domingo, 16 de fevereiro de 2025

JESUS VIVEU A EXPERIÊNCIA HUMANA

         1º Trimestre de 2025

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 08

Texto Base: João 1:43-51; Mateus 26:37,38,42

Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando todo tipo de doenças e enfermidades entre o povo” (Mt.4:23).

João 1:

43.No dia seguinte, quis Jesus ir à Galileia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me.

44.E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.

45.Filipe achou Natanael e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na Lei e de quem escreveram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.

46.Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem e vê.

47.Jesus viu Natanael vir ter com ele e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.

48.Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu estando tu debaixo da figueira.

49.Natanael respondeu e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.

50.Jesus respondeu e disse-lhe: Porque te disse: vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás.

51.E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que, daqui em diante, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do Homem.

Mateus 26:

37.E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.

38.Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.

42.E, indo segunda vez, orou, dizendo: Meu Pai, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade.

INTRODUÇÃO

Nesta Lição, exploraremos como Jesus Cristo, sendo plenamente Deus, também experimentou a condição humana em toda a sua profundidade e complexidade. Ele cresceu em Nazaré, interagiu socialmente, trabalhou, participou de festividades, enfrentou desafios e teve uma vida religiosa dentro da tradição judaica. A humanidade de Jesus não foi apenas uma aparência; Ele experimentou fome, sede, cansaço, tristeza e até a dor da morte. Essa realidade reforça a verdade bíblica de que Cristo se tornou plenamente humano sem deixar de ser Deus (João 1:14; Hb.4:15). Assim, ao entender essa experiência, somos conduzidos a uma maior apreciação do amor de Deus e da identificação de Jesus com nossas lutas e limitações.

I. A EXPERIÊNCIA HUMANA NO MINISTÉRIO DE JESUS

1. Os debates com as autoridades religiosas

“Os principais opositores de Jesus foram os fariseus, os saduceus e os herodianos. Esses debates revelam o ensino de Jesus sobre a ética, os princípios morais e as responsabilidades que temos” (LBM).

a) Os fariseus. Representavam uma facção do judaísmo profundamente zelosa pelas tradições orais que, muitas vezes, sobrepunham às Escrituras. Apesar de sua devoção religiosa, Jesus frequentemente os criticava por sua hipocrisia e pelo legalismo que obscurecia o verdadeiro propósito da Lei (Mt.23:23-28). Eles acreditavam na ressurreição e em anjos, mas colocavam tradições humanas como critérios de autoridade (Mt.15:6). A oposição de Jesus a esses líderes enfatizava a necessidade de uma fé centrada em Deus e não em aparências religiosas (Lc.18:9-14). Paulo, antes de sua conversão, foi um dos fariseus mais fervorosos, reconhecendo posteriormente como essas práticas estavam longe da essência do Evangelho (Fp.3:5,6).

b) Os saduceus. A origem do termo "saduceus" deriva do nome próprio hebraico "Tsadoq", que significa "justo" ou "reto". Esse nome está associado a Zadoque, um sacerdote importante que serviu durante o reinado do rei Davi e Salomão (1Reis 1:39; 2Samuel 8:17). Zadoque tornou-se o ancestral de uma linhagem de sacerdotes que continuaram a exercer funções no Templo de Jerusalém.

Os saduceus, enquanto grupo, possivelmente reivindicavam descendência ou associação com essa linhagem sacerdotal, mantendo influência significativa sobre o Templo e os rituais sacrificiais. No período do Segundo Templo, eles formaram uma elite aristocrática e política, geralmente composta de sacerdotes e membros da alta sociedade judaica. O nome grego correspondente, "Saddukaioi", usado no Novo Testamento, também se relaciona a essa origem, refletindo uma transliteração da raiz hebraica ou aramaica.

Os saduceus, influentes na aristocracia sacerdotal, rejeitavam doutrinas fundamentais como a ressurreição dos mortos e a existência de seres espirituais (Atos 23:8). Seu apego aos primeiros cinco livros da Bíblia (Pentateuco) e a rejeição do restante do Antigo Testamento refletia uma visão limitada e materialista da fé. Jesus enfrentou suas crenças diretamente ao defender a ressurreição com base no Pentateuco (Mt.22:23-32), mostrando como até mesmo os textos que eles aceitavam afirmavam a continuidade da vida após a morte.

c) Os herodianos. Eram um grupo mais político do que religioso, alinhados à dinastia de Herodes e defensores do domínio romano. Eles viam em Jesus uma ameaça à estabilidade política, temendo que Seu ensino popular pudesse perturbar o status quo. Sua união com os fariseus contra Jesus mostra a profundidade da oposição a Ele, mesmo entre grupos ideologicamente divergentes (Mc.3:6). No debate sobre os tributos, Jesus desmascarou a hipocrisia desses grupos ao afirmar: "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Mc.12:17), revelando a superficialidade de suas armadilhas políticas e espirituais.

Os debates de Jesus com esses três grupos demonstram sua autoridade, sabedoria e capacidade de expor os erros tanto do legalismo religioso quanto da ambição política. Mais do que enfrentar seus opositores, Jesus revelou verdades eternas, desafiando seus ouvintes a irem além das aparências religiosas e políticas para viverem uma fé genuína e transformadora.

2. A vida social e religiosa de Jesus

A vida social e religiosa de Jesus Cristo reflete plenamente sua humanidade e o modo como ele interagiu ativamente com o contexto de seu tempo, independentemente de diferenças culturais, espirituais ou sociais.

a) Vida social de Jesus

Jesus viveu intensamente em comunidade. A escolha de discípulos como Filipe, André, Pedro e Natanael ocorreu em um ambiente de convivência, mostrando que suas relações começavam em círculos sociais de amizade e proximidade (João 1:43-46). Além disso, os Evangelhos relatam sua interação com parentes e amigos desde a infância, como Zacarias e Isabel, que aparecem nos relatos de Lucas (capítulos 1 e 2). João e Tiago, filhos de Zebedeu, eram primos de Jesus por parte de Salomé, irmã de Maria (João 19:25). Esse vínculo familiar reforça a conexão de Jesus com sua comunidade local.

Sua interação não era limitada a grupos específicos: Jesus era conhecido por estar com publicanos e pecadores (Mateus 9:10,11), fariseus, e pessoas marginalizadas, como a mulher pecadora (Lucas 7:37-39) e a samaritana junto ao poço (João 4:9-15). Sua inclusão social ultrapassava barreiras religiosas, culturais e de status, enfatizando sua missão de alcançar todos.

b)) Vida religiosa de Jesus

Jesus foi profundamente enraizado no judaísmo, respeitando e cumprindo suas tradições. Lucas descreve Jesus participando de festividades e da vida no Templo desde a infância, mostrando que ele crescia "em sabedoria e estatura, e em graça para com Deus e os homens" (Lc.2:40,52). Sua religiosidade era demonstrada em práticas como a frequência às sinagogas (Lc.4:16), a observância da Páscoa (Lc.2:41,42) e o envolvimento em debates sobre a Lei com líderes religiosos.

Esses aspectos da vida de Jesus mostram que Ele, sendo plenamente humano, experimentou as dinâmicas das relações humanas e religiosas. Ele valorizou a interação em comunidade e demonstrou empatia e inclusão, enquanto vivia de maneira irrepreensível no cumprimento das tradições judaicas, mostrando que a fé verdadeira se manifesta em compaixão e santidade.

3. Características próprias do ser humano

A humanidade de Jesus é um aspecto fundamental de sua encarnação, demonstrada por características próprias de um ser humano, sem, contudo, comprometer sua perfeição moral e espiritual. O estudo dessas características oferece uma visão mais profunda sobre como Jesus experimentou a vida terrena e identificou-se plenamente com a condição humana.

a) Nascido de mulher

Jesus nasceu de forma comum, por meio de Maria, embora sua concepção tenha sido milagrosa, realizada pelo Espírito Santo (Lc.1:35). Seu nascimento em Belém (Lc.2:6,7) revela tanto sua humanidade como a humildade de sua missão, pois foi trazido ao mundo em circunstâncias simples e comuns.

b) Sentimentos e limitações humanas

Jesus demonstrou emoções humanas, como tristeza e angústia. Ele chorou (Lc.19:41; João 11:35), sentiu medo e sofrimento (Mt.26:37; Hb.5:7,8). Além disso, experimentou cansaço físico, fome e sede, indicando sua identificação com as fragilidades humanas (Mt.8:24; João 4:6; 19:28). Sua dependência da oração e do Espírito Santo (Lc.4:1,14; 5:16) sublinha seu estado humano e seu exemplo de total submissão à vontade de Deus.

Morte e Ressurreição

O sofrimento culminou na cruz, onde ele experimentou a morte física (1Co.15:3). Entretanto, sua ressurreição ao terceiro dia diferencia-o de qualquer outro ser humano, mostrando que, embora plenamente homem, ele era também plenamente Deus, com poder sobre a morte.

Impecabilidade

Mesmo em sua humanidade, Jesus viveu sem pecado (João 8:46; Hebreus 4:15). Ele experimentou todas as fraquezas humanas, mas sem cair em fraquezas morais ou espirituais. Isso faz dele o modelo perfeito de obediência e santidade.

Ao assumir a humanidade, Jesus revelou que compreende nossas dores e limitações, tornando-se o mediador perfeito entre Deus e os homens (1Tm.2:5). Seu exemplo nos encoraja a buscar dependência no Espírito Santo e em oração, assim como ele fez. Além disso, sua impecabilidade inspira a santidade e a confiança em sua capacidade de salvar completamente.

II. HERESIAS QUE NEGAM A HUMANIDADE DE JESUS

1. Apolinarismo

O Apolinarismo é uma heresia cristológica que surgiu no século IV e representa uma tentativa de explicar a encarnação de Cristo, mas de forma que compromete a plena humanidade de Jesus. O ponto central da doutrina de Apolinário, bispo de Laodiceia, é a negação de que Jesus possuísse um espírito humano (ou "pneuma"). Ele argumentava que o Verbo divino (João 1:1,14) assumiu diretamente a função do "pneuma" em Cristo, substituindo a parte racional de sua natureza humana.

Na visão de Apolinário, o ser humano é composto de três elementos:

Ø  Sōma (corpo ou carne) – a parte física.

Ø  Psychē (alma animal) – a sede dos instintos, emoções e desejos.

Ø  Pneuma (espírito ou alma racional) – a parte intelectual e moral, responsável pela razão e espiritualidade.

Apolinário acreditava que Jesus possuía um corpo humano (sōma) e uma alma animal (psychē), mas não um espírito humano (pneuma). Ele afirmava que o "pneuma" humano era substituído pelo Logos (a Palavra divina), o que, em sua perspectiva, tornava Jesus completamente imune ao pecado.

Embora essa teoria tentasse proteger a divindade de Cristo e sua impecabilidade, ela acabava comprometendo sua plena humanidade.

a)   Desconexão com a humanidade. Se Jesus não tivesse um espírito humano, Ele não poderia ser plenamente humano. Isso invalidaria sua capacidade de redimir toda a humanidade, uma vez que, conforme Hebreus 2:17, "era necessário que em tudo fosse semelhante aos irmãos".

b)   Redenção incompleta. A salvação é completa porque Jesus assumiu plenamente a natureza humana (1Tm.2:5). Negar o "pneuma" humano de Cristo implicaria que Ele não experimentou a totalidade da condição humana.

c)   Distanciamento da doutrina bíblica. Textos como Lucas 2:52, que afirmam que Jesus "crescia em sabedoria", apontam para o desenvolvimento de uma mente humana, o que é incompatível com a substituição de sua alma racional pelo Logos.

Condenação e refutação

O Apolinarismo foi considerado herético pelos Concílios de Constantinopla (em 381 d.C.) e Calcedônia (em 451 d.C.). Esses concílios reafirmaram que Jesus era verdadeiro Deus e verdadeiro homem, possuindo duas naturezas completas – uma divina e outra humana – unidas de forma indivisível e inconfundível.

A plena humanidade de Jesus é essencial para nossa salvação. Ele não apenas assumiu a carne humana, mas experimentou a totalidade de nossa condição, exceto o pecado (Hb.4:15). Assim, Ele é capaz de ser nosso sumo sacerdote e mediador, identificando-se plenamente conosco em nossas fraquezas.

2. Reação da Igreja

A plena humanidade de Jesus é uma doutrina essencial para a fé cristã e está solidamente fundamentada no Novo Testamento. Diversos textos bíblicos atestam que Jesus possuía um corpo físico verdadeiro, como demonstrado em Lucas 24:36-40 e João 2:21, que descrevem sua ressurreição corporal, bem como em Hebreus 10:10, que fala sobre a oferta de seu corpo para nossa redenção. Além disso, Jesus também tinha uma alma e um espírito, evidenciados em passagens como Mateus 26:38 (“Minha alma está profundamente triste até à morte”) e Lucas 23:46 (“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”).

Esses textos não apenas confirmam a humanidade integral de Cristo, mas também destacam a diferença fundamental entre Ele e a humanidade pecaminosa: sua impecabilidade. Segundo Hebreus 2:14,17 (NTLH), Jesus participou da mesma natureza que nós para nos redimir, sendo semelhante a nós em tudo, exceto no pecado (Hebreus 4:15).

O Apolinarismo, ao negar que Jesus tinha um espírito humano, foi considerado uma afronta à doutrina da plena humanidade de Cristo. A Igreja reagiu de forma decisiva contra essa heresia, que implicava na insuficiência da encarnação e da obra salvífica de Cristo. Essa posição foi formalmente rejeitada no Concílio de Constantinopla (381 d.C.) e reafirmada no Concílio de Calcedônia (451 d.C.), que definiu que Cristo possuía duas naturezas completas – divina e humana – unidas de maneira indivisível, sem confusão ou separação.

A plena humanidade de Jesus é indispensável para que Ele seja o nosso perfeito mediador (1Timóteo 2:5) e sumo sacerdote, capaz de compreender nossas fraquezas e interceder por nós (Hebreus 4:15). Negar qualquer aspecto dessa humanidade comprometeria a eficácia da redenção, pois apenas alguém plenamente humano poderia sofrer e morrer em nosso lugar.

A condenação do Apolinarismo pela Igreja reforçou o compromisso com a fidelidade às Escrituras, protegendo a doutrina cristológica contra interpretações que distorcessem a verdade sobre a pessoa de Jesus. Isso nos lembra a importância de estudar a Palavra e zelar pela sã doutrina para evitar erros teológicos que possam comprometer a fé.

3. Monotelismo

O Monotelismo é uma heresia cristológica desenvolvida pelo patriarca Sérgio de Constantinopla no século VII, que propunha que em Jesus existia apenas uma única vontade (monos thelema), alinhada à sua pessoa divina. Esse ensino buscava conciliar a teologia monofisita, que afirmava uma única natureza em Cristo, com a ortodoxia do Concílio de Calcedônia (451 d.C.), que sustentava a coexistência das duas naturezas — divina e humana — na pessoa de Jesus, de forma indivisível, porém distinta.

A doutrina do Monotelismo foi considerada uma ameaça porque implicava na negação da plena humanidade de Cristo. Se Jesus possuísse apenas uma vontade divina, Ele não poderia ser plenamente humano, uma vez que a vontade é um atributo essencial à natureza humana. O Novo Testamento evidencia a existência de duas vontades em Cristo, como demonstrado em Marcos 14:36: “Não seja o que eu quero, mas o que tu queres”, em referência à submissão de sua vontade humana à divina.

Sofrônio, patriarca de Jerusalém, em 613, foi uma figura central na oposição ao Monotelismo. Ele argumentou que Jesus tinha duas vontades distintas, humana e divina, sendo a vontade humana plenamente submissa à divina. Essa submissão não implica conflito, mas reflete a perfeita harmonia entre as duas naturezas de Cristo.

O Monotelismo foi formalmente rejeitado no Terceiro Concílio de Constantinopla (681 d.C.), que declarou que Cristo possuía duas vontades (dyotheletismo), conforme suas duas naturezas:

ü  A vontade divina — que reflete a essência de sua divindade.

ü  A vontade humana — essencial à sua humanidade, perfeitamente submissa à divina, mas distinta.

O concílio reafirmou que negar a vontade humana de Cristo seria comprometer a realidade de sua encarnação e a completude de sua obra redentora. Apenas um Cristo plenamente humano poderia obedecer em nosso lugar e oferecer-se como sacrifício perfeito.

As ações de Jesus — como comer, beber e interagir com pessoas — são manifestações de sua natureza humana, enquanto atos como perdoar pecados (Lc.5:20-22) refletem sua natureza divina. Ambas as naturezas operam em plena unidade e sem confusão, cada uma conforme sua propriedade.

A rejeição do Monotelismo foi essencial para preservar a doutrina bíblica sobre a pessoa de Cristo, como mediador perfeito entre Deus e os homens (1Tm.2:5). Esse episódio histórico demonstra a importância de salvaguardar a plena humanidade e divindade de Jesus, um fundamento central da fé cristã.

III. COMO ESSAS HERESIAS SE APRESENTAM NOS DIAS ATUAIS

1. Quais países Jesus visitou quando esteve entre nós?

Conforme os Evangelhos apontam, Jesus esteve em três locais principais durante sua vida terrena:

a)   Egito. Após o nascimento de Jesus, José e Maria fugiram para o Egito para proteger o menino do massacre dos inocentes decretado por Herodes (Mt.2:14,15). Esta viagem cumpre a profecia de Oseias: "Do Egito chamei o meu Filho" (Oséias 11:1).

b)   Israel. Este foi o centro de toda a vida e ministério de Jesus, abrangendo sua infância em Nazaré, suas viagens por cidades como Cafarnaum, Jericó, e Jerusalém, e sua crucificação e ressurreição na capital.

c)   Fenícia (atual Líbano). Durante o ministério de Jesus, os Evangelhos mencionam sua visita à região de Tiro e Sidom, onde Ele interagiu com uma mulher siro-fenícia (Mc.7:24-30).

Críticas a fábulas contemporâneas

Enquanto essas localidades têm base sólida nos relatos bíblicos, surgiram fábulas e especulações sobre supostas viagens de Jesus a outras regiões, como a Índia ou os Estados Unidos, muitas vezes associadas a grupos como o Movimento Nova Era ou os Mórmons. Estas teorias carecem de fundamentos históricos ou bíblicos e estão em contradição com o que os Evangelhos apresentam sobre a vida e os propósitos de Cristo.

Os Evangelhos enfatizam que Jesus não era estranho ao contexto social e religioso de sua época. Ele era bem conhecido em sua comunidade como o "filho do carpinteiro" (Mt.13:55-57) e foi identificado como o Messias prometido no contexto das Escrituras de Israel (João 7:41,42). Não há qualquer evidência nos textos bíblicos ou históricos para sustentar narrativas que colocam Jesus fora dessas regiões.

A rejeição de fábulas é uma exortação bíblica clara. O apóstolo Paulo adverte contra os mitos que distorcem a verdade da fé, incentivando os cristãos a manterem-se firmes na Palavra de Deus (1Tm.4:7). Narrativas que colocam Jesus em contextos não bíblicos comprometem a mensagem de sua encarnação e ministério redentor.

2. Jesus era visto como alguém da comunidade.

A percepção de Jesus como alguém natural da comunidade judaica é central na narrativa dos Evangelhos. Ele era identificado por sua família, profissão e relação com os habitantes de sua região. Marcos 6:2,3 registra o espanto de seus conterrâneos na sinagoga de Nazaré, que reconheciam nele o “carpinteiro, filho de Maria”, com irmãos e irmãs conhecidos por todos. Essa reação demonstra que Jesus era completamente inserido no contexto social e cultural do povo judeu.

Lucas 4:22-24 reforça essa visão, mostrando que, ao pregar na sinagoga, as pessoas se admiravam de suas palavras, mas também se questionavam: "Não é este o filho de José?". Essa indagação confirma que Jesus era visto como parte da comunidade, sem qualquer indício de ser estrangeiro ou proveniente de outra cultura.

A crítica às invenções esotéricas, como as que afirmam que Jesus teria vivido na Índia ou assimilado práticas culturais de fora do contexto judaico, baseia-se na total ausência de evidências nos Evangelhos e na contradição com o que é narrado. Toda a vida, ensinamento e ministério de Jesus estão profundamente enraizados no judaísmo, desde sua participação nas festas religiosas (como a Páscoa, em João 2:13) até suas frequentes referências às Escrituras Hebraicas.

A indignação do povo de Nazaré ao ouvir Jesus ensinando reflete seu preconceito contra alguém de sua própria comunidade que agora falava com autoridade profética. Isso não seria compatível com a ideia de um "forasteiro" ou alguém com uma cultura completamente diferente, como sugerem as teorias esotéricas.

Em suma, a narrativa evangélica é clara e consistente: Jesus era plenamente identificado com a comunidade judaica de seu tempo, o que contraria as especulações esotéricas que o dissociam desse contexto. Esses mitos devem ser rejeitados, conforme a orientação bíblica de evitar fábulas e aderir à verdade revelada na Escritura (1Tm.4:7).

CONCLUSÃO

Compreendemos nesta Lição que Jesus viveu plenamente a condição humana, experimentando a vida social, interagindo com pessoas de diversas origens e culturas, e vivendo uma vida religiosa coerente com o contexto judaico de sua época. Ele se desenvolveu em sabedoria, estatura e graça, conforme relatado nos Evangelhos, e enfrentou as limitações, necessidades e emoções humanas, sem jamais se apartar da vontade do Pai.

Estudamos também as características próprias do ser humano que estavam presentes em Jesus, como sua dependência de oração, as experiências de sofrimento e alegria, fome, cansaço, e, por fim, sua morte real. Entretanto, Ele se distinguiu de todos nós em sua impecabilidade e em sua vitória sobre a morte, ressuscitando ao terceiro dia.

A análise das heresias que tentam negar a humanidade de Jesus, como o Apolinarismo, o Monotelismo e os mitos esotéricos modernos, reforça a importância de afirmarmos a doutrina bíblica de que Jesus é plenamente Deus e plenamente homem. Essa verdade é essencial para a nossa fé, pois é somente como verdadeiro homem que Ele pôde se identificar conosco e morrer em nosso lugar, e como verdadeiro Deus que pôde vencer a morte e nos conceder a vida eterna.

Portanto, ao estudarmos a humanidade de Jesus, somos chamados a viver confiando no Senhor que conhece nossas dores e fraquezas, mas que também é poderoso para nos socorrer e sustentar em toda e qualquer circunstância. Que possamos, assim, seguir o exemplo de Cristo em nossas vidas, refletindo sua graça e verdade em nosso caminhar diário.

 

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Dicionário VINE.CPAD.

O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.

Pr. Hernandes Dias Lopes. João.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Mateus.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Hebreus.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Filipenses.

Bíblia de Estudo Apologia Cristã. CPAD.

Pr. Antônio Gilberto. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.

Pr. Raimundo de Oliveira. Seitas e Heresias. CPAD.

Pr. Eurico Bergstén. As Grandes Doutrinas da Bíblia. CPAD.

Pr. Ciro Sanches Zibordi. Em Defesa da Fé Cristã. CPAD.

Pr. Raimundo de Oliveira. O Nome. CPAD.

Cristologia: Um Estudo sobre a Pessoa e a Obra de Cristo. CPAD.

Philip Schaff. Os Credos e Confissões da Igreja Cristã.

Alister McGrath. A Heresia - Teologia e História.

Millard J. Erickson. A Fé Cristã - Uma Teologia Sistemática para o Século XXI.

Dicionário Wycliffe. CPAD.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

AS NATUREZAS HUMANA E DIVINA DE JESUS

         1º Trimestre de 2025

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 07

Texto Base: Romanos 1:1-4; Filipenses 2:5-11

“dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém!” (Rm.9:5).

Romanos 1:

1.Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus,

2.o qual antes havia prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras,

3.acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne,

4.declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, — Jesus Cristo, nosso Senhor.

Filipenses 2:

5.De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,

6.que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.

7.Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;

8.e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.

9.Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome,

10.para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,

11.e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

INTRODUÇÃO

Nesta lição, exploraremos um dos mistérios mais sublimes da fé cristã: a união das naturezas humana e divina em Jesus Cristo. Esse ensinamento, amplamente fundamentado nas Escrituras, é essencial para compreendermos a obra redentora de Cristo e o propósito eterno de Deus em se revelar à humanidade por meio de seu Filho.

Jesus, plenamente homem, experimentou as limitações e os desafios da condição humana, sendo capaz de simpatizar com as nossas fraquezas (Hb.4:15). Ao mesmo tempo, Ele é plenamente Deus, eterno e imutável, possuindo a plenitude da divindade (Cl.2:9). A confissão dessa verdade foi crucial para a formulação da ortodoxia cristã e enfrentou sérias oposições ao longo da história da Igreja.

Abordaremos as heresias do Nestorianismo, que separa as naturezas de Cristo em duas pessoas distintas, e do Monofisismo, que confunde as duas naturezas ao ponto de negar sua coexistência plena. Essas distorções foram refutadas no Concílio de Calcedônia (451 d.C.), que estabeleceu o ensino cristológico como base da fé. Por fim, analisaremos como essas ideias equivocadas continuam a surgir, sob diferentes formas, nos dias atuais, desafiando-nos a defender a verdadeira doutrina cristã com clareza e firmeza.

Esta Lição tem como propósito reafirmar as naturezas humana e divina de Jesus e, ao mesmo tempo, mostrar as principais heresias contrárias ao ensino doutrinário da natureza cristológica: o Nestorionismo e o Monofisismo, dois pensamentos considerados heréticos no Concilio de Calcedônio, em 451, hoje um bairro de Istambul, na Turquia.

Em seguida, estudaremos uma perspectiva atual em que essas heresias se apresentam com uma aparência moderna.

I. O ENSINO BÍBLICO DA DUPLA NATUREZA DE JESUS

1. “Descendência de Davi segundo a carne” (Rm.1:3)

Este texto de Romanos 1:3 destaca uma verdade central da cristologia: Jesus é plenamente humano e, ao mesmo tempo, plenamente divino. A expressão "descendência de Davi segundo a carne" sublinha a realidade histórica e física de Jesus como um ser humano nascido em uma linhagem específica. Ele não foi apenas um espírito celestial ou uma figura mítica; Ele pertenceu a uma família concreta dentro do povo de Israel, cumprindo as profecias messiânicas do Antigo Testamento, como as promessas feitas a Davi (2Sm.7:12-16; Is.11:1).

A genealogia de Jesus, registrada em Mateus 1 e Lucas 3, evidencia essa linhagem humana. Por meio de Maria, Jesus foi concebido pelo Espírito Santo (Mt.1:20; Lc.1:35), o que preservou Sua santidade e pureza, garantindo que Ele não herdasse a natureza pecaminosa de Adão. Esse nascimento miraculoso revela o elo perfeito entre Suas naturezas humana e divina.

Essa realidade é crucial para a obra redentora de Cristo. Como descendente de Davi, Ele é o Messias prometido; como Deus encarnado, Ele é o Salvador perfeito capaz de reconciliar a humanidade com Deus. Portanto, a dupla natureza de Jesus é uma verdade que fundamenta tanto a identidade de Cristo quanto a eficácia de Sua missão salvadora.

2. “Declarado Filho de Deus em poder” (Rm.1:4)

A expressão "declarado Filho de Deus em poder", em Romanos 1:4, é uma proclamação grandiosa da divindade de Jesus Cristo. Esse título, combinado com "nosso Senhor", reflete Sua posição exaltada e Sua identidade como Deus encarnado. Enquanto Romanos 1:3 enfatiza Sua humanidade, Romanos 1:4 afirma claramente Sua natureza divina. Isso revela a perfeita união das duas naturezas de Cristo: plenamente humano e plenamente divino.

A ressurreição é o marco que declara, de forma pública e definitiva, a divindade de Jesus. É "em poder" que Ele é reconhecido como Filho de Deus, uma expressão que implica autoridade, majestade e a plenitude de Sua identidade divina. Em Romanos 9:5, Paulo aprofunda essa realidade ao afirmar que Cristo, segundo a carne, é descendente de Israel, mas, simultaneamente, é "Deus bendito eternamente". Esta declaração é uma das mais diretas na Bíblia sobre a divindade de Jesus, reconhecendo-O como verdadeiro Deus, digno de adoração e louvor.

Essa verdade é fundamental para o cristianismo: Jesus não é apenas um profeta ou um mestre moral, mas o Deus encarnado, o Criador que assumiu a forma de criatura para redimir a humanidade. Essa união de divindade e humanidade é a base para a reconciliação entre Deus e os homens. Além disso, a menção de Sua linhagem israelita e Sua posição divina destaca a fidelidade de Deus às promessas feitas a Israel, ao mesmo tempo que abre o caminho para a salvação de toda a humanidade.

3. O antigo hino cristológico (Fp.2:5,6).

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus”.

O antigo hino cristológico encontrado em Filipenses 2:5-11 é um dos textos profundos e teologicamente ricos sobre as naturezas humana e divina de Jesus. Em Filipenses 2:5,6, Paulo nos exorta a ter o mesmo sentimento de humildade que caracterizou Cristo. A expressão “sendo em forma de Deus” (morphê theou) sublinha a essência divina de Jesus, indicando que Ele possui plenamente a natureza e os atributos de Deus de maneira imutável e eterna.

O apóstolo descreve a pré-existência de Cristo como Deus e enfatiza que Ele não considerou a igualdade com Deus algo a ser "usurpado" ou agarrado egoisticamente. Isso não significa que Jesus renunciou à Sua divindade, mas que, em Sua encarnação, Ele voluntariamente escolheu abrir mão de exercer os privilégios e glórias inerentes à Sua posição divina para cumprir o plano redentor de Deus Pai.

Ao assumir a “forma de servo” (morphê doulou) e ser “semelhante aos homens” (Fp.2:7), Jesus demonstrou uma profunda humildade. Ele tomou a posição mais baixa, experimentando as limitações da humanidade sem, contudo, abandonar ou perder Sua divindade. Essa união perfeita entre a natureza divina e a humana é um mistério sublime que reafirma o ensino bíblico de que Jesus é totalmente Deus e totalmente homem.

O termo morphê é crucial aqui, pois revela que Jesus, ao assumir a forma humana, não deixou de ser Deus; antes, Ele revelou a Sua divindade na humildade do serviço e na obediência até a morte. Essa passagem celebra não apenas a humilhação de Cristo, mas também a Sua exaltação posterior (Fp.2:9-11), onde Deus Pai O eleva a uma posição de suprema autoridade, reafirmando Sua divindade e o direito de ser adorado por toda criação.

O referido hino reflete a fé dos primeiros cristãos na dupla natureza de Cristo e na Sua obra redentora. Ele serve como uma poderosa lembrança de que a verdadeira grandeza está na humildade e na obediência a Deus, tal como demonstrado perfeitamente em Jesus.

II. AS HERESIAS CONTRA O ENSINO BÍBLICO DA DUPLA NATUREZA DE JESUS

1. Quem foi Nestório?

Nestório, que foi bispo de Constantinopla entre 428 e 431, tornou-se figura central de um dos maiores debates cristológicos da história da Igreja. Ele questionou o uso do termo Theotokos (“portadora de Deus” ou “mãe de Deus”) aplicado a Maria, preferindo Christotokos (“portadora de Cristo” ou “mãe de Cristo”), argumentando que Maria foi a mãe da natureza humana de Jesus, mas não de Sua divindade. Essa distinção, em sua essência, visava preservar o ensino bíblico sobre a eternidade de Deus, uma vez que o Pai, o Filho e o Espírito Santo existem eternamente e não possuem origem temporal (Salmos 90:2; Isaías 40:28).

Embora a intenção de Nestório fosse afirmar que as naturezas divina e humana de Cristo permaneciam distintas e que Maria não poderia ser chamada "mãe de Deus" no sentido de gerar Sua divindade, a forma como ele apresentou suas ideias foi interpretada como uma separação excessiva entre as naturezas de Cristo. Isso levou à acusação de que ele negava a unidade da pessoa de Cristo — uma posição rejeitada pela ortodoxia.

O termo Theotokos, defendido por Cirilo de Alexandria, ganhou ampla aceitação no Concílio de Éfeso (431). Ele não buscava exaltar Maria acima de sua posição bíblica, mas proteger a doutrina da encarnação. A intenção era enfatizar que Jesus, desde o momento de Sua concepção, era uma só pessoa com duas naturezas inseparáveis: totalmente Deus e totalmente homem.

Apesar da derrota teológica de Nestório no Concílio de Éfeso, é importante reconhecer que suas preocupações não eram infundadas. Ele se opunha a excessos que poderiam levar à Mariolatria e buscava resguardar a pureza doutrinária contra o Arianismo, que negava a plena divindade de Cristo. Contudo, sua abordagem acabou criando divisões, resultando no Nestorianismo, um movimento que separava radicalmente as duas naturezas de Cristo, uma posição considerada herética pela Igreja.

O debate destaca a importância de equilíbrio e clareza ao tratar de questões doutrinárias sensíveis, especialmente em torno do mistério da encarnação de Cristo. O ensino bíblico, reafirmado pelo Concílio de Calcedônia (451), é que Jesus é uma pessoa com duas naturezas, divina e humana, unidas inseparavelmente, sem confusão ou divisão.

2. Nestorianismo

O Nestorianismo, associado ao bispo Nestório, emergiu como uma tentativa de explicar o mistério da união entre as naturezas divina e humana de Jesus Cristo. Embora Nestório apoiasse o Credo Niceno-Constantinopolitano (381), que afirmava tanto a divindade quanto a humanidade de Cristo, a controvérsia girou em torno de sua compreensão dessa união.

A acusação central contra Nestório foi que ele separava demais as naturezas divina e humana, sugerindo que essas naturezas não estavam unidas em uma única pessoa, mas sim existiam como duas pessoas distintas. Segundo seus críticos, isso implicava que Cristo era uma espécie de “personalidade dividida”. A analogia que teria sido usada para explicar sua posição — comparando a união de Cristo com a união matrimonial em que marido e mulher são “uma só carne” (Gênesis 2:24) — reforçou a percepção de que ele promovia uma divisão radical entre as naturezas de Cristo.

Essa visão foi considerada herética no Concílio de Éfeso em 431, que reafirmou que Cristo é uma única pessoa (hipóstase) com duas naturezas distintas, mas inseparáveis. Essa unidade foi declarada indispensável para preservar tanto a plena divindade quanto a plena humanidade de Jesus, essenciais para a obra de redenção. A condenação de Nestório no concílio levou ao seu exílio por ordem imperial.

É importante notar que alguns estudiosos argumentam que as ideias de Nestório podem ter sido mal compreendidas ou distorcidas por seus opositores, especialmente por Cirilo de Alexandria, seu principal adversário teológico. Ainda assim, o movimento nestoriano se espalhou em regiões orientais, formando a base para a Igreja Assíria do Oriente, que rejeitou os decretos do Concílio de Éfeso.

Do ponto de vista doutrinário, a rejeição do Nestorianismo foi crucial para salvaguardar a verdade bíblica da união das naturezas de Cristo. Como Paulo ensina, em Cristo habita “toda a plenitude da divindade corporalmente” (Col.2:9). Ele é um único mediador entre Deus e os homens, plenamente Deus e plenamente homem, sem divisão ou confusão.

3. Monofisismo

O Monofisismo, derivado do grego monos (único) e physis (natureza), foi uma doutrina cristológica defendida por Êutiques, líder monástico de Constantinopla. Essa visão afirmava que, após a encarnação, as duas naturezas de Cristo — divina e humana — se fundiram em uma única natureza, que era uma espécie de composição híbrida, nem totalmente divina nem totalmente humana. Essa perspectiva foi rejeitada no Concílio de Calcedônia em 451, que reafirmou a doutrina bíblica e ortodoxa de que Jesus possui duas naturezas completas e distintas, divina e humana, unidas de forma inseparável em uma única pessoa.

a) Ilustração. O Monofisismo pode ser comparado ao conceito de ligas metálicas, como o bronze, que resulta da fusão de cobre e estanho. Após a mistura, o bronze não mantém as propriedades originais de cada componente; ele se torna uma nova substância híbrida. De maneira semelhante, Êutiques alegava que, na pessoa de Cristo, as naturezas divina e humana foram amalgamadas em algo completamente novo, comprometendo a plenitude de ambas.

Porém, essa analogia é incompatível com a compreensão bíblica e teológica. A ideia de que Cristo seria algo “meio divino e meio humano” contradiz a revelação de que Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ele possui uma plena humanidade, igual à nossa, exceto pelo pecado (Hb.4:15), e uma plena divindade, sendo o eterno Filho de Deus (Col.2:9).

b) Refutação Bíblica. A doutrina bíblica é clara ao apresentar Jesus como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, sem mistura, confusão ou alteração de suas naturezas. O apóstolo Paulo ensina que Cristo é descendente de Israel “segundo a carne” (sua plena humanidade) e, ao mesmo tempo, “Deus bendito eternamente” (sua plena divindade) (Rm.9:5). Em Filipenses 2:5-11, Paulo reafirma que Jesus, sendo em forma de Deus, assumiu a forma de servo, ou seja, tornou-se plenamente humano sem abdicar de sua divindade.

Além disso, a Escritura enfatiza que Jesus é único mediador entre Deus e os homens (1Tm.2:5). Essa mediação exige que Ele seja plenamente Deus para representar Deus aos homens e plenamente homem para representar a humanidade diante de Deus. Se as naturezas de Cristo fossem fundidas, sua obra redentora seria comprometida, pois Ele não poderia ser o sacrifício perfeito e suficiente para redimir a humanidade.

Enfim, o Monofisismo falha ao compreender a unidade das duas naturezas de Cristo conforme revelado na Bíblia. Jesus Cristo é único em sua pessoa, possuindo simultaneamente duas naturezas completas, divina e humana, unidas de forma inseparável e sem confusão. Essa verdade é essencial para a fé cristã, pois fundamenta a doutrina da salvação e da mediação perfeita de Cristo em favor da humanidade. O Concílio de Calcedônia, ao rejeitar o Monofisismo, reafirmou esse ensino, defendendo a integridade da cristologia bíblica e preservando o entendimento correto sobre quem Jesus realmente é.

4. O Concílio de Calcedônia

O Concílio de Calcedônia, realizado em 451 d.C., foi um marco na definição da doutrina cristológica ortodoxa. Ele reafirmou a verdadeira natureza de Jesus Cristo como uma única pessoa divina com duas naturezas completas e distintas — humana e divina. O documento do Concílio, conhecido como “Definição de Calcedônia, esclarece que essas duas naturezas coexistem “sem confusão, sem mudança, sem divisão e sem separação”. Essa formulação refutou tanto o Monofisismo (que fundia as naturezas em uma só) quanto o Nestorianismo (que as separava em duas pessoas).

Principais Pontos da Formulação Teológica:

a)   Duas naturezas plenas e distintas. As naturezas humana e divina de Cristo permanecem completas e intactas. A natureza divina não é diminuída pela encarnação, e a natureza humana não é absorvida ou alterada pela divindade. Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, conforme Romanos 9:5, que descreve Cristo como descendente de Israel segundo a carne e, simultaneamente, como o “Deus bendito eternamente”.

b)   Uma só Pessoa e subsistência. Apesar da distinção entre as naturezas, elas coexistem em uma única Pessoa. Cristo não é dividido em duas pessoas, mas é o mesmo Filho Unigênito, o Verbo eterno de Deus que assumiu a natureza humana. Essa união pessoal é permanente e foi plenamente realizada na encarnação (João 1:14).

c)   Sem confusão ou mistura. O Concílio rejeitou qualquer ideia de fusão ou confusão das naturezas, como defendido pelo Monofisismo. Cristo é plenamente humano e plenamente divino, mas sua humanidade não se torna divina, nem sua divindade é limitada ou transformada pela humanidade.

d)   Sem divisão ou separação. Em oposição ao Nestorianismo, o Concílio enfatizou que as duas naturezas estão unidas de forma inseparável. Essa unidade garante que Cristo seja capaz de atuar como mediador entre Deus e os homens, representando ambos de maneira perfeita (1Tm.2:5).

O documento do Concílio sublinha que a encarnação não é uma conversão de Deus em homem, nem de homem em Deus. Antes, é a assunção da natureza humana pelo Verbo eterno, mantendo a distinção entre a natureza divina e a humana. Jesus é, ao mesmo tempo, plenamente homem — com emoções, fraquezas e limitações físicas (Hb.4:15) — e plenamente Deus, eterno, Todo-Poderoso e Onisciente (Col.2:9).

A definição de Calcedônia é amplamente reconhecida como uma das formulações teológicas mais precisas e completas sobre a cristologia bíblica. Ela harmoniza passagens como João 10:30 (“Eu e o Pai somos um”), que aponta para a divindade de Cristo; como João 10:33-37, que reflete sua relação única com o Pai.

O documento do Concílio continua a ser uma referência fundamental para a doutrina cristã até os dias de hoje, preservando a compreensão correta da identidade e missão de Cristo como o Salvador. Sua ênfase na integridade das duas naturezas de Cristo é essencial para a fé cristã, pois fundamenta a doutrina da salvação e a obra redentora do Senhor Jesus.

III. O PERIGO DESSAS HERESIAS NA ATUALIDADE

1. Os monofisitas na atualidade

A heresia monofisita, condenada no Concílio de Calcedônia (451), continua sendo um desafio teológico em alguns contextos cristãos, embora muitas igrejas associadas ao monofisismo tenham nuances teológicas mais complexas do que a acusação histórica de heresia pode sugerir. A tradição monofisita foi perpetuada principalmente por meio das igrejas ortodoxas orientais, como a Igreja Ortodoxa Copta, a Igreja Apostólica Armênia, a Igreja Ortodoxa Etíope (Abissínia) e os Jacobitas sírios.

Essas igrejas rejeitaram a decisão de Calcedônia que proclamava Cristo como uma única pessoa com duas naturezas, uma humana e outra divina, plenamente distintas, mas unidas. Historicamente, elas preferiram usar o termo "miaphysis" (uma natureza composta, conforme usado por Cirilo de Alexandria) em vez de "monophysis" (uma única natureza). Isso implica que Cristo tem uma natureza "unida" divina e humana após a encarnação, uma formulação que ainda levanta controvérsias, mas difere do monofisismo extremo de Êutiques.

Quem são eles hoje?

Os grupos monofisitas — ou, mais precisamente, miaphisitas — continuam presentes na tradição cristã oriental. Esses grupos mantêm uma prática devocional rica e são conhecidos por sua forte ênfase na divindade de Cristo e no mistério da encarnação. Apesar das diferenças teológicas, muitos desses cristãos se identificam como ortodoxos, mesmo que rejeitem o Concílio de Calcedônia. São eles: as igrejas ortodoxas, cópita, armênia, abissínia e jacobitas.

O Perigo Doutrinário

A principal preocupação com o monofisismo na atualidade está relacionada à sua cristologia desequilibrada, que pode:

Ø    Minimizar a humanidade de Jesus. O monofisismo extremo pode levar à ideia de que a humanidade de Cristo foi absorvida pela divindade, comprometendo a realidade da encarnação. Isso enfraquece a verdade bíblica de que Jesus experimentou plenamente as limitações, sofrimentos e tentações da natureza humana (Hb.4:15).

Ø    Alterar a compreensão da salvação. Se Cristo não fosse plenamente humano, Ele não poderia ser o representante perfeito da humanidade diante de Deus, essencial para a redenção (Rm.5:15-19).

Ø    Criar confusão teológica. Para cristãos não familiarizados com as diferenças históricas e terminológicas, a falta de clareza pode levar a interpretações equivocadas ou ao sincretismo doutrinário.

Resposta bíblica e teológica

Como cristãos, é importante manter o equilíbrio da doutrina definida em Calcedônia: Jesus é plenamente Deus e plenamente homem em uma única Pessoa, sem confusão ou mistura de naturezas. As Escrituras fundamentam essa verdade:

Ø    Divindade plena de Jesus. Ele é chamado Emanuel, "Deus conosco" (Mt.1:23), e "o Verbo que se fez carne" (João 1:14).

Ø    Humanidade plena de Jesus. Ele sofreu, chorou e morreu como qualquer ser humano (Mt.26:38; João 19:30).

Ø    Cristo como Mediador perfeito. "Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem" (1Tm.2:5).

Para dialogar com adeptos dessa tradição, é necessário:

Ø    Entender a terminologia. Muitas dessas igrejas rejeitam o rótulo de monofisitas e preferem "miaphisitas". Compreender suas perspectivas ajuda a construir pontes para o diálogo.

Ø    Afirmar a verdade bíblica. A Bíblia apresenta Jesus como o Emanuel — Deus que se fez homem — sem comprometer nenhuma das duas naturezas (1Tm.3:16).

Ø   Testemunhar com respeito e clareza. O objetivo é edificar em amor (Ef.4:15), apresentando a verdade de forma respeitosa, mas firme.

O desafio das heresias monofisitas destaca a importância de estarmos bem fundamentados na doutrina bíblica e prontos para responder com mansidão e temor (1Pd.3:15), sempre apontando para o Cristo verdadeiro e glorificado.

2. Kenoticismo

O Kenoticismo é uma doutrina teológica que se baseia na ideia de que Jesus Cristo, ao se encarnar, esvaziou-se de certos atributos divinos para assumir a natureza humana. Essa perspectiva é derivada da palavra grega “kenosis”, que significa “esvaziamento”. A passagem bíblica que frequentemente é citada para ilustrar essa ideia é Filipenses 2:7, onde está escrito que Jesus "a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens”.

Essa doutrina busca explicar como Jesus Cristo, sendo Deus, viveu entre os homens, destacando o conceito de "esvaziamento". Contudo, ela deve ser cuidadosamente analisada, pois as interpretações exageradas podem levar a distorções na compreensão da natureza divina de Cristo.

As linhas principais do Kenoticismo

a)   Esvaziamento funcional. Essa interpretação sugere que o Verbo eterno manteve todos os seus atributos divinos, mas escolheu voluntariamente não usá-los durante sua vida terrena, operando sob a submissão à vontade do Pai e a direção do Espírito Santo.

b)   Esvaziamento essencial. Essa visão mais radical propõe que Jesus abandonou ou suspendeu temporariamente certos atributos divinos, como Onipotência, Onisciência e Onipresença, enquanto esteve encarnado. Essa posição é teologicamente problemática, pois sugere que Jesus não seria plenamente Deus durante sua encarnação.

Resposta Bíblica ao esvaziamento de Cristo

A expressão "a si mesmo se esvaziou" (Fp.2:7) não significa que Cristo deixou de ser Deus ou abriu mão de Sua essência divina. Em vez disso, o esvaziamento refere-se à renúncia voluntária de Sua glória celestial (João 17:5) e à submissão às limitações humanas para cumprir a missão redentora. Ele assumiu a forma de servo, sujeitando-se às condições da existência humana sem abdicar de Sua divindade. Cristo nunca deixou de ser Deus. Ele revelou sua natureza divina ao:

ü  Perdoar pecados, um atributo exclusivo de Deus (Marcos 2:5-7; Lucas 7:48).

ü  Receber adoração legítima, algo devido somente a Deus (Mateus 8:2; 9:18; 15:25; João 9:38).

ü  Demonstrar autoridade sobre a natureza, acalmando tempestades e exercendo poder absoluto sobre a criação (Mt.8:26,27; Mc.4:39; Sl.65:7; 89:9).

Esses atos confirmam que, mesmo na forma de servo, Jesus era plenamente Deus e plenamente homem. Ele esvaziou-se da glória divina, mas não de Sua essência divina.

O esvaziamento foi uma condição necessária para que Jesus se tornasse o Messias e nosso Redentor. Ele escolheu não usar Sua glória celeste para experimentar plenamente a condição humana, identificando-se com nossa fragilidade e sujeição ao sofrimento (Hb.4:15). Contudo, Ele não abriu mão de Sua divindade. Jesus permaneceu Deus, com todos os Seus atributos intactos, enquanto vivia como um homem perfeito.

Problemas da doutrina kenótica extrema

ü  Negação implícita da divindade de Cristo. Se Cristo perdeu qualquer atributo essencial, Ele deixou de ser Deus, o que é incompatível com as Escrituras (Col.2:9).

ü  Comprometimento da salvação. Apenas um Cristo plenamente divino e plenamente humano pode ser o mediador perfeito entre Deus e os homens (1Tm.2:5).

ü  Contradição com os atos divinos de Cristo. Como Jesus poderia demonstrar atributos divinos, como Onisciência (João 2:25; 16:30), se os tivesse abandonado?

Enfim, o kenosis não é uma diminuição da essência divina de Cristo, mas a renúncia voluntária de Suas prerrogativas de glória para cumprir o plano redentor. Ele permaneceu plenamente Deus e plenamente homem em sua encarnação. A Bíblia apresenta Cristo como o Emanuel — “Deus conosco” (Mt.1:23) — que realizou Sua obra salvífica sem deixar de ser Deus em nenhum momento. Essa verdade deve ser firmemente defendida contra interpretações que comprometem a cristologia bíblica.

3. Mariolatria

A expressão “mãe de Deus”, adotada pelo Concílio de Éfeso em 431 e defendida por Cirilo de Alexandria, tornou-se uma base significativa para a veneração de Maria no catolicismo romano. Essa terminologia, em grego Theotokos (portadora de Deus), foi introduzida para enfatizar a unidade entre as naturezas divina e humana de Cristo em uma única Pessoa. Contudo, o uso e a interpretação dessa expressão têm gerado desdobramentos teológicos e práticos que se afastam do ensino bíblico, culminando na mariolatria — a exaltação indevida de Maria.

A origem da expressão “mãe de Deus”

O propósito original da expressão não era a exaltação de Maria, mas a defesa da natureza divina de Cristo contra as heresias da época, como o nestorianismo. Entretanto, ao longo dos séculos, o termo foi reinterpretado, resultando em práticas que atribuem a Maria um status quase divino, o que vai além do ensino bíblico.

A crítica bíblica à mariolatria

a)   Maria foi mãe de Jesus em sua humanidade. Maria é reconhecida como a mãe de Jesus em sua humanidade, mas Deus é eterno, sem começo ou fim (Salmos 90:2; Isaías 40:28). Portanto, a expressão “mãe de Deus” é inadequada se interpretada como implicando que Maria tenha contribuído para a divindade de Jesus.

b)   A humildade de Maria nas Escrituras. Maria, em sua humildade, jamais buscou glória para si mesma. Ao contrário, ela reconheceu sua necessidade de salvação - “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc.1:46,47). Essa declaração demonstra que Maria se via como serva de Deus e dependente de Sua graça, e não como uma figura divina.

c)   Cristo como o único mediador. A Bíblia é clara ao afirmar que há um único mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo (1Tm.2:5). Qualquer prática ou doutrina que sugira que Maria ou qualquer outro possa interceder em um nível equivalente a Cristo contraria o ensino bíblico.

d)   Veneração versus Adoração. Enquanto a Bíblia nos ensina a honrar aqueles que servem a Deus fielmente, a veneração de Maria no catolicismo muitas vezes ultrapassa os limites, transformando-se em práticas de adoração que são reservadas exclusivamente a Deus (Êx.20:3-5; Mt.4:10).

A popularidade da mariolatria

A expressão “mãe de Deus” ganhou força devido à sua ampla aceitação e uso no catolicismo romano, mesmo sendo teologicamente questionável. Atos 8:9-11 serve como um exemplo de como a popularidade de uma ideia não valida sua veracidade. No texto, o povo de Samaria deu crédito a Simão, um mágico, por suas práticas impressionantes, confundindo seu engano com poder divino. Essa passagem nos adverte sobre o perigo de aceitar algo como verdade apenas porque é amplamente seguido ou promovido.0

Embora Maria seja digna de respeito por seu papel único na história da redenção como a mãe de Jesus (Lc.1:28), a exaltação exagerada que resulta em mariolatria desvia a glória de Deus, que é o único digno de adoração (Isaías 42:8). A fé cristã deve se basear na Bíblia, e não na popularidade de tradições ou interpretações humanas.

Finalmente, a doutrina da mariolatria nos desafia a discernir entre o que é bíblico e o que é tradição humana. Devemos honrar Maria por sua humildade, obediência e fé, mas nunca atribuir a ela atributos ou funções que pertencem exclusivamente a Deus. O foco da adoração e da fé deve estar em Cristo, o Emanuel, que é “Deus conosco” (Mt.1:23).

CONCLUSÃO

Aprendemos nesta Lição que as naturezas humana e divina de Jesus reafirmam a singularidade da pessoa de Cristo, o Deus-Homem. Ele é plenamente Deus, coexistindo eternamente com o Pai e o Espírito Santo, e plenamente homem, assumindo a nossa humanidade sem pecado para cumprir o plano de redenção. Essa verdade central é fundamental para a fé cristã, pois somente alguém que fosse verdadeiramente Deus poderia satisfazer as demandas da justiça divina, e somente alguém que fosse verdadeiramente homem poderia representar a humanidade como substituto perfeito.

A história da Igreja, por meio de concílios como os de Éfeso (431) e Calcedônia (451), demonstrou a necessidade de combater heresias que distorcem o entendimento bíblico da pessoa de Cristo, como o nestorianismo e o monofisismo. Essas falsas doutrinas continuam a influenciar práticas e crenças em diferentes contextos, exigindo vigilância e fidelidade à Palavra de Deus.

Em nosso tempo, é vital conservar o ensino das Escrituras, que apresenta Jesus como o único mediador entre Deus e os homens (1Tm.2:5). Ele é o Emanuel, Deus conosco (Mt.1:23), o Verbo que se fez carne (João 1:14) e o Senhor exaltado acima de todo nome (Fp.2:9-11). Que o estudo desta Lição nos motive a adorar e servir a Cristo com mais fervor, reconhecendo a profundidade de Seu sacrifício e a glória de Sua divindade. Assim, testemunhamos ao mundo a fé no Salvador perfeito, o Deus que se fez homem para nos salvar.

 

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

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Pr, Hernandes Dias Lopes. Romanos.

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Pr. Raimundo de Oliveira. Seitas e Heresias. CPAD.

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