domingo, 9 de junho de 2013

Aula 11 – A FAMILIA E A ESCOLA BIBLICA DOMINICAL


2º Trimestre/2013

 
Texto Básico: Ne 8:1-7

 
“Ajunta o povo, homens, e mulheres, e meninos, e os teus estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam, e aprendam, e temam ao SENHOR, vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta Lei”( Dt 31:12)

 

INTRODUÇÃO


A igreja local é formada por famílias, que se reúnem para adorar a Deus. E essa adoração deve ter o respaldo e a base fundamental nas Escrituras Sagradas. Estas, por sua vez, só podem ser apreendidas, através do estudo e do ensino sistemático. O ensino cuidadoso da Palavra de Deus na Escola Dominical tem grande valia para a formação espiritual, moral e social das famílias, principalmente, quando seus componentes - pai, mãe e filhos -, são assíduos frequentadores das classes dominicais.

Nos cultos de doutrina, os obreiros podem passar para os crentes os ensinos fundamentais que fortalecem a fé e o caráter cristão. No entanto, em tais ocasiões, eles falam para um auditório heterogêneo, numa linguagem única para segmentos diversos de pessoas. A Escola Dominical, porém, com suas lições apropriadas para crianças, adolescentes, jovens e adultos, aborda assuntos da atualidade, os grandes problemas morais de nosso tempo, como aborto, eutanásia, sexo, homossexualismo desenfreado, transexualidade (mudança de sexo), etc. Tudo isso pode ser abordado e discutido na Escola Dominical, de tal forma que os alunos possam melhor posicionar-se sobre tais problemas, à luz da santa Palavra de Deus. Também, com lições que ensinam sobre seitas e heresias, a Escola Dominical presta uma contribuição excelente, para que os crentes não caiam nas armadilhas sutis dos falsos segmentos religiosos, que se apresentam travestidos de cristãos, mas, na realidade, são instrumentos do maligno para afastar as pessoas de Deus.

I. O QUE É A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL


1. Definição. A Escola Bíblica Dominical é a agência de ensino da Igreja. De forma acessível a todas as faixas etárias, ela se dispõe a ensinar as Escrituras Sagradas de forma sistemática com objetivo precípuo de formar o caráter de Cristo no cristão.

Nas palavras do pastor Antonio Gilberto, "a Escola Dominical é a escola de ensino bíblico da Igreja, que evangeliza enquanto ensina, conjugando assim os dois lados da comissão de Jesus à Igreja conforme Mateus 28:20 e Marcos 16:15. Ela não é uma parte da Igreja; é a própria Igreja ministrando ensino bíblico metódico".

É na Escola Dominical que os alunos podem fazer perguntas ao professor (algo não permitido em um culto, por ocasião da exposição da Palavra de Deus), apresentar suas ideias, aplicar o que está sendo ensinado à sua vida e desenvolver talentos em prol do Reino de Deus.

Milhões e milhões de vidas são discipuladas nos bancos da Escola Dominical. É, sem dúvida, a maior agência de serviço voluntário em todo território nacional, quiçá do mundo.

2. Raízes Bíblicas da Escola Dominical. Embora seja uma instituição relativamente moderna, as origens da Escola Dominical remontam aos tempos bíblicos. Poderemos descortiná-la nos dias de Moisés, nos tempos dos reis, dos sacerdotes e dos profetas, na época de Esdras, no ministério terreno do Senhor Jesus e na Primitiva Igreja. Não fossem esses inícios tão longínquos, não teríamos hoje a Escola Dominical.

- Nos dias de Moisés. Além de promover o ensino nacional e congregacional de Israel, Moisés deu muita importância à instrução doméstica. Aos pais, exorta-os a atuarem como professores de seus filhos: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-se e ao levantar-te” (Dt 6:7).

As reuniões públicas recebiam iguais incentivos: “Congregai o povo, homens, mulheres e pequeninos, e os estrangeiros que estão dentro das vossas portas, para que ouçam e aprendam, e temam ao Senhor vosso Deus, e tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei; e que seus filhos que não a souberem ouçam, e aprendam a temer ao Senhor vosso Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra a qual estais passando o Jordão para possuir” (Dt 31:12,13).

- Na época dos reis e sacerdotes. Vários reis de Judá, estimulados pelos profetas, restauraram o ensino da Palavra de Deus, encarregando os levitas desse mister. Eis o exemplo de Josafá: “No terceiro ano do seu reinado enviou ele os seus príncipes, Bene-Hail. Obadias, Zacarias, Netanel e Micaías, para ensinarem nas cidades de Judá; e com eles os levitas Semaías, Netanias, Zebadias, Asael, Semiramote, Jônatas, Adonias, Tobias e Tobadonias e, com estes levitas, os sacerdotes Elisama e Jeorão. E ensinaram em Judá, levando consigo o livro da lei do Senhor; foram por todas as cidades de Judá, ensinando o povo” (2Cr 17:7-9).

- Na época de Esdras. Foi Esdras um dos maiores personagens da história hebreia. Ele estabeleceu em Israel o ensino sistemático e popularizado da Palavra de Deu e, de acordo com a tradição, foi ele quem estabeleceu o cânon do Antigo Testamento. Nascido em Babilônia durante o exílio, viria a destacar-se como escriba e doutor da Lei (Ed 7:6). Segundo a tradição judaica, a sinagoga foi estabelecida por Esdras durante o exílio babilônico. Como os judeus estavam longe de sua terra, distantes do Santo Templo e afastados de todos os rituais do culto levítico, Esdras, juntamente com outros escribas e eruditos, resolvem criar a sinagoga. Esta funcionava, não somente como local de culto como também servia de escola às crianças. Foi justamente no âmbito da sinagoga que a religião hebreia pôde manter-se incontaminada numa terra onde prevalecia a idolatria. A Escola Dominical, como hoje a conhecemos tem muito da antiga Sinagoga. Ambas dedicam-se ao ensino relevante e popularizado da Palavra de Deus.

- Na época de Jesus. Foi o senhor Jesus, durante o seu ministério terreno, o Mestre por excelência. Afinal, Ele era e é a própria sabedoria. Nele residem todos os tesouros do conhecimento (Cl 2:3).

- Na Igreja Primitiva. Do que Lucas registrou em Atos dos Apóstolos, é fácil concluir: os discípulos seguiram rigorosamente as ordens do Senhor Jesus Cristo. Ensinaram em Jerusalém, doutrinaram em toda a Judéia, evangelizaram Samaria, percorreram as regiões vizinhas à Terra Santa. Em menos de 30 anos, o Evangelho foi proclamado e ensinado em todo império Romano (Cl 1:5,6), chegando até à sua capital, Roma (At 28:31). Se a Igreja cresceu, cresceu ensinando a Palavra de Deus a toda a criatura; se expandiu, expandiu-se evangelizando e discipulando. Sem o magistério do Evangelho, inexistiria a Igreja de Cristo.

É inaceitável existir ‘cristãos’ que não queiram conhecer a Deus profundamente. Que tipo de cristão é esse que quer manter um relacionamento com Deus sem saber como Ele é ou o que Ele quer? Aparentemente, são pessoas que não tem temor a Deus, nem respeito à Sua Palavra.

3. A Origem da Escola Dominical. Fundada na Inglaterra pelo missionário Robert Raikes, em 1780, a Escola Dominical foi uma criação que deu certo. Tão certo que os primeiros missionários que aqui chegaram procuraram organizá-la imediatamente. O casal Robert e Sarah P. Kalley, da igreja Congregacional, fundou a primeira Escola Dominical no Brasil em 19 de agosto de 1855, na cidade de Petrópolis, estado do Rio de Janeiro. Na primeira reunião, nesta data, a frequência foi de cinco crianças, que deu origem à Igreja Congregacional no Brasil. Desde então, a Escola Dominical vem crescendo em todas as denominações, e onde quer que estas cheguem, a Escola Dominical é logo implantada produzindo sem demora seus excelentes resultados na vida dos alunos, na Igreja, no lar, com reflexos positivos na sociedade.

Infelizmente, não são poucas as pessoas que fazem opções em detrimento da Escola Dominical. Será que essas pessoas sabem o quanto estão perdendo? Pense bem: ausentando-se da Escola Dominical quem perde as bênçãos de Deus é você.

Em alguns paises onde a Escola Dominical perdeu espaço nas igrejas, a derrocada espiritual foi inevitável. Estamos vendo isto nos Estados Unidos da América.  Lá, em muitos estados, não se realiza mais a Escola Dominical. Em seu lugar, é realizado um culto dominical, quase sempre o único do primeiro dia da semana. E as consequências espirituais são bastante visíveis: há um esfriamento espiritual congelante nesse país.

Na Europa, a situação é mais complicada. A Escola Dominical foi sepultada em muitos lugares depois que o materialismo ateu, ensinado nas escolas, nos colégios e nas faculdades, influenciou gerações e mais gerações a afastar-se de Deus, e assimilando a falsa teoria da evolução. Em muitas igrejas, os adolescentes e jovens não quiseram mais ir aos cultos, por não verem mais sentido. Restaram os idosos que, ao longo dos anos, por doença ou velhice, tiveram que ficar em casa. Igrejas fecharam. Sem culto, sem reuniões, sem contribuições, o caminho foi o fechamento dos templos. Muitos foram vendidos e transformados em mesquitas, em cinemas, ou em estabelecimentos comerciais. Triste fim espiritual para um continente que foi berço de grandes avivamentos cristãos!

Mas a derrocada espiritual desses países, chamados de Primeiro Mundo, começou, quando os pais não tiveram mais coragem e firmeza para ensinarem a Palavra de Deus em seus lares; quando as igrejas evangélicas capitularam e se deram por vencidas pelo materialismo diabólico; quando os filhos deixaram de ir para as reuniões, para os cultos, para a Escola Dominical. A Bíblia diz: "Ensina o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele" (Pv 22:6).

II. FINALIDADES DA ESCOLA DOMINICAL


1. Auxiliar no ensino das Escrituras. Quando conhecemos as Escrituras, elas nos levam a abandonar o pecado em nossas vidas e a praticar a justiça. Sabemos quem realmente é Deus, e o que Ele espera de nós, e o que Ele pode fazer por nós. Sentimos prazer em seguir seus mandamentos, confiamos na sua suficiência; somos mais submissos aos atos providenciais dEle. Entendemos que precisamos de Cristo, confiamos nEle e nos desperta um grande desejo pelo seu retorno. Conhecendo melhor as Escrituras, sabemos a real utilidade das boas obras e qual o seu lugar na vida do cristão. Aprendemos obediência. Aprendemos que não devemos nos apegar às coisas do mundo. Sabemos contra o que e contra quem devemos lutar. Enfim, o estudo da Palavra de Deus nos dá alegria, ensina-nos a amar e nos ensina que a fonte destes elementos espirituais está em Deus. A Escola Dominical é inegavelmente a maior agência de ensino cristão do mundo.

2. Auxiliar na evangelização. A evangelização é o objetivo supremo da Igreja de Jesus Cristo. A história relata que a Escola Dominical foi criada com a finalidade de resgatar crianças da rua através da evangelização e do ensino secular para melhor compreender a Palavra de Deus. De certa forma, esta finalidade evangelística tem sido deixada de lado. É por demais desejável que a igreja resgate esse finalidade importante da Escola Dominical. Para envolver todas as classes, principalmente as de adolescentes, jovens e adultos, deve-se usar da criatividade. “O ensino bíblico sistemático, finalidade relevante, nas classes por faixas etárias, deve continuar, pois é de grande significado para a formação dos cristãos, mas algumas providências devem ser tomadas para que a Escola Dominical cumpra seu papel evangelizador” (Pr. Elinaldo Renovato).

3.  Auxiliar no discipulado. Sem dúvida, a Escola Dominical é a melhor escola que a igreja dispõe para auxiliar no discipulado dos novos convertidos e, também, crentes que ainda não adquiriram maturidade espiritual. Acrescento sem receio, que, para este mister, a EBD desempenha um importante e insubstituível papel. Em cada classe, havendo professores bem preparados, os alunos podem ser formados para serem bons discípulos de Jesus, e não apenas membros ou congregados das congregações e igrejas. Jesus mandou fazer discípulos, ensinando todas as coisas que Ele havia mandado. Portanto, que haja classes de discipulado para as crianças, adolescentes, jovens e adultos. Mas, acima de tudo, não nos esqueçamos de que, como discípulos de Cristo, nossa vida é um permanente discipulado – “Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2Co 3:18).

III. A ESCOLA DOMINICAL FORTALECE A FAMILIA


1.  As crianças são bem instruídas. Dizem os estudiosos que a personalidade humana começa na infância, e que é definida até aos sete anos de idade. O que ela aprender e apreender, até esta fase, comprometerá todo o seu desenvolvimento psíquico, emocional, afetivo, social etc. Daí, podemos ver como é importante o papel da Escola Dominical na formação da personalidade das crianças. Certamente, é o que a palavra de Deus adverte: “Ensina o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele”(Pv 22:6).

2. A juventude é prevenida contra o pecado. Diz a Bíblia: "Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. De todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para não pecar contra ti" (Sl 119:9-11). Como o adolescente ou o jovem pode ter um caminho puro diante de Deus, em meio a uma onda avassaladora de materialismo e pecado? O texto transcrito dá a orientação divina: "Observando-o conforme a tua palavra".

Estou de acordo com o pr. Elinaldo Renovato, ao dizer que hoje, em muitas igrejas, é comum haver adolescentes completamente alheios às coisas de Deus; há muitos que não têm qualquer compromisso com o Senhor Jesus Cristo; estão nas igrejas porque acham que é bom, mas não querem fazer nada que "atrapalhe" seus sentimentos, seus desejos, ou suas inclinações, mesmo que estas contrariem a Palavra do Senhor. Isso é trágico, pois, se os adolescentes de hoje não tiverem uma boa formação espiritual, como o serão, em poucos anos, quando alcançarem a fase adulta? E esta vem rápido. Daí, a importância de as igrejas locais terem um programa de ensino para essas faixas etárias.

A Escola Dominical está bem mais estruturada para esse mister. Todavia, o professor precisa possuir criatividade suficiente para despertar nos adolescentes e jovens interesse pela aprendizagem da Palavra de Deus no âmbito da Escola Dominical. Eles gostam de desafio. E precisam ser desafiados a buscar a Deus, a ler e estudar a Bíblia, numa programação que os atraia para os caminhos do Senhor. É necessário muita criatividade por parte do professor. Gincanas bíblicas, competições interessantes, maratonas de conhecimento bíblico, e outros eventos, podem despertar o interesse dos adolescentes. Com sabedoria e graça de Deus, é possível tornar a ministração das Escrituras aos adolescentes e aos jovens agradável e interessante.

3. Os adultos frutificam. Os adultos são fortalecidos em sua vida, podendo contribuir para a formação dos mais jovens: "Os passos de um homem bom são confirmados pelo SENHOR, e ele deleita-se no seu caminho" (Sl 37:23). Há adultos que não tem consciência da vida cristã por ter uma formação espiritual deficiente, ou por só ter aceitado a Cristo na idade adulta. A Escola Dominical precisa ajudar a lapidar o caráter dessas pessoas, estimulando-os à leitura e ao estudo da Bíblia Sagrada, e à prática da vida cristã em seu dia a dia (João 5:39). Assim, os adultos tornam-se aptos a dar muitos frutos na obra do Senhor (João 15:1-16).

CONCLUSÃO


No mundo, há um número inimaginável de escolas. Todavia, nenhuma instituição escolar tem um efeito tão benéfico sobre a família como a Escola Bíblica Dominical. Portanto, as igrejas evangélicas precisam valorizar ainda mais essa, que é, certamente, a maior escola de formação do caráter e de vidas transformadas.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Revista Ensinador Cristão – nº 54 – CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.

A Família Cristã e os ataques do inimigo – Elinaldo Renovato – CPAD.

 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

AULA 10 – A NECESSIDADE E A URGÊNCIA DO CULTO DOMÉSTICO


2º Trimestre_2013


Texto Básico: Deuteronômio 11:18-21; 2Timoteo 3:14-17

 

“Ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te” (Dt 11:19)

 

INTRODUÇÃO

No lar, devemos ter, em primeiro lugar, a presença de Deus, que deve ser uma constante desde o momento em que um homem e uma mulher passam a ter intenção de formar uma família. Deus deve sempre ocupar o primeiro lugar em todas as ações de nossa vida (Mt 22:37,38). A família cristã precisa ter em mente que há um plano diabólico para destruir suas bases e levá-la à queda espiritual e moral. Não há outra forma de fazer face a esse ataque mortal, se não for através da busca da presença de Deus no lar.

O grande segredo da manutenção da esperança do povo de Israel em Deus, apesar da rejeição de Jesus Cristo, está na vida devocional familiar que foi estabelecida desde os primórdios da história daquele povo, e é na manutenção de uma vida devocional familiar, que os cristãos poderão resistir aos ataques do adversário e constituir uma igreja vitoriosa que será arrebatada ao término desta dispensação. A vida devocional familiar é denominada, comumente, de “culto doméstico” e é a mola mestra de toda a prática que conduz a família a uma vida de santidade, de direção do Espírito Santo, e que se constitui no segredo para a vitória da família sobre o mal e, consequentemente, de toda a igreja do Senhor. O culto doméstico propicia os momentos diários para o fortalecimento do lar, por meio da oração, da leitura da Bíblia - "a espada do Espírito" -, e do louvor a Deus, no meio do qual Ele se faz presente.

I. O CULTO DOMÉSTICO


“Escutai a minha lei, povo meu; inclinai os vossos ouvidos às palavras da minha boca; Não os encobriremos aos seus filhos, mostrando à geração futura os louvores do SENHOR, assim como a sua força e as maravilhas que fez; Para que a geração vindoura a soubesse, os filhos que nascessem, os quais se levantassem e a contassem a seus filhos”(Sl 78:1,4,6).

1. O que é  o Culto Doméstico? É um período específico na agenda da família cristã quando todos os membros da família reúnem-se para, juntos, terem um momento de intimidade conjunta com Deus. É um tempo de devoção familiar. É um excelente caminho se queremos fazer da nossa família uma extensão da igreja, ou vice-versa. Esta prática no lar é o cimento armado, o alicerce seguro que não pode ser olvidado, se de fato queremos uma casa edificada solidamente.

Infelizmente, precisamos reconhecer, que a estrutura da família moderna se transformou radicalmente nestes últimos anos; a vida é extremamente agitada; corremos para o trabalho, para a escola, faculdade e tantos outros compromissos seculares e eclesiásticos que têm contribuído para o afastamento dos membros da família entre si. Em alguns casos a situação tem se agravado, de tal maneira que o lar não passa de um hotel, onde os membros se encontram apenas para comer e dormir, ou um posto de gasolina, onde só vão para abastecer, ou ainda, um campo de batalha, onde só se encontram para brigar. Precisamos nos esforçar para reestruturar nosso tempo, nossos compromissos e nossos horários para podermos, ao menos uma vez por semana, termos nosso tempo para a leitura da Bíblia com a família, a oração com os filhos e por eles.

O ideal de Deus para a família cristã é que, junta, ela cultue ao Senhor todos os dias. Em alguns lares tem-se tornado uma prática quase impossível devido aos horários que não se harmonizam. Outros o conseguem e as experiências são ricas. Outros há que fazem do culto doméstico uma obrigação diária e se não o fizerem o castigo de Deus pode descer sobre a família. Uma atitude assim, por parte dos pais, pode acarretar dois graves prejuízos: Primeiro, o culto se torna um fardo para todos, quando deve ser uma hora alegre e descontraída; Segundo, isto passa para os filhos a imagem de um Deus punitivo, castigador e não um Deus de amor. Além disso, os feitos de uma participação forçada podem gerar no coração dos filhos um desejo de libertação que geralmente ocorre quando se tornam adolescentes. E daí se originam conflitos nas famílias.

2. A restauração da instrução doméstica. A respeito do ensino divino a ser ministrado no lar, o Senhor ordena: “E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimidarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te” (Dt 6:6,7).

Estão os nossos lares realmente calçados nas Escrituras Sagradas num mundo tão turbulento como este em que vivemos? Tem sido a Bíblia vivida dentro do Lar? “Não é pela Palavra lida, nem pela Palavra falada, mas pela Palavra vivida que a Palavra da Vida nos foi revelada”. Este é um pensamento que retrata a necessidade humana de ter um lar onde a Bíblia seja vivida diariamente.

Há, também, o problema que filhos enfrentam quando os pais são fiéis e piedosos leitores da Bíblia (leem dez, vinte vezes), mas mantêm um relacionamento péssimo entre e com os filhos. A Bíblia só é lida e não é vivida. Quando os filhos são pequenos é gostoso sentar-se com eles para ler as histórias bíblicas, orar, fazer exercícios bíblicos, etc. Mas, só contar as histórias não é suficiente. A confiança de Davi, a ousadia dos profetas, a coragem de Moisés com o povo, a dependência de Deus de Jó  e outros mais, são atitudes que os filhos querem ver em nossa vida. As crianças até os sete anos, cuja fase, segundo os psicólogos, é de formação de caráter, estão lendo a nossa vida e o tipo de relacionamento que temos com Deus. Que Bíblia temos apresentado aos nossos filhos nessa faixa etária?

II. O CULTO NO LAR


Segundo o Dr. Caramuru Afonso Francisco, "Lar" é uma palavra latina cujo significado primeiro é o de um local, nas antigas residências romanas, em que se procedia à adoração dos antepassados familiares. Segundo ele, o historiador francês Foustel de Coulanges em seu livro "A Cidade Antiga", nos ensina que havia um compartimento nas casas romanas onde somente poderiam entrar os membros da família, onde eram cultuados os antepassados familiares, os chamados "deuses lares". Normalmente, havia um altar em honra a estas divindades e um fogo que nunca se apagava, onde se realizava tal adoração. Vê-se, portanto, que a ideia do "lar" está vinculada a ideia de uma ligação espiritual entre os membros de uma mesma família, ou seja, o “lar” é a própria unidade espiritual dos integrantes de uma família.

O “lar”, portanto, é o ambiente afetivo, emocional e espiritual que deve existir entre os integrantes de uma família. O que faz gerar uma família é, precisamente, a existência deste clima de fraternidade, de amor e de afeto.

O plano divino para a família é que cada família seja um “lar”, ou seja, um grupo de pessoas que estejam unidas, que tenham supridas suas necessidades existenciais, emocionais, afetivas, psicológicas, como também lhes sejam dadas as condições mínimas para que possam sobreviver até que possam se sustentar materialmente, bem como viver, por si sós, em sociedade, tudo isto sem deixar de considerar que a família deve ser um altar, não a falsas divindades, como faziam os pagãos romanos, mas, sobretudo, um altar onde Deus possa ser adorado e louvado, como vemos, por exemplo, ocorrer na família do patriarca Josué (Js 24:14,15).

1. Quem na família deve ser o responsável pelo culto no Lar? Em primeiro lugar, tal responsabilidade pesa sobre o pai (Ef 6:4; Dt 6:6-7). Quando tal não é possível, então esta missão fica com a mãe (2Tm 1:5). E se nenhum destes dois não puderem, tal ministério passa a ser dos filhos (Lc 8:39).

2. Exemplos a serem seguidos. Um dos mais conhecidos pregadores da história da Inglaterra foi o Rev. Richard Baxter. Quando ainda jovem, foi chamado a pastorear uma grande igreja, de membros ricos e instruídos, porém frios e carnais. Ficou desanimado e cheio de desapontamentos com o que havia encontrado ali. Experimentou vários meios para despertar a igreja dormente. O jovem pregador dizia: ”O único meio de levantar a igreja e circunvizinhança é restabelecer o culto doméstico! Levantar  o altar familiar nos lares!”. Durante três anos consecutivos, visitava os lares no intuito de estabelecer o culto doméstico como prática comum aos membros de sua igreja. Após muito trabalho, finalmente conseguiu. O ambiente de adoração e comunhão nos lares foi a base do movimento que encheu sua igreja não só numericamente, mas também com muito poder e, provocou o surgimento de um glorioso ministério em sua vida. Richard Baxter provou que para a igreja, o altar familiar  nos lares dos membros, é indispensável.

Na família de Wesley havia 19 filhos, mas nenhum se achava demasiadamente ocupado para não participar do culto doméstico. Diariamente gozavam de inúmeras bênçãos e mais de cem pessoas, entre vizinhos e amigos, se congregavam nos cômodos humildes da casa dos Wesley para se ajoelharem perante o Trono de Deus. Eram horas perdidas? Não! Isto formou o alicerce do reavivamento mundial que acompanhou o ministério de John Wesley . O Culto Doméstico abençoa a pessoa, o lar, a igreja e o mundo!

3. Quais são os elementos do Culto no Lar?  - “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2:42). Este versículo nos dá a fórmula para um relacionamento correto com Deus tanto no lar como entre os lares. Veja que os cristãos primitivos continuavam na doutrina dos apóstolos (seguindo as Escrituras) na comunhão (entre as famílias) no partir do pão (comunhão com Deus) e nas orações (dependência de Deus).

a)    Leitura e ensino da Bíblia. A leitura da Bíblia deve ser elemento insubstituível no Culto Doméstico. A mesma deve contribuir com o enriquecimento da família inteira. Os pais devem explicar as passagens que os filhos não entendem. Histórias bíblicas, dramatizações, literaturas evangélicas, são ajudas para variar, mas nunca para tomar o lugar da Bíblia.

b)    Oração. Através da Oração o filho fala com o Pai. A oração é, para a vida espiritual, o mesmo que a respiração é para vida física. Deve ser uma parte natural na vida do lar cristão. A oração no culto doméstico pode ser variada. A família pode orar em uníssono. Também o pai ou a mãe pode dirigir uma oração, cada membro da família pode fazer uma oração de apenas uma frase, ou até pode haver oração silenciosa. Seja qual for a maneira, a oração deve ser específica.

c)     Louvor. Hinos e corinhos são muito eficazes para se cantar em atitude de adoração, no culto doméstico. As crianças aprendem muito acerca de Deus cantando corinhos.

4. Características de um bom Culto Doméstico:

a)    Regularidade. O tempo não é tão importante, mas a regularidade é importante e necessária. Há famílias que gostam de ter as suas devoções familiares no período da manhã, antes que os membros saiam para os deveres do dia. Há outras famílias que preferem tê-los à noitinha, depois do jantar. O importante é achar o tempo apropriado para a sua família e persistir no costume fielmente, dia após dia.

b)    Seja Breve.  Há pessoas que acham que para que o culto doméstico seja abençoado, tem que ser prolongado. Cultos de oração com duração de uma hora podem ser edificante para os adultos, mas, em havendo crianças participantes dos mesmos, estes deverão ser encurtados. O tempo gasto no culto doméstico é determinado pela idade dos membros da família e sua situação particular.

c)     Variedade. Monotonia pode matar o interesse e causar desagrado. A seguir, damos uma ideia para o Culto Domestico:

1.     Enriqueça o culto com cânticos que sejam escolhidos pela família. Alguém que toque algum instrumento pode acompanhar os hinos.

2.     Promova uma participação maior dos presentes, sem constrangê-los.

3.     Após a leitura da Bíblia, aplique a mensagem no dia a dia dos presentes, fazendo esta pergunta: Como mudaria minha vida se eu realmente vivesse o que está dizendo este versículo? Na prática do culto, as Escrituras Sagradas é o mais importante. A discussão e os comentários são muito significativos quando são analisadas algumas passagens objetivando esmiúça-las e digeri-las.

4.     Em algumas ocasiões deve-se memorizar algumas partes da Bíblia.

5.     Leia histórias bíblicas narrativas.

6.     Procure textos que falem de pais, mães, jovens, crianças, e velhos. Depois leia na presença deles, homenageando-os.

7.     Leiam juntos um capítulo da Bíblia.

8.     Leia em voz alta, partes dos livros de Jó, Salmos, etc.

9.     Prepare, com cada membro da família, uma lista de gratidão a Deus.

10.  Faça a leitura diária recomendada nas Lições Bíblicas da Escola Dominical da sua Igreja. Se possível procure comentário numa Bíblia de Estudo.

III. A IMPORTÂNCIA DO CULTO DOMÉSTICO

O culto doméstico é um elemento importante, mas não é o único elemento da adoração familiar a Deus. A adoração a Deus envolve todos os nossos gestos, todas as nossas atitudes no lar. Tudo o que fizermos, tudo o que falarmos, tudo o que pensarmos em nossa família deve refletir uma vida transformada por Cristo Jesus. Tudo deverá ser feito para a glória do nome do Senhor e isto será uma adoração a Deus, pois adorar é servir e estamos servindo a Deus durante todo o tempo e não apenas quando nos dedicamos, durante algum tempo, a louvar e a bendizer o nome do Senhor.

1.     Para os Pais. O culto doméstico ajuda a criar mais harmonia entre os cônjuges quando eles têm os mesmos propósitos, isto é, ter uma família consagrada a Deus. Através da oração em conjunto e a leitura da Bíblia, eles recebem coragem, conforto, esperança para uma vida em harmonia com Deus e com os outros.

2.     Para os Filhos. O culto doméstico produz esperança em Deus desde os primeiros anos de vida dos filhos do crente em Jesus. Eles são salvos de uma vida de vadiagem entre as massas de jovens desocupados, deprimidos e flutuantes sobre o mar da vida, que mais tarde irão chorar ”vaidade de vaidade, tudo é vaidade”(Ec 12:8).

3.     Para a união do Lar. O culto doméstico é um fator que unifica a família inteira. Josué incluira sua família quando fez a sua declaração de fé com o propósito de fazer a vontade de Deus: ”Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao SENHOR, escolhei hoje a quem sirvais..... porém eu e a minha casa serviremos ao SENHOR.”. Há  famílias que estão se desinteressando por causa da falta de um líder e porta-voz. Cornélio, chamou seus parentes e amigos (At 10:24); e o carcereiro de Filipos ouviu, creu e regozijou-se, ele e a sua casa (At 16:27-34).

IV. O CULTO DOMÉSTICO NÃO PODE SUBSTITUIR O CULTO CONGREGACIONAL

Diríamos que, numa situação de normalidade, não pode existir a figura do “crente, em casa”, embora seja frequente encontrar alguém dizendo: “agora eu sou crente, em casa”. Sempre que alguém age desta forma, certamente, do ponto de vista espiritual, está doente.

Quando uma Família, pequena, ou numerosa, se afasta de sua Congregação e passa a dirigir seu próprio culto, em casa, não é uma situação normal. Esse culto, com cheiro de rebeldia, não se encaixa nos padrões do chamado Culto Doméstico.

A Palavra de Deus diz: “Não deixando a nossa congregação como é costume de alguns, antes admoestamos uns aos outros...”, ou como diz a Bíblia, na Linguagem de Hoje: “...animemos uns aos outros” (Hb 10:25).

Paulo afirma que “assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros”(Rm 12:5). Um membro separado dos demais membros, tende a morrer.

O apóstolo João afirma que “se alguém diz: eu amo a Deus, e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (1João 4:20). Assim, por analogia, nós dizemos: “Se alguém diz que tem comunhão com Deus, mas não pode congregar com os irmãos, é mentiroso”. A verdadeira comunhão com Deus exige que se tenha comunhão com todos os seus filhos.

Para um crente salvo, em comunhão com Deus, a “sua igreja”, ou congregação, está para ele como o Templo e a Cidade de Jerusalém estavam para os judeus. Mesmo no cativeiro, em Babilônia, os judeus diziam: “Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se a minha destra da sua destreza. Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir Jerusalém à minha maior alegria” (Salmo 137:5-6). Sendo este o sentimento, o amor do judeu para com o Templo e para com a cidade de Jerusalém, alguma coisa tem que estar errado quando um crente afasta-se de sua Igreja, e de sua Congregação e passa a congregar-se, isoladamente, realizando “cultos” em sua própria casa e para sua família. Esses “cultos” não possuem as características do Culto Doméstico, biblicamente falando.

Por outro lado, há também os que se afastam de suas congregações para serem crentes, em casa, “cultuando” a Deus através dos programas evangélicos, ou cultos, transmitidos pela televisão.
Até mesmo a “Santa Ceia” é tomada em casa. Também os cultos virtuais não podem substituir os cultos congregacionais. O Salmista Davi afirmou: “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união”(
Salmo 133:1). Portanto, aquele que se declara que “agora sou crente em casa”, com certeza, espiritualmente, está doente. Creia nisto!

CONCLUSÃO


Por tudo que falamos nesta Aula, seria assaz redundante dizer que o Culto Doméstico é importante para a família e, por conseguinte, para a igreja. No entanto, o que temos verificado é que esta prática tem cada vez mais escasseado nos lares ditos evangélicos; é uma ação que tem se tornado cada vez mais rara, para prejuízo de todos, a começar dos integrantes da família e espalhando-se para a igreja e para a sociedade como um todo. O tempo já pequeno de comunicação entre pais e filhos tem sido ocupado com tudo, menos com um momento de adoração a Deus, onde a família possa compartilhar seus momentos de alegria e de angústia. É imperioso, indispensável que a família tenha estes instantes de adoração coletiva a Deus, que haja uma troca de experiências entre os membros da família, bem como que todos possam se ajudar em oração e aprenderem a Palavra de Deus.

Quando os cônjuges compreendem o dever do Culto Doméstico, podem ser fortalecidos na fé e preparados para enfrentarem as dificuldades que sempre surgem, através de um encontro diário com Deus. Os filhos podem ficar tão envolvidos por este santo costume que quando passarem um dia sem o culto doméstico, sentirão como se o dia estivesse incompleto.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Revista Ensinador Cristão – nº 54 – CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.

A Família Cristã e os ataques do inimigo – Elinaldo Renovato – CPAD.

A importância do Culto Doméstico – Dr. Caramuru Afonso Francisco – PortalEBD.

 

 

                                

    

 

terça-feira, 28 de maio de 2013

O LÍDER DECIDE E RESOLVE

EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA
Subsídio para lição 09 

Texto Básico: Neemias 4:14-16,20

“O nosso Deus pelejará por nós” (Ne 4:20).






INTRODUÇÃO

Nesta Aula aprenderemos sobre métodos de como solucionar problemas e tomar decisões. Para isso, teremos como modelo Neemias, um grande líder que confiava em Deus e aceitava a responsabilidade de solucionar problemas e tomar decisões.
Todos nós enfrentamos problemas, principalmente os que estão numa posição de liderança. O que faz a diferença não é somente o modo como enfrentamos os problemas, aos sermos colocados frente a frete com os mesmos para que possamos tomar decisões, mas, principalmente, o tipo de pessoas que nos tornamos após resolvê-los. Certamente, não devemos ser afoitos e passar a tomar decisões precipitadas. O líder inspirador, usando de estratégias corretas e sábias, vence os problemas e aprende a se tornar melhor. No entanto, muitas vezes, o melhor mesmo é se antecipar aos problemas através do planejamento.  A forma como o líder se posiciona diante dos problemas e as decisões que toma para solucioná-los é que faz a diferença.

I. SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

A seguir, indicamos alguns passos necessários para solucionar problemas.
1.Identificação (Ne 2:11-13).Antes de tomar qualquer decisão, deve-se identificar o problema, analisando e descrevendo a situação ou condição geral. Depois, expor o problema em termos específicos e claros, e só então, decidir qual ação será necessária”.
Este foi o caso de Neemias. Antes que o processo de construção pudesse começar, ele usou certo tempo para preparar a si mesmo e ao povo. Quando ele chegou a Jerusalém, inspecionou pessoalmente os desafios que o aguardavam. Ele fez isso em silêncio, durante a noite, vendo com seus próprios olhos os estragos e fazendo seus planos, sem interferências de terceiros ou de conselhos inoportunos. Quatro eram os problemas mais gritantes que estavam afligindo a cidade de Jerusalém (Ne 2:13,17):
Primeiro, a pobreza e a humilhação. Jerusalém estava assolada e debaixo de opróbrio. Cento e vinte anos haviam se passado desde que foram levados para a Babilônia, mas a pobreza ainda assolava o povo. Viviam no meio de escombros. Eles perderam o ânimo para lutar. Viviam oprimidos pelos seus inimigos. Cada um corria atrás da sua própria sobrevivência e, assim, o povo perdeu a noção de cidadania. Não é o que vemos hoje em muitos países, inclusive no nosso?
Segundo, a injustiça social. As portas estavam queimadas. Os juízes julgavam as cidades em suas portas. Portas queimadas denunciavam um poder judiciário falido e apontavam para uma cidade onde não havia quem julgasse segundo a lei. A justiça estava ausente, pois o poder judiciário estava sem ação.
Terceiro, a insegurança pública. Os muros estavam quebrados. A cidade estava fragilizada e vulnerável ao ataque dos inimigos.
Quarto, Jerusalém estava enfrentando grande desprezo. "... e desprezo" (Ne 1:3). Além de viverem numa cidade sem segurança e sem justiça; além de estarem golpeados pela pobreza, eram também ultrajados pelo desprezo. Era um povo esquecido, abandonado à sua sorte. Maior do que a dor da pobreza, é a dor do abandono. O povo estava desassistido e ainda encurralado pelos inimigos. Muitos vivem assim ainda hoje. O desprezo não dói apenas no bolso e no estômago, mas, sobretudo, na alma. Ele atinge o âmago, o íntimo. Ele tenta destruir o homem de dentro para fora.
2. Implementação (Ne 2:17,18).No inicio, deve-se considerar soluções alternativas (com as vantagens e desvantagens de cada uma delas). Traçar um curso de ação e esboçar procedimentos objetivos. Delegar as responsabilidades e agir. Cada procedimento deve ser cuidadosamente monitorado”.
Depois de identificar os problemas, Neemias faz menção de seus planos, e ousa implementar uma solução radical, sabendo ele que Deus estava nesse negócio (2:18). Neemias mexe com o brio do povo. Ele move o povo ao sentimento do patriotismo. Ele abre seus olhos para a realidade em que viviam. Neemias mostra que não podemos nos conformar com o caos, com a crise, com o opróbrio. Mas Neemias também chama o povo para trabalhar. Jamais a reforma teria sido feita se o povo não se envolvesse. Cada um precisa fazer sua parte. Não adianta culpar os outros e apenas ver o que eles precisam fazer. John Maxwell diz que os líderes não apenas sabem aonde estão indo; eles também levam pessoas com eles
Neemias mostrou o exemplo pessoal. Ele não disse “vá e construa”, mas “vinde e construamos” (Ne 2:17). O líder precisa estar na frente. Neemias não tinha interesses pessoais. Ele deixou seu posto, sacrificou-se. Só gente abnegada pode liderar um povo a se levantar e agir. De igual modo, Neemias também mostrou a força da unidade. A união nos protege contra o desencorajamento. A união nos ajuda a enfrentar uma oposição hostil e combinada.
“...Então, disseram: Levantemo-nos e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem” (Ne 2:18). A resposta do povo foi pronta, prática e unânime. John Maxwell destaca sete princípios usados por Neemias para lidar com o povo: simplificação, participação, delegação, motivação, preparação, cooperação e comemoração. E acrescenta: "Nenhuma grande tarefa é realizada sem que haja pessoas para concretizá-la e um líder para conduzi-la".
3. Avaliação (Ne 3:2-15; 4:14).Se o resultado for satisfatório, o problema pode estar resolvido. Se não estiver claro do êxito, então deve-se questionar se o problema foi identificado, ou se a ação escolhida foi adequada para a situação. Por fim, convém verificar se o responsável pela ação era a pessoa certa para a referida atividade. Nessa avaliação, o líder deve ponderar igualmente sobre duas coisas: o que ele fez com os problemas e o que os problemas fizeram com ele e com o seu grupo”.
O que se pode avaliar do trabalho implementado por Neemias: foi um sucesso. O segredo do sucesso:
a) Ele colocou as pessoas certas no lugar certo. Esse princípio é percebido pelas expressões "junto a ele" e "ao seu lado". O líder tem a visão do farol alto. Ele vê sobre os ombros dos gigantes. Ele tem uma visão global e compreende como ajudar os outros a encontrar sua utilidade nesse contexto. O segredo do sucesso é nomear as pessoas certas para os lugares certos. Neemias sabia onde cada pessoa devia estar, onde devia trabalhar e o que devia fazer. Ele designou os homens de Tecoa, Gibeom, Jericó e Mispa para as partes do muro em que não havia residentes por perto. Alguns tinham a responsabilidade de reconstruir os muros desde o alicerce, enquanto outros tiveram apenas de fazer reparos. Cada um sabia o que se esperava de sua tarefa. Em todo trabalho, houve coordenação. O trabalho em equipe é um dos segredos do sucesso.
b) Ele trabalhou em harmonia com os demais. As expressões "junto a ele", "ao seu lado", "junto dele", "depois dele" mostram que todos trabalhavam em harmonia. Não havia disputas, ciúmes, brigas ou melindres. Cada um deve estar contente com a sua tarefa. Todos devem trabalhar para o mesmo propósito: a reconstrução da cidade. Não existe ninguém buscando glória pessoal. Os membros da equipe completam-se uns aos outros - jamais competem uns com os outros. Tudo na vida gira em torno de relacionamentos. Alguém disse que a chave para a liderança é executar as tarefas enquanto se constroem relacionamentos.
c) Ele trabalhou em equipe. O segredo do sucesso na obra é o trabalho em equipe. Se o todo prospera, também o individual prospera. Sem trabalho coordenado, reina o caos. Esse princípio de trabalho em equipe funciona na indústria, nas igrejas, nos hospitais, no lar, na escola ou em qualquer outro lugar. John Maxwell diz que não há limites para o sucesso quando não limitamos as pessoas.

II. TOMAR DECISÕES

A tomada de decisão é definida como ato de decidir diante de um problema seja ele  proveniente de fatores externos (exemplo: inimigos opositores da obra de Deus – Ne 2:19) ou fatores internos (muros caídos, portas queimadas, opróbrio... – Ne 2:13). Disse Neemias: “O Deus dos Céus é que nos fará prosperar(2:20). Isso é tomar uma decisão firme e resoluta.
1. Passos (Ne 4:4-23). Mostrar-se confiante no Senhor Deus é o ponto de partida para se tomar uma decisão. Neemias enfrentou as táticas mais usuais de seus opositores: a ridicularização (Ne 4:1-3); a resistência (Ne 4:7-8) e os boatos (Ne 4:11-12). No entanto, ele conseguiu dar as contrapartidas corretas para cada uma delas. Ele...
a)      Confiou em Deus (Ne 4:4,5);
b)      Respeitou a oposição (Ne 4:9);
c)       Reforçou os pontos fracos (Ne 4:13);
d)      Tranquilizou o povo (Ne 4:14);
e)      Recusou-se a parar (Ne 4:15);
f)        Renovou continuamente o ânimo do povo (Ne 4:16-23).
Reconstruir era o grande desafio de Neemias. Apesar dos que se opunham, nada impediu o avanço e conclusão da obra de Deus. O capítulo 6 de Neemias diz que os inimigos conspiraram e intimidaram o povo de Deus e usaram até de suborno para atemorizar Neemias(Ne 6:13). Mas ele era um líder determinado, persistente e estava convicto de sua missão. A persistência é a ultima qualidade a ser medida em nossa liderança, e o segredo está em conseguir sobreviver ao ataque daqueles que nos criticam. Neemias ensinou-nos essa lição ao permanecer fiel ao compromisso de sua missão. É assim que precisamos ser, pois estamos fazendo uma grande obra e não podemos parar ou recuar.
2. Obstáculos (Ne 6:15,16). O líder é cônscio de que para realizar a Obra de Deus não basta sinceridade, desejo e entusiasmo. Haverá obstáculos no caminho que precisam ser superados. Mas o líder que confia em Deus e sabe para onde está indo pode enfrentar os obstáculos de frente e obter pleno êxito.
Neemias enfrentou obstáculos externos e internos. Quanto ao obstáculo externo, Neemias identificou o maior que se colocou diante dele para realizar a Obra de Deus: Sambalate (governador de Samaria), Tobias (da nobreza dos amonitas) e Gesém (o árabe). Estes inimigos do povo de Deus, tentaram de todas as maneiras tirar Neemias do projeto que estava comprometido. Todos estavam engajados na oposição à obra de Deus. Também, os arábios (sul), os amonitas e os asdoditas (4:7) se uniram a estes para se oporem ao povo de Deus. Houve uma orquestração maligna contra o povo de Deus - "...iraram-se sobremodo..."(4:7); "...coligaram-se todos, para virem guerrear contra Jerusalém e fazer confusão ali"(4:8).
Como Neemias enfrentou a pressão e o ataque dos inimigos? Com armas. A primeira arma que Neemias usou foi a oração (Ne 4:9). Neemias sabia que o sucesso da obra de Deus depende também e sobretudo de oração. Não podemos enfrentar os inimigos sem o socorro de Deus, sem a ajuda do céu. A segunda arma que Neemias usou contra os inimigos foi a vigilância constante (Ne 4:9). Não basta orar, é preciso vigiar. Precisamos manter os olhos abertos. E preciso existir estreita conexão entre o céu e a terra, confiança e boa organização, fé e obras.
Todavia, o maior obstáculo que surgiu no caminho de Neemias foi o desânimo do povo (ler Ne 4:10). Os problemas internos são mais perigosos do que os problemas externos. Os carregadores estavam sem forças, os escombros eram muitos e a conclusão óbvia foi: "Não podemos edificar o muro". Eles sentiram que não tinham capacidade para concluir a obra. Muitas vezes, o nosso maior problema somos nós mesmos. O maior obstáculo da obra são os obreiros, dizia Dwight Moody. Um povo desanimado sempre olha para as circunstâncias em vez de olhar para o Senhor; escuta mais a voz do inimigo do que a voz de Deus.
Satanás não dá trégua! Durante toda a Obra de Deus ele vai fazer oposição; destruir faz parte da essência do seu caráter(ler João 10:10). Isto nos remete à realidade de que a vida cristã é uma guerra contínua; é uma batalha sem trégua. É impossível realizar a Obra de Deus sem oposição.
A despeito  dos obstáculos a obra de Deus avançou e foi concluída (Ne 6:15). O muro foi construído com a participação efetiva de todos - grandes e pequenos, homens e mulheres, ricos e pobres. Quando o povo de Deus se dispõe a trabalhar, o impossível de Deus acontece. A conclusão da obra trouxe alegria para o povo de Deus e abatimento para o inimigo (Ne 6:16).
O líder inspirador que ama a Deus e comprometido com os seus propósitos sabe que todas as coisas cooperam para o seu bem. Portanto, começa e termina bem (Rm 8:28).

III. NEEMIAS, O EXEMPLO

O nome Neemias significa "aquele que consola". Neemias era um consolador, um homem de coração aberto e sensível aos problemas dos outros. Ele era um servo de Deus, servindo ao rei da Pérsia e disposto também a servir o seu desprezado povo. Possivelmente, Neemias tenha nascido no cativeiro e tenha crescido num ambiente cercado por influências pagãs. No entanto, mesmo cercado por ambiente hostil, cresceu como um homem comprometido com Deus.
Era um líder que orava e agia, que falava e fazia, que planejava e motivava, que confrontava e consolava, que buscava a glória de Deus e o bem do povo e não sua própria promoção. Sua vida é um exemplo, sua liderança é um estandarte, seu trabalho é um monumento. A poeira do tempo não pode apagar seus feitos. Sua abnegação e coragem são tônicos que ainda fortalecem os braços de muitos líderes.
Zorobabel havia guiado o povo pra reconstruir o templo. Esdras liderou o restabelecimento do culto e dos cerimoniais. Agora, havia a necessidade de um líder que conduzisse o povo na restauração dos muros de Jerusalém.
Contemporâneo de Esdras, Neemias tinha sua ocupação como copeiro do rei Artaxerxes. Ele aprendeu por si próprio a lei da empatia, a lei da oportunidade, a lei do comprometimento, a lei das prioridades, a lei da prontidão e a lei da vitória.
Neemias ouviu dizer que os muros de Jerusalém estavam em ruínas, uma desgraça para os judeus. As nações vizinhas os ridicularizavam. Essas notícias horríveis incomodaram muito a Neemias, e ele percebeu que algo deveria ser feito. Definitivamente, ele decidiu tomar conta de um projeto de reconstrução das muralhas de Jerusalém, que, por anos, ficaram deitadas ao chão. Neemias posicionou operários em locais estratégicos, e todos trabalharam com sucesso até que concluíssem sua tarefa. Posto em prática o seu projeto, aquelas muralhas estariam novamente reerguidas em 52 dias. Os judeus viram nas muralhas reerguidas um símbolo de que Deus não os havia abandonado e de que estava pronto para restaurar também a vida deles. Neemias é o tipo de líder que decide e resolve.
1. Renúncia (Ne 1:2,5). Neemias provavelmente não conhecia Jerusalém. Ele cresceu num contexto de politeísmo. Contudo, por causa de sua integridade, capacidade e lealdade, ocupou um cargo de grande confiança no reinado de Artaxerxes, em Susã, principal palácio e residência de inverno do monarca. O seu cargo era de copeiro do rei. Pelo grande temor que os reis tinham de ser envenenados, o copeiro era um homem de grande confiança. Ele provava o vinho do rei e cuidava dos seus aposentos. Ele supervisionava toda a alimentação do palácio e, antes de o rei ingerir qualquer bebida, devia tomar o copo, ingerindo-a ele mesmo. Isso tinha por fim demonstrar que nenhuma traição ocorrera e que, portanto, não havia perigo de envenenamento. O copeiro tinha acesso constante à presença do rei e, por isso, tornava-se uma pessoa de grande influência. O rei da Pérsia colocava a vida em suas mãos. Além de copeiro, ele era uma espécie de primeiro-ministro, o braço direito do rei Artaxerxes. Contudo, Neemias abriu mão de tudo para cumprir os propósitos de Deus.
Realizar os sonhos de Deus é mais importante do que viver encastelado no nosso próprio conforto. Por isso, Neemias deixou sua zona de conforto, o palácio de Artaxerxes, e foi reconstruir os muros caídos de Jerusalém.
Qual é o propósito de Deus para sua vida? Melhor do que realizar os seus próprios sonhos, é cumprir o soberano projeto de Deus. Moisés, Ester, Neemias e Paulo aprenderam o que é viver para realizar os propósitos do coração de Deus.
2. Visão (Ne 2:5-9). Quando se trata de visão, Neemias é um dos melhores exemplos de liderança da História. Ele foi um líder sintonizado com o céu e com a terra. Ele olhava a vida da perspectiva do tempo e da eternidade. Ele foi um empreendedor guiado pelo desejo de fazer o extraordinário. Foi um líder capaz de entender a situação geral e a necessidade de agir. Todavia, buscou a direção de Deus antes de agir (Ne 1:11; 2.4).
Visão é uma imagem clara do que se pretende alcançar. Mas não basta ter uma visão. Precisa haver dedicação no sentido de agir em função dela. A história de Neemias revela que ele tinha a visão de reconstruir as muralhas de Jerusalém. Sua missão era levar essa visão à realidade. Ele apresentou um plano de reconstrução dos muros da cidade santa ao Rei Artaxerxes e trabalhou até ver o muro reerguido e sua visão concluída. 
Ele orou por quatro meses. No dia em que foi falar com o rei, intensificou sua oração (Ne 1:11). Na hora que foi responder ao rei, tornou a orar (Ne 2:4). Neemias endereçou ao céu uma oração telegrama, breve, silente, eficaz. Orar é pedir que Deus faça aquilo que não podemos fazer. Precisamos nos preparar em oração antes de começarmos os nossos projetos. Precisamos nos quebrantar mais diante de Deus, antes de sermos usados por Deus.
Neemias sabia que a melhor maneira de influenciar os poderosos da terra era ter a ajuda do Deus todo-poderoso. Ele foi ao rei confiando no Rei dos reis. Ele conjugou oração e ação. Pela oração e ação de Neemias um obstáculo aparentemente intransponível foi reduzido a proporções domináveis. O coração do rei se abriu e os propósitos de Neemias foram contemplados.
Revestidos de coragem e fé, firmemente, pediu a autorização do rei e o apoio material para a reconstrução de Jerusalém. Ele esperou um dia de festa, em que a rainha estava presente (2:6) - é preciso ter sabedoria para saber a hora certa de agir - é preciso agir no tempo de Deus. 
Veja a seguir, resumidamente, os pedidos que Neemias fez ao rei. Só um líder audaz, diligente e visionário fará isso.
·   Ele pediu ao rei para mudar sua decisão política acerca de Jerusalém (Ne 2:5) – o rei tinha dado uma ordem para paralisar a obra de reedificação da cidade - Neemias pediu algo que alteraria um decreto do rei.
·   Ele pediu ao rei para ser enviado com a missão de reconstruir Jerusalém (2:5) - Neemias recebeu seu chamado de Deus, mas precisa ser enviado pelo rei.
·   Ele pediu cartas de recomendação (2:7) - antecipou soluções – foi prudente - demonstrou uma visão prospectiva e proativa.
·   Ele pediu provisão para a viagem (2:8) - Não se faz a obra de Deus sem recursos - Neemias pede a quem pode atender – é necessário coragem para isso.
·   Ele pediu proteção para a viagem (2:9) - Neemias não dispensou os oficiais do exército nem os cavaleiros - a proteção divina não anula a prudência humana. Precisamos confiar em Deus e manter a prudência e a cautela.
3. Informação (Ne 2:12-15). Antes de divulgar o seu plano para reconstrução da cidade, aos judeus, aos oficiais, aos sacerdotes e aos nobres, Neemias precisava de informações concretas das dimensões das cidade e de suas ruínas. Por isso, chegando a Jerusalém e permanecendo na cidade por três dias (Ne 2:11), Neemias percebe, depois de andar pelas ruas de Jerusalém, à noite (Ne 2:12), que tudo que tinha ouvido falar era verdade: a cidade estava destruída. Os escombros fechavam os caminhos. Além disso, havia insegurança pública, injustiça social, pobreza e extrema miséria(Ne 2:17). Parecia ser uma causa perdida. As coisas pareciam imutáveis. Mexer em algo tão sedimentado dava medo. Alguns pensavam: “É melhor deixar as coisas como estão. É melhor não revirar essas pedras. Vai levantar muita poeira. Vai trazer muita coisa à memória. Nós não vamos dar conta. Nossos inimigos vão escarnecer de nós!”.
A restauração de Jerusalém não interessa a todas as pessoas. Há quem lucra com os escombros. Durante os 120 anos que se seguiram depois dos muros terem sido derrubados pelos caldeus(2Cr 36:19), dezenas de milhares de habitantes de Jerusalém literalmente viram aquilo e não fizeram nada. O que o povo precisava era de um líder que os motivasse à luta, que traçasse um plano de ação e os conduzisse por todo o processo de reconstrução. Deus chamou Neemias para realizar essa grande obra - “... o que o meu Deus me pôs no coração para fazer em Jerusalém”(Ne 2:12). Muitos viram a desolação da cidade, alguns choraram sobre ela, mas somente Neemias a reconstruiu. Não basta apenas lamentar o caos em que se encontra a sociedade. É preciso conceber sua restauração como alvo supremo da nossa vida. [1]
Uma grande obra pode começar quando um homem se levanta e se coloca nas mãos de Deus. O sonho humanamente impossível torna-se realidade quando você ora e age no tempo oportuno de Deus, com discernimento e sabedoria, com objetivos claros diante de Deus e dos homens. Quais são os sonhos que lhe parecem impossíveis? Quer começar a orar, a chorar e jejuar por eles?
4. Motivação (Ne 2:17,18; 3:1-16)). O verdadeiro líder é aquele que motiva as pessoas a abraçar o seu projeto. Como um exímio administrador, Neemias conhecia bem a arte de motivar e mobilizar as pessoas. Ele move o povo ao sentimento do patriotismo. Ele abre seus olhos para a realidade em que viviam. Neemias mostra que não podemos nos conformar com o caos, com a crise, com o opróbrio. Ele chama o povo para trabalhar; jamais a reforma teria sido feita se o povo não se envolvesse. Cada um precisa fazer sua parte. Não adianta culpar os outros e apenas ver o que eles precisam fazer.
Foi convocada uma assembleia dos lideres dos judeus e o assunto lhes foi exposto claramente - “Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e que as suas portas tem sido queimadas; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e não estejamos mais em opróbrio”(2:17). Então ele lhes contou como Deus o tinha convocado para realizar essa missão, e como o Senhor tinha agido sobre o rei para que o ajudasse, não apenas ao dar-lhe a autoridade como governador (5:14), mas também ao tornar disponíveis a ele os materiais necessários para realizar o trabalho. Este fervoroso apelo recebeu resposta rápida. Impressionados com o zelo de Neemias, os líderes judeus responderam imediatamente: “Levantemo-nos e edifiquemos”(Ne 2:18).
- O sumo sacerdote foi o primeiro da lista a abraçar a obra (Ne 3:1). Sua posição de liderança não o isentou do trabalho, mas o fez exemplo para os demais. O líder precisa estar na frente. Ele não pode querer que os outros abracem a obra se ele não está na frente. Privilégio e responsabilidade andam juntos. O líder é aquele que se identifica com o povo, é exemplo para o povo e trabalha com o povo.
- Os sacerdotes, de igual forma, lançaram mão à obra (3:22,28). Eles não apenas trabalharam na obra, mas fizeram mais do que se esperava deles.
- Os ourives também se envolveram com a obra (3:8,31). Eles também poderiam ter se desculpado, dizendo: "Nós temos as mãos finas, só trabalhamos com coisas delicadas". Mas eles pegaram em pedra bruta e assentaram tijolos.
- Os regentes de dois distritos, semelhantemente, se dispuseram a trabalhar (3:9,12,14,15,16). Eles deixaram seus aposentos de conforto para trabalhar ombro a ombro com as classes operárias. Trabalharam sem rivalidades ou ressentimentos.
A motivação de Neemias contaminou todas as pessoas, ninguém ficou de fora. Homens de lugares diferentes e de diferentes ocupações trabalharam juntos no muro. Além dos que foram citados acima, também participaram da obra: os levitas, chefes e pessoas comuns, porteiros e guardas, fazendeiros, farmacêuticos, mercadores, empregados do templo e mulheres. O líder é aquele que vê o potencial de cada pessoa e a motiva a acreditar em si mesma. Só gente abnegada como Neemias pode liderar um povo a se levantar e agir.
Mas alguém pode perguntar: ninguém se recusou a participar? Claro que sim. Na obra de Deus, o líder não deve esperar por unanimidade. A elite de Tecoa, a cidade natal do profeta Amós, não quis sustentar o trabalho em Jerusalém e recusou-se a participar da reconstrução do muro(Ne 3:5). Todavia, Neemias não permitiu que a rejeição dessas pessoas tirasse seu entusiasmo e otimismo. Ele trabalhou com quem estava disposto a trabalhar. Bem disse o rev. Hernandes Dias Lopes: não podemos permitir que a omissão ou a ausência de alguns nos tirem a alegria da presença de outros, nem podemos permitir que o desestímulo de alguns desvie os nossos olhos do alvo que é a reconstrução da cidade. Devemos nos alegrar mais com aqueles que estão conosco do que nos entristecermos com aqueles que estão de braços cruzados. [1]
5. Neemias participou ativamente dos trabalhos(Ne 4:17,23). Ele mobiliza o povo para o trabalho e torna-se o pai do chamado mutirão. Neemias participou ativamente dos trabalhos. Ele não disse "vá e construa”, mas "vinde e construamos!" (2:17); não só liderava, também fazia parte da equipe. Ele era um grande e admirável exemplo para o seu povo. Jamais deixou de labutar junto ao povo - “E nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me seguiam largávamos as nossas vestes; cada um ia com suas armas à água”(Ne 4:23).
Disse o pr. Elinaldo Renovato: “líder não é o que manda, mas o que comanda; líder não é o que ordena: ‘façam’, mas o que motiva: ‘façamos’. O pseudolíder esbraveja: ‘Aqui, quem manda sou eu!’. Quem assim age, jamais será um líder, mas um capataz”.

CONCLUSÃO

“O líder inspirador bem sucedido não tarda em agir diante das dificuldades, pois sabe que todo problema representa perigos e oportunidades. Sabe também que todos são circunstanciais e permitidos pelo Senhor, a fim de que posas aprender a tomar decisões, enquanto cresce e obtém a vitória plena”.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal, CPAD.
Princípios para uma boa liderança - Pr. Cleverson de Abreu Faria.
MAXWELL, John C. Maxwell. 21 Minutos de poder na vida de um líder.

[1] Hernandes Dias Lopes – Neemias - o líder que restaurou uma nação.