domingo, 16 de outubro de 2016

O Vergonhoso Voto do Brasil na UNESCO


Por: Deborah Srour

 

Nesta última quinta-feira a UNESCO, a Agência da ONU para a Educação, Ciência e Cultura, aprovou uma resolução submetida pelos palestinos, declarando o Monte do Templo e o Muro das Lamentações da cidade de Jerusalém, como locais unicamente sagrados aos árabes e muçulmanos. A UNESCO oficialmente cortou os laços que o Judaísmo e o Cristianismo têm com este local.

Dos 58 membros da UNESCO, 24 votaram a favor, 26 se abstiveram e somente 6 votaram contra! Os heróis foram a Estônia, a Alemanha, a Lituânia, a Holanda, o Reino Unido junto com a Irlanda do Norte e os Estados Unidos.

Esta não é a primeira vez que esta resolução vai ao voto e é aprovada. Em abril deste ano, a versão inicial desta resolução recebeu 33 votos a favor, 17 abstenções e os mesmos 6 contra.

A diferença desta vez é que houve um clamor no mundo cristão o que causou que 7 países trocassem seu voto de a favor para a abstenção, entre eles os países europeus como a França, a Espanha, a Suécia, a Eslovênia e a Argentina na América do Sul.

Mas aparentemente, este clamor não chegou ao Brasil. Nas duas votações a representante permanente do Brasil na UNESCO, a Sra. Eliana Zugaib, de origem árabe e que mora em Paris, com apenas o levantar de sua mão, em nome de todos os brasileiros, ela despedaçou a Bíblia e os Evangelhos e os jogou no lixo.

Na primeira votação em abril, o Brasil ainda tinha ao leme a ignorância personificada, para a qual os fatos, a história, a tradição ou a religião não tinham qualquer significância. O que interessava era a implantação da agência socialista e do alinhamento do nosso país com membros altamente culturais, científicos e educados da UNESCO como a Argélia, Bangladesh, Chade, Irã, Líbano, Moçambique, Nicarágua, Nigéria, Paquistão, Senegal, Sudão e Vietnã.

Aonde está o novo governo Temer, e o novo Ministro das Relações Exteriores José Serra que deveriam ter restaurado a lucidez à política externa do Brasil?

Aonde está a bancada evangélica do Congresso? Será que o Senador Magno Malta, um dos seus líderes, ficou ciente que em seu nome, o governo do Brasil revogou os laços do Cristianismo com Jerusalém?

Daqui para frente, queridos ouvintes cristãos, não se poderá mais dizer que Jesus esteve no Templo fazendo perguntas aos sábios, ou que tenha purificado o Templo expulsando os trocadores de dinheiro. Não poderão nem mesmo dizer que Jesus foi crucificado ou que ressuscitou em Jerusalém. A resolução é clara ao dizer que o Monte do Templo e a Esplanada do Muro das Lamentações são só sagrados para o Islamismo e os muçulmanos. A mídia palestina reitera isso negando que jamais existiu qualquer Templo no local! E ainda, que Jesus não era judeu mas o primeiro mártir palestino da história!

Até a França, que tem que se preocupar com seus constituintes muçulmanos que já são 10% de sua população, desculpou-se por ter votado a favor da resolução em abril e nesta última pelo menos se absteve de votar por este estupro da história e da religião. Mas por que o Brasil votou a favor???

Por que esta obsessão em se aconchegar com o mundo muçulmano, e com os palestinos em particular? Será que devemos a eles uma grande dívida por sua imensa contribuição ao Brasil ou à humanidade? (Como os sequestros de aviões e os homens-bombas).

Ou será que são eles que devem ao Brasil? Sim, porque estes mendigos-chefes receberam R$25 milhões de reais por decreto do governo Dilma em 2010 e depois mais 10 milhões de dólares (outros 35 milhões de reais) para a construção de um hospital de ponta em Ramallah, enquanto os contribuintes destes milhões continuam a morrer na fila dos SUS ou são atendidos no chão dos hospitais por falta de verbas para comprar macas.

Ou será que a obsessão é mesmo com aprovar qualquer resolução por mais absurda que seja, desde que fira Israel e os judeus de algum modo? Mesmo ao preço de negar sua própria tradição, sua própria Bíblia?

Como judia, não posso deixar de lembrar que Jerusalem está mencionada na Bíblia 669 vezes e como Sião outras 154 vezes, totalizando 823 vezes. Durante os dois mil anos de exílio, o povo judeu continuou a rezar três vezes por dia por Jerusalém. A cada nascimento, a cada circuncisão, a cada casamento, a cada morte, sempre Jerusalém.

No Evangelho, Jerusalém está mencionada 154 vezes e Sião 7 vezes. Quantas vezes a cidade está mencionada no Al-Corão??? Nenhuma. Zero. Nil.

A passagem que muitos muçulmanos citam, do sonho de Maomé em que ele teria voado em seu cavalo até a mesquita mais longínqua, que eles interpretam como sendo El-Aqsa em Jerusalém, não faz qualquer sentido porque não só não havia islamismo fora da Arábia Saudita durante a sua vida, como esta mesquita só começou a ser construída em 705, 73 anos após a morte de Maomé.

Mas a coisa não para aí. O próprio Corão reconhece o direito dos judeus à Terra Santa! Sim, vocês leram bem. Então não só esta resolução nega o que está escrito na Bíblia e nos Evangelhos, mas para mais uma investida política contra Israel, a Autoridade Palestina não teve qualquer escrúpulo em negar o que diz seu próprio livro sagrado.

E a verdade é que Jerusalém nunca foi sagrada para o Islamismo. Tanto que quando rezam na mesquita de Al-Aqsa, eles se dirigem para Meca, levantando seu sagrado traseiro para o Domo da Pedra, o local mais sagrado do Templo.

Alguns dos exemplos do Corão são: Sura 29, versículo 47: Quando D-us fala ao povo de Israel ele diz: “Entre, Meu Povo, a Terra Santa que Alá designou para vocês. Não dê as costas à ela ou será sua ruína”. Ou a Sura 5, versículo 21: “Alá assentou os Israelitas na terra abençoada e deu à eles tudo o que era bom”. E a Sura 10, versículo 93: E Alá disse aos Israelitas: Vivam nesta Terra. Quando a promessa do mundo vindouro será cumprida, Eu reunirei todos vocês nesta Terra no Fim dos Tempos”.

Esta resolução não é só uma declaraçãozinha inócua. Ela tem consequências devastadoras para Israel e o mundo cristão.  Em vez de apaziguar, ela irá encorajar mais violência muçulmana em Jerusalém contra judeus e cristãos.

Toda a base legal para a presença judaica nesta Terra é o que está escrito na Bíblia! Para aonde, está escrito, o Messias irá, ou se for cristão, retornará? Para Tel Aviv? Não, para Jerusalem, para o Templo! Imaginem que amanhã, os muçulmanos proíbam o acesso dos cristãos na esplanada do Templo. Como poderão protestar? Se hoje os cristãos aceitam como verdadeira a retórica apresentada pelos palestinos de que nunca houve qualquer Templo ou judeus em Jerusalém, não houve Jesus, ou os apóstolos, ou Maria, ou a crucificação ou a ressurreição!

Para supostamente se alinhar com o terceiro mundo do qual nunca se gradua, o Brasil, um dos maiores países cristãos do mundo, senão o maior, vendeu suas crenças, deu as costas às suas preces, e destruiu suas esperanças.  Ele se curvou à ignorância, ao radicalismo, e para quê??? É esta a minha pergunta. O que o Brasil ganhou com isso??

Mas a sabedoria e a cultura hoje não pertencem a mim. Pertencem à UNESCO. 3.500 anos de história e das tradições judaico-cristãs no Brasil apagadas com o simples levantar do dedo da honorável embaixadora Elaine Zugaib.

Da mesma forma que demos um basta à ignorância e retomamos o leme do nosso destino, temos que questionar nossos parlamentares, nossos senadores, sobre o racional usado e quem foi o responsável por este voto do Brasil. E não faço isso de modo leviano. Todo aquele que ficou escandalizado com esta votação, deveria escrever para seu deputado, seu senador e expressar seu protesto e dizer “Não em meu Nome”. Para que na próxima votação o Brasil não faça mais este papel vergonhoso. Que ele orgulhosamente faça parte daqueles que não comprometem nem seus valores nem os de seu povo.

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Fonte: http://deborahsrour.blogspot.com.br/

 
 
 

 
 
 

domingo, 9 de outubro de 2016

Aula 03 - ABRAÃO, A ESPERANÇA DO PAI DA FÉ


4º Trimestre/2016

Texto Base: Gênesis 12:1-10

 "Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia."(Hb 11.8).

INTRODUÇÃO

Abrão (que depois teria seu nome mudado para Abraão) surge nas Escrituras em Gênesis 11:26, quando é informado que é o décimo da descendência de Sem. Era, portanto, um semita e, diz-nos o texto sagrado que ele habitava em Ur dos caldeus, juntamente com seu pai Tera (ou Terá), na região que hoje pertence ao Iraque e que, ao tempo de Abrão, era o centro da civilização.

Deus escolheu e chamou Abraão quando ele ainda vivia em Ur dos Caldeus (cf. Atos 7:1,2). A mesma palavra que chamou o cosmos à existência agora chama Abraão a trazer uma nação à existência. Deus ordenou que Abrão deixasse sua terra, sua parentela e a casa de seu pai e partisse em peregrinação (Hb.11:9). Deus fez uma aliança maravilhosa com Abrão e lhe prometeu: uma terra (Canaã); uma grande nação (o povo judeu); prosperidade material e espiritual para ele e seus descendentes; um grande nome para ele e sua descendência; transformar os descendentes de Abrão em canal de benção para os outros; bênçãos para os amigos de Israel, mas maldição para os inimigos; todas as famílias da terra seriam benditas em Abrão, fato que apontava para o Senhor Jesus Cristo, descendente de Abraão.

A Bíblia não explica como Deus falou a Abraão, mas provavelmente não foi uma teofania, que usa a fórmula “e o Senhor apareceu e disse”, como ocorre em Gênesis 12:7. A despeito de pertencer a uma família pagã, idólatra, ele creu em Deus firmemente. Abrão não sabia aonde ia, mas obedeceu pela fé (Hb.11:8). Com todas suas falhas e defeitos, a fé de Abraão foi testificada pelo próprio Deus, que o chama de amigo na Sua Palavra (2Cr.20:7; Is.41:8; Tg.2:23), sendo o exemplo a ser seguido pelos fiéis, tanto que o local reservado a eles antes da primeira vinda de Cristo é denominado de “seio de Abraão”, nomenclatura confirmada pelo próprio Jesus (Lc.16:23).

I. A CHAMADA DE DEUS (Gn.12:1-3)

É o aconteci­mento mais importante do Antigo Testamento. A obra da redenção, que fora insinuada no jardim do Éden (Gn.3:15), teve início com a chamada de Abraão. Os primeiros onze capítulos do Gênesis demonstram que Deus se relacionava com a humanidade em geral, sem fazer distinção entre as raças. Tanto o mundo antediluviano como o da torre de Babel ressaltam que, a despeito do progresso material e do nascimento das civilizações, o homem fracassava moral e espiritualmente. Até aqui, o Senhor havia posto os olhos sobre diferentes indivíduos, que eram os meios apropriados para conservar a "semente da mulher" e o conhecimento de Deus. Agora ele muda seus métodos. Chama um homem para formar o povo escolhido mediante o qual realizaria a restauração da humanidade. Na realidade, a Bíblia declara que o "povo escolhido" não se refere somente à descendência carnal do patriarca, mas a todos quantos têm a mesma fé que Abraão tinha, isto é, ele é o pai espiritual de todos os crentes (Rm.4:16; Gl.3:7).

1. Um projeto divino. Deus chamou Abrão, não somente porque queria formar uma nação, mas porque Ele tinha um projeto, que estava em seu “coração” antes da fundação do mundo: a salvação do ser humano. A chamada de Abraão era a continuidade do cumprimento da promessa de Deus, no Éden, de redimir o homem e fazê-lo tornar à comunhão com seu Criador. Fracassada a comunidade única e seu governo humano, que, ao invés de promover a reconciliação com Deus, partiu para o desafio contra o Criador, Deus inicia o trabalho da formação de uma nação diferente das demais, onde manifestasse Seu amor e Seu poder.
Assim, a chamada de Abraão mostra-nos a soberania de Deus, ou seja, a supremacia de Deus sobre todas as coisas. Não havia, não há nem nunca haverá o que possa impedir a realização da vontade divina (Is.43:13).

É válido observar que foi Deus quem chamou Abrão e não o contrário. Esta é uma demonstração de que Deus sempre tomou a iniciativa, pelo Seu tão profundo amor, de procurar o homem, embora sempre tenha sido o homem quem tenha necessitado da presença de Deus. Deus é quem toma a iniciativa de formar uma nação para anunciar o Seu nome a todas as gentes. Este é o Deus a quem servimos: um Deus de amor que quer salvar o homem e, por isso, vai ao seu encontro. Como afirma o chamado “texto áureo da Bíblia”, Deus não somente amou o mundo, mas enviou o Seu Filho para nossa salvação (João 3:16). Portanto, a iniciativa para a salvação do homem é divina.

Com a morte de seu pai, Abrão, já com setenta e cinco anos de idade, começa a sua vida com Deus, vida esta que seria extremamente fecunda e que iniciaria o plano de Deus para a salvação do homem. A partir dele surgiria uma família que se tornaria um povo especial do qual, no tempo próprio, sairia o Salvador do mundo, Jesus Cristo, o “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap.13:8). Desde a fundação do mundo Deus já tinha determinado que Cristo iria morrer como ovelha muda, na cruz do calvário, para pagar os pecados da humanidade. O Cordeiro morreu unicamente para pagar os nossos pecados (Is.53:4-7). Desde a fundação do mundo, Deus já sabia que o homem que Ele criaria iria pecar. Toda esta atitude de Deus foi por amor. Deus possui um amor pelo homem com uma intensidade tão ampla que é praticamente impossível compreendermos. O amor de Deus por nossas vidas é muito maior que toda dor que nós o proporcionamos. Deus nos amou antes mesmo de nós existirmos e continua a nos amar de forma inexplicável de forma incompreensível, de forma divina. Aleluia!

2. O desafio de acreditar no projeto divino. Abraão foi desafiado a crer e obedecer, embora não conhecesse todo o projeto que Deus tinha para sua vida e, por conseguinte, para toda a humanidade. Para que Abrão atendesse ao chamado de Deus, era necessário que ele saísse de sua terra, de sua parentela e da casa de seu pai. É indispensável, para quem quer servir a Deus, que se separe do mundo, que se desvincule totalmente do pecado e do mal, em que o mundo está imerso (1João 5:19). Não é possível alguém querer servir a Deus e não deixar o sistema de vida comprometido com o pecado e com a maldade. Nisto é que consiste a santificação, ou seja, a separação do crente do mundo. Para que Abrão pudesse servir a Deus, era necessário que ele abandonasse a idolatria de seu povo, de sua parentela e da casa de seu pai. Não seria possível que ele pudesse servir a Deus ainda sob os valores que haviam regido sua vida até ali. De igual forma, já que o Deus de Abrão é o nosso Deus, um Deus que não muda e nEle não se vê sombra de variação (Tg.1:17), para servirmos a Deus devemos sempre nos separar do pecado, estarmos no mundo, mas não sermos do mundo (João 17:11,15,16). Este é o primeiro passo e, por isso, devemos estar vigilantes com as ofertas de contemporização e de tolerância com o pecado que o diabo tem apresentado, incessantemente, aos servos do Senhor.

3. Deus chama Abrão, mas respeita o seu livre arbítrio. Embora Deus seja soberano e livre para tomar as Suas decisões, como, por exemplo, o fato de ter escolhido Abrão e não outra pessoa das milhares que existiam no mundo, vemos que Ele respeita, decididamente, a liberdade que deu ao homem, de forma que, embora tenha escolhido Abrão, não o forçou a que obedecesse ao Seu chamado, tendo Abrão decidido partir por sua livre e espontânea vontade. Esta é a grande diferença entre o filho de Deus e o filho do diabo, pois o adversário escraviza o homem, retira a sua liberdade, enquanto que Deus sempre respeita o livre-arbítrio humano que, afinal de contas, é resultado da própria criação divina. O homem foi feito à imagem e semelhança de Deus e esta imagem e semelhança comporta a liberdade, o poder de decisão, como se vê claramente em Gênesis 2:16,17.

4. Um projeto para abençoar as nações. A promessa de Deus a Abraão e a sua benção sobre ele, estendem-se, não somente aos seus descendentes físicos (os judeus), como também a todos aqueles que com fé genuína (Gn.12:3) aceitarem e seguirem a Jesus Cristo, a verdadeira “posteridade” de Abraão (Gl.3:14,16). Todos os que são da fé como Abraão, são “filhos de Abraão” (Gl.3:7) e são abençoados juntamente com ele (Gl.3:9). Tornam-se posteridade de Abraão, herdeiros segundo a promessa (Gl.3:29), o que inclui o receber pela fé “a promessa do Espirito” em Cristo Jesus.

É bom afirmar que a chamada de Abraão envolvia, não somente uma pátria terrestre, mas também uma cidade celestial. Sua visão alcançava um lar definitivo não na terra, mas no Céu, uma cidade cujo artífice e construtor é o próprio Deus. A partir de então, Abraão desejava e buscava uma pátria celestial onde habitaria eternamente com Deus em justiça, alegria e paz (Hb.11:9,10,14-16). Até então, ele seria estrangeiro e peregrino na terra (Hb.11:9,13). E nós, pertencentes à Igreja do Senhor, devemos pensar como Abraão. O apóstolo Paulo pensava assim, a ponto de afirmar aos crentes de Filipos: ”Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp.3:20).

II. A PROVISÃO DE DEUS

1. Abraão sai da sua terra (Gn.12:4-8). Abrão foi considerado o pai da fé porque deixou sua casa, sua parentela, sua terra e foi para um lugar que ainda não lhe tinha sido revelado - “para a terra que eu te mostrarei”. Deus não anunciou a Abrão qual seria essa terra, como também não nos anuncia como será a vida que viveremos neste mundo para sermos instrumento de Sua glória. O fato de não sabermos qual é essa terra, entretanto, é a essência de nossa fé. Somente poderemos ter fé se esperarmos algo, e se não soubermos o que é esse algo, pois se não houver esta esperança, não poderá haver fé (Rm.8:24). É por isso que as Escrituras dizem que andamos por fé e não por vista (2Co.5:7). Devemos, assim, rejeitar toda e qualquer atitude que exija que vejamos a bênção de Deus e a Sua presença a qualquer instante de nossas vidas, pois devemos agir como Abrão: ir, ainda que a terra não nos esteja ainda à vista, pois é nisto que consiste a fé: “o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem” (Hb.11:1).

Algumas verdades podem ser tiradas desta ação obediente de Abrão:

a) Abrão saiu da sua terra, mas não de qualquer maneira, mas “como o Senhor lhe tinha dito” (Gn.12:4). Eis o segredo da vitória do servo de Deus: fazer O que Senhor determinou, mas também COMO o Senhor determinou. Somente podemos afirmar que somos servos de Deus se, além de termos uma vida que agrade a Deus, termos, também, uma forma agradável a Deus, ou seja, fazermos como Ele determinou. Eis a razão pela qual o apóstolo Paulo disse que não devemos nos conformar com este mundo (Rm.12:1), ou seja, não podemos ter a forma, o jeito, a maneira, o modo deste mundo, mas sermos diferentes também na forma. Abrão teve vitória porque fez como Deus mandou. Verdade é que Abrão não agiu exatamente como Deus ordenou, porque as Escrituras informam que, ao partir, “foi Ló com ele”(Gn.12:4), e esta desconformidade a ordem de Deus iria trazer a Abrão sérias consequências. Aprendamos, pois, com Abrão e façamos como o Senhor ordenar. Foi o próprio Jesus quem disse que bem-aventurado é o servo que, quando vier o Senhor, achá-lo servindo “assim” (Mt.24:46).

b) Abraão era rico, mas não pôs o seu coração nas riquezas deste mundo. Davi, que viveu centenas de anos depois de Abraão, disse: “Se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração” (Sl.62:10). E foi isto que Abraão fez. É interessante notar que, ao partir Abrão de Harã para a terra de Canaã, sem saber que esta era a terra que Deus lhe prometeria dar, Abrão saiu com sua mulher, com Ló, com seus servos e sua fazenda, dando a entender que tinha tido prosperidade material durante o tempo em que viveu em Ur e em Harã. Mais uma demonstração de que o objetivo do servo de Deus não é obter prosperidade material, mas, sim, a de atender ao chamado de Deus. Abrão é apontado, sempre, pelos teólogos da prosperidade como um exemplo do acerto de sua teologia. Ledo engano! Muito pelo contrário, a vida de Abrão, que, espiritualmente, se inicia pela sua chamada, mostra que a prosperidade material, embora seja uma dádiva de Deus, é algo irrelevante no serviço espiritual do crente.

c) As promessas de Deus serão cumpridas, mesmo que as circunstâncias preguem o contrário. Abrão passou por Canaã, foi até Siquém, até ao carvalho de Moré e observou que a terra ali era habitada pelos cananeus. Ou seja, aos olhos humanos, não era aquela a terra que Deus lhe mostraria, uma vez que se tratava de uma terra ocupada pelos descendentes de Cão (filho de Noé), ou seja, uma terra que, a princípio, Deus havia destinado para outros que não os descendentes de Sem. Entretanto, nosso Deus é um Deus que não permite que os Seus servos fiquem confundidos ou desorientados. A Bíblia afirma que Deus apareceu a Abrão e lhe mostrou que aquela era a terra que Ele daria à sua semente (Gn.12:7). Profunda promessa esta a de Abrão, vez que Abrão não tinha sequer um filho, que dirá uma semente. A terra estava habitada pelos cananeus, como fez questão de enfatizar o texto bíblico, mas Deus afirma a Abrão que aquela terra, já habitada, seria ocupada pela sua semente, algo até então inexistente e sem qualquer perspectiva de vir a existir. Este é o nosso Deus! Ele faz as coisas que não são existirem, como também o contrário. Deus tem lhe prometido coisas que não existem e que as circunstâncias demonstram não ser possível existir? Olhe para a experiência de Abraão e acrescente a sua fé, pois o nosso Deus é o Deus do impossível e tudo que prometeu fará (Jr.1:12; Mt.24:35).

d) Abrão passou por Canaã, foi até Siquém e ali edificou um altar ao SENHOR. O altar é uma presença constante na vida de Abrão. Em Siquém, Deus lhe apareceu e reafirmou suas promessas. Ao ter tido a presença de Deus, ali edificou um altar ao Senhor. Se Abrão é chamado amigo de Deus é porque tinha o mesmo sentimento de Deus, tinha uma profunda comunhão com o Senhor. Comunhão é o estado em que há uma comunidade de sentimentos, de propósitos, de ideias, ou seja, os sentimentos, os propósitos e as ideias de Abrão e de Deus eram iguais, eram idênticos, eram comuns.

Abrão adorou ao Senhor, edificou um altar ao Deus que lhe aparecera. Temos tido este mesmo comportamento? Temos adorado a Deus com nossa vida, que é o nosso altar nos dias de hoje? Quando Deus Se revela a nós nos cultos, no cotidiano, temos-lhe correspondido construindo um altar nas nossas ações, nos nossos pensamentos, na nossa vida? Se somos “filhos de Abraão”, devemos ter a mesma conduta do patriarca. Mas lembre-se, como diz o conhecido cântico, “em altar quebrado, não se oferece sacrifício a Deus”! Pense nisso!

e) Abraão buscou ainda mais intensificar sua comunhão com Deus: se dirigiu a Betel (Gn.12:8). Após ter edificado um altar a Deus, Abrão, certamente movido pelo Espírito de Deus, já que se encontrava em perfeita sintonia com a vontade divina, não ficou em Siquém, mas se moveu dali para a montanha à banda do oriente de Betel, que não tinha ainda este nome (seria mais tarde Jacó, neto de Abraão, que daria este nome ao lugar, até então conhecido como Luz – Gn.28:19). Em Betel, Abrão invocou o nome do Senhor e edificou um novo altar, mostrando a sua comunhão com Deus. Aqui, Abrão ensina-nos que não basta esperarmos Deus falar conosco. Mesmo estando em comunhão com Ele, torna-se necessário invocá-lo, ou seja, buscá-lo. Embora a iniciativa da salvação do homem seja divina, há uma parte humana de esforço e constância na busca da presença de Deus. Precisamos, por isso, sempre estarmos em atitude de busca da presença de Deus, seja através da oração, do jejum, da consagração, do louvor, da leitura e meditação de Sua Palavra. O homem que, verdadeiramente, serve a Deus, sabe que não é autossuficiente, que depende da misericórdia do Senhor e de uma constante aproximação de Deus. Como disse o salmista Asafe, “para mim, bom é aproximar-me de Deus”(Sl.73:28). É com preocupação que vemos que muitos crentes somente se lembram de buscar a Deus quando vão aos cultos e isto uma vez por semana (e olhe lá!). Devemos buscar a Deus a todo tempo, a todo instante. Conscientize-se disso!

f) Em Betel, Abraão armou sua tenda (Gn.12:8). A tenda é outro elemento que encontramos na vida de Abrão. Observe que Abraão não construiu um império, mas apenas armou sua tenda. A tenda simboliza o desprendimento de Abrão em relação a este mundo. Ele era peregrino na terra, mesmo tendo promessas de Deus de domínio sobre essa mesma terra. Da mesma forma, nós, crentes em Cristo, somos peregrinos nesta terra (1Pd.2:11), não é aqui a nossa morada nem o nosso descanso (Mq.2:10). Será que temos este mesmo desprendimento que tinha Abrão ou o adversário já tem conseguido fazer com que finquemos raízes nas coisas deste mundo e nas coisas desta vida? Qual é o nosso propósito, caminhar para o Céu e desfrutar do que Deus aqui nos traz, mas sem nos prendermos a isto, armando sempre a nossa tenda segundo o movimento do Espírito ou querermos Cristo apenas para as coisas desta vida, vez que a elas estamos presos e arraigados? Lembre-se: quem espera em Cristo só nesta vida é o mais miserável de todos os homens (1Co.15:19).

2. Abraão enfrenta problemas e provas em Canaã (Gn.12:9,10). Deus tinha uma promessa na vida de Abraão, mas isso não impediu que ele enfrentasse problemas e provações. O crente fiel também enfrenta crises e provações. Veja, a seguir, três provas, dentre muitas que Abrão enfrentou em sua jornada.

- A primeira prova à qual Deus submeteu a Abraão foi a separação de sua pátria e de sua família. Tinha de voltar as costas para a idolatria a fim de poder ter comunhão com Deus. A vida de fé começa com a obediência e a separação. "Ou nossa fé nos separa do mundo, ou o mundo nos separa de nossa fé". Abraão saiu, sem saber para onde ia (Hb.11:8). Tinha de confiar incondicionalmente no Senhor.

Abrão chegou à terra que Deus lhe havia indicado. Agora vivia como estrangeiro e peregrino, viajando de um lugar para outro. Nunca foi dono de um metro quadrado de terra, a não ser o local de sua sepultura. Siquém, a encruzilhada da Palestina, situada a 50 km ao norte de Jerusalém, foi sua primeira parada. Depois chegou ao carvalho de Moré, considerado centro de adivinhação e idolatria. Ali Deus apareceu a Abraão, assegurando-lhe de novo sua presença e confirmando-lhe que sua descendência herdaria Canaã. Assim Deus o recompensou por sua obediência. Abraão respondeu construindo um altar e oferecendo culto público ao Senhor. Aonde quer que ia, levantava sua tenda e edificava um altar. De modo que Abraão tinha comunhão com Deus, e ao mesmo tempo testificava perante o mundo.

- A segunda prova: a fome (Gn.12:10-20). Abraão era um homem que estava em plena comunhão com o Senhor, que crescia espiritualmente, pois Deus estava se revelando a ele gradativamente. Entretanto, quando havia esta comunhão e esta crescente intimidade entre Abrão e Deus, surge um sério problema na vida do patriarca: a fome. Dizem as Escrituras, em Gn.12:10, que havia fome naquela terra. Era uma situação muito difícil e ameaçadora. Estava em terra estranha, habitada por gente que não era boa, sem residência fixa, com uma promessa de que aquela terra seria dada à sua semente, sendo que nem um filho sequer Abrão tinha e, agora, vê-se ameaçado o seu patrimônio. Devido à fome, Abraão tomou a decisão de ir para o Egito. Na Bíblia, o Egito é símbolo do mundo. A fartura que existia no Egito era semelhante a fartura do mundo, ilusória.

O fato de Deus não ter impedido que Abrão sofresse as consequências da fome sobre a terra de Canaã é mais um episódio que desmente os teólogos da prosperidade, que, desde os tempos do patriarca Jó, propalam que o servo de Deus jamais pode passar por dificuldades econômico-financeiras. Deus é o dono de todo o ouro e de toda a prata, não há dúvida alguma sobre isto, mas está muito mais interessado em que aprendamos a depender dEle inteiramente, a termos comunhão com Ele do que venhamos a ter riquezas e abundância de bens nesta vida, correndo, inclusive, o risco de nos apegarmos a estas coisas e, por conta disto, a exemplo do mancebo de qualidade (Mt.19:16-22), virmos a perder a nossa salvação.

Para que Abrão pudesse continuar crescendo espiritualmente, necessário se fazia que viesse a lição da dependência também nos assuntos materiais. Mas, lamentavelmente, Abrão não aprendera, ainda, esta lição. Sobrevindo a dificuldade econômico-financeira, não invocou a Deus, como fizera em Betel, nem esperou que o Senhor lhe aparecesse, como fizera em Siquém, mas decidiu “descer para o Egito”, então o país mais promissor do mundo, que começava a se apresentar como nova potência mundial, onde a abundante água do rio Nilo, o maior rio do mundo, não permitia que houvesse dificuldades econômico-financeiras. Era uma decisão acertadíssima do ponto-de-vista humano, uma grande demonstração de sabedoria e inteligência humana, mas um verdadeiro desastre sob o aspecto espiritual. Com efeito, Deus não participou dessa decisão, Abrão decidiu ir para uma terra que não era a mostrada nem a prometida por Deus e, ainda mais, sem consultar ao Senhor.

Deus não lhe havia ordenado sair da Palestina. No Egito, por pouco não perdeu sua esposa, pois, com medo, mentiu dizendo que Sara era sua irmã (ainda que houvesse um elemento de verdade no que disse - ver Gênesis 20:12). Em nossa jornada, também somos passíveis de cometer erros. Mas não temos mais prazer no pecado. Abraão não duvidou por incredulidade das grandes promessas, porém tropeçou nas pequenas coisas. Até a escrava egípcia Hagar e o aumento de gados obtidos no Egito lhe causaram problemas mais tarde. Aprendeu quão perigoso é afastar-se de Deus.

“Descer ao Egito” passou a ser, por causa disto, uma expressão metafórica para toda decisão humana sem a orientação e a direção divinas. Passou a significar uma atitude de comprometimento com os valores humanos, com os princípios deste mundo, sem qualquer preocupação com a vontade divina. Infelizmente, muitos são os crentes que estavam caminhando muito bem com o Senhor e, por uma dificuldade ou outra, acabam resolvendo “descer ao Egito”. Não nos iludamos com a abundância material, com o caráter promissor ou com a hospitalidade e boa aparência do Egito. O Egito é o mundo e nele não há o essencial, o fundamental para a vida de qualquer crente, a saber, a presença, a direção e a aprovação de Deus.

- A terceira prova: a esterilidade de Sara. Deus prometeu que Abraão teria uma família numerosa, porém ele já estava com 99 anos e Sara com 89 anos e ainda era estéril (Gn.17:1), e não tinha herdeiros. Esperar o tempo de Deus nem sempre é fácil. As Escrituras Sagradas afirmam que a "esperança demorada enfraquece o coração..." (Pv.13:12). Ao ouvir a promessa de que Sara daria à luz um filho, Abraão riu-se; e o riso de Abraão seria secundado pelo riso de Sara (Gn.18:12). O riso de Abraão pôs em dúvida a capacidade geradora de si mesmo e de sua esposa - “Então, caiu Abraão sobre o seu rosto, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? E conceberá Sara na idade de noventa anos? E disse Abraão a Deus: Tomara que viva Ismael diante de teu rosto! E disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque...” (Gn.17:17-19).

Parecia inacreditável que Abraão e Sara, em idade avançada (99 e 89 anos, respectivamente – Gn 17:1) - ainda mais, Sara era estéril (Gn.11:30) -, pudessem ter um filho. Mas, Deus disse a Abraão: “Haveria coisa alguma difícil ao Senhor?" (Gn.18:14). Deus queria que eles soubessem que o cumprimento da promessa não seria o resultado de esforços humanos, mas da pura graça, um milagre.

Abraão, o homem considerado justo devido a sua fé, teve problemas para acreditar na promessa de Deus. No entanto, a despeito de suas dúvidas, Abraão obedeceu aos mandamentos de Deus (Gn.17:22-27). Mesmo as pessoas de grande fé podem passar por momentos de dúvida. Todavia, sabemos que o Senhor vela pela Sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12). Ele é fiel.

III. AS PROMESSAS DE DEUS NA VIDA DE ABRAÃO

1. "Far-te-ei uma grande nação e abençoar-te-ei". Depois de muito tempo habitando em Harã, Deus chamou Abrão e fez-lhe a seguinte promessa: “Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção” (Gn.12:1-2).

Já habitando em Canaã e após o seu retorno do Egito, Deus fez com ele uma aliança ou pacto:

“Depois destas coisas veio a palavra do SENHOR a Abrão em visão, dizendo: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão. Disse-lhe mais: Eu sou o SENHOR, que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te a ti esta terra, para a herdares. E disse ele: Senhor JEOVÁ, como saberei que hei de herdá-la? E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, e uma rola, e um pombinho. E trouxe-lhe todos estes, e partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu. E as aves desciam sobre os cadáveres; Abrão, porém, as enxotava. E, pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caíram sobre ele. E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão; e eis um forno de fumaça e uma tocha de fogo que passou por aquelas metades. Naquele mesmo dia fez o SENHOR uma aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates; e o queneu, e o quenezeu, e o cadmoneu, e o heteu, e o perizeu, e os refains, e o amorreu, e o cananeu, e o girgaseu, e o jebuseu” (Gn.15:1,7-12,17-21).

Esta aliança, conhecida como aliança abraâmica, continha três cláusulas principais: (a) uma terra para Abrão e seus descendentes, o povo de Israel; (b) uma semente ou descendência física de Abrão; e (c) uma bênção de amplitude mundial (Gn.12:1-3). Para que não houvesse dúvida a respeito do que Ele estabelecera, o Senhor fez com que Abrão dormisse em sono profundo, para que o próprio Deus se tornasse o único signatário daquele pacto. Ainda que o Senhor tenha sido o único signatário ativo a passar por entre as metades dos animais cortados, fica evidente, todavia, que Abraão obedeceu ao Senhor durante a sua vida: “porque Abraão obedeceu à minha palavra e guardou os meus mandados, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis” (Gn.26:5).

Obedecer a Deus pode representar um desafio para algumas pessoas, mas quem confia obedece. A obediência e a confiança em Deus nos fazem vencer as adversidades. Muitos querem as promessas do Pai, mas não querem trilhar o caminho da obediência. Mas devemos nos lembrar de que a desobediência é pecado e nos impede de recebermos as bênçãos divinas.

Abraão foi grandemente abençoado com riquezas (Gn.13:2), mas a maior bênção na vida de Abraão foi ele ter experimentado um relacionamento íntimo com Deus, a ponto de ter sido chamado amigo de Deus. Não há nada melhor do que uma vida de comunhão e intimidade com Deus!

Após 430 anos no Egito (Ex.12:40,41), sob a liderança de Moisés, Deus retira os hebreus do Egito, em cerca de 1446 a.C (cf. 1Rs.6:1); e sob a liderança de Josué, Deus concretiza a promessa feita a Abraão.

2. "Engrandecerei o teu nome" (Gn.12:2).  No antigo Oriente Próximo, um nome não era meramente um rótulo, mas a revelação do caráter. Assim um grande nome acarreta não só fama, mas alta estima social como um homem de caráter superior. O Senhor cumpriu fielmente a sua promessa. O nome do patriarca Abraão é reverenciado no judaísmo e no cristianismo. Dele descendem dois povos: árabes e judeus. Se Deus prometeu algo a você, não importa o quanto tenha que esperar, Ele vai cumprir. Vivemos em uma sociedade imediatista, onde as pessoas acham que esperar é perder tempo. Mas na vida espiritual, tudo acontece no tempo de Deus. Abraão confiou, obedeceu e foi honrado pelo Senhor.

3. "Em ti serão benditas todas as famílias da terra" (Gn.12:3). Havia bênçãos dadas a Abraão e aos seus descendentes que eram de caráter puramente pessoal e nacional; diziam respeito unicamente aos descendentes de Abraão como povo de Deus. Por outro lado, havia aquelas bênçãos de caráter universal e espiritual que apontavam para um futuro distante. Quando Deus diz a Abraão, por exemplo, que “em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn.12:3), referia-se à salvação que viria a ser oferecida, gratuitamente, a todos os povos através da pessoa bendita de Jesus Cristo (Gl.3:8). Com respeito à promessa, afirmou o Senhor Jesus: “Abraão viu o meu dia e se alegrou” (João 8:56). Por conseguinte, a bênção da salvação não era apenas para a posteridade de Abraão, mas também para todos os povos. O mesmo se pode dizer acerca do derramamento do Espírito Santo. A promessa, embora feita a Israel, acha-se disponível a todos os que recebem a Jesus como salvador (Jl.2:28-31; cf. Atos 2:39).

CONCLUSÃO

Abraão é o exemplo de um homem que serviu a Deus com sinceridade e fidelidade, apesar de todas as adversidades de seu tempo. É um exemplo de obediência ao Deus único e verdadeiro, contra toda a idolatria e politeísmos vigentes ao seu tempo, que viveu exclusivamente pela fé em seu Deus, mostrando assim como é possível ao homem, apesar de todas as dificuldades dos nossos dias, servir a Deus e obter dEle a confirmação pela nossa confiança em Suas promessas, promessas que não falham nem jamais falharão. Entretanto, apesar desta proeminência e deste testemunho que perpassam os séculos, a Bíblia não nos deixa de mostrar que Abraão, como todo ser humano, é imperfeito e teve suas falhas e titubeios, entretanto, que não o impediram de se concertar com o seu Deus, que sempre é misericordioso e está pronto a perdoar, bem como de alcançar a salvação eterna.

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Luciano de Paula Lourenço

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Revista Ensinador Cristão – nº 68. CPAD.

Lição Bíblica do Mestre. A Provisão de Deus em Tempos de Crise. CPAD.

Ev. Caramuru Afonso Francisco. “A chamada de Abraão”_PortalEBD_2002.

Ev. Caramuru Afonso Francisco. “A fragilidade de um homem de fé”. PortalEBD_2002.

Paul Hoff. O Pentateuco. Editora Vida.

domingo, 2 de outubro de 2016

Aula 02 - A PROVISÃO DE DEUS EM TEMPOS DIFÍCEIS


4º Trimestre/2016
 
Texto Base: Êxodo 16:1-15
“E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre" (1João 2:17).
 
INTRODUÇÃO
Não importa o tamanho e a extensão da crise que o povo de Deus venha enfrentar, Deus tem sempre a provisão para o seu povo. O Senhor supriu as necessidades dos israelitas durante quarenta anos no deserto. Supriu as necessidades do profeta Elias em Querite, enviando pão e carne, bem como em Sidom, por meio de uma viúva ultra necessitada, desafiando a lógica humana. Deus não mudou. Ele continua abençoando e suprindo as necessidades dos seus filhos. Mesmo vivendo em um mundo decaído, podemos contar com a proteção, provisão e cuidado do Pai Celeste. Em meio às crises nossa fé é fortalecida diante do agir de Deus provendo bênçãos ao seu povo.
I. PROVISÃO DIVINA EM UM MUNDO CAÓTICO
1. A provisão de Deus no deserto. O deserto não é um momento de dificuldades na vida do povo de Deus, não. O deserto é a trajetória do povo de Deus rumo à Terra Prometida. Deus guiou e sustentou seu povo durante a árdua jornada pelo deserto, a despeito da infidelidade, do pecado da murmuração e do pecado da idolatria. Durante quarenta anos o Senhor sustentou o seu povo no deserto. A provisão era diária. Todos os dias, com exceção do sábado, os israelitas recebiam o maná e codornizes para o seu sustento. Não faltou água, alimento, roupa e calçado até o dia em que chegaram à Terra Prometida. A fidelidade de Deus e seu amor, foram determinantes para que Ele cuidasse, dia a dia, dos descendentes de Abraão. Deus tem um compromisso com a sua Palavra, Ele vela para cumpri-la. Apesar de nossas fraquezas, Deus não nos deixa sozinhos em nossa jornada rumo à Pátria Celestial.
Após a milagrosa travessia do Mar Vermelho, Moisés conduziu o povo rumo ao Sinai. Mas, para chegar lá teve que parar em quatro localidades: Mara, Elim, Sim e Refidim. Em cada uma dessas localidades houve um expediente especial da parte de Deus ao povo hebreu.
Em Mara, após três dias de viagem, Deus fez a primeira prova da Fé do povo hebreu. Os hebreus estavam sedentos e exauridos pelo intenso calor do deserto, e após esses três dias de peregrinação, encontraram apenas águas amargas em Mara. As águas estavam impróprias e impotáveis para serem bebidas. Certamente, Deus estava provando a fé do seu povo recém-liberto da escravidão. Todavia, a Fé de Israel, mais uma vez, foi reprovada. O povo cometeu, pela segunda vez, o perigoso pecado da murmuração – “E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?” (Ex.15:24). Os hinos de louvores entoados pelo triunfo sobre o exército de Faraó no milagre do Mar Vermelho foram depressa substituídos pelas palavras de descontentamento. Em relação a Deus a murmuração é uma reclamação descabida. Quando você murmura, você está dizendo que Deus não está sendo suficiente. Por isso a murmuração em ralação a Deus é pecado.
Uma grande vitória como a travessia do Mar Vermelho proporcionou uma visão maravilhosa da Onipotência de Deus, mas não treinou a fé para os problemas mais corriqueiros, como a necessidade diária de comida e bebida. Às vezes, grandes experiências com Deus não são suficientes para curar o coração duro e queixoso.
Após passar por Elim, um verdadeiro oásis no deserto (Êx.15:27), Moisés conduziu o povo pelo “deserto de Sim” (Êx.16:1). Nessa localidade os hebreus vivenciaram pela primeira vez o milagre do maná e onde se maravilharam com o milagre das codornizes (Êx.16:1-21). Nesta localidade os israelitas sentiram fome e começaram a expressar de novo seus queixosos lamentos. Esquecendo-se da aflição no Egito, queriam voltar para onde tinham alimento em abundância. As queixas eram dirigidas contra Moisés, porém na realidade murmuravam contra o Senhor (Êx.16:8). Deus retribuiu-lhes o mal com o bem (2Tm.2:13); proveu codornizes e maná. A partir de então, o maná era fornecido diariamente, durante os quarenta anos de peregrinação no deserto (Êx.16:35); foi um fato completamente milagroso – “Eis que vos farei chover pão dos céus” (Êx.16:4). O maná caía todas as noites, juntamente com o orvalho. A ração diária era de um gômer (3,7 litros) por pessoa. Quanto às codornizes foram fornecidas somente uma vez mais na marcha através do deserto (Êx.11:31,32).
Com essa experiência no deserto de Sim Deus deseja ensinar a seu povo a confiar nele como provedor de seu sustento diário e a não se preocupar com o dia de amanhã. Deus provia cada vez para apenas um dia, exceto na véspera do sábado. Nunca falhou com seu povo nos quarenta anos de peregrinação.
O maná é um símbolo profético de Cristo, o Pão verdadeiro (João 6:32-35). Assim como o maná, Cristo, que veio do céu, tem de ser recolhido ou recebido cedo na vida (Êx.16:21; 2Co.6:2) e tem de ser comido ou recebido pela fé para tornar-se parte da pessoa que o come. O maná era branco e doce; da mesma maneira Cristo é doce e puro para a alma (Sl.34:8). Por sua vez, Cristo não dá vida a uma nação durante quarenta anos somente, mas a todos os que creem Ele dá a vida eterna.
2. A provisão de Deus para Elias em Querite (1Rs.17:1-6). Certa feita, Elias, impulsionado pelo Espírito de Deus, se apresenta diante do rei Acabe e declara que não haveria nem chuva nem orvalho enquanto o próprio profeta não o pedisse a Deus(1Rs.17:1). O contexto de 1Reis 17 e 18 nos mostra claramente que Deus, na sua soberania, determinou a seca sobre Israel para corrigir o rei e o povo da sua teimosa idolatria e para revelar que somente Deus é o provedor de todas as coisas, que só Ele é quem tem o domínio sobre a natureza que Ele mesmo criou. Agora Deus mostraria seu poder retendo a chuva e permitindo que a fome fizesse os israelitas pensarem melhor na pessoa a quem sua fé era direcionada.
Deus reteve a chuva durante três anos e meio (Lc.4:25; Tg.5:17). Esse juízo humilhava Baal, pois seus adoradores criam que ele controlava a chuva e que era responsável pela abundância nas colheitas. A falta de chuva resultaria em crise econômica, que acabaria por tratar do orgulho, da arrogância e da idolatria nacional, que chegava a creditar sua prosperidade aos falsos deuses.
Deus sempre quis e quer dialogar com o homem, mas a persistência no pecado tem levado o ser humano a sofrer diversas consequências e pesados juízos divinos. Deus não se deixa escarnecer e tudo o que o homem semear, isto também ceifará (Gl.6:7). Em Israel, os que adoravam a Baal criam que ele era o deus que mandava chuvas e colheitas abundantes. Assim, quando Elias se colocou na presença de Acabe e disse-lhe que não choveria por vários anos, o rei ficou chocado. Baal tinha muitos sacerdotes os quais não poderiam trazer chuvas. Elias confrontou corajosamente o homem que levara seu povo ao mal, e falou-lhe de um poder muito maior do que o de qualquer deus pagão: o Senhor Deus de Israel. Quando a rebelião e as heresias estavam em seu nível mais alto no meio do povo, o Senhor não respondia somente com palavras, mas com ações severas.
O anúncio da seca deu início ao conflito entre Deus e Baal. Assim que a batalha foi consolidada, Elias recebeu ordens do Senhor para que se isolasse junto ao ribeiro de Querite - provavelmente situado na região de Gileade -, durante o período da seca; ali, Deus milagrosamente proveria seu alimento através dos meios mais improváveis (1Rs.17:3,5,6).
Elias obedeceu a ordem de Deus. A obediência nos faz experimentar a provisão de Deus em tempos de crise. Quem está em desobediência dificilmente desfrutará da provisão divina. A obediência de Elias o preservou em segurança das mãos de Jezabel nos anos de seca, e o preparou para os próximos desafios que iria enfrentar para que o povo retornasse aos caminhos do Senhor.
Enquanto havia água no ribeiro, Elias passou a ser alimentado por corvos, que lhe traziam pão e carne pela manhã e pela noite (1Rs.17:6). Como diz o apóstolo Paulo, “…Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias, e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes, e Deus escolheu as coisas vis deste mundo e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele” (1Co.1:27-29).
Como poderia Elias ser alimentado por corvos, animais que são conhecidos por serem decompositores, ou seja, que se alimentam daquilo que está apodrecendo, daquilo que está se desfazendo, e num momento em que passou a haver escassez de alimentos? Como ser alimentado por um animal tão asqueroso, tão repugnante? Entretanto, como disse o Senhor, havia sido dada uma ordem aos corvos para alimentar o profeta e, ante a ordem divina, não há como haver recusa. Elias, toda manhã e toda noite, era servido pelos corvos, que, pontualmente, cumpriam a ordem do Senhor. Deus, assim, mostrava, duas vezes ao dia, ao profeta que estava no controle de todas as coisas, que toda a natureza estava sob as Suas ordens. Glórias a Deus!
Dia após dia, Elias era alimentado pelos corvos, mas a seca que anunciara já era uma realidade. Por isso, dia após dia, as águas do ribeiro de Querite iam minguando, até o momento em que o ribeiro secou. Deus continuava a agir na vida de Elias, demonstrando que tinha o controle da situação. Os corvos vinham lhe trazer comida, mas o ribeiro se secava, em cumprimento à palavra do profeta, que falara em nome do Senhor. Deus tem compromisso com a Sua Palavra (Jr.1:12) e não a invalidará, ainda que isto representasse a proteção e o sustento dos Seus servos fiéis. Deus não precisa invalidar a Sua Palavra para guardar os Seus. Elias experimentou a provisão de Deus.
3. A provisão de Deus para Elias em Sarepta (1Rs.17:8-16). Quando o ribeiro secou, Deus, então, mandou que o profeta fosse para Sarepta, cidade pertencente a Sidom, pois o Senhor havia ordenado a uma viúva que sustentasse o profeta (1Rs.17:9). Vemos, aqui, que Deus, depois de mostrar que tinha controle sobre a natureza, estava agora a mostrar ao profeta que também era o controlador da humanidade e das estruturas sociais. Além do mais, tratava-se de uma viúva e as viúvas, via de regra, eram pessoas necessitadas, que se encontram entre os mais desprovidos de recursos econômico-financeiros, que viviam da caridade pública. Entretanto, este Deus que escolhe as coisas loucas para confundir as sábias, fez com que o profeta passasse a ser sustentado, na terra de Sidom, por uma viúva miserável. Essa situação foi bastante pedagógica ao profeta. A cada instante, Elias aprendia o significado do seu próprio nome: “Javé é Deus”.
A lógica de Deus se contrapõe à lógica humana. O texto bíblico diz que a situação daquela mulher viúva era tão crítica, que ela estava prestes a preparar a sua última refeição e aguardar, com o único filho, a morte. Então, por que Deus enviou o profeta à viúva de Sarepta, que estava vivendo um momento de dificuldade e escassez muito maior que a experimentada por ele? A lógica de Deus se contrapõe à lógica humana. Deus não pensa como o homem, não considera as saídas e soluções que imaginamos, nem se prende ao que vemos e supomos ser o melhor para nós nas situações pelas quais passamos. Está escrito: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor”(Is 55:8). Quando, em meio a uma gigantesca necessidade, Deus nos coloca diante de alguém com uma necessidade maior ainda e afirma que de tal pessoa virá a ajuda, é porque o milagre está sendo preparado, o milagre da dependência total do Senhor.
Ao chegar à casa da viúva, Elias lhe pede água e pão. A mulher respondeu que não tinha pão. Em sua casa, havia apenas um punhado de farinha e um pouco de azeite. Então, o profeta desafia aquela mulher a assar primeiro um pão para ele. A mulher acreditou na palavra do profeta. Para ver a provisão divina é preciso crer. A provisão de Deus veio para Elias e para viúva que o acolheu. A farinha e o azeite da mulher não se acabaram até o dia em que as chuvas voltaram a cair. Este é o nosso Deus. Ele está no controle de todo o reino da Natureza.  Portanto, “Só o Senhor é Deus!”. Aleluia!!
II. UM MUNDO CAÓTICO
1. O mundo jaz no Maligno. João, o apóstolo de Jesus Cristo, declarou qual é a situação deste mundo: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno" (1João 5:19). Aqui, a palavra "mundo" (gr. kosmos) se refere ao vasto sistema de vida fomentado por Satanás e existente à parte de Deus. Consiste não somente nos prazeres obviamente malignos, imorais e pecaminosos do mundo, mas também se refere ao espírito de rebelião que nele age contra Deus, e de resistência ou indiferença a Ele e à sua revelação. Isso ocorre em todos os empreendimentos humanos que não estão sob o senhorio de Cristo. Na presente Era Pós-Moderna, Satanás emprega as ideias mundanas de moralidade, da filosofia, psicologia, desejos, governos, cultura, educação, política, ciência, arte, medicina, música, sistemas econômicos, diversões, comunicação de massa, esporte, agricultura, etc., para opor-se a Deus, ao seu povo, à sua Palavra e aos seus padrões de retidão. Mas, a Palavra de Deus nos instrui a que não amemos o mundo (Mt.16:26; 1Co.2:12; 3:19; Tt.2:12; 1Jo.2:15,16; Tg.4:4; Jo.7:7; 15:18,19; 17:14;1João 2:15).
No filho de Deus o Maligno nem chega a pôr as suas mãos (1João 5:18); o mundo, porém, jaz em seus braços. O Rev. Augustus Nicodemus diz que a ideia transmitida pelo verbo "jaz", em 1João 5:19, é de passividade tranquila. A humanidade está deitada placidamente nos braços de Satanás, adormecida e entorpecida, enquanto ele a conduz para a destruição. O mundo está no Maligno, em suas mãos, em seu domínio, mas os crentes estão guardados por Cristo.
- No Mundo caótico em que vivemos, práticas antes condenáveis como o aborto, a eutanásia, a pesquisa com embriões humanos, o homossexualismo, o uso de substâncias entorpecentes, a invasão de propriedades alheias, o uso do poder político para vantagens pessoais e de parentes, são práticas consideradas “normais” e até mesmo “convenientes”. A utilização das estruturas eclesiásticas para enriquecimento é tida como atitudes possíveis e que não merecem qualquer censura ou reprovação, até porque, dentro deste contexto, é dito que “ninguém pode julgar ninguém”. Segundo a Bíblia nos ensina, pela boca do salmista, “desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos, não há quem faça o bem, não há sequer um” (Sl.14:3).
- No mundo caótico em que vivemos, o que prevalece é o hedonismo, ou seja, o que se busca é o prazer. As atividades que geram sensações e emoções são muito procuradas nos dias de hoje, a começar do prazer sexual instintivo. Os seres humanos comportam-se, na atualidade, como verdadeiros animais irracionais, buscando parceiros para sentir momentos efêmeros de prazer na prática de relações sexuais. Mas não é apenas no sexo que se tem a manifestação do hedonismo. Uma de suas principais manifestações nos dias de hoje está no consumismo, no prazer de aquisição de bens materiais, aquisição esta incontrolada. Hoje em dia, não se compram produtos pela utilidade que darão ao comprador, mas única e exclusivamente pelo prazer de comprar, ainda que se saiba que o produto pouco ou nada acrescentará à pessoa ou, o que é mais grave, somente trará prejuízos para o adquirente. Mas nesta ânsia pelo ter, pelo adquirir, o que vale é apenas a sensação de bem-estar e de importância que a aquisição gera. Entretanto, Jesus ensina que a vida de alguém não é medida pelas posses que tenha (Lc.12:15) e que uma ação desta natureza avilta a dignidade da pessoa humana, que deve se livrar da ganância e da avareza, que outra coisa não é senão idolatria (Cl.3:5).
- O mundo caótico em que vivemos, tão orgulhoso de seu progresso material, é um mundo aonde “homens maus e enganadores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados”(2Tm.3:13). Nós, porém, devemos seguir o conselho do apóstolo e permanecer naquilo que aprendemos (2Tm.3:14), pois o aprendemos de Cristo, que é manso e humilde de coração, a fim de podermos encontrar descanso para as nossas almas (Mt.11:29).
2. O mundo globalizado. Todos nós já ouvimos falar em globalização. O que é globalização? Segundo a enciclopédia livre Wikipédia, “é um dos processos de aprofundamento internacional da integração econômica, social, cultural e política, que teria sido impulsionado pela redução de custos dos meios de transporte e comunicação dos países no final do século XX e início do século XXI. O termo "globalização" tem estado em uso crescente desde meados da década de 1980 e especialmente a partir de meados da década de 1990. Em 2000, o Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou quatro aspectos básicos da globalização: comércio e transações financeiras, movimentos de capital e de investimento, migração e movimento de pessoas e a disseminação de conhecimento. Além disso, os desafios ambientais, como a mudança climática, poluição do ar e excesso de pesca do oceano, estão ligados à globalização”.
Após a insurgência da globalização, ficou muito difícil para o autêntico cristão assimilar os diversos modelos culturais entre os povos. O comportamento pecaminoso e antibíblico daqueles que não são guiados pelo Espírito Santo, como são os adeptos da filosofia relativista, tem se espalhado de uma forma célere e assustadora entre as múltiplas culturas do mundo. O multiculturalismo deixa claro que não há nenhuma verdade absoluta, ou seja, as verdades são particulares e relativas e cada povo tem a sua forma de acatá-las, e expressá-las, tese esta ímpia, diabólica, pois vai de encontro aos preceitos universais e imutáveis da Palavra de Deus.
Não são poucos os que defendem que vivemos um período “pós-cristão”, um instante de “superação” e “evolução” diante da doutrina cristã, uma “nova era”, que dizem ser de perspectivas múltiplas de paz, harmonia e progresso, porém, à luz da Bíblia Sagrada, isto é uma demonstração nítida e evidente de que o mundo “jaz no maligno”, um mundo distanciando dos ensinamentos de Jesus, o Filho de Deus.
Entretanto, apesar de toda esta atitude despropositada, que é fruto da cegueira espiritual do homem, imerso no pecado e na maldade (2Co.4:4), ainda se encontra sobre a face da Terra, ainda que não por muito tempo, a Igreja - a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido para anunciar as virtudes de Jesus Cristo (1Pd.2:9). Ela tem de enfrentar todas as circunstâncias do multiculturalismo pós-moderno e continuar a dizer que a única solução, a única esperança para o homem é crer em Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador. A própria razão de ser da Igreja, a sua própria natureza faz com que toda e qualquer atividade do povo de Deus aqui na Terra seja um “desafio”, uma deliberada provocação ao mal e ao pecado.
Apesar da globalização, o levantamento de nações contra nações e reinos contra reinos tem sido cada vez mais intenso nos nossos dias. Com o fim da Guerra Fria, muitos achavam que partíamos para uma “nova ordem mundial”, para alianças entre os países, de tal maneira que as disputas nacionais, étnicas e locais perderiam terreno e quase que desapareceriam. No entanto, não é o que vemos. Apesar do movimento de globalização, que tem fortalecido as organizações internacionais e a formação de blocos econômico-políticos, o fato é que as disputas nacionais, as reivindicações de nações contra nações, os ódios raciais não só não estão ausentes, como estão aumentando no cenário internacional. É o cumprimento exato das palavras de Jesus. Certamente, Jesus está voltando!
3. Tempo de mudanças. Nos dois últimos séculos, a humanidade experimentou diferentes transformações na área tecnológica, na comunicação, na área científica, econômica e social, mais do que em toda o período anterior da humanidade. Essas mudanças acabaram trazendo crises de ordem social, econômica e política. É claro que todo esse avanço tem proporcionado inegáveis progressos e prosperidade material, mas também tem trazido crises econômicas, moral e éticas sem precedentes. O apóstolo Paulo, profeticamente, falou a respeito desses tempos, referindo-se a eles como trabalhosos e difíceis. Disse o apóstolo: “Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te”(2Tm.3:1-5).
Os tempos trabalhosos caracterizam-se pela introdução do pecado no meio do povo de Deus. É o fermento introduzido pela mulher da parábola contada por Jesus e que leveda toda a massa (Mt.13:33), e que se não fosse a misericórdia divina, certamente que todos nós pereceríamos por causa da entrada deste fermento. Mas, graças a Deus, que o Senhor não permitirá que todos se percam, sempre havendo, neste mundo caótico, um remanescente que não se contaminará (Mt.24:22; Rm.9:27; Ap.2:15,24;3:4). Nestes dias tão difíceis, precisamos seguir a recomendação divina: quem é justo, faça justiça ainda; quem é santo, seja santificado ainda (Ap.22:11).
III. CARATERÍSTICAS DO MUNDO ATUAL
1. Uma sociedade centrada no homem. É o que chamamos de antropocentrismo. Vivemos em uma sociedade em que o antropocentrismo prevalece. A palavra “antropos” significa "homem", e antropocentrismo traz a ideia do homem como o centro de tudo. A sociedade pós-moderna tem como base a célebre declaração de que “o homem é a medida de todas as coisas”. Isto pressupõe a predominância da filosofia humanista que coloca o homem como o centro do Universo, em flagrante contraste com o ensino bíblico de que todas as coisas foram criadas para a glória de Deus (Sl.73:25; 1Co.10:31; 1Pd.4:11).
O mundo lá fora, ou a sociedade dos homens, rejeitou o Teocentrismo, ou seja, Deus como o centro do Universo, e que, em torno dEle, e sob o seu comando as coisas acontecem. Deus, o Pai, tornou seu Filho Jesus a razão e o centro de toda a criação. Paulo, escrevendo aos Colossenses afirmou: "Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele" (Cl.1:17).
No mundo antropocentrista, predomina a força do homem e tudo gira em torno daquilo que o homem é, que o homem tem, e que o homem pode. É possível, mesmo na igreja local, encontrar pessoas que pregam um “evangelho” que vise satisfazer a audiência, desejosa de ter riquezas e uma vida sossegada. Títulos têm valido mais que o caráter dos obreiros, valorizando o “ter” em detrimento do “ser”.
Sejamos vigilantes, pois Satanás trabalha dia e noite para descaracterizar a Igreja, como Igreja, e fazer dela uma sociedade de homens, tendo o homem no seu centro, e, assim, fazer a integração entre a Igreja e o mundo, apagando as diferenças existentes entre estes dois povos. Portanto, o maior desafio enfrentado pela Igreja, nestes “últimos dias”, conhecidos como pós-modernos, é não permitir que Satanás destrua sua Identidade, que a caracteriza como sendo uma “...Igreja gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”(Ef.5:17).
2. Uma sociedade relativista. Outro aspecto do mundo caótico em que vivemos é o relativismo. Sob essa ótica não há lugar para os princípios e ensinos imutáveis da Palavra de Deus, válidos para “todas as pessoas, em qualquer época e em todos os lugares”. O valor absoluto e imutável da Palavra de Deus é qualificado como impróprio por aqueles que vivem ao bel-prazer de suas concupiscências e são prisioneiros do contexto e das convenções sociais do momento.
O relativismo é uma das vãs filosofias que nestes tempos do pós-moderno, procura justificar o comportamento pecaminoso e antibíblico daqueles que não são guiados pelo Espírito Santo. Segundo essa vã filosofia, “nada pode ser definitivamente certo, pois, a verdade está sujeita a fatores aleatórios, ou subjetivos”. Assim, os princípios éticos e morais variam de lugar para lugar, pois, estão sujeitos às circunstâncias culturais, políticas e históricas.
É claro que o relativismo contrasta com as verdades proclamadas pela Bíblia Sagrada. A Bíblia fala de valores absolutos e imutáveis, válidos e aplicáveis em qualquer parte da Terra, pois, a doutrina Bíblica se apoia em dois princípios: imutabilidade e universalidade. Por estes dois princípios a doutrina não sofre a ação do tempo e nem do espaço. Pelo princípio de imutabilidade, o que nós estamos ensinando hoje é a mesma doutrina Bíblica que os Apóstolos ensinaram. Ela não mudou e nem mudará. Ela é verdadeira e absoluta. Pelo princípio da universalidade, onde houver um homem, em qualquer lugar da terra, a doutrina bíblica é válida para ele. O que a Bíblia definir como sendo pecado, será pecado em toda a Terra. Assim, os princípios éticos e morais que o relativismo afirma mudar de lugar para lugar, pela Bíblia eles são imutáveis.
A cada dia que passa, vemos mais e mais pessoas crendo que não existe bem nem mal, certo ou errado. As pessoas passam a considerar que as regras morais, os princípios éticos são fruto de preconceitos, de “atrasos”, de “ideologias”, de “dominação do homem sobre o homem”. Quando se dão as costas a Deus, quando não se dá a Deus a devida honra, a Bíblia nos afirma que o próprio Deus abandona os homens às mais perversas abominações (Rm.1:18-31) e o resultado é o que nós estamos vendo: idolatria, violência, imoralidade, corrupção política e aviltamento da pessoa humana.
3. Uma sociedade secularizada. Nestes dias que precedem a volta de Cristo, a Igreja tem enfrentado a pressão e o engodo do secularismo, cujo termo procede do latim “saeculum” e significa “pertencente a uma época”. Em sentido religioso, o vocábulo é empregado para designar o comportamento e o pensamento do mundo de nosso tempo, que são inversos ao sagrado ou espiritual. Portanto, “secular” representa o modo de viver deste mundo, aquilo que se opõe ou que não comunga com os interesses espirituais do Reino de Deus.
Na Igreja, o secularismo transparece quando o sagrado começa a ceder ao profano. Nas Igrejas secularizadas, o calvário não é mais pregado, o sangue de Cristo é descartado, o sofrimento e a cruz de Cristo são rejeitados porque ofendem o gosto estético dos secularizados, e confissão de pecados é substituída pela a proclamação das bênçãos terrenas. Desde o surgimento da Igreja, é este o alvo de toda a fúria do “mistério da injustiça” e, por isso, deve cada salvo, individualmente, manter-se firme e constante nesta sua jornada, para que não venha a ter o triste fim daqueles “muitos” que terão esfriado o seu amor e que se tornarão, lamentavelmente, amigos do mundo e, por isso mesmo, inimigos de Deus, constituindo a “igreja de Laodicéia”, que será vomitada pelo Senhor no dia da nossa redenção.
O primeiro fator da secularização da igreja é a falta de vigilância, a falta de cuidado. Deve a igreja ser vigilante, ter muito cuidado com todas as artimanhas do adversário de nossas almas, que anda ao derredor buscando a quem possa tragar (1Pd.5:8). Quando não vigiamos, quando não estamos alerta, o inimigo facilmente se introduz na nossa vida e, o que é mais grave, acaba tendo acesso ao nosso coração, como ocorreu com Judas Iscariotes (João 13:2). A igreja deve estar sempre atenta e alerta, a fim de não permitir que o adversário venha a nos enganar. Este cuidado é, sobretudo, a cautela, a prudência, o equilíbrio no cumprimento da Palavra do Senhor (Dt.6:25; 11:32). O primeiro cuidado que devemos ter é o de cumprirmos a sã doutrina. “Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram” (Hb.2:1-3).
CONCLUSÃO
Segundo a Bíblia, o quadro pintado para os últimos dias da Igreja não é alentador. O mundo sem Deus vai de mal a pior. Certamente, não podemos mudar a história do mundo, mas, no sentido individual e pessoal, podemos mudar a história de muita gente, se estivermos dispostos a cumprir o “Ide” de Jesus ”... tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da Terra”(Atos 1:8). Só há uma esperança para a humanidade: Jesus. Ele é a nossa provisão, mesmo vivendo num mundo em crise.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Revista Ensinador Cristão – nº 68. CPAD.
Lição Bíblica do Mestre. A Provisão de Deus em Tempos de Crise. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Tempos trabalhosos para a Igreja. PortalEBD_2007.