domingo, 6 de julho de 2014

Aula 2 - O PROPÓSITO DA TENTAÇÃO


3º Trimestre/2014

 
Texto Básico: Tiago 1:2-4,12-15

 
“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência” (Tg 1:2,3).

 

INTRODUÇÃO

Por que o povo de Deus sofre? Por que um cristão passa provações? Por que um cristão sofre prejuízos? Por que um cristão fica doente em cima de uma cama, às vezes sem nenhuma perspectiva de cura, humanamente falando? Por que o povo de Deus é injustiçado? Estas são perguntas corriqueiras feitas por inúmeras pessoas que não compreendem o propósito da provação.

Muitos que se dizem cristãos têm se iludo com a filosofia enganosa do “não sofrimento” que a falaciosa teologia da Prosperidade tem propagado. De forma irresponsável, falsos pregadores vociferam frases de efeitos como estas: “pare de sofrer”, “é tempo de vitória”, “você vai conquistar”. Nestas frases, está presente a ideia de que o cristão não sofre. Mas, quando chega o sofrimento, as pessoas que foram iludidas com estes clichês têm sua fé definhada e sua esperança apagada. Infelizmente, muitos desabam no esgoto da apostasia.

Deus nos adverte a esperar as provações. A vida cristã não é um mar de rosas, não é uma redoma de vidro, não é uma estufa espiritual. Cristianismo não é uma sala vip, não é uma colônia de férias, antes, é um campo de batalha. Não temos imunidade das provações da vida.  Jesus advertiu: "no mundo tereis tribulações... “ (João 16:33). O apóstolo Paulo disse: "... por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de deus" (At 14:22). Ainda, Paulo disse: "... todos os que querem viver piamente em cristo Jesus padecerão perseguições" (2Tm 3:12). O grande patriarca Jó disse: "... o homem nasce para a tribulação, como as faíscas voam para cima" (Jó 5:7).

Enquanto estivermos neste mundo, enfrentaremos muitas provações. A Bíblia diz que somos peregrinos neste mundo. Nossa pátria permanente não é aqui. Nossa pátria está no Céu. Diz o apóstolo Paulo: “pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas“ (Fp 3:20,21).

Nesta Aula, trataremos do ensino de Tiago capítulo 1, quanto ao valor e o propósito do sofrimento por Cristo e da sua importância para o nosso crescimento espiritual. Rumo à Terra Prometida, o sofrimento é inevitável; contudo, visa à nossa maturidade espiritual. Em Cristo, temos o privilégio de sofrermos para a honra do Seu nome – Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações” (Tg 1:2).

I. O FORTALECIMENTO PRODUZIDO PELAS TENTAÇÕES/PROVAÇÕES (Tg 1:2,12)

“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam” (ARA).

1. O que é tentação/provação. Em Tiago 1:2,12, na versão ARC o vocábulo empregado é “tentação”; na versão ARA, o vocábulo empregado é “provação”. Para ambos, o termo grego original é “peirasmos”, que significa literalmente “prova”, “provação” ou “teste” (1).  O termo “sugere uma situação difícil, uma pressão dolorosa” (2).  As duas traduções estão corretas, uma vez que “peirasmos” é utilizado nessa passagem em alusão às aflições decorrentes de perseguições sofridas pelos crentes por causa da sua fé (Tg 1:3) e tais adversidades são também tentações, porque elas testam a fidelidade dos cristãos a seu Senhor. Aliás, as aflições, de forma geral, funcionam quase sempre também como tentações. Ou seja, “peirasmos” descreve perfeitamente a situação dos cristãos judeus dispersos pelo Império Romano: eles estavam tendo a sua fidelidade ao evangelho provada pela fornalha da perseguição (3). Já em Tiago 1:13-15, trata das tentações pecaminosas que vêm do interior da pessoa e conduzem ao pecado. O termo original é o mesmo – peirasmos -, que pode se referir à atração interna ao pecado, como em 1Timóteo 6:8: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição”.

A vida cristã é repleta de problemas indesejados e inesperados que em algumas ocasiões surgem sozinhos e, em outras, vêm aos montões; de qualquer modo, são inevitáveis. Tiago não diz “se passardes por várias provações”, mas “o passardes”. Como não podemos escapar das provações a pergunta é: “O que fazer com elas?”. A melhor atitude é permitir que as dificuldades e perplexidades da vida nos exercitem (Hb 12:11). Podemos dizer: “Deus permitiu que eu passasse por esta provação para o meu bem. Não conheço seu propósito, mas vou tentar descobrir, pois desejo que Deus cumpra seu desígnio em minha vida”. Esta é a instrução de Tiago: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações”. Não devemos nos rebelar! Não devemos desanimar! Regozijemo-nos! Esses problemas não são inimigos determinados a nos destruir; são amigos que vieram nos ajudar a desenvolver o caráter de Cristo em nós.

2. Fortalecimento após a tentação/provação.sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança” (Tg 1:3). “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (1Pe 1:6,7).

Segundo Douglas J. Moo, a razão pela qual os crentes devem reagir com alegria, ao enfrentarem várias provações é que elas são uma prova, através da qual Deus opera para aperfeiçoar a fé (4). Conforme se depreende de 1Pedro 1:7, do mesmo modo que o ouro precisa do fogo para ser refinado ou purificado, o cristão passa pelas provações para que a sua fé “redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo”. Provavelmente, este é o significado pretendido por Tiago: o sofrimento é o meio através do qual a fé, testada no fogo da adversidade, pode ser purificada e então fortalecida. Desta forma, a ideia não é a de que provações determinam se uma pessoa tem fé ou não. Em vez disso, elas fortalecem a fé que já existe (5).

3. Felicidade pela tentação/provação (Tg 1:12).Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam”. Observe a expressão: “Bem-aventurado [feliz] o homem que suporta, com perseverança, a provação...”. Passar por provações e ao mesmo tempo ser feliz para ser paradoxal. Mas, é isso que a Bíblia recomenda: que nos alegremos em Deus porque a tribulação produz a paciência, e esta, a experiência que, finalmente, culmina na esperança (Rm 5:3-5).

Há uma recompensa prometida ao cristão que alcança êxito na prova: a coroa da vida. A “coroa” (stephanos) é o emblema do sucesso espiritual, que será dada pelo Rei do universo àqueles que “guardam a fé” no meio de sofrimentos e tentações. O termo “vida” deve ser encarado como identificação da recompensa. É claro que esta “vida” não é de ordem física, mas uma vida eterna, o gozo da presença de Deus para toda a eternidade. A palavra de Jesus, em Apocalipse 2:10, dirigida a cristãos que estavam passando por grandes provas, é um correspondente íntimo do pensamento aqui: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”. Mesmo quando suportar provação significa a morte, a “vida” é a recompensa para aqueles que amam a Deus. Este amor a Deus é demonstrado e aperfeiçoado em nossa disposição de sofrer pela causa de Cristo (6).

Como reagimos quando somos provados de várias maneiras? Ficamos amargurados e nos queixamos dos infortúnios ou nos alegramos e agradecemos a Deus por eles? Alardeamos nossas aflições ou as suportamos com discrição? Vivemos no futuro, esperando que as circunstâncias melhorem, ou no presente, procurando ver a mão de Deus em todos os acontecimentos?

Amados irmãos, quando Deus nos prova é para o nosso bem, para que tenhamos a coroa da vida, por isso somos bem-aventurados. Quando somos provados, desenvolvemos a paciência triunfadora. Quando somos provados somos aprovados por Deus. Quando somos provados somos galardoados por Deus. Quando somos provados temos a oportunidade de demonstrar nosso amor por Deus. A Bíblia diz que a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória (2Co 4:17). Como Lutero expressou no hino Castelo Forte, ainda que percamos família, bens, prazeres, Deus continua sendo nosso castelo forte (7).

Atente para esta exortação do apóstolo Pedro:Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando” (1Pe 4:12,13).

II. A ORIGEM DAS TENTAÇÕES (Tg 1:13-15)

Em Tiago 1:13-15, Tiago fala das tentações pecaminosas. Assim como as provações santas visam a cultivar o que temos de melhor, as tentações pecaminosas visam a trazer à tona o pior de nós. É preciso deixar claro que a tentação de pecar não vem de Deus. Ele testa ou prova as pessoas no tocante à fé, mas jamais tenta alguém a praticar o mal. Porque Deus não tem nenhuma relação com o mal e não nos instiga a pecar - “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1:13).

1. A tentação é humana. Tiago é claro quanto à origem da tentação; ele declara que a tentação não provém de Deus, mas da fragilidade humana; e também não diz que ela procede diretamente do Diabo ou do mundo. Tiago assevera que a tentação tem sua origem no próprio ser humano, em sua natureza pecaminosa – “Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1:14,15). Ou seja, o mundo e o Diabo são apenas agentes indutores externos da tentação (8). Silas Daniel, citando Millard J. Erickson, diz: “a Bíblia enfatiza que o problema do pecado ‘está no fato de que os homens são pecadores por natureza. [...] Muitas vezes, a tentação envolve indução externa, [...] porém, o pecado é uma escolha da pessoa que o comete. O desejo de fazer o que se faz pode estar presente de forma natural e também pode haver indução externa, mas o indivíduo é basicamente responsável”. Como o próprio Jesus afirmou, o pecado não vem de fora para dentro; ele está dentro de nós, é resultado de nossa natureza” (Mc 7:15). O que vem de fora são apenas estímulos para que o pecado se manifeste dentro de nós. Tiago 1:15 aplica o termo “concebido” à ideia de que ninguém peca sem desejar o pecado. Assim, antes de ser efetivamente consumida, a transgressão passa por um processo de concepção no interior do ser humano. Portanto, a origem da tentação está nos desejos humanos e jamais no Altíssimo, “porque Deus [...] a ninguém tenta”.

2. A atração pela própria concupiscência. “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (Tg 1:14). O ser humano está sempre pronto a se eximir da responsabilidade por seus pecados e encontrar um modo de escapar do julgamento. Se não pode jogar a culpa em Deus, adota a abordagem da psicologia moderna e diz que o pecado é uma doença. Mas o pecado não é uma doença; é uma falha moral da qual precisamos prestar contas.

Tiago rastreia a origem do pecado com precisão quando diz: “Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz”(ARA). O pecado vem de dentro de nós, de nossa velha natureza decaída e pecaminosa. Jesus disse: “Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias” (Mt 15:19).

O termo “cobiça” (ARA), no texto supra, também pode ser traduzido por “desejo” e referir-se a desejos em geral, bons ou maus. A cobiça é comparada a uma mulher perversa que exibe seus encantos e seduz as vitimas. Todos são tentados. Todos nós temos desejos vis e apetites impuros que nos impelem a pecar. Isto acontece porque temos uma natureza pecaminosa. Como bem explica Tiago no texto supra. Isso só será extirpada definitivamente de nós quando formos glorificados, “quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade...”(1Co 15:54).

Quem escreveu esta história? “Um homem estava andando numa rua e de repente veio uma mulher muito bonita vestida sensualmente e esta mulher começa a conversar com este homem, e atrai este homem, seduz este homem, e ambos vão para um determinado local onde eles mantêm relação, e aquela mulher fica grávida. E quando finalmente aquele menino nasce e atinge a maturidade, a primeira coisa que ele faz é pegar uma arma e matar o pai”. Sabe quem escreveu o roteiro desta história? Tiago. É o que ele esta dizendo em Tg 1:14. Aqui, ele personifica a cobiça e o pecado. Quando é que a cobiça engravida? Quando dissemos sim a ela! Quando somos seduzidos pela tentação engravidamos a cobiça. Então ela dá à luz o pecado. O que é que nasce entre essa união entre a minha vontade e a tentação? O filho que foi gerado pela minha decisão. E o pecado uma vez que ele realizou (consumado) gera a morte, de quem? Minha! É o meu filho quem me mata! Tiago está contando esta história para dizer: o pecado é seu filho! Não coloque a culpa em Deus! Faça o teste do DNA e você vai ver que é seu filho. Foi você quem o gerou! E com isso ele está tirando qualquer base para que atribuamos a Deus a participação no pecado que praticamos.

Devemos estar cônscios dessa verdade: Deus não é responsável pela mal; ele está no mundo pela permissão soberana de Deus. De uma maneira que não sabemos explicar, Deus não é responsável pelos atos pecaminosos de suas criaturas. Por isso elas darão conta de seus atos pecaminosos junto a Deus. Por isto, Deus não é injusto quando Ele as conduz para a condenação. A Bíblia responsabiliza o ser humano pelo pecado e pela decisão errada que ele comete. Não deixemos que a nossa fé venha esmaecer nem por um minuto, em pensar que a graça de Deus, que a soberania de Deus, nos dão uma desculpa para o pecado. Nós somos responsabilizados pelas Escrituras por todas as nossas ações!

3. Deus nos fortalece na tentação. É importante frisar que, em si mesma, a “cobiça” não é pecado; apenas quando uma pessoa, por um ato de vontade, cede à sua atração é que o pecado surge – “Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1:15). Uma ilustração viva do processo da cobiça que concebe e dá à luz o pecado é o episódio de Davi e Bate-Seba (2Sm 11:1-27). Às vezes, em vez de expulsar o pensamento vil de nossa mente, o alimentamos e passamos a gostar dele. Esse ato de aquiescência é comparado a uma relação sexual – veja o exemplo no item anterior. A cobiça concebe e dá à luz um rebento terrível chamado pecado. Em outras palavras, se pensarmos muito tempo num ato proibido, terminaremos por realizá-lo.

Então, somos vítimas impotentes atraídas e seduzidas pela nossa própria cobiça? Não, pois podemos expulsar os pensamentos pecaminosos de nossa mente e nos concentrar no que é puro e santo (ler Fp 4:8). Além disso, nos momentos de tentação intensa podemos clamar ao Senhor, lembrando-nos de que “torre forte é o nome do Senhor, à qual o justo se acolhe e está seguro” (Pv 18:10). Esse momento de tentação poderá se transformar em uma oportunidade para o nosso crescimento, para o fortalecimento da nossa fé; poderemos suportar e vencer essa provação pela graça de Deus, fortalecendo-nos no Senhor e na força do seu poder (Ef 6:10), vencendo no dia mal (Ef 6:13) e crescendo na fé (1Pe 1:6,7).

III. O PROPÓSITO DAS TENTAÇÕES (Tg 1:3,4,12)

1. Para provar a nossa fé - “sabendo que a prova da vossa fé...” (Tg 1:3). Nas provações da vida, nossa fé é testada para mostrar a sua genuinidade. Quando Deus chamou a Abraão para viver pela fé, ele o testou com o fim de aumentar a sua fé. Quando Deus permitiu que Satanás atingisse a Jó nas cinco áreas nevrálgicas de sua vida – financeira, filhos, saúde, casamento e amigos – Ele permitiu isso para provar a genuinidade de sua fé. Satanás nos tenta para fazer o pior em nós, mas Deus sempre nos prova para produzir o melhor em nós. As provas da fé provam que, de fato, nascemos de novo. Alguns cristãos são mais provados do que outros, mas todos são provados de alguma forma, porque são as provas que exercitam a nossa fé. Essa é a razão pela qual Deus permite provações na vida de seus filhos.

2. Produzir a paciência - “sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência(Tg 1:3). As provações de nossa fé trabalham por nós, e não contra nós, visto que produzem paciência. Segundo o dicionário VINE, o vocábulo grego traduzido neste texto como “paciência” (hupomone) significa literalmente “permanência em baixo de”, “ficar em baixo de”, trazendo a ideia de “tolerância”, “resignação”, “persistência”, “perseverança”.

A versão Almeida Revista e Atualizada (ARA) traduz esse vocábulo, no referido texto, como “perseverança” - “sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança”. Ou seja, o que Tiago está dizendo neste texto é que uma vez confirmada a nossa fé em meio às provações, esta é fortalecida, porque o resultado da provação é a paciência ou a perseverança. São nas provações que aprendemos a perseverança, que é a capacidade de mantermo-nos firmes mesmo quando tudo está dando errado, mesmo quando tudo parece estar conspirando contra nós. Não se engane: ninguém aprende a perseverar, ninguém cresce e amadurece na fé, sem passar por provações (9).

Deus está no controle de nossa vida. Tudo tem um propósito, diz o apóstolo Paulo: "Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus..." (Rm 8:28). Paulo diz ainda que a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória (2Co 4:17). Em Efésios 2:8-10, Paulo diz que Deus trabalha por nós, em nós e através de nós. Ele trabalhou em Abraão, José, Moisés antes de trabalhar através deles. É assim que Deus faz conosco ainda hoje.

3. Chegar à perfeição “Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma” (Tg 1:4). A paciência, ou perseverança, visa nos levar à maturidade.

A nossa natureza não é ter paciência. Quando se trata de provas, nós preferimos escapar, sair da dificuldade. Na verdade, faremos praticamente qualquer coisa para evitar passar por uma prova. Entretanto, a paciência fiel gera pessoas íntegras, reconhecidas como perfeitas e completas, ou amadurecidas. Seremos maduros, experientes e bem desenvolvidos, adequados para as tarefas que Deus nos envia ao mundo para realizar. Esta resistência é uma qualidade desenvolvida de acordo com o quanto aprendemos dos testes pelo quais passamos.

Também não nos falta nada – “sem faltar em coisa alguma” -, porque nós fomos completamente treinados. As fraquezas e imperfeições estão sendo removidas do nosso caráter, e nós estamos alcançando a vitória sobre os antigos pecados; estamos demonstrando um sentido de competência no tocante à vida. Esta perfeição está relacionada com a extensão da nossa experiência. Paulo diz: “... sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança” (Rm 5:3,4). Portanto, as tribulações, as provações são pedagógicas, levam-nos à perfeição, à maturidade. (10)

CONCLUSÃO


Qual deve ser a atitude com que vamos enfrentar as provações da vida? Tiago responde: "... tende por motivo de grande alegria...". Em vez de murmurar, de reclamar, de ficar amargo, de enfiar-se em uma caverna, devemos nos alegrar intensamente. Essa alegria é confiança segura na soberania de Deus, de que Ele está no controle, de que Ele sabe o que está fazendo e sabe para onde está nos levando.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 59 – CPAD.

William Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. Mundo Cristão.

Douglas J. Môo. Tiago. Introdução e Comentário. Vida Nova.

Rev. Hernandes Dias Lopes –  Tiago (Transformando Provas em Triunfo). Hagnos.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Silas Daniel  & Alexandre Coelho – Tiago – Fé e Obras. CPAD.

(1) Dicionário Vine. CPAD

(2) Lawrence Richards. Comentário Devocional da Bíblia. CPAD.

(3) Silas Daniel. Fé & Obras. CPAD.

(4) Douglas J. Moo. Tiago. Introdução e Comentário. Vida Nova.

(5) Douglas J. Moo. Ibidem.

(6) ibidem

(7) Hernandes Dias Lopes – Tiago.

(8) Silas Daniel. Fé & Obras. CPAD.

(9) Silas Daniel. Ibidem.

(10) Comentário do Novo Testamento. CPAD.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Estudo científico aponta que é impossível determinar homossexualidade através do DNA




 

 

Os resultados de um estudo científico exaustivo publicado no início deste ano sugerem que a homossexualidade não pode ser diretamente atribuída a um “gene gay”, mas depende bastante de uma variedade de fatores, incluindo as influências ambientais e sociais.

O estudo surge como uma frustração para ativistas pró-homossexuais que há muito alegavam que a homossexualidade e “orientações sexuais” são causadas principalmente por fatores genéticos anormais. A argumentação desses ativistas é a de que os indivíduos herdam um “gene gay” e que, portanto, têm tendência à atração por pessoas do mesmo sexo, o que as torna incapazes de apreciar os casamentos tradicionais.

Os resultados científicos foram publicados durante a Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Chicago. Durante o encontro, Michael Bailey, da Universidade Northwestern anunciou que os resultados completos da pesquisa sugerem que a genética por si só não determina a “orientação sexual”.

Em sua pesquisa, Bailey e outros cientistas examinaram o DNA de 400 homens que se descrevem como homossexuais. Em última análise, os pesquisadores concluíram que a homossexualidade não pode ser atribuída a genes específicos, segundo informou o Noticias Cristiana.

Os resultados mostram que é impossível prever com precisão o comportamento sexual de uma pessoa através da análise de seu DNA. Alan Sanders, professor da Universidade de Northwestern que liderou o estudo, confirmou que a teoria do “gene gay” é, em grande parte, infundada.

- Nós não acreditamos que a genética seja toda a história – afirmou Sanders, segundo o The Telegraph.

Bryan Fischer da American Family Association comentou o resultado obtido pelos cientistas, afirmando que o estudo demonstra que o comportamento homossexual é, em última análise, uma escolha individual.

- Se as pessoas não são biologicamente predeterminadas a seguir o estilo de vida gay, então a mudança é possível, como um fato científico. Isto leva a uma simples verdade impressionante: há esperança para o homossexual – concluiu Fischer.

Fonte: Gospel Mais

 

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Aula 01 – TIAGO – FÉ QUE SE MOSTRA PELAS OBRAS


3º Trimestre_2014

 
Texto Base: Tiago 2:14-26

 

“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg 2:17).

INTRODUÇÃO


Mais um trimestre inicia-se. “Fé e Obras – Ensinos de Tiago para uma vida Cristã Autêntica” - é o tema deste trimestre. Tenho certeza de que este ensino, que foi entregue aos santos irmãos do primeiro século, encaixa-se perfeitamente em nossos dias. Eu creio que não há discordância de que os ensinos da Epístola de Tiago são plenamente necessários à igreja contemporânea. Nenhum outro livro do Novo Testamento é tão direto e enfático sobre a relação entre a fé e as obras na vida do verdadeiro cristão. Tiago preocupa-se com a prática do cristianismo. Para ele não basta ter um credo, fazer uma profissão de fé ortodoxa, é preciso viver de forma digna diante de Deus. Todo o livro de Tiago é comparado ao sermão do monte; tem princípios práticos. Ele tange os grandes temas da vida cristã de forma clara e direta. Os teólogos o consideram o livro de Provérbios do Novo Testamento.

Almejo que, no final do trimestre, após estudarmos os temas propostos, tenhamos plena consciência de que o Evangelho não admite uma vida cristã acompanhada de um discurso desassociado da prática. A nossa fé deve ser confirmada através das obras. É isto o que Tiago nos ensina: “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tiago 2:17).

I. AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS (Tg 1:1)

1. Autoria. “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que se encontram na Dispersão, saudações”. Percebe-se por este versículo que o autor da Epístola foi Tiago. Mas, qual Tiago? O nome Tiago não era incomum nos dias de Jesus, e no Novo Testamento ocorrem ao menos quatro citações a pessoas que tinham esse nome:

a) Tiago, apóstolo, filho de Zebedeu, irmão de João. Foi um dos primeiros apóstolos seguir a Jesus em seu Ministério (Mc 1:19). Junto com João, seu irmão, e Pedro tornou-se um dos apóstolos mais íntimos de Jesus (cf. Mc 5:37; 9:2; 10:35).

b) Tiago, apóstolo, filho de Alfeu. É mencionado apenas nas listas dos apóstolos e (possivelmente) em Marcos 15:40, como “Tiago, o menor” (apenas “Tiago” no texto paralelo de Mt 27:56).

c) Tiago, pai de Judas (Lc 6:16). Este Judas, que é um dos doze, se distingue do Judas Iscariotes (vide João 14:22); provavelmente deve estar relacionado ao nome Tadeu, em Mateus 10:3 e Marcos 3:18. Por ser ainda mais desconhecido, é razoável descartá-lo como o autor da Epístola.

d) Tiago, “o irmão do Senhor” (Gl 1:19). No começo, ele não cria em Jesus (João 7:2-5), porém, mais tarde, tornou-se um proeminente líder na vida da igreja de Jerusalém (At 12:17; 15:13; 21:18; Gl 2:9).

Dos quatro Tiago descritos acima, apenas o filho de Zebedeu e o irmão do Senhor destacam-se como proeminentes. Entretanto, Tiago – o filho de Zebedeu – morreu martirizado em 44 d.C (At 12:2), e é improvável que a Epístola tenha sido escrita numa época tão remota. Desta feita, é notório que Tiago – irmão do Senhor - seja o mais provável autor da epístola que leva o seu nome.

Tiago foi uma das seletas pessoas para quem Cristo apareceu depois da ressurreição (1Co 15:7). Ele estava no cenáculo, com os apóstolos no Pentecostes (At 1:14). Paulo o chamou de pilar da igreja de Jerusalém (Gl 2:9). Paulo viu Tiago quando foi a Jerusalém depois de sua conversão (Gl 1:19), bem como em sua última viagem a Jerusalém (At 21:18).

Quando Pedro saiu da prisão, falou para seus amigos contarem a Tiago (At 12:17). Tiago foi o líder do importante concílio de Jerusalém (At 15:13). Judas identificou-se simplesmente como o irmão de Tiago (Jd 1).

De incrédulo a crente, de crente a líder, de líder a servo de Cristo. Ele não se apresenta como irmão do Senhor, mas como seu servo. Ele é um homem humilde. Essa é a transformação que o evangelho produz! É impossível alguém ser um verdadeiro cristão sem primeiro ser humilde de espírito.

Tiago foi apedrejado em 62 d.C., pelo sinédrio. Embora amado pelo povo, Tiago era odiado pela aristocracia sacerdotal que governava a cidade. O sumo sacerdote da época (Ananias?) levou Tiago ao sinédrio, sendo ele condenado e apedrejado, sobretudo pelas posições severas que tomara contra a aristocracia abastada que explorava os pobres, e à qual o sumo sacerdote da época pertencia (Tg 5:1-6).

2. Local e data. Tiago talvez tenha sido o primeiro livro escrito do Novo Testamento e, portanto, possui um tom claramente judaico. Flavo Josefo afirma que Tiago foi morto em 62 a.C., de modo que a carta é anterior a essa data. Tendo em vista a ausência de qualquer menção às decisões tomadas no Concícilio de Jerusalém (c. 49 ou 50 d.C) presidido por Tiago (At 15), costuma-se datá-la entre 45 e 49 d.C. Está escrito no Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal  -  que Tiago escreveu esta carta em Jerusalém, onde vivia.

3. Destinatário. “... às doze tribos que se encontram na Dispersão…” (Tg 1:1). A Epístola é dirigida às doze tribos que se encontram na Dispersão (gr. Diáspora), uma referência aos judeus de nascimento, pertencentes às doze tribos de Israel. O relato do dia de Pentecostes mostra que, naquela ocasião, havia em Jerusalém judeus devotos de todas as partes do mundo conhecido (At 2:4). Tais indivíduos poderiam ser chamados corretamente de judeus da Dispersão. Mas, a Epístola de Tiago foi destinada, originalmente, aos judeus cristãos (Tg 2:1;5:7,8) que possivelmente se converteram no Pentecostes e foram dispersos depois do martírio de Estêvão (At 8:1; Tiago 1:1). Vemos em Atos 8:1 que os primeiros cristãos (a maioria de origem judaica) se espalharam pela Judéia e Samaria devido à perseguição promovida, entre outros, por Saulo de Tarso. Essa dispersão volta a ser mencionada em Atos, na passagem que diz que os cristãos se espalharam até a Fenícia, Chipre e Antioquia (At 11:19).

Por força ou por escolha, os judeus estavam vivendo por toda parte do Império Romano. Eles eram crentes, mas eram perseguidos. Eles eram cidadãos dos céus, mas viviam dispersos na terra. Eles eram crentes, mas tiveram seus bens saqueados. Eles eram crentes, mas eram pobres e, muitos deles, estavam sendo oprimidos pelos ricos (Tg 5:1-6). Eles eram crentes, mas ficavam enfermos (Tg 5:14). Eles eram crentes, mas sofriam (Tg 5:13). Vida cristã não é uma redoma de vidro, uma estufa espiritual, uma colônia de férias, antes, é um campo de batalha. Não somos poupados dos problemas, mas nos problemas.

Conquanto não façamos parte do público-alvo original da Epístola, podemos aplicá-la a nós, pois todos os cristãos verdadeiros são estrangeiros e peregrinos neste mundo (Fp 3:20; 1Pe 2:11).

II. O PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE TIAGO

1. Orientar. Tiago, através de orientações práticas, exorta os cristãos, destinatários de sua Epístola, acerca da profundidade da verdadeira, pura e imaculada religião para com Deus, que é: (a) visitar os órfãos e as viúvas nas tribulações; (b) não fazer acepção e pessoas e; (c) guardar-se da corrupção do mundo (Tg 1:27). Aqui, Tiago nos ensina que a religião pura e verdadeira vai muito além de doutrinas e ritos; envolve prática, ação. Quando ele diz que há uma religião pura e sem mácula aceitável diante de Deus, significa dizer que há uma religião que não é aceitável para Deus; qual é ela? É aquela apenas de palavras, de uma fé, superficial, que não tem obras.

Hoje há um grande abismo entre o que dizemos e o que fazemos; entre a nossa profissão de fé e a nossa prática de vida; entre o cristianismo teórico e o cristianismo prático. Esse distanciamento entre essa falta de consistência e coerência, dá à luz uma religião esquizofrênica e farisaica.

Concordo plenamente com o Rev. Hernandes Dias Lopes, quando diz que o verdadeiro religioso não é egocêntrico, não é narcisista, não vive só para si, não vive recuado só no seu mundo, só olhando para si. Ele sai do casulo, da caverna da omissão. Ele se levanta da poltrona da indiferença. Ele age. Tem mãos abertas e coração dadivoso. Não é dado à verborragia, mas à ação. Não ama apenas de palavra, mas de coração. Abomina o sentimentalismo inócuo. Usa a razão, e por isso dá pão a quem tem fome. Ele celebra a liturgia da generosidade e evidencia a verdadeira religião. (1)

2. Consolar. No princípio, a igreja enfrentou terríveis perseguições – lembre-se de que Tiago estava escrevendo a crentes que tinham se espalhado pelo mundo devido à perseguição. Muitas destas provações vinham de fora. Judeus fanáticos ou “zelosos”, como Saulo de Tarso antes de sua conversão, prendiam e matavam os seguidores de Cristo (At 6:8-7:60). O reconhecimento público de Cristo como Salvador e Senhor não levava à popularidade, ao poder, ou ao prestígio. Tiago também sabia das lutas que ocorriam internamente. Uma provação pode colocar à prova a fé dos crentes, causando dúvidas e desânimo e tornando-os suscetíveis a inúmeras tentações. E Satanás tenta usar os tempos difíceis para dividir a igreja. Assim, Tiago incentivou os cristãos, destinatários de sua Epístola, a permanecerem concentrados em Deus e em sua bondade (Tg 1:17,18), e a resistirem aos ataques sutis de Satanás (Tg 4:7).

Todos os dias, os cristãos enfrentam dezenas de decisões que podem resultar em serem “perseguidos” pela sua fé. Além disto, a adversidade é parte da vida, um resultado de sermos mortais e humanos. Vivemos em um mundo arruinado, e as pessoas, todas as pessoas, ficam doentes, lutam pela vida e, no final, morrem. Deus não promete nos poupar destas dificuldades e nos dar saúde e riqueza; Ele promete, sim, estar conosco em tudo o que tivermos que enfrentar (vide João 16:31-33; Rm 8:35-39).

Quando somos provados, desenvolvemos a paciência triunfadora. Quando somos provados somos aprovados por Deus. Quando somos provados temos a oportunidade de demonstrar nosso amor por Deus. A Bíblia diz que nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória (2Co 4:17).

Como você está reagindo às provações que atacam a sua vida? Você está se entregando ou está conservando a fé? Reaja com alegria às provações, porque elas operam para produzir uma fé mais profunda, mas forte e mais segura.

3. Fortalecer. Além das perseguições cruéis, os crentes eram explorados pelos ricos e defraudados e afligidos pelos empregadores – “Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos(Tg 5:4).

Deus sempre condenou com veemência essa prática injusta e desleal; mas, infelizmente, ela foi notória em todas as épocas, e ainda é muito atual (Ml 3:5; Mc 10:19; 1Ts 4:6). À época de Tiago os trabalhadores que ceifavam os campos eram privados do pagamento a que tinham direito. Mesmo que esses ceifeiros reclamassem, dificilmente seriam indenizados, pois não tinham quem defendesse sua causa com sucesso.

Os ricos não apenas estavam retendo o salário dos trabalhadores, mas estavam retendo o salário deles com fraude. Eles estavam ricos por roubar dos pobres (Pv 22:16,22). A lei de Moisés proibia ficar com o salário do trabalhador até à noite: "Não oprimirás o trabalhador pobre e necessitado, seja ele de teus irmãos, ou dos estrangeiros que estão na tua terra e dentro das tuas portas. No mesmo dia lhe pagarás o seu salário, e isso antes que o sol se ponha; porquanto é pobre e está contando com isso; para que não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado" (Dt 24:14,15). Prossegue Moisés: "Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã" (Lv 19:13).

Os trabalhadores foram contratados por um preço, e fizeram o seu trabalho, mas não receberam. Mas, seus clamores chegaram aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Portanto, Tiago exorta os santos a não desanimarem na fé, pois há um Deus que contempla as más atitudes do injusto e certamente cobrará muito caro por isso. Aquele que comanda aos hostes no Céu defende o povo oprimido na Terra. O Senhor Deus Onipotente o socorrerá e vingará. Assim, a Bíblia condena não apenas o acúmulo de bens, mas também o enriquecimento por meios desonestos. A queda de quem explora o trabalhador não tardará (Tg 5:1-3).

Além do pecado da desonestidade com os pobres, com pagamento de salários insuficientes, Tiago também poderia ter mencionado a sonegação de impostos, a desonestidade no uso de pesos e medidas, o suborno de fiscais ou outros servidores, a propaganda enganosa e a falsificação de recibos de despesa. O cristão genuíno deve ser honesto para pagar suas dívidas e cumprir com os seus compromissos financeiros.

III. ATUALIDADE DA EPÍSTOLA

1. Num tempo de superficialidade. Tiago escreveu para corrigir a fé do tipo “é fácil crer”, o tipo de fé superficial em Cristo, que é uma mera aceitação intelectual – a atitude que transforma a fé em uma ortodoxia fria, em que a pessoa meramente crê nos fatos corretos a respeito de Deus e de Jesus. Tiago assim explicou: “Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o creem e estremecem“ (Tg 2:19). Obviamente, os demônios não são cristãos, e ainda assim, de certa forma, eles são “crentes”. O seu tipo de fé está longe de ser a fé que salva.

A igreja de Jerusalém tinha passado por um tremendo crescimento. Com este crescimento, havia, sem dúvida, muitas pessoas que queriam fazer parte da multidão cristã, mas que não tinham profundidade em sua fé. Ananias e Safira parecem ter se encaixado nesta categoria. A sua falsa declaração e as suas mortes dramáticas abalaram a jovem igreja (ver At 5:1-11). Percebe-se pelas Epístolas apostólicas que outras pessoas também abandonaram a sua fé em Cristo, quando se tornou mais difícil participar da comunidade cristã: “Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós” (1João 2:19).

Para lidar de frente com este problema, sob a inspiração do Espírito Santo, Tiago declarou que uma fé superficial, que simplesmente crê nos fatos sobre Jesus Cristo, não é suficiente. A verdadeira fé envolve uma confiança irrestrita e sincera em Jesus Cristo, e será evidenciada por uma vida transformada. Em outras palavras, a verdadeira fé irá produzir boas obras.

O problema enfrentado por Tiago, no século I, é um problema predominante hoje. As igrejas estão cheias de pessoas que afirmam serem seguidoras de Cristo. No entanto, infelizmente, as reivindicações de muitos destes ditos seguidores são vazias, porque a sua fé é superficial – as suas vidas contradizem que eles dizem, por ações e atitudes não-cristãs específicas ou pelo que eles deixam de fazer. A aplicação deste tema na Epístola de Tiago é clara: a igreja deve constantemente chamar as pessoas à genuína fé em Cristo – uma fé que resulta em vidas transformadas. E os cristãos devem avaliar, individualmente, o seu próprio nível de obediência ao seu Mestre e voltar a se comprometer a realizar as boas obras que resultam de serem salvos. (2)

2. Num tempo de confusão entre “salvação pela fé” ou “salvação pelas obras”. Uma pessoa desavisada ao ler a Epístola de Tiago pode pensar que ela contradiz o apóstolo Paulo quanto à doutrina da salvação mediante a fé. Muitos já criticaram a Epístola de Tiago porque entenderam que ela contradiz o que Paulo escreveu em Romanos (Rm 3:28 com Tg 2:24; Rm 4:2,3 com Tg 2:21). Até mesmo Lutero entendeu mal esta Epístola.

Segundo Douglas J. Moo, o ponto de atrito estava na tensão que via entre Tiago e os “principais” livros do Novo Testamento, a respeito da questão da justificação pela fé. Disse Lutero: “Tiago desfigura as Escrituras e, assim, opõe-se a Paulo e a todo texto sagrado”; ele também caracterizou a Epístola como “epístola de palha”. Mas, apesar de Lutero ter tido claras dificuldades com Tiago, tendo chegado às raias de lhe conferir um “status” secundário do cânon, seu espírito crítico não deve ser exagerado. Ele não excluiu Tiago do cânon, e tem sido estimado que em suas obras ele cita mais da metade dos versículos de Tiago como textos detentores de autoridade.

Mas será que Tiago está contradizendo Paulo? Absolutamente não! Eles se completam!  Paulo falou que a causa da salvação é a justificação pela fé somente. Tiago diz que a evidência da salvação são as obras da fé. Paulo olha para a causa da salvação e fala da fé. Tiago olha para a consequência da salvação e fala das obras. Paulo deixa isso claro: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:8-10).

A questão levantada por Paulo era: “como a salvação é recebida?”. A resposta é: “pela fé somente”. A pergunta de Tiago era: “como essa fé verdadeira é reconhecida?”. A resposta: “pelas obras!”. Assim, Tiago e Paulo não estão se contradizendo, mas se completando. Somos justificados diante de Deus pela fé, somos justificados diante dos homens pelas obras. Deus pode ver a nossa fé, mas os homens só podem ver as nossas obras. Portanto, a salvação é só pela fé, mas a fé salvadora se evidencia pelas obras.

3. Uma fé posta em prática. Mais que um conjunto resumido de práticas e dogmas, a verdadeira fé é voltada para a prática. César Moisés Carvalho, pedagogo e autor do livro Marketing para a Escola Dominical, editada pela CPAD, disse certa vez que o problema de muitos cristãos de nossos dias não é a ortodoxia – saber fazer o que é certo à luz da Bíblia -, e sim a ortopraxia – viver aquilo que sabemos ser o certo à luz da Bíblia.

Alexandre Coelho diz que, para Tiago, é preciso conjugar o que falamos com o que fazemos, ou nossas palavras cairão no vazio. Não basta falar bonito ou saber o que falar, se não houver ação. Agir de forma conjugada faz a diferença na vida do servo de Deus. Sem dúvida, esse tem sido um dos maiores problemas da igreja em nossos dias. Não raro, muito do que é falado nos púlpitos raramente é praticado, e isso tem colocado o testemunho de muitos em desvantagem.

Ser sensível às necessidades do nosso próximo – daquele que é absolutamente necessitado - e procurar maneiras para podermos nos envolver pessoalmente é uma maneira de colocar a fé em prática - “Se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo com a ti mesmo, bem farás” (Tg 2:8). A verdadeira fé salvífica é tão vital que não poderá deixar de se expressar por ações, e pela devoção a Jesus Cristo; Tiago chama isso de “religião pura e imaculada para com Deus” (Tg 1:27). Portanto, as obras sem a fé são obras mortas; a fé sem obras é fé morta.

CONCLUSÃO


A mensagem de Tiago denota maior ênfase à vida prática do cristão. Falar da fé cristã não é suficiente, diz Tiago; devemos vivê-la - “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo?”(Tg 2:14). A prova da realidade da nossa fé é uma vida transformada. Tornemo-nos, pois, cristãos praticantes da Palavra do Senhor (Tg 1:22-25).

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 58 – CPAD.

William Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. Mundo Cristão.

Douglas J. Môo. Tiago - Introdução e Comentário. Vida Nova.

(1) Rev. Hernandes Dias Lopes – Tiago (Transformando Provas em Triunfo). Hagnos.

(2) Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé & Obras – Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica. CPAD.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

LIÇÕES BÍBLICAS CPAD - 3º TRIMESTRE DE 2014


 




 

 

No 3º Trimestre de 2014 estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema: “FÉ E OBRAS – Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica”.

As lições serão comentadas pelo pastor Eliezer de Lira e Silva, e estão distribuídas sob os seguintes títulos:

Lição 1 – Tiago — Fé que se Mostra pelas Obras.

Lição 2 – O Propósito da Tentação.

Lição 3 – A Importância da Sabedoria Humilde.

Lição 4 – Gerados pela Palavra da Verdade.

Lição 5 – O Cuidado ao Falar e a Religião Pura.

Lição 6 – A Verdadeira Fé não Faz Acepção de Pessoas.

Lição 7 – A Fé se Manifesta em Obras.





Lição 12 – Os Pecados de Omissão e de Opressão.

Lição 13 – A Atualidade dos Últimos Conselhos de Tiago.

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Neste trimestre temos a grata satisfação de estudar a Epístola de Tiago, sob o tema: “Fé e Obras – Ensino de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica”.

Segundo Matthew Henry, a epístola de Tiago é um dos escritos mais instrutivos do Novo Testamento. Dirigida principalmente contra erros particulares da época produzidos entre os cristãos judaicos, não contém as mesmas declarações doutrinárias completas das outras epístolas, porém apresenta um admirável resumo dos deveres práticos de todos os crentes. Aqui estão manifestadas as verdades principais do cristianismo, e ao ser consideradas com atenção, se verá que coincidem por inteiro com as declarações de Paulo acerca da graça e a justificação, abundando ao mesmo tempo em sérias exortações à paciência da esperança e a obediência da fé e do amor, misturadas com advertências, repreensões e exortações conforme aos caracteres tratados. As verdades aqui expostas são muito sérias e é necessário que se sustentem e se observem em todo tempo as regras para sua prática. Em Cristo não há ramos mortos ou sem seiva; a fé não é uma graça ociosa; onde quer que esteja, gera fruto em obras. (1)

Tiago é um dos livros mais atuais e necessários para a igreja contemporânea. É comparado ao sermão do monte; tem princípios práticos. Ele tange os grandes temas da vida cristã de forma clara e direta. É considerado o livro de Provérbios do Novo Testamento.

Tiago preocupa-se com a prática do cristianismo. Para ele não basta ter um credo, fazer uma profissão de fé ortodoxa, é preciso viver de forma digna de Deus.

Muitos já criticaram a Carta de Tiago porque entenderam que ela contradiz o que Paulo escreveu em Romanos (Rm 3:28 com Tg 2:24; Rm 4:2,3 com Tg 2:21). Mas será que Tiago está contradizendo Paulo? Absolutamente não! Eles se completam!

Paulo falou que a causa da salvação é a justificação pela fé somente. Tiago diz que a evidência da salvação são as obras da fé.

Paulo olha para a causa da salvação e fala da fé. Tiago olha para a consequência da salvação e fala das obras.

Paulo deixa isso claro: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:8-10).

A questão levantada por Paulo era: “Como a salvação é recebida?”. A resposta é: “Pela fé somente”. A pergunta de Tiago era: “Como essa fé verdadeira é reconhecida?”. A resposta: “Pelas obras!”. Assim, Tiago e Paulo não estão se contradizendo, mas se completando.

Somos justificados diante de Deus pela fé, somos justificados diante dos homens pelas obras. Deus pode ver a nossa fé, mas os homens só podem ver as nossas obras.

Portanto, a salvação é só pela fé, mas a fé salvadora se evidencia pelas obras.

Espero que após estudarmos esta preciosa Carta, sob os títulos propostos, tenhamos plena consciência de que o Evangelho não admite uma vida cristã acompanhada de um discurso desassociado da prática. A nossa fé deve ser confirmada através das obras.

“Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tiago 2:17).

 

Luciano de Paula Lourenço

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(1) Matthew Henry – Comentário Bíblico do Novo Testamento.