domingo, 13 de novembro de 2022

Aula 08 - O BOM PASTOR E OS PASTORES INFIÉIS

 

4° Trimestre/2022


Texto Base: Ezequiel 34:1-12


”Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10:11).

 

Ezequiel 34:

1.E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:

2.Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e diz aos pastores: Assim diz o Senhor JEOVÁ: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas?

3.Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentam as ovelhas.

4.A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza.

5.Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam.

6.As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque.

7.Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do SENHOR:

8.Vivo eu, diz o Senhor JEOVÁ, visto que as minhas ovelhas foram entregues à rapina e vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuram as minhas ovelhas, pois se apascentam a si mesmos e não apascentam as minhas ovelhas,

9.portanto, ó pastores, ouvi a palavra do SENHOR:

10.Assim diz o Senhor JEOVÁ: Eis que eu estou contra os pastores e demandarei as minhas ovelhas da sua mão; e eles deixarão de apascentar as ovelhas e não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as minhas ovelhas da sua boca, e lhes não servirão mais de pasto.

11.Porque assim diz o Senhor JEOVÁ: Eis que eu, eu mesmo, procurarei as minhas ovelhas e as buscarei.

12.Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que está no meio das suas ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; e as farei voltar de todos os lugares por onde andam espalhadas no dia de nuvens e de escuridão.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo do livro de Ezequiel, trataremos nesta Aula da mensagem do profeta Ezequiel a respeito dos pastores de Israel. Na época, os líderes do povo de Deus, principalmente os reis, sacerdotes, anciãos e os profetas, eram considerados como pastores. Eles foram extremamente negligentes e irresponsáveis na conduta moral e espiritual do povo de Judá. Eles perderam o senso de responsabilidade diante de Deus e fizeram com que as ovelhas (o povo de Judá) ficassem sem orientação. Quando os líderes são contaminados, o rebanho segue pelo mesmo caminho. Citamos como exemplo o rei Manasses que aproveitou a liderança que tinha e conduziu o povo à idolatria, e esta idolatria resultou no exílio de Israel, pois o povo não a abandonou, apesar de Deus ter dado tempo para que se arrependesse, mas o povo não queria ouvir a voz do Senhor, preferindo o engano dos falsos profetas (Jr.23:9-12). Os líderes eram movidos pela avareza e usavam o poder, que lhes fora conferido pelo Senhor, para legislar em causa própria. Deixavam-se subornar (Jr.22:17), extorquiam dinheiro das pessoas (Jr.22:17) e defraudavam o próximo para obter vantagens (Jr.22:13,14). O direito e a justiça não eram estabelecidos, e o povo cada vez mais se atolava no lamaçal do pecado. Deus foi enfático em seu julgamento dos maus pastores de Judá: "Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! ... comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. ... as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a terra, sem haver quem as procure ou quem as busque" (Ez.34:2-6).

I. SOBRE O REBANHO

1. Ovelhas

As ovelhas são um tipo de mamífero quadrúpede (de quatro patas) e herbívoros, pertencentes à família Bovidae e à ordem Artiodactyla (mamíferos ungulados com um número par de dedos nas patas). Algumas espécies de ovelhas são domesticadas e podem ser encontradas na maioria dos países. Já as espécies selvagens vivem apenas em locais restritos. Alguns estudiosos acreditam que as ovelhas foram domesticadas há mais de cinco mil anos, na região que compreende o atual Iraque. O macho da ovelha recebe o nome de carneiro, já o seu filhote é chamado de cordeiro. 

-Características das ovelhas: Possuem chifres permanentes, curtos e um pouco menos curvados em relação aos chifres do carneiro. Seu corpo mede cerca de 1,5 metro de comprimento. No entanto, o tamanho do comprimento está associado à sua utilização, uma vez que ovelhas utilizadas para fins específicos possuem mais de 1,5 m. São animais ruminantes (aqueles que precisam dos dentes pontiagudos superiores) e possuem a formação de quatro câmaras no estômago. Seu peso pode variar de 75 kg a 200 kg; possuem um focinho comprido e estreito, e uma pele coberta com lã fina e macia. Sua expectativa de vida é de 20 anos.

-Comportamento das ovelhas: Segundo afirmam os profissionais que lidam diretamente com ovelhas, elas são animais inteligentes, sensíveis e sociáveis. Elas conseguem facilmente identificar os integrantes pertencentes ao seu grupo, além de serem capazes de distinguir as várias expressões da face de outros animais do rebanho. Sua memória também é muito boa, pois conseguem lembrar de acontecimentos ocorridos há dois anos. Além disso, são animais dóceis que não possuem mecanismos de ataque. Também são ágeis e adaptam-se facilmente aos locais que habitam. Um estudo feito na Europa comprovou que as ovelhas são capazes de expressar emoções visivelmente; por exemplo, quando estão estressadas mostram sinais de depressão, assim como os seres humanos.

2. Natureza

A natureza da ovelha e sua relação com o pastor resultaram em diversas figuras que ilus­tram o relacionamento entre Deus, o Sumo Pastor, e o seu povo (Sl.23:1; 74:1; 100:3).

As ovelhas são animais indefesos e medrosos, que se assustam facilmente e, na ausência do pastor, se dispersam rapidamente (Zc.13.7). Poucos animais são tão indefesos como as ovelhas. No caso de um acidente, so­mente o ser humano pode socorrê-la; por isso, é necessária uma supervisão constante. Com muita pouca defesa contra inimigos naturais, pouco senso de direção e nenhuma capacidade para encontrar seu próprio alimento, as ovelhas são muito dependentes do pastor para prover suas necessidades.

No tempo em que não havia cercas, os proprietários de ovelhas tinham que ficar com elas no deserto ou no campo, algumas vezes durante meses de uma só vez. O pastor tinha que providenciar para as ovelhas tudo que elas não podiam providenciar para si mesmas. Ele procurava pastos verdes onde pudessem encontrar comida (1Cr.4:39,40) e as conduzia gentilmente para lá, sempre cuidadoso com as que estavam com filhotes (Is.40:11). Ele as protegia até com sua própria vida. O jovem Davi relatou a Saul como tinha arrancado um cordeiro da boca de um leão (1Sm.17).

3. O rebanho

Rebanho são muitos animais da mesma espécie agrupados e controlados pelo homem. No sentido metafórico, é o agrupamento de pessoas unidas por um mesmo vínculo. No Antigo Testamento, metaforicamente, o povo de Israel, por desfrutar do relacionamento pactual com Deus (Is.40:11), era considerado como rebanho (Nm.27:17). Diversas vezes Israel era visto como ovelhas sem pastor (1Rs.22:17; Jr.23:1, 50:6; Ez.34:10; 1Pd.2:25). Na Nova Aliança, o povo de Deus, a Igreja, também é identificada como rebanho (Mt.26:31; Atos 20:28; cf.1Pd.5:2,3). A nossa sobrevivência espiritual equilibrada depende essencialmente da orientação do Sumo Pastor, Jesus Cristo.

4. Os pastores

O pastor é aquele que cuida das ovelhas. No período do Antigo Testamento, todos os que tinham responsabilidades de liderança, como os profetas, os sacerdotes e os reis, eram considerados pastores do povo de Israel. Quanto ao Rei, a sua missão era aconselhar e guiar o povo de Deus (1Sm.9:16; ler Dt.17:14-20). Quanto ao Sacerdote, sua missão era santificar o povo, oferecer sacrifícios pelo povo e interceder pelos transgressores (Hb.5:1-3; ler Lv.10:8-11; 16; 21:1-24). Quanto ao Profeta, sua missão era preservar o conhecimento e manifestar a vontade do único e verdadeiro Deus (Ez.2:1-10; ler Dt.18:20-22). Os bons pastores cuidavam das “ovelhas” do Senhor; os maus pastores, os pastores infiéis, porém, maltratavam as “ovelhas” do Senhor, as exploravam para beneficiarem a si próprio. Deus os condenou por isso.

Na Nova Aliança, os líderes das igrejas locais são considerados pastores. O "Supremo Pastor" (1Pd.5:4; Hb.13:20) requer dos mesmos amor e cuidado pelas Suas “ovelhas” (João 21:15-17). Também, precisam defender o “rebanho” (Tito 1:9-11), precisam alimentar as “ovelhas” labutando na palavra e no ensino (1Tm.5:17), e precisam conduzir o “rebanho” sendo exemplos para ele (1P.5:3). Para cumprir tudo isto, eles precisam conhecer o “rebanho”, fazendo um esforço para conhecer cada “ovelha” pelo nome e ser conhecido por elas. Eles precisam ter cuidado para que nenhuma se perca; se uma estiver faltando (não apenas à assembleia, mas à fidelidade diária), eles precisam estar prontos a ir e encontrá-la para que possam admoestar as insubmissas, consolar as desanimadas, amparar as fracas, e ser longânimes para com todas (1Tes.5:14). Eles deverão estar dispostos a sacrificar até suas vidas por elas (1Ts.2:8). O bom pastor e despenseiro, age dessa maneira!

II. SOBRE OS PASTORES INFIÉIS

1. O pastor de ovelhas

Tenda em vista a vulnerabilidade que a ovelha apresenta por natureza, o pastor tem a obrigação de cuidar dela, alimentá-la, guiá-la e protegê-la dos predadores. Foi isso que Davi, como bom pastor, fez quando pastoreava o rebanho de seu pai (cf.1Sm.17). A parábola da ovelha desgarrada revela esse dever do pastor (Lc.15:4-6). Observe que nessa parábola a ovelha não foi perdida, ela se desgarrou do rebanho; ela foi atraída por novos horizontes, novas pastagens, novas aventuras, e afastou-se do convívio das outras ovelhas. Certamente não notara o risco de cair no abismo, nem de perder o rumo nos desertos, nem mesmo a possibilidade de ser apanhada por um animal predador.

A ovelha é um animal frágil, teimoso, indefeso, míope, que não consegue defender-se. Para estar segura, precisa do cuidado do pastor e da companhia das outras ovelhas. Na parábola, o pastor não desistiu da ovelha que desgarrou e se perdeu; não desistiu dela nem a culpou por sua fuga inconsequente. Antes, deixou as demais em segurança, procurou-a pelas montanhas escarpadas e valados profundos, e encontrou-a em situação desesperadora. Não podendo ela andar, o pastor a tomou no colo. Em vez de sacrificá-la, o pastor alegrou-se em encontrá-la e festejou sua reintegração ao rebanho. É assim que Deus faz conosco - Ele não abdica do direito que tem de nos tomar para si e nos manter em sua presença.

Em termos eclesiásticos, pastor é aquele que supervisiona o “rebanho”; ou melhor, ele é um mordomo do Senhor, por isso deve guardar cada uma das “ovelhas” que lhe confiou o Sumo Pastor; sua função principal é conduzir as “ovelhas” ao Senhor Jesus. Como bem diz o reverendo Hernandes Dias Lopes, ser pastor é estar disposto a investir a vida na vida dos outros sem receber o devido reconhecimento. Ser pastor é amar sem esperar a recompensa, é dar sem esperar receber de volta. Ser pastor é saber que o seu galardão não lhe é dado aqui, mas no Céu.

Nenhuma posição na terra deveria seduzir o coração de um pastor a desviar-se do seu foco ministerial. Ser embaixador de Deus é melhor do que ser embaixador da nação mais poderosa da Terra. Charles Spurgeon dizia para os seus alunos: "Filhos, se a rainha da Inglaterra vos convidar para serdes embaixadores em qualquer lugar do mundo, não vos rebaixeis de posto, deixando de serdes embaixadores do Céu”. Hoje, vemos muitos pastores deixando o ministério para serem vereadores, deputados ou senadores da República. Trocam o seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas. Isso é um equívoco e uma troca infeliz. Muito embora a vocação civil também seja uma digna vocação, aquele que Deus chamou para o ministério não deve desviar sua atenção com outros afazeres, ainda que dentre os mais nobres. Foi assim que ocorreu com os “pastores”, os líderes de Israel, contemporâneos de Ezequiel; eles se desviaram de suas funções.

Veja o que Deus diz através do profeta Ezequiel contra os pastores infiéis de Israel, isto é, seus reis, sacerdotes e profetas: “Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Jeová: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas?” (Ez.34:2,3).

Nota-se que as palavras do Senhor dirigidas aos líderes de Israel são de condenação absoluta desde o começo: "Ai dos pastores de Israel". Aqueles homens achavam que as posições que ocupavam eram tão dignificadas que os tornavam, automaticamente, isentos e imunes a toda e qualquer forma de crítica. Não entendiam que as posições que ocupavam, bem como as funções executadas por eles, realmente, não os isentavam de ter que admitir seus erros, de ter que confessar seus pecados e de sofrer as graves consequências dos juízos de Deus, caso não se arrependessem. Estas palavras, realmente duras da parte do Senhor, são motivadas pelo fato de que os pastores não são "donos" do rebanho de Deus, e por este motivo não podem tratar o rebanho de Deus de qualquer maneira e de forma abusiva. Pastores, como diz o apóstolo Pedro, não passam de cooperadores submetidos ao Senhor Jesus, que o Supremo Pastor (ver 1Pd.5:4).

2. O que os governantes faziam (Ez.34:2,3)?

“2.Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e diz aos pastores: Assim diz o Senhor JEOVÁ: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? 3.Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentam as ovelhas”.

Os “pastores” de Israel, ou seja, os líderes, tinham a obrigação de cuidar do “rebanho do Senhor”, porém, foram infiéis à missão que Deus lhes entregou; maltratavam, em vez de cuidarem das “ovelhas” do Senhor. Deus ficou furioso com esses pastores infiéis e pedia-lhes severas contas pelo sofrimento que infligiam às “ovelhas” que lhes confiou.

O profeta Ezequiel acusa os pastores de estarem cuidando de si mesmos em vez de estarem cuidando das ovelhas: "Ai dos pastores que se apascentam a si mesmos!". Como se não fosse terrível o bastante ignorarem as necessidades das “ovelhas” por estarem por demais ocupados consigo mesmos, esses “pastores” ainda tratavam as “ovelhas” com extrema brutalidade, pois o profeta, metaforicamente, diz: “Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas" e "dominais sobre elas com rigor e dureza". O interesse daqueles “pastores” estava muito mais nos benefícios materiais que poderiam receber das “ovelhas” - carne, gordura, lã, do que nos benefícios espirituais que poderiam e deveriam repartir no cuidado do “rebanho”. Para Ezequiel, o interesse daqueles ‘pastores” não estava centrado no chamado de Deus e no pastoreio, e sim no poder e no controle que exerciam sobre as “ovelhas”. Deus se indignou com esses “pastores” que não respeitavam as “ovelhas” que lhes foram confiadas; não as respeitavam porque não as amavam. Também o profeta Jeremias os exortou:

“1. Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor. 2. Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca dos pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor. 3. E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão e se multiplicarão. 4. E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor” (Jr 23:1-4).

Preste atenção nos verbos que Jeremias usa para descrever a conduta desses infiéis “pastores”: “destruir”, “dispersar”, “afugentar” e “não cuidar”. Bons pastores devem juntar, alimentar, cuidar, guiar e proteger, mas os “pastores” de Israel faziam tudo ao contrário.

Uma coisa marcante que a gente percebe é a maneira que Deus fala do rebanho - Ele o descreve como “o meu povo”, “as ovelhas do meu pasto” e “as minhas ovelhas”. A linguagem de Deus mostra o problema raiz do comportamento errado dos líderes - eles não amavam o povo como Deus o amava. Para eles, ser pastor era uma posição de destaque, honra e privilégio. Para Deus, porém, ser “pastor” era uma posição de responsabilidade, sacrifício, abnegação e amor. Atualmente, ainda há muitos que olham para o cargo de pastor como uma posição de honra a ser cobiçada. Buscam o destaque e desejam a honra diante dos homens. Ao invés de agir humildemente como pastores no rebanho local (veja 1Pd.5:1-3), apresentam-se em todo lugar com o “título” de pastor. Em outras palavras, “amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens” (Mt.23:6-7). Tais pastores não cuidam do rebanho como deveriam.

3. O que os governantes não faziam (Ez.34:4,8)?

“A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza.

Vivo eu, diz o Senhor JEOVÁ, visto que as minhas ovelhas foram entregues à rapina e vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuram as minhas ovelhas, pois se apascentam a si mesmos e não apascentam as minhas ovelhas”.

Outra triste constatação que o profeta descreve é a de que os “pastores” estavam negligenciando por completo suas responsabilidades, mesmo as mais básicas. O profeta diz: “A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes”. Era uma situação terrível! Por que estes “pastores” agiam desta maneira? Além da absoluta falta de interesse verdadeiro pelas “ovelhas”, eles agiam desta maneira em parte por ignorância e em parte por desídia. Isto está subjacente nos referidos textos. Diziam eles: “deixa o rebanho pra lá; o rebanho só me interessa pelo que posso conseguir dele, o resto é realmente irrelevante”. Pensavam e agiam assim porque sabiam que o povo os tinha em alta estima e ninguém ia realmente querer peitá-los por serem “ungidos”. O resultado direto deste descaso e ignorância não demoraria a ser sentido.

Ovelhas sem cuidados pastorais e maltratadas tendem a se espalhar, por não haver pastor, e acabam por tornar-se pasto para todas as feras do campo. Este é o triste fim de todas as situações de abuso espiritual que encontramos, mesmo nos dias de hoje: “ovelhas” dispersas, abandonadas e sendo devoradas por todos os tipos de "feras". O profeta constata, em nome do Deus-Pastor de Israel, esta triste realidade ao dizer: “As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro”. Ovelhas abusadas só conseguem resistir até certo ponto; algumas chegam mesmo a morrer dentro do próprio redil - a comunidade local que, na Nova Aliança, chamamos de igreja local. Outras, não aguentando mais os abusos, preferem abandonar o redil. As palavras de Ezequiel estão repletas de desconsolo neste quesito: "as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a terra, sem haver quem as procure ou quem as busque" (Ez.34:6).

Todavia, Deus tratou e tratará com firmeza aqueles que não viverem à altura dos compromissos assumidos como pastores e servos a serviço do povo de Deus. Ele diz: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor” (Jr.23:1). Porque somos ovelhas do pasto do Senhor, e Ele se mostra aborrecido quando Suas “ovelhas” são maltratadas por aqueles que deveriam realmente cuidar delas.

4. As ovelhas dispersas (Ez.34:5,6)

“5. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam. 6. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque”.

Eze­quiel dirige esses oráculos divinos à casa de Judá, mas a mensagem diz respeito a todos os filhos Israel, até mesmo os dispersos pelos assírios (Ez.34:6). Por falta de cuidado dos “pastores”, as consequências foram desesperadoras – as “ovelhas” foram espalhadas e desgarradas. Trata-se de uma alusão ao cativeiro, sendo a dispersão do povo de Deus decorrente da omissão dos líderes, ou, nas palavras do profeta, “por não haver pastor”. E ninguém dá atenção nem faz nada para corrigir esse cenário.

Essa linguagem de dispersão do povo aparece também na visão do profeta Micaías, em 1Reis 22:17. No Evangelho de Mateus, Jesus se depara com uma situação análoga: “ao ver as multidões, Jesus se compadeceu delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt.9:36). Nas palavras do pr. Esequias Soares, as funções pastoris são contrastadas no evangelho de João com as ações de mercenários: “o mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê o lobo chegando, abandona as ovelhas e foge; então o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas” (João 10:12,13).

Com a expressão “minhas ovelhas”, Deus identifica-se com elas, as quais não são propriedades dos pastores das igrejas locais. O uso deste possessivo demonstra o cuidado e a preocupação do Sumo Pastor para com as Suas “ovelhas”. O referido possessivo aparece também em Ezequiel 34:8,10,11,12,15,17,19,22,25,31). Diz o Senhor: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto!” (Jr.23:1).

III. SOBRE O BOM PASTOR

1. A reação divina contra os maus pastores (Ez.34:10-12)

10.Assim diz o Senhor JEOVÁ: Eis que eu estou contra os pastores e demandarei as minhas ovelhas da sua mão; e eles deixarão de apascentar as ovelhas e não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as minhas ovelhas da sua boca, e lhes não servirão mais de pasto. 11.Porque assim diz o Senhor JEOVÁ: Eis que eu, eu mesmo, procurarei as minhas ovelhas e as buscarei. 12.Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que está no meio das suas ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; e as farei voltar de todos os lugares por onde andam espalhadas no dia de nuvens e de escuridão”.

Os “pastores” de Israel falharam como despenseiros do “rebanho” do Senhor, e as ovelhas se dispersaram, deixando-as à mercê dos lobos devoradores. Mas o Sumo Pastor de Israel, prometeu assumir o comando de seu “rebanho” disperso em toda parte do mundo; ou seja, todo o povo de Israel disperso pelo mundo inteiro – as dez tribos do Norte e as tribos do Sul – o Senhor os fará retornar à Sua terra prometida (Ez.34:12), e será seu Pastor e governará sobre elas durante o milênio. Veja o que o Bom Pastor fará, segundo a profecia de Ezequiel: “Eu as procurarei e buscarei” (Ez.34:11); “Eu as livrarei” (Ez.34:12); “Eu as tirarei”, “Eu as congregarei”; “Eu as introduzirei na sua terra” (Ez.34:13); “Eu as apascentarei” (Ez.34:14); “Eu as farei repousar” (Ez.34:15); “Eu ligarei a quebrada”; “Eu fortalecerei a enferma” (Ez.34:11). São profecias de esperança para o povo de Deus; sem dúvida, é a mais sublime esperança para o povo de Israel.

Veja que o retrato do pastor que busca as ovelhas desgarradas em Ezequiel 34:12 prefigura de forma notável a parábola da ovelha perdida de Lucas 15:1-7, para a qual, sem dúvida, Jesus se baseou nessa passagem de Ezequiel. Nessa linguagem metafórica, há um retrato tanto do animal quanto do ser humano, mais especificamente dos crentes no dia a dia. Essa são algumas das razões de Deus nos tratar como ovelhas. O pr. Ezequias Soares argumenta que “Deus promete buscar as suas ovelhas na dispersão, “no dia de nuvens e densas trevas” (Ez.34:12). A expressão está relacionada ao imaginário do julgamento no “Dia do SENHOR” (Ez.30:3; Jl.2:2; Sf.1:15), um Dia de vingança e libertação, mas também do aparecimento de Deus, como no Êxodo, para livrar Israel (Is.24:7; Sl.97:2). Dessa forma, a mensagem pode se referir tanto ao retorno escatológico dos judeus dispersos pelo mundo quanto ao fim do cativeiro babilônico”.

2. Jesus, o bom Pastor

O Messias Jesus nos é apresentado no livro de Salmos como o bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas (Sl.22), como o grande Pastor que vive para as ovelhas (Sl.23) e como o supremo Pastor que voltará para as ovelhas (Sl.24). No Evangelho de João, capítulo 10, Jesus se apresenta como o bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas - “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (João 10:11); “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim” (João 10:14). O sentido básico da palavra “bom” (gr. kalos) é “maravilhoso”. Esta palavra, aqui, indica o caráter excelente do bom Pastor Jesus. Ele corresponde a um ideal tanto em caráter como em sua obra. Ele é único em sua categoria. O autor aos Hebreus, no capítulo 13, versículo 20, nos fala que o Jesus ressurreto dentre os mortos é o grande pastor das ovelhas, aquele que nos aperfeiçoa em todo o bem para cumprirmos a vontade de Deus. E o apóstolo Pedro, em sua primeira Epístola, capítulo 5, versículo 4, fala-nos do supremo Pastor que se manifestará para dar às suas ovelhas a imarcescível coroa da glória. Como bem argumenta o pr. Esequias Soares, “assim como Yahweh vai trazer de todas as nações os judeus dispersos para a terra de seus antepassados, o que já está acontecendo, em Israel, no Oriente Médio, da mesma forma o Senhor Jesus está congregando, de todas as nações, as ovelhas para o seu redil (João 10:16).

3. O pastor cristão

O pastor cristão é aquele que é “despenseiro” do “rebanho” do Senhor Jesus; ele é mordomo das coisas santas de Deus. O Senhor Jesus concedeu pastores à igreja (Ef.4:11) para o aperfeiçoamento dos crentes e a edificação do Corpo de Cristo. A principal obrigação do pastor cristão é pastorear. Mas, o que é pastorear?

a) é alimentar o rebanho de Deus com a Palavra de Deus. Não cabe a ele prover o alimento, mas oferecer o alimento. O alimento é a Palavra. Reter a Palavra ao povo de Deus é um grave pecado. Infelizmente, vivemos dias difíceis; dias em que é notório o abandono do ensino da Palavra de Deus nas igrejas. Muitos dentre os crentes se dizem ser, como nos afirmam as Escrituras, terão comichões nos ouvidos e não sofrerão mais a sã doutrina (2Tm.4:3), ou seja, não quererão se dobrar aos ensinos da Palavra de Deus e os distorcerão, a fim de poderem praticar os seus pecados, construindo para si doutores que justifiquem seus pecados e iniquidades. São dias difíceis, mas nós, que conhecemos a Palavra, que fomos ensinados na boa doutrina, sabendo que estas coisas iriam mesmo acontecer, só devemos ser cautelosos e, sobretudo, submissos aos ensinos do Senhor, pois o ensino da Palavra de Deus é essencial para o crescimento espiritual do cristão.

b) é proteger o rebanho de Deus dos lobos vorazes. Paulo alertou para o fato dos pastores estarem vigilantes para que os lobos vorazes não penetrem no meio do rebanho. Jesus, também, fez o mesmo alerta: “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mt.7:15).

c) é apascentar o rebanho de Deus. O pastor convive de perto com as ovelhas; leva-as para os pastos verdes as famintas, leva às águas tranquilas as sedentas, atravessa os vales escuros dando segurança à ovelha que está insegura e carrega a fraca no colo, resgata a que caiu no abismo, disciplina aquela que põe em risco a vida do rebanho.

c.1. O pastor cristão apascenta o rebanho de Deus com conhecimento. O pastor é um estudioso. Ele precisa conhecer a Palavra, alimentar-se da Palavra e pregar a Palavra. Aliás, a recomendação de Paulo é que “[...] o bispo seja [...] apto para ensinar”(1Tm.3:2). A vida do ministro está inseparavelmente vinculada ao ensino e à observância da sã doutrina (1Tm.1:3,10; 4:6,16; 5:17; 6:1,3; 2Tm.4:2,3; Tt.2:1,7,10). Paulo diz que devem ser considerados dignos de redobrados honorários aqueles que se afadigam na Palavra(1Tm.5:17).

c.2. O pastor cristão apascenta o rebanho de Deus com inteligência. Isso significa apascentar o rebanho de Deus com sabedoria e sensibilidade. Sabedoria é usar o conhecimento para os melhores fins. Precisamos tratar as ovelhas de Deus com ternura. Paulo diz que o pastor é como um pai e também como uma mãe (1Tess 2:7-12). O pastor chora com os que choram e festeja com os que estão alegres. O pastor trata cada ovelha de acordo com sua necessidade, com seu temperamento, com seu jeito peculiar de ser. Ele é dócil com as crianças como foi Jesus, que as pegou no colo. Ele trata os da sua idade como a irmãos e aos mais velhos como a pais. Uma coisa é amar a pregação, outra coisa é amar as pessoas para quem pregamos.

Que a profecia de Jeremias também se aplique em nossos dias - “E vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência” (Jr.3:15).

CONCLUSÃO

O bom pastor exerce o seu pastoreado com eficiência e zelo, cônscio de que é um mordomo do Senhor Jesus. Paulo diz que aquele que aspira ao episcopado, excelente obra almeja (1Tm.3:1). O pastoreado é uma obra, e uma obra excelente. Não é uma obra para gente preguiçosa, mas uma obra que exige todo esforço, todo empenho e todo zelo.

Os obreiros infiéis são obreiros fraudulentos, gananciosos, avarentos e enganadores; são amantes do dinheiro e estão embriagados pela sedução da riqueza. Há pastores que mudam a mensagem para auferir lucros; pregam prosperidade e enganam o povo com mensagens tendenciosas para abastecer a si mesmos. Deus abominou as atitudes dos pastores infiéis de Israel e, certamente, aborrece as atitudes mercenárias de inúmeros pastores dos dias de hoje que ludibriam o rebanho com falsas mensagens e mentiras. Deus nos guarde!

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Ezequias Soares. A justiça divina: preparação do povo de Deus para os últimos dias no Livro de Ezequiel. CPAD.

J.Kenneth Grider. O Livro de Ezequiel. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Daniel Block. Ezequiel.

Pr. Hernandes Dias Lopes. De: Pastor A:Pastor.

domingo, 6 de novembro de 2022

Aula 07 - A RESPONSABILIDADE É INDIVIDUAL

 

4º Trimestre/2022


Texto Base: Ezequiel 18:20-28


“A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” (Ez.18:20).

 

Ezequiel 18:

20.A Alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.

21.Mas, se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá.

22.De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou, viverá.

23.Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor JEOVÁ; não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva?

24.Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, e fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá.

25.Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é direito. Ouvi, agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho direito? Não são os vossos caminhos torcidos?

26.Desviando-se o justo da sua justiça e cometendo iniquidade, morrerá por ela; na sua iniquidade que cometeu, morrerá.

27.Mas, convertendo-se o ímpio da sua impiedade que cometeu e praticando o Juízo e a Justiça, conservará este a sua alma em vida.

28.Pois quem reconsidera e se converte de todas as suas transgressões que cometeu, certamente viverá, não morrerá.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo do livro de Ezequiel, trataremos nesta Aula da responsabilidade individual de cada ser humano. Os judeus à época de Ezequiel acreditavam que eles estavam sendo punidos por causa dos pecados de seus antepassados (Ez.18:2; Jr.31:29) mas o profeta Ezequiel exortou-os dizendo: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” (Ez.18:20).  O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos, e que se aplica a toda a Igreja ao longo de sua história, exorta: “Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm.14:12). Quando chegar o momento, Deus chamará todos a julgamento e, de acordo com os Seus decretos, que imprimiu na nossa consciência, e os preceitos que deixou na Sua Palavra, todos prestarão contas ao Senhor, o Criador e Sustentador da vida. Que fizestes de Jesus, chamado o Cristo? Pilatos mandou crucificá-lo; os sacerdotes e fariseus O desprezaram; o mundo O tem desprezado, esquecido e ridicularizado. Mas um Dia, todos os seres humanos, sem exceção, dobrarão os seus joelhos em adoração e toda a língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor (Fp.2:9-11). O profeta Amós exortava Israel com as seguintes palavras: "Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus" (Amós 4:12).  Ao rei Ezequias, Deus mandou dizer: "... põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás" (Is.38:1b). E nós? Estamos preparados para nos encontrar com Deus? Não há dúvidas, a responsabilidade do ser humano perante Deus é um fato, independentemente de alguém acreditar ou não, e essa responsabilidade é individual.

I. SOBRE A MÁXIMA USADA EM ISRAEL

1. Uma máxima equivocada

Até a época de Ezequiel existia uma máxima em Israel: ”Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram” (Ez.18:2); isto se baseava numa interpretação equivocada sobre o terceiro mandamento do Decálogo (Êx.20:5; Dt.5:9), que dizia que o Senhor visitava a maldade dos pais sobre os filhos, até à terceira e quarta geração daqueles que lhe aborrecessem (Ex.20:5). Ou seja, acreditavam que os filhos pagariam até a quarta geração pelos pecados dos seus antepassados. Chama-se isto de doutrina da responsabilidade transgeracional, que foi amplamente difundida entre os filhos de Israel, e até mesmo entre as nações circunvizinhas. Essa máxima era muito usada em Jerusalém (Jr.31:29) e, também, entre os exilados de Babilônia (Ez.18:2). Era um provérbio metafórico – as “uvas verdes” se referem aos pecados, e os “dentes embotados” se referem à consequência deles. Esse dito popular refletia o ceticismo dos exilados, que se consideravam injustiçados, ou seja, estavam sendo condenados e punidos por causa dos pecados dos seus antepassados. Era uma crítica à justiça divina.

Segundo Daniel Block, essa doutrina tradicional da responsabilidade criou, supostamente, sérios problemas aos exilados. Entendiam que eram inocentes, e acusavam Yahweh de injustiça em Sua administração da justiça. Diziam que Ele não se importava com a culpa ou a inocência de um indivíduo; tudo que importava era equilibrar o pecado e a retribuição. Ao buscarem defender sua inocência viraram o significado da doutrina de cabeça para baixo. O Decálogo originalmente foi destinado como um aviso anacrônico para as pessoas guardarem suas condutas por causa das implicações de suas ações para com seus filhos. Mas, nas bocas dos contemporâneos de Ezequiel, se transformou em uma acusação de retrospectiva da injustiça divina. Não é justo que os “filhos”, os exilados, sejam punidos pelos pecados dos “pais”, seus ancestrais. Tendo em mente isto, o provérbio expressa de maneira figurativa a doutrina explicitamente declarada em Lamentações 5:7: “Nossos pais pecaram e não existem mais, e nós somos aqueles que carregam a culpa deles”.

Este entendimento que os judeus tinham, muitas igrejas ditas cristãs também têm. Só que isto é uma interpretação equivocada de quem não presta atenção ao texto; no final do texto diz: “daqueles que me aborrecem”. Ou seja, a maldição é sobre aqueles que permanecem nos pecados de seus pais; e o próprio Ezequiel dirimiu esta dúvida, afirmando que os pecados dos pais não afetarão os seus descendentes, caso eles se convertam dos seus maus caminhos (Ez.18:17) – “o tal não morrerá pela maldade de seu pai; certamente viverá”. A responsabilidade, pois, é individual, e que a pessoa que pecar, ela morrerá (Ez.18:4). A morte aqui é, principalmente, espiritual, e não exclusivamente física.

Na verdade, os pais devem saber que seus pecados, negligência espiritual, inclusive a de não se apartarem da impiedade do mundo, podem levar a consequências trágicas quanto a seus descendentes. Os filhos sofrem por causa dos pecados dos pais, no sentido de geralmente seguirem seus passos no caminho da transgressão dos mandamentos e da idolatria, e daí adotam maus hábitos e atitudes que os afastarão para longe de Deus, levando-os à perdição e morte espiritual.

2. Jeremias e Ezequiel trataram do assunto

Assim como Ezequiel, Jeremias também tratou do assunto (Lm.5:17; Jr.18:5-9;10-18). Nas palavras do pr. Esequias Soares, esse pensamento das “uvas verdes” vai na contramão do pensamento bíblico (Dt.24:16); isto é lembrado na história de Israel (2Rs.14:5,6). O conceito de responsabilidade continuada pelos pecados ancestrais era herança do segundo mandamento do Decálogo, uma vez que a continuidade das gerações humanas impede que a pessoa se isole do grupo. Quando Jeremias afirma: “Nossos pais pecaram e já não existem; nós é que recebemos o castigo pelas suas iniquidades” (Lm.5:7), ele está dizendo que os pecados dos seus antepassados conduziram a sua descendência nas mesmas transgressões para as gerações seguintes; e conclui dizendo: “Ai de nós, porque pecamos” (Lm.5:16).

Os pecados do povo foram acumulados geração após geração, mas o castigo do cativeiro era responsabilidade daquela geração. Tanto os exilados na Babilônia como os que estavam em Judá e em Jerusalém acreditavam ou se justificavam numa ideia falsa de que estavam pagando pelos pecados dos seus antepassados, não pelos seus, mesmo depois da destruição de Jerusalém (Lm.5:7). Pensava deste modo porque entendiam que esse era o castigo para quem desobedecesse aos Dez Mandamentos (Ex.20:5). Então, Ezequiel deu a nova diretriz de Deus, porque a antiga foi mal interpretada. Deus julga cada pessoa individualmente. Embora o mundo frequentemente sofra as consequências de pecados cometidos por aqueles que viveram nas gerações anteriores, Deus não nos castiga pelos erros de outrem, e não podemos usá-los como desculpa para os nossos pecados.

Cada pessoa é responsável perante Deus por suas ações; Mas, alguns habitantes de Judá usaram a bênção de Deus como desculpa para desobedecer-lhe; pensavam que viveriam por causa de seus antepassados justos (Jr.18:5-9). Deus lhes havia dito que não seria assim; eram filhos perversos de pais justos e, assim, morreriam (Jr.18:10-13). Porém, aqueles que se voltassem a Deus viveriam (Jr.18:14-18).

Deus proibiu enfaticamente o povo de pronunciar esse provérbio - “Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, vocês nunca mais repetirão esse provérbio em Israel” (Ez.18:3). Na profecia de Jeremias, essa proibição é escatológica. Os capítulos 30-33 anunciam a restauração de Israel e de Judá, e contempla o futuro glorioso da nação unificada. É nesse contexto escatológico que nunca mais será pronunciado em Israel tal provérbio popular. Mas a proibição anunciada por Ezequiel é imediata (Ez.18:2,3).

3. O problema em nosso tempo

A doutrina das “uvas verdes e dentes embotados” que predominou o imaginário popular do povo de Judá (Jr.31:29; Ez.18:2) veio a ser parte do menu doutrinário de um movimento infiltrado em algumas igrejas, conhecido como “Batalha Espiritual”, e nesse ensino está a enganosa doutrina da “maldição hereditária”. Os seguidores dessa falsa doutrina defendem que os crentes, mesmo tendo aceitado a Jesus, não estão totalmente livres do pecado, como se o sangue de Jesus fosse insuficiente, tendo de, mesmo depois de aceitarem a Cristo (e, portanto, já estarem lavados no sangue de Jesus), ter de quebrar maldições em “encontros” e outros comportamentos, para complementar a sua purificação e salvação, algo que nada mais é que uma versão moderna do pensamento gnóstico que não crê no poder do sangue de Jesus. No entanto, a Bíblia nos diz que “… o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado” (1João 1:7), e que “…fomos resgatados da nossa vã maneira de viver que por tradição recebemos de nossos pais pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1Pd.1:18b,19), e que “se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co.5:17). Portanto, a “maldição hereditária” é um entendimento equivocado, e que deve ser banido na vida daqueles que estão em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Na cruz, todas as nossas ofensas foram perdoadas e que nada ficou para ser pago ou resolvido entre nós e Deus (cf. Cl.2:14), de modo que o sacrifício de Cristo é suficiente, sendo mentira satânica qualquer ensinamento contrário. Não é preciso quebrar qualquer maldição hereditária depois que aceitamos a Cristo, pois, como diz o apóstolo Paulo, fomos vivificados juntamente com Ele e fomos perdoados de todas as ofensas, não restando coisa alguma; tudo foi cravado na cruz (Cl.2:14). Havendo o perdão dos pecados, somos vivificados e o nosso espírito passa a ter, novamente, ligação com o Espírito Santo, e este derrama em nós o amor divino. Este amor produz, na vida do justificado, boas obras, o fruto do Espírito Santo (Gl.5:22).

II. SOBRE A SALVAÇÃO PARA TODOS OS SERES HUMANOS

1. Há esperança para o pecador (Ez.18:21-23)

Deus falou pela boca de Ezequiel:

“Mas, se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá. De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou, viverá. Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor JEOVÁ; não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva?”

Ezequiel esclarece que Deus não tem prazer nem alegria nos sofrimentos do ímpio, antes deseja perdoar o pecador, mas não dá para ajudar a quem não se ajuda – “Não desejo eu muito mais que ele se converta dos seus caminhos e viva?” (Ez.108:23). Essa é uma pergunta retórica, ou seja, uma afirmação em forma de pergunta. Se o perverso deixar o pecado, ele será perdoado e viverá; se, por outro lado, a pessoa crente voltar a pecar, ela morrerá. A vontade de Deus é salvar todos os seus humanos. Está escrito: “Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm.2:4). “Desejaria Eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor Jeová: não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva?” (Ez.18:23). “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt.2:11).

No final do discurso Deus fez um apelo ao povo de Judá para que se convertesse (Ez.18:31). Certamente, há esperança para o pecador que se arrepende e se converte de todos os pecados que cometeu, é a esperança da salvação eterna, a mais sublime esperança para o ser humano.

Deus oferece uma real oportunidade de salvação a todas as pessoas, indistintamente. Mas, alguém poderá dizer que não são todas as pessoas que se salvam, e o dizem com razão, visto que as Escrituras assim o declaram, quando afirmam que “a fé não é de todos” (2Ts.3:2). No entanto, isto é apenas reflexo do fato de que o chamado para a salvação está inserido na ordem estabelecida por Deus de que as pessoas foram criadas com livre-arbítrio, ou seja, a graça salvadora de Deus é estendida a todas as pessoas, mas Ele requer que as pessoas estendam a sua mão para receber – “por meio da fé” (Ef.2:8).

Se é verdade que o jugo do pecado é universal, também é verdade que a necessidade da salvação em Cristo é universal. O Evangelho de Jesus Cristo, cujo conteúdo é Cristo, destina-se a todos os gentios, a todos os povos. Os judeus pensavam que as boas-novas de salvação eram destinadas apenas a eles; no entanto, o plano eterno de Deus incluía todos os povos. Cristo morreu a fim de comprar para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Ap.5:9). John Stott é enfático quando escreveu: "Precisamos libertar-nos de todo orgulho, seja de raça, nação, tribo, casta ou classe, e reconhecer que o Evangelho de Deus é para todos, sem exceção e sem distinção”.

Por causa do Seu amor e misericórdia, Deus ofereceu, em Cristo, a salvação a todos (João 3:16). Não concordamos, portanto, com a versão daqueles que dizem que somente alguns foram criados para usufruir da vida eterna, enquanto outros, “predestinados”, serão lançados no lago de fogo. Não! Em absoluto isso tem respaldo nas Escrituras Sagradas! Não haveria o porquê de o Pai enviar seu Filho, fazê-lo passar por todo processo de crucificação, morte e ressurreição, ordenando que os discípulos, após serem batizados no Espírito Santo, proclamassem o Evangelho a toda a criatura (Mc 16.15; cf. At 1.8), para salvar apenas alguns predestinados. Está claro nas Escrituras Sagradas, que a intenção de Deus é salvar todos os seres humanos e, com base em sua bondade, amor e justiça, dá a oportunidade de ele rejeitar ou não a promessa bendita de Salvação; o próprio Salvador Jesus Cristo afirma que quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado (Mc.16:16).

2. Refutando um pensamento fa­talista (Ez.18:20)

A tese enganosa, que permeava entre o povo exilado e entre os que ficaram em Judá, de que estavam sendo punido por causa dos pecados de seus antepassados, foi desaprovado por Deus. Deus proibiu esse pensamento fatalista porque a responsabilidade é individual, e Ezequiel torna isto claro de maneira textual e direta: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” (Ez.18:20). É o princípio moral da lei da semeadura (Os.8:7; Gl.6:7). Em todo o capítulo 18, o profeta Ezequiel esclarece, com reiteradas explicações e exemplos, que a lei da responsabilidade individual é justa e está de acordo com os atributos divinos. Deus é justo (Dt.32:4; Is.45:21), e esse atributo é manifesto no castigo do pecador e na premiação do justo - Deus “retribuirá a cada um segundo as suas obras” (Rm.2:6).

3. Duas situações (Ez.18:21,22,24)

“21.Mas, se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá. 22.De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou, viverá. 24.Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, e fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá.

Nestes textos o profeta Ezequiel trata de duas situações diferentes sobre a relação de Deus com os seres humanos: aquele que se converte dos seus maus caminhos e se decide por seguir a Deus e à Sua Palavra e; aquele que se desvia dos caminhos do Senhor de forma consciente e deliberada, e se espraia na iniquidade. Assim como Deus não leva em conta os pecados de quem se converte dos seus vis pecados e se volta completamente para Deus de forma confessa e consciente, pela mesma justiça aquele que se desvia de Deus e da Sua Palavra terá os registros de sua vida deletados e o nome retirado do Livro da Vida. Portanto, o princípio é o mesmo: o pecador que se arrepende viverá; quando ocorre o contrário, no caso de o crente se desviar, de todos os seus atos de justiça que praticou, nenhum será lembrado; na sua transgressão e no pecado que cometeu, neles morrerá (Ez.18:24). Aqui mostra com clareza que é possível, sim, o crente perder a comunhão com Deus, com risco de perder a salvação, tanto temporariamente (Lc.15:32) como definitivamente (Hb.6:4-6; 2Pd.2:20-22). O caso de Judas Iscariotes é emblemático, pois Jesus disse que ele se perdeu (João 17:12).

III. SOBRE A REAÇÃO DE ISRAEL

1. Uma pergunta retórica (Ez.18:25)

“Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é direito. Ouvi, agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho direito? Não são os vossos caminhos torcidos?”.

Aqui mostra que tanto os exilados na Babilônia quanto os judeus que ainda estavam em Judá acusavam Deus de injustiça – “Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é direito”. Outra maneira de dizer: “os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram” (Ez.18:2). Com isso, eles estavam procurando um culpado por suas mazelas - os seus antepassados e agora o próprio Deus. O pensamento que dominava o imaginário popular era que Deus estava sendo injusto em punir os filhos por causa dos pecados dos pais.

Deus respondeu aos rebeldes com uma pergunta retórica: “Não é o meu caminho direito? Não são os vossos caminhos torcidos?”. Estas perguntas retóricas são repetidas em Ez.18:29. O profeta leva os destinatários de sua mensagem à reflexão. Eles deviam analisar o contexto religioso em que estavam vivendo e comparar com a tradição de Moisés e dos profetas. Mas isso não interessava a eles; era mais fácil lançar a culpa nos outros, nos antepassados e no próprio Deus. Mas Deus mostra que não é injusto, pois até mesmo o perverso pode ser salvo, caso se converta dos seus pecados, conforme o Senhor deseja que ele faça. Na verdade, Deus é justo, mas nós infringimos as suas regras. Não é Deus quem deve estar à altura de nossos ideais de justiça, antes, nós é que devemos estar à altura dos seus. Não desperdicemos nosso tempo procurando brechas para esquivarmos da Lei de Deus. Estejamos, sim, à altura dos padrões que Deus requer de nós!

2. Sobre a justiça

O profeta Ezequiel deixa muito claro que cada indivíduo é responsável pelos seus atos, isto é, ninguém vai ser punido por causa dos pecados de seus ancestrais. Se os pais de um indivíduo pecaram, e ele não permanecer nos pecados deles, mas se converter ao Senhor e segui-lo de todo o coração, certamente Deus o justificará, pois ”Deus é um juiz justo” (Sl.7:11) e “recompensará cada um segundo as suas obras” (Rm.2:6).

3. O arrependimento (Ez.18:27,28)

No final do capítulo 18, Ezequiel faz um chamado para os pecadores se converterem das suas transgressões e receberem “um coração novo e um espírito novo, pois por que razão morreríeis, ó casa de Israel?” (Ez.18:31). Ezequiel explica que “se o ímpio se converter de todos os seus pecados, certamente viverá” (Ez.18:21. Deus tem prazer em dar-lhe vida eterna (Ez.18:23).

Mas, para que o indivíduo receba o perdão de Deus é necessário que haja arrependimento sincero por parte dele. O que é arrependimento? É uma mudança de direção - conversão (ler 1Ts.1:9), mudança de mente, transformação do pensamento, da consciência, das atitudes. Quando a pessoa passa pelo verdadeiro arrependimento há uma tristeza sincera pelo pecado praticado (2Co.7:10) e posterior compromisso de abandoná-lo para abraçar a vontade de Deus. 

O verdadeiro arrependimento nada significa se produz apenas algumas lágrimas, um espasmo de pesar, um pequeno susto. Na época de Neemias, o povo judeu estava desviado dos caminhos do Senhor, mas no capítulo 8 de Neemias vemos que o povo se reuniu para ouvir a Palavra. A leitura, a explicação e a aplicação da Palavra trouxeram choro pelo pecado (Ne.8:9). Este é um dos efeitos da Palavra de Deus no coração daqueles que a ouvem - ela produz quebrantamento, arrependimento e choro pelo pecado. Arrependimento começa com choro, humilhação e quebrantamento diante de Deus (2Cr.7:14). Aliás, arrependimento é a tristeza profunda e suficiente para não repetir o erro. Precisamos abandonar os pecados dos quais nos arrependemos e andar em um caminho novo e de santidade. O verdadeiro arrependimento implica na mudança de atitude e conduta daquele que pecou, e isto não acontece somente no dia da conversão, mas na vida cotidiana, de forma contínua. A orientação amorosa do Senhor Jesus é: “vai-te e não peques mais” (João 8:11). Deus restaura o pecador que verdadeiramente se arrepende e muda de atitude.

CONCLUSÃO

Concluímos esta Aula reafirmando que, diante de Deus, cada ser humano responderá pelos seus atos cometidos, jamais responderá pelos atos cometidos por outrem, nem pelos de perto nem pelos de longe, pois a responsabilidade é individual. Portanto, o argumento de que cada pessoa está determinada por um rígido destino, não se coaduna com os ensinamentos da Palavra de Deus. Cada pessoa será julgada pelos seus atos cometidos e não por um destino fatalista.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Ezequias Soares. A justiça divina: preparação do povo de Deus para os últimos dias no Livro de Ezequiel. CPAD.

J.Kenneth Grider. O Livro de Ezequiel. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Daniel Block. Ezequiel.