1º Trimestre de 2025
SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 11
Texto Base: Efésios
2:1-10
“Não pelas obras de
justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela
lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tito 3:5).
Efésios
2:
1.E
vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,
2.em
que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe
das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da
desobediência;
3.entre
os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo
a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como
os outros também
4.Mas
Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
5.estando
nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela
graça sois salvos),
6.e nos ressuscitou
juntamente com ele, e nos fez assentar
nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;
7.para
mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça,
pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.
8.Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom
de Deus.
9.Não
vem das obras, para que ninguém se glorie.
10.Porque
somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus
prepararam para que andássemos nelas.
Nesta lição,
exploraremos a doutrina bíblica da salvação, destacando seu fundamento na graça
de Deus e seu acesso pela fé em Cristo Jesus (Ef.2:8,9). Este ensino central ao
Cristianismo reafirma que a salvação não pode ser conquistada por méritos
humanos, mas é um dom divino que evidencia o amor e a misericórdia de Deus.
Além disso, examinaremos algumas concepções equivocadas que surgiram ao longo
da história, distorcendo a mensagem genuína do evangelho. Essas visões, muitas
vezes fundamentadas em obras humanas ou filosofias errôneas, afastam os crentes
da verdade bíblica, comprometendo a vida espiritual e a comunhão com Deus.
Assim, entender a salvação pela graça é essencial para a vivência plena da fé
cristã e para resistir a falsas interpretações que podem desviar do caminho da
verdade.
I. A SALVAÇÃO SOB A GRAÇA DE DEUS
1. A descrição do estado espiritual humano (Ef.2:1-3)
“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas
e pecados, em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo
o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da
desobediência; entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da
nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por
natureza filhos da ira, como os outros também”.
O
apóstolo Paulo descreve neste texto a gravidade da condição espiritual do ser
humano antes da obra regeneradora de Deus, enfatizando a universalidade e
profundidade do pecado.
A
expressão "mortos em ofensas e pecados" (Ef.2:1) não apenas aponta
para a separação espiritual de Deus, mas para a total incapacidade do homem de
se reconciliar com Ele por seus próprios esforços. Esse estado de morte espiritual
se manifesta em um estilo de vida alinhado ao "curso deste mundo" (Ef.2:2),
revelando a conformidade com os valores contrários à vontade divina.
Paulo
também menciona a influência do "príncipe das potestades do ar" (Ef.2:2b),
uma referência ao domínio de Satanás sobre o sistema mundano e os "filhos
da desobediência" que seguem sua liderança. Essa rebelião é ampliada pela
busca desenfreada dos desejos da carne, que controlam não apenas o corpo, mas a
mente e os sentimentos humanos (Ef.2:3). Assim, os seres humanos caídos são
chamados de "filhos da ira", indicando a justa condenação divina
sobre aqueles que permanecem em pecado.
Essa
descrição destaca a realidade devastadora do pecado e a necessidade de
intervenção divina para libertar o ser humano dessa condição. Sem a graça de
Deus, como será demonstrado nos versículos subsequentes, o homem está
irremediavelmente perdido. Efésios 2:1-3 serve como um lembrete da grandeza da
salvação oferecida por Cristo, que transforma essa condição de morte espiritual
em vida abundante para aqueles que creem (Ef.2:4,5).
2. Mortos em ofensas e
pecados (Ef.2:1,5)
“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas
e pecados, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente
com Cristo (pela graça sois salvos)”.
As expressões
"mortos em ofensas e pecados" (Ef.2:1) e "mortos em nossas
ofensas" (Ef.2:5) são descrições cruciais da condição humana antes da
regeneração em Cristo. Aqui, Paulo utiliza uma metáfora poderosa para comunicar
a realidade da separação espiritual do ser humano em relação a Deus.
A morte espiritual,
conforme descrita, não significa inexistência ou aniquilação, mas um estado de
alienação completa do Criador, incapacidade de buscar ou agradar a Deus por
conta própria (Is.59:2; Rm.3:10-12). Essa separação inclui tanto o afastamento
da comunhão com Deus quanto a sujeição ao pecado e à condenação divina.
A metáfora da morte
espiritual ilustra a inércia espiritual do ser humano: assim como um cadáver
não pode reagir ou reviver por si mesmo, o pecador não tem condições de buscar
a salvação sem a intervenção divina. É nesse contexto que Efésios 2:1-5
apresenta a graça de Deus como a única solução. Deus, por sua imensa
misericórdia e amor, "nos vivificou juntamente com Cristo" (Ef.2:5),
uma referência à regeneração operada pelo Espírito Santo, que restaura a vida
espiritual perdida no pecado (João 3:5,6; Tt.3:5).
Essa vivificação
enfatiza que a salvação não é mérito humano, mas um ato soberano e gratuito de
Deus. A expressão “E vos vivificou” (Ef.2:1) demonstra que Deus é quem toma a
iniciativa em salvar o pecador, sendo a graça o elemento central na obra de
redenção (Ef.2:4,5). A metáfora reforça a completa dependência do ser humano da
obra de Deus, apontando para a centralidade de Cristo como aquele que trouxe
vida ao que estava espiritualmente morto (João 14:6). Isso confirma que a
salvação é obra exclusiva da graça divina, impossibilitando qualquer vanglória
humana (Ef.2:8,9).
A passagem de Efésios
2:8-10 é fundamental para o entendimento bíblico da salvação como uma obra
inteiramente divina, sem qualquer contribuição humana. O texto afirma:
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não
vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Pois
somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus
preparou para que andássemos nelas” (ARC).
a) A graça como
fundamento da salvação. A palavra
"graça" (do grego charis) enfatiza o favor imerecido de Deus,
concedido sem mérito humano. A salvação não é alcançada por esforço, moralidade
ou obras humanas, mas é inteiramente um presente divino. A.T. Robertson
esclarece que a expressão "isto é dom de Deus" (Ef.2:8) se refere ao
ato completo da salvação pela graça, não especificamente à fé. Assim, a fé é o
instrumento que apropria a salvação, enquanto a graça é o fundamento.
b) A fé como meio, não
como mérito. Norman Geisler resume
bem o papel da fé: “a fé é o meio e a salvação é o fim”. Fé, no contexto
bíblico, não é uma obra humana, mas uma resposta gerada pela ação de Deus no
coração humano (João 6:44; Fl.1:29). A fé não carrega mérito em si mesma; ela
simplesmente confia e recebe o dom da salvação.
c) A exclusão de
mérito humano. A frase "não vem
das obras, para que ninguém se glorie" (Ef.2:9) reforça que qualquer
tentativa de complementar a obra de Cristo desvirtua o evangelho. As boas
obras, embora essenciais para a vida cristã, não são causa, mas consequência da
salvação. Efésios 2:10 explica que somos “feitura sua” (do grego poiema,
significando “obra-prima”), criados em Cristo Jesus para realizar boas obras,
que Deus já preparou. Isso demonstra que as obras fluem da nova vida em Cristo,
não são a base dela.
Enfim, Efésios
2:8-10 rejeita as ideias de mérito humano ou sinergismo (uma cooperação humana
na salvação). Este texto fundamenta a doutrina da justificação pela fé somente
(sola fide) e destaca a soberania de Deus na salvação. Para o crente,
essa verdade gera humildade, gratidão e um desejo de cumprir as boas obras como
reflexo da transformação operada por Deus.
Esta exegese refuta
interpretações errôneas de que fé ou obras humanas possam completar a salvação,
enfatizando que é exclusivamente um ato de Deus, pela graça, mediado pela fé,
com um propósito: glorificar a Deus através de uma vida transformada e dedicada
ao bem.
Sinopse:
A SALVAÇÃO SOB A GRAÇA DE DEUS A primeira parte do
estudo deste tópico aborda a condição espiritual do ser humano antes da obra
regeneradora de Cristo, conforme Efésios 2:1-3. O apóstolo Paulo descreve a
humanidade como "mortos em ofensas e pecados", enfatizando a
incapacidade do homem de se salvar por seus próprios méritos. Essa morte
espiritual se manifesta na submissão ao curso deste mundo e à influência de
Satanás, levando os pecadores a uma vida de desobediência e condenação. A segunda parte
aprofunda a metáfora da morte espiritual em Efésios 2:1,5, mostrando que sem
a intervenção divina, o ser humano permaneceria alienado de Deus. A
regeneração, portanto, é um ato exclusivo da graça divina, que vivifica
aqueles que estão espiritualmente mortos. A terceira parte
trata da exegese de Efésios 2:8-10. Este texto esclarece que a salvação é um
dom gratuito de Deus, acessado por meio da fé, sem qualquer mérito humano. A
fé é apresentada como um instrumento para receber a graça, e não como uma
obra meritória. A passagem também destaca que as boas obras são resultado da
transformação operada por Deus, não um meio de obtenção da salvação. Enfim, esse estudo
reforça a doutrina da salvação exclusivamente pela graça, rejeitando qualquer
ideia de mérito humano. O entendimento dessa verdade deve gerar no crente
humildade, gratidão e compromisso com uma vida que glorifique a Deus. |
II. SOTERIOLOGIAS INADEQUADAS NA ANTIGUIDADE
1. Os reencarnacionistas
O
termo “soteriologia” refere-se aos diversos ensinos religiosos inadequados
sobre a salvação. O primeiro deles é a doutrina da reencarnação. Esta doutrina
é uma das crenças religiosas mais antigas e amplamente difundidas, com raízes
no Hinduísmo e forte presença no Budismo, Jainismo e Sikhismo. Essa doutrina
ensina que a alma humana atravessa múltiplos ciclos de nascimento e morte
(samsara), evoluindo espiritualmente até alcançar a perfeição ou libertação
final (moksha). Nas religiões ocidentais, essa crença foi adaptada por
movimentos como o Espiritismo Kardecista, que defende a purificação moral por
meio de sucessivas vidas terrenas.
a)
Origem e fundamentação inadequada da reencarnação. Os defensores dessa
doutrina compartilham uma visão de autossalvação baseada no esforço humano,
excluindo o papel redentor de Cristo. Isso contrasta diretamente com o ensino
bíblico sobre a unicidade da vida e o julgamento posterior (Hb.9:27). Salmos
78:39 também reconhece a fragilidade humana e a transitoriedade da existência
terrena, enquanto João 9:1-3 refuta qualquer ligação automática entre vidas
passadas e sofrimento presente, desmentindo a lógica reencarnacionista.
b)
A reencarnação como uma visão antibíblica. A doutrina da reencarnação elimina a
necessidade de um Salvador, promovendo uma salvação alcançada por méritos
pessoais, algo contrário à graça divina revelada nas Escrituras (Ef.2:8,9). A
reencarnação nega a suficiência do sacrifício de Cristo, essencial para a
reconciliação entre Deus e a humanidade (Rm.5:8-11). Além disso, essa visão
ignora a doutrina da ressurreição, que é o fundamento da esperança cristã (1Co.15:12-22).
c)
Impactos espirituais e culturais. A adoção da reencarnação por algumas culturas
ou movimentos ocidentais, como o Espiritismo e o Movimento Nova Era, reflete um
sincretismo religioso que desvia da verdade bíblica. Essa visão pode levar a
uma espiritualidade centrada no esforço humano e na busca de mérito, afastando
as pessoas da dependência de Cristo e da obra transformadora do Espírito Santo.
d)
A resposta cristã à doutrina da reencarnação. A apologética cristã
deve enfatizar que a salvação é um dom de Deus, recebido pela fé em Cristo, e
não pelo esforço humano. As Escrituras claramente ensinam que cada pessoa vive
uma única vida e enfrentará o julgamento após a morte (Hb.9:27). É necessário
abordar esse tema com clareza, apresentando a mensagem do evangelho como
resposta definitiva às necessidades espirituais da humanidade, oferecendo
libertação, perdão e vida eterna em Cristo.
Assim,
a reencarnação é incompatível com a fé cristã e precisa ser rejeitada como uma
visão inadequada sobre a salvação. A igreja deve estar equipada para
identificar e refutar tais crenças, apresentando com clareza o caminho bíblico
da salvação.
Os galacionistas eram
um grupo de legalistas judaizantes que enfrentaram o apóstolo Paulo na
província da Galácia, conforme descrito na Epístola aos Gálatas. Esses judeus
convertidos ao Cristianismo insistiam que os gentios deveriam observar a Lei de
Moisés, incluindo a prática da circuncisão, como condição indispensável para a
salvação (Atos 15:1). Essa posição refletia um esforço para mesclar a graça da
nova aliança em Cristo com as exigências cerimoniais da antiga aliança, criando
um evangelho híbrido.
a) A controvérsia e o
contexto bíblico. O apóstolo Paulo
condena essa visão como uma distorção do verdadeiro evangelho (Gl.1:7). Ele
argumenta que a justificação não vem pelas obras da Lei, mas pela fé em Cristo
Jesus (Gl.2:16). O cerne da mensagem paulina é que a Lei expõe o pecado, mas
não pode salvar (Rm.3:20). A tentativa dos galacionistas de impor a Lei como
requisito para a salvação subvertia a obra redentora de Cristo, negando a
suficiência de Sua morte e ressurreição.
b) A mensagem central
de Gálatas. Paulo demonstra que a
salvação é exclusivamente pela graça, mediante a fé (Ef.2:8,9), e que os
crentes são livres do jugo da Lei (Gl.5:1). Ele contrasta o sistema da Lei com
o evangelho da graça, apontando que a justificação vem por meio da fé e não por
obras humanas. Ao ressaltar a liberdade cristã, Paulo refuta o legalismo e
afirma que a verdadeira obediência brota do Espírito Santo e não de um
cumprimento forçado da Lei (Gl.5:16-18).
c) O perigo do
legalismo. Os galacionistas
representam um perigo constante para a fé cristã, pois o legalismo é uma
tentativa de misturar o mérito humano com a graça divina. Essa visão não apenas
desvaloriza o sacrifício de Cristo, mas também conduz os crentes a uma relação
de escravidão espiritual, baseada no medo e na performance, em vez de liberdade
e amor.
d) Aplicação para a
Igreja atual. As influências
legalistas ainda são perceptíveis em algumas vertentes religiosas
contemporâneas, que buscam impor regras e tradições humanas como condições para
a salvação. A igreja deve estar alerta para não cair em práticas semelhantes,
mantendo firme o entendimento de que a salvação é inteiramente obra de Deus,
sem depender de esforços humanos ou aderência a rituais religiosos.
Os galacionistas,
enfim, são um exemplo histórico de como a distorção do evangelho pode desviar a
igreja da verdade. A defesa do evangelho da graça por Paulo continua sendo um
marco teológico essencial, lembrando-nos de que Cristo completou a obra de
redenção de maneira plena e perfeita. Assim, o foco do crente deve estar na graça
divina e na liberdade encontrada em Cristo.
Os gnósticos
apresentavam uma visão soteriológica profundamente marcada pelo dualismo,
associando a matéria ao mal e o espírito ao bem. Essa visão maniqueísta,
influenciada pelo ensino de Mâni (216-276), separava a existência em dois
reinos opostos: o reino da luz e o reino das trevas, em constante luta. No
contexto gnóstico, o objetivo da salvação era libertar o espírito humano da
"prisão" do mundo material e de forças planetárias opressoras. Essa
libertação, segundo eles, seria alcançada por meio de um conhecimento secreto e
místico, chamado gnosis. Esse conhecimento, contudo, era considerado
exclusivo dos “espirituais”, excluindo a maioria das pessoas que, na visão
gnóstica, eram "materiais" e incapazes de receber essa iluminação.
a) Refutação teológica.
A Bíblia refuta
claramente a visão gnóstica em vários aspectos:
- A criação não é inerentemente má. Deus criou o mundo material e declarou
que tudo era bom (Gn.1:31). A ideia gnóstica de que a matéria é má é
contrária ao relato bíblico da criação.
- A salvação é universal e não elitista. A mensagem do evangelho é inclusiva.
Deus deseja que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade (1Tm.2:4). Textos como Tito 2:11 e Atos 17:30 enfatizam que a
graça de Deus é manifestada para todas as pessoas, sem distinção de classe
espiritual ou acesso a um "conhecimento secreto".
- Cristo é o único meio de salvação. Enquanto os gnósticos pregavam que a
salvação vinha por meio de um conhecimento místico, a Bíblia afirma que a
redenção é obtida exclusivamente pela fé em Jesus Cristo e em Sua obra
expiatória (Ef.2:8,9).
b) O poder do mal é
limitado. Os gnósticos atribuíam
um poder quase igualitário entre as forças do mal e do bem. Contudo, as Escrituras
deixam claro que o Diabo, embora tenha influência no mundo, está subordinado à
autoridade de Deus (Jó 1:12; 2:6). Deus é soberano, e nenhum poder pode se
comparar ao Seu (Sl.135:6; Cl.1:16,17).
As ideias gnósticas
ainda influenciam algumas correntes filosóficas e espirituais modernas, como o
esoterismo e certos movimentos "New Age". A Igreja deve estar
vigilante para reconhecer e refutar essas doutrinas que distorcem a verdade do
evangelho.
Enfim, o dualismo
gnóstico, que tenta colocar o bem e o mal em uma competição igualitária,
contradiz a soberania de Deus e a mensagem inclusiva da salvação em Cristo. Ao
rejeitar essas ideias, os cristãos reafirmam que a salvação é um dom de Deus,
acessível a todos pela fé em Jesus Cristo, sem discriminação. A mensagem do
evangelho não é elitista nem restrita; é um chamado universal para todos os que
creem.
Sinopse:
SOTERIOLOGIAS INADEQUADAS NA ANTIGUIDADE Este estudo aborda
três doutrinas equivocadas sobre a salvação que surgiram na antiguidade: a
reencarnação, o legalismo judaizante dos galacionistas e o gnosticismo. A doutrina da
reencarnação, presente no Hinduísmo, Budismo e Espiritismo, ensina a
evolução da alma por múltiplas vidas. Essa crença se opõe ao ensino bíblico
da unicidade da vida e do julgamento final (Hb.9:27), além de eliminar a
necessidade de um Salvador, promovendo a autossalvação por mérito pessoal. O
evangelho refuta essa visão ao afirmar que a salvação é pela graça, mediante
a fé em Cristo (Ef.2:8,9). Os galacionistas,
grupo judaizante enfrentado por Paulo, tentavam combinar a graça do evangelho
com a observância da Lei de Moisés, especialmente a circuncisão (Atos 15:1).
Paulo condena essa prática como uma distorção do evangelho (Gl.1:7) e
enfatiza que a justificação vem apenas pela fé, sem a necessidade de obras da
Lei (Gl.2:16; Ef.2:8,9). O legalismo, além de ser um erro teológico,
aprisiona os crentes em um sistema de méritos, negando a suficiência da obra
redentora de Cristo. O gnosticismo
promovia um dualismo entre matéria (má) e espírito (bom), ensinando que a
salvação era alcançada por um conhecimento secreto (gnosis), reservado a
poucos iluminados. Essa visão elitista contradiz a revelação bíblica de que
Deus criou o mundo como algo bom (Gn.1:31) e deseja que todos sejam salvos
(1Tm.2:4). O evangelho ensina que Cristo é o único meio de salvação (Ef.2:8,9)
e que a redenção não depende de conhecimento oculto, mas da graça de Deus. Ao analisar essas
soteriologias inadequadas, este estudo reforça a importância de defender o
evangelho bíblico, que proclama a salvação como um dom divino acessível a
todos pela fé em Jesus Cristo. |
III. AS SOTERIOLOGIAS
INADEQUADAS DE HOJE
1. O Islamismo
A soteriologia
islâmica apresenta uma perspectiva profundamente distinta do cristianismo. No
Islã, a salvação é primariamente meritocrática, baseada no equilíbrio entre
boas e más ações de uma pessoa, conforme registrado no Alcorão (13:22-23). Os
muçulmanos acreditam que, no Dia do Juízo, as boas ações daqueles que forem
mais piedosos pesarão mais, permitindo que entrem no Paraíso. Além disso, o
Alcorão enfatiza que Allah não ama os pecadores, apenas os piedosos e gratos
(Alcorão 2:190, 276). Este conceito, repetido em várias passagens do Alcorão,
reflete uma visão condicional do amor divino, diferente da perspectiva cristã.
O cristianismo, porém,
ensina que a salvação não é baseada em méritos ou obras, mas é um dom gratuito
de Deus, acessível pela fé em Jesus Cristo (Efésios 2:8,9). A expiação dos
pecados é essencial na fé cristã, realizada unicamente através do sacrifício de
Jesus (Hebreus 9:22; João 14:6). Em contraste, no Islã, não há conceito de
expiação vicária. O perdão é obtido diretamente de Allah, e a salvação depende
da obediência aos mandamentos divinos e da misericórdia de Allah.
Enquanto o Islã afirma
que Allah não ama os pecadores, o cristianismo proclama que Deus ama a todos,
incluindo os pecadores (João 3:16; Romanos 5:8). Essa diferença fundamental
reflete as distintas concepções de Deus em ambas as religiões. Para o
cristianismo, o amor de Deus é incondicional e estende-se mesmo àqueles que
ainda não se voltaram a Ele.
A ideia islâmica de
salvação pelas obras contrasta diretamente com o ensino cristão da justificação
pela fé. Romanos 10:9,10 destaca que a salvação começa no momento em que uma
pessoa crê no coração que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos e confessa
publicamente Sua soberania. Esta fé, no entendimento cristão, transforma o
pecador e o reconcilia com Deus, um conceito que é ausente na soteriologia
islâmica.
Enfim, a soteriologia
islâmica reflete uma abordagem centrada no mérito humano e na misericórdia
condicional de Allah, enquanto o Cristianismo autêntico é fundamentada na graça
de Deus, por meio da fé em Jesus Cristo. Este contraste destaca a singularidade
da mensagem cristã de redenção, que não apenas oferece salvação, mas também um
relacionamento transformador com Deus. Ao dialogar com muçulmanos, é essencial
compreender essas diferenças para apresentar a mensagem do evangelho com
clareza e amor.
2. As Testemunhas de
Jeová
A doutrina das
Testemunhas de Jeová sobre a salvação é uma distorção do ensino bíblico, pois
desloca o foco da obra redentora de Cristo para a dependência de uma
organização humana. Eles ensinam que a salvação está ligada à fidelidade à sua
organização e não exclusivamente à obra de Cristo. Contudo, a Bíblia é clara ao
afirmar que Jesus é o único mediador e caminho para a salvação:
- João 14:6 – “Eu sou o caminho, e a verdade, e a
vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim”.
- Atos 4:12 – “E não há salvação em nenhum outro;
porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens,
pelo qual importa que sejamos salvos”.
A ênfase bíblica, portanto, é na obra redentora de Cristo
e não em qualquer instituição humana.
Essa teologia divide
os salvos em duas classes:
Ø
A classe dos ungidos – restrita a 144 mil pessoas, que teriam acesso ao céu.
Ø
A grande multidão
– os que herdarão a terra e não possuem as prerrogativas espirituais concedidas
pela salvação em Cristo.
Essa perspectiva
contraria diretamente a mensagem bíblica, que apresenta uma salvação universal
em Cristo, disponível a todos que creem (João 3:16). Vamos analisar as
principais afirmações desta doutrina e apresentar uma refutação com base nas
Escrituras:
a) A classe dos 144
mil (Ap.7:4-8)
A ideia de que apenas
144 mil terão acesso ao céu é baseada em uma interpretação literal e
descontextualizada de Apocalipse 7:4-8. No entanto, o contexto de Apocalipse
mostra que os 144 mil representam um número simbólico da plenitude do povo de
Deus, provenientes das 12 tribos de Israel. Além disso, o texto prossegue
mencionando uma "grande multidão" (Ap.7:9), não como um grupo
distinto, mas como a totalidade dos redimidos:
- Apocalipse 7:9 – “Depois destas coisas olhei, e eis uma
grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos,
povos e línguas”. Isso reforça que a salvação é universal e abrange todos
os que pertencem a Cristo, independentemente de classe ou distinção.
Características dos 144 mil:
1)
Origem e identidade:
o Provenientes das 12
tribos de Israel, indicando que Deus ainda tem um plano específico para o povo
judeu no contexto escatológico (Ap.7:4-8).
o Eles são descritos
como fiéis, irrepreensíveis e consagrados, não se contaminando com práticas
mundanas (Ap.14:4,5).
2)
Missão durante a Grande Tribulação:
o Estes homens, selados
por Deus, serão protegidos de forma sobrenatural contra os juízos divinos
derramados sobre o mundo (Ap.7:3; Ap.9:4).
o Embora protegidos dos
juízos, não estarão imunes à perseguição do Anticristo, podendo sofrer o
martírio como parte de seu testemunho (Ap.7:13,14).
3)
A sinalização divina:
o Receberão um “selo” na
testa, que simboliza sua consagração e pertencimento a Deus. Esse selo servirá
como marca de proteção espiritual contra os juízos divinos (Ap.9:4) e como
distinção em seu ministério (compare Ez.9:4-6).
4)
Fidelidade e glória:
o
Tudo
indica que serão mortos pelo Anticristo, pois em Apocalipse 14:3-5 eles estarão
diante do trono de Deus cantando, indicando um relacionamento íntimo e
privilegiado com o Senhor O texto afirma que o Cordeiro (Jesus glorificado) os
honrará por sua fidelidade, como lemos em Apocalipse 14:3-5: “E cantavam um
cântico novo diante do trono e diante dos quatro animais e dos anciãos; e
ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil
que foram comprados da terra. Estes são os que não estão contaminados com
mulheres, porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer
que vá. Estes são os que dentre os homens foram comprados como príncipes para
Deus e para o Cordeiro. E na sua boca não se achou engano; porque são
irrepreensíveis diante do trono de Deus”.
o A descrição de serem
"virgens" pode ser interpretada como pureza espiritual, denotando
fidelidade absoluta a Deus e rejeição a qualquer forma de idolatria.
o Os 144 mil são vistos
como um sinal do plano redentor de Deus, mesmo em meio à Grande Tribulação,
mostrando Sua fidelidade em alcançar o mundo com o Evangelho. Embora sejam
identificados como mártires no desempenho de sua missão, eles também são
exaltados e honrados pelo Cordeiro, participando da glória celestial.
Essa interpretação ressalta a soberania de Deus na
história humana e Seu cuidado tanto com Israel quanto com as nações, trazendo
salvação mesmo em tempos de julgamento.
b) A negação de
privilégios espirituais à "grande multidão"
A doutrina das
Testemunhas de Jeová afirma que a "grande multidão" não possui o
Espírito Santo, não é filha de Deus e não tem Cristo como mediador. Isso,
porém, contradiz frontalmente as Escrituras:
- Romanos 8:9 – “Se alguém não tem o Espírito de
Cristo, esse tal não é dele”. Todos os cristãos verdadeiros têm o Espírito
Santo habitando neles.
- João 1:12 – “A todos quantos o receberam, deu-lhes
o poder de serem feitos filhos de Deus”.
- 1Timóteo 2:5 – “Há um só Deus e um só mediador entre
Deus e os homens, Jesus Cristo”.
As Escrituras deixam claro que todos os que creem em
Cristo, sem exceção, têm acesso a esses privilégios espirituais.
Refutação Geral
A doutrina das
Testemunhas de Jeová é inconsistente com o ensino bíblico genuíno. A salvação
em Cristo é apresentada como um ato da graça de Deus, pela fé, acessível a
todos:
- Efésios 2:8,9 – “Pela graça sois salvos, mediante a
fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém
se glorie”.
Portanto, qualquer
ensino que limite a obra de Cristo ou condicione a salvação a uma organização
religiosa contradiz o fundamento do Evangelho. O verdadeiro cristianismo
proclama que Jesus Cristo é suficiente para salvar plenamente todos os que
n’Ele creem.
3. O Mormonismo
O Mormonismo apresenta
uma doutrina de salvação que combina elementos da fé cristã tradicional com
práticas e crenças específicas da religião fundada por Joseph Smith Jr. Essa
perspectiva diverge do ensinamento bíblico ortodoxo em pontos fundamentais, o
que justifica uma análise crítica.
Doutrina Mórmon de
Salvação:
a)
Salvação geral. Segundo
o Mormonismo, todos os seres humanos experimentarão uma "salvação
geral" após um período de castigo, à exceção de alguns considerados
inaptos para o reino de Deus.
Este conceito conflita com o ensino bíblico de que após a
morte vem o juízo final (Hb.9:27), sem uma segunda oportunidade de salvação.
b)
Salvação individual.
o
Para
os mórmons, essa salvação exige fé em Jesus Cristo, arrependimento, batismo por
imersão e a imposição de mãos, além de outros requisitos, como a obediência às
leis e ordenanças específicas da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias.
o
Um
requisito adicional controverso é reconhecer Joseph Smith Jr. como profeta e
porta-voz de Deus.
c)
Ordenanças e mérito.
o
Os
mórmons veem as boas obras e a observância das ordenanças como essenciais para
a salvação, em contraste com o ensino bíblico de que a salvação é
exclusivamente pela graça mediante a fé (Ef.2:8,9; Tt.3:5).
Refutação à Luz da
Bíblia
a)
Salvação exclusiva em Cristo.
o
Jesus
declarou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por
mim” (João 14:6). Essa afirmação exclui a necessidade de mediadores adicionais,
como Joseph Smith.
o
Atos
4:12 reforça que não há outro nome, além de Jesus, pelo qual possamos ser
salvos.
b)
Salvação pela graça e não por obras.
o
O
ensinamento de que a salvação exige mérito humano é contrariado por passagens
claras como Efésios 2:8,9: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e
isso não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”.
o
A
obra de Cristo na cruz foi completa e suficiente para a redenção (João 19:30;
Hb.10:10-14).
c)
Universalidade da salvação em Cristo.
o
A
salvação em Cristo é oferecida a todos, sem distinção, mas não é automática nem
universal. Tito 2:11 diz: “A graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a
todos os homens”.
o
Porém,
o Evangelho exige fé pessoal e arrependimento (Mc 1:15; At 2:38).
Enfim, a doutrina mórmon de salvação, ao
incluir obras, ordenanças específicas e a mediação de Joseph Smith, contraria a
mensagem central do Evangelho: a suficiência de Cristo como único Salvador. A
verdadeira salvação, segundo a Bíblia, é acessível a todos os que se arrependem
e creem em Jesus Cristo, sendo um dom gratuito da graça de Deus. Isso reafirma
que a salvação não é uma conquista humana, mas uma dádiva divina, para a glória
de Deus.
Sinopse:
AS SOTERIOLOGIAS INADEQUADAS DE HOJE Este tópico aborda
três sistemas de crença que apresentam visões inadequadas sobre a salvação à
luz das Escrituras: Islamismo, Testemunhas de Jeová e Mormonismo. 1. O Islamismo A soteriologia
islâmica é baseada no mérito das boas obras, onde a salvação é determinada
pelo equilíbrio entre ações boas e más. Não há conceito de expiação vicária,
e Allah não ama os pecadores, mas apenas os piedosos. Em contraste, o
cristianismo ensina que a salvação vem exclusivamente pela graça de Deus, por
meio da fé em Jesus Cristo (Ef.2:8,9; Rm.10:9,10). 2. As Testemunhas de Jeová Essa crença distorce
a doutrina bíblica ao condicionar a salvação à lealdade a uma organização
humana, em vez da fé exclusiva em Cristo (João 14:6; Atos 4:12). A divisão
entre uma classe celestial (144 mil) e uma terrena (a "grande
multidão") é baseada em uma interpretação equivocada de Apocalipse 7. A
Bíblia, no entanto, ensina que todos os crentes têm acesso às bênçãos
espirituais em Cristo (Rm.8:9; João 1:12). 3. O Mormonismo A salvação mórmon
inclui um conceito de "salvação geral", permitindo que quase todos
sejam salvos após um período de punição, e uma "salvação
individual" que requer fé em Cristo, boas obras e a aceitação de Joseph
Smith como profeta. Isso contradiz o ensino bíblico de que a salvação é
exclusivamente pela graça (Ef.2:8,9) e que Cristo é o único mediador (1Tm.2:5). A lição enfatiza que
qualquer sistema que condicione a salvação ao mérito humano ou a uma
organização religiosa se desvia da verdade bíblica. O Evangelho proclama que
a salvação é um dom gratuito de Deus, acessível a todos os que creem em
Cristo como Senhor e Salvador. |
CONCLUSÃO
Nesta lição,
aprendemos que a salvação é uma obra exclusiva de Deus, realizada por meio da
graça e fundamentada no sacrifício de Jesus Cristo. Ela não pode ser obtida por
méritos humanos, boas obras ou esforços religiosos, mas é um dom divino
concedido àqueles que creem (Ef.2:8,9).
Exploramos como
diversas doutrinas humanas tentam distorcer esse princípio, adicionando elementos
que retiram de Cristo a centralidade do plano de redenção. Refutamos heresias
que tentam substituir ou minimizar a obra completa de Cristo, reafirmando que
Ele é o único mediador entre Deus e os homens (1Tm.2:5).
O verdadeiro Evangelho
nos chama a viver em gratidão, santidade e obediência, não como meios de
alcançar a salvação, mas como frutos genuínos de quem é salvo. A salvação
revela o amor de Deus, traz transformação e nos capacita para toda boa obra
(2Tm.3:16,17).
Que possamos
permanecer firmes na verdade do Evangelho, proclamando que a salvação é
unicamente pela graça, mediante a fé em Cristo, para a glória de Deus.
Luciano de Paula
Lourenço – EBD/IEADTC
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo –
Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico
Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.
O Novo Dicionário da
Bíblia. VIDA NOVA.
Pr. Hernandes Dias
Lopes. Efésios.
Bíblia de Estudo
Apologética Cristã. CPAD.
Pr. Raimundo de
Oliveira. Seitas e Heresias. CPAD.
Pr. Esequias Soares.
Heresias e Modismos. CPAD.
Silas Daniel. Seitas e Heresias. CPAD.
Dicionário VINE.CPAD.
Dicionário Wycliffe.
CPAD.
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