1º Trimestre de 2025
SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 09
Texto Base: João
14:16,17,26; 16:7-14
“Ora, este Senhor é o
Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade’ (2Co.3:17)
João 14:
16.E
eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Consolador, a fim de que esteja
com vocês para sempre:
17.é
o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem
o conhece. Vocês o conhecem, porque ele habita com vocês e estará em vocês.
26.Mas
o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse
ensinará a vocês todas as coisas e fará com que se lembrem de tudo o que eu
lhes disse.
João 16:
7.Mas
eu lhes digo a verdade: é melhor para vocês que eu vá, porque, se eu não for, o
Consolador não virá para vocês; mas, se eu for, eu o enviarei a vocês.
8.Quando
ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo:
9.do
pecado, porque eles não creem em mim;
10.da
justiça, porque vou para o Pai, e vocês não me verão mais;
11.do
juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.
12.Tenho
ainda muito para lhes dizer, mas vocês não o podem suportar agora.
13.Porém,
quando vier o Espírito da verdade, ele os guiará em toda a verdade. Ele não
falará por si mesmo, mas dirá tudo o que ouvir e anunciará a vocês as coisas
que estão para acontecer.
14.Ele
me glorificará, porque vai receber do que é meu e anunciará isso a vocês.
INTRODUÇÃO
O
Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Trindade, igual em essência, poder e
glória ao Pai e ao Filho. Nesta lição, estudaremos sua identidade divina
conforme revelada nas Escrituras Sagradas, destacando suas características
pessoais, atributos e obras. Ele não é uma força impessoal, mas uma Pessoa que
age ativamente na criação, redenção e na vida dos crentes.
Além
de apresentar a natureza e as atividades do Espírito Santo, abordaremos as
heresias históricas que tentaram distorcer seu papel na Trindade e na vida da
Igreja. Essas concepções equivocadas, embora combatidas pelos primeiros
concílios da Igreja, ainda se manifestam de diferentes formas nos dias atuais,
exigindo que defendamos a fé bíblica e ortodoxa.
Por
meio deste estudo, reconheceremos a importância do Espírito Santo em nossa vida
espiritual, compreendendo que Ele é o Consolador prometido por Cristo e o
agente transformador na obra de santificação e capacitação da Igreja.
I. O CONSOLADOR
1. O outro Consolador
(João 14:16)
“E eu pedirei ao Pai,
e ele lhes dará outro Consolador, a fim de que esteja com vocês para
sempre”
O
termo “outro Consolador”, encontrado em João 14:16, é uma expressão
profundamente reveladora sobre a identidade do Espírito Santo. A palavra grega "allos",
usada por Jesus, significa “outro do mesmo tipo, natureza e essência”,
indicando que o Espírito Santo é da mesma substância divina que o próprio
Cristo. Diferente de "heteros", que denotaria algo de natureza
distinta, "allos" reforça a igualdade do Espírito Santo com Cristo em
divindade, poder e missão.
Jesus
preparava os discípulos para sua iminente partida, mas prometeu que não os
deixaria órfãos (João 14:18). O Espírito Santo, chamado aqui de "Paracleto",
significa “Consolador, Ajudador ou Advogado”. Assim como Cristo esteve
pessoalmente presente com os discípulos, o Espírito Santo estaria permanentemente
com eles, exercendo um papel de ajuda, orientação e capacitação.
A frase “outro Consolador” confirma que
o Espírito Santo não é uma força impessoal ou um mero poder, como sugerido por
doutrinas heréticas (por exemplo, as Testemunhas de Jeová). O uso preciso de
“allos” exclui qualquer possibilidade de que o Espírito Santo seja algo
diferente da mesma natureza divina de Cristo.
O Espírito Santo é pessoal, pois possui
atributos próprios de uma pessoa: inteligência (1Co.2:10,11), emoções (Ef.4:30)
e vontade (1Co.12:11).
O
Espírito Santo, sendo "outro Consolador", é equiparado a Cristo em
divindade. Assim como Jesus perdoava pecados, confortava, ensinava e operava
milagres, o Espírito Santo também age com o mesmo poder e autoridade. Sua
presença no crente é contínua e eterna ("para sempre"),
diferentemente da presença física de Cristo, limitada ao tempo e espaço durante
sua encarnação.
Portanto,
João 14:16 afirma claramente que o Espírito Santo é uma Pessoa divina, eterna e
pessoal, enviada para continuar a obra redentora de Cristo e permanecer com os
crentes até a consumação dos séculos.
2. O Paracleto (João
16:7)
“Mas eu lhes digo a
verdade: é melhor para vocês que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não
virá para vocês; mas, se eu for, eu o enviarei a vocês”.
O
texto de João 16:7 é uma das declarações mais significativas de Jesus sobre a
vinda do Espírito Santo, o Paracleto. Esta palavra, que combina pará
(“ao lado”) e kaleo (“chamar”), expressa uma função essencial do
Espírito Santo: Ele é chamado para estar ao lado dos crentes. Sua missão é
atuar como Advogado, Conselheiro, Ajudador e Consolador, sendo um substituto
perfeito da presença física de Cristo.
Jesus
afirma: “É melhor para vocês que eu vá”. Essa afirmação pode parecer inicialmente
contraditória, pois os discípulos naturalmente desejavam a presença física de
Cristo. Contudo, a ida de Jesus ao Pai era necessária para o envio do Espírito
Santo. Ao se assentar à direita do Pai, Cristo inauguraria uma nova era do
Espírito, onde Ele estaria simultaneamente presente em cada crente,
independentemente do tempo e lugar.
O
Paracleto, ou seja, o Espírito Santo, age na vida dos crentes:
- Como Advogado. O Espírito Santo
intercede em favor dos crentes, ajudando-os em suas fraquezas e
apresentando suas necessidades diante do Pai (Romanos 8:26,27). Seu papel
é semelhante ao de um advogado que defende os interesses de seu cliente
com sabedoria e autoridade.
- Como Conselheiro. Ele guia os
crentes em toda a verdade (João 16:13), trazendo discernimento, sabedoria
e revelação espiritual. Através do Espírito, entendemos os mistérios das
Escrituras e tomamos decisões alinhadas com a vontade de Deus.
- Como Ajudador. O Espírito Santo
capacita os crentes para realizarem a obra de Deus, fornecendo dons
espirituais (1Co.12:7-11) e fortalecendo-os nas tribulações.
- Como Consolador. Ele fortalece e
conforta em tempos de dor e sofrimento, dando paz que excede todo
entendimento (Filipenses 4:7).
Jesus
enfatiza que o Espírito Santo é enviado pelo Pai em Seu nome (João 15:26). Isso
significa que a obra do Espírito está totalmente em sintonia com a missão de
Cristo. Ele testifica sobre Jesus, ensinando e lembrando os discípulos de tudo
o que o Senhor havia dito (João 14:26). Assim, o Espírito Santo:
ü Glorifica Cristo. A missão do Espírito
não é independente; Ele aponta para Jesus e torna Sua obra conhecida.
ü Ensina e recorda. O Espírito Santo
ilumina a mente dos crentes para compreenderem a Palavra de Deus e traz à
memória os ensinos de Cristo nos momentos necessários.
O
envio do Paracleto confirma a continuidade do cuidado divino sobre a Igreja. Enquanto
a presença física de Cristo era limitada, o Espírito Santo atua universalmente,
habitando no coração de cada crente (1Co.3:16). Ele é a garantia de que os
crentes nunca estão sozinhos e que possuem um auxílio constante, especialmente
em tempos de tribulação, dúvida ou fraqueza.
Portanto,
o Espírito Santo é essencial na vida cristã. Ele não apenas fortalece e
consola, mas também capacita os crentes a viverem uma vida santa e a cumprirem
a missão de proclamar o Evangelho ao mundo.
3. Seu uso no Novo
Testamento
O
uso do termo "Paracleto" no Novo Testamento, de origem grega (parákletos),
tem um significado profundo e multifacetado. A palavra aparece apenas cinco
vezes no Novo Testamento, sendo utilizada nos escritos joaninos. Ela carrega o
sentido de “alguém chamado para estar ao lado”, atuando, como já dito
anteriormente, como Consolador, Advogado, Intercessor ou Ajudador, dependendo
do contexto.
a) O uso nos Evangelhos e em 1 João
- João 14:16 – “E eu
rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco
para sempre”.
- Jesus
promete o envio do Espírito Santo como “outro Consolador” (gr. allos),
alguém semelhante a Ele em essência e missão, como já foi dito
anteriormente. Isso evidencia a continuidade da obra divina na vida dos
crentes.
- João 14:26 – “Mas o
Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos
ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”.
- Aqui,
o Espírito Santo é claramente identificado como aquele que ensina
e traz à memória as palavras e os ensinamentos de Jesus. Sua obra
é pedagógica e iluminadora.
- João 15:26 – “Quando,
porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito
da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim”.
- O
Espírito Santo é chamado de “Espírito da verdade”, com a missão
específica de dar testemunho de Cristo. Ele atua como revelador da
verdade divina e do caráter redentor de Jesus.
- João 16:7 – “Mas eu vos
digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador
não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei”.
- Jesus
explica a necessidade de Sua partida para que o Espírito Santo viesse.
Como Paracleto, Ele substituiria a presença física de Cristo,
permanecendo para sempre com os crentes e ampliando o alcance da obra
redentora.
- 1João 2:1 – “Filhinhos
meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém
pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”.
- Neste
contexto, Paracleto é atribuído a Jesus Cristo, sendo
traduzido como “Advogado”. Cristo, em sua obra redentora,
intercede diante do Pai em favor dos crentes, defendendo-os contra a
acusação do pecado.
O
uso do termo Paracleto para o Espírito Santo e Jesus Cristo demonstra a unidade
da Trindade na obra de redenção e consolação. Jesus foi o primeiro
“Consolador”, e o Espírito Santo continua essa obra, sendo um Consolador da
mesma natureza.
O
fato de o termo parákletos ser usado apenas nos escritos de João sugere uma
ênfase especial da teologia joanina em apresentar a ação pessoal e íntima do
Espírito Santo e de Cristo na vida dos crentes.
b) Significado para a Igreja
O
uso restrito e específico da palavra Paracleto enfatiza que o Espírito
Santo não é uma força impessoal, mas uma Pessoa da Trindade com atributos
divinos. Ele age ativamente na Igreja como Consolador, Advogado e Ajudador,
revelando Cristo, defendendo os crentes e fortalecendo-os em suas fraquezas. A
continuidade da obra de Cristo, através do Espírito, garante o cumprimento da
missão da Igreja e o consolo do povo de Deus até a volta do Senhor.
II. SUA DEIDADE,
ATRIBUTOS E OBRAS
1. Sua deidade
A
deidade do Espírito Santo é claramente afirmada e demonstrada nas Escrituras
Sagradas. Desde o Antigo até o Novo Testamento, o Espírito Santo é apresentado
como Deus, participando dos atributos e obras que somente Deus possui e
realizando ações que apenas uma Pessoa Divina pode executar.
a) O Espírito Santo como Javé no Antigo
Testamento
No
Antigo Testamento, a divindade do Espírito Santo se evidencia pela alternância
entre os nomes "Senhor" (Javé) e "Espírito do
Senhor". Um exemplo marcante ocorre na vida de Sansão em Juízes 15:14
e Juízes 16:20:
- Juízes 15:14: “O Espírito
do Senhor de tal maneira se apossou dele, que as cordas que estavam nos
seus braços se tornaram como fios de linho queimados ao fogo.”
- Juízes 16:20: Após a traição
de Dalila, lemos: “Sansão não sabia que o Senhor já se havia retirado
dele”.
Aqui,
“Espírito do Senhor” e “Senhor” são utilizados alternadamente, deixando claro
que o Espírito Santo é o próprio Deus. Essa equivalência linguística
entre Deus e o Espírito é uma forte evidência da Sua deidade.
b) Comparações no Antigo e Novo Testamentos
Outra
evidência teológica está na comparação entre Êxodo 17:7 e Hebreus 3:7-9:
- Em Êxodo 17:7,
Deus (Javé) fala com o povo.
- Em Hebreus 3:7-9,
o texto atribui a mesma fala ao Espírito Santo: “Como diz o Espírito
Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o coração”.
Aqui,
o autor de Hebreus identifica o Espírito Santo como Aquele que falou no Antigo
Testamento, provando a Sua divindade e eternidade.
c) A deidade do Espírito Santo no Novo
Testamento
No
Novo Testamento, a divindade do Espírito Santo é evidenciada em várias
passagens; por exemplos:
- Atos 5:3,4 – “Ananias,
por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito
Santo? [...] Não mentiste aos homens, mas a Deus”. Aqui, Pedro afirma
que mentir ao Espírito Santo é mentir a Deus, confirmando a Sua deidade.
- 1Coríntios 3:16 – “Não sabeis
vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”. O texto ensina
que os crentes são templo do Espírito Santo, o que só é possível se Ele
for Deus, pois no Antigo Testamento apenas Deus habitava no templo (1Reis
8:27-30).
- 2Coríntios 3:17,18 – “Ora, o Senhor
é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. O
apóstolo Paulo identifica diretamente o Espírito Santo como Senhor, o
título divino.
A
deidade do Espírito Santo é um pilar fundamental da doutrina da Trindade. Ele é
coigual e coeterno com o Pai e o Filho, participando plenamente da divindade. Sua
presença e obra demonstram que Ele não é uma força impessoal, como alegam
heresias modernas, mas a Terceira Pessoa da Trindade, ativa na criação,
redenção e santificação.
Enfim,
ao longo das Escrituras, o Espírito Santo é revelado como Deus, com atributos e
obras que confirmam Sua divindade. Desde o Antigo até o Novo Testamento, há uma
continuidade clara na revelação de que o Espírito Santo é Javé, o Senhor
Todo-Poderoso. Essa compreensão deve levar os crentes a adorá-Lo, reconhecendo
Sua atuação pessoal e poderosa em suas vidas.
2. Seus Atributos
Os
atributos do Espírito Santo são características intrínsecas que evidenciam a
Sua divindade e igualdade com o Pai e o Filho. Esses atributos são exclusivos
de Deus e estão amplamente confirmados nas Escrituras Sagradas.
a)
Eternidade (Hebreus 9:14). O autor de Hebreus descreve o Espírito Santo
como o “Espírito eterno”, demonstrando que Ele não foi criado, mas é
eterno, existindo antes de todas as coisas.
A
eternidade é uma qualidade que pertence somente a Deus, pois Ele é o princípio
e o fim (Ap.22:13). Sendo eterno, o Espírito Santo está fora do tempo,
compartilhando da mesma natureza divina do Pai e do Filho.
b)
Onisciência (1 Coríntios 2:10,11). O apóstolo Paulo afirma que o Espírito
Santo “sonda todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus”. Ninguém
conhece os pensamentos de Deus, exceto o Seu Espírito.
A
onisciência do Espírito Santo comprova Sua divindade, pois somente Deus conhece
todas as coisas, tanto presentes quanto futuras. Ele revela verdades profundas
e insondáveis aos crentes, capacitando-os a compreender os mistérios divinos
(João 16:13).
c)
Onipresença (Salmos 139:7-10). O salmista declara: “Para onde me
ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?”. Essas
perguntas retóricas ressaltam que o Espírito Santo está presente em todos os
lugares ao mesmo tempo.
A
onipresença é um atributo exclusivo de Deus. O Espírito Santo não está limitado
pelo espaço ou pelas dimensões físicas, estando presente em toda a criação,
sustentando-a e guiando o povo de Deus.
d)
Onipotência (Lucas 1:35). O anjo Gabriel diz a Maria: “Descerá sobre
ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá”. Aqui, o Espírito
Santo realiza o milagre da concepção virginal de Cristo, algo impossível ao
poder humano.
A
onipotência é a capacidade de realizar todas as coisas conforme a vontade
divina. O Espírito Santo, como Deus, opera na criação (Gênesis 1:2), na
ressurreição (Romanos 8:11) e em milagres, evidenciando Sua total autoridade e
poder.
Enfim,
os atributos de Eternidade, Onisciência, Onipresença e Onipotência
demonstram, de forma inquestionável, que o Espírito Santo é Deus. Ele não é uma
força impessoal ou criada, como afirmam algumas heresias modernas, mas a Terceira
Pessoa da Trindade, coigual e coeterno com o Pai e o Filho. Reconhecer e
compreender esses atributos é fundamental para a adoração genuína e o
relacionamento profundo com o Espírito Santo na vida do crente.
3. Suas Obras
As
obras do Espírito Santo descritas na Bíblia são ações divinas que demonstram
Sua natureza como Deus. Essas obras são fundamentais para a vida do crente,
para a Igreja e para a concretização dos propósitos de Deus no mundo.
a) Ele gerou Jesus Cristo (Lucas 1:35)
- A concepção
miraculosa de Jesus no ventre de Maria é atribuída ao Espírito Santo,
conforme o anjo Gabriel anunciou: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e
o poder do Altíssimo te envolverá”. Essa obra comprova o poder criador
do Espírito Santo, agindo em harmonia com o Pai para realizar o nascimento
virginal de Cristo, cumprindo a promessa messiânica (Isaías 7:14).
b) Dá vida eterna (Gálatas 6:8)
- O Espírito Santo
atua diretamente na regeneração e renovação espiritual dos crentes,
conforme descrito em Tito 3:5: “Ele nos salvou mediante o lavar
regenerador e renovador do Espírito Santo”.
- Ao semear vida
eterna nos fiéis, o Espírito Santo revela Sua obra de vida espiritual e
transformação, capacitando os crentes a viverem conforme a vontade de Deus
(João 6:63).
c) Guia o Seu povo
O Espírito Santo é o
Guia fiel e seguro para o povo de Deus:
- “Ensina-me
a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; que o teu bom Espírito me
conduza por terreno plano” (Salmos 143:10).
- Ele
conduz os crentes individualmente (Romanos 8:14) e a Igreja coletivamente
(Atos 13:2), revelando o caminho e fortalecendo o discernimento
espiritual.
d) Chama e estabelecer líderes na Igreja (Atos
20:28)
- Paulo afirma que
o Espírito Santo estabeleceu os líderes na Igreja: “Cuidem do
rebanho... sobre o qual o Espírito Santo os constituiu bispos”. Aqui,
o Espírito Santo exerce autoridade divina sobre a Igreja, direcionando
suas ações e capacitando líderes para a edificação do Corpo de Cristo.
e) Santificador dos fiéis
- O processo de santificação
é operado pelo Espírito Santo (Romanos 15:16; 1Pedro 1:2). Ele transforma
os crentes à imagem de Cristo, trabalhando em suas vidas para purificá-los
e separá-los para o serviço santo.
- Sua santificação
é contínua e progressiva, evidenciada pela produção do Fruto do Espírito (Gálatas
5:22,23).
f) Habita nos crentes
- O Espírito Santo
habita permanentemente nos salvos, conforme Jesus prometeu: “O Espírito
da verdade... habita convosco e estará em vós” (João 14:17). Paulo
reitera essa verdade em 1Coríntios 3:16: “Vocês são santuário de Deus,
e o Espírito de Deus habita em vocês”.
- Essa habitação
garante a comunhão constante e o fortalecimento espiritual dos crentes.
g) Autor do Novo Nascimento
- A regeneração
espiritual é uma obra do Espírito Santo, como Jesus ensinou: “Quem não
nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (João
3:5,6).
- O novo nascimento
resulta na transformação total do ser humano, dando início a uma nova vida
em Cristo (2Coritnios 5:17).
h) Distribuidor dos dons espirituais
- O Espírito Santo
concede dons espirituais aos crentes conforme Sua vontade, para a
edificação da Igreja e a propagação do Evangelho (1Coríntios 12:7-11).
- Ele distribui
dons como sabedoria, fé, cura, profecia e discernimento, revelando Sua
soberania e propósito divino para a Igreja.
Enfim,
as obras do Espírito Santo são manifestações inequívocas de Sua divindade e
autoridade, revelando Seu papel central no plano de Deus. Desde a criação,
passando pela regeneração, santificação e guia espiritual, o Espírito Santo
atua como Deus na vida do crente e da Igreja. Reconhecer essas obras nos leva a
uma relação de dependência, gratidão e adoração ao Espírito Santo, que opera
com o Pai e o Filho em perfeita harmonia.
III. HERESIAS ANTIGAS
E NOVAS
1. As primeiras
heresias
As
primeiras heresias sobre o Espírito Santo surgiram após o Concílio de Niceia
(325 d.C.), refletindo a falta de consenso teológico no Oriente quanto à Sua
divindade e natureza. Embora Niceia tenha estabelecido a doutrina da divindade
do Filho, o debate sobre o Espírito Santo permaneceu incipiente, abrindo espaço
para interpretações equivocadas. Estas heresias destacam como a teologia do
Espírito Santo foi desenvolvida gradualmente e reafirmada em concílios
posteriores.
a)
Os Arianistas. Ário
(256-336 d.C.) ensinava que o Filho era uma criatura elevada, subordinada ao
Pai, e estendia essa lógica ao Espírito Santo, considerando-o também uma
criatura. Para os arianistas, o Espírito não compartilhava da mesma substância
divina (homoousios) do Pai e do Filho.
- Eunômio de Cízico, discípulo
radical do arianismo, levou essa heresia ao extremo, alegando que o Filho
criou o Espírito Santo a pedido do Pai. Isso transformava o Espírito em
uma espécie de criatura secundária, subordinada ao Filho, negando assim
Sua eternidade e divindade.
Essa
visão foi amplamente refutada por teólogos ortodoxos, especialmente no Concílio
de Constantinopla (381 d.C.), que reafirmou a divindade do Espírito Santo,
declarando-O como Senhor e doador da vida, consubstancial ao Pai e ao
Filho.
b)
Os Tropicianos. Os
Tropicianos surgiram no Egito e representavam uma interpretação alegórica
distorcida das Escrituras. Baseados em uma exegese figurativa, defendiam que o
Espírito Santo era um anjo ou uma criatura elevada.
- Atanásio, um dos
principais defensores da ortodoxia trinitária, combateu essa visão e os
chamou de "Tropicianos" devido ao termo grego tropos
(figura), criticando a maneira como deturpavam o sentido literal dos
textos bíblicos.
O
erro dos Tropicianos consistia em interpretar de maneira equivocada passagens
bíblicas onde os anjos eram mencionados em missões divinas, confundindo assim a
natureza do Espírito Santo com a dos anjos. Essa heresia também foi enfrentada
e corrigida no desenvolvimento da teologia patrística.
c)
Os Pneumatomacianos. Estes
surgiram mais tarde como uma heresia mais desenvolvida e sistemática. Seu nome,
derivado do grego pneuma (espírito) e machoi (opositores), revela
sua posição contrária à divindade do Espírito Santo.
- Eustáquio de
Sebaste
(300-380 d.C.) foi um dos principais líderes desse movimento. Os
Pneumatomacianos ensinavam que o Espírito Santo não era Deus, mas uma força
criada, similar à posição dos arianos.
- Eles rejeitavam a
consubstancialidade do Espírito Santo com o Pai e o Filho, negando Sua
eternidade e divindade.
Esta
heresia foi combatida com vigor pelos Capadócios (Basílio de Cesareia, Gregório
de Nissa e Gregório de Nazianzo), que defenderam a plena divindade do Espírito
Santo. Basílio, em sua obra "Sobre o Espírito Santo",
demonstrou biblicamente que o Espírito Santo é Deus, igual ao Pai e ao Filho, e
digno da mesma adoração e glorificação.
Portanto,
as primeiras heresias relacionadas ao Espírito Santo surgiram da dificuldade em
compreender a doutrina da Trindade e da tentativa de subordinar o Espírito à
posição de criatura. O Concílio de Constantinopla (381 d.C.) foi um marco
essencial para a afirmação ortodoxa da divindade do Espírito Santo, repudiando
tais heresias e estabelecendo Sua consubstancialidade com o Pai e o Filho.
Hoje,
essas distorções persistem em movimentos contemporâneos, como as Testemunhas de
Jeová, que veem o Espírito Santo como uma força ativa impessoal. O
estudo das heresias antigas nos ajuda a defender a doutrina bíblica e a
reconhecer a importância do Espírito Santo na vida cristã e na Trindade.
2. As heresias na
atualidade
As
heresias relacionadas ao Espírito Santo na atualidade, tendo como exemplo o
movimento Testemunhas de Jeová, representam uma continuidade das antigas ideias
arianistas, que negam tanto a divindade quanto a personalidade do Espírito
Santo. Esse grupo, fundado por Charles Taze Russell no final do século XIX,
segue uma teologia que subordina o Espírito Santo, vendo-o apenas como uma “força
ativa” de Deus, e não como uma Pessoa divina integrante da Trindade.
A
Tradução do Novo Mundo, usada pelas Testemunhas de Jeová, é conhecida por
alterar termos bíblicos específicos para apoiar suas doutrinas. Em Gênesis 1:2,
por exemplo, a expressão hebraica “ruach Elohim” (Espírito de Deus) é
traduzida de forma equivocada como “força ativa de Deus”. Esse tipo de tradução
é problemático porque:
ü A palavra “ruach”
no hebraico não se limita a força ou energia, mas também denota personalidade,
podendo significar espírito, vento ou sopro, dependendo do contexto.
ü Outras passagens
bíblicas (por exemplo, Isaías 63:10; Atos 13:2) revelam o Espírito Santo falando,
sentindo e agindo — características que uma força impessoal não poderia
possuir.
A
TNM também rebaixa a divindade do Espírito ao usar letras minúsculas em
expressões como “espírito santo”, negando assim a posição divina e pessoal do
Espírito Santo.
Ao
afirmar que o Espírito Santo é uma força ativa, as Testemunhas de Jeová ignoram
as características pessoais atribuídas ao Espírito nas Escrituras:
ü Ele fala e ensina (Atos 13:2; João
14:26).
ü Ele intercede (Romanos 8:26,27).
ü Ele pode ser
entristecido
(Efésios 4:30).
ü Ele possui vontade
própria
(1Coríntios 12:11).
Esses
atributos evidenciam que o Espírito Santo não é uma mera energia ou força, mas
uma Pessoa divina que pensa, sente e age.
As
Testemunhas de Jeová seguem a tradição do arianismo e de seus desdobramentos,
como os pneumatomacianos. Esses grupos negavam a consubstancialidade do
Espírito Santo com o Pai e o Filho, rebaixando-O a uma criatura ou força. Essa
perspectiva é contrária ao ensino bíblico e ao credo cristão ortodoxo, que
afirma que o Espírito Santo:
- É Eterno (Hebreus
9:14).
- É Onisciente
(1Coríntios 2:10,11).
- É Onipresente
(Salmos 139:7-10).
- Opera obras
divinas, como a regeneração e santificação (João 3:5,6; Romanos 15:16),
dentre outas obras, como vimos anteriormente.
Enfim,
o ensino das Testemunhas de Jeová sobre o Espírito Santo distorce o testemunho
bíblico e ecoa heresias refutadas ao longo da história, como o arianismo e os
movimentos subsequentes. A Bíblia revela o Espírito Santo como Deus, uma Pessoa
ativa e igual ao Pai e ao Filho, e não uma simples força impessoal. A correta
compreensão do Espírito Santo é essencial para a fé cristã, pois Ele é o
Consolador, Santificador e Senhor que habita na Igreja.
3. O Espírito Santo no
Islã
O
entendimento sobre o Espírito Santo em algumas tradições religiosas do Oriente
reflete confusões históricas e teológicas que se assemelham às antigas heresias
cristãs. Essas visões frequentemente deturpam a revelação bíblica e a
compreensão ortodoxa da Trindade.
a) Uma crença estranha
Dentro
do Islamismo, por exemplo, muitos dos seus eruditos interpretam uma passagem do
Alcorão (Surata 61:6) como referência ao Espírito Santo. No texto, Jesus
supostamente anuncia um mensageiro chamado “Ahmad”, interpretado pelos
muçulmanos como uma profecia da vinda de Maomé.
Alguns
teólogos islâmicos associam equivocadamente a palavra grega
"parákletos" (Consolador ou Advogado, usada no Novo Testamento para
descrever o Espírito Santo) ao termo "periklytós", que significa
"ilustre" ou "renomado".
No
entanto, o termo "periklytós" não aparece em nenhum lugar na Bíblia,
seja no Novo Testamento grego ou na Septuaginta (tradução grega do Antigo
Testamento). Esta confusão linguística resulta em uma conclusão teológica
errônea, vinculando o Consolador prometido por Jesus a Maomé.
b) Refutação Bíblica
A
Bíblia refuta claramente essas interpretações, pois identifica o Consolador
como o próprio Espírito Santo. Veja algumas características:
- Habita e
permanece para sempre. O Espírito Santo é descrito como um ser eterno, que
vive na Igreja de Cristo e permanece nela para sempre (João 14:16,17).
Essa característica torna impossível que o Consolador seja um ser humano,
como Maomé, que teve uma existência terrena e limitada.
- Enviado pelo Pai
e pelo Filho.
Jesus declara que o Espírito Santo procede do Pai e é enviado por Ele
mesmo (João 15:26). Isso reitera sua origem divina e Sua missão como
testemunha de Cristo.
- Testemunha de
Jesus.
O Espírito Santo glorifica e exalta a pessoa de Jesus Cristo (João 16:13,14),
algo incompatível com a figura de Maomé, que no Islã é apresentado como
superior a Jesus.
Enfim,
a interpretação islâmica de que o Consolador prometido seria Maomé não encontra
apoio no texto bíblico nem na língua original em que foi escrito. O Espírito
Santo é descrito nas Escrituras como uma Pessoa divina e eterna, cuja missão é
habitar nos crentes, guiá-los em toda a verdade e glorificar Jesus Cristo. Essa
visão bíblica é incompatível com as confusões apresentadas em outras tradições
religiosas, reafirmando a singularidade do Espírito Santo como a Terceira
Pessoa da Trindade.
CONCLUSÃO
Nesta
lição, exploramos quem é o Espírito Santo, destacando Sua identidade como a Terceira
Pessoa da Trindade, plenamente Deus e igual ao Pai e ao Filho em poder e
glória. A Bíblia nos revela o Espírito Santo como o Paracleto, nosso
Consolador, Advogado e Ajudador, enviado para habitar em nós, guiar-nos em toda
a verdade e glorificar a Cristo. Seus atributos, como eternidade, onisciência,
onipresença e onipotência, confirmam Sua divindade.
Além
disso, refletimos sobre as obras do Espírito Santo, que incluem gerar vida,
distribuir dons espirituais e santificar os crentes, evidenciando Seu papel
essencial na história da redenção. Também analisamos as heresias antigas e
modernas que tentam negar Sua personalidade e divindade, reafirmando a
necessidade de uma compreensão bíblica sólida sobre o Espírito Santo.
Por
fim, aprendemos que o Espírito Santo não é uma força impessoal ou mera
influência, mas um Deus pessoal, que age ativamente em nossas vidas e na
Igreja, cumprindo o propósito divino de glorificar Cristo e preparar o povo de
Deus para a eternidade. Esta verdade nos desafia a viver em comunhão com o
Espírito, permitindo que Ele nos guie e transforme continuamente.
Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências
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Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia
de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
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Dicionário
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