domingo, 22 de dezembro de 2024

NASCEU JESUS, O REI DOS REIS


Lucas 1:26-33; 2:10,11

O nascimento de Jesus representa a manifestação do amor e da soberania de Deus. Ele veio ao mundo como o cumprimento das profecias messiânicas, trazendo redenção e estabelecendo Seu reinado eterno. Em Lucas 1:26-33 e 2:10,11, vemos os anjos anunciando tanto a chegada do Salvador quanto do Rei. O texto afirma: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lc.1:31-33).

Desde Seu nascimento em Belém, Jesus é identificado como o Salvador e o Rei dos reis. A palavra “Cristo”, que significa “Ungido”, reflete Sua designação real. Em Israel, a unção com azeite era uma cerimônia solene que conferia autoridade a reis e sacerdotes. Jesus, como o Ungido de Deus, veio não apenas para ser Salvador, mas também para estabelecer Seu governo eterno.

Os magos, ao procurarem por Jesus, disseram: “Onde está o recém-nascido Rei dos Judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo” (Mt.2:2). Ao encontrá-Lo, prostraram-se e ofereceram presentes dignos de um Rei: ouro, incenso e mirra (Mt.2:11). Esses gestos sublinham a honra e adoração devida a Jesus como Rei. De forma semelhante, os anjos e os pastores também O adoraram, glorificando a Deus pela chegada do Salvador.

A mensagem do Natal é clara: Jesus não é apenas o Redentor, mas também o soberano Rei. Em Lucas 1:33, lemos: “ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim”. Embora o reinado de Jesus comece com Israel, ele se expande para toda a humanidade e atravessa o tempo, alcançando o futuro Milênio, quando Ele entregará o Reino ao Pai (1Co.15:24).

Como nosso Rei, Jesus tem o direito de governar nossas vidas. Ele afirmou: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (João 15:14). Esse versículo destaca tanto Seu papel como Salvador, que nos chama à amizade, quanto como Rei, que nos convoca à obediência. Aceitar Jesus como Salvador implica submetê-Lo ao Seu senhorio e reconhecê-Lo como nosso Rei soberano.

Portanto, ao celebrarmos o Natal, não podemos dissociar o Salvador do Rei. Aquele que nasceu em uma manjedoura é digno de toda adoração e louvor como Senhor dos senhores. Natal é um tempo de louvor, alegria e gratidão pela vinda de Jesus, que trouxe paz, redenção e um reinado eterno.

  • Os anjos O adoraram. “E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!” (Lc.2:13,14).
  • Os pastores O adoraram. “E voltaram os pastores glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes havia sido dito” (Lc.2:20).
  • Os magos O adoraram. “E, entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, O adoraram; e, abrindo os seus tesouros, Lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra” (Mt.2:11).

Neste Natal, celebremos com alegria, louvando e adorando o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Que seja um tempo de comunhão com nossa família, amigos e irmãos, reconhecendo Jesus como nosso Salvador e Rei. A Ele, que é digno de toda honra e glória, elevemos nossa adoração:

“Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém” (1Tm.1:17).

Feliz Natal

Luciano de Paula Lourenço

 

AS PROMESSAS DE DEUS SÃO INFALÍVEIS

         4° trimestre 2024

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 13

Texto Base: Salmos 102:25-27; 2Pedro 3:8-13

“Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa; porventura, diria ele e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria?” (Nm.23:19).

Salmo 102:

25.Desde a antiguidade fundaste a terra; e os céus são obra das tuas mãos.

26.Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles, como uma veste, envelhecerão; como roupa os mudarás, e ficarão mudados.

27.Mas tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim.

2Pedro 3:

8.Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia.

9.O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.

10.Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão.

11.Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade,

12.aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?

13.Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.

INTRODUÇÃO

Nesta Lição, refletiremos sobre a infalibilidade das promessas de Deus, um tema central que revela a essência do caráter divino. A Bíblia nos ensina que Deus é imutável, ou seja, Ele não muda e é absolutamente fiel às Suas palavras. Desde o Antigo Testamento até o Novo, vemos o cumprimento exato das promessas de Deus, o que nos assegura que Ele jamais falha. Isso é um fundamento poderoso para a nossa fé, pois sabemos que tudo o que Ele prometeu se cumprirá. Estudaremos como essa verdade fortalece nosso relacionamento com Deus e nos dá confiança para vivermos com esperança e segurança.

I. DEUS É INFALÍVEL

1. A infalibilidade de Deus

A infalibilidade de Deus é uma característica central de Sua natureza, que aponta para Sua incapacidade de errar ou falhar. No Salmo 102:25-27, o salmista destaca o contraste entre a criação, que é transitória e sujeita à mudança, e o Criador, que permanece o mesmo para sempre. Essa imutabilidade reflete a perfeição absoluta de Deus, cuja fidelidade e justiça são inabaláveis. Ele nunca falha em cumprir Suas promessas e propósitos. Toda a Escritura confirma que, desde o início da história, Deus sempre manteve Suas promessas. Sua infalibilidade nos dá a certeza de que podemos confiar nEle incondicionalmente, porque Suas palavras e Suas promessas jamais serão frustradas.

Cito três exemplos bíblicos que demonstram a infalibilidade de Deus em Suas promessas:

a)   A promessa de Deus a Abraão (Gênesis 12:1-3; 21:1,2). Deus prometeu a Abraão que ele seria pai de uma grande nação, apesar de sua idade avançada e da esterilidade de Sara. Apesar das circunstâncias desfavoráveis, Deus cumpriu Sua promessa, e Isaque nasceu. Isso demonstra que Deus não falha, mesmo quando os obstáculos parecem insuperáveis.

b)   A libertação de Israel do Egito (Êxodo 3:7-10; 12:41). Deus prometeu a Moisés que libertaria os israelitas da escravidão no Egito. Apesar da resistência de Faraó e das inúmeras dificuldades, na cosmovisão humana, Deus cumpriu fielmente Sua promessa, guiando o povo para fora do Egito após 430 anos de escravidão. Isso mostra que, quando Deus promete libertação, Ele é fiel para cumprir.

c)   A vinda do Messias (Isaías 7:14; Mateus 1:22,23). No Antigo Testamento, Deus prometeu a vinda do Salvador, o Messias, através de profecias como Isaías 7:14, que menciona o nascimento de uma criança chamada Emanuel. No Novo Testamento, essa promessa foi cumprida com o nascimento de Jesus Cristo, conforme registrado em Mateus 1:22,23. A vinda de Cristo confirma a infalibilidade de Deus em Suas promessas de redenção e salvação para a humanidade.

Esses exemplos demonstram que Deus é absolutamente fiel em cumprir Suas promessas, independentemente do tempo ou das circunstâncias.

2. Uma promessa infalível

A promessa do retorno de Jesus Cristo, conforme descrito em 2Pedro 3, é um exemplo poderoso da infalibilidade de Deus. O apóstolo Pedro responde a preocupações da igreja sobre a aparente demora da vinda de Cristo, enfatizando que Deus não está atrasado em cumprir Sua promessa. O tempo de Deus é distinto do nosso: "Um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia" (2Pd.3:8). Esse ensinamento nos recorda que a percepção humana de demora não se aplica a Deus, que age conforme Sua vontade soberana e eterna.

Pedro deixa claro que a aparente demora do Senhor não indica uma falha ou esquecimento de Sua promessa. Pelo contrário, a demora reflete a longanimidade e paciência de Deus, que deseja que todos tenham oportunidade de arrependimento e não pereçam (2Pd.3:9). Essa espera é uma expressão do amor de Deus, dando tempo para que mais pessoas se voltem para Ele.

No entanto, o apóstolo também adverte que o retorno de Cristo é inevitável e ocorrerá de forma repentina e inesperada, "como um ladrão" (2Pd.3:10). Essa promessa é infalível, e o cumprimento virá no tempo perfeito de Deus. Quando o Senhor voltar, será para restaurar todas as coisas, transformar a criação e estabelecer novos céus e nova terra (2Pd.3:13). Portanto, essa certeza deve motivar os crentes a viverem em santidade e expectativa, confiando plenamente na fidelidade de Deus.

A promessa da vinda de Cristo é um lembrete de que Deus cumpre cada palavra, e Seu plano redentor se cumprirá sem falha, no momento designado.

3. A Palavra infalível de Deus

A infalibilidade da Palavra de Deus é um fundamento essencial da fé cristã. Em 1Reis 8:56, Salomão, em seu discurso, expressa profunda gratidão ao Senhor por ter cumprido todas as promessas feitas a Israel através de Moisés, ressaltando que "nem uma só palavra caiu de todas as suas boas palavras". Este versículo sublinha a fidelidade de Deus em honrar cada promessa proferida, demonstrando que Ele é zeloso e fiel para cumprir tudo o que prometeu.

A Bíblia está repleta de exemplos de como Deus honrou Sua Palavra ao longo da história, confirmando que Suas promessas são verdadeiras e imutáveis. Vejas os exemplos do item 1 acima. O profeta Jeremias também afirma que o Senhor "vela" para que Sua Palavra se cumprisse (Jeremias 1:12), demonstrando Seu cuidado ativo em garantir que todas as Suas promessas se realizem no tempo certo.

Assim, a Palavra de Deus não é apenas um conjunto de escrituras, mas uma fonte viva de promessas infalíveis que têm poder para transformar vidas, trazer esperança, consolo e direção. É por meio dela que conhecemos os planos de Deus, e podemos confiar plenamente que, seja qual for a circunstância, a Palavra do Senhor permanece firme e inalterada. Ele não esquece nem falha em uma só de Suas promessas.

Deus é verdadeiramente fiel. Em Números 23:19 está escrito: “Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa; porventura, diria ele e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria?”. Este texto nos assegura que Deus não mente nem se arrepende, destacando Sua total integridade e a certeza de que tudo o que Ele promete será cumprido. Esta passagem sublinha a diferença entre Deus e o ser humano, reafirmando que quando Deus fala, Ele age, e quando Ele promete, Ele cumpre.

Antes de morrer, Josué, já em idade avançada, declarou: “E eis aqui eu vou, hoje, pelo caminho de toda a terra; e vós bem sabeis, com todo o vosso coração e com toda a vossa alma que nem uma só palavra caiu de todas as boas palavras que falou de vós o Senhor, vosso Deus; todas vos sobrevieram, nem delas caiu uma só palavra” (Js.23:14). Aqui, Josué relembra ao povo de Israel que nenhuma palavra de Deus falhou; tudo o que Ele prometeu se cumpriu, fortalecendo a fé do povo na infalibilidade das promessas divinas. Josué 21:45 reafirma esse testemunho ao dizer que "nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o Senhor havia falado à casa de Israel; tudo se cumpriu".

Essas passagens demonstram que, ao longo da história, Deus foi fiel em cumprir cada uma de Suas promessas para o Seu povo. Isso nos encoraja a confiar plenamente em Deus e em Sua Palavra, sabendo que Ele é fiel e que podemos contar com Sua imutável fidelidade, hoje e sempre.

II. DEUS NÃO MENTE NEM SE ARREPENDE

1. Deus não mente nem se arrepende

Em Números 23:19 lemos que Deus “não mente” nem “se arrepende”. Esta afirmação é uma declaração fundamental sobre o caráter divino, destacando sua absoluta veracidade e fidelidade. No contexto do capítulo 23 de Números, Balaão, profeta convocado por Balaque para amaldiçoar Israel, não conseguiu ir contra a vontade de Deus. Mesmo sob pressão, ele declarou a imutabilidade e a retidão de Deus. Balaque queria que Balaão amaldiçoasse o povo, mas a mensagem de Deus era clara: Ele havia decidido abençoar Israel, e nenhuma interferência humana ou desejo contrário poderia mudar isso - “Eis que recebi mandado de abençoar; pois ele tem abençoado, e eu não o posso revogar” (Nm.23:20).

Essa passagem revela que Deus não age como os homens, que podem mudar de opinião, arrepender-se ou ceder à pressão. Sua palavra é firme e inabalável. Quando Ele promete, Ele cumpre, pois Sua natureza é imutável. Isso é uma garantia para os crentes, pois podemos confiar totalmente nas promessas de Deus, sabendo que Ele jamais faltará com a verdade ou mudará Seu plano eterno. Esse conceito fortalece a fé, já que serve como um pilar de segurança e confiança no relacionamento com Deus.

2. Deus se arrependeu?

Em Gênesis 6:6, na ARC, está escrito:

”Então, arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra, e pesou-lhe em seu coração. E disse o Senhor: Destruirei, de sobre a face da terra, o homem que criei, desde o homem até ao animal, até ao réptil e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito”.

A expressão “arrependeu-se o Senhor” neste texto e “me arrependo” em Gênesis 6:7, e que afirma que Deus "pesou-lhe em seu coração" (Gênesis 6:6) por ter criado a humanidade, pode ser confusa se interpretada de forma literal, à luz de outras passagens que afirmam que Deus "não mente nem se arrepende" (Nm.23:19). Para compreendê-la adequadamente, é importante entender a diferença entre o arrependimento humano e o arrependimento divino.

No sentido humano, arrependimento implica uma mudança de pensamento ou de planos devido a um erro ou falha. No entanto, quando a Bíblia fala que Deus "se arrependeu", não devemos interpretar isso como se Ele tivesse cometido um erro ou que estivesse incerto sobre suas ações, mas sim como uma maneira antropomórfica (usando termos humanos para descrever ações divinas) de expressar o profundo pesar de Deus diante do pecado e da corrupção da humanidade.

Em Gênesis 6, o "arrependimento" de Deus reflete Seu desagrado e tristeza pela degradação moral da humanidade. Isso mostra que o mal e a injustiça afetam profundamente o coração de Deus. Ele, que criou tudo para ser bom e perfeito, viu a humanidade se desviar completamente de seu propósito original. Esse arrependimento é uma expressão emocional de Deus diante da rebelião humana, mas não implica que Ele tenha errado ou que Seus planos estivessem falhos.

Além disso, o "arrependimento" divino está ligado ao cumprimento de Seus propósitos justos e santos. No caso de Gênesis 6, a decisão de trazer o dilúvio foi uma resposta justa à corrupção total da humanidade, que contrastava com o propósito de Deus para a criação. Deus não mudou em Seu caráter ou em Sua essência, mas a forma como Ele trataria aquela geração específica se alterou devido à resposta do homem ao pecado.

Podemos entender que, enquanto Deus é imutável em Sua natureza e em Seu propósito redentor, Ele também interage com Sua criação de forma dinâmica e relacional, respondendo ao comportamento humano. O pesar que Ele demonstrou em Gênesis 6 é um reflexo de Sua santidade e justiça, que não tolera o pecado, mas também de Seu amor, que sente a dor da separação causada pela maldade humana.

Portanto, quando a Bíblia fala sobre o arrependimento de Deus, devemos entender que é uma linguagem figurativa usada para comunicar a profunda tristeza de Deus em relação ao pecado e Sua disposição em agir de acordo com a Sua justiça. Isso não contradiz Sua infalibilidade ou imutabilidade, mas revela Sua relacionalidade e o compromisso de levar adiante Seus propósitos eternos de justiça e redenção.

3. Uma aparente contradição

Enfatizando mais o que foi falado acima, em Números 23:19 lemos que Deus “não se arrepende”. Em Gênesis 6:6 lemos que Deus “se arrependeu” (Gn.6:6). A aparente contradição entre estes textos é uma questão que pode ser resolvida com uma compreensão mais profunda do uso de linguagem figurativa nas Escrituras e da natureza de Deus. Esse fenômeno, como citado pelo pr. Elinaldo Renovato, é conhecido na teologia como "antropopatismo", que consiste em atribuir emoções ou características humanas a Deus para comunicar uma ideia ou verdade de forma acessível ao entendimento humano.

Em Números 23:19, o texto enfatiza a imutabilidade de Deus em relação ao cumprimento de Suas promessas e à Sua natureza. Balaão, o profeta, declara que Deus, ao contrário dos homens, “não mente nem se arrepende”, no sentido de que Ele não muda de opinião ou falha em Seus propósitos. Este versículo reflete a confiança que podemos ter na fidelidade de Deus para realizar tudo o que Ele diz, pois Sua palavra é infalível e imutável.

Já em Gênesis 6:6, lemos que Deus "se arrependeu" de ter criado o ser humano devido à corrupção extrema e à maldade da humanidade. Nesse contexto, o arrependimento não significa que Deus tenha cometido um erro ou que esteja revisando Seus planos como os seres humanos fazem. O arrependimento de Deus em Gênesis, como foi afirmado no item 2 acima, deve ser entendido como uma expressão de pesar e tristeza divina diante da depravação da criação. O texto revela o profundo impacto emocional que a corrupção humana teve sobre Deus, que ao observar a maldade generalizada, decidiu trazer o dilúvio como um ato de juízo.

O uso do termo "arrependimento" neste caso é antropopático, ou seja, utiliza uma linguagem emocional humana para descrever o desagrado de Deus em termos que os leitores podem compreender. Este tipo de expressão não deve ser interpretado literalmente, como se Deus estivesse sujeito às mesmas limitações humanas. Em vez disso, revela que Deus, embora seja perfeito e imutável, responde de forma justa e relacional às ações humanas, demonstrando tanto Sua justiça quanto Seu amor.

A "contradição" entre os textos, portanto, é apenas aparente. Quando a Bíblia afirma que Deus "não se arrepende", está falando sobre Sua fidelidade, imutabilidade e infalibilidade em relação às Suas promessas e ao Seu caráter. Quando a Escritura fala que Deus "se arrependeu", está descrevendo, de forma figurativa, Sua resposta emocional e justa diante do pecado humano. O arrependimento de Deus, nesse sentido, não é uma mudança de Sua natureza, mas uma expressão de Sua santidade e reação diante da condição moral da humanidade.

Em resumo, não há contradição entre os textos, mas sim uma distinção na forma como Deus age em relação às Suas promessas e à resposta ao pecado. Deus é imutável em Sua essência e caráter, mas interage de maneira relacional e dinâmica com o mundo, reagindo de acordo com Sua justiça e amor.

III. AS INFALÍVEIS PROMESSAS DE DEUS

1. Um plano glorioso

A questão das infalíveis promessas de Deus é profundamente enriquecida quando consideramos o plano de redenção divino que transcende o tempo e a história. O conceito de um "plano glorioso" revela a profundidade e a magnitude da sabedoria e da soberania de Deus em relação à salvação da humanidade.

A queda do ser humano, conforme narrado em Gênesis, não foi um evento imprevisto para Deus. Pelo contrário, o plano de salvação já estava preestabelecido antes da fundação do mundo. Isso é evidenciado em Apocalipse 13:8, onde se faz referência ao "Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo". Esta expressão sublinha que a redenção através de Cristo não é uma reação a uma contingência imprevista, mas sim uma parte essencial e predestinada do plano divino desde o princípio.

Deus, em Sua onisciência e soberania, tinha um plano glorioso para a redenção da humanidade desde antes da criação. Efésios 1:11,12 nos revela que esse plano foi formulado segundo o "conselho da sua vontade". A palavra "conselho" sugere que o plano de Deus é resultado de uma decisão deliberada e sábia, tomada dentro da perfeita harmonia da Trindade. Esse plano é caracterizado por Sua intenção de glorificar a Si mesmo e de beneficiar os crentes por meio da salvação oferecida por Cristo.

João 1:1-4 apresenta Jesus como o Verbo eterno, que estava com Deus e era Deus, e que, por meio d’Ele, tudo foi criado. Isso confirma que Jesus não é apenas o meio da redenção, mas o próprio plano de Deus encarnado. Ele é a manifestação do plano divino e a realização de Sua promessa de salvação.

A promessa de redenção é revelada primeiramente em Gênesis 3:15, onde Deus anuncia a futura vitória sobre o mal através da descendência da mulher, uma referência profética a Cristo. Essa promessa é reafirmada em João 3:16, onde é descrito o amor de Deus pela humanidade, proporcionando a salvação através do sacrifício de Seu Filho. A vida eterna oferecida a todos que creem em Jesus é o cumprimento final do plano de Deus.

A infalibilidade das promessas de Deus é, portanto, sustentada pela certeza de que Seu plano de redenção, formulado desde a fundação do mundo, é irrevogável e absoluto. Não há falhas ou surpresas no plano divino; tudo está perfeitamente orquestrado para cumprir Seus propósitos eternos. Isso proporciona aos crentes uma profunda segurança e esperança, pois sabem que estão alinhados com a vontade soberana de Deus, que é perfeita e imutável.

Portanto, o plano glorioso de Deus, que se desdobra através da história e culmina na obra redentora de Cristo, é a base das Suas promessas infalíveis. Cada promessa é um reflexo da Sua fidelidade, soberania e amor imutável, que garante que o que Ele disse, Ele cumprirá.

2. A eternidade

Juntamente com o seu plano de salvação, Deus promete a vida eterna (1João 2:24,25). Esta gloriosa promessa é uma confirmação de que fomos criados para uma existência que transcende a temporariedade da vida terrena e não para a queda e a finitude.

Desde a criação, o plano de Deus para a humanidade envolvia uma existência eterna em Sua presença. Em Gênesis 1:26,27, vemos que Deus criou o ser humano à Sua imagem e semelhança, com a intenção de desfrutar de um relacionamento eterno com Ele. O pecado trouxe a morte e a separação de Deus, mas essa não era a intenção original de Deus. Em vez disso, a eternidade com Deus foi o propósito de criação.

A promessa de vida eterna é reafirmada nas Escrituras como uma garantia para todos os que creem em Jesus Cristo. Em 1João 2:24,25, o apóstolo João escreve sobre a importância de permanecer na doutrina de Cristo, pois é assim que se obtém a vida eterna prometida por Deus. Esta vida eterna não é apenas uma extensão da vida terrena, mas uma nova qualidade de vida, uma existência plena na presença de Deus, livre das limitações e do sofrimento que caracterizam a vida atual.

Jesus Cristo é o garantidor da vida eterna. Em João 11:25,26, Jesus declara ser a ressurreição e a vida, afirmando que aquele que crê n'Ele, mesmo que morra, viverá. Cristo, por meio de Sua morte e ressurreição, abriu o caminho para a eternidade. Sua ressurreição é a prova de que a vida eterna é uma realidade que podemos esperar. Além disso, em 1Coríntios 15:54, Paulo fala sobre a transformação do nosso corpo corruptível em incorruptível, indicando que a eternidade envolve uma transformação física e espiritual, onde os crentes serão revestidos de um corpo glorificado, adequado para a vida eterna.

A promessa da vida eterna oferece uma esperança robusta para os crentes. Ela assegura que, apesar das adversidades e da finitude da vida presente, há uma garantia de um futuro eterno com Deus. A vinda de Cristo e a transformação final dos corpos dos crentes são eventos esperados que culminarão na consumação das promessas de Deus. A eternidade, então, é a plenitude do plano divino, uma realidade que nos chama a viver com expectativa e fé, sabendo que a nossa verdadeira e eterna morada está com Deus.

Em resumo, a eternidade prometida por Deus é a culminação do Seu plano de salvação. Ela reflete o desejo divino de que vivamos eternamente em Sua presença, transformados e plenamente realizados. Cristo é o centro dessa promessa, garantindo que, através d'Ele, alcançaremos a vida eterna e a plenitude que Deus preparou para nós desde a fundação do mundo.

3. Esperança forjada na promessa infalível de Deus

A esperança humana, muitas vezes alimentada por avanços científicos e tecnológicos, busca prolongar a vida e evitar as realidades inevitáveis do envelhecimento e da morte. No entanto, a promessa infalível de Deus oferece uma perspectiva de esperança que transcende as limitações naturais da vida humana.

A busca por maior expectativa de vida tem levado a avanços significativos na Medicina e na ciência, oferecendo melhorias na qualidade de vida e na longevidade. Contudo, essas conquistas, embora valiosas, não podem alterar a inevitabilidade do envelhecimento e da morte. A finitude da vida é uma realidade que todos enfrentam, independentemente dos avanços tecnológicos. A morte é uma consequência do pecado original, e a própria Bíblia reconhece que “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23).

Para os que creem em Cristo, a esperança vai além das limitações naturais. A promessa infalível de Deus, conforme revelada nas Escrituras, é uma fonte de esperança que supera a morte e o envelhecimento. Em Romanos 6:23, o apóstolo Paulo nos lembra que “o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Esta promessa não é afetada pelas incertezas e limitações da vida terrena. Em vez disso, é uma garantia de uma vida plena e eterna com Deus, que nos dá um propósito e uma perspectiva eterna.

A salvação oferecida por Cristo não é apenas um escape da morte, mas uma nova forma de viver com uma alegria duradoura. Em 1Coríntios 13:12, Paulo fala sobre o dia em que conheceremos a Deus “como Ele nos conhece”. Esta promessa de uma relação perfeita e íntima com Deus é uma fonte de alegria incomparável. A esperança cristã é forjada na certeza de que, apesar das dificuldades e da inevitabilidade da morte, temos uma herança eterna que não pode ser corrompida ou desfeita.

CONCLUSÃO

Ao longo desta lição, refletimos sobre a imutabilidade e a infalibilidade das promessas de Deus. Desde o Antigo Testamento até o Novo, a Bíblia nos revela que Deus não falha em suas promessas. Seu plano glorioso de salvação, a garantia da vida eterna e a esperança inabalável que Ele nos oferece demonstram que Sua Palavra é firme e segura. Ele não mente, nem se arrepende, e tudo o que prometeu será cumprido fielmente.

Com esta Lição, encerramos o quarto trimestre letivo da Escola Bíblica Dominical, reafirmando que podemos confiar plenamente em Deus. Que a certeza de Suas promessas infalíveis nos fortaleça na caminhada cristã, sustentando nossa fé e esperança até o dia em que veremos o cumprimento pleno de todas as Suas promessas em Cristo Jesus.

 

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Dicionário VINE.CPAD.

O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.

Lawrence O. Richards. Guia do Leitor da Bíblia. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. 1Corintios. HAGNOS.

Pr. Hernandes Dias Lopes. João, Jesus o Rei dos reis. HAGNO.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Salmos.

Pr. Hernandes Dias Lopes. 1Pedro.

domingo, 15 de dezembro de 2024

A PROMESSA DE VIDA ABUNDANTE

         4° trimestre 2024

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 12

Texto Base: João 10:7-18

“Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância” (João 10:9,10).

João 10:

7.Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas.

8.Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram.

9.Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.

10.O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância.

11.Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.

12.Mas o mercenário, que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa.

13.Ora, o mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado das ovelhas.

14.Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.

15.Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai e dou a minha vida pelas ovelhas.

16.Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor.

17.Por isso, o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la.

18.Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la. Esse mandamento recebi de meu Pai.

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos a promessa de vida abundante prometida pelo Senhor Jesus (João 10:10). Esta promessa transcende a simples satisfação de necessidades materiais ou temporais. Ela envolve uma transformação profunda, que afeta tanto a dimensão espiritual quanto a emocional e física do ser humano.

A vida abundante é uma existência plena, onde encontramos propósito, paz e alegria em Cristo. Não se trata apenas de ter o suficiente para viver, mas de viver em total comunhão com Deus, experimentando a sua graça, amor e provisão em todas as áreas da vida.

Nesta lição, exploraremos o que significa viver em abundância conforme a promessa de Jesus, entendendo que essa abundância está profundamente ligada à nossa conexão com Ele, o bom pastor que nos guia e supre nossas necessidades eternas.

I. JESUS, A FONTE DE VIDA ABUNDANTE

1. A Fonte de verdadeira vida

Jesus, em João 10, é revelado como a Fonte da verdadeira vida, desempenhando dois papéis fundamentais: o Bom Pastor e a Porta das Ovelhas.

Como o Bom Pastor, Ele demonstra cuidado, proteção e liderança, conduzindo suas ovelhas em segurança e livrando-as dos perigos espirituais. Sua relação com as ovelhas é pessoal e íntima, refletindo a proximidade que Ele deseja ter com os que o seguem.

Como a Porta das Ovelhas, Jesus é o único caminho para a salvação e o acesso à vida eterna. Ele não apenas oferece uma vida segura, mas uma vida plena e abundante, satisfazendo todas as necessidades espirituais de seus seguidores.

Ao nos conectarmos com Jesus, encontramos a verdadeira essência da vida, que não se limita às questões terrenas, mas transcende para a eternidade, capacitando-nos a viver para a glória de Deus em todas as áreas.

2. A Fonte de vida abundante

Em João 10:8-10, Jesus nos apresenta um contraste claro entre Ele, o verdadeiro Pastor e a Porta, e os "ladrões e salteadores" que vieram antes dEle. Estes últimos, que simbolizam Satanás e seus agentes, têm como objetivo roubar, matar e destruir a vida que Deus planejou para o ser humano. Essa imagem nos revela que, enquanto o inimigo de nossas almas trabalha incansavelmente para trazer destruição, Jesus veio para trazer vida. E não apenas uma vida simples, mas vida em abundância (João 10:10).

Essa vida abundante oferecida por Jesus é muito mais do que a mera existência física; trata-se de uma vida plena, cheia de significado, graça e paz. Ao contrário das falsas promessas que o mundo oferece, que frequentemente resultam em frustração, vazio e morte espiritual, Jesus nos dá vida eterna, restaura nossa dignidade como filhos de Deus, nos ama, nos perdoa e nos redime.

A abundância que Jesus oferece transcende as circunstâncias terrenas, preenchendo as necessidades mais profundas da alma e proporcionando uma relação pessoal com o Criador. Assim, essa vida plena se manifesta em todos os aspectos – espiritual, emocional e até físico – sendo um presente inigualável da graça de Deus, por meio de Cristo.

3. A Fonte de amor

Em João 10:11, Jesus se revela como o "Bom Pastor", não apenas cuidando e protegendo suas ovelhas, mas dando a própria vida por elas. Esse ato é a maior expressão de amor sacrificial, onde o Pastor não mede esforços, nem mesmo a própria vida, para garantir a segurança e o bem-estar de suas ovelhas. Esse amor profundo é a essência da relação entre Jesus e aqueles que pertencem a Ele. Ele os conhece intimamente, e eles, por sua vez, o conhecem. Essa relação é baseada em confiança mútua e, mais importante, no amor incondicional de Jesus.

A comparação que Jesus faz entre o seu relacionamento com as ovelhas e a relação dEle com o Pai é significativa. Assim como existe uma perfeita união e entendimento entre Jesus e o Pai, há também uma conexão espiritual e profunda entre Ele e suas ovelhas. Esse amor transcende o conhecimento superficial, alcançando um nível de intimidade que reflete a comunhão perfeita da Trindade. Esse é o amor que preserva e guarda as ovelhas de qualquer ameaça, pois ninguém pode tirá-las de Suas mãos (João 10:28).

O amor do Bom Pastor é, portanto, mais do que um sentimento ou uma intenção benevolente; é ativo, sacrificial e inquebrável. Ele não só provê vida, mas também garante que essa vida seja vivida em abundância, sustentada pelo cuidado contínuo e amoroso do Pastor. Dessa forma, Jesus não é apenas a Fonte de vida verdadeira e abundante, mas também a Fonte de amor eterno que assegura a nossa segurança e salvação.

II. A VIDA ABUNDANTE

1. O conceito de vida abundante

O conceito de "vida abundante" mencionado por Jesus em João 10:10 vai além das necessidades básicas do ser humano. Quando Cristo promete vida abundante, Ele está falando de uma vida plena em todas as dimensões do ser humano - física, emocional e espiritual. Isso significa que, por meio do relacionamento com Ele, experimentamos uma transformação que afeta todas as áreas da nossa existência.

-A vida abundante é, primeiramente, espiritual. Quando estamos em Cristo, nossas necessidades mais profundas, como o perdão e a reconciliação com Deus, são supridas. É por isso que o apóstolo Paulo afirma em 2Coríntios 5:17 que "se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo". Essa novidade de vida representa a restauração completa que Jesus traz, não apenas no sentido de nos salvar do pecado, mas também de nos dar uma nova perspectiva e propósito.

-No aspecto emocional, a vida abundante significa que encontramos paz, alegria e estabilidade interior. O Espírito Santo nos conforta e nos guia, preenchendo o vazio que antes existia e nos libertando de medos e ansiedades que antes nos escravizavam. A verdadeira abundância emocional é a paz que excede todo entendimento (Filipenses 4:7).

-No aspecto físico, a promessa de vida abundante reflete o cuidado de Deus por nossas necessidades materiais, sem que estas se tornem nosso foco principal. Jesus nos ensina que, ao buscarmos primeiro o Reino de Deus, as outras coisas serão acrescentadas (Mateus 6:33). Assim, mesmo em tempos de dificuldade, podemos confiar que Deus é o provedor e sustentador de todas as nossas necessidades.

Portanto, a vida abundante não é meramente a acumulação de bens materiais ou o simples prazer físico, mas uma existência integral em que o corpo, a alma e o espírito são preenchidos e renovados pelo poder de Cristo.

2. A vida abundante também influencia a família

A promessa de vida abundante não é limitada ao indivíduo, mas se estende à sua família, como vemos no episódio da conversão do carcereiro em Atos 16:31. Quando Paulo afirma: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa”, ele revela um princípio espiritual profundo: a transformação que Cristo opera em uma pessoa pode influenciar diretamente todo o ambiente familiar. A salvação, que traz vida abundante, não afeta apenas o relacionamento de uma pessoa com Deus, mas também seus relacionamentos mais próximos, começando em casa.

No caso do carcereiro, a promessa de salvação não se restringe apenas ao livramento imediato da prisão, mas oferece uma vida nova e cheia de significado para ele e sua família. Isso mostra que a vida abundante vai além do individualismo e impacta o coletivo, transformando lares, curando relacionamentos e proporcionando paz e propósito à família como um todo. Quando uma pessoa encontra Cristo, a graça, o amor e os valores do Reino de Deus passam a permear suas atitudes, decisões e interações com seus familiares.

A vida abundante em Cristo inclui harmonia e restauração dentro do lar. A paz e o propósito que Cristo traz ao coração do crente influenciam o ambiente familiar, levando à unidade, ao amor e à renovação de laços familiares muitas vezes desgastados ou rompidos. Assim, a promessa de vida abundante não é apenas pessoal, mas comunitária, abrangendo as pessoas mais próximas e oferecendo a chance de uma transformação coletiva, onde todos podem experimentar a plenitude que Cristo promete.

3. Diversas bênçãos provenientes da vida abundante

A vida abundante que Cristo promete não se limita à quantidade de bênçãos, mas à profundidade e qualidade da experiência de viver em plena comunhão com Deus. Quando a pessoa entra nessa nova realidade, ele passa a desfrutar de inúmeras bênçãos que transformam não apenas seu comportamento, mas também sua perspectiva de vida. Dentre essas bênçãos, destaca-se a paz de Deus, uma paz que vai além da compreensão humana, proporcionando tranquilidade e confiança nas decisões diárias (João 14:27; Romanos 5:1). Essa paz não depende das circunstâncias externas, mas é fruto do relacionamento íntimo com Deus.

Outra bênção fundamental é o amor prático, o amor ágape, que Jesus ordena aos seus seguidores. Esse amor, descrito em João 13:34,35, é a marca distintiva do discípulo de Cristo e expressa o cuidado e a compaixão, tanto dentro da comunidade cristã quanto além dela. Esse amor não é meramente emocional, mas ativo e sacrificial, refletindo o amor de Cristo que transforma vidas.

A vida abundante também traz unidade, conforme o Salmo 133 e Gálatas 5:13-15. A verdadeira comunhão entre os irmãos na fé é uma bênção que fortalece a Igreja e promove paz e harmonia. Além disso, o cultivo da esperança se torna uma realidade presente e viva. Em Romanos 5:5, o apóstolo Paulo nos lembra que a esperança não nos decepciona, pois está enraizada no amor de Deus e na segurança de suas promessas.

A perseverança também é uma marca da vida abundante. A paciência, especialmente em meio às tribulações, é uma bênção que Deus concede àqueles que confiam nEle, conforme Lucas 21:19 e Romanos 5:4. Essa perseverança nos capacita a enfrentar as dificuldades da vida com confiança e esperança, sabendo que Deus está no controle.

Essas bênçãos que acompanham a vida abundante em Cristo contrastam fortemente com a vida vazia e sem propósito que tínhamos antes. Antes de Cristo, muitas vezes buscávamos sentido em coisas passageiras e superficiais. Agora, no entanto, experimentamos uma existência plena, fundamentada no amor, na esperança e na paz que só Cristo pode nos dar. Isso transforma o crente em uma nova criatura, vivendo para a glória de Deus e abençoando aqueles ao seu redor.

III. O QUE IDENTIFICA A VIDA ABUNDANTE

1. A alegria do Senhor

A alegria do Senhor é um dos sinais da vida abundante que Cristo promete. Essa alegria não está baseada em circunstâncias externas, mas em um relacionamento profundo e inabalável com Deus. Em 1Tessalonicenses 5:16, o apóstolo Paulo nos chama a "regozijar sempre", um convite para viver em constante alegria, independentemente dos desafios diários. Neemias, em um contexto de restauração e superação de dificuldades, afirma que "a alegria do Senhor é a nossa força" (Ne.8:10), destacando que essa alegria fortalece o coração e a mente.

No fruto do Espírito listado em Gálatas 5:22, a alegria aparece como uma das principais características da vida no Espírito, evidenciando que quem vive em Cristo experimenta um contentamento genuíno. Essa alegria tem um impacto poderoso no bem-estar espiritual, emocional e até físico, como destaca Provérbios 17:22: “O coração alegre é bom remédio”.

Portanto, a alegria do Senhor, como expressão da vida abundante, é uma força interior que transforma nosso modo de viver, dando-nos paz, vigor e esperança, mesmo em meio às adversidades. Ela nos distingue como filhos de Deus que encontraram nEle sua verdadeira satisfação.

2. Gratidão por tudo

A gratidão é uma marca essencial da vida abundante que recebemos em Cristo. Ela reflete uma postura de humildade e reconhecimento de nossa total dependência de Deus. Quando vivemos essa vida plena em Deus, em vez de murmurar diante das dificuldades ou reclamar das circunstâncias, aprendemos a enxergar a bondade e fidelidade de Deus em todas as coisas, boas ou desafiadoras.

Paulo nos instrui a "dar graças em tudo" (1Ts.5:18), pois isso faz parte da vontade de Deus para aqueles que estão em Cristo. A gratidão revela que confiamos na soberania divina e que sabemos que todas as coisas, de alguma forma, cooperam para o nosso bem (Rm.8:28). Quando agradecemos, nosso foco se desloca das circunstâncias temporárias para a fidelidade eterna de Deus. Efésios 5:20 e Colossenses 3:17 reforçam essa prática como parte integrante do caminhar cristão, mostrando que viver em gratidão é um reflexo da vida abundante, onde encontramos plena satisfação em Deus.

A gratidão também nos ajuda a cultivar uma atitude de contentamento, reconhecendo que em Cristo já temos tudo o que realmente precisamos. Por isso, quem vive essa vida abundante é grato em todo tempo, porque reconhece o cuidado e a provisão contínua de Deus.

3. Vida no Espírito, vida de oração

A vida abundante está intimamente ligada à presença ativa do Espírito Santo e à prática contínua da oração. Em Romanos 8:5-11, o apóstolo Paulo ensina que viver no Espírito significa estar inclinado às coisas do Espírito, o que envolve a busca constante pela orientação divina e o desejo de estar em sintonia com a vontade de Deus. Para experimentar essa vida plena, é essencial ser cheio do Espírito Santo, permitindo que Ele guie e fortaleça o crente. A advertência de 1Tessalonicenses 5:19 para não extinguir o Espírito é um lembrete de que devemos cultivar e preservar essa comunhão íntima com Deus, permitindo que o Espírito flua livremente em nossas vidas.

A oração desempenha um papel fundamental nesse processo. Paulo nos exorta a "orar sem cessar" (1Ts.5:17), demonstrando que a oração não deve ser um evento isolado, mas uma atitude contínua. Na vida abundante, a oração se torna o meio pelo qual nos conectamos com Deus, apresentamos nossas necessidades, agradecemos pelas bênçãos e buscamos a direção do Espírito. Uma vida no Espírito é uma vida que se submete à vontade de Deus por meio da oração constante e perseverante (Cl.4:2).

Portanto, viver uma vida no Espírito e uma vida de oração é viver em comunhão constante com Deus, reconhecendo que nossa dependência dEle é a chave para desfrutar da verdadeira plenitude. Em todo o tempo, precisamos reconhecer que, na rotina da nossa vida, devemos ter sempre uma ocasião para orar, quer em casa, quer no trabalho, ao acordar ou ao se deitar. É por meio dessa prática que fortalecemos nossa fé, encontramos paz em meio às dificuldades e somos capacitados a cumprir o propósito de Deus em nossas vidas.

CONCLUSÃO

Aprendemos que a vida abundante vai além da existência física, sendo uma experiência plena que abrange o corpo, a alma e o espírito. Jesus, como o Bom Pastor, é a fonte dessa vida abundante, oferecendo-nos paz, amor, esperança, e comunhão com Deus. Ela se manifesta não apenas em bênçãos materiais, mas, sobretudo, em uma vida espiritual profunda, caracterizada pela alegria, gratidão, e pela vida no Espírito, cultivada através da oração. Essa promessa se cumpre à medida que nos relacionamos com Cristo, permitindo que Ele transforme todas as áreas da nossa vida para a glória de Deus.

 

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

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Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

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