domingo, 16 de fevereiro de 2025

JESUS VIVEU A EXPERIÊNCIA HUMANA

         1º Trimestre de 2025

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 08

Texto Base: João 1:43-51; Mateus 26:37,38,42

Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando todo tipo de doenças e enfermidades entre o povo” (Mt.4:23).

João 1:

43.No dia seguinte, quis Jesus ir à Galileia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me.

44.E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.

45.Filipe achou Natanael e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na Lei e de quem escreveram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.

46.Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem e vê.

47.Jesus viu Natanael vir ter com ele e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.

48.Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu estando tu debaixo da figueira.

49.Natanael respondeu e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.

50.Jesus respondeu e disse-lhe: Porque te disse: vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás.

51.E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que, daqui em diante, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do Homem.

Mateus 26:

37.E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.

38.Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.

42.E, indo segunda vez, orou, dizendo: Meu Pai, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade.

INTRODUÇÃO

Nesta Lição, exploraremos como Jesus Cristo, sendo plenamente Deus, também experimentou a condição humana em toda a sua profundidade e complexidade. Ele cresceu em Nazaré, interagiu socialmente, trabalhou, participou de festividades, enfrentou desafios e teve uma vida religiosa dentro da tradição judaica. A humanidade de Jesus não foi apenas uma aparência; Ele experimentou fome, sede, cansaço, tristeza e até a dor da morte. Essa realidade reforça a verdade bíblica de que Cristo se tornou plenamente humano sem deixar de ser Deus (João 1:14; Hb.4:15). Assim, ao entender essa experiência, somos conduzidos a uma maior apreciação do amor de Deus e da identificação de Jesus com nossas lutas e limitações.

I. A EXPERIÊNCIA HUMANA NO MINISTÉRIO DE JESUS

1. Os debates com as autoridades religiosas

“Os principais opositores de Jesus foram os fariseus, os saduceus e os herodianos. Esses debates revelam o ensino de Jesus sobre a ética, os princípios morais e as responsabilidades que temos” (LBM).

a) Os fariseus. Representavam uma facção do judaísmo profundamente zelosa pelas tradições orais que, muitas vezes, sobrepunham às Escrituras. Apesar de sua devoção religiosa, Jesus frequentemente os criticava por sua hipocrisia e pelo legalismo que obscurecia o verdadeiro propósito da Lei (Mt.23:23-28). Eles acreditavam na ressurreição e em anjos, mas colocavam tradições humanas como critérios de autoridade (Mt.15:6). A oposição de Jesus a esses líderes enfatizava a necessidade de uma fé centrada em Deus e não em aparências religiosas (Lc.18:9-14). Paulo, antes de sua conversão, foi um dos fariseus mais fervorosos, reconhecendo posteriormente como essas práticas estavam longe da essência do Evangelho (Fp.3:5,6).

b) Os saduceus. A origem do termo "saduceus" deriva do nome próprio hebraico "Tsadoq", que significa "justo" ou "reto". Esse nome está associado a Zadoque, um sacerdote importante que serviu durante o reinado do rei Davi e Salomão (1Reis 1:39; 2Samuel 8:17). Zadoque tornou-se o ancestral de uma linhagem de sacerdotes que continuaram a exercer funções no Templo de Jerusalém.

Os saduceus, enquanto grupo, possivelmente reivindicavam descendência ou associação com essa linhagem sacerdotal, mantendo influência significativa sobre o Templo e os rituais sacrificiais. No período do Segundo Templo, eles formaram uma elite aristocrática e política, geralmente composta de sacerdotes e membros da alta sociedade judaica. O nome grego correspondente, "Saddukaioi", usado no Novo Testamento, também se relaciona a essa origem, refletindo uma transliteração da raiz hebraica ou aramaica.

Os saduceus, influentes na aristocracia sacerdotal, rejeitavam doutrinas fundamentais como a ressurreição dos mortos e a existência de seres espirituais (Atos 23:8). Seu apego aos primeiros cinco livros da Bíblia (Pentateuco) e a rejeição do restante do Antigo Testamento refletia uma visão limitada e materialista da fé. Jesus enfrentou suas crenças diretamente ao defender a ressurreição com base no Pentateuco (Mt.22:23-32), mostrando como até mesmo os textos que eles aceitavam afirmavam a continuidade da vida após a morte.

c) Os herodianos. Eram um grupo mais político do que religioso, alinhados à dinastia de Herodes e defensores do domínio romano. Eles viam em Jesus uma ameaça à estabilidade política, temendo que Seu ensino popular pudesse perturbar o status quo. Sua união com os fariseus contra Jesus mostra a profundidade da oposição a Ele, mesmo entre grupos ideologicamente divergentes (Mc.3:6). No debate sobre os tributos, Jesus desmascarou a hipocrisia desses grupos ao afirmar: "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Mc.12:17), revelando a superficialidade de suas armadilhas políticas e espirituais.

Os debates de Jesus com esses três grupos demonstram sua autoridade, sabedoria e capacidade de expor os erros tanto do legalismo religioso quanto da ambição política. Mais do que enfrentar seus opositores, Jesus revelou verdades eternas, desafiando seus ouvintes a irem além das aparências religiosas e políticas para viverem uma fé genuína e transformadora.

2. A vida social e religiosa de Jesus

A vida social e religiosa de Jesus Cristo reflete plenamente sua humanidade e o modo como ele interagiu ativamente com o contexto de seu tempo, independentemente de diferenças culturais, espirituais ou sociais.

a) Vida social de Jesus

Jesus viveu intensamente em comunidade. A escolha de discípulos como Filipe, André, Pedro e Natanael ocorreu em um ambiente de convivência, mostrando que suas relações começavam em círculos sociais de amizade e proximidade (João 1:43-46). Além disso, os Evangelhos relatam sua interação com parentes e amigos desde a infância, como Zacarias e Isabel, que aparecem nos relatos de Lucas (capítulos 1 e 2). João e Tiago, filhos de Zebedeu, eram primos de Jesus por parte de Salomé, irmã de Maria (João 19:25). Esse vínculo familiar reforça a conexão de Jesus com sua comunidade local.

Sua interação não era limitada a grupos específicos: Jesus era conhecido por estar com publicanos e pecadores (Mateus 9:10,11), fariseus, e pessoas marginalizadas, como a mulher pecadora (Lucas 7:37-39) e a samaritana junto ao poço (João 4:9-15). Sua inclusão social ultrapassava barreiras religiosas, culturais e de status, enfatizando sua missão de alcançar todos.

b)) Vida religiosa de Jesus

Jesus foi profundamente enraizado no judaísmo, respeitando e cumprindo suas tradições. Lucas descreve Jesus participando de festividades e da vida no Templo desde a infância, mostrando que ele crescia "em sabedoria e estatura, e em graça para com Deus e os homens" (Lc.2:40,52). Sua religiosidade era demonstrada em práticas como a frequência às sinagogas (Lc.4:16), a observância da Páscoa (Lc.2:41,42) e o envolvimento em debates sobre a Lei com líderes religiosos.

Esses aspectos da vida de Jesus mostram que Ele, sendo plenamente humano, experimentou as dinâmicas das relações humanas e religiosas. Ele valorizou a interação em comunidade e demonstrou empatia e inclusão, enquanto vivia de maneira irrepreensível no cumprimento das tradições judaicas, mostrando que a fé verdadeira se manifesta em compaixão e santidade.

3. Características próprias do ser humano

A humanidade de Jesus é um aspecto fundamental de sua encarnação, demonstrada por características próprias de um ser humano, sem, contudo, comprometer sua perfeição moral e espiritual. O estudo dessas características oferece uma visão mais profunda sobre como Jesus experimentou a vida terrena e identificou-se plenamente com a condição humana.

a) Nascido de mulher

Jesus nasceu de forma comum, por meio de Maria, embora sua concepção tenha sido milagrosa, realizada pelo Espírito Santo (Lc.1:35). Seu nascimento em Belém (Lc.2:6,7) revela tanto sua humanidade como a humildade de sua missão, pois foi trazido ao mundo em circunstâncias simples e comuns.

b) Sentimentos e limitações humanas

Jesus demonstrou emoções humanas, como tristeza e angústia. Ele chorou (Lc.19:41; João 11:35), sentiu medo e sofrimento (Mt.26:37; Hb.5:7,8). Além disso, experimentou cansaço físico, fome e sede, indicando sua identificação com as fragilidades humanas (Mt.8:24; João 4:6; 19:28). Sua dependência da oração e do Espírito Santo (Lc.4:1,14; 5:16) sublinha seu estado humano e seu exemplo de total submissão à vontade de Deus.

Morte e Ressurreição

O sofrimento culminou na cruz, onde ele experimentou a morte física (1Co.15:3). Entretanto, sua ressurreição ao terceiro dia diferencia-o de qualquer outro ser humano, mostrando que, embora plenamente homem, ele era também plenamente Deus, com poder sobre a morte.

Impecabilidade

Mesmo em sua humanidade, Jesus viveu sem pecado (João 8:46; Hebreus 4:15). Ele experimentou todas as fraquezas humanas, mas sem cair em fraquezas morais ou espirituais. Isso faz dele o modelo perfeito de obediência e santidade.

Ao assumir a humanidade, Jesus revelou que compreende nossas dores e limitações, tornando-se o mediador perfeito entre Deus e os homens (1Tm.2:5). Seu exemplo nos encoraja a buscar dependência no Espírito Santo e em oração, assim como ele fez. Além disso, sua impecabilidade inspira a santidade e a confiança em sua capacidade de salvar completamente.

II. HERESIAS QUE NEGAM A HUMANIDADE DE JESUS

1. Apolinarismo

O Apolinarismo é uma heresia cristológica que surgiu no século IV e representa uma tentativa de explicar a encarnação de Cristo, mas de forma que compromete a plena humanidade de Jesus. O ponto central da doutrina de Apolinário, bispo de Laodiceia, é a negação de que Jesus possuísse um espírito humano (ou "pneuma"). Ele argumentava que o Verbo divino (João 1:1,14) assumiu diretamente a função do "pneuma" em Cristo, substituindo a parte racional de sua natureza humana.

Na visão de Apolinário, o ser humano é composto de três elementos:

Ø  Sōma (corpo ou carne) – a parte física.

Ø  Psychē (alma animal) – a sede dos instintos, emoções e desejos.

Ø  Pneuma (espírito ou alma racional) – a parte intelectual e moral, responsável pela razão e espiritualidade.

Apolinário acreditava que Jesus possuía um corpo humano (sōma) e uma alma animal (psychē), mas não um espírito humano (pneuma). Ele afirmava que o "pneuma" humano era substituído pelo Logos (a Palavra divina), o que, em sua perspectiva, tornava Jesus completamente imune ao pecado.

Embora essa teoria tentasse proteger a divindade de Cristo e sua impecabilidade, ela acabava comprometendo sua plena humanidade.

a)   Desconexão com a humanidade. Se Jesus não tivesse um espírito humano, Ele não poderia ser plenamente humano. Isso invalidaria sua capacidade de redimir toda a humanidade, uma vez que, conforme Hebreus 2:17, "era necessário que em tudo fosse semelhante aos irmãos".

b)   Redenção incompleta. A salvação é completa porque Jesus assumiu plenamente a natureza humana (1Tm.2:5). Negar o "pneuma" humano de Cristo implicaria que Ele não experimentou a totalidade da condição humana.

c)   Distanciamento da doutrina bíblica. Textos como Lucas 2:52, que afirmam que Jesus "crescia em sabedoria", apontam para o desenvolvimento de uma mente humana, o que é incompatível com a substituição de sua alma racional pelo Logos.

Condenação e refutação

O Apolinarismo foi considerado herético pelos Concílios de Constantinopla (em 381 d.C.) e Calcedônia (em 451 d.C.). Esses concílios reafirmaram que Jesus era verdadeiro Deus e verdadeiro homem, possuindo duas naturezas completas – uma divina e outra humana – unidas de forma indivisível e inconfundível.

A plena humanidade de Jesus é essencial para nossa salvação. Ele não apenas assumiu a carne humana, mas experimentou a totalidade de nossa condição, exceto o pecado (Hb.4:15). Assim, Ele é capaz de ser nosso sumo sacerdote e mediador, identificando-se plenamente conosco em nossas fraquezas.

2. Reação da Igreja

A plena humanidade de Jesus é uma doutrina essencial para a fé cristã e está solidamente fundamentada no Novo Testamento. Diversos textos bíblicos atestam que Jesus possuía um corpo físico verdadeiro, como demonstrado em Lucas 24:36-40 e João 2:21, que descrevem sua ressurreição corporal, bem como em Hebreus 10:10, que fala sobre a oferta de seu corpo para nossa redenção. Além disso, Jesus também tinha uma alma e um espírito, evidenciados em passagens como Mateus 26:38 (“Minha alma está profundamente triste até à morte”) e Lucas 23:46 (“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”).

Esses textos não apenas confirmam a humanidade integral de Cristo, mas também destacam a diferença fundamental entre Ele e a humanidade pecaminosa: sua impecabilidade. Segundo Hebreus 2:14,17 (NTLH), Jesus participou da mesma natureza que nós para nos redimir, sendo semelhante a nós em tudo, exceto no pecado (Hebreus 4:15).

O Apolinarismo, ao negar que Jesus tinha um espírito humano, foi considerado uma afronta à doutrina da plena humanidade de Cristo. A Igreja reagiu de forma decisiva contra essa heresia, que implicava na insuficiência da encarnação e da obra salvífica de Cristo. Essa posição foi formalmente rejeitada no Concílio de Constantinopla (381 d.C.) e reafirmada no Concílio de Calcedônia (451 d.C.), que definiu que Cristo possuía duas naturezas completas – divina e humana – unidas de maneira indivisível, sem confusão ou separação.

A plena humanidade de Jesus é indispensável para que Ele seja o nosso perfeito mediador (1Timóteo 2:5) e sumo sacerdote, capaz de compreender nossas fraquezas e interceder por nós (Hebreus 4:15). Negar qualquer aspecto dessa humanidade comprometeria a eficácia da redenção, pois apenas alguém plenamente humano poderia sofrer e morrer em nosso lugar.

A condenação do Apolinarismo pela Igreja reforçou o compromisso com a fidelidade às Escrituras, protegendo a doutrina cristológica contra interpretações que distorcessem a verdade sobre a pessoa de Jesus. Isso nos lembra a importância de estudar a Palavra e zelar pela sã doutrina para evitar erros teológicos que possam comprometer a fé.

3. Monotelismo

O Monotelismo é uma heresia cristológica desenvolvida pelo patriarca Sérgio de Constantinopla no século VII, que propunha que em Jesus existia apenas uma única vontade (monos thelema), alinhada à sua pessoa divina. Esse ensino buscava conciliar a teologia monofisita, que afirmava uma única natureza em Cristo, com a ortodoxia do Concílio de Calcedônia (451 d.C.), que sustentava a coexistência das duas naturezas — divina e humana — na pessoa de Jesus, de forma indivisível, porém distinta.

A doutrina do Monotelismo foi considerada uma ameaça porque implicava na negação da plena humanidade de Cristo. Se Jesus possuísse apenas uma vontade divina, Ele não poderia ser plenamente humano, uma vez que a vontade é um atributo essencial à natureza humana. O Novo Testamento evidencia a existência de duas vontades em Cristo, como demonstrado em Marcos 14:36: “Não seja o que eu quero, mas o que tu queres”, em referência à submissão de sua vontade humana à divina.

Sofrônio, patriarca de Jerusalém, em 613, foi uma figura central na oposição ao Monotelismo. Ele argumentou que Jesus tinha duas vontades distintas, humana e divina, sendo a vontade humana plenamente submissa à divina. Essa submissão não implica conflito, mas reflete a perfeita harmonia entre as duas naturezas de Cristo.

O Monotelismo foi formalmente rejeitado no Terceiro Concílio de Constantinopla (681 d.C.), que declarou que Cristo possuía duas vontades (dyotheletismo), conforme suas duas naturezas:

ü  A vontade divina — que reflete a essência de sua divindade.

ü  A vontade humana — essencial à sua humanidade, perfeitamente submissa à divina, mas distinta.

O concílio reafirmou que negar a vontade humana de Cristo seria comprometer a realidade de sua encarnação e a completude de sua obra redentora. Apenas um Cristo plenamente humano poderia obedecer em nosso lugar e oferecer-se como sacrifício perfeito.

As ações de Jesus — como comer, beber e interagir com pessoas — são manifestações de sua natureza humana, enquanto atos como perdoar pecados (Lc.5:20-22) refletem sua natureza divina. Ambas as naturezas operam em plena unidade e sem confusão, cada uma conforme sua propriedade.

A rejeição do Monotelismo foi essencial para preservar a doutrina bíblica sobre a pessoa de Cristo, como mediador perfeito entre Deus e os homens (1Tm.2:5). Esse episódio histórico demonstra a importância de salvaguardar a plena humanidade e divindade de Jesus, um fundamento central da fé cristã.

III. COMO ESSAS HERESIAS SE APRESENTAM NOS DIAS ATUAIS

1. Quais países Jesus visitou quando esteve entre nós?

Conforme os Evangelhos apontam, Jesus esteve em três locais principais durante sua vida terrena:

a)   Egito. Após o nascimento de Jesus, José e Maria fugiram para o Egito para proteger o menino do massacre dos inocentes decretado por Herodes (Mt.2:14,15). Esta viagem cumpre a profecia de Oseias: "Do Egito chamei o meu Filho" (Oséias 11:1).

b)   Israel. Este foi o centro de toda a vida e ministério de Jesus, abrangendo sua infância em Nazaré, suas viagens por cidades como Cafarnaum, Jericó, e Jerusalém, e sua crucificação e ressurreição na capital.

c)   Fenícia (atual Líbano). Durante o ministério de Jesus, os Evangelhos mencionam sua visita à região de Tiro e Sidom, onde Ele interagiu com uma mulher siro-fenícia (Mc.7:24-30).

Críticas a fábulas contemporâneas

Enquanto essas localidades têm base sólida nos relatos bíblicos, surgiram fábulas e especulações sobre supostas viagens de Jesus a outras regiões, como a Índia ou os Estados Unidos, muitas vezes associadas a grupos como o Movimento Nova Era ou os Mórmons. Estas teorias carecem de fundamentos históricos ou bíblicos e estão em contradição com o que os Evangelhos apresentam sobre a vida e os propósitos de Cristo.

Os Evangelhos enfatizam que Jesus não era estranho ao contexto social e religioso de sua época. Ele era bem conhecido em sua comunidade como o "filho do carpinteiro" (Mt.13:55-57) e foi identificado como o Messias prometido no contexto das Escrituras de Israel (João 7:41,42). Não há qualquer evidência nos textos bíblicos ou históricos para sustentar narrativas que colocam Jesus fora dessas regiões.

A rejeição de fábulas é uma exortação bíblica clara. O apóstolo Paulo adverte contra os mitos que distorcem a verdade da fé, incentivando os cristãos a manterem-se firmes na Palavra de Deus (1Tm.4:7). Narrativas que colocam Jesus em contextos não bíblicos comprometem a mensagem de sua encarnação e ministério redentor.

2. Jesus era visto como alguém da comunidade.

A percepção de Jesus como alguém natural da comunidade judaica é central na narrativa dos Evangelhos. Ele era identificado por sua família, profissão e relação com os habitantes de sua região. Marcos 6:2,3 registra o espanto de seus conterrâneos na sinagoga de Nazaré, que reconheciam nele o “carpinteiro, filho de Maria”, com irmãos e irmãs conhecidos por todos. Essa reação demonstra que Jesus era completamente inserido no contexto social e cultural do povo judeu.

Lucas 4:22-24 reforça essa visão, mostrando que, ao pregar na sinagoga, as pessoas se admiravam de suas palavras, mas também se questionavam: "Não é este o filho de José?". Essa indagação confirma que Jesus era visto como parte da comunidade, sem qualquer indício de ser estrangeiro ou proveniente de outra cultura.

A crítica às invenções esotéricas, como as que afirmam que Jesus teria vivido na Índia ou assimilado práticas culturais de fora do contexto judaico, baseia-se na total ausência de evidências nos Evangelhos e na contradição com o que é narrado. Toda a vida, ensinamento e ministério de Jesus estão profundamente enraizados no judaísmo, desde sua participação nas festas religiosas (como a Páscoa, em João 2:13) até suas frequentes referências às Escrituras Hebraicas.

A indignação do povo de Nazaré ao ouvir Jesus ensinando reflete seu preconceito contra alguém de sua própria comunidade que agora falava com autoridade profética. Isso não seria compatível com a ideia de um "forasteiro" ou alguém com uma cultura completamente diferente, como sugerem as teorias esotéricas.

Em suma, a narrativa evangélica é clara e consistente: Jesus era plenamente identificado com a comunidade judaica de seu tempo, o que contraria as especulações esotéricas que o dissociam desse contexto. Esses mitos devem ser rejeitados, conforme a orientação bíblica de evitar fábulas e aderir à verdade revelada na Escritura (1Tm.4:7).

CONCLUSÃO

Compreendemos nesta Lição que Jesus viveu plenamente a condição humana, experimentando a vida social, interagindo com pessoas de diversas origens e culturas, e vivendo uma vida religiosa coerente com o contexto judaico de sua época. Ele se desenvolveu em sabedoria, estatura e graça, conforme relatado nos Evangelhos, e enfrentou as limitações, necessidades e emoções humanas, sem jamais se apartar da vontade do Pai.

Estudamos também as características próprias do ser humano que estavam presentes em Jesus, como sua dependência de oração, as experiências de sofrimento e alegria, fome, cansaço, e, por fim, sua morte real. Entretanto, Ele se distinguiu de todos nós em sua impecabilidade e em sua vitória sobre a morte, ressuscitando ao terceiro dia.

A análise das heresias que tentam negar a humanidade de Jesus, como o Apolinarismo, o Monotelismo e os mitos esotéricos modernos, reforça a importância de afirmarmos a doutrina bíblica de que Jesus é plenamente Deus e plenamente homem. Essa verdade é essencial para a nossa fé, pois é somente como verdadeiro homem que Ele pôde se identificar conosco e morrer em nosso lugar, e como verdadeiro Deus que pôde vencer a morte e nos conceder a vida eterna.

Portanto, ao estudarmos a humanidade de Jesus, somos chamados a viver confiando no Senhor que conhece nossas dores e fraquezas, mas que também é poderoso para nos socorrer e sustentar em toda e qualquer circunstância. Que possamos, assim, seguir o exemplo de Cristo em nossas vidas, refletindo sua graça e verdade em nosso caminhar diário.

 

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

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Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

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Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

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O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.

Pr. Hernandes Dias Lopes. João.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Mateus.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Hebreus.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Filipenses.

Bíblia de Estudo Apologia Cristã. CPAD.

Pr. Antônio Gilberto. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.

Pr. Raimundo de Oliveira. Seitas e Heresias. CPAD.

Pr. Eurico Bergstén. As Grandes Doutrinas da Bíblia. CPAD.

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Alister McGrath. A Heresia - Teologia e História.

Millard J. Erickson. A Fé Cristã - Uma Teologia Sistemática para o Século XXI.

Dicionário Wycliffe. CPAD.

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