domingo, 10 de maio de 2015

Aula 07 – PODER SOBRE AS DOENÇAS E MORTE


2º Trimestre/2015

Texto Base: Lucas 4:38,39; 7:11-17

 
“E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo” (Lc 7:16)

 

INTRODUÇÃO

A doença é uma consequência do juízo divino sobre a humanidade, feita ao primeiro casal, por causa do pecado. Herdamos do primeiro casal a natureza pecaminosa e passamos a viver numa terra amaldiçoada em virtude da iniquidade. Nascidos à imagem e semelhança de Adão (Gn 5:3), concebidos em pecado (Sl 51:5), não temos como deixar de possuir um corpo que está marcado para tornar à terra, como também uma natureza que, adquirida a consciência, nos leva a pecar contra Deus. Paulo afirma: “como por um homem entrou o pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm 5:12). Mas Jesus Cristo veio para tratar do problema do pecado e das suas consequências (Is 53:4-7; 6:1,2).

Quanto à morte, ela é a situação mais difícil que o ser humano pode enfrentar. Ela é o terrível legado que herdamos dos nossos primeiros pais, que desobedeceram ao Criador no Éden (Gn 2:15-17; 3:19; Rm 5:12). É o pagamento indesejado que recebemos por ter pecado (Rm 6:23). É o fim para o qual caminhamos a passos largos (Ec 12:1-7). Mais do que isso, é o inimigo implacável que vem em nosso encalço para, no inevitável dia do encontro, nos deixar prostrados (Lc 12:20). É o último inimigo a ser aniquilado (1Co 15:26). Contudo, para o verdadeiro cristão, a morte é “lucro”. Sabe por quê? Porque Jesus venceu a morte. Para o apóstolo Paulo a morte não era uma tragédia. Ele chegou a dizer: ”Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro”(Fp 1:21). Para ele, morrer é partir para estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1:23). Ele desejava, preferencialmente, estar com o Senhor - “Desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor”(2Co 5:8). Somente aqueles que têm o Espírito Santo como penhor (2Co 5:5) podem ter essa confiança do além-túmulo. O penhor do Espírito é uma garantia de que caminhamos não para um fim tenebroso, mas para um alvorecer glorioso. Caminhamos não para a morte, mas para a vida eterna, para habitação de uma mansão permanente.

I. DOENÇAS, PERDÃO E CURA

1. Culpa, perdão e cura. Certa vez, Jesus ensinava dentro de uma casa ou de um lugar coberto. O local estava cheio e, entre os presentes, estavam os fariseus e os doutores da lei, os escribas, vindo da Galiléia, da Judeia e até de Jerusalém. Então, chegaram algumas pessoas carregando um paralítico para ver o Senhor Jesus; na verdade, para ser curado por Jesus. Como não conseguiram entrar pela porta, dirigiram-se ao terraço, tiraram as telhas e desceram o paralítico no meio, bem diante de Jesus. O esforço daqueles homens foi tão grande que Jesus viu neles uma grande fé, a confiança no seu poder de curar. Jesus teve que reagir. Mas o curioso é que Ele não curou a paralisia. Em vez disso, disse: “homem, estão perdoados os teus pecados” (Lc 5:20). Para entendermos essas palavras precisamos recordar que, para os antigos, as doenças eram causadas pelos demônios e pelos pecados (veja João 5:14; 9:2). Ora, ao perdoar os pecados, Jesus estava curando o mal pela raiz, eliminando a causa e não simplesmente os sintomas. Mas diante disso surgiu uma outra questão: segundo as Escrituras, somente Deus podia perdoar pecados (veja Êx 34:6,7; Is 43:25; 44:22).

“Quem é esse que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? ” (Lc 5:21). Esse foi o questionamento dos doutores da lei e dos fariseus. Jesus logo percebeu o que estavam pensando (João 2:25), e os desafiou (vide Lc 5:23,24). Foi exatamente assim que aconteceu. Jesus curou a causa e o sintoma. Libertou por dentro e por fora, no espirito e no corpo. Ou como disse o pr. José Gonçalves: “o Filho do Homem, demonstrou o seu poder tratando o problema da alma, removendo a culpa e depois cuidou do corpo, removendo a enfermidade”.

E Jesus fez isso de graça, ao passo que naquele tempo o perdão dos pecados era conseguido no templo, por meio de troca de ofertas e sacrifícios. Talvez seja até por isso que os doutores da lei e os fariseus estavam tão incomodados. Uma salvação gratuita vinha sendo anunciada e praticada. Mas não é isso também que vemos hoje em alguns movimentos religiosos? “Você só será curado, ou o seu problema só será resolvido depois de demonstrar a sua fé e o seu amor através da contribuição financeira”. Que lamentável! A transformação que Jesus faz é gratuita!

2. A ação de Satanás. A doença física é um fato incontestável, e a Escritura afirma que o primeiro motivo deste terrível mal sobre a humanidade foi a queda de Adão e Eva. O pecado é a razão pela qual o mal natural impera sobre a humanidade, todavia, nem toda enfermidade é consequência do pecado pessoal. Há debilidades físicas que são o efeito do pecado (2Cr 26:16-19; João 5:14; 9:1,2), outras procedem de causas naturais (Mt 8:2,3; 9:18-26), outras ocorrem de acordo com o propósito divino (João 9:2,3); outras derivam da permissão divina (Jó 1:10-12; 2Co 12:7-10), enquanto outras estão associadas à ação de Satanás (Lc 13:10-12; Mt 9:33,34; 17:18-21; Lc 13:11).

Veja o exemplo da mulher que andava encurvada (Lc 13:10-13). “E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se” (Lc 13:11). A curvatura da espinha dorsal dessa mulher foi causada por Satanás. Ela vivia presa há dezoito anos pelo demônio. Mas Jesus se compadeceu dela, chamou-a, libertou-a do demônio. Demonstrando o seu amor, Jesus impôs as mãos sobre essa mulher, curou-a, restaurou-a. Restaurou-lhe a saúde e a dignidade, a despeito da oposição dos legalistas de plantão (Lc 13:14). A imposição das mãos não era essencial, pois Ele chegou a fazer outras curas sem usar esse gesto. Porém, as mãos ajudam o enfermo a ter fé. Podemos dizer que esse contato com Jesus é pessoal, porque Ele vem até nós por meio da fé.

Sabemos de outras partes da Bíblia que certas doenças são o resultado de atividade satânica. Os furúnculos de Jó eram infligidos por Satanás. O espinho na carne de Paulo era um mensageiro de Satanás para esbofeteá-lo. Ao Diabo não é permitido agir assim num crente, sem a permissão do Senhor. E Deus predomina sobre qualquer doença ou sofrimento para a sua própria glória.

Muitos gostam das obras de Jesus, mas não abrem o coração para que Ele os liberte de um mal que é tão grande quanto o daquela pobre mulher: o mal do pecado e da escravidão de Satanás. Você já aceitou Jesus como seu Senhor e Salvador? Ou ainda está preso pelo peso da religiosidade falsa ou pelo poder demoníaco do pecado? Saiba que Jesus pode e quer libertar você. Recebe-o em sua vida!

3. Os salvos podem adoecer? Sim. O fato de que a saúde faz parte do plano de Deus para a salvação não significa que a doença venha a ser erradicada da vida de todo aquele que aceita a Jesus Cristo como Senhor e Salvador da sua vida. Assim como o fato de ser salvo não nos livra da morte física, consequência praticamente inevitável do pecado e que acomete tanto os salvos quanto os ímpios, assim também não estamos imunes à doença. Jesus cura os enfermos, este é um sinal de que Ele venceu a morte e o inferno, de que Ele é o Salvador do mundo, mas daí a se dizer que todo salvo não fica doente há uma grande distância.

A Bíblia está repleta de exemplos de homens e mulheres de Deus que, apesar de terem uma vida de comunhão com o Senhor, adoeceram e, por vezes, até morreram doentes, sem que esta doença significasse qualquer desvio espiritual ou pecado por parte do servo do Senhor. O ser humano se desgasta, pois, o seu corpo é corruptível (2Co 4:16). Um dia, os salvos se revestirão de incorruptibilidade (1Co 15:54). Por enquanto, embora Jesus tenha poder para nos curar, segundo a sua vontade (1Jo 5:14; Mt 6:9,10), estamos sujeitos às enfermidades. Mas, os pregadores da saúde perfeita sempre 'exigem' a cura e dizem “que o Senhor cura sempre, pois a saúde é um direito do crente”. Se a saúde é um direito do crente, por que ele fica doente? Por que Paulo, Timóteo e Trófimo não foram curados (2Co 12:7-9; 1Tm 5:23; 2Tm 4:20)? Jó estava em pecado, quando adoeceu (Jó 1:1; 2:12,13)? A propósito, o profeta que maior número de milagres fez no Antigo Testamento, Eliseu, em que repousava porção dobrada do Espírito Santo que havia estado em Elias, diz-nos as Escrituras, morreu por causa de uma doença (2Rs 13:14). Em Salmos 41:3, está escrito: “O Senhor o sustentará no leito de enfermidade; tu renovas a sua cama na doença”. Isso prova que o cristão, salvo em Cristo, adoece som certeza!

II. RAZÕES PARA CURAR

1. A compaixão. Lucas mostra que uma das razões da cura dos enfermos no ministério de Jesus estava em sua capacidade de demonstrar compaixão. Para justificar isso Lucas descreve a cura do leproso descrito em Lc 5:12,13. Este leproso se aproximou tanto de Jesus a ponto do Senhor poder tocá-lo. Isso é digno de nota porque a lei ordenava: “[...] habitará só; a sua habitação será fora do arraial” (Lv 13:46). Esse leproso não se escondeu, mas correu na direção de Jesus. Ele furou o bloqueio, transcendeu, fez o que não era comum fazer. Ele contrariou os clichês sociais e quebrou paradigmas. Dispôs a enfrentar o desprezo, a gritaria ou mesmo as pedradas da multidão. Ele rompeu com declaração do fracasso imposto à sua vida. Ele estava fadado à morte, ao abandono, ao opróbio, à caverna, ao leprosário. Contudo, ele se levantou e foi ao Salvador. Ele esperou contra a esperança e não desanimou.

Qual foi a atitude de Jesus para com esse leproso? Jesus demonstrou uma compaixão profunda (Mc 1:41): “E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero, sê limpo!”. Jesus sentiu compaixão pelo leproso em vez de pegar em pedras para o expulsar da sua presença. Jesus sentiu profundo amor por esse pária da sociedade em vez de sentir náuseas dele. Todos tinham medo dele e fugiam dele com náuseas, mas Jesus teve profunda compaixão e o tocou.

O real valor de uma pessoa está em seu interior e não em sua aparência. Embora o corpo de uma pessoa possa estar deformado pela enfermidade, o seu valor é o mesmo diante de Deus. Jesus não considerava ninguém indigno, quer leproso, ou cego, surdo ou paralitico. Ele veio ao mundo para ajudar, curar e salvar. Alguém disse que “as pessoas não estão perdidas porque elas são muito más para serem salvas, mas estão perdidas porque não querem vir a Cristo para erem salvas”.

Mesmo que todos rejeitem você, Jesus se compadece. Ele sabe o seu nome, seu problema, sua dor, suas angustias, seus medos. Ele não o escorraça. Portanto, não corra de Deus, corra para Ele. Não fuja de Jesus, prostre-se aos seus pés. Ele convida: “vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11:28).

2. Manifestação messiânica. Lucas nos mostra outra justificativa do poder de Jesus sobre as doenças: a revelação da sua natureza messiânica. Veja o aspecto messiânico de Jesus na cura do cego de Jericó (Lc 18:38-42). Este não era somente cego, também era mendigo (Lc 18:35). Faltava-lhe luz nos olhos e dinheiro no bolso. Estava entregue às trevas e à miséria. Vivia a esmolar à beira da estrada, dependendo totalmente da benevolência dos outros. Um cego não sabe para onde vai, um mendigo não tem aonde ir.

Esse homem não era apenas cego e mendigo, também não tinha nome; ele era conhecido apenas por filho de Timeu (Mc 10:46). Desta feita, esse homem estava também com sua autoestima achatada. Portanto, não tinha saúde, nem dinheiro, nem valor próprio. Ele carregava não apenas sua capa, mas também seus complexos, seus traumas, suas feridas abertas.

Um detalhe importante deve ser destacado: aquela era a última vez que Jesus passaria por Jericó (Lc 18:37). Era a última vez que Jesus subiria a Jerusalém. Portanto, aquela era a última oportunidade de Bartimeu. Não há nada mais perigoso do que desperdiçar uma oportunidade. As oportunidades vêm e vão. Se não as agarrarmos, elas se perderão para sempre.

Bartimeu clamou: “Jesus Filho de Davi, tem misericórdia de mim” (Lc 18:38; Mc 10:47). O fato de esse cego mendigo chamar Jesus de “Filho de Davi” revela que ele reconhecia Jesus como o Messias. Este era um título messiânico. Não há nenhuma cura de cego no Antigo Testamento; os judeus acreditavam que tal milagre era um sinal de que a era messiânica havia chegado (Is 29:18; 35:5).

Apesar de cego, Bartimeu enxergou mais do que os sacerdotes, escribas e fariseus. Estes tinham olhos, mas não discernimento. Muitos que haviam testemunhado os milagres de Jesus estavam cegos a respeito da sua identidade, recusando-se abrir seus olhos para a verdade.

Bartimeu era cego no corpo, mas enxergava com os olhos da alma. Os olhos do seu entendimento estavam abertos. Ele viu coisas que Anás, Caifás e as hostes de mestres em Israel não viram.

Bartimeu compreendeu que Jesus, o Messias, tinha poder e autoridade para dar-lhe visão. Ele foi curado por Cristo (Lc 18:42). Saiu de uma cegueira completa para uma visão completa. Num momento, cegueira total; no seguinte, visão intacta. A cura foi total, imediata e definitiva.

Mas Jesus não apenas curou e cegueira física de Bartimeu, também perdoou os seus pecados, salvou a sua alma: “...a tua fé te salvou” (Lc 18:42). Jesus diagnosticou uma doença mais grave e mais urgente do que a cegueira física. Não apenas os olhos de Bartimeu estavam em trevas, mas também a sua alma. Ele foi buscar a cura para seus olhos, e encontrou a salvação da sua alma. Diz o texto lucano: “E logo viu, e seguia-o, glorificando a Deus” (Lc 18:43).

Bartimeu viu, com os olhos da alma, que Jesus era o Messias esperado, o Todo Poderoso Deus. Você tem os olhos da sua alma abertos? Pedro adverte: “para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso, alcançando o fim da vossa fé, a salvação da alma” (1Pedro 1:7-9).

III. AUTORIDADE PARA CURAR

A saúde do homem é um objetivo perseguido por Deus quando do estabelecimento do plano da salvação. O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29), ao tirar o pecado, haveria, também, de tirar tudo aquilo que era consequência do pecado, ou seja, a morte física e o seu corolário, que é a doença. Não é por acaso que, durante Seu ministério terreno, Jesus tenha, por diversas vezes, curado enfermos, como comprovação de que Seu trabalho, sobre a face da Terra, era restaurar aquele estado anterior ao pecado, um estado onde a doença simplesmente inexistia (Mt 8:16,17; Mc 1:34; Lc 7:21). Na sua feliz síntese do ministério de Cristo, o apóstolo Pedro não deixou de lembrar que Jesus “… andou fazendo bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele” (At 10:38b).

Essa autoridade foi delegada à Igreja. Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13:8) e prometeu estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28:20), tendo, como uma de suas missões, a de cooperar com o trabalho evangelizador da Igreja (Mc 16:20), e esta cooperação se dá através da realização de curas, sinais e maravilhas, que confirmem a Palavra que é pregada.

A história da Igreja está repleta de exemplos de que, quando os crentes passaram a buscar a Deus de forma mais decidida, orando, jejuando e se santificando, Deus promoveu grandes avivamentos, sempre acompanhados de sinais e maravilhas, de que é prova, aliás, o avivamento pentecostal, que já tem mais de 100 anos de existência, embora, tenhamos de admitir, que nestes últimos dias da Igreja, pela falta de persistência, não vemos mais sinais e maravilhas como no passado. Todavia, Jesus continua a ser Aquele que foi dar saúde ao criado do centurião romano (Mt 8:7), o mesmo que foi anunciado por Pedro e que deu saúde para Enéias (At 9:34). O Seu propósito é fazer com que os milagres que ocorreram em seu ministério terreno continuem a acontecer durante a dispensação da graça, que só terminará com o arrebatamento da Igreja.

IV. A REDENÇÃO DO NOSSO CORPO

Vivemos no mundo sujeito às consequências do pecado, e a Terra foi maldita por causa do pecado do homem (Gn 3:17). Portanto, enquanto estivermos aqui estaremos sujeitos às doenças e à morte, todavia, quando o nosso corpo for revestido da incorruptibilidade aí sim, gozaremos para sempre uma vida de plena saúde.

Um dia não haverá mais doenças, nem lágrimas – “E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21:4). No novo Céu e na nova Terra não haverá mais sofrimento. Não haverá mais enfermidades, defeito físico, cansaço, fadiga, depressão, lágrimas. Não haverá choro nas ruas da Nova Jerusalém. Este mundo é um vale de lágrimas. Muitas vezes encharcamos o nosso leito com nossas lágrimas. Choramos por nós, por nossos filhos, nossa família, nossos amigos. Entramos num mundo chorando e saímos dele com lágrimas, mas no Céu não haverá lágrimas. Deus é quem vai enxugar nossas lágrimas. Aleluia!

No Novo Céu e na Nova Terra não haverá luto nem morte (Ap 21:4). A morte vai morrer e nunca vai ressuscitar. Ela será lançada no lago de fogo e enxofre. Ela não poderá mais nos atingir. Seremos revestidos da imortalidade. No Céu não haverá vestes mortuárias, velórios, enterros, cemitérios. No Céu não há despedida. No Céu não há separação, acidente, morte, hospitais. Diante de uma esperança tão gloriosa da redenção do nosso corpo, o que poderíamos dizer? “Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap 21:20).

“A ressurreição de Cristo mediante o Espírito é a garantia de que seremos ressuscitados e transformados de tal maneira que nosso corpo ressuscitado será imortal e incorruptível (1Co 15:42-44,47,48,50-54). Nosso novo corpo será tão diferente do atual quanto a planta é diferente da semente (1Co 15:37).

O corpo ressurreto do crente também é descrito como ‘espiritual’ em contraste com o nosso corpo ‘natural’. Geralmente concorda-se que ‘espiritual’ não significa ‘consistente em espírito’, pois esse corpo não é imaterial, ou sem densidade. Os discípulos sabiam por sua própria experiência que o corpo ressurreto de Cristo era real e palpável – não era fantasma, mas diferente, ajustável tanto à terra quanto ao céu, e não limitado às atuais condições de tempo e de espaço. Por isso, nosso corpo ressurreto é chamado ‘celestial’” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, 1 ed. Rio de Janeiro. CPAD, pp 615,616).

CONCLUSÃO

A cura divina não é um fim em si mesmo. Não se trata de uma promessa sem finalidade ou propósito a não ser a remoção da doença, mas o seu objetivo é a glorificação do nome do Senhor, a confirmação da palavra da pregação, a comprovação da presença de Deus no meio do seu povo. Jesus cura para que o nome de Deus seja glorificado e engrandecido. Todavia, muitas vezes, a glorificação do nome de Deus vem não pela cura física, mas, sim, pela morte de um justo. Não podemos querer saber os desígnios de Deus nem discutir porque Deus fez assim ou daquele outro modo, pois, se o fizermos, seremos como o caco de barro que discute o que deve fazer o oleiro. A grande segurança da fé em Cristo está na certeza de que, vivendo ou morrendo, o bem supremo de nossa vida é o Senhor, de modo que tudo é lucro, no dizer apostólico (Fp 1:21-27).

------

 Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 62. CPAD.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD

Comentário Lucas – à Luz do Novo Testamento Grego. A.T. ROBERTSON. CPAD

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

John Vernon McGee. Através da Bíblia – Lucas. RTM.

Leon L. Morris. Lucas (Introdução e Comentário). VIDA NOVA.

Hernandes Dias Lopes. MARCOS – O Evangelho dos Milagres.

HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal.CPAD.

domingo, 3 de maio de 2015

Aula 06 – MULHERES QUE AJUDARAM JESUS


2ºTrimestre/2015

Texto Base: Lucas 8:1-3

 
“E também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades... e muitas outras que o serviam com suas fazendas” (Lc 8:2,3).

 

 

INTRODUÇÃO

 

Lucas 8:1-3 descreve que um grupo de mulheres, de forma desinteressada, ajudou Jesus em seu ministério evangelístico. É muito possível que a hostilidade cada vez maior da parte da instituição das sinagogas tivesse levado Jesus a concentrar-se em pregar e ensinar ao ar livre (Lc 8:1). Nessa ocasião, foi acompanhado pelos Doze e por algumas mulheres as quais curara. Lucas cita o nome de algumas delas, mas ele mesmo diz que havia muitas outras, que lhe prestavam assistência com os seus bens (Lc 8:3). Estas mulheres correspondiam em amor e gratidão aquilo que Jesus fizera para elas (cf. Mc 15:40,41). Elas não se sentiram constrangidas a renunciar os seus bens para servir ao Senhor. O fato de um grupo e mulheres serem citadas como seguidoras de Jesus mostra que a missão do Filho do Homem não se limitou aos excluídos economicamente, mas também àquelas pessoas que haviam sido excluídas socialmente.

I. JESUS, JUDAÍSMO E AS MULHERES

1. A presença feminina no ministério de Jesus.. As mulheres sempre estiveram ao lado do Senhor Jesus. Desde o seu nascimento, elas o acompanhavam. Quando Ele foi apresentado no templo, a Bíblia relata que ali estava a profetisa Ana, segundo registro de Lucas 2:36-38.

Elas o serviam: “Então Maria, tomando uma libra de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pós de Jesus e enxugou-lhe com os cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento” (João 12:3).

Elas contribuíam com suas ofertas: “… e também o seguiam algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com suas fazendas” (Lc 8:2-3).

Elas estavam presentes na sua morte e também na sua ressurreição - Mateus 27:55,56 relata: “Estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que o tinham seguido desde a Galiléia, para o servir. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José e mãe dos filhos de Zebedeu”.

Foi a uma mulher que Jesus apareceu pela primeira vez após a ressurreição: “Disse-lhe Jesus: Maria. Ela, voltando-se, disse-lhe: Mestre... Maria foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor” (João 20:15-18).

Portanto, a presença feminina no ministério de Jesus é indubitável.

2. Jesus valorizou as mulheres. Os rabinos recusavam-se a ensinar as mulheres, e geralmente lhes atribuíam um lugar de inferioridade. Nos cultos da sinagoga só os homens tinham permissão de participar plenamente. Nem mesmo lhe era permitido aparecer em público descoberta, sendo dessa forma impossível ver a sua fisionomia. A mulher não tinha voz nem rosto. Até hoje, a tradição rabínica não permite que as mulheres se "apossem" de um rolo da Torá (Livro da Lei) para orarem junto ao lugar mais sagrado para o judaísmo - o Muro das Lamentações. Todavia, Jesus veio para mudar tudo isso. Na verdade, Jesus promoveu uma verdadeira inversão de valores naqueles dias. O objeto passou a ser sujeito. Ele livremente admitia as mulheres à comunhão e aceitava o serviço delas, como se vê no registro de Lucas 8:1-3. Aqui, Lucas quis mostrar que o cristianismo rompeu com a prática do judaísmo, que afastava as mulheres dos assuntos religiosos.

João 4:5-42 descreve o diálogo de Jesus com a mulher samaritana. Ela era uma pessoa que tinha tudo para ser relegada ao desprezo. Além de pagã, essa mulher (inimiga dos judeus) tinha uma vida totalmente desregrada. Ao acolher a samaritana, naquelas condições, Jesus abriu caminho para que ela pregasse o seu Evangelho ao povo a que ela pertencia, o que pode ser visto em João 4:26-29 - “Deixou, pois, a mulher o seu cântaro e foi à cidade e disse àqueles homens: Vinde e vê um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura não é este o Cristo? Saíram, pois, da cidade e foram com ter com ele”. É interessante constatarmos que as pessoas que são libertas, que são salvas por Jesus, transformam-se em seguidoras dEle; em proclamadoras do reino de Deus, usando os recursos que tem em suas mãos. Você se sente liberto por Jesus? Você tem seguido a Jesus de forma secreta ou pública? Está comprometida com a expansão do reino de Deus?

II. MULHERES COM DISPOSIÇÃO PARA OBEDECER

1. Maria, a mãe do Salvador. Ser a mãe do Salvador era o desejo de qualquer mulher israelita. O povo esperava um Messias da linhagem de Davi, porém um Messias ditatorial, guerreiro, libertador, déspota, invencível, mas nunca jamais imaginaram vir o Messias de alguma cidade da Galiléia, a Galiléia dos Gentios (Mt 4:15), principalmente de uma família pobre de Nazaré. O povo de Jerusalém desdenhava os judeus da Galiléia e dizia que eles não eram puros, em virtude do seu contato com os gentios. Eles especialmente desprezavam os habitantes de Nazaré (João 1:45,46), mas Deus, em sua graça, escolheu uma jovem pobre, da pequena cidade de Nazaré, na pobre região da Galiléia, para ser a mãe do Messias prometido. Essa escolha teve sua origem na graça de Deus e não em qualquer mérito dela. Deus não chama as pessoas porque são especiais, mas elas se tornam especiais porque Deus as chama.

Quando o anjo aparece a Maria, pela primeira vez, quando da escolha para ser a mãe do Salvador ele diz: “...Salve, agraciada; o Senhor é contigo” (Lc 1:28). Agraciada significa favorecida, não merecedora, pois graça significa favor não merecido. Observe, também, que a mensagem do anjo estava na criança, e não em Maria. O Filho seria grande, não ela (Lc 1:31-33). O nome da criança resumia o propósito do seu nascimento. Ele seria o Salvador do mundo (Lc 1:31; Mt 1:21). O anjo revela a Maria que a concepção seria um milagre. Disse-lhe o anjo: “Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus” (Lc 1:35).

De todos os úteros da terra, o útero de Maria foi escolhido para ser o ninho que ternamente acalentaria o Filho de Deus feito homem. A serva de Deus, Maria, se apresenta, bate continência ao Senhor dos Exércitos e se coloca às suas ordens: “Disse então Maria. Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1:38). Ela se entrega por completo, sem reservas ao Senhor. Ela está pronta a obedecer e oferecer sua vida, seu ventre, sua alma, seus sonhos ao Senhor. Ela está disponível para Deus. Ela está pronta a sofrer riscos, a desistir dos seus anseios em favor dos propósitos de Deus. Ela está pronta a ser uma sócia de Deus, não uma igual com Deus, mas uma serva. Ela diz: “cumpra-se em mim conforme a tua palavra”. Estes termos mostram que ela estava disponível para Deus.

Maria arriscou tremendo reveses em sua vida quando se propôs em fazer a vontade de Deus: ser a Mãe do Salvador do mundo, o Messias.

- Risco de censuras do povo. Ao aparecer grávida na cidade de Nazaré Maria estava exposta às mais aviltantes censuras, haja vista que o anjo apareceu somente a ela, e não ao povo de um modo geral. Imagine explicar uma gravidez, não explicável, para sua família! Maria passou um tempo da sua vida sob uma nuvem de suspeita por parte da família e dos vizinhos.

- Risco de ser abandonada pelo seu noivo, José, por não acreditar em sua gravidez milagrosa. Já que assumiu o compromisso de obedecer a Deus, como enfrentar o homem que amava e lhe dizer que estava grávida e que ele não seria o pai? Certamente, não foi fácil! Mas ela estava disposta a sofrer o desprezo e a solidão. Na verdade, José não acreditou em Maria, pois resolveu abandoná-la (Mt 1:19). Mas, o anjo apareceu para ele e lhe contou a verdade e ele creu na mensagem do anjo e nas palavras de Maria (Mt 1:20). A Bíblia não registra nenhuma palavra direta de José. Ele simplesmente obedeceu.

- Risco de ser apedrejada em público. O risco de Maria ser apedrejada era enorme, pois esse era o castigo para uma mulher adúltera. Como ela já estava comprometida com José (Mt 1:19), ele poderia, com base nos ditames da Lei Mosaica, mandar apedrejá-la. A Lei era enfática: “Se houver moça virgem desposada e um homem a achar na cidade, e se deitar com ela, trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis até que morram: a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu próximo. Assim exterminarás o mal do meio de ti” (Dt 22:23,24). Percebe-se que Maria dispôs-se a pagar um alto preço por sua obediência ao projeto de Deus. Maria era uma jovem pobre, agora grávida, com o risco de ser abandonada pelo noivo e apedrejada pelo povo. Mas ela não abre mão de ir até o fim, de lutar até a morte, de sofrer todas as estigmatizações possíveis para cumprir o projeto de Deus.

2. Isabel, a mãe do precursor. Em uma sociedade como a israelita, em que o valor de uma mulher era largamente medido por sua capacidade de gerar filhos, não ter um filho frequentemente levava ao sofrimento pessoal e à vergonha pública. Para Isabel, avançar em idade sem ter filhos foi doloroso e solitário, mas ela permaneceu fiel a Deus.

Em Lucas 1:6 lemos o seguinte a respeito de Zacarias e Isabel: “Ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor. Eles estavam em comunhão com Deus”. Eles oravam constantemente por um filho, e a oração desse casal foi ouvida. Disse o anjo a Zacarias: - “Isabel tua mulher, te dará à luz um filho, a quem darás o nome de João” (Lc 1:13). Quando o seu bebê nasceu Isabel insistiu em dar-lhe o nome ordenado por Deus: João. Ao concordar, Zacarias voltou a falar, e todos na cidade se perguntaram o que aquela criança tão especial se tornaria. Isabel sussurrava seu louvor a Deus ao cuidar do presente que recebera dEle. As coisas aconteceram muito melhor do que ela poderia planejar.

Assim como Maria, Isabel foi uma mulher muito especial. Ela não mostrou dúvida alguma sobre a capacidade que Deus tem de cumprir as suas promessas. Ela foi obediente e sua obediência foi recompensada.

Nós também precisamos nos lembrar de que Deus está no controle de todas as situações. Quando você parou pela ultima vez para reconhecer a providencia de Deus nos acontecimentos de sua vida?

III. MULHERES COM DISPOSIÇÃO PARA SERVIR

1. Mulheres servas. As mulheres aparecem com frequência no Evangelho de Lucas a serviço do Mestre. O próprio texto base desta Aula (Lc 8:1-3) demonstra isso, tendo como principal destaque Maria Madalena. Elas serviam ao Senhor com pleno amor, devoção e como expressão de gratidão. Mas quero aqui destacar uma mulher que serviu ao Senhor com aquilo que ela mais sabia e podia fazer. Estou falando da sogra de Pedro. Certa feita, Jesus foi à casa de Pedro e chegando lá estava a sogra de Pedro com febre. Jesus expulsou a febre como se fosse um espírito maligno (Lc 4:38,39). E qual foi o resultado de uma vida livre do mal? A sogra de Pedro se levantou e começou a servi-los. Ela serviu a Jesus e aos que estavam com Ele. Essa mulher, certamente idosa, se dispôs a servir a Jesus servindo os outros. Ela se tornou um exemplo para nós. Quando queremos servir e trabalhar por Jesus, sem dúvida temos que agir de modo prático, e a prática é ajudar os outros; é participar do projeto de Jesus de anunciar as boas-novas de libertação, mesmo sem estar na linha de frente anunciando o evangelho.

A sogra de Pedro passou imediatamente a servi-los quando foi curada. Com o que sabia fazer ela serviu. Você tem colocado diante do Senhor os seus dons, as suas habilidades e capacidades para ajudar a proclamar as boas-novas do reino? Você não precisa ser um missionário, um pastor ou um professor de teologia. Não! Com o que Deus lhe tem dado você pode servir. Ele quer que você multiplique os talentos que lhe concedeu! É isso que deve acontecer com a vida de cada um que é tocado pela mão poderosa de Jesus.

2. Mulheres abnegadas. É difícil destacar uma só mulher que não serviu ao Senhor de forma desinteressada. A abnegação era uma característica marcante nas mulheres que serviam ao Senhor Jesus. Mas quero aqui destacar a atitude de mulher, que é registrado apenas por Lucas: trata-se da mulher pecadora que ungiu os pés de Jesus por ocasião de uma refeição na casa de um fariseu chamado de Simão (Lc 7:36-50). Uma refeição tal qual aquela que Jesus estava participando não era particular. As pessoas podiam entrar e ver o que estava acontecendo. Entretanto, uma prostituta não seria benvinda na casa de Simão, de modo que exigia coragem chegar até lá. A mulher levou um vaso de alabastro com unguento. Muitas mulheres judias usavam um pequeno frasco de perfume em um cordão ao redor do pescoço. Este vaso com unguento deve ter sido um grande valor para esta mulher.

Embora a mulher não fosse uma convidada, ainda assim ela entrou na casa e ajoelhou-se por detrás de Jesus, aos seus pés. As pessoas estavam reclinadas para comer, de modo que a mulher ungiu os pés de Jesus sem aproximar-se da mesa. Ela começou a chorar, e a regar-lhe os pés com lágrimas, e os enxugou com os cabelos. Esta mulher compreendeu que Jesus era muito especial. Talvez ela, como uma pecadora, tivesse vindo a Jesus com grande tristeza pelos seus pecados. Ela pode ter vindo a Jesus agradecida por ter sido perdoada, e por isto ofereceu a Ele o seu unguento caro, o melhor que ela tinha. Foi um ato de sacrifício. Lavar os pés de Jesus era um sinal de profunda humildade – este era o trabalho de um escravo. É uma conjectura razoável que Jesus fizera esta mulher voltar-se dos seus caminhos pecaminosos, e que tudo isto era a expressão do amor e da gratidão dela. A gratidão é um sinal da conversão. Você é grato a Deus por sua salvação?

Algumas deduções são possíveis a partir desse texto (extraído do livro: Lucas – o Evangelho de Jesus, o Filho do Homem – pg.79/80):

1. A mulher pecadora era “cobiçada” pelos homens, mas não se sentia amada por Deus. Não há dúvida de que essa mulher, sempre disponível para os homens, sendo cobiçada por eles, não se sentia uma mulher amada. É somente quando ela encontra o Senhor Jesus que ela de fato vai saber o que é se sentir realmente amada. Jesus fez com que a mulher pecadora se sentisse perdoada por Deus.

2. A mulher pecadora levava consigo um frasco de perfume, mas não conseguia encobrir o fedor do seu passado. O fariseu que convidou Jesus, ao observar a cena da mulher ungindo o Senhor, pensou: “Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora”. Pela lei, aquela mulher de fato era uma pecadora! O fariseu e todos os presentes ali sabiam disso. Parece que aquela mulher fedia a pecado. Foi somente quando teve o contado com o Mestre que o seu pecado e consequentemente o seu passado foram esquecidos diante de Deus. Agora ela não fedia mais a pecado, mas tornara-se o bom perfume de Cristo (2Co 2.15).

3. A mulher pecadora vendia o seu corpo, mas não conseguia comprar a paz. O que de fato essa mulher procurava e buscava com intensidade era encontrar a paz! Ela tinha os homens à sua volta, ganhava dinheiro com seu corpo, mas não conseguia encontrar a paz. Jesus mostra-lhe que ser amada por Deus e perdoada por Ele é o que importa. A paz vem quando o perdão de Deus é derramado em seu coração.

4. A mulher pecadora aprendeu que a Lei condena, mas a graça perdoa. A Lei puniu aquela mulher, a graça a perdoou! A Lei a excluía, a graça a abraçou! A Lei foi dada através de Moisés, a graça e a verdade vieram através de Jesus Cristo (João 1.17).

IV. MULHERES COM DISPOSIÇÃO PARA OFERTAR

A imagem de mulheres viajando com Jesus e seus discípulos deve ter sido completamente atípica para os rabinos. Estes se recusavam a ensinar mulheres, porque elas geralmente eram consideradas inferiores. Jesus, entretanto, elevou as mulheres de uma condição de degradação e servidão à comunhão e ao serviço a Deus. Ao permitir que estas mulheres viajassem com Ele, Jesus estava mostrando que todas as pessoas são iguais diante de Deus. Estas mulheres apoiavam o ministério de Jesus com o seu próprio dinheiro. Elas tinham uma grande dívida para com Ele porque algumas haviam sido curadas de espíritos malignos e outras de enfermidades.

Lucas destacou três mulheres: Maria Madalena – da qual Jesus tinha expulsado sete demônios; Joana - esposa de Cuza, que era procurador de Herodes (ou administrador). Este homem, que é mencionado somente em Lucas 8:3, pode ter estado encarregado de uma propriedade de Herodes Antipas. Joana é também mencionada em Lucas 24:10 como uma das mulheres que, juntamente com Maria Madalena, avisou aos discípulos da ressurreição de Jesus; Suzana - que não é mencionada em nenhuma outra parte das Escrituras, e nada se sabe a seu respeito. Talvez Lucas tenha destacado estas três mulheres porque elas podem ter sido conhecidas dos seus leitores. Todas estas mulheres serviam a Jesus com seus bens, com suas ofertas.

Além destas mulheres havia muitas outras que, com os seus próprios recursos, ajudavam Jesus e os seus discípulos. Isto nos dá uma ideia de como Jesus e seus discípulos tinham suas necessidades satisfeitas. João 13:29 revela que Jesus e os discípulos tinham um fundo comunitário (uma bolsa) com que compravam comida e davam aos pobres, e que Judas Iscariotes era o tesoureiro. Essa passagem fala da origem deste fundo. Pessoas como as mulheres listadas aqui davam dinheiro a Jesus e aos discípulos por gratidão pelo que Jesus tinha feito a elas. Chamamos isso de gratidão demonstrada. Gratidão demonstrada com atitudes. Como você tem demonstrado sua gratidão pelos benéficos que Ele tem feito por você? Há algum bem maior que a Salvação? Creio que não!

CONCLUSÃO

Não há como negar: Jesus valorizou a mulher como homem algum jamais o fez. Ela deixou de ser objeto para ser sujeito. Lucas nos mostra que as mulheres tiveram uma participação expressiva na implantação do Reino de Deus. Na igreja primitiva, o ministério das mulheres foi amplamente fortalecido. Elas eram dedicadas à obra de Deus e exerciam seus ministérios com o apoio das lideranças da época. A relação é extensa e inclui, entre outras, Febe (Rm 16:1-2), Lóide e Eunice (2Tm 1:5), Maria, mãe de João Marcos (At 12:12); Priscila que juntamente com o esposo, Áquila, passou a doutrina para várias outras pessoas, inclusive para um intelectual e culto homem de Alexandria chamado Apolo (At 18:26); Lídia (Atos 16), a primeira pessoa convertida na Europa. A sua casa foi o primeiro local de reuniões das igrejas na Europa. Todas essas mulheres atuavam nas áreas de ensino, na evangelização, intercessão e contribuição financeira, com amor e dedicação. São exemplos que ficam para sempre e nos quais podemos nos espelhar para servir a Deus.

---------

Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 62. CPAD.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD

Comentário Lucas – à Luz do Novo Testamento Grego. A.T. ROBERTSON. CPAD

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

John Vernon McGee. Através da Bíblia – Lucas. RTM.

Leon L. Morris. Lucas (Introdução e Comentário). VIDA NOVA.

 

 

 

 

domingo, 26 de abril de 2015

Aula 05 – JESUS ESCOLHE OS SEUS DISCÍPULOS


2º Trimestre/2015

 
Texto Base: Lucas 14:25-35

 

“E qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lc 14:27)

 

INTRODUÇÃO

A escolha dos doze homens para atuar como apóstolos de Jesus foi um acontecimento central no ministério de Jesus. A escolha foi feita após uma noite inteira em oração (Lc 6:12-16). Ao amanhecer, Jesus chamou a si os seus discípulos. Jesus orava a noite toda antes de tomar uma decisão importante como essa. Ora, se Jesus, sendo o perfeito Filho de Deus, passou uma noite toda em oração ao Pai, para tomar uma importante decisão, quanto mais nós, com nossas fraquezas e nossos fracassos, precisamos orar muito e cultivar uma íntima comunhão com nosso Pai celestial.

Um discípulo era um aprendiz, um estudante. Segundo Leon L. Morris, “no século I, o estudante não estudava simplesmente uma matéria; estudava com um mestre. Há um elemento de ligação pessoal no ‘discípulo’ que falta no ‘estudante’. Do grupo maior de adeptos, Jesus escolheu doze. A esses doze Jesus deu o nome de apóstolos; o termo é derivado do verbo ‘enviar’ e significa ‘uma pessoa enviada’, ‘um mensageiro’”.

A lista dos escolhidos por Jesus para ser apóstolos não é muito impressionante do nosso ponto de vista. A maioria deles deixou pouquíssimas marcas na história da igreja. Jesus escolheu quatro pescadores (Pedro, André, Tiago e João); um coletor de impostos (Mateus); um nacionalista extremado (Simão Zelote); Filipe, que às vezes parecia muito difícil de entender as coisas (João 6:5-7; 12:21-22; 14:8-9); Tomé, que em geral parecia pessimista (João 11:16; 14:5; 20:24-29); Judas, que o traiu, e; três outros, a respeito de quem simplesmente não sabemos coisa alguma. É óbvio que Jesus não levava em conta o sucesso do mundo, a inteligência, etc., como critério importante para ser útil a ele. Jesus preferia operar, naqueles tempos como também agora, através de pessoas perfeitamente comuns.

Os escolhidos foram as pedras fundamentais da Igreja, e sua mensagem encontra-se nos escritos do Novo Testamento, como testemunho original e fundamental do evangelho de Cristo, válido para todas as épocas. O Evangelho concedido a esses escolhidos por Cristo, mediante o Espírito Santo, é a fonte permanente de vida, verdade e orientação à igreja. Isso prova que as escolhas de Deus são muito diferentes daquelas feitas pelos homens. Afinal, Ele olha para o interior das pessoas e não para as aparências, como nós fazemos.

I. O MESTRE

A ênfase que Jesus deu ao ensino ressalta do fato de em geral ser ele reconhecido como Mestre. Ele foi mesmo chamado Mestre, Professor ou Rabi; e tudo isto, traz em seu bojo a mesma ideia geral expressa por Nicodemos quando disse: "Rabi, sabemos que és mestre vindo da parte de Deus" (João 3:2). Jesus a si mesmo se chamava Mestre, dizendo: "Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou" (João 13:13).

1. Seu ensino. Jesus foi o maior Mestre que já viveu. Sua missão era instruir aos outros como conhecer a Deus. Sua mensagem principal era que Deus queria nos amar e nos conhecer. Ele ensinava enquanto andava com os seus seguidores. Ele ensinava em qualquer lugar e a toda hora — no Templo, nas sinagogas, no monte, nas praias, na estrada, junto ao poço, nas casas, em reuniões sociais, em pú­blico e em particular. Ele ensinava em sermões, mas preferia usar uma história ou uma parábola. Ma­teus diz: "Andava Jesus por toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas deles, e proclamando as boas-novas do reino..." (Mt 4:23). Toda a obra de Jesus estava envolvida em atmosfera didática, e não tanto num ar de preleções ardentes, pois observamos que os ouvintes se sentiam à vontade para lhe fazer perguntas, e ele, por sua vez, lhes propunha questões e problemas. “As pessoas ficavam maravilhadas com o ensino de Jesus (Lc 4:22), porque Ele as ensinava com autoridade, e não apenas reproduzia os que os outros disseram. A natureza do seu ensino era diferente – era de origem divina (João 7:16)”.

a) O seu ensino é acessível a todo povo. Ao contrário dos “sabichões” da sua época e dos nossos dias, não queria demonstrar conhecimento, mas tinha por missão fazer com que Deus fosse compreendido pelo povo. Utilizando-se de circunstâncias da vida de seus ouvintes, permitia-lhes enxergar as “coisas de cima”, as realidades espirituais que, se fossem ensinadas em sua profundidade e dificuldade, estariam acima da capacidade de qualquer doutor, como Jesus deixou claro em seu diálogo com o “mestre de Israel” Nicodemos (João 3:9-12).

b) O seu ensino tem uma linguagem acessível, universal. Nunca Jesus fez uso de histórias fantasiosas, de coisas complexas, de enigmas que exigissem capacidade invulgar para decifrá-los. Ele ensinava por Parábolas, ou seja, Ele revelava verdades desconhecidas com base em verdades e fatos conhecidos; eram histórias retiradas do cotidiano, do dia-a-dia dos seus contemporâneos, cuja profundidade é mostrada com elementos absolutamente triviais e simples. Ele usava figuras, ou pessoas que todo povo conhecia, tal como a figura de um Semeador que saiu a semear; da Semente que caiu na boa ou na terra ruim; de um Pastor que perdeu uma ovelha; de um Filho que abandonou a casa de seu pai; de uma Moeda perdida por uma mulher; de um Vestido novo que não podia ser remendado com pano velho; de um Pescador jogando sua rede para pescar; de um Construtor que construiu sua casa sobre a areia. Eram dezenas de historias e de figuras sobejamente conhecidas. Isto é uma eloquente demonstração da “simplicidade que há em Cristo” (2Co 11:3).

Ao contemplarmos este modelo de ensino de Jesus, devemos sempre lembrar que na igreja o ministério do ensino deve ser exercido com simplicidade, pois não será a complicação, a erudição excessiva que conferirá profundidade ao ensino, e as parábolas são a prova disto. A mensagem do Evangelho é para todo o mundo, para toda a criatura (Mc 16:15) e, por isso, temos de usar de uma linguagem facilmente acessível, universal, como eram as parábolas.

c) O Seu ensino é completo, ou seja, não se pode acrescentar coisa alguma ao que Ele ensinou. O que foi ensinado e registrado nas Escrituras não pode mais ser acrescido nem tampouco diminuído. Tanto assim é que o Espírito Santo tem por tarefa tão somente nos fazer lembrar o que foi ensinado pelo Senhor Jesus (João 14:26; 16:13-15) - ou seja, não ensina coisas novas -, mas tão somente nos revela o que foi ensinado. Por isso, não podemos permitir “novos ensinos”, “novas doutrinas”, inovações que nada mais são que “doutrinas de homens” (Cl 2:22) ou “doutrinas de demônios” (1Tm 4:1), trazidos por pessoas que querem nos desviar do verdadeiro e único Mestre: Jesus Cristo. Por isso, não podemos crer nestas invenções, uma das principais características dos dias que antecedem à vinda do Senhor (Mt 24:4,5,11,23-26).

2. Jesus ensinava pelo exemplo. O exemplo é essencial para que o ensino tenha eficácia, e Jesus foi, em todos os aspectos, um exemplo como Mestre, demonstrando na prática as verdades que anunciava. Quando lavou os pés dos discípulos, demonstrou a grandeza do serviço humilde, pois apenas os escravos lavavam os pés daqueles que chegavam de viagem nas estradas poeirentas da Palestina. Quando confrontado por seus inimigos em relação ao pagamento de tributos, pegou uma moeda e deu-lhes uma lição importante acerca do respeito ao Estado.

Quando vemos os preciosos ensinamentos de Jesus no sermão do monte, vemos que Ele demonstrou o verdadeiro e profundo sentido da lei e dos profetas, mas, antes mesmo de anunciar tais lições, fez questão de afirmar que havia vindo para cumprir a lei (Mt 5:17). Diante desta afirmativa, não havia como Seus ouvintes deixarem de vincular o que ensinava com o que Jesus vivia e, ao término do discurso, puderam compreender que Jesus dava exemplo, vivia o que ensinava (1Pe 2:21-24), daí porque Seu ensino era “com autoridade”.

Assim falai, assim procedei (Tg 2:12). Na escola secular, o professor pode ser um mero transmissor de conhecimentos. Na igreja é diferente: o professor tem que ser didático e exemplar. Ensinar não é passar conhecimento simplesmente por meio de uma aula expositiva. É muito mais do que isso. Uma lição fica completa quando existe coerência entre o que é “falado” e o que é “vivido”. César Moisés Carvalho, pedagogo e autor do livro Marketing para a Escola Dominical, editada pela CPAD, disse certa vez que o problema de muitos cristãos de nossos dias não é a ortodoxia – saber fazer o que é certo à luz da Bíblia -, e sim a ortopraxia – viver aquilo que sabemos ser o certo à luz da Bíblia. Aqui reside um dos maiores desafios para os que se dedicam ao ensino.

II. O CHAMADO

A expressão "segue-me" é o principal termo para descrever o chamado para o discipulado (Mc 2:14; 8:34; 10:21). Jesus não chamou os discípulos para prioritariamente fazerem um trabalho, mas para um relacionamento. Ir a Cristo, seguir a Cristo, estar com Cristo é mais importante do que fazer a obra de Cristo. Jesus está mais interessado em quem nós somos do que no que fazemos. Relacionamento precede o desempenho. A vida com Cristo precede o trabalho para Cristo. Santidade pessoal precede ministério cristão. Primeiro damos ao Senhor o nosso coração, depois consagramos a Ele tudo o que temos. Inverter esta ordem é o mesmo que trocar a raiz pelo fruto, a causa pelo efeito.

1. Jesus chama cooperadores para fazer a sua obra (1). Os evangelhos registram três ocasiões em que os discípulos foram chamados:

a) A chamada para a salvação. Essa chamada aconteceu na Judeia e está registrada em João 1:35-51. Jesus chamou André e Pedro e estes deixaram as fileiras de João Batista e o seguiram. Mas nessa ocasião, eles ainda voltaram para a Galileia e continuaram com sua atividade pesqueira.

b) A chamada para o discipulado. Essa ocasião é descrita em Marcos 1:16-20, no Mar da Galileia, quando Jesus chamou Pedro e André, Tiago e João para segui-lo. Esse é o chamado para o discipulado. Eles seriam treinados para serem pescadores de homens. Contudo, somos informados em Lucas 5:1-11, que eles ainda voltaram à pescaria no Mar da Galileia. Foi nessa ocasião que Pedro disse para Jesus: "Senhor, afasta-te de mim, porque eu sou pecador". Em outras palavras, estava pedindo para Jesus desistir dele e buscar alguém mais adequado para a grande missão. Mas Jesus não desistiu de Pedro.

c) A chamada para o apostolado. Esse chamado está registrado em Marcos 3:13-21, quando Jesus separou dentre seus discípulos, doze apóstolos para estarem com Ele e para os enviar a pregar e expulsar demônios. Esse foi o chamado para o apostolado.

2. Jesus chama para o seu trabalho pessoas ocupadas (2). Pessoas escolhidas por Deus para uma missão especial normalmente não são pessoas desocupadas e ociosas. O trabalho de Deus exige energia e disposição. O Senhor chamou a Moisés quando ele estava pastoreando as ovelhas no Sinai (Ex 3:1-14). Chamou a Gideão, quando estava malhando trigo no lagar (Jz 6:11). Chamou a Amós quando estava nos campos de Tecoa cuidando do gado (Am 7:14,15). Tirou Davi detrás das ovelhas para colocá-lo no palácio (Sl 78:70-72). Jesus chamou Pedro e André, Tiago e João quando estavam pescando e consertando as suas redes (Mc 1:16,19).

3. Jesus chama para o seu trabalho pessoas humildes (3). Jesus não foi buscar seus discípulos entre os estudantes de teologia das escolas rabínicas nem dentre a elite sacerdotal. Nem mesmo chamou aqueles de refinado saber, ou possuidores de riquezas, mas recrutou-os das classes operárias, no meio dos pescadores. Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios (1Co 1:26,27).

Os primeiros discípulos de Jesus não tinham riquezas, fama nem poder. Isso prova que o Reino de Deus não depende dessas coisas. A causa de Cristo avança não por força nem por poder, mas pelo Espírito Santo (Zc 4:6). A igreja que começou com poucos pescadores e espalhou-se pelo mundo, só poderia ter sido fundada pelo próprio Deus.

4. O custo do discipulado. Jesus deixa bem claro quais são as implicações envolvidas na vida daqueles que aceitam o chamado para ser seu discípulo. Em Lucas 14:25-27 encontramos Jesus sendo seguido por numerosa multidão. Então, Ele repetiu o que já tinha mencionado em Lucas 9:23-25: “E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lc 14:27). Nessas palavras temos o ápice, a consequência de tudo o que veio antes e de tudo o que viria depois, pois em Lucas 14:33 Jesus afirma: “Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo”. O que Jesus quis dizer é que como discípulos Seus, nós entregamos a Ele a “escritura” de tudo o que possuímos. Deste momento em diante vivemos conscientes de que somos mordomos do Senhor, e que tudo o que possuímos pertence a Ele.

Temos que renunciar inclusive o inchaço do orgulho, a sede de competição, a busca pelos interesses próprios, a segurança representada pelas posses, pela profissão e pela família, incluindo a própria vida (Lc 14:26), isto é, pelo estilo de vida comprometido com os valores terrenos e passageiros. Se temos que renunciar a tudo, então o que é que sobra? Sobra a cruz, ou seja, a disponibilidade para seguir a Jesus até à morte pela causa da justiça (Lc 14:27). Não sobra nem a boa fama, pois a cruz era a sentença para os que ousavam subverter a ordem criada pelo Império Romano. Jesus morreu como um criminoso.

Essas palavras são duras? Claro que são. Mas esse é o evangelho verdadeiro. Não é esse o evangelho que temos ouvido e visto pelos meios de comunicação, que promete “mundos e fundos” que Jesus nunca prometeu aos seus seguidores. O evangelho verdadeiro exige renúncia!

Você está atrás das bênçãos e das vantagens que esses benefícios efêmeros lhe oferecem? Ou está disposto a tomar a sua cruz? Está disposto a sofrer e morrer pelo evangelho, pelo Senhor Jesus? Você está disposto a seguir a Jesus? Está disposto a continuar seguindo-o? Fez todos os cálculos? Tem assumido o compromisso com Ele? O que Jesus estabelece como requisito para qualquer um de nós sermos seus discípulos é a disposição de renunciarmos a tudo, inclusive a nós mesmos (Lc 9:23,24; 14:27,33). Você está disposto?

Jesus cita duas parábolas para conscientizar sobre o custo de segui-lo (Lc 14:28-32). Na primeira parábola, Jesus diz: “Senta-te e calcula se podes pagar o preço de Me seguir”. Na segunda, diz: “Senta-te e calcula se pode pagar o preço de recusar Minhas exigências”. A lição fica clara. Jesus não deseja seguidores que se precipitam para o discipulado sem pensar naquilo que está envolvido. E fica claro quanto ao custo. O homem ou a mulher que vier a Ele deve renunciar a tudo quanto tem; deve considerar tudo como perda por amor a Ele, de modo que possa entrar na experiência gratificante do discipulado vigoroso. (5)

III. O TREINAMENTO

Os que são chamados à salvação são também convocados para um treinamento a fim de alcançar outros. Disse Jesus: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens" (Mt 4:19). Observe que o tempo do verbo fazer está no futuro. Seguir a Cristo ainda não é ser enviado; isto vem depois. Jesus chama os discípulos para a obra, mas antes os prepara para a obra. É Jesus quem os faz pescadores de homens. Ele é quem os ensina, os equipa, os prepara e os capacita para o trabalho. Eles deixam as redes encorajados pela promessa do Senhor de treiná-los para uma tarefa muito superior à que estavam engajados.

Aqueles discípulos frequentaram a melhor escola do mundo, com o maior mestre do mundo, sobre o mais importante assunto do mundo. O ensino de Jesus não era limitado a uma sala de aula. Ele não era um alfaiate do efêmero, mas um escultor do eterno. Não era um mestre de banalidades, mas o Salvador do mundo. Ele não apenas transmitia informações, mas transformava vidas.

Nessa preparação Jesus andou com os discípulos, comeu com eles, socorreu-os nas suas aflições, exortou-os nas suas dúvidas, encorajou-os em suas fraquezas. Jesus não apenas os treinou com palavras, mas, sobretudo, com exemplo. O exemplo não é uma forma de ensinar, mas a única eficaz.

Simão, o inconstante e covarde, haveria de tornar-se um intrépido apóstolo. João, o filho do trovão, haveria de ser o discípulo amado. Aqueles iletrados pescadores haveriam de revolucionar o mundo. O vaso é de barro, mas o poder é de Deus. Os instrumentos são frágeis, mas a mensagem é poderosa. Os pescadores são limitados, mas a pesca será gloriosa. (4)

IV. A MISSÃO

1. Pregar e ensinar. Jesus não chamou os discípulos para o ócio, mas para o serviço. Chamou-os para um trabalho, um glorioso trabalho: serem pescadores de homens (Mt 4:19). Chamar os pecadores ao arrependimento e oferecer a eles o dom da vida eterna é a mais sublime missão que podemos ocupar na vida.

A mensagem que os discípulos foram desafiados a pregar, não estava baseada em contos humanos, ou em personalidades importantes que a humanidade já teve, mas sim, exclusivamente, baseada no que viram e ouviram de Seu Mestre. Teriam autoridade para falar do perdão, conforme o modelo de perdão que viram n'Ele. Teriam condições de pregar sobre o amor, porque conviveram com quem era o Amor em Pessoa (1João 4:8). Teriam liberdade para desafiar as pessoas a entregar suas próprias vidas pelo Evangelho, com base nas atitudes altruístas de quem deu Sua própria vida por nós (1Co 15:3). Tratava-se verdadeiramente de uma mensagem “cristocêntrica” (centrada na Pessoa e no caráter de Cristo). E é exatamente disso que a humanidade necessita ouvir.

Ganhar almas é o maior negócio deste mundo, o maior investimento. É o mais importante e mais urgente trabalho que se pode fazer no mundo. Pescar pessoas é arrebatá-los do fogo; é tirá-los das trevas para a luz, da casa do valente para a liberdade, do reino das trevas para o reino da luz, da potestade de Satanás para Deus. Engajar-se nesse projeto deve ser a maior aspiração da nossa vida, o maior projeto da nossa história. Quem ganha almas é sábio (Pv 11:30). Quem a muitos conduz à justiça brilhará como as estrelas no firmamento (Dn 12:3).

2. Libertar e curar. A cura divina, tanto para a alma como para o corpo, é uma promessa advinda de Deus (Mt 8:16,17). A Bíblia Sagrada, tanto no Antigo como no Novo Testamento, mostram manifestações de Deus em cumprimento a esta promessa divina. Cristo, em seu ministério terreno, atuou na vida das pessoas curando suas enfermidades (Mt 4:23; 8:16,17). O Senhor também estendeu o ministério da cura divina aos seus seguidores (Mc 16:16-18; Lc 9:2; Mt 10:8). O cumprimento dessa promessa de Jesus é testificado no livro de Atos (At 3:6-10; 14:8-10).

Não se pode deixar de valorizar a cura divina nesta caminhada da Igreja, porém, deve ter como meta a glorificação a Deus (Mt 28:19,20), jamais a promoção humana. Portanto, aqueles que pregam a cura divina não podem esquecer que o maior milagre continua sendo o perdão dos pecados (Mc 2:10-12). Além disso, é bom saber que nem todos são curados. Há exemplo na Bíblia em que apenas uma pessoa, em meio a uma multidão, recebeu essa dádiva, como é o caso do paralítico do tanque de Betesta(João 5:1-8). Isto porque a cura é um ato eminentemente divino e Deus cura a quem e quando lhe apraz.

CONCLUSÃO

Jesus chamou doze homens para estarem com Ele. E não os chamou para um trabalho burocrático ou apenas para uma posição de liderança, mas, sobretudo para um trabalho de ganhar almas, de buscar os perdidos, de arrancar pessoas da morte para a vida. Ganhar almas e vidas para Cristo foi a sublime vocação desses primeiros discípulos.

Lucas relaciona os doze nomes destacando que Judas Iscariotes se tornou traidor (Lc 6:16). Vemos que até mesmo entre os escolhidos para continuar a obra de Jesus havia alguém que iria traí-lo e à sua missão. Devemos, portanto, estar conscientes de nossas convicções pessoais, e ver se estamos dando continuidade ao ministério que Jesus nos delegou ou se o estamos traindo, como Judas fez, em troca de bens circunstanciais. Os rótulos e as aparências não adiantam. Cuidemos para que não ajamos como Judas agiu!

--------

Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 62. CPAD.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD

Lucas (Introdução e Comentário). Leon L. Morris. VIDA NOVA.

Comentário Lucas – à Luz do Novo Testamento Grego. A.T. ROBERTSON. CPAD

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

John Vernon McGee. Através da Bíblia – Lucas. RTM.

(1) Hernandes Dias Lopes. Marcos, o Evangelho dos milagres. Hagnos.

(2) Ibidem

(3) Ibidem.

(4) Ibidem.

(5) Leon L. Morris. Lucas (Introdução e Comentário). VIDA NOVA.