corpo humano (sōma) e uma alma animal (psychē), mas não um
espírito humano (pneuma). Ele afirmava que o "pneuma" humano era
substituído pelo Logos (a Palavra divina), o que, em sua perspectiva, tornava
Jesus completamente imune ao pecado.
Embora essa teoria
tentasse proteger a divindade de Cristo e sua impecabilidade, ela acabava
comprometendo sua plena humanidade.
a) Desconexão com a humanidade. Se Jesus não tivesse um espírito humano, Ele não
poderia ser plenamente humano. Isso invalidaria sua capacidade de redimir toda
a humanidade, uma vez que, conforme Hebreus 2:17, "era necessário que em
tudo fosse semelhante aos irmãos".
b) Redenção incompleta. A salvação é completa porque Jesus assumiu
plenamente a natureza humana (1Tm.2:5). Negar o "pneuma" humano de
Cristo implicaria que Ele não experimentou a totalidade da condição humana.
c) Distanciamento da doutrina bíblica. Textos como Lucas 2:52, que afirmam que Jesus
"crescia em sabedoria", apontam para o desenvolvimento de uma mente
humana, o que é incompatível com a substituição de sua alma racional pelo
Logos.
Condenação e refutação
O Apolinarismo foi
considerado herético pelos Concílios de Constantinopla (em 381 d.C.) e
Calcedônia (em 451 d.C.). Esses concílios reafirmaram que Jesus era verdadeiro
Deus e verdadeiro homem, possuindo duas naturezas completas – uma divina e
outra humana – unidas de forma indivisível e inconfundível.
A plena humanidade de
Jesus é essencial para nossa salvação. Ele não apenas assumiu a carne humana,
mas experimentou a totalidade de nossa condição, exceto o pecado (Hb.4:15).
Assim, Ele é capaz de ser nosso sumo sacerdote e mediador, identificando-se
plenamente conosco em nossas fraquezas.
2. Reação da Igreja
A plena humanidade de
Jesus é uma doutrina essencial para a fé cristã e está solidamente fundamentada
no Novo Testamento. Diversos textos bíblicos atestam que Jesus possuía um corpo
físico verdadeiro, como demonstrado em Lucas
24:36-40 e João 2:21, que
descrevem sua ressurreição corporal, bem como em Hebreus 10:10, que fala sobre a oferta de seu corpo para nossa
redenção. Além disso, Jesus também tinha uma alma e um espírito, evidenciados
em passagens como Mateus 26:38
(“Minha alma está profundamente triste até à morte”) e Lucas 23:46 (“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”).
Esses textos não apenas
confirmam a humanidade integral de Cristo, mas também destacam a diferença
fundamental entre Ele e a humanidade pecaminosa: sua impecabilidade. Segundo Hebreus 2:14,17 (NTLH), Jesus
participou da mesma natureza que nós para nos redimir, sendo semelhante a nós
em tudo, exceto no pecado (Hebreus 4:15).
O Apolinarismo, ao negar
que Jesus tinha um espírito humano, foi considerado uma afronta à doutrina da
plena humanidade de Cristo. A Igreja reagiu de forma decisiva contra essa
heresia, que implicava na insuficiência da encarnação e da obra salvífica de
Cristo. Essa posição foi formalmente rejeitada no Concílio de Constantinopla
(381 d.C.) e reafirmada no Concílio de Calcedônia (451 d.C.), que definiu que
Cristo possuía duas naturezas completas – divina e humana – unidas de maneira
indivisível, sem confusão ou separação.
A plena humanidade de
Jesus é indispensável para que Ele seja o nosso perfeito mediador (1Timóteo 2:5) e sumo sacerdote, capaz
de compreender nossas fraquezas e interceder por nós (Hebreus 4:15). Negar qualquer aspecto dessa humanidade
comprometeria a eficácia da redenção, pois apenas alguém plenamente humano
poderia sofrer e morrer em nosso lugar.
A condenação do
Apolinarismo pela Igreja reforçou o compromisso com a fidelidade às Escrituras,
protegendo a doutrina cristológica contra interpretações que distorcessem a
verdade sobre a pessoa de Jesus. Isso nos lembra a importância de estudar a
Palavra e zelar pela sã doutrina para evitar erros teológicos que possam
comprometer a fé.
3. Monotelismo
O Monotelismo é uma
heresia cristológica desenvolvida pelo patriarca Sérgio de Constantinopla no
século VII, que propunha que em Jesus existia apenas uma única vontade (monos
thelema), alinhada à sua pessoa divina. Esse ensino buscava conciliar a
teologia monofisita, que afirmava uma única natureza em Cristo, com a ortodoxia
do Concílio de Calcedônia (451 d.C.), que sustentava a coexistência das duas
naturezas — divina e humana — na pessoa de Jesus, de forma indivisível, porém
distinta.
A doutrina do Monotelismo
foi considerada uma ameaça porque implicava na negação da plena humanidade de
Cristo. Se Jesus possuísse apenas uma vontade divina, Ele não poderia ser
plenamente humano, uma vez que a vontade é um atributo essencial à natureza
humana. O Novo Testamento evidencia a existência de duas vontades em Cristo,
como demonstrado em Marcos 14:36:
“Não seja o que eu quero, mas o que tu queres”, em referência à submissão de
sua vontade humana à divina.
Sofrônio, patriarca de Jerusalém, em 613, foi uma figura central na oposição
ao Monotelismo. Ele argumentou que Jesus tinha duas vontades distintas, humana
e divina, sendo a vontade humana plenamente submissa à divina. Essa submissão
não implica conflito, mas reflete a perfeita harmonia entre as duas naturezas
de Cristo.
O Monotelismo foi
formalmente rejeitado no Terceiro Concílio de Constantinopla (681 d.C.), que
declarou que Cristo possuía duas vontades (dyotheletismo), conforme suas
duas naturezas:
ü A vontade divina — que reflete a essência de sua divindade.
ü A vontade humana — essencial à sua humanidade, perfeitamente submissa à
divina, mas distinta.
O concílio reafirmou que
negar a vontade humana de Cristo seria comprometer a realidade de sua
encarnação e a completude de sua obra redentora. Apenas um Cristo plenamente
humano poderia obedecer em nosso lugar e oferecer-se como sacrifício perfeito.
As ações de Jesus — como
comer, beber e interagir com pessoas — são manifestações de sua natureza
humana, enquanto atos como perdoar pecados (Lc.5:20-22) refletem sua natureza divina. Ambas as naturezas
operam em plena unidade e sem confusão, cada uma conforme sua propriedade.
A rejeição do Monotelismo
foi essencial para preservar a doutrina bíblica sobre a pessoa de Cristo, como
mediador perfeito entre Deus e os homens (1Tm.2:5). Esse episódio histórico demonstra a importância de
salvaguardar a plena humanidade e divindade de Jesus, um fundamento central da
fé cristã.
III. COMO ESSAS
HERESIAS SE APRESENTAM NOS DIAS ATUAIS
1. Quais países Jesus
visitou quando esteve entre nós?
Conforme os Evangelhos
apontam, Jesus esteve em três locais principais durante sua vida terrena:
a)
Egito. Após o nascimento de Jesus, José e Maria fugiram
para o Egito para proteger o menino do massacre dos inocentes decretado por
Herodes (Mt.2:14,15). Esta
viagem cumpre a profecia de Oseias: "Do Egito chamei o meu Filho" (Oséias 11:1).
b)
Israel. Este foi o centro de toda a vida e ministério de
Jesus, abrangendo sua infância em Nazaré, suas viagens por cidades como
Cafarnaum, Jericó, e Jerusalém, e sua crucificação e ressurreição na capital.
c)
Fenícia
(atual Líbano). Durante o ministério de
Jesus, os Evangelhos mencionam sua visita à região de Tiro e Sidom, onde Ele
interagiu com uma mulher siro-fenícia (Mc.7:24-30).
Críticas a fábulas contemporâneas
Enquanto essas
localidades têm base sólida nos relatos bíblicos, surgiram fábulas e
especulações sobre supostas viagens de Jesus a outras regiões, como a Índia ou
os Estados Unidos, muitas vezes associadas a grupos como o Movimento Nova Era
ou os Mórmons. Estas teorias carecem de fundamentos históricos ou bíblicos e
estão em contradição com o que os Evangelhos apresentam sobre a vida e os
propósitos de Cristo.
Os Evangelhos enfatizam
que Jesus não era estranho ao contexto social e religioso de sua época. Ele era
bem conhecido em sua comunidade como o "filho do carpinteiro" (Mt.13:55-57) e foi identificado como o
Messias prometido no contexto das Escrituras de Israel (João 7:41,42). Não há qualquer evidência nos textos bíblicos ou
históricos para sustentar narrativas que colocam Jesus fora dessas regiões.
A rejeição de fábulas é
uma exortação bíblica clara. O apóstolo Paulo adverte contra os mitos que
distorcem a verdade da fé, incentivando os cristãos a manterem-se firmes na
Palavra de Deus (1Tm.4:7).
Narrativas que colocam Jesus em contextos não bíblicos comprometem a mensagem
de sua encarnação e ministério redentor.
2. Jesus era visto como
alguém da comunidade.
A percepção de Jesus como
alguém natural da comunidade judaica é central na narrativa dos Evangelhos. Ele
era identificado por sua família, profissão e relação com os habitantes de sua
região. Marcos 6:2,3 registra o
espanto de seus conterrâneos na sinagoga de Nazaré, que reconheciam nele o
“carpinteiro, filho de Maria”, com irmãos e irmãs conhecidos por todos. Essa
reação demonstra que Jesus era completamente inserido no contexto social e
cultural do povo judeu.
Lucas
4:22-24 reforça essa visão,
mostrando que, ao pregar na sinagoga, as pessoas se admiravam de suas palavras,
mas também se questionavam: "Não é este o filho de José?". Essa
indagação confirma que Jesus era visto como parte da comunidade, sem qualquer
indício de ser estrangeiro ou proveniente de outra cultura.
A crítica às invenções
esotéricas, como as que afirmam que Jesus teria vivido na Índia ou assimilado
práticas culturais de fora do contexto judaico, baseia-se na total ausência de
evidências nos Evangelhos e na contradição com o que é narrado. Toda a vida,
ensinamento e ministério de Jesus estão profundamente enraizados no judaísmo,
desde sua participação nas festas religiosas (como a Páscoa, em João 2:13) até suas frequentes
referências às Escrituras Hebraicas.
A indignação do povo de
Nazaré ao ouvir Jesus ensinando reflete seu preconceito contra alguém de sua
própria comunidade que agora falava com autoridade profética. Isso não seria
compatível com a ideia de um "forasteiro" ou alguém com uma cultura
completamente diferente, como sugerem as teorias esotéricas.
Em suma, a narrativa
evangélica é clara e consistente: Jesus era plenamente identificado com a
comunidade judaica de seu tempo, o que contraria as especulações esotéricas que
o dissociam desse contexto. Esses mitos devem ser rejeitados, conforme a
orientação bíblica de evitar fábulas e aderir à verdade revelada na Escritura (1Tm.4:7).
CONCLUSÃO
Compreendemos nesta Lição
que Jesus viveu plenamente a condição humana, experimentando a vida social,
interagindo com pessoas de diversas origens e culturas, e vivendo uma vida
religiosa coerente com o contexto judaico de sua época. Ele se desenvolveu em
sabedoria, estatura e graça, conforme relatado nos Evangelhos, e enfrentou as
limitações, necessidades e emoções humanas, sem jamais se apartar da vontade do
Pai.
Estudamos também as
características próprias do ser humano que estavam presentes em Jesus, como sua
dependência de oração, as experiências de sofrimento e alegria, fome, cansaço,
e, por fim, sua morte real. Entretanto, Ele se distinguiu de todos nós em sua
impecabilidade e em sua vitória sobre a morte, ressuscitando ao terceiro dia.
A análise das heresias
que tentam negar a humanidade de Jesus, como o Apolinarismo, o Monotelismo e os
mitos esotéricos modernos, reforça a importância de afirmarmos a doutrina
bíblica de que Jesus é plenamente Deus e plenamente homem. Essa verdade é
essencial para a nossa fé, pois é somente como verdadeiro homem que Ele pôde se
identificar conosco e morrer em nosso lugar, e como verdadeiro Deus que pôde
vencer a morte e nos conceder a vida eterna.
Portanto, ao estudarmos a
humanidade de Jesus, somos chamados a viver confiando no Senhor que conhece
nossas dores e fraquezas, mas que também é poderoso para nos socorrer e
sustentar em toda e qualquer circunstância. Que possamos, assim, seguir o
exemplo de Cristo em nossas vidas, refletindo sua graça e verdade em nosso
caminhar diário.
Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências
Bibliográficas:
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de estudo – Aplicação Pessoal.
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de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
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