domingo, 2 de fevereiro de 2025

O FILHO É IGUAL COM O PAI

        1º Trimestre de 2025

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 06

Texto Base: João 10:30-38

“Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino’ (Hb.1:8).

João 10:

30.Eu e o Pai somos um.

31.Os judeus pegaram, então, outra vez, em pedras para o apedrejarem.

32.Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual dessas obras me apedrejais?

33.Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia, porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo.

34.Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses?

35.Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada),

36.àquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?

37.Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis.

38.Mas, se as faço, e não credes em mim, crede nas obras, para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim, e eu, nele.

INTRODUÇÃO

A relação entre o Filho e o Pai é um dos mistérios mais sublimes da fé cristã, revelado nas Escrituras como uma verdade central: Jesus Cristo, o Filho de Deus, é plenamente igual ao Pai em essência, poder e glória. Negar essa igualdade é desvirtuar a doutrina bíblica sobre a Trindade e a própria identidade divina de Cristo.

Ao afirmar ser o Filho de Deus, Jesus deixou claro que não era uma mera criatura ou um ser subordinado em essência ao Pai. Suas declarações, ações e obras demonstram sua plena divindade, compartilhando dos mesmos atributos e prerrogativas divinas. Esse foi o cerne do embate com os líderes religiosos, que viam suas afirmações como blasfêmia, pois entendiam que Ele estava se declarando igual a Deus (João 5:18).

Nesta lição, estudaremos como a Bíblia fundamenta a igualdade do Filho com o Pai, explorando textos que apresentam sua unidade de essência, autoridade e propósito. Veremos também como essa doutrina fortalece nossa fé, mostrando que Jesus não é apenas o mediador entre Deus e os homens, mas o próprio Deus encarnado, digno de nossa total confiança, adoração e obediência. Que este estudo nos conduza a uma compreensão mais profunda do Filho, que glorifica o Pai em tudo e nos revela a plenitude do Deus Triúno.

I. A DOUTRINA BÍBLICA DA RELAÇÃO DO FILHO COM O PAI

1. Ideia de filho

No pensamento judaico, a palavra "filho" transcende a relação biológica, carregando a ideia de igualdade de natureza, identidade, e continuidade com o pai. Essa perspectiva está enraizada na cultura e nas Escrituras, sendo amplamente reconhecida no paralelismo poético e nos discursos de Jesus.

O Salmo 8:4 exemplifica esse conceito por meio do paralelismo sinonímico, no qual "homem mortal" e "filho do homem" são usados como expressões equivalentes, reforçando a ideia de identidade de natureza. De forma similar, Jesus, ao repreender os escribas e fariseus, utiliza o termo "filhos" para evidenciar que eles compartilhavam da mesma natureza e comportamento daqueles que mataram os profetas (Mateus 23:29-31). Aqui, o termo "filhos" não se refere a uma relação genética, mas a uma continuidade espiritual e moral com seus antecessores.

No caso de Jesus, o título "Filho de Deus" carrega um significado muito mais profundo. Ele não apenas reflete uma relação funcional ou subordinada, mas declara sua plena igualdade com o Pai em essência e divindade. Essa é uma das razões pelas quais os líderes religiosos de seu tempo consideraram suas palavras uma blasfêmia, reconhecendo que Ele, ao se declarar Filho de Deus, estava reivindicando ser igual a Deus (João 5:18).

Portanto, compreender o conceito de "filho" à luz das Escrituras nos ajuda a perceber que Jesus não é um ser criado ou inferior ao Pai, mas coigual, coexistente e coeterno com Ele. Essa identidade reforça a verdade de que o Filho reflete perfeitamente a glória e a natureza do Pai (Hebreus 1:3), consolidando a base para a doutrina da Trindade e da plena divindade de Cristo.

2.  Significado teológico da relação do Filho com o Pai

A relação entre o Filho e o Pai, no contexto teológico, revela uma igualdade absoluta de essência e substância. Isso significa que Jesus Cristo, ao ser chamado "Filho de Deus", não apenas carrega o título de uma relação especial com o Pai, mas declara sua plena divindade e consubstancialidade com Ele.

No Novo Testamento, essa verdade é reafirmada pelas próprias palavras de Jesus. Em João 8:42, Ele afirma: "Eu saí e vim de Deus", indicando sua origem divina e eterna. Essa declaração vai além de uma missão terrena, revelando sua natureza eterna como aquele que é gerado, mas não criado, sendo coigual e coeterno com o Pai. Em João 16:28, Jesus explica a plenitude de sua obra redentora, declarando: "Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez, deixo o mundo e vou para o Pai". Isso demonstra o plano divino de envio e retorno, que reflete sua posição única como o Verbo encarnado, o Filho que compartilha da glória e essência do Pai.

Quando Jesus afirmou: "Meu Pai trabalha até agora, e eu também" (João 5:17), Ele revelou a continuidade de sua obra divina com a do Pai. Tal declaração gerou forte reação entre os líderes religiosos, que entenderam a profundidade de suas palavras. O texto segue dizendo: "Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque [...] dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus" (João 5:18). Isso confirma que os ouvintes de Jesus compreenderam sua afirmação como uma reivindicação inequívoca de igualdade com o Pai.

Essa relação expressa na declaração de Jesus não é meramente funcional, mas ontológica. O Filho possui a mesma essência, poder e glória que o Pai. João 10:30 reforça essa unidade: "Eu e o Pai somos um". Essa verdade é fundamental para a fé cristã, pois afirma que a salvação e a revelação de Deus ao mundo acontecem por meio de Jesus, que é Deus em toda a plenitude (Col.2:9).

Portanto, o título "Filho de Deus" não diminui Jesus, mas o exalta, declarando que Ele é Deus verdadeiro, participante da mesma natureza divina do Pai, digno de adoração e glorificação como Senhor e Salvador.

3. O Filho é Deus

A expressão "Filho de Deus" é mais do que um título simbólico ou honorífico; ela revela a natureza divina e a relação única e eterna de Jesus Cristo com o Pai. No contexto bíblico, a designação de Jesus como "Filho" não implica inferioridade ou criação, mas declara sua igualdade em essência, poder e glória com o Pai. O autor de Hebreus expõe essa verdade de forma contundente ao citar o Salmo 45:6,7:

"Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; cetro de equidade é o cetro do teu reino" (Hb.1:8).

Esse texto identifica o Filho como Deus, reconhecendo sua soberania e eternidade. Ele é descrito como aquele que governa com justiça, em linha com a essência divina. O Salmo 45:6,7, que serve de base para esta declaração, enfatiza: "O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de equidade. Tu amas a justiça e aborreces a impiedade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros".

A aparente duplicidade na menção de "Deus" nos versículos 6 e 7 intrigou rabinos ao longo da história. No entanto, a carta aos Hebreus resolve essa questão ao mostrar que o texto aponta para o relacionamento entre o Pai e o Filho. O "Deus" que é ungido no Salmo refere-se ao Filho, enquanto o "Deus" que ungiu é o Pai. Essa interação revela a unidade plural de Deus — uma doutrina central no cristianismo conhecida como a Trindade.

A epístola aos Hebreus utiliza essa passagem para demonstrar a superioridade de Cristo em relação a todas as coisas criadas, inclusive aos anjos, e para reafirmar sua divindade. O contexto deixa claro que o Filho não é um ser criado, mas o soberano eterno, digno de adoração.

Ademais, o próprio Jesus afirmou sua divindade em várias ocasiões. Ele se declarou um com o Pai (João 10:30), aceitou adoração (Mt.14:33; João 20:28), perdoou pecados (Mc.2:5-7) e reivindicou atributos divinos como eternidade e onipresença (João 8:58; Mt.28:20). Todas essas declarações reforçam que ser "Filho de Deus" significa ser da mesma substância e possuir a mesma essência divina do Pai.

A doutrina da divindade de Cristo é fundamental para a fé cristã. Negá-la é rejeitar a própria base da salvação, pois apenas um Salvador divino poderia realizar a obra redentora que Jesus realizou. Ele é o Deus encarnado, o Emanuel, "Deus conosco" (Mt.1:23), que reina para sempre no trono celestial.

II. A HERESIA DO SUBORDINACIONISMO

1. Origenes

O subordinacionismo é uma doutrina que deturpa o ensino bíblico ao apresentar o Filho como inferior ao Pai em essência ou natureza. Essa heresia também pode estender-se ao Espírito Santo, considerado menos divino em comparação com o Pai e o Filho. A ideia central dessa visão é a subordinação ontológica — e não apenas funcional — entre as Pessoas da Trindade, o que contradiz a revelação bíblica sobre a igualdade de essência das três Pessoas divinas.

Orígenes (185–254 d.C.), um dos principais teólogos da Igreja Primitiva, desempenhou um papel importante no desenvolvimento do pensamento cristão, mas suas obras apresentam aspectos controversos. Sua vasta produção literária inclui ideias que influenciaram tanto os ortodoxos quanto os heréticos. Apesar de ser reconhecido por suas contribuições teológicas e hermenêuticas, Orígenes é frequentemente associado ao subordinacionismo devido a algumas de suas declarações sobre a Trindade.

Segundo seus críticos, Orígenes defendeu uma visão na qual o Filho seria subordinado ao Pai, e o Espírito Santo subordinado ao Filho, sugerindo uma hierarquia de natureza dentro da Trindade. Essa interpretação encontra eco em conceitos neoplatônicos, nos quais o ser supremo (Deus) emana outras realidades divinas em níveis decrescentes de perfeição. Contudo, essa visão não se alinha à revelação escriturística.

A controvérsia de Niceia (325 d.C.) ilustra a complexidade da influência de Orígenes. Enquanto alguns apoiadores de Ário utilizavam os escritos de Orígenes para justificar a inferioridade do Filho, outros, como Alexandre de Alexandria, opunham-se a Ário também baseados em Orígenes. Isso reflete a ambiguidade e as contradições dentro das próprias obras do teólogo.

A Bíblia, por sua vez, revela claramente a igualdade das Pessoas da Trindade em essência, mesmo que haja distinções funcionais em suas obras redentoras e providenciais. Textos como Mateus 28:19 (“batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”) e 2Coríntios 13:13 (“a graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”) afirmam a unidade e igualdade de essência entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Portanto, enquanto Orígenes trouxe muitas contribuições para o pensamento cristão, suas ideias subordinacionistas devem ser avaliadas criticamente e rejeitadas, uma vez que não estão em conformidade com a doutrina bíblica da Trindade. Essa heresia subestima a plena divindade do Filho e do Espírito Santo, comprometendo a compreensão correta de Deus e do evangelho.

2. No período pré-niceno

Segundo pesquisa que fiz em alguns dicionários bíblicos e na rede Web, nos séculos II e III, a Igreja cristã enfrentou o desafio de formular uma teologia que mantivesse o monoteísmo judaico enquanto reconhecia a plena divindade de Jesus Cristo e do Espírito Santo. O subordinacionismo, embora uma tentativa de preservar o monoteísmo, acabou comprometendo a igualdade essencial entre o Pai e o Filho. Essa posição foi sustentada por alguns líderes e teólogos pré-nicenos, que afirmavam que Cristo era subordinado ao Pai em natureza, status ou função.

A Fundamentação do Subordinacionismo

Os defensores do subordinacionismo no período pré-niceno frequentemente apelavam a passagens das Escrituras que, interpretadas isoladamente ou fora de contexto, pareciam indicar que o Filho era inferior ao Pai. Entre essas passagens estavam:

  • João 14:28: “O Pai é maior do que eu”.
  • 1Coríntios 15:28: “Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou...”.
  • Marcos 13:32: “Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai”.

Esses textos eram interpretados de forma literal e desvinculados do restante do testemunho bíblico que enfatiza a igualdade do Filho com o Pai em essência e divindade. A exegese pobre e a falta de uma compreensão sistemática das Escrituras contribuíram para essa distorção.

A influência do pensamento filosófico

O subordinacionismo foi também moldado pela influência do pensamento grego, especialmente o neoplatonismo. Essa filosofia enfatizava uma hierarquia no ser, com uma fonte suprema (o Uno) e emanações subsequentes que eram inferiores em perfeição. Alguns teólogos cristãos, ao buscar explicar a relação entre o Pai e o Filho, usaram categorias filosóficas que colocaram o Filho como uma "emanada" ou "derivada" do Pai, comprometendo a plena igualdade entre eles.

Resposta teológica

A igreja, desde cedo, percebeu a necessidade de enfrentar essas interpretações equivocadas. Com base em uma leitura mais cuidadosa das Escrituras, foi reafirmado que:

  • João 1:1-3 apresenta o Filho como o Verbo que "era Deus" e que estava com Deus desde o princípio.
  • Colossenses 2:9 declara que “nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”.
  • Hebreus 1:3 descreve o Filho como o “resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser”.

Estes textos e muitos outros demonstram que qualquer subordinação aparente de Jesus ao Pai refere-se à sua encarnação e missão redentora, e não à sua essência ou natureza divina.

Enfim, o subordinacionismo pré-niceno foi uma tentativa de proteger a crença no Deus único, mas que resultou em comprometer a divindade absoluta de Cristo. Esse período preparou o terreno para debates mais profundos, culminando no Concílio de Nicéia (325 d.C.), onde foi afirmado que o Filho é "da mesma substância" (homoousios) do Pai, corrigindo os erros dessas interpretações iniciais e estabelecendo a base para a doutrina da Trindade conforme entendida pela ortodoxia cristã.

3. Métodos usados pelos subordinacionistas

Os subordinacionistas, ao longo da história, desenvolveram métodos específicos para sustentar suas doutrinas que negam ou diminuem a igualdade essencial entre o Filho e o Pai. Esses métodos baseiam-se em uma abordagem seletiva das Escrituras e em interpretações que ignoram o contexto e a harmonia geral da revelação bíblica.

Os subordinacionistas destacam passagens que apresentam Jesus em sua humanidade, ignorando ou rejeitando textos que afirmam sua plena divindade. Por exemplo:

  • João 14:28: “O Pai é maior do que eu” - é citado para sustentar uma suposta inferioridade ontológica (investigação teórica do ser) de Jesus em relação ao Pai.
  • 1Coríntios 15:28: “Então o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou” - é usado para alegar que a sujeição funcional de Cristo implica inferioridade em essência.

Essas passagens, no entanto, precisam ser interpretadas à luz do contexto mais amplo das Escrituras, que afirmam claramente a divindade e igualdade do Filho com o Pai (João 1:1-3; Colossenses 2:9; Hebreus 1:3).

Os subordinacionistas negligenciam a distinção entre a missão de Jesus como o Verbo encarnado e sua natureza eterna. Textos que falam de Jesus em submissão ao Pai referem-se, em sua maioria, à sua encarnação e ao propósito de cumprir o plano redentor, onde Ele assumiu voluntariamente uma posição de servo (Fp.2:5-8). Essa submissão não é uma declaração de inferioridade em essência, mas de função dentro do plano de salvação.

Esses grupos frequentemente interpretam passagens que usam títulos humanos para Jesus, como “Filho do Homem” ou “Filho de Deus”, de forma a reduzir seu status divino. A expressão “Filho de Deus”, por exemplo, é erroneamente entendida por subordinacionistas como uma indicação de que Jesus é um ser criado, subordinado ao Pai, ao invés de ser da mesma essência divina.

Passagens que afirmam claramente a divindade de Jesus são ignoradas ou reinterpretadas de forma tendenciosa. Por exemplo:

  • João 1:1: “E o Verbo era Deus” - é desconsiderado, ou traduzido de forma distorcida, como ocorre na Tradução do Novo Mundo.
  • Hebreus 1:8: “Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos” - é minimizado ou reinterpretado para negar a igualdade do Filho com o Pai.

Além das Escrituras, muitos subordinacionistas, como foi dito anteriormente, recorrem ao pensamento filosófico, como o neoplatonismo, que ensina uma hierarquia de seres divinos. Essa influência filosófica levou a concepções heréticas que colocam o Filho como um ser, simplesmente, “emanado” do Pai, inferior em essência.

A igreja ortodoxa, desde cedo, identificou e refutou esses métodos. A harmonia das Escrituras demonstra que Jesus é plenamente Deus e plenamente homem. Textos como João 1:1-3, Colossenses 1:15-17 e Hebreus 1:3,4 confirmam que o Filho é eterno, de mesma substância que o Pai, e digno de adoração.

Enfim, os métodos subordinacionistas baseiam-se em um manuseio inadequado das Escrituras e em pressupostos filosóficos externos que distorcem a genuína doutrina bíblica. A verdade bíblica, no entanto, permanece clara: o Filho é igual ao Pai em essência e natureza, sendo verdadeiro Deus, digno de adoração e adorado junto com o Pai e o Espírito Santo como o único Deus verdadeiro.

III. COMO O SUBORDINACIONISMO SE APRESENTA HOJE

1. No contexto islâmico

O islamismo é uma das principais religiões que nega explicitamente a filiação divina de Jesus, reinterpretando ou rejeitando a doutrina bíblica sobre sua natureza como o Filho de Deus. Essa negação reflete um entendimento equivocado tanto da expressão “Filho de Deus” quanto do significado teológico que ela carrega no Novo Testamento.

a) Jesus no Islã. O Alcorão reconhece Jesus (Isa, em árabe) como Messias e Profeta, mas rejeita categoricamente sua divindade e filiação divina. Ele é descrito como um grande mensageiro de Deus, mas inferior a Maomé, que é considerado o último e maior dos profetas. Essa hierarquização subverte a narrativa bíblica, que apresenta Jesus como o Filho eterno, coigual ao Pai em essência e natureza (João 1:1-3; Hebreus 1:3).

b) Equívoco sobre a filiação divina. O Alcorão interpreta erroneamente a expressão “Filho de Deus”, associando-a a uma relação conjugal ou biológica entre Deus e Maria. Essa concepção antropomórfica é baseada numa compreensão literalista e limitada, que não reflete o verdadeiro ensino cristão. A Bíblia não sugere qualquer tipo de reprodução física em relação à filiação de Jesus, mas declara que Ele é o Filho de Deus no sentido de origem e essência. Ele é o Verbo encarnado, enviado pelo Pai, nascido pelo poder do Espírito Santo (Lucas 1:35).

c) Rejeição e acusações. Líderes islâmicos frequentemente acusam os cristãos de blasfêmia por acreditarem na filiação divina de Cristo. Essa rejeição ignora o contexto bíblico e o testemunho coerente das Escrituras, que apontam para Jesus como o Deus encarnado, digno de adoração (João 10:30; Colossenses 2:9). Ironicamente, até os demônios reconheceram Jesus como “o Filho do Deus Altíssimo” (Marcos 5:7), enquanto o islamismo nega essa verdade.

d) Significado teológico da filiação. A expressão “Filho de Deus” no Novo Testamento não indica um processo humano de reprodução, mas aponta para a relação eterna de Jesus com o Pai. Em João 8:42, Jesus declara que Ele veio do Pai, ressaltando sua origem divina. Como o Unigênito do Pai, Ele é único em sua natureza e missão (João 1:18). A concepção de Jesus pelo Espírito Santo (Mateus 1:18-20) demonstra sua origem divina, sem qualquer paralelo humano.

e) Refutação Bíblica. A Bíblia contradiz claramente a visão islâmica:

  • Em Efésios 1:21, Jesus é exaltado acima de todo principado e potestade, incluindo qualquer outro profeta ou líder.
  • Em Filipenses 2:9-11, Ele recebeu o nome que está acima de todo nome, e todo joelho deve se dobrar perante Ele, incluindo no céu e na terra.
    Esses textos deixam claro que a divindade de Cristo é central para a fé cristã e que sua filiação expressa igualdade com o Pai.

Enfim, no contexto islâmico, a negação da filiação divina de Jesus revela uma incompreensão teológica que resulta em uma doutrina incompatível com o cristianismo bíblico. Essa negação é um exemplo contemporâneo de subordinacionismo, que reduz Jesus a uma posição inferior, contrariando as Escrituras. A igreja deve continuar a proclamar a verdade de que Jesus é o Filho de Deus, plenamente divino, e a única esperança para a salvação da humanidade (João 14:6).

2. O movimento das Testemunhas de Jeová

As Testemunhas de Jeová sustentam uma teologia profundamente subordinacionista, que coloca Jesus em uma categoria inferior à do Deus Pai, identificado exclusivamente como Jeová. Essa visão distorce as Escrituras, fragmenta a unidade de Deus e compromete a fé cristã em sua essência.

a) A doutrina de “vários deuses”. O ensino das Testemunhas de Jeová admite a existência de “vários deuses”, com uma hierarquia de poderes. Eles consideram Jeová o Deus Todo-Poderoso, Jesus como um “deus poderoso” (escrito com “d” minúsculo em sua Tradução do Novo Mundo) e outros seres como "deuses menores". Essa teologia é derivada de uma interpretação equivocada de textos como João 1:1, que em sua tradução afirma que "a Palavra era um deus", desconsiderando o contexto gramatical e teológico do texto original em grego.

Essa perspectiva entra em conflito direto com a fé cristã bíblica, que afirma inequivocamente a existência de um único Deus verdadeiro. Como Paulo declara:

  • Em 1Coríntios 8:6: "Todavia, para nós há um só Deus, o Pai... e um só Senhor, Jesus Cristo". A tentativa de separar Jesus da categoria de Deus verdadeiro, colocando-O como um deus inferior, contradiz a teologia bíblica.

b) Jesus: Divindade verdadeira ou falsa? Um ponto crucial que desafia a teologia das Testemunhas de Jeová é a pergunta: “Jesus Cristo é uma divindade verdadeira ou falsa?”. Se for reconhecido como verdadeiro, isso implica que Ele compartilha a essência de Deus, corroborando a doutrina da Trindade. Contudo, se afirmam que Ele é um “deus falso”, caem em contradição com os próprios princípios bíblicos, pois os seguidores de Cristo seriam adoradores de um deus que não é legítimo, e elas (as Testemunhas de Jeová) estão admitindo que são seguidoras de um deus falso.

Como já foi dito anteriormente, a Bíblia é clara ao afirmar a divindade de Jesus como igual ao Pai:

  • João 10:30: “Eu e o Pai somos um”.
  • Hebreus 1:8: “Mas, do Filho, diz: O teu trono, ó Deus, subsiste pelos séculos dos séculos”.

Esses textos refutam qualquer ideia de Jesus como um ser inferior ou subordinado em essência ao Pai.

As Escrituras fazem menção de “deuses”, mas sempre no contexto de falsidade ou idolatria:

  • Gálatas 4:8: “...quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses”.

Dessa forma, qualquer tentativa de classificar Jesus como um "deus menor" equivale a colocá-Lo na mesma categoria de ídolos e falsidades espirituais. Isso é completamente incompatível com o testemunho bíblico que afirma a plenitude da divindade de Cristo (Col.2:9).

A ideia das Testemunhas de Jeová de que Jesus é uma divindade subordinada é insustentável tanto à luz das Escrituras quanto da lógica teológica. Ao negar a plena divindade de Cristo, seu sistema de crença:

  • Contradiz os fundamentos bíblicos do monoteísmo.
  • Fragmenta a unidade da Trindade, comprometendo a coigualdade das Pessoas divinas.
  • Enfraquece a mensagem de redenção, que depende de Cristo como Deus verdadeiro e Salvador.

Enfim, as Testemunhas de Jeová oferecem uma visão distorcida da pessoa de Jesus, desconsiderando os claros ensinamentos das Escrituras. A resposta à sua teologia está na afirmação bíblica de que Jesus é Deus verdadeiro, o Verbo encarnado, digno de adoração e coigual ao Pai. A fé cristã não admite a fragmentação da divindade, mas proclama a unidade e a plenitude de Deus em Cristo, nosso Senhor e Salvador.

CONCLUSÃO

Aprendemos nesta Lição que o Filho é plenamente igual ao Pai em essência, poder, glória e majestade. A igualdade do Filho com o Pai é uma verdade central das Escrituras e da fé cristã, confirmada pelos próprios ensinamentos de Jesus e pela confissão apostólica. Ele é o Verbo que se fez carne, Deus manifestado em forma humana para realizar a obra da redenção e revelar a plenitude do Pai à humanidade.

Com base nos sólidos fundamentos escriturísticos apresentados, compreendemos que Jesus não é inferior ao Pai, mas compartilha da mesma natureza divina, sendo eterno, imutável e coigual a Ele. Essa verdade nos exorta a adorá-Lo, reconhecendo-O como o único mediador entre Deus e os homens, o Senhor sobre todas as coisas e o Salvador de nossas almas.

A doutrina da igualdade do Filho com o Pai nos fortalece na defesa da fé cristã contra heresias e nos conduz a uma adoração mais profunda e sincera, pois, como Paulo declarou, "nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Cl.2:9). Que a nossa confiança e louvor estejam sempre centrados no Filho, que é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser (Hb.1:3).

 

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Dicionário VINE.CPAD.

O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.

Pr. Hernandes Dias Lopes. João.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Hebreus.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Colossenses.

Dicionário Wycliffe. CPAD.

Stanley M. Horton. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD.

Pr. Ciro Sanches Zibordi. Erros que os Pregadores Devem Evitar. CPAD.

Pr. Silas Daniel. Heresias e Modismos no Meio Evangélico. CPAD.

Vários autores. A Bíblia Responde. CPAD.

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