quinta-feira, 9 de maio de 2013

O LÍDER CRESCE E AJUDA A CRESCER



Texto Base: 1Timóteo 4:10-14.

Subsídio para a lição 06 – EBD – EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA

"Não te faças negligente para com o dom que há em ti..." (1Tm 4.14)

INTRODUÇÃO

O tema desta Aula versa sobre compartilhar a liderança em termos de ajudar as pessoas a crescerem e a se desenvolverem. Um líder servidor e inspirador busca constantemente por oportunidades de cuidar e encorajar os outros, assistindo seus liderados em sua jornada pessoal, profissional e espiritual. Muitos líderes, incertos acerca de sua própria posição e temerosos que alguém esteja trabalhando para tomar seu cargo de liderança, concentram o foco sobre o que outras pessoas podem fazer para exaltar sua própria imagem. Muitos de forma egoísta dizem: “seu trabalho é fazer com que  eu apareça bem”. Mas será que essa forma de pensar egoísta contribui para maximizar o desempenho de todos? É possível tornar-se grande ajudando outros também a crescer? Paulo, um dos principais líderes da igreja primitiva alertou os seus seguidores sobre este modo de pensar egoísta: "Ninguém deve buscar os seus próprios interesses e sim os interesses dos outros” (1Co 10:24). Sem dúvida, este é mais do que um ideal nobre e deveria realmente ser um dos objetivos principais de um líder. Escrevendo aos cristãos de Filipos, Paulo também assim os advertiu: "Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês mesmos. Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros" (Fp 2:3,4). O apóstolo Pedro também fez eco a essas convicções de Paulo, quando ofereceu esta admoestação: "Portanto, sejam humildes debaixo da poderosa mão de Deus para que Ele os honre no tempo certo" (1Pe 5:6). Em outras palavras, se você deseja se tornar um grande líder, procure maneiras de servir e exaltar os que estão ao seu redor. Em outras palavras, cresça ajudando a outros a crescerem. Esse é o perfil de um líder inspirador e influenciador. 

I. CRESCIMENTO DO LÍDER

A melhor maneira de um líder desenvolver suas próprias habilidades consiste em começar imediatamente a ajudar outras pessoas a desenvolverem as suas capacidades para liderar. Assim procedeu o apóstolo Paulo. Depois de estar maduro espiritualmente e plenamente capacitado para exercer o oficio de liderança na obra de Deus, agora motiva outros obreiros a se capacitarem para este mesmo ofício, e que estes também assim procedam. Ele recomenda a Timoteo: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”(2Tm 2:2). Aqui Paulo lembrou a Timóteo de que o seu papel essencial como um guardião significava garantir que estas grandes verdades fossem confiadas “a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”.
Como bem diz o pr. Benjamin Ângelo de Souza, “numa liderança espiritual eficaz é vital reconhecer a importância do fundamento da vocação e chamada de Deus em nossas próprias vidas e nas vidas de outros, de modo a desenvolver as nossas próprias habilidades e ajudar os outros a desenvolverem as suas”. Quando um líder deixa de reconhecer os contributos dos irmãos, apenas se debilita a si mesmo.
1. Escolha. Na escolha de alguém para investir no seu crescimento, o líder cristão não deve ater-se simplesmente em suas habilidades e capacidade de trabalho, e decisão. Mas deve, sobretudo, atentar para o seu caráter(Gl 5:22), considerando sua vocação e chamada de Deus. Na liderança cristã deve sobressair a consciência de que é uma obra para Deus, envolvendo o povo de Deus, e que deve ser feita na dependência de Deus.
Seria muito exitoso se todos os líderes tivessem uma orientação direta e explicita de Jesus na escolha de futuros lideres, como ocorreu com Saulo - “Disse-lhe, porém, o Senhor: “Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel” (Atos 9:15). Outro nome que não podemos deixar de fazer menção é o de Josué(sucessor de Moisés). Foi o próprio Deus quem o escolhera para ser o novo líder do povo de Israel: “E ordenou o Senhor a Josué, filho de Num, dizendo: sê forte e corajoso, porque tu introduzirás os filhos de Israel na terra que, com juramento, lhes prometi; e eu serei contigo”(Dt 31:23). Muitos anos antes de substituir Moisés como líder de Israel, Josué demonstrou ser um homem de fé, visão, coragem, lealdade, obediência inconteste, oração e dedicação a Deus e à sua Palavra. Quando foi escolhido para substituir Moisés, já era um homem “em que há o Espírito”(Nm 27:18; Dt 34:9). Esse é o pré-requisito principal para escolher um líder: um homem “em que ha o Espírito Santo”. Temos seguido esse princípio? Ou nos afeiçoamos à síndrome de Samuel – olhar para aparência?
“Aquele que é líder, e exerce liderança espiritual, confia em Deus, obedece aos Seus mandamentos, procura compreender qual é a vontade de Deus e anda nela, tem uma dependência em Deus. A liderança espiritual é dada por Deus, por meio do Espírito Santo àqueles que Ele acha por bem designar. O homem não escolhe, mas atende ao chamado de Deus, por isso é uma tarefa celeste”(Pr. Cleverson de Abreu Faria).
2. Desenvolvimento.A maior habilidade de um líder é desenvolver qualidades extraordinárias em pessoas comuns” (Abraham Lincoln). Um líder inspirador está constantemente a aprender e a crescer, e também a ajudar outras pessoas a aprender e crescer. Ele prepara os liderados para que também se tornem lideres e que acima de tudo saibam que quanto maior o poder mais a humildade é necessária. A sua principal missão é desenvolver pessoas da sua equipe e garantir que no futuro elas possam ser independentes e mais confiantes. Sempre cônscio de que, além de professor, ele é também um aluno. Aliás, um bom professor prepara os alunos para o dia a dia e não para a prova final. Através das suas histórias é capaz de inspirar e motivar um aprendizado para toda a vida.
Paulo envolveu-se diretamente no desenvolvimento espiritual e no aprimoramento do caráter de Timóteo, reconhecendo que um dia esse jovem também seria um líder. Paulo instruiu a Timóteo acerca de alguns deveres pastorais: viver uma vida santa(1Tm 4:12), permanecer receptivo à operação e dons do Espírito (1Tm 4:14), ensinar a sã doutrina (1Tm 4:13,15,16), guardar a fé (1Tm 6:20; 2Tm 1:13,14) e vigiar sua própria vida espiritual (1Tm 4:16).
Timóteo foi ensinado sobre estas admiráveis verdades que asseguram que os bons líderes permanecem abertos a serem instruídos, ao mesmo tempo que se preocupam com o desenvolvimento dos seus liderados. Paulo pede que Timóteo transmita isso que apreendeu para que outros aprendam e venham, também, ensinarem a outros - “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”(2Tm 2:2). Aqui mostra que Timóteo deveria manter o processo de ensino em andamento.
O apóstolo requer que os lideres tenham um programa para o desenvolvimento de novos líderes que possam dar continuidade ao ministério. A partir de Paulo, tem havido uma ligação de discípulo a discípulo, de geração a geração. Precisamos manter esta ligação intacta. Paulo estava dizendo a Timóteo que transmitisse o que já tinha sido provado como verdadeiro e confirmado por “muitas testemunhas” confiáveis.
Se a igreja de hoje seguisse constantemente o conselho de Paulo, nunca deixaria de existir lideres habilitados e compromissados com a obra do Senhor, e, por conseguinte, haveria uma transmissão incrível do Evangelho, quando os crentes bem instruídos ensinassem a outros e os encarregassem, por sua vez, de ensinar outros. Os discípulos precisam estar capacitados a transmitir a sua fé; os novos crentes também precisam ser ensinados a fazer discípulos.
3. Influência. É dito que qualquer pessoa que consegue influenciar alguém a realizar alguma coisa, consegue liderar tal pessoa. Com isso, pode-se dizer que quem lidera influencia pessoas à sua volta. Sabe que está no comando e que este comando foi-lhe outorgado por Deus. A capacidade de envolver as pessoas em projetos, trabalhos e fazer com que elas cheguem ao fim desejado é uma forma adequada de influenciar. Agora, ele não deve de forma alguma incidir uma influência forçada. Isso deve ser natural. Ele é alguém que vê as necessidades das outras pessoas. Está sensível para com elas. Com isso, procura, na maneira do possível, ajudá-las a superar os seus obstáculos. Deve demonstrar um amor genuíno, como um amor de pai para filho. Afinal de contas, eles são o rebanho que Deus lhe confiou nas mãos e que um dia prestará contas disso.
O líder deve procurar influenciar o povo de Deus a buscar cumprir os intentos de Deus. é claro que o maior impacto, a maior influência que o líder de Deus pode exercer na vida de uma outra pessoa é a da transformação. Transformar a vida de outros é um grande prazer para o líder, sobretudo porque ele vê o seu suor sendo frutificado. Verifica a Pessoa de Cristo sendo formada na vida de um liderado seu. Com certeza, uma tarefa gratificante. As maiores mudanças que ocorrem na vida de uma pessoa são exercidas mediante aquele a quem ela tem maior contato. “Os grandes líderes influenciam-nos a ir a lugares que nunca iríamos por conta própria e a fazermos coisas de que nunca tínhamos pensado que fôssemos capazes”

II. AUXÍLIO NO CRESCIMENTO

Uma das formas de estar em contínuo crescimento é auxiliar outras pessoas a crescerem, mesmo que essas pessoas venham a assumir ministérios ou posições maiores do que a sua. André é pouco lembrado na Bíblia, mas foi ele quem convidou Pedro a ir ter com Jesus (João 1:41,42). De forma semelhante, foi Barnabé quem reconheceu que Paulo fora escolhido para uma grande obra e o apresentou aos apóstolos, testemunhando que o mesmo pregava ousadamente no nome de Jesus (At 9:27). Paulo aplica o mesmo ensino recebido, na sua relação com o jovem Timóteo, influindo no crescimento e amadureci­mento de seu potencial (At 16:3). Igualmente, requereu de Timoteo que levasse avante esse princípio (2Tm 2:2)(orientação pedagógica – revista do professor).
1. Potencialidades. “Liderança é a capacidade de reconhecer as habilidades especiais e as limitações dos outros, associada à capacidade de introduzir cada um dentro do serviço que desempenhará melhor”(FINZEL, Hans. Dez Erros que um Líder Não Pode Cometer. São Paulo: Edições Vida Nova, 1999, p.90).
Tomar consciência da vocação e chamada de Deus na vida de outra pessoa é o primeiro passo para ajudá-la a desenvolver suas habilidades. Paulo reconheceu habilidades especiais em Timoteo. Por isso disse: “Por este motivo, te lembro que despertes o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos” (2Tm 1:6). Na época de sua consagração, Timóteo tinha recebido um dom especial do Espírito Santo para capacitá-lo a servir à Igreja (1Tm 4:14). Esse dom era muito provavelmente o dom do ministério, uma graça especial de Deus para realizar a obra cristã. 2Tm 2:7 apóia esta ideia.
Em lugar de pedir a Timóteo que reacendesse um fogo apagado, Paulo o estava incentivando a atiçar um fogo que já estava aceso, para mantê-lo ardendo. Timóteo não precisava de novas revelações ou novos dons; ele precisava apenas “atiçar” o dom da liderança que já tinha recebido. Quando Timóteo usasse este dom, o Espírito Santo estaria com ele e lhe daria poder. Deus nunca nos dá uma tarefa sem nos capacitar para realizá-la.
2. Comportamentos. O líder deve ajudar as pessoas a compreenderem exatamente o que se requer e se espera da parte delas, explicando as atitudes e comportamentos adequados, não somente com palavras, mas principalmente com atitudes e ações. Foi isso que Paulo aconselhou a Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”(1Tm 4:16). Paulo aconselhou Timóteo a ter “cuidado” da sua vida privada e do seu ministério publico na igreja – a sã doutrina. A sua conduta nas duas áreas deveria estar acima de qualquer reprovação. Se ele permanecesse no que era correto, isto seria benéfico para ele e para todos os demais. O seu exemplo iria facilitar a salvação dos seus ouvintes. Esse princípio é atemporal, portanto, plenamente aplicável hoje.
3. Credibilidade. Líderes autoritários não desenvolvem credibilidade diante de outros crentes, nem confiança da parte deles ou da parte do Senhor, apenas debilitam sua própria posição. A humildade deve ser uma característica importante quando se estar na posição de liderança. Pois aquele que é humilde está livre do temível orgulho, bem como da arrogância. A humildade traz serenidade e equilíbrio ao líder. No entanto, a pessoa humilde sabe quais são suas qualidades, seus dons, seus talentos. Ser humilde faz com que nos coloquemos em lugar inferior ao que mereço. Cristo demonstrou isso ao lavar os pés dos discípulos (João 13:1-11).
A humildade é importante para o líder porque as pessoas seguem mais entusiasticamente aquele cuja motivação não é servir-se a si mesmo. Se todos os outros fatores forem iguais, o líder humilde está mais perto de alcançar seus objetivos. Por quê? Porque seu objetivo é beneficiar a todo o grupo, e não o seu engrandecimento pessoal. A alegria do líder humilde provém de ver o grupo caminhar no sentido de atender às reais necessidades do grupo. a liderança que não possui essa qualidade, essa expressão de amor, inevitavelmente perde a credibilidade”( HAGGAI, John. Seja um Líder de Verdade: Liderança que permanece para um mundo em transformação. Venda Nova, MG.: Editora Betânia, 1990, p.98,99).

III.  BARNABÉ, O EXEMPLO

Barnabé foi um dos personagens destacados da  comunidade cristã primitiva. Era  judeu, de uma família de sacerdotes, da tribo de Levi e natural de Chipre, uma ilha do mediterrâneo (At 9:36). Segundo o testemunho de Lucas, "era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé" (At 11:24). Certamente em decorrência disso foi enviado de Jerusalém a Antioquia para cuidar da igreja ali recém-formada (At 11:22). De Antioquia foi designado, juntamente com Paulo, para um empreendimento missionário entre os gentios - a primeira viagem missionária de Paulo (At 13:1-3).
Seu nome judeu era José. Para ressaltar uma característica peculiar, os apóstolos chamavam-no Barnabé (At 4:36), interpretado por Lucas como filho da exortação (ou consolação). Barnabé foi um tipo de consolador, um exortador, um paracleto (chamado para o lado de outro a fim de ajudá-lo). Vaie salientar que “parakletos” é um título que Jesus dá ao Espírito Santo no Evangelho de João.
O líder que cresce e faz crescer tem MARCAS. Barnabé, como filho da consolação, se coloca ao lado de outros com o fim de ajudá-los, apresentando as seguintes marcas: generosidade, discipulador e zelo pela sã doutrina.
1. Barnabé – a marca da generosidade. A marca da generosidade é uma das mais importantes dentre aquelas que foram responsáveis por tornar a comunidade cristã primitiva rigorosamente singular em sua época (At 4:34,35; 2:44,45). A exemplo disso, a narrativa de Lucas apresenta Barnabé como aquele individuo que se pôs ao lado do necessitado: “como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos” (At 4:37).
2. Barnabé – a marca do discipulador. Discipular nada mais é que ensinar a Palavra de Deus aos novos convertidos, àqueles que aceitaram a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador de suas vidas e fazer com que eles, que foram escolhidos por Deus, possam viver de tal maneira que deem o fruto do Espírito, ou seja, tenham um novo caráter, uma nova maneira de viver que leve as pessoas a glorificar ao nosso Pai que está nos céus, ou seja, vivam de tal maneira que suas ações os transformem em testemunhas de Jesus, em prova de que Jesus salva e, por isso, outras pessoas reconheçam o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, ou seja, o Evangelho (Rm 1:16).
Barnabé foi um discipulador de estirpe admirável. Por isso e para isso foi enviado a Antioquia (At 11:19-24) e, também lá, foi reconhecido como tal (At 13:1). Ele é o tipo de líder que cresce e ajuda a crescer.
Apresentamos, a seguir, três altruístas características do seu ministério discipulador:
a) O interesse desmedido pelo discípulo. O interesse desmedido de Barnabé aparece primeiramente quando Paulo sofre rejeição da igreja de Jerusalém por parecer suspeito (At 9:26,27). O fato é que Paulo saiu de Jerusalém com a missão de perseguir os cristãos e, após algum tempo, retornou alegando ser cristão. Provavelmente essa alegação foi interpretada como uma nova estratégia de perseguição. No entanto Barnabé, numa atitude corajosa e arriscada, colocou-se ao lado de Paulo para, como advogado, justificá-lo perante os apóstolos - “E, quando Saulo chegou a Jerusalém, procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo. Então Barnabé, tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus. E andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo” (Atos 9:26-28).
Depois disso, Paulo viajou para Tarso (At 9:30) e, ao surgir uma comunidade em Antioquia (At 11:19-21), Barnabé foi enviado para assisti-la (At 11:22). De Antioquia, Barnabé dirigiu-se a Tarso em busca de Paulo para juntos servirem ao Senhor na igreja gentílica de Antioquia (At 11:25,26).
O interesse de Barnabé por Paulo é claro, e mostra que enxergava valor onde todos negavam. É uma visão idêntica à de Jesus, que viu num brutal perseguidor de Sua Igreja um vaso de honra a Seu nome (At 9:15,16).
Quantas pessoas há em nosso meio cujo potencial é grande e inexplorado! É necessário que haja visionários cristãos do tipo de Barnabé, capazes de transformar quem está no anonimato em grandes vultos.
b) Humildade face à projeção do discípulo.  O líder que cresce e ajuda a crescer não se inquieta ao ver o seu discípulo crescer mais do que ele. Barnabé chamou Paulo para ajudar a igreja em Antioquia da Síria, reconhecendo os dons do apóstolo. Ele estava tão dominado por uma consciência de Reino que a humildade se tornou um dos pontos mais salientes em seu ministério de discipulado. Naquela ocasião, Paulo já possuía uma década de experiência crista e ministerial.
Mas a força e a sabedoria de Paulo nunca o tornaram um rival de Barnabé. Pelo contrário. Por essas virtudes, Barnabé viu nele um companheiro necessário para o sucesso de seu ministério.
Quando os dois foram enviados pela igreja de Antioquia para uma viagem missionária (At 13:1), logo se notou a projeção de Paulo. Ele realizou milagre (At 13:8-12) e fez discurso (At 13:16-41). Segundo Lucas, Paulo foi crescendo, e seu mestre diminuindo. Não se vê vestígio de inquietude em Barnabé por causa da ascensão de Paulo. O conflito que os separou teve outra razão.
A atitude de Barnabé em relação ao discípulo é como a de João Batista em relação a Jesus: “convém que ele cresça, e que eu diminua” (João 3:30). Essa visão de Reino o situa além dos seus interesses pessoais e os do discípulo: “importa abençoar os homens e glorificar a Deus”. Nas palavras de Paulo: “nada fazer por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (Fp 2:3).
Que tenhamos essa visão de Barnabé par que a igreja de Jesus seja o palco da bênção dos homens e da glória de Deus, e nunca palco de rivalidade e glória humanas!
c) Exerce misericórdia e paciência no momento de fraqueza do discípulo (At 15:36-41). O líder que cresce e ajuda a crescer estar sempre disposto a dar uma segunda chance a alguém na igreja que falhou.
Barnabé e Paulo haviam concluído a primeira viagem missionária. Quando planejavam a segunda viagem, surgiu um conflito entre os dois que resultou em separação. O falo é que Barnabé insistiu em levar João Marcos (At 15:37). Paulo resistiu fortemente a essa decisão, com a alegação de que João Marcos era desertor (At 15:38). Paulo relembrou o episódio ocorrido em Perge da Panfília quando João Marcos os abandonou durante a primeira viagem (At 13:13). Ambos mantiveram-se irredutíveis em suas opiniões, a ponto de se separarem. Barnabé e João Marcos foram para um lado, enquanto Paulo e Silas foram para outro (At 15:40-41).
Ao rejeitar a companhia de Marcos, Paulo lhe negou uma segunda chance. Assim, Paulo quebrou a parceria com seu companheiro, visto que, por sua característica peculiar de consolador, Barnabé não se negou a oferecer uma nova oportunidade a quem havia tropeçado. Como Jesus Cristo, Barnabé não esmagou o caniço quebrado e não apagou a mecha que fumegava (Mt 12:20).
Exercer misericórdia é um princípio indiscutivelmente válido, tal como Barnabé fez com Marcos. Pela misericórdia, Barnabé transformou um inútil (At 15:38) em alguém “muito útil ao ministério” (2Tm 4.11). Estaríamos dispostos a dar uma segunda chance a alguém na igreja que falhou?
3. Barnabé – a marca do Zelo pela sã doutrina (At 15). O líder que cresce e ajuda a crescer zela pelo bem-estar de suas ovelhas, por isso preocupa-se com a sã doutrina.
A maioria dos primeiros crentes na igreja primitiva era composta de judeus, mas depois muitos gentios foram convertidos, especialmente de Antioquia. Alguns homens vieram de Jerusalém a Antioquia ensinar que a circuncisão era essencial para a salvação (At 15:11), um ensino que Paulo e Barnabé contestavam. A igreja em Antioquia decidiu que a disputa tinha de ser resolvida em Jerusalém. Mandou uma delegação para lá, chefiada por Barnabé e Paulo, para se encontrar com os líderes de Jerusalém. Após muito debate, Pedro usou a palavra e explicou: “cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram“ (At 15:11). No Concílio em Jerusalém (c. 49 d.C.) Paulo e Barnabé defenderam a tese (At 15:12) de que a circuncisão não era necessária para a salvação. Após ouvi-los, Tiago deu o seu parecer (At 15:19,20). Paulo, Barnabé e os outros voltaram para Antioquia onde foi lida a carta do Concílio para a alegria de toda a igreja. Em Atos 15:15,26, vemos o alto conceito e estima que os lideres de Jerusalém dispensaram a Barnabé e Paulo chamando-os “os nossos amados Barnabé e Paulo”, homens que têm exposto a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo”.
Vemos nesse incidente o cuidado pelo bem-estar de suas ovelhas e a preocupação de Barnabé com a sã doutrina. Ele se mostrou um homem sábio e espiritual. Quantas vezes, hoje em dia, faltam sabedoria e coragem para resolver os problemas que surgem no meio da igreja.
Por tudo que foi exposto, podemos afirmar que Barnabé é da natureza de dispor a si para o crescimento do próximo com indizível interesse, profunda humildade e incansável perseverança. Enfim, ele usou sua vida para abençoar os homens e glorificar a Deus. Que Deus nos dê a graça de imitar a Barnabé.

CONCLUSÃO

“Se o líder não treinar novos líderes, inspirando-os e ajudando-os a desenvolver o seu potencial, não dei­xará nenhum legado à próxima ge­ração. Se aquilo que realizou acabar com a sua saída, sua obra se perde. A liderança só vale a pena quando líderes crescem e ajudam outras pessoas a crescerem”.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal, CPAD.
Princípios para uma boa liderança - Pr. Cleverson de Abreu Faria.
Gente que Fez! (personagens do Novo Testamento) – Editora Cristã Evangélica.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Aula 06 - A INFIDELIDADE CONJUGAL



2º Trimestre/2013
Texto Básico: Provérbios 5.1-5; Mateus 5.27,28
12/05/2013

“O que adultera com uma mulher é falto de entendimento; destrói a sua alma o que tal faz” ( PV 6:32)

INTRODUÇÃO

O casamento é um dos pactos mais vitais que existe. É uma aliança em que deve existir lealdade e fidelidade. Esta, é indispensável para que se mantenham inabaláveis os alicerces do lar. A infidelidade conjugal atenta contra a santidade dessa aliança. Por que o casamento é um dos pactos mais intensos e vitais que existe? Por várias razões bíblicas e lógicas. Eis algumas delas:
·         Porque ele é a primeira instituição sagrada da humanidade: “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2:24).
·         Porque ele é um acordo íntimo de união vital - seus termos são extremos: “na saúde e na doença”, “na alegria e na tristeza”, e cuja abrangência temporal é vitalícia: “até que a morte os separe”.
·         Porque ele é um depositário de total confiança de ambas as partes.
·         Porque nele são depositados todos os sonhos e o projeto de uma vida.
·         Porque ele é a base para a edificação da família, a célula máter da sociedade.

I.  ADULTÉRIO, UM GRAVE PECADO

A prática do adultério na sociedade contemporânea é mais comum do que muitos gostariam de admitir. A tolerância social para com o adultério é claramente propagada pela mídia e “encarnada” como procedimento normal no cotidiano das pessoas. Dessa forma, o relacionamento monogâmico não é mais interpretado como uma virtude, mas como um comportamento ultrapassado. Além do mais, a “sensualidade legal” da cultura brasileira influencia não apenas os incrédulos, mas infelizmente os membros da igreja cristã. Ainda que os cristãos tenham ciência das consequências devastadoras do adultério, pouco se faz com o objetivo de evitá-lo e muitos “flertam com o inimigo ao lado”.
1.  Conceito e origem da palavra adultério. A palavra adultério vem do latim “adulterium”, que significa “dormir em cama alheia”. Segundo o “Dicionário Teológico” do pr. Claudionor Corrêa de Andrade(CPAD), “é o intercurso carnal entre uma pessoa casada com outra que não seja o seu cônjuge”.
Entre os Hebreus, o adultério equivalia ao rompimento de uma aliança avalizada e abençoada por Deus: “Porque o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança” (Ml 2:14). Portanto, um grave pecado, que era duramente apenado na lei de Moisés(Lv 20:10;Dt 22:22). Aliás, “não adulterarás” era um dos dez mandamentos(Ex 20:14; Dt 5:18).
Atualmente, o mundo vê o adultério como algo normal, natural e até esperado no casamento (recente pesquisa feita no Brasil demonstrou que dois terços das pessoas esperam ser traídas por seu cônjuge e entendem ser isto natural e compreensível). Entretanto, o adultério é abominável aos olhos de Deus, tanto que seu alcance foi ampliado por Jesus no sermão do monte(Mt 5:27-30). Sua prática é considerada loucura pela Palavra de Deus(Pv 6:32-7:27). Com certeza, não há prática que cause tantos males e denigra tanto o caráter de alguém senão o adultério, que, além de destruir a família - célula máter da sociedade -, dá péssimo exemplo aos filhos que, sem o exemplo dos pais, perdem o referencial do certo e do errado, sendo, a partir de então, alvos fáceis do inimigo de nossas almas. O adultério é a figura da infidelidade; na Bíblia, a prática do adultério é punida com a morte eterna, tamanho o mal que representa (ler 1Co 6:9). As Escrituras Sagradas afirmam que é o próprio Deus quem julgará os adúlteros(cf Hb 13:4). A Palavra de Deus permanece para sempre e ela continua a nos ensinar que ficarão de fora os adúlteros e os fornicários (Ap 21:8; 22:15).
2. É preciso vigiar. A infidelidade conjugal é um processo maligno que tem início na mente. Em uma sociedade erotizada como a contemporânea, onde as expressões eróticas e pornográficas se tornaram mais explícitas e ousadas, a luta contra a tentação do adultério não é uma batalha individual, mas envolve a participação mútua do casal.
Jesus Cristo, ao falar sobre o adultério, deixou claro que o mesmo pode ser um ato mental e emocional e não apenas físico, pois segundo ele “qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mt 5:28). A experiência também confirma, através de fatos explícitos e feridas profundas, que a traição emocional e mental é pré-requisito para a conjunção carnal. Além do mais, não se pode esquecer que a pessoa é intimamente tentada por sua própria cobiça, “quando esta o atrai e seduz. Então a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado” (Tg 1:14-15). Nos últimos anos, a cobiça interna do ser humano parece estar sendo especialmente alimentada pelas ofertas de sexo virtual através da internet. Em alguns casos, a infidelidade virtual acaba resultando em vício. O anonimato e a privacidade proporcionados pela internet podem se revelar ferramentas propícias para a quebra de várias barreiras e, eventualmente, para a consumação da traição virtual. Dessa forma, adultério não é algo apenas físico, mas encontra-se enraizado nas fantasias do coração e da mente.
Explica muito bem o pastor Elinaldo Renovato quando diz: “Se a oração é o respirar da alma para não morrer, a vigilância são ‘as câmaras de segurança’ em torno da vida cristã. Além de grades de proteção, as pessoas instalam câmeras de segurança e cercas elétricas em torno de suas residências para evitar a ação dos marginais, que vivem à procura de assaltar os bens alheios. Tais aparatos não impedem, mas podem evitar muitas ações de meliantes. Na vida espiritual, a vigilância é indispensável. Sem a vigilância, a oração pode perder seus efeitos benéficos, pois surpresas e ‘ciladas do diabo’ podem ocorrer a qualquer momento, quando menos se espera. Para evitar cair nas garras do Diabo e ser presa da pratica do adultério, é indispensável vigiar sempre”. Davi, mesmo sendo um homem segundo o coração de Deus (1Sm 13:14), não vigiou. Por isso, ele cometeu um adultério que o arrastou a um homicídio (2Sm 11).
3. Buscar a presença de Deus e não desprezar o cônjuge. A presença de Deus no lar é fundamental para que haja harmonia, paz, equilíbrio, compromisso e felicidade. Sem Deus é impossível evitar os males dos conflitos. E a presença de Deus só se consegue com oração, estudo das Escrituras Sagradas, perdão, união, adoração ao Senhor.... A promessa de Deus a Moisés é válida também para nós: “... Irá a minha presença contigo para te fazer descansar” (Ex 33: 14). A presença de Deus soluciona problemas e resolve conflitos no lar. Todavia é bom ressaltar, que o lado humano da vida no lar não deve ser olvidado. Não adianta manter uma comunhão diária com o Senhor, por intermédio da oração, da adoração, da leitura e estudo devocional da Palavra de Deus, se o lado humano do cônjuge for açoitado com o indiferentismo. Se não houver ações, gestos e atitudes humanas, necessárias para um bom relacionamento conjugal, o fracasso do matrimônio poderá ocorrer. Comunicação, atenção e carinho, são simples atitudes que poderão fazer grande diferença no lar.
Concordo o pastor Elinaldo Renovato quando diz que há uma armadilha que tem prejudicado muitos casamentos: o excesso de atividades na igreja. O marido dedica-se excessivamente às funções que tem na igreja que não sobra tempo para a esposa e para o lar. Isso é uma grande armadilha à infidelidade sorrateira, que é usada pelo maligno para destruir casamentos, lares e famílias. O resultado disso, muitas vezes, é o esfriamento do amor conjugal. Há estudos que comprovam que a falta de diálogo, de conversa a dois, de atenção e carinho um ao outro, contribui sobremaneira para o adultério. Assim, é indispensável o marido refletir sobre sua agenda, e reservar tempo para comunicar-se, de forma significativa, com sua esposa. O esposo cristão deve desenvolver o melhor relacionamento com a sua esposa, para que os impulsos carnais não sejam meios para a destruição do casamento e do seu ministério. A mulher cristã deve ser sábia, para não destruir o seu lar com as mãos (Pv 14:1).

II. AS CONSEQUENCIAS DA INFIDELIDADE

A infidelidade conjugal destrói casamentos e famílias, trazendo grandes prejuízos sociais, econômicos, emocionais e espirituais. O pior de tudo, afasta a pessoa de Deus. Segundo o sábio bíblico, “só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal coisa” (Pv 6:32). Contudo, ainda que alguns tenham ciência das consequências devastadoras desse ato, pouco se faz com o objetivo de evitá-lo, e não são poucos os que “flertam com o inimigo ao lado”.
1. Afastamento de Deus. O adultério é pecado gravíssimo aos olhos de Deus, o Criador do casamento, do lar e da família. Ele divide a família, afasta o cônjuge da presença de Deus e impede as bênçãos divinas. O rei Davi mais do que ninguém sentiu na pele e na alma a tragédia desse pecado. Deus, o Senhor de toda a justiça, reprovou o ato de Davi (2Sm 11:27), perdoou-o por se arrepender profundamente do ato impensado e precipitado, mas não o livrou das inevitáveis e trágicas consequências. Muitas pessoas passam a vida inteira chorando por uma decisão errada feita apenas num instante. Pagam um alto preço por uma desobediência. Choram amargamente por tomar uma direção errada na vida. Cuidado com o pecado, pois ele pode levar você mais longe do que você quer ir.
O pecado promete prazer e paga com o desgosto. Levanta a bandeira da vida, mas seu salário é a morte. Tem um aroma sedutor, mas ao fim cheira a enxofre. Só os loucos zombam do pecado. O pecado é maligníssimo. Ele é pior do que a pobreza, do que a solidão, do que a doença. Enfim, o pecado é pior do que a própria morte. Esses males todos não podem destruir sua alma nem afastar você de Deus, mas o pecado arruína seu corpo, sua alma e afasta você eternamente de Deus.
A maneira correta de lidarmos com nosso pecado é nos arrependermos dele e, com toda a sinceridade, buscarmos em Deus o perdão, a graça e a misericórdia(Sl 51; Hb 4:16; 7:25), e nos dispormos a aceitar, sem amargura nem rebelião, o castigo divino pelo nosso pecado. Davi tanto reconheceu quanto confessou seus pecados terríveis, voltou-se para Deus, e aceitou a repreensão de Deus, com humildade(cf 2Sm 12:9-13,20;16:5-12;24:10-25;Sl 51).
2. Morte espiritual. O adultério leva à morte espiritual, às vezes até à morte física. O mais perigoso é a morte eterna, ou seja, o afastamento eterno de Deus; é a pior consequência da infidelidade conjugal. Alguns minutos de prazer ilícito podem levar um homem, ou uma mulher, para o inferno (ler 1Co 6:10).
É necessário estar alerta para as ciladas do Inimigo. Muitas vezes, a causa do adultério, ou melhor, dos fatores que contribuem para a infidelidade, está sendo fomentada dentro do próprio lar: com o passar dos anos, o esposo e a esposa deixam de cultivar o amor verdadeiro. Aquelas expressões de carinho dos primeiros tempos ficam esquecidas. O afeto vai desaparecendo entre os dois. O lar, em muitos casos, passa a ser uma espécie de pensão, na qual o marido é o hóspede número um, a esposa é a dona da pensão, e os filhos, os outros hóspedes costumeiros. Não mais existe o ambiente acolhedor e amigo no qual se respirava amor, paz e harmonia. Enquanto isso, fora do lar, os cônjuges, no trabalho, no círculo de amizades, encontram sempre alguém que lhes dê atenção e se interessa (ou finge se interessar) pelos seus problemas. Então Satanás, que não dorme, entra em ação. Começa a falar ao coração que é hora de experimentar um caso de amor, um romance, mesmo passageiro. O cônjuge, mesmo sendo cristão, diante de tal sedução, entra em conflito consigo mesmo. A mente começa a estampar a crise de afeto que existe no lar, a falta de atenção e de carinho, a indiferença do outro cônjuge. A consciência bate forte, lembrando a condição de cristão, lavado e remido no sangue de Jesus. Nas primeiras investidas, o servo de Deus pensa, recua, vence. Mas, dia após dia, as coisas se agravam. A voz do Inimigo soa mais forte e sedutora; a concupiscência se aquece. Vem a queda, o ato, o pecado; enfim, a morte espiritual. Tenhamos cuidado!
3. Um lar despedaçado. Quando um cônjuge adultera causa terrível transtorno à sua família. Em primeiro lugar, atinge ao cônjuge. Em segundo lugar, aos demais membros da família, principalmente aos filhos, que ficam confusos e perplexos por saber que o pai ou a mãe foi infiel, traindo a confiança matrimonial e dos filhos. O adultério mina o edifício da família em sua base, que é a confiança do esposo na esposa, e dos filhos nos pais. Em quem confiar, se os líderes traem um ao outro? O resultado dessa quebra de confiança é a tristeza,a  decepção e a revolta dos filhos. Muitos, não tendo estrutura espiritual e emocional, enveredam por caminhos perigosos, envolvendo-se com drogas, bebida e prostituição. Quem pratica a infidelidade conjugal está edificando sua casa sobre a areia (Mt 7:26).

III. CONSELHOS CONTRA A INFIDELIDADE

1. Fuja das tentações. Afirma o pr. Elinaldo Renovato: “O cristão, por mais que se considere santo, não está imune às tentações. Jesus em tudo foi tentado, mas não pecou (Hb 4:15). Se Jesus foi tentado, Davi foi tentado (e caiu vergonhosamente), Sansão foi tentado, Salomão foi tentado; José(filho de Jacó) foi tentado; o crente, nos dias presentes, não pode achar que está livre de cair em tentação”. Ante o perigo, façamos como José: fuja. Ele fugiu (Gn 39:12).
José, por lealdade e fidelidade a seu Deus, bem como por lealdade a Potifar, continuou resistindo ao pecado. Ele triunfou sobre a tentação, porque de antemão já estava firmemente decidido a permanecer obediente ao seu Senhor e a de não pecar (Gn 39:9). O crente em Cristo Jesus vence a tentação da mesma maneira. O apóstolo Paulo, também, aconselhou Timóteo a fugir – “Foge também das paixões da mocidade...”(2Tm 2:22).
Humanamente pensando, José nada teria a perder em aceitar a oferta da mulher de Potifá. Ele era um rapaz jovem vigoroso e essa mulher não devia ser feia. A tentação era realmente forte e, além do mais, Potifar lhe tinha absoluta confiança. No dia em que sofreu o ataque mais decidido da mulher de Potifar, não havia sequer uma testemunha que o pudesse incriminar. Entretanto, José não tinha a dimensão humana em vista, mas tão somente a dimensão divina - “E o Senhor estava com José”, frase que revelava a íntima comunhão que havia entre José e Deus. José não podia, de forma alguma, deixar de cumprir a Palavra de Deus, deixar de observar os princípios demonstrados pelo Deus de seu pai. A calúnia da mulher de Potifar manchou a reputação de José, mas não atingiu a sua integridade, o seu caráter.
É assim que deve agir todo o crente que sofre a tentação. Como José, o cristão necessita constantemente da graça de Deus para manter-se puro e santo, não se iludindo com os efêmeros e falsos prazeres do pecado, pois o "Adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar" (1Pe 5:8). A Bíblia nos admoesta: "Sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus" (Lv 20:7; 1Pe 1:15,16).
2. Honre o seu cônjuge. O homem, como esposo, tem o dever de honrar a esposa - “... far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele” (Gn 2:18), ou, como diz a Bíblia, na Linguagem de Hoje: “... vou fazer para ele alguém que o ajude, como se fosse a sua outra metade”. O que Deus fez foi uma “companheira” que deveria estar sempre junto ao homem. No entanto, há homens que têm vergonha de suas esposas. Nunca são vistos juntos. Às vezes, por causa das marcas do tempo em suas mulheres, quando perdem a graça da juventude, deixam de se interessar por suas esposas; isso é brecha para o Adversário penetrar no relacionamento conjugal. Crente salvo não pode esconder a esposa nem negar ser casado - isto é desonra para a esposa. Honrar a esposa, dando-lhe o apreço e o respeito necessário, é fator decisivo para uma vida conjugal ajustada e gratificante. Admoesta-nos o apóstolo Pedro: “... vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco ...” (1Pedro 3:7). Quando esta verdade é entendida, e vivida, então o relacionamento doméstico fica mais fácil. Também há mulheres que, com o passar do tempo, deixam de se interessar e honrar seus maridos. A Bíblia, porém, recomenda à esposa a reverenciar o marido (Ef 5:33).
3. Cuide da parte sexual (1Co 7:3,5). Cuidar dessa parte do matrimônio é importante para o equilíbrio espiritual, emocional e físico do marido e sua esposa. Quando o casal não vive bem nessa parte, o Diabo procura prejudicar o relacionamento, a fim de destruir a família. O Inimigo tem trabalhado de modo constante para levar o marido ou a esposa a pecar nessa área. Muitos pastores tem caído na cilada do Inimigo, por isso seus ministérios foram à bancarrota por causa da infidelidade conjugal. Cuidado! “os lábios da mulher estranha destilam favos de mel, e o seu paladar é mais macio do que o azeite, mas o seu fim é amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois fios. Os seus pés descem à morte; os seus passos firmam-se no inferno. Afasta dela o teu caminho e não te aproximes da porta da sua casa; para que não dê a outros a tua honra, nem os teus anos a cruéis. Bebe a água da tua cisterna e das correntes do teu poço. Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade. Porque os caminhos do homem estão perante os olhos do Senhor, e ele aplana todas a suas carreiras” (Pv 5:3-5,8,9,15,18,21).

CONCLUSÃO

Diante do que foi exposto nesta Aula, podemos concluir que o preço a se pagar pelo pecado da infidelidade conjugal é alto demais para aqueles que prezam por sua família e pela comunhão com Deus. Uma família bem estruturada tem seu preço, e da mesma forma uma família desestruturada.  Que isso nos sirva de lição para que nos guardemos dos pecados sexuais e de suas consequências. “O casamento deve ser honrado por todos; o leito conjugal, conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros” (Hb 13:4).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Revista Ensinador Cristão – nº 54 – CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
A Família Cristã e os ataques do inimigo – Elinaldo Renovato – CPAD.
  

domingo, 28 de abril de 2013

Aula 05 - CONFLITOS NA FAMÍLIA


2º Trimestre/2013

Texto Base: Ef 5:22-30


"Eu, porém, esperarei no SENHOR; esperei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá" (Mq 7.7).

INTRODUÇÃO

Os conflitos em família existem desde os tempos primordiais. São fruto natural da desobediência do ser humano ao seu Criador. No Éden, antes da Queda, havia um ambiente perfeito, de paz, harmonia e amor. Não sabemos quanto tempo durou esse ambiente. Como se depreende do texto bíblico, o Criador visitava o primeiro casal diariamente, "pela viração do dia" (Gn 3:8), no final das tardes maravilhosas do Paraíso. Entretanto, o "dia mau" chegou e eles não tinham a armadura de Deus de que as famílias cristãs dispõem. Ouvindo a voz do tentador, perderam a doce e gloriosa comunhão com Deus. E a tragédia humana começou. Vieram os filhos. O primogênito, Caim, levantou-se contra o seu irmão, Abel, e o matou, por inveja, face a aceitação, pelo Senhor, do sacrifício do seu irmão. Este primeiro conflito entre irmãos deu início à terrível saga da morte por homicídio no mundo. A boa nova para os nossos dias é saber da possibilidade, em Cristo, de equacionarmos os problemas que, às vezes, afetam a família cristã.

I. DESENTENDIMENTO ENTRE OS CÔNJUGES

Todo casal tem discórdia. A satisfação e a estabilidade das uniões conjugais não estão associadas diretamente à ausência de conflitos, mas à forma com que os cônjuges estabelecem estratégias para solucioná-los. Infelizmente, conflitos podem levar a brigas sérias. Uma briga séria é aquela que desune esposo e esposa, mas nunca resolve a causa do problema. Como resultado, casais acumulam amargura, rixas, raiva descontrolada, ódio e, frequentemente, divórcio.
O que falta a muitos casais é habilidade para discutir os problemas sérios, chegar a um plano para resolvê-los e, então, pôr em ação esse plano. Esta é uma habilidade que muitas pessoas simplesmente nunca aprenderam, mas que pode ser aprendida. 
Um exemplo evidente que a Bíblia narra é o caso do patriarca Abraão e sua esposa Sarah. Houve um conflito entre este casal motivado por Abraão ter gerado um filho em sua serva, Agar. A bigamia trouxe problemas familiares. E o patriarca teve que expulsar a jovem concubina juntamente com seu filho, Ismael. O resultado disso é que ainda hoje os judeus e os árabes se digladiam.
1. Temperamentos diferentes. Temperamento é o conjunto de características negativas e positivas com as quais nascemos e que influenciam o nosso comportamento. É totalmente involuntário e imprevisível. Nenhum pai pode saber ou determinar com qual temperamento seu filho nascerá.
Sabemos que cada ser humano é diferente do outro, que não existe um indivíduo idêntico a outro, porque Deus não produz homens em série, como costumamos ver nas indústrias, mas, sim, dentro de seu supremo poder, cria cada homem individualmente. Esta individualidade do homem, conhecida como personalidade, deve ser dividida, basicamente, em dois elementos básicos: o temperamento e o caráter.
O caráter define uma forma definida de conduta, que não é inata, mas constituída pela história de vida de cada sujeito, considerando a condição social, ambiente familiar, educação e todos os aspectos importantes para a construção das características de cada um. O caráter é influenciado pelo ambiente. O caráter é construído ao decorrer da vida do indivíduo e pode ser modificado.
O temperamento define atitudes e atividades espontâneas, sendo inato. As influências do temperamento dos seres humanos são do sistema nervoso, composição bioquímica, hereditariedade. Estas características definem o temperamento como algo imutável, embora possa ser controlado e dominado.
As pessoas quando aceitam a Cristo, não deixam de ser indivíduos, não perdem a sua individualidade: o caráter muda, mas não o temperamento, que passa a ser controlado pelo Espírito Santo. Portanto, a Salvação não altera a individualidade do salvo, e, portanto, não muda o seu temperamento, que é a parte da personalidade que está ligada à criação, mas, como se trata de uma mudança radical, pois, como ensina o Senhor Jesus, quem é salvo passa da morte para a vida (João 5:24), temos uma transformação completa não no temperamento, mas no caráter.
2. Fatores que trazem conflitos. São muitos os fatores que trazem conflitos entre os casais, podendo ser citados entre eles o sexo, o dinheiro, ciúme, entre outros. A importância em identificar os fatores mais frequentes desencadeadores de conflito refere-se especialmente à possibilidade de os casais aprenderem a estar atentos aos seus focos mais frequentes de desentendimentos. Pesquisas indicam que a tentativa de ignorar os fatores de conflitos não os faz desaparecer, ao contrário, provoca o acúmulo de ressentimentos que tende a retornar com mais força a cada novo impasse - o chamado efeito bumerangue. Vamos citar aqui os mais frequentes.
a) Falta de confiança. O casamento só tem sentido quando fundado no amor verdadeiro. Quando o casal se ama de verdade, quando há respeito mútuo, fidelidade, lealdade, sinceridade e transparência na conduta de ambos, não há motivos para desconfianças ou ciúmes infundados. Paulo diz que "o amor"... "não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal (1Co 13:5b).
b) Tratamento grosseiro. Um dos motivos para a infelicidade, no seio do casamento e da família, é o tratamento indelicado, grosseiro e descortês. Um lar em que a família se trata assim não deve ser chamado de lar cristão, pois onde Cristo habita, deve existir amor, compreensão, respeito, diálogo e tratamento cordial.
A forma com que tratamos uns aos outros é vista por Deus como uma referência para designar quem é sábio ou não, pois a sabedoria é manifesta em obras de mansidão (Tg 3:13), e a mansidão é uma virtude do fruto do Espírito Santo (Gl 5:22). Mansidão significa colocar a inteligência nas emoções. O cônjuge que tem o Espírito Santo tem o caráter de Cristo e é uma pessoa sábia, e, sendo assim, nos momentos abrasadores da convivência ele sabe arrefecer os ânimos colocando a inteligência nas emoções, evitando assim o conflito familiar. Mas, se um cônjuge tratar o outro com indelicadeza, e houver uma resposta no mesmo tom, será conflito na certa. Mas, se um estiver irritado, e o outro, em oração, pedir a Deus a graça de responder como um nascido de novo, as coisas mudarão, pois a "palavra branda desvia o furor" (Pv 15:1). Que Deus nos ajude a praticar as relações humanas, no lar, na igreja, e em toda parte, conforme o manual de Deus para o relacionamento familiar, as Escrituras Sagradas.
c) Dívidas. Um dos fatores que mais traz conflitos numa família, principalmente entre os cônjuges, é a questão financeira. Quando um dos cônjuges é compulsivo e não controla os seus gastos,  mas se envolve em dívidas descompassadas com a capacidade financeiro, sem duvida, nesta família o conflito é inevitável. Muitos ficam sofrendo de doenças nervosas por causa de dívidas. Com Jesus, precisamos aprender a orar pelo “pão nosso de cada dia” (Mt 6:11); se levarmos esse princípio adiante, saberemos consumir com equilíbrio, a fim de satisfazer as necessidades e evitaremos o desperdício (João 6:12). Sejamos cautelosos na aquisição de bens, é preciso sempre avaliar se o orçamento familiar será suficiente para cobrir as despesas (Is 55:2; Lc 15:13,14).
O ato de comprar parece simples e prazeroso, mas não é. Exige planejamento e reflexão. Jamais podemos comprar por impulso, sem pensar no quanto estamos gastando. Quem compra por impulso e não segue um planejamento, cedo ou tarde acabará tendo problemas financeiros. Devemos lembrar que honrar os nossos compromissos contratuais é um dever cristão e isto é bastante agradável a Deus, pois trará bom testemunho no meio em que vivemos. Você deseja ser bem sucedido financeiramente? Então:
- Evite o desperdício e o supérfluo. É nossa tendência pensar que só entre os que têm muitos bens materiais há desperdiço de recursos. A verdade, porém, é que entre a classe pobre há tantos ou mais pessoas que desperdiçam seus recursos de forma dissoluta. Na experiência diária vemos que crentes sem recursos, que vivem do seu ordenado somente, são muitas vezes aqueles que não sabem distribuir o seu dinheiro. Os pobres podem, nesse caso, ser tão esbanjadores como os ricos, levando-se em conta as devidas proporções. Em João 6:12 Jesus ordenou que seus discípulos recolhessem os alimentos que sobrara para que nada se perdesse. Algumas vezes o orçamento acaba porque gastamos com insensatez, onde não se deve ou não se pode.
- Economize, poupe e fuja das dívidas. Sejamos cuidadosos na maneira de gastar o nosso dinheiro, busquemos a direção do Senhor de nossas vidas, para que Ele nos ensine a usar o pouco que nos foi entregue. Economize comprando no estabelecimento que é mais em conta. Racionalize os gastos com água, luz, telefone, etc. (ler Gn 41:35,36; Pv 21:20). Abra uma conta-poupança e guarde um pouco de dinheiro, por menor que seja a quantia. Fuja das dívidas!  
-  Estabeleça critérios para gastar.  Quem estabelece critérios bem definidos sobre o que fazer com cada centavo que possui tem melhores condições de viver sem muito estresse. Vejamos algumas medias necessárias:
·         Aprenda a viver com o que tem;
·         Guarde pelo menos 5% do que ganha em uma poupança;
·         Saiba dizer não ao consumismo;
·         Defina o que é essencial e necessário;
·         Evite fazer dívidas, principalmente com os cheques pré-datados e cartões de crédito.
Talvez você diga que não consegue se enquadrar nesses critérios, porém é possível que alguém seja mais pobre que você e consiga. Então, por que não tentar? Os frutos virão no futuro. Vale a pena começar.
d) Infidelidade. A infidelidade é um mal que não é de hoje, mas que, nos tempos atuais, tem-se intensificado muito comum nos lares sem Cristo, e também tem atingido muitos lares cristãos. A infidelidade conjugal não passa de um instrumento diabólico para a destruição e desagregação da família. A Bíblia diz que o marido deve amar a sua esposa da mesma forma que Cristo ama a Igreja. Ora, o Senhor ama a Igreja com sinceridade, e sobretudo, com fidelidade de lealdade. Esta fidelidade é tão grande, que "se formos infiéis, Ele permanece fiel: não pode negar-se a si mesmo" (2Tm 2:13). Mas, Satanás diz ao esposo: "ora, não é nada demais; procura unir-te a outra mulher: a tua já não te agrada. No fim, tudo dará certo. Os teus amigos não possuem outras mulheres?". Com isso, o inimigo procura desfazer o plano de Deus para a vida conjugal. E muitos homens, mesmo cristãos, têm cedido a essa tentação diabólica, cometendo adultério e prostituição, e desprezando o lar, a esposa, os filhos e seu próprio nome e, o que é pior: desprezando a Deus. A Palavra de Deus considera a infidelidade conjugal como vergonhosa traição aos princípios sagrados, estabelecidos por Deus para o casamento.

II.  ATIVIDADES PROFISSIONAIS DOS PAIS

Em nossos dias, temos visto que pais e mães de família têm se dedicado muito ao trabalho, devido aos muitos desafios financeiros e o custo de vida cada vez mais alto. Isso pode prejudicar a família, se os pais não tiverem um tempo adequado para ficar com seus filhos, participar da educação deles, passar-lhes as tradições da família e acima de tudo, repassar-lhes a fé em Deus e nas Escrituras Sagradas.
1. A mulher no mercado de trabalho. Antigamente, as mulheres desempenhavam um papel puramente doméstico e contentavam-se com isso. Elas eram mães de família, esposas e donas de casa. A cultura dos povos em geral relegava esse papel às mulheres. Mas, nos últimos anos,  a mulher tem ingressado no mercado de trabalho de forma bastante significativo.
A urbanização acelerada, o processo de industrialização e as mudanças culturais, econômicas e sociais têm forçado a participação da mulher em atividades antes próprias dos homens. Por um lado, há um aspecto positivo. Inserida no mercado de trabalho, a mulher sente-se incentivada a demonstrar que não se limita ao papel de mulher doméstica, e comprova que tem capacidade para realizar as mais diferentes ocupações sociais. O nível de estudo das mulheres tem aumentado, e elas concorrem com os homens aos cargos mais importantes da nação. Há queixas quanto à diferença de salário e de natureza dos cargos ocupados pelas mulheres, mas há uma evolução marcante nesse aspecto.
Por outro lado, temos que considerar alguns aspectos negativos da intensa participação da mulher no mercado de trabalho (adaptado do livro: “A Família Cristã e os ataques do inimigo - pr. Elinaldo Renovato, CPAD):
a) A mulher submetida à pesada carga de trabalho. Como profissional, a mulher passa a maior parte das horas úteis do dia envolvida nas atividades profissionais, nos locais onde estão contratadas. Mas, via de regra, também, a mulher desempenha atividades domésticas. Como profissional, muitas vezes, tem que chegar tarde em casa, e o esposo se ressente de sua ausência. Os filhos sentem falta da mãe. Isso causa conflitos. Pode haver entendimento, mas há inconveniências a serem consideradas.
b) Os filhos sofrem com a ausência da mãe. Com a mãe trabalhando fora de casa, os filhos passam a viver com as empregadas domésticas, que, por melhor que sejam, não substituem a mãe. Não sentem pelas crianças o amor do seio materno. As crianças ficam desorientadas, convivendo muitas vezes com pessoas sem a necessária educação. Por outro lado, ficam o dia todo diante da internet(às vezes sem nenhum bloqueio contra sites pornográficos), jogos eletrônicos violentos e da televisão, com liberdade de escolha de programas que perverterão o caráter delas. Os pais que não estão disciplinando os filhos dentro do padrão moral judaico-cristão, correm sério risco de deixarem um legado perigoso às futuras famílias que surgirão, com base na educação que eles estão lhes dando, pois seus filhos estão crescendo sem amor, sem afeto, sem carinho, sem temor aos pais, indisciplinados, violentos, sem temor a Deus.... Como líderes dos seus filhos, os pais devem ser exemplos para eles. Mas muitos são apenas genitores. Geram e deixam os filhos crescerem, dão alimento, roupa, calçado, as melhores escolas (quando podem), dão dinheiro e condições para sua independência. Mas, para a maioria, falta dar aos filhos o principal: amor, atenção, presença na sua formação, no seu desenvolvimento.
2. A ausência dos pais prejudica a criação dos filhos. A ausência da mãe prejudica a formação, a educação. A ausência do pai prejudica a visão que o filho ou a filha deve ter das relações familiares. Muitos pais só dão atenção aos filhos quando eles estão doentes, ou são vítimas de algo trágico, de um acidente, ou ameaça de morte. No mais, passam os anos sem terem diálogo, contato ou aproximação com os filhos. Isso é altamente prejudicial. A presença do pai, no lar, é fundamental para a formação espiritual e emocional dos filhos.

III. MÁ EDUCAÇÃO DOS FILHOS

1. Educação prejudicada. Entende-se por má educação o mau comportamento dos filhos no lar ou fora dele. Neste aspecto, não nos referimos à educação formal dos bancos escolares. Os lares estão prejudicados quanto à educação comportamental. Com o excesso de ocupação dos pais, os filhos são entregues a creches, escolas e a outras entidades do sistema educacional.
O cuidado com os filhos deve anteceder à própria concepção. Devemos estar preparados para, na vontade de Deus, criarmos nossos filhos na doutrina e admoestação do Senhor(Ef 6:4). Devemos ter o mesmo sentimento de Manoá, o pai de Sansão, que orou ao Senhor pedindo orientação divina para a educação de seu filho(Jz 13:8), antes mesmo de seu nascimento. É mister que tenhamos a orientação do Senhor para a educação dos nossos filhos, assim como busquemos todas as informações que a ciência e o conhecimento humano possam nos fornecer para que demos uma vida de qualidade para nossos filhos. Qualidade não significa opulência material, mas é muito mais do que isto: é uma educação com amor, com valores bíblicos, uma educação que faça de nossos filhos verdadeiros servos do Senhor.
Com muita oração, prudência e sabedoria, os filhos devem receber instrução espiritual adequada e progressiva para aprender a colocar sua fé em Deus e não se tornarem desobedientes, teimosos e rebeldes(ver Dt 6:1-9). A ausência dessa instrução é prejudicial ao relacionamento entre pais e filhos e à formação do caráter cristão dos filhos. O ensino da Palavra de Deus molda o caráter e aperfeiçoa a vida moral, emocional e espiritual dos membros da família. Não é tarefa fácil, mas não impossível.
Tome-se como exemplo a mãe de Timóteo, Eunice. Ela, judia, era casada com um grego que não temia o Deus de Israel(At 16:1). Mas isso não impediu que ela instruísse seu filho “no caminho que deve andar”(Pv 22:6). Ela e sua mãe(Lóide) ensinaram a Timóteo a Palavra de Deus, livrando-o das influências do paganismo helênico. O apóstolo Paulo testemunha isso: ”Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti”(2Tm 1:5). Timóteo tornou-se um zeloso ministro de Deus(1Ts 3:2), fiel no Senhor(1Co 4:17), e um grande cooperador no ministério do apóstolo Paulo (Rm 16:21; 1Ts 3:2).
2. Quem são os professores?  Pergunta o pr. Elinaldo Renovato: “Quem são os professores ou os mestres da maioria das crianças e adolescentes nos dias atuais? Serão os docentes, nas escolas? Serão os professores da ED? Ou serão os pais, dedicados à formação espiritual, moral e ética de seus filhos?
“Infelizmente, para nossa tristeza e graves prejuízos para a nação, os "mestres" por excelência dos filhos em geral são os atores, as atrizes e produtores das empresas de telecomunicação. São os produtores de sites da internet. Estes meios poderiam ser úteis para ajudar na educação das gerações, mas, na prática, são veículos eficazes para a má educação de gerações inteiras.
“Não é por acaso que, no meio das igrejas, há tanta rebeldia entre adolescentes e jovens. É raro ver adolescentes e jovens nos cultos de oração ou de doutrina. Mas é comum vê-los diante da TV, assistindo a algum tipo de "lixo" midiático. A Bíblia, o Livro Sagrado, exorta solenemente os adolescentes e jovens: ‘Afasta, pois, a ira do teu coração e remove da tua carne o mal, porque a adolescência e a juventude são vaidade. Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento’ (Ec 11.10; 12.1)”.
3. Falta de estrutura espiritual e moral. A ausência de regra no lar, a falta de liderança paterna ou liderança dividida, a permissividade, a passividade, a cumplicidade, entre outros, incluem-se nas barreiras que contribuem para a desestruturação do lar.
As Escrituras tratam com muita seriedade a questão da educação e da consagração dos filhos ao serviço do Senhor. O insucesso na área disciplinar paternal associados a filhos rebeldes sintetiza o caos da família. A combinação do relaxamento dos pais com a rebeldia, a obstinação e a teimosia dos filhos atrai o juízo de Deus contra os lares cristãos. Assim aconteceu com a casa de Eli, de maneira que a família sacerdotal foi excluída, para nunca mais exercer nenhuma espécie desse oficio. Eli e sua casa perderam, em caráter irrevogável, tal direito (1Sm 3:12-14). Esse fato denota a severidade de Deus e a consequência dos descontroles na criação de filhos em lares desestruturados.
É importante mencionar que pais e filhos podem contar com boa literatura, dedicada à orientação desse relacionamento no lar, lembrando que, sempre que necessário, devem buscar a ajuda de um conselheiro espiritual que com eles coopere nesse mister.

CONCLUSÃO

Sem dúvida, os conflitos nas famílias ocorrem por falta de humildade entre os cônjuges em resolver determinados problemas que surgem no âmbito familiar. Às vezes, os fatores que levam ao conflito são aparentemente fúteis e débeis, mas grandemente geradores de conflitos, porque são utilizados por Satanás como lenha para acender o fogo destruidor do amor familiar.  O principal  combustível utilizado é o orgulho, a soberba. Na verdade, quando a presença de Deus é prescindida do lar, sem dúvida, o ambiente torna-se carnal, pesado e cheio de manifestações mundanas. Assim sendo, os conflitos são inevitáveis, pois é neste meio em que Satanás opera. Quando no lar o assunto principal são as coisas materiais, quando só se pensa em prazeres materiais, riquezas, dinheiro, diversões e coisas mundanas, então, indubitavelmente, essa casa está conformada com o mundo maligno. Logo, os conflitos são inevitáveis e destruidores. Conflitos na família só se resolve com a graça e amor de Deus no coração, e o mediador mais indicado é o Espírito Santo. A voz de Jesus ecoa à portas desse lares: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”(Ap 3:20). Atentemos ao convite do Senhor Jesus e sejamos felizes para sempre! Amém!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Revista Ensinador Cristão – nº 54 – CPAD.
Comentário Bíblico Beacon, – CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
A Família Cristã e os ataques do inimigo – Elinaldo Renovato – CPAD.