1º Trimestre de 2025
SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 06
Texto Base: João 10:30-38
“Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos
séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino’ (Hb.1:8).
João 10:
30.Eu e o Pai somos um.
31.Os judeus pegaram, então, outra vez, em
pedras para o apedrejarem.
32.Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos
mostrado muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual dessas obras me
apedrejais?
33.Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te
apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia, porque, sendo tu homem, te
fazes Deus a ti mesmo.
34.Respondeu-lhes Jesus: Não está
escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses?
35.Pois, se a lei chamou deuses
àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser
anulada),
36.àquele a quem o Pai santificou
e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou
Filho de Deus?
37.Se não faço as obras de meu Pai, não
me acrediteis.
38.Mas, se as faço, e não credes em mim,
crede nas obras, para que conheçais e acrediteis que o Pai está em
mim, e eu, nele.
INTRODUÇÃO
Ao afirmar ser o Filho de Deus, Jesus deixou claro que não era uma mera
criatura ou um ser subordinado em essência ao Pai. Suas declarações, ações e
obras demonstram sua plena divindade, compartilhando dos mesmos atributos e
prerrogativas divinas. Esse foi o cerne do embate com os líderes religiosos,
que viam suas afirmações como blasfêmia, pois entendiam que Ele estava se
declarando igual a Deus (João 5:18).
Nesta lição, estudaremos como a Bíblia fundamenta a igualdade do Filho
com o Pai, explorando textos que apresentam sua unidade de essência, autoridade
e propósito. Veremos também como essa doutrina fortalece nossa fé, mostrando
que Jesus não é apenas o mediador entre Deus e os homens, mas o próprio Deus
encarnado, digno de nossa total confiança, adoração e obediência. Que este
estudo nos conduza a uma compreensão mais profunda do Filho, que glorifica o
Pai em tudo e nos revela a plenitude do Deus Triúno.
I. A DOUTRINA BÍBLICA DA RELAÇÃO DO FILHO COM O PAI
1. Ideia de filho
No pensamento judaico, a palavra
"filho" transcende a relação biológica, carregando a ideia de
igualdade de natureza, identidade, e continuidade com o pai. Essa perspectiva
está enraizada na cultura e nas Escrituras, sendo amplamente reconhecida no
paralelismo poético e nos discursos de Jesus.
O Salmo 8:4 exemplifica esse conceito por
meio do paralelismo sinonímico, no qual "homem mortal" e "filho
do homem" são usados como expressões equivalentes, reforçando a ideia de
identidade de natureza. De forma similar, Jesus, ao repreender os escribas e
fariseus, utiliza o termo "filhos" para evidenciar que eles
compartilhavam da mesma natureza e comportamento daqueles que mataram os
profetas (Mateus 23:29-31). Aqui, o termo "filhos" não se refere a
uma relação genética, mas a uma continuidade espiritual e moral com seus
antecessores.
No caso de Jesus, o título "Filho de
Deus" carrega um significado muito mais profundo. Ele não apenas reflete
uma relação funcional ou subordinada, mas declara sua plena igualdade com o Pai
em essência e divindade. Essa é uma das razões pelas quais os líderes
religiosos de seu tempo consideraram suas palavras uma blasfêmia, reconhecendo
que Ele, ao se declarar Filho de Deus, estava reivindicando ser igual a Deus
(João 5:18).
Portanto, compreender o conceito de
"filho" à luz das Escrituras nos ajuda a perceber que Jesus não é um
ser criado ou inferior ao Pai, mas coigual, coexistente e coeterno com Ele.
Essa identidade reforça a verdade de que o Filho reflete perfeitamente a glória
e a natureza do Pai (Hebreus 1:3), consolidando a base para a doutrina da
Trindade e da plena divindade de Cristo.
2. Significado teológico da
relação do Filho com o Pai
A relação entre o Filho e o Pai, no contexto
teológico, revela uma igualdade absoluta de essência e substância. Isso
significa que Jesus Cristo, ao ser chamado "Filho de Deus", não
apenas carrega o título de uma relação especial com o Pai, mas declara sua
plena divindade e consubstancialidade com Ele.
No Novo Testamento, essa verdade é reafirmada
pelas próprias palavras de Jesus. Em João 8:42, Ele afirma: "Eu saí e vim
de Deus", indicando sua origem divina e eterna. Essa declaração vai além
de uma missão terrena, revelando sua natureza eterna como aquele que é gerado,
mas não criado, sendo coigual e coeterno com o Pai. Em João 16:28, Jesus
explica a plenitude de sua obra redentora, declarando: "Saí do Pai, e vim
ao mundo; outra vez, deixo o mundo e vou para o Pai". Isso demonstra o
plano divino de envio e retorno, que reflete sua posição única como o Verbo
encarnado, o Filho que compartilha da glória e essência do Pai.
Quando Jesus afirmou: "Meu Pai trabalha
até agora, e eu também" (João 5:17), Ele revelou a continuidade de sua
obra divina com a do Pai. Tal declaração gerou forte reação entre os líderes
religiosos, que entenderam a profundidade de suas palavras. O texto segue
dizendo: "Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque
[...] dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus" (João
5:18). Isso confirma que os ouvintes de Jesus compreenderam sua afirmação como
uma reivindicação inequívoca de igualdade com o Pai.
Essa relação expressa na declaração de Jesus
não é meramente funcional, mas ontológica. O Filho possui a mesma essência,
poder e glória que o Pai. João 10:30 reforça essa unidade: "Eu e o Pai
somos um". Essa verdade é fundamental para a fé cristã, pois afirma que a
salvação e a revelação de Deus ao mundo acontecem por meio de Jesus, que é Deus
em toda a plenitude (Col.2:9).
Portanto, o título "Filho de Deus"
não diminui Jesus, mas o exalta, declarando que Ele é Deus verdadeiro,
participante da mesma natureza divina do Pai, digno de adoração e glorificação
como Senhor e Salvador.
3. O Filho é Deus
A expressão "Filho de Deus" é mais
do que um título simbólico ou honorífico; ela revela a natureza divina e a
relação única e eterna de Jesus Cristo com o Pai. No contexto bíblico, a
designação de Jesus como "Filho" não implica inferioridade ou
criação, mas declara sua igualdade em essência, poder e glória com o Pai. O
autor de Hebreus expõe essa verdade de forma contundente ao citar o Salmo 45:6,7:
"Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos
séculos; cetro de equidade é o cetro do teu reino" (Hb.1:8).
Esse texto identifica o Filho como Deus,
reconhecendo sua soberania e eternidade. Ele é descrito como aquele que governa
com justiça, em linha com a essência divina. O Salmo 45:6,7, que serve de base
para esta declaração, enfatiza: "O teu trono, ó Deus, é eterno e
perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de equidade. Tu amas a justiça e
aborreces a impiedade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de
alegria, mais do que a teus companheiros".
A aparente duplicidade na menção de
"Deus" nos versículos 6 e 7 intrigou rabinos ao longo da história. No
entanto, a carta aos Hebreus resolve essa questão ao mostrar que o texto aponta
para o relacionamento entre o Pai e o Filho. O "Deus" que é ungido no
Salmo refere-se ao Filho, enquanto o "Deus" que ungiu é o Pai. Essa
interação revela a unidade plural de Deus — uma doutrina central no
cristianismo conhecida como a Trindade.
A epístola aos Hebreus utiliza essa passagem
para demonstrar a superioridade de Cristo em relação a todas as coisas criadas,
inclusive aos anjos, e para reafirmar sua divindade. O contexto deixa claro que
o Filho não é um ser criado, mas o soberano eterno, digno de adoração.
Ademais, o próprio Jesus afirmou sua divindade
em várias ocasiões. Ele se declarou um com o Pai (João 10:30), aceitou adoração
(Mt.14:33; João 20:28), perdoou pecados (Mc.2:5-7) e reivindicou atributos
divinos como eternidade e onipresença (João 8:58; Mt.28:20). Todas essas
declarações reforçam que ser "Filho de Deus" significa ser da mesma
substância e possuir a mesma essência divina do Pai.
A doutrina da divindade de Cristo é
fundamental para a fé cristã. Negá-la é rejeitar a própria base da salvação,
pois apenas um Salvador divino poderia realizar a obra redentora que Jesus
realizou. Ele é o Deus encarnado, o Emanuel, "Deus conosco" (Mt.1:23),
que reina para sempre no trono celestial.
II. A HERESIA DO SUBORDINACIONISMO
1. Origenes
O subordinacionismo é uma doutrina que
deturpa o ensino bíblico ao apresentar o Filho como inferior ao Pai em essência
ou natureza. Essa heresia também pode estender-se ao Espírito Santo,
considerado menos divino em comparação com o Pai e o Filho. A ideia central
dessa visão é a subordinação ontológica — e não apenas funcional — entre as
Pessoas da Trindade, o que contradiz a revelação bíblica sobre a igualdade de
essência das três Pessoas divinas.
Orígenes (185–254 d.C.), um dos principais
teólogos da Igreja Primitiva, desempenhou um papel importante no desenvolvimento
do pensamento cristão, mas suas obras apresentam aspectos controversos. Sua
vasta produção literária inclui ideias que influenciaram tanto os ortodoxos
quanto os heréticos. Apesar de ser reconhecido por suas contribuições
teológicas e hermenêuticas, Orígenes é frequentemente associado ao
subordinacionismo devido a algumas de suas declarações sobre a Trindade.
Segundo seus críticos, Orígenes defendeu uma
visão na qual o Filho seria subordinado ao Pai, e o Espírito Santo subordinado
ao Filho, sugerindo uma hierarquia de natureza dentro da Trindade. Essa
interpretação encontra eco em conceitos neoplatônicos, nos quais o ser supremo
(Deus) emana outras realidades divinas em níveis decrescentes de perfeição.
Contudo, essa visão não se alinha à revelação escriturística.
A controvérsia de Niceia (325 d.C.) ilustra a
complexidade da influência de Orígenes. Enquanto alguns apoiadores de Ário
utilizavam os escritos de Orígenes para justificar a inferioridade do Filho,
outros, como Alexandre de Alexandria, opunham-se a Ário também baseados em
Orígenes. Isso reflete a ambiguidade e as contradições dentro das próprias
obras do teólogo.
A Bíblia, por sua vez, revela claramente a
igualdade das Pessoas da Trindade em essência, mesmo que haja distinções
funcionais em suas obras redentoras e providenciais. Textos como Mateus 28:19 (“batizando-os
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”) e 2Coríntios 13:13 (“a
graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo
sejam com todos vós”) afirmam a unidade e igualdade de essência entre o
Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Portanto, enquanto Orígenes trouxe muitas
contribuições para o pensamento cristão, suas ideias subordinacionistas devem
ser avaliadas criticamente e rejeitadas, uma vez que não estão em conformidade
com a doutrina bíblica da Trindade. Essa heresia subestima a plena divindade do
Filho e do Espírito Santo, comprometendo a compreensão correta de Deus e do
evangelho.
2. No período pré-niceno
Segundo pesquisa que fiz em alguns
dicionários bíblicos e na rede Web, nos séculos II e III, a Igreja cristã
enfrentou o desafio de formular uma teologia que mantivesse o monoteísmo
judaico enquanto reconhecia a plena divindade de Jesus Cristo e do Espírito
Santo. O subordinacionismo, embora uma tentativa de preservar o monoteísmo,
acabou comprometendo a igualdade essencial entre o Pai e o Filho. Essa posição
foi sustentada por alguns líderes e teólogos pré-nicenos, que afirmavam que
Cristo era subordinado ao Pai em natureza, status ou função.
A Fundamentação
do Subordinacionismo
Os defensores do subordinacionismo no período
pré-niceno frequentemente apelavam a passagens das Escrituras que,
interpretadas isoladamente ou fora de contexto, pareciam indicar que o Filho
era inferior ao Pai. Entre essas passagens estavam:
- João 14:28: “O Pai é maior
do que eu”.
- 1Coríntios
15:28:
“Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará
àquele que todas as coisas lhe sujeitou...”.
- Marcos 13:32: “Quanto àquele
dia e àquela hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o
Pai”.
Esses textos eram interpretados de forma
literal e desvinculados do restante do testemunho bíblico que enfatiza a
igualdade do Filho com o Pai em essência e divindade. A exegese pobre e a falta
de uma compreensão sistemática das Escrituras contribuíram para essa distorção.
A influência
do pensamento filosófico
O subordinacionismo foi também moldado pela
influência do pensamento grego, especialmente o neoplatonismo. Essa filosofia
enfatizava uma hierarquia no ser, com uma fonte suprema (o Uno) e emanações
subsequentes que eram inferiores em perfeição. Alguns teólogos cristãos, ao
buscar explicar a relação entre o Pai e o Filho, usaram categorias filosóficas
que colocaram o Filho como uma "emanada" ou "derivada" do
Pai, comprometendo a plena igualdade entre eles.
Resposta teológica
A igreja, desde cedo, percebeu a necessidade
de enfrentar essas interpretações equivocadas. Com base em uma leitura mais
cuidadosa das Escrituras, foi reafirmado que:
- João 1:1-3 apresenta o
Filho como o Verbo que "era Deus" e que estava com Deus desde o
princípio.
- Colossenses 2:9 declara que
“nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”.
- Hebreus 1:3 descreve o Filho
como o “resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser”.
Estes textos e muitos outros demonstram que
qualquer subordinação aparente de Jesus ao Pai refere-se à sua encarnação e
missão redentora, e não à sua essência ou natureza divina.
Enfim, o subordinacionismo pré-niceno foi uma
tentativa de proteger a crença no Deus único, mas que resultou em comprometer a
divindade absoluta de Cristo. Esse período preparou o terreno para debates mais
profundos, culminando no Concílio de Nicéia (325 d.C.), onde foi afirmado que o
Filho é "da mesma substância" (homoousios) do Pai, corrigindo os
erros dessas interpretações iniciais e estabelecendo a base para a doutrina da
Trindade conforme entendida pela ortodoxia cristã.
3. Métodos usados pelos subordinacionistas
Os subordinacionistas, ao longo da história,
desenvolveram métodos específicos para sustentar suas doutrinas que negam ou
diminuem a igualdade essencial entre o Filho e o Pai. Esses métodos baseiam-se
em uma abordagem seletiva das Escrituras e em interpretações que ignoram o
contexto e a harmonia geral da revelação bíblica.
Os subordinacionistas destacam passagens que
apresentam Jesus em sua humanidade, ignorando ou rejeitando textos que afirmam
sua plena divindade. Por exemplo:
- João 14:28: “O Pai é maior do que eu” - é citado
para sustentar uma suposta inferioridade ontológica (investigação teórica do ser) de Jesus em relação ao Pai.
- 1Coríntios 15:28: “Então o
próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou” - é
usado para alegar que a sujeição funcional de Cristo implica inferioridade
em essência.
Essas passagens, no entanto, precisam ser interpretadas à luz do
contexto mais amplo das Escrituras, que afirmam claramente a divindade e
igualdade do Filho com o Pai (João 1:1-3; Colossenses 2:9; Hebreus 1:3).
Os subordinacionistas negligenciam a
distinção entre a missão de Jesus como o Verbo encarnado e sua natureza eterna.
Textos que falam de Jesus em submissão ao Pai referem-se, em sua maioria, à sua
encarnação e ao propósito de cumprir o plano redentor, onde Ele assumiu voluntariamente
uma posição de servo (Fp.2:5-8). Essa submissão não é uma declaração de
inferioridade em essência, mas de função dentro do plano de salvação.
Esses grupos frequentemente interpretam
passagens que usam títulos humanos para Jesus, como “Filho do Homem” ou “Filho
de Deus”, de forma a reduzir seu status divino. A expressão “Filho de Deus”,
por exemplo, é erroneamente entendida por subordinacionistas como uma indicação
de que Jesus é um ser criado, subordinado ao Pai, ao invés de ser da mesma
essência divina.
Passagens que afirmam claramente a divindade
de Jesus são ignoradas ou reinterpretadas de forma tendenciosa. Por exemplo:
- João 1:1: “E o Verbo era
Deus” - é desconsiderado, ou traduzido de forma distorcida, como ocorre na
Tradução do Novo Mundo.
- Hebreus 1:8: “Mas, do Filho,
diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos” - é
minimizado ou reinterpretado para negar a igualdade do Filho com o Pai.
Além das Escrituras, muitos
subordinacionistas, como foi dito anteriormente, recorrem ao pensamento
filosófico, como o neoplatonismo, que ensina uma hierarquia de seres divinos.
Essa influência filosófica levou a concepções heréticas que colocam o Filho
como um ser, simplesmente, “emanado” do Pai, inferior em essência.
A igreja ortodoxa, desde cedo, identificou e
refutou esses métodos. A harmonia das Escrituras demonstra que Jesus é
plenamente Deus e plenamente homem. Textos como João 1:1-3, Colossenses 1:15-17
e Hebreus 1:3,4 confirmam que o Filho é eterno, de mesma substância que o Pai,
e digno de adoração.
Enfim, os métodos subordinacionistas
baseiam-se em um manuseio inadequado das Escrituras e em pressupostos
filosóficos externos que distorcem a genuína doutrina bíblica. A verdade
bíblica, no entanto, permanece clara: o Filho é igual ao Pai em essência e
natureza, sendo verdadeiro Deus, digno de adoração e adorado junto com o Pai e
o Espírito Santo como o único Deus verdadeiro.
III. COMO O SUBORDINACIONISMO SE APRESENTA HOJE
1. No contexto islâmico
O islamismo é uma das principais religiões que
nega explicitamente a filiação divina de Jesus, reinterpretando ou rejeitando a
doutrina bíblica sobre sua natureza como o Filho de Deus. Essa negação reflete
um entendimento equivocado tanto da expressão “Filho de Deus” quanto do
significado teológico que ela carrega no Novo Testamento.
a) Jesus no Islã. O Alcorão reconhece Jesus (Isa, em árabe) como Messias e Profeta, mas
rejeita categoricamente sua divindade e filiação divina. Ele é descrito como um
grande mensageiro de Deus, mas inferior a Maomé, que é considerado o último e
maior dos profetas. Essa hierarquização subverte a narrativa bíblica, que
apresenta Jesus como o Filho eterno, coigual ao Pai em essência e natureza
(João 1:1-3; Hebreus 1:3).
b) Equívoco sobre a filiação divina. O Alcorão interpreta erroneamente a expressão “Filho de Deus”,
associando-a a uma relação conjugal ou biológica entre Deus e Maria. Essa
concepção antropomórfica é baseada numa compreensão literalista e limitada, que
não reflete o verdadeiro ensino cristão. A Bíblia não sugere qualquer tipo de
reprodução física em relação à filiação de Jesus, mas declara que Ele é o Filho
de Deus no sentido de origem e essência. Ele é o Verbo encarnado, enviado pelo
Pai, nascido pelo poder do Espírito Santo (Lucas 1:35).
c) Rejeição e acusações. Líderes islâmicos frequentemente acusam os cristãos de blasfêmia por
acreditarem na filiação divina de Cristo. Essa rejeição ignora o contexto
bíblico e o testemunho coerente das Escrituras, que apontam para Jesus como o
Deus encarnado, digno de adoração (João 10:30; Colossenses 2:9). Ironicamente,
até os demônios reconheceram Jesus como “o Filho do Deus Altíssimo” (Marcos
5:7), enquanto o islamismo nega essa verdade.
d) Significado teológico da filiação. A expressão “Filho de Deus” no Novo Testamento não indica um processo
humano de reprodução, mas aponta para a relação eterna de Jesus com o Pai. Em
João 8:42, Jesus declara que Ele veio do Pai, ressaltando sua origem divina.
Como o Unigênito do Pai, Ele é único em sua natureza e missão (João 1:18). A concepção
de Jesus pelo Espírito Santo (Mateus 1:18-20) demonstra sua origem divina, sem
qualquer paralelo humano.
e) Refutação Bíblica. A Bíblia contradiz claramente a visão islâmica:
- Em Efésios 1:21, Jesus é exaltado
acima de todo principado e potestade, incluindo qualquer outro profeta ou
líder.
- Em Filipenses 2:9-11, Ele recebeu o
nome que está acima de todo nome, e todo joelho deve se dobrar perante
Ele, incluindo no céu e na terra.
Esses textos deixam claro que a divindade de Cristo é central para a fé cristã e que sua filiação expressa igualdade com o Pai.
Enfim, no contexto islâmico, a negação da
filiação divina de Jesus revela uma incompreensão teológica que resulta em uma
doutrina incompatível com o cristianismo bíblico. Essa negação é um exemplo contemporâneo
de subordinacionismo, que reduz Jesus a uma posição inferior, contrariando as
Escrituras. A igreja deve continuar a proclamar a verdade de que Jesus é o
Filho de Deus, plenamente divino, e a única esperança para a salvação da
humanidade (João 14:6).
2. O movimento das Testemunhas de Jeová
As Testemunhas de Jeová sustentam uma
teologia profundamente subordinacionista, que coloca Jesus em uma categoria
inferior à do Deus Pai, identificado exclusivamente como Jeová. Essa visão
distorce as Escrituras, fragmenta a unidade de Deus e compromete a fé cristã em
sua essência.
a) A doutrina de “vários deuses”. O ensino das Testemunhas de Jeová admite a existência de “vários
deuses”, com uma hierarquia de poderes. Eles consideram Jeová o Deus
Todo-Poderoso, Jesus como um “deus poderoso” (escrito com “d” minúsculo em sua
Tradução do Novo Mundo) e outros seres como "deuses menores". Essa
teologia é derivada de uma interpretação equivocada de textos como João 1:1,
que em sua tradução afirma que "a Palavra era um deus",
desconsiderando o contexto gramatical e teológico do texto original em grego.
Essa perspectiva entra em conflito direto com
a fé cristã bíblica, que afirma inequivocamente a existência de um único Deus
verdadeiro. Como Paulo declara:
- Em 1Coríntios 8:6: "Todavia,
para nós há um só Deus, o Pai... e um só Senhor, Jesus Cristo". A
tentativa de separar Jesus da categoria de Deus verdadeiro, colocando-O
como um deus inferior, contradiz a teologia bíblica.
b) Jesus: Divindade verdadeira ou falsa? Um ponto crucial que desafia a teologia das Testemunhas de Jeová é a
pergunta: “Jesus Cristo é uma divindade verdadeira ou falsa?”. Se for
reconhecido como verdadeiro, isso implica que Ele compartilha a essência de
Deus, corroborando a doutrina da Trindade. Contudo, se afirmam que Ele é um
“deus falso”, caem em contradição com os próprios princípios bíblicos, pois os
seguidores de Cristo seriam adoradores de um deus que não é legítimo, e elas
(as Testemunhas de Jeová) estão admitindo que são seguidoras de um deus falso.
Como já foi dito anteriormente, a Bíblia é
clara ao afirmar a divindade de Jesus como igual ao Pai:
- João 10:30: “Eu e o Pai
somos um”.
- Hebreus 1:8: “Mas, do Filho,
diz: O teu trono, ó Deus, subsiste pelos séculos dos séculos”.
Esses textos refutam qualquer ideia de Jesus como um ser inferior ou
subordinado em essência ao Pai.
As Escrituras fazem menção de “deuses”, mas
sempre no contexto de falsidade ou idolatria:
- Gálatas 4:8: “...quando não
conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses”.
Dessa forma, qualquer tentativa de classificar Jesus como um "deus
menor" equivale a colocá-Lo na mesma categoria de ídolos e falsidades
espirituais. Isso é completamente incompatível com o testemunho bíblico que
afirma a plenitude da divindade de Cristo (Col.2:9).
A ideia das Testemunhas de Jeová de que Jesus
é uma divindade subordinada é insustentável tanto à luz das Escrituras quanto
da lógica teológica. Ao negar a plena divindade de Cristo, seu sistema de
crença:
- Contradiz os fundamentos bíblicos
do monoteísmo.
- Fragmenta a unidade da Trindade,
comprometendo a coigualdade das Pessoas divinas.
- Enfraquece a mensagem de redenção,
que depende de Cristo como Deus verdadeiro e Salvador.
Enfim, as Testemunhas de Jeová oferecem uma
visão distorcida da pessoa de Jesus, desconsiderando os claros ensinamentos das
Escrituras. A resposta à sua teologia está na afirmação bíblica de que Jesus é
Deus verdadeiro, o Verbo encarnado, digno de adoração e coigual ao Pai. A fé
cristã não admite a fragmentação da divindade, mas proclama a unidade e a
plenitude de Deus em Cristo, nosso Senhor e Salvador.
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta Lição que o Filho é
plenamente igual ao Pai em essência, poder, glória e majestade. A igualdade do
Filho com o Pai é uma verdade central das Escrituras e da fé cristã, confirmada
pelos próprios ensinamentos de Jesus e pela confissão apostólica. Ele é o Verbo
que se fez carne, Deus manifestado em forma humana para realizar a obra da
redenção e revelar a plenitude do Pai à humanidade.
Com base nos sólidos fundamentos
escriturísticos apresentados, compreendemos que Jesus não é inferior ao Pai,
mas compartilha da mesma natureza divina, sendo eterno, imutável e coigual a
Ele. Essa verdade nos exorta a adorá-Lo, reconhecendo-O como o único mediador
entre Deus e os homens, o Senhor sobre todas as coisas e o Salvador de nossas
almas.
A doutrina da igualdade do Filho com o Pai
nos fortalece na defesa da fé cristã contra heresias e nos conduz a uma
adoração mais profunda e sincera, pois, como Paulo declarou, "nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade" (Cl.2:9). Que a nossa
confiança e louvor estejam sempre centrados no Filho, que é o resplendor da
glória de Deus e a expressão exata do seu ser (Hb.1:3).
Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico
e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular
(Antigo e Novo Testamento).
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento. CPAD.
Dicionário VINE.CPAD.
O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.
Pr. Hernandes Dias Lopes. João.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Hebreus.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Colossenses.
Dicionário Wycliffe. CPAD.
Stanley M. Horton. Teologia Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. CPAD.
Pr. Ciro Sanches Zibordi. Erros que os
Pregadores Devem Evitar. CPAD.
Pr. Silas Daniel. Heresias e Modismos no Meio
Evangélico. CPAD.
Vários autores. A Bíblia Responde. CPAD.
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