terça-feira, 9 de novembro de 2010

Aula 07 - A ORAÇÃO DA IGREJA E O TRABALHO DO ESPÍRITO SANTO

Leitura Bíblica: Atos 1.12,14; 2.4,38,40,41; 4.32

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”(At 2.42).

INTRODUÇÃO
A igreja foi fundada na cruz, edificada sobre o alicerce da oração e inaugurada no dia da festa do Pentecostes pelo derramamento do Espírito Santo (A festa de Pentecostes acontecia 50 dias depois da Páscoa, e marcava o final da colheita de grãos. A ideia era que fosse como uma festa de ação de graças, marcada pela oferta de sacrifícios e a doação de contribuições voluntárias da colheita recente (cf. Lv 23.15-22; Nm 28.26-31; Dt 16.9-12). Começou com quase 120 pessoas (At 1:15), que estavam unidas e reunidas, aguardando o cumprimento da promessa do Consolador (o Espírito Santo). O efeito daquela reunião foi o derramamento copioso e efusivo do Espírito Santo, com revestimento de poder a todos os que estavam presentes, proporcionando-lhes habilidade e entusiasmo para pregar o evangelho. O resultado clarividente do trabalho inicial do Espírito Santo após aquela reunião de oração foi a conversão de “quase três mil almas”(Atos 2:41), logo na primeira pregação do Evangelho. A partir daí, a igreja não parou mais de crescer(Atos 2:47), a despeito das intempéries ao longo de sua história, provocadas pelo seu maior algoz (Satanás), no afã de empalidecer o seu brilho espiritual. Mas Jesus foi claro e enfático, que as portas do inverno não prevalecerão contra a sua Igreja (Mt 16:18). O Espírito Santo é o seu guia inseparável na construção e engrandecimento do Reino de Deus.
I. O INÍCIO DA IGREJA CRISTÃ
A Igreja, no seu início, é descrita em Atos 4:32 como tendo um só coração. Sem dúvida, a unidade da igreja, é uma característica do trabalho do Espírito Santo, que trazia unidade àquelas pessoas, motivação para cooperar e a certeza de que estavam agindo conforme os padrões de Deus. Quando se fala de igreja unida não estamos falando de anulação pessoal ou da vontade individual de seus participantes, mas de trabalhar em conjunto sob a bandeira do Reino de Deus, respeitando-se os diversos ministérios ou funções. Uma igreja assim: o Espírito Santo é derramado sobre ela (At 1:4,12-14); o Senhor enche o crente do seu Santo Espírito, equipando-o para o serviço do Reino de Deus; nela há a real evidência da Ação do Espírito Santo(At 2:1-4).
No livro de Atos dos Apóstolos encontramos uma narrativa de como foi o início da igreja de Jesus Cristo aqui na terra, o exemplo deixado pelos apóstolos e um padrão permanente para a igreja. Quem quiser seguir a Cristo deve levar em conta os exemplos dos primeiros cristãos vistos neste livro: exemplos de santidade, ousadia, sofrimento, oração, fraternidade e união. As principais características da igreja primitiva, narrada no livro de Atos dos Apóstolos são:
(1) A igreja estava constantemente em oração (At 1:14;2:42; 6:4). Essa era uma das práticas fundamentais da igreja primitiva e expressava dependência total no Senhor na adoração, direção, preservação e no serviço.
(2) A igreja supria os necessitados. Desde o início da história da igreja, havia aqueles que padeciam de necessidades para sobreviver (cf. At 2:45; 4:34,35). Se é verdade que Deus tem promessa de que o justo não será desamparado e que sua descendência não mendigará o pão (Sl 37:25), isto se deve, em grande parte, ao fato de que o Senhor, na igreja, proporciona aqueles que repartem o que têm com quem tem necessidade. A igreja primitiva compartilhava desta prática largamente (At 4:32-37). A função de assistência social na Igreja é uma das suas pedras de toque e, sem dúvida, uma das formas mais poderosas de demonstrarmos ao mundo a nossa diferença e o amor de Deus que está em nossos corações.
(3) Curas e maravilhas eram realizadas pelos apóstolos, dando sequência ao que Jesus tinha feito. O Senhor estendeu o ministério da cura divina aos seus seguidores (Mc 16:16-18; Lc 9:2; Mt 10:8). O cumprimento dessa promessa de Jesus é testificado no livro de Atos (At 3:6-10; 14:8-10). Paulo, em suas Epístolas, fala a respeito dos dons de curar (1Co 12:9), e Tiago instrui quanto à atuação dos presbíteros da igreja nesse importante ministério (Tg 5:14-16). Não se pode deixar de valorizar a cura divina nesta caminhada da Igreja, porém, deve ter como meta a glorificação a Deus (Mt 28:19,20), jamais a promoção humana. Deixar de valorizar a cura divina é um extremo, do mesmo modo que, deixar de enfatizar o arrependimento dos pecados, para a salvação. Portanto, aqueles que pregam a cura divina não podem esquecer que o maior milagre continua sendo o perdão dos pecados (Mc 2:10-12). Além disso, é bom saber que nem todos são curados. Há exemplo na Bíblia em que apenas uma pessoa, em meio a uma multidão, recebe essa dádiva, como é o caso do paralítico do tanque de Betesta(João 5:1-8). Isso porque a cura é um ato eminentemente divino e Deus cura a quem e quando lhe apraz.
(4) Diversas citações de batismo com o Espírito Santo. Exemplos: (a) Em Jerusalém – no Cenáculo - A Bíblia informa-nos que, embora tivesse feito a promessa do revestimento de poder, o Senhor determinou aos seus discípulos que aguardassem o cumprimento desta promessa em Jerusalém, não precisando quando nem como ela viria. Os discípulos, diz-nos o texto sagrado, foram, então, para o cenáculo e lá ficaram orando durante dez dias até que, no dia de Pentecostes, foram revestidos de poder. (b) Em Samaria - O batismo com o Espírito Santo somente veio quando os discípulos impuseram as mãos sobre os crentes samaritanos e começaram a orar. Isto mostra, claramente, que foram batizados aqueles que, sabendo da promessa e do intuito da oração dos discípulos, dispuseram-se a orar e a permitir que fossem alvo da imposição de mãos dos apóstolos. (c) Na casa de Cornélio – A operação do Espírito Santo na Casa de Cornélio tinha, da parte de Deus, um propósito de superação de barreiras culturais que poderiam impedir a conversão e reconhecimento daqueles novos crentes por parte da igreja primitiva, mas não é de se desprezar a circunstância de que o texto sagrado nos dá conta de que Cornélio e a sua casa estava ansiosa e toda reunida à espera da chegada de Pedro, numa clara demonstração de que eles buscavam a presença de Deus, ainda que o fizessem, como gentios que eram, na forma do “tatear” (cf At 17:27). (d) Em Éfeso - A mesma disposição vamos presenciar nos discípulos de Éfeso que, após terem sido batizados em água, aceitaram ter a imposição de mãos e, conscientemente, buscaram e obtiveram o batismo com o Espírito Santo.
A concessão do batismo com o Espírito Santo constava no Plano de Deus, segundo afirmou o Profeta Joel: “E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito”(Joel 2:28-29). Todavia, o batismo com o Espírito Santo tinha um objetivo, no Plano de Deus. O Senhor Jesus definiu qual era esse objetivo, ao declarar: “Mas, recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia, e Samaria, e até os confins da terra”(Atos 1:8). Portanto, seu objetivo principal é, pois, a concessão do Poder de Deus para ser testemunha de Jesus. Daí, o batismo com o Espírito Santo está intimamente ligado à obra missionária.
Cremos poder afirmar que a maioria dos crêem nesta promessa não está observando o sentido e o objetivo desta expressão: “recebereis a virtude do Espírito Santo” e o “ser-me-eis testemunhas”. Esta maioria usa o Batismo com o Espírito Santo apenas para falar em “línguas estranhas”. Isto é bom, é uma bênção! Porém, Paulo afirmou que “... o que fala língua estranha não fala aos homens senão a Deus...”. Afirmou ainda que “o que fala língua estranha edifica-se a si mesmo...”(1Co 14:2-4), ou seja, falar em línguas estranhas é uma forma de fortalecer-se, individualmente. É como uma bateria ligada a um carregador. Mas, essa carga, ou energia acumulada na bateria precisa ser utilizada, do contrário, não faz sentido manter a bateria carregada.
(5) Grande expansão missionária da igreja - “Primeiramente dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé”(Rm 1:8). “Que já chegou a vós, como também está em todo o mundo; e já vai frutificando, como também entre vós, desde o dia em que ouvistes e conhecestes a graça de Deus em verdade”(Cl 1:6). A verdade do Evangelho havia chegado em todo o mundo conhecido da época. Não se pode tomar isso no sentido literal e absoluto. Paulo não queria dizer que todos os homens e mulheres do mundo tinham ouvido a mensagem do evangelho. A expressão aqui significa que em cada nação já havia quem tivesse ouvido as boas-novas de salvação.
(6) A ação do Espírito Santo em favor da igreja. Por meio da oração, o Espírito Santo age mesmo em situações aparentemente controversas, como no caso em que a Igreja em Jerusalém soube que os gentios estavam se convertendo ao Senhor, e precisavam de orientações. A liderança da igreja estava acostumada à oração, e agiu com sabedoria, preservando a unidade entre as congregações judaicas e gentias – “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós”(At 15:28), foi a resposta daquela situação. O Espírito Santo agiu preservando a unidade da Igreja. Esta é a sua vontade: a Unidade da Igreja. Assim seja!
II. A DISSEMINAÇÃO DA PALAVRA
O assunto principal da Igreja é a salvação do ser humano na pessoa de Jesus Cristo. É para isto que existe a Igreja. Não devemos nos perder em discussões inúteis e que não trazem proveito algum (1Tm 1:4-7; 6:3,5). O Senhor nos mandou pregar o Evangelho e não ficar discutindo filigranas (assuntos sem importância, vão) doutrinário-teológicas ou nos perdendo em interpretações de aspectos absolutamente secundários das Escrituras, quando não de questões relacionadas com a cultura. “Pregai o Evangelho”, diz o Senhor, é esta a função da Igreja, nada mais, nada menos que isto.
Quando os cristãos têm consciência que a tarefa primordial da Igreja é a evangelização, passam a entender que sua existência gira em torno desta missão dada a cada crente, que é membro do corpo de Cristo em particular (1Co 12:27). Assim, tudo quanto fizermos nesta vida, em qualquer setor ou aspecto, deve levar em consideração, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça (Mt 6:33). Todas as nossas ações, todo o nosso cotidiano deve ser criado e executado diante da perspectiva de que somos testemunhas de Cristo Jesus (At 1:8) e que devemos, portanto, testificar do Senhor, mostrar ao mundo, através de nossas boas obras, que Deus é nosso Pai, que somos filhos de Deus e, por meio deste comportamento, levar os homens a glorificar o nosso Pai que está nos céus (Mt 5:16).
A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi o acontecimento impulsionador da obra missionária da igreja. Pedro cheio do Espírito colocou-se de pé, levantou a sua voz e falou corajosamente do genuíno evangelho. Naquele dia agregaram-se quase três mil almas ao Reino dos céus (At 2:41). A missão atingiria em pouco tempo a escala mundial, visto que naquele dia estavam em Jerusalém pessoas de dezesseis nacionalidades (At 2:5,9-11). Jesus disse aos discípulos que, capacitados pelo poder do Espírito Santo, seriam suas testemunhas até aos confins da terra (At 1:8). O Espírito Santo é quem prepara pregadores, concede intrepidez, escolhe e envia homens para a disseminação da Palavra de Deus no mundo.
Nos dias em que vivemos, até mesmo nos cultos das igrejas locais, o Evangelho não tem mais sido pregado! Perdem-se horas em eventos, em ensaios, em apresentações, em efemérides (notícias) sociais, em discussões relativas a usos e costumes, e se esquece de dizer que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e leva para o Céu. Há, mesmo, milhares de cultos diariamente em que nem sequer é feito o convite ao pecador para aceitar a Cristo. Como estamos distantes do objetivo fixado pelo Senhor Jesus: a pregação do Evangelho!
A melhor e mais impressionante forma de pregarmos o Evangelho é vivermos de acordo com o Evangelho, é termos uma vida sincera e irrepreensível diante de Deus e dos homens. Todo cristão precisa, em sua vida, antecipadamente, dizer a toda criatura quem é Jesus e qual é a transformação que Ele faz em todos quantos O aceitam como único Senhor e Salvador. É necessário que cada um de nós, com nossas vidas, “pregue o Evangelho”, que cada um de nós seja “… uma carta de Cristo e escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração, conhecida e lida de todos os homens” (2Co 3:2,3).
Assim, ao contrário do que muitos pensam, ou seja, de que evangelizar é entregar folhetos, bater de porta em porta, levar alguém até uma igreja ou subir em um púlpito ou pregar ao ar livre, evangelizar é tudo isto e muito mais: é viver de acordo com a Palavra de Deus, é desfrutar de uma comunhão sincera e perfeita com o Senhor, a ponto de sermos vasos de honra em todos os lugares em que estivermos ou vivermos (2Tm 2:20,21).
III. O ESPÍRITO E O CRESCIMENTO DA IGREJA
O crescimento da igreja passa pela oração e pelo ministério da Palavra. Os tempos mudaram, mas o método de Deus não. Os apóstolos entenderam essa verdade incontestável e firmaram como prioritários esses dois pilares cruciais: Oração e Palavra (At 6:4).
A igreja é um organismo vivo e não apenas uma organização. Seu crescimento saudável vem através da conversão e não da adesão. Na busca do crescimento da igreja, não podemos nos capitular à numerolatria(a idolatria dos números) nem à numerofobia(o medo dos números). Uma igreja saudável cresce o crescimento que vem de Deus, e isso tanto numérica quanto espiritualmente.
1. A igreja cresce (At 2:41,47). “... E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”(At 2:47b). O crescimento da igreja é uma obra de Deus. Plantamos e regamos, mas só Deus dá o crescimento. Pregamos e evangelizamos, mas só Deus pode abrir o coração. Ensinamos e exortamos, mas só o Espírito Santo pode convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo(João 16:8). Mesmo que usássemos todas as técnicas modernas e todos os recursos da terra, jamais poderíamos converter sequer uma alma.
A igreja cresce na medida em que a Palavra de Deus cresce. Todo registro de crescimento da igreja primitiva no livro de Atos está diretamente ligado à proclamação da Palavra de Deus. A fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Cristo. Deus escolheu salvar o homem pela loucura da pregação. No dia de Pentecostes Pedro pregou um sermão Cristocêntrico e cerca de três mil pessoas foram convertidas.
O novo nascimento é uma operação sobrenatural e exclusiva do Espírito Santo. Por isso, somente Deus pode agregar à igreja os que são salvos. Sendo assim, precisamos depender mais dos recursos de Deus do que dos nossos recursos. O poder para realizar a obra de Deus não vem da nossa inteligência, ou dos nossos recursos financeiros, nem mesmo das nossas habilidades pessoais, mas de Deus. É ele quem regenera, chama, justifica e glorifica. A salvação é obra de Deus do começo ao fim. Sabendo disso, a igreja contemporânea deveria orar com mais fervor e com mais intensidade, como o fez a igreja primitiva. O crescimento numérico da igreja primitiva retrata sua vida exuberante de oração. A igreja orava e os resultados apareciam. Os joelhos se dobravam em oração e os corações se derretiam na presença de Deus em sincera conversão. É a oração com um propósito unânime(Atos 1:14; 2:46,47) que deixa a Igreja poderosa nas suas ações.
Hoje podemos até experimentar um crescimento numérico da igreja sem a supremacia da Palavra, mas não um crescimento saudável. Não podemos produzir o crescimento saudável da igreja, mas podemos proclamar a Palavra de Deus com fidelidade e no poder do Espírito Santo, sabendo que a Palavra que sai da sua boca nunca voltará para ele vazia.
2. Crescimento x Perseguição (vide Atos 4:1 – 7:60). A igreja de Jesus Cristo iniciou sofrendo muitas perseguições. O início da perseguição dos judeus contra a igreja se deu quando Pedro e João, em o nome de Jesus, curaram um coxo de nascença que ficava esmolando à “porta do templo chamada Formosa” (At 3.2). Naquele episódio, os apóstolos foram presos (At 4:3), mas muitas pessoas creram, elevando o número dos cristãos a quase cinco mil (At 4:4). A igreja primitiva sofreu muito com as prisões, ameaças e mortes, mas nada disso impossibilitou seu extraordinário crescimento (At 5:19, 29; 6:8-15).
Os apóstolos foram presos, alguns apedrejados, outros mortos e tudo isto porque eles davam testemunho de Jesus Cristo. Eles pregavam que Jesus havia ressuscitado, subido ao céu e que voltaria. Pregavam que era necessário o arrependimento dos pecados e entregar a vida a Jesus Cristo para obter a salvação. A mensagem que Paulo, Pedro, Estevão, João, Tiago e outros pregavam naquela época continua valendo para os nossos dias. Ela não caducou, pelo contrário, continua viva e atual para a igreja contemporânea.
As perseguições contra a Igreja nunca cessaram. Satanás sempre “bateu” de frente com a Igreja, mas perdeu todas. O Senhor Jesus havia dito que “...as portas do inferno não prevalecerão contra ela”(Mt 16:18). Hoje, a perseguição é camuflada. Satanás, sutilmente, está usando pessoas de dentro da igreja (falsos mestres e falsos pastores) para persegui-la, com disseminação de falsas doutrinas, falsos ensinos. Peçamos a Deus o dom de discernimento, ele é indispensável nestes últimos dias da Igreja.
A igreja é um projeto exclusivamente divino, concebido, executado e sustentado por Deus. É por isso que podemos ter a certeza, e a história tem demonstrado isto, que nada pode destruir a Igreja. Durante estes quase dois mil anos em que a igreja tem participado da história da humanidade, muitos homens poderosos se levantaram contra a Igreja, tentaram destruí-la e não foram poucas as vezes em que se proclamou que a Igreja estava vencida. No entanto, todos estes homens passaram, mas a Igreja se manteve de pé, vencedora, demonstrando que não se trata de obra humana, mas de algo que é divino e contra o qual todos os poderes das trevas não têm podido prevalecer.
3. A integridade da igreja. Integridade procede do verbo 'integrar', que significa 'tornar unido para formar um todo completo ou perfeito'. Deus deseja que sejamos íntegros em todos os aspectos. Nas finanças, no casamento, no trabalho e nos estudos nossa integridade não apenas agrada a Deus, mas demonstra, para os ímpios, a diferença que Cristo faz em nossas vidas. Andar de forma íntegra atrai a retribuição divina. Ser íntegro é ter padrões bem definidos de certo e errado à Luz da Palavra de Deus.
Desde os primórdios da Igreja, Satanás sempre bateu forte para desfazer as marcas da igreja, sendo uma delas a integridade. Satanás, como pai da mentira, não perdeu tempo para introduzir a sua identidade sórdida no meio dos santos do Senhor. Logo em seu nascedouro, dois membros da igreja foram usados por Satanás para perturbar a ordem e a integridade da igreja, a saber, Ananias e Safira. Quando Deus opera com poder, Satanás aparece para promover a falsidade, a corrupção e as contendas. Contudo, onde há verdadeiro poder espiritual, o engano e a hipocrisia não demoram a ser revelados.
Ananias e Safira parecem ter se impressionado com a generosidade de Barnabé e outros(Atos 4:36,37). Talvez desejassem receber o louvor dos homens por um ato semelhante de bondade. Por essa razão, venderam uma propriedade e deram parte da renda aos apóstolos. O pecados deles foi terem dito que haviam dado tudo quando, na verdade, entregaram apenas parte do dinheiro. Ninguém havia pedido ao casal que vendesse a propriedade. Uma vez fechado o negócio, não era sua obrigação entregar todo o valor. Eles fingiram uma entrega total quando, na realidade, tinham retido uma parte. Por meio do dom de discernimento do Espírito, Pedro percebeu toda a mentira deles e veio um repentino juízo divino sobre o casal. Pedro acusou Ananias e sua esposa de mentir não apenas aos homens, mas também ao Espírito Santo. Ao mentir ao Espírito Santo, Ananias e Safira mentiram a Deus, pois o Espírito Santo é Deus. Quando a igreja ora (At 4.31), Deus aniquila os problemas que podem enfraquecê-la.
As Escrituras nos ensinam que o espírito, a mente e o corpo todos vêm da mão de Deus e, portanto, devem estar unidos, funcionando juntos, como um todo(leia Fp 4:8). Os nossos atos devem ser coerentes com os nossos pensamentos. Precisamos ser a mesma pessoa, pública e privadamente.
CONCLUSÃO
É inegável a existência de uma relação direta entre a atuação do Espírito Santo e as orações da igreja. O Espírito santo nos motiva e ajuda a orar, e por meio das orações, Deus opera na igreja e fora dela. Oramos para que Deus, através da mensagem do Evangelho, salve os pecadores, e o Espírito Santo, assim, os convence do pecado, da justiça e do juízo. Através da oração, Deus escolhe os seus obreiros para levar avante a sua obra local e em outras nações. Nada, portanto, funciona sem a força motivadora da oração.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 44. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee.

sábado, 6 de novembro de 2010

ADMINISTRAR CONFLITOS, UMA QUESTÃO DE MATURIDADE

Ninguém pode negar a existência dos conflitos. Eles são reais em todos os segmentos da vida. Todavia, esta nunca foi a vontade do Deus Eterno, o nosso Criador. Ao criar o ser humano, Deus o fez com propósito de que o homem, a mulher e seus descendentes vivessem em harmonia e equilíbrio espiritual, emocional, físico e material, e desfrutassem do amor, alegria, paz, saúde, prosperidade e segurança. Porém, o primeiro casal – Adão e Eva -, desobedeceu às orientações que Deus lhe havia transmitido: “E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”(Gêneses 2:16,17). Com a desobediência, o pecado foi gerado e as suas consequências nefastas contaminaram todo ser vivente, inclusive a fauna e a flora(Gênesis 3:17).
A partir da entrada do pecado no mundo, o ser humano desenvolveu emoções como o medo, a vergonha, a culpa, a raiva, o ódio e a rejeição. Ao serem questionados por sua postura equivocada, Adão e Eva não assumiram os seus erros. O homem acusou a mulher, esta, por sua vez acusou a serpente. Surgiu entre o primeiro casal o espírito de acusação, que originou os conflitos.
Enquanto a natureza pecaminosa estiver em evidência, jamais deixará de existir conflitos entre as pessoas. Temos necessidade de sermos aceitos pelos outros, mas, inevitavelmente, surgem desacordos, pois somos todos diferentes uns dos outros. Cada um tem suas histórias, valores, crenças e hábitos peculiares. Com determinadas pessoas nossa relação é o próprio “paraíso” na terra. Com outras, é o verdadeiro “inferno”, em termos de agonia e desentendimento.
Assim, ao longo de toda a vida, colidiremos com aqueles aos quais estamos ligados de maneira intima na família, no trabalho, no circulo de amizades ou na igreja. O conflito, normal e inevitável, manifesta-se no tempo e no espaço. Sempre houve e haverá motivos para conflitos em todas as áreas de nossa vida.
Nunca se falou tanto em conflitos como nos dias pós-modernos em que vivemos! O ser humano está mais egoísta e ególatra; é amante de si mesmo, soberbo e orgulhoso (2Tm 3:1-3); quer “ser igual a Deus”, demonstrando, assim, toda a sua rebeldia contra a soberania do Senhor. Uma das principais conseqüências deste comportamento é o da recusa em aceitar valores morais absolutos, valores estes indicados pelo próprio Deus quando da criação do homem. Uma sociedade, como a do mundo de hoje, que se recusa a aceitar a Deus, é uma sociedade onde não haverá como se estabelecer uma noção do que é certo e do que é errado e, por isso, é uma sociedade que caminha, cada vez mais, para o relativismo moral, onde a única máxima existente é a de que “tudo é relativo”.
Sob um discurso de tolerância e de liberdade, o mundo hodierno defende a idéia do "relativismo moral”, ou seja, nega que haja padrões de comportamento válidos para todos os homens, independentemente da época, da cultura ou da vontade de cada ser humano. Dentro deste pensamento, não é considerado exigível dos homens qualquer conduta estabelecida "a priori" por quem quer que seja. Deste modo, entende-se que não possa ser imposto qualquer comportamento a qualquer homem, sendo "fanáticos" e "intolerantes" aqueles que assim não entendem. Entretanto, este tipo de pensamento é antibíblico, porquanto é mera conseqüência do pecado do homem, da sua recusa em obedecer a Deus e à ética estabelecida pelo Criador dos céus e da terra. Não se pode negar a liberdade de cada indivíduo de viver conforme a sua vontade, pois o livre-arbítrio foi dado ao homem pelo próprio Deus, mas não resta dúvida de que existe uma ordem universal instituída por Deus e que esta ordem deve ser observada pelo homem. Portanto, existe, sim, uma conduta que deve ser perseguida pelo ser humano, que é a conduta determinada por Deus, por Ele revelada em sua Palavra, que deve ser a nossa única regra de fé e prática. Ao contrário do que se diz no mundo, existe, sim, um padrão universal de conduta, que independe de cultura, de época ou da vontade de cada ser humano: o padrão bíblico, o padrão estabelecido por Deus e revelado ao homem por sua Palavra.
Vivemos dias de intolerância absoluta. Os fóruns e tribunais estão abarrotados dos mais variados processos, aumentando, ainda mais, a lentidão da justiça, em grande parte porque as pessoas não têm mais tolerância umas com as outras e, nesta intolerância, nesta incapacidade de diálogo e de concessões, acabam por bater à porta do Poder Judiciário, para resolver os seus conflitos. Na própria igreja, vemos os irmãos não se tratando como tal, mas competindo e concorrendo entre si e, não raro, levando litígios e conflitos internos da comunidade, da igreja local, para as barras dos tribunais, num triste espetáculo e escândalo diante dos infiéis.
Lares desfazem-se a cada dia porque marido e mulher não se toleram, nem têm qualquer tolerância com o outro. Logo alegam, por questões de somenos importância, uma “incompatibilidade de gênios”, arrumam suas malas e vão cada um para um lado, dando mais pontos para a intolerância.
Nações não se entendem e, apesar de estarem na “nova ordem mundial”, não aceitam negociar, nem incentivam as negociações, logo entrando em conflitos armados ou apelando para os tribunais internacionais.
O cristão, porém, não pode se envolver neste “mar de intolerância”, se é que está ligado à videira verdadeira. Alguém poderá dizer: Não existe aqui na terra igreja perfeita, pois ela é constituída de pessoas com personalidades, temperamentos e formação cultural diferentes. Isso é verdade! Somos pessoas diferentes e muitas vezes teremos pontos de vista distintos e preferências divergentes. Assim sendo, o conflito é inevitável numa comunidade. Mas, quando o conflito surgir é preciso ser administrado, controlado, afim de que não se desenvolva numa sequência mortal como esta: discordância, discussão, contenda, divisão, guerra, demandas judiciais. O conflito é como o fogo! Se perdermos o controle sobre ele, então tudo pode ser destruído repentinamente. É neste momento que a maturidade cristã entra em ação.
A bíblia diz que "ao servo do Senhor não convém contender, mas ser manso para com todos”(2Tm 2:24). Caso cheguemos ao nosso limite, tenhamos cuidado para que o fogo não se alastre. Analise a causa do conflito antes de começá-lo. Quanto vale a nossa paz e a tranquilidade da nossa consciência? Algumas pessoas acham que sempre devem brigar por seu direito. É o que ocorria com os cristãos da igreja de Corinto.
Os conflitos interpessoais são como o atrito entre as peças de um motor em funcionamento. O que podemos fazer para reduzir esse atrito e minimizar seus efeitos negativos? Lubrificar o motor. O óleo é um símbolo bíblico do Espírito Santo. Precisamos dessa unção em nossas vidas. Assim, quando formos atacados por alguém, teremos uma palavra mansa para aplacar-lhe o furor. Teremos o amor do Senhor em nossos corações, o qual produzirá sempre uma pré-disposição de aceitar os irmãos. Então, não haverá entre nós barreiras, muitas das quais se formam sem a menor razão.
A operação do Espírito Santo será o antídoto contra as antipatias gratuitas e desmotivadas, e também o remédio para as mágoas e as inimizades. Esta unção nos torna capazes de renunciar, de negar a nós mesmos, considerando que o nosso irmão é superior (Fp 2:3), é digno de todo o nosso respeito e de todo o nosso apreço. Parece até que estamos falando de uma utopia, contudo, esse estilo de vida é a proposta de Deus para nós, afim de que não sejamos um reino dividido, mas um corpo que, unido por juntas e medulas possa crescer na presença do Senhor (Ef 4 16).
O apóstolo Paulo nos orienta que, algumas vezes, em determinados casos, é melhor o cristão sofrer algum dano do que criar uma disputa (1Co 6:7). Afinal, não foi isso que Cristo ensinou, quando falou em "dar a outra face", "entregar a capa" e "caminhar a segunda milha"? Dê a Deus a oportunidade de resolver o problema. Ore ao Senhor antes de agir ou falar.
Em algum momento, poderá ser necessário admitir que o outro está certo. E, se não estiver, talvez possamos desistir do conflito a favor da outra parte. Logicamente, não devemos aceitar o pecado nem o erro, mas muitas vezes não é isso que está em jogo, e podemos muito bem abrir mão da nossa proposta em benefício do nosso próximo. Isso pode ser um sinal de maturidade. Veja o exemplo de Abraão que, podendo escolher a terra diante de si, deixou que Ló escolhesse primeiro.
Um conflito mal administrado resultará em ofensas e deixará marcas. Se a diversidade de temperamentos, de personalidades, de formação e de mentalidade for ignorada, e se também não for controlada, pode motivar conflitos os mais diversos por toda parte.
Se vamos discutir sobre alguma coisa, precisamos deixar o orgulho de fora da conversa. Será que as minhas idéias devem prevalecer sempre? A opinião dos outros está sempre errada? Quem pensa ou age desse modo está carente de humildade e tem a grande habilidade de criar confusões por onde anda. Se a discussão parece não produzir acordo, então é bom que a mesma seja interrompida. Se uma das partes é autoridade sobre a outra, então caberá a essa pessoa decidir sobre o assunto, ou voltar à questão em outra ocasião.
Todavia, se o conflito aconteceu será necessário um conserto. É natural que muitos ímpios sejam irreconciliáveis, incapazes de perdoar. Porém, não faz sentido um cristão guardar mágoa contra ninguém e, principalmente, contra outro irmão em Cristo. Não é um procedimento cristão um irmão ficar com raiva do outro, deixar de conversar, ficar "de mal". O Senhor nos mandou amar os nossos inimigos. Se não começarmos amando os nossos irmãos, como seremos capazes de amar os inimigos? Se você foi ofendido, perdoe! Não espere que o agressor venha pedir perdão. Perdoe. Seja qual for a ofensa, perdoe! Mais do que isso Jesus sofreu, e mesmo assim perdoou. Se você ofendeu, peça perdão! O perdão é o remédio divino para os conflitos mal conduzidos e mal resolvidos. Amém!
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Luciano de Paula Lourenço

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Aula 06 - A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO NA VIDA DO CRENTE

Leitura Bíblica: Filipenses 4:4-9
“Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno”(Hb 4.16).

INTRODUÇÃO
O propósito divino, desde a eternidade, foi criar um ser à sua imagem e semelhança para manter permanente relacionamento com ele. E isso acontece através da oração relacional, que é interpessoal, a comunicação entre homem e Deus. Ela é o meio mais eficaz de desenvolvermos comunhão com o Altíssimo. É através do ato da oração, com fé em Cristo Jesus e mediante a ação do Espírito Santo, que nos aproximamos de Deus com o propósito de adorá-lo, render-lhe ações de graça, interceder pelos salvos e pelos não salvos, e apresentar a Ele as petições de acordo com a sua suprema e indiscutível vontade (João 15.16; Rm 8.26; 1 Ts 5.18; 1 João 5.14; 1 Sm 12.23). Daí a oração ser considerada tão importante na vida do crente. É certo que todo aquele que se dispõe a orar sistematicamente enfrentará uma batalha contra um inimigo invisível, que tentará fazê-lo desistir do seu propósito. Uma das coisas que mais incomoda a Satanás é ver um homem ajoelhado em seu quarto, com a disposição de buscar a Deus em oração e súplica ao Deus Altíssimo. Esse inimigo conhece a importância e o valor da oração na vida de uma pessoa, e não se afastará enquanto não conseguir atingir o seu objetivo ou for vencido pela fé vitoriosa do servo de Deus. A Palavra de Deus, porém, nos exorta: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças”(Fp 4:6).
I. RECONHECENDO O VALOR DA ORAÇÃO
O crente em Cristo tem plena consciência do valor da oração, por isso desperta em sua alma um desejo constante de orar. Assim como a fome e a sede, instintos naturais do homem, exigem uma satisfação correspondente (comer e beber), assim também a alma humana precisa ser despertada e alimentada pela presença do Criador. O salmista diz: “A minha alma tem sede do Deus vivo!”(Sl 42:2). Essa sede de Deus é uma necessidade básica do espírito. Os grandes homens da Bíblia foram pessoas de rígidos hábitos de oração porque reconheciam o seu valor. O valor da oração está para o crente, assim como a água está para a corça.
1. A oração estreita a comunhão com Deus. A oração, mediante a fé, estabelece e desenvolve um relacionamento mais profundo com Deus. Sem oração não há comunhão com Deus. A fé nos faz entender que Deus existe, é um ser real que pode e quer ouvir-nos. Simplificando, orar é falar com o Senhor, expondo nossa gratidão, adoração, necessidades e buscando socorro na hora da angústia (Sl 4:1; 46:1). O Espírito de Deus que habita nos corações dos santos deixa-nos continuamente ligado ao Eterno, possibilitando-nos falar com Ele a cada instante, independente do lugar onde estejamos. Por exemplo: andando pelas ruas, dirigindo, numa fila de banco, trabalhando, etc. Pode-se orar em voz audível ou apenas em espírito. Se fizermos assim, veremos que nossa comunhão com o Pai se estreitará maravilhosamente.
2. A oração com ação de graças – “Perseverai em oração, velando nela com ação de graças”(Cl 4:2). Esse é o conteúdo essencial da oração, porque, é a mais alta expressão do reconhecimento da soberania de Deus e o maior tributo da criatura ao Criador. Façamos como o salmista: “Louvarei o nome de Deus com cântico e engrandecê-lo-ei com ação de graças”(Sl 69:30). Devemos agradecer a Deus não apenas pelas respostas às nossas orações, mas também pelas orações que ainda não obtiveram resposta. O apóstolo Paulo disse bem: “Em tudo dai graças...”(1Ts 5:18).
A ingratidão é uma qualidade que não pode existir no servo de Deus, pois é uma demonstração de falta de reconhecimento da soberania de Deus nas nossas vidas, uma verdadeira expressão de rebeldia e de insubmissão por parte do homem em relação ao seu Criador e Senhor. Quando temos consciência de que nada merecíamos, de que somos apenas mordomos de Deus e que, apesar disto, o Senhor, por sua imensa misericórdia e bondade, mesmo sabendo que somos ruins, pecadores e rebeldes, concede-nos suas bênçãos, a começar das bênçãos espirituais, temos de lhe ser agradecidos, gratos para todo o sempre.
A ingratidão é a expressão do egoísmo, da prevalência do “eu” na vida do ser humano. Assim, tudo que acontece na vida do ingrato é vista por ele como resultado do seu merecimento, dos seus méritos, da sua capacidade, da sua posição e, em conseqüência disto, ele entende que tudo o que tem ocorrido era natural e não precisa agradecer a pessoa alguma, pois as pessoas que lhe beneficiaram (incluindo o próprio Deus) nada mais fizeram do que cumprir um dever, cumprir a sua obrigação. É exatamente este o sentimento ensinado e divulgado pela chamada doutrina da “confissão positiva” e da “teologia da prosperidade”, segundo as quais as bênçãos dadas por Deus aos salvos nada mais são do que realização de “direitos” que os crentes têm em relação a Deus. Fujamos deste pensamento, pois Deus não tem obrigação alguma de nos abençoar e, se o faz e o prometeu, é tão somente porque nos ama e, por nos amar, derrama da sua graça, isto é, dos favores que não merecemos.
3. Jesus destaca o valor da oração. O valor da oração está em sua prática constante como elemento vital e imprescindível à nossa vida espiritual. Em seu ministério terreno, Jesus tinha a necessidade de orar porque reconhecia a importância da vida de oração. Apesar das multidões, das tarefas e das pressões das pessoas, Jesus nunca deixou de dedicar tempo para estar a sós com Deus. Em Lucas 5.15-16 nós lemos: “Todavia, as notícias a respeito dele se espalhavam ainda mais, de forma que multidões vinham para ouvi-lo e para serem curadas de suas doenças. Mas Jesus retirava-se para lugares solitários e orava ”. Veja ainda: “... subiu ao monte para orar, e passou a noite em oração a Deus( Lc 6:12); “despedida a multidão, subiu ao monte para orar à parte”(Mt 14:23). Jesus considerava a oração uma prática extremamente importante na sua vida e ministério. Por isso, ele buscava se retirar para lugares solitários a fim de orar. Seguindo o exemplo de Jesus, devemos nos dedicar à oração. Os seus discípulos vendo o exemplo de Jesus, disseram: “Senhor, ensina-nos a orar”(Lc 11:1).
Grandes homens e mulheres de Deus, como Elias, Eliseu, Daniel, Samuel, Davi, Jó, Neemias, Jeremias, Ezequiel, Ana(mãe de Samuel), etc, se valeram da oração para realização de grandes feitos. Eles se dedicaram com fervor a essa função porque sabiam do valor que a oração traz ao homem e à mulher de Deus.
A despeito dos inúmeros problemas que cercavam a vida do apóstolo Paulo, ele não se cansava de buscar ao Senhor em oração. O apóstolo Paulo sabia quão grande é o valor da prática da oração, por isso não se cansava de orar e de pedir oração em favor da obra do Senhor. Com cerca de uns sessenta e cinco anos de idade, com mais de trinta de Ministério, preso em Roma(Cl 4:3), sem salário fixo, sem plano de saúde, morando numa casa alugada(At 28:30), aguardando julgamento, e sabendo que o juiz seria o Imperador Nero, Paulo tinha muitos motivos para pedir orações. Porém, ele pediu apenas por um problema: “para que possa cumprir sua Missão de Pregar o Evangelho”(Ef 6:18-20).
Paulo não estava pedindo oração para Deus mandar o dinheiro do aluguel da casa onde estava preso, embora soubesse que se não pagasse o aluguel poderia ter que ir para o Presídio; não estava pedindo oração para Deus mandar o dinheiro necessário para sua subsistência visto que já estava preso há muito tempo, pois, antes de ser levado para Roma, esteve dois anos preso em Cesaréia. Ele estava pedindo oração para que pudesse cumprir sua missão de pregar o evangelho. É difícil, não impossível, encontrar hoje um líder tal como foi Paulo. Um homem que não confia no seu Deus, não pode ser chamado de homem de Deus.
Em At 12:1-17, foi registrado que Herodes exercia uma forte perseguição contra os cristãos e mandou prender Pedro, que ficou sendo vigiado por 16 soldados. A Igreja orava continuamente pelo apóstolo. O texto mostra que, enquanto os cristãos oravam, Deus movia o sobrenatural, enviando um anjo para libertar Pedro. O que me impressiona nessa história é que, antes mesmo de a oração cessar, a resposta foi enviada. Pedro retornou são e salvo.
Se nós, como Igreja do Senhor Jesus, compreendermos bem o valor da oração e adotarmos essa prática poderosa, com certeza faremos a diferença. Precisamos orar sem cessar porque os desafios deste tempo são grandes.
4. O crente deve valorizar a oração ainda que as circunstâncias nos sejam contrárias. Certa vez Matinho Lutero tinha que comparecer a uma grande reunião convocada pelo imperador Carlos V. Essa reunião deu-se na cidade de Worms, na Alemanha, em 1521. O motivo da Assembléia eram os escritos de Martinho Lutero. As pessoas estavam interessadas em conhecer aquele homem, que havia se levantado contra os ensinamentos da Igreja Católica.
Assim relata o livro “Heróis da Fé”: “(...) sabendo que tinha de comparecer perante uma das mais imponentes assembléias de autoridades religiosas e civis de todos os tempos, Lutero passou a noite anterior em vigília. Prostrado com o rosto em terra, lutou com Deus, chorando e suplicando. Um dos seus amigos ouviu-o orar assim: ‘Oh, Deus todo-poderoso! A carne é fraca, o diabo é forte! Ah, Deus, meu Deus; que perto de mim estejas contra a razão e a sabedoria do mundo! Fá-lo, pois somente tu o podes fazer. Não é a minha causa, mas sim a tua. Que tenho eu com os grandes da terra? É a tua causa, Senhor, a tua justa e eterna causa. Salva-me, ó Deus fiel! Somente em ti confio, ó Deus! Meu Deus... Vem, estou pronto a dar, como cordeiro, a minha vida. O mundo não conseguirá prender a minha consciência, ainda que esteja cheio de demônios, e se o meu corpo tem de ser destruído, a minha alma te pertence e estará contigo eternamente(...).” (BOYER, Orlando. Heróis da fé. CPAD: 2002, p.24).
Naquela noite, durante aquela vigília de oração, Lutero venceu a guerra contra os seus inimigos. Por causa daquela noite em oração, no dia seguinte Lutero conseguiu permanecer firme na fé, desmascarando os enganos que cegavam a igreja do seu tempo. Hoje, se nós podemos experimentar a nossa liberdade em Cristo, devemos, em grande parte, ao tempo de oração que Martinho Lutero dedicou a Deus naquele ano de 1521. Lutero venceu a sua mais difícil batalha através da oração.
Era comum que Lutero, quando tinha muitas tarefas para executar num determinado dia, orar uma hora a mais, além do tempo normal que costumava orar diariamente. Tal prática de oração Lutero não aprendeu por si mesmo. Antes, ele a aprendeu de Jesus.
II. A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA ORAÇÃO DO CRENTE
O cristão não consegue sobreviver sem uma ação constante e poderosa do Espírito Santo em sua vida. Por isso, ao confortar os discípulos acerca de sua partida, Jesus prometeu-lhes que enviaria o Consolador, que os assistiria em todos os momentos (João 14: 16-17). A promessa de Jesus se concretizou e a igreja nasceu no dia de Pentecostes. Os crentes tinham consciência da importância da ação do Espírito Santo para que houvesse dinamismo e poder na vida cristã(At 1: 8).
1. O Espírito Santo é intercessor. Paulo discorrendo sobre a fraqueza humana, a exemplifica na vida cristã no fato de nem ao menos sabermos orar como convém (Rm 8.26-27). Por isso, o Espírito Santo que em nós habita nos auxilia em nossas orações, fazendo-nos pedir o que convém, capacitando-nos a rogar de acordo com a vontade de Deus. A oração eficaz é aquela que tem o Espírito Santo como seu autor. Sem o auxílio do Espírito jamais oraríamos como convém. Analisando o fato de que pedimos tantas coisas erradas a Deus e que, se Ele nos concedesse o que solicitamos, traria muitos males sobre nós. Sem a intercessão do Espírito Santo para nos conduzir à forma devida de orar, corremos sérios riscos ao abrir a boca para expressar nossas petições ao Senhor. Graças a Deus porque todos nós, em Cristo, temos o Espírito Santo (João 14:16), porque sem Ele jamais poderíamos orar de modo aceitável ao Pai.
2. O Espírito Santo nos socorre na oração. Jesus, sabendo da nossa dificuldade(Rm 8:26), disse que o Espírito Santo nos guiaria em toda a verdade (João 16:13). Muitas vezes, estamos tão confusos diante das opções que temos, que não sabemos nem mesmo como apresentar os nossos desejos e as nossas dúvidas diante de Deus. Todavia, o Espírito nos socorre. Ele ora a nosso favor quando nós mesmos deveríamos ter orado, porém não sabíamos para que orar. Da mesma maneira que Jesus Cristo intercede pelos salvos no céu (Rm 8.34), o Espírito Santo, que conhece todas as nossas necessidades, intercede ao Senhor por nós (Rm 8.27).
3. O Espírito Santo habita no crente. Esta habitação do Espírito Santo na vida do crente produz nele uma série de benefícios, que lhe permitem um contínuo crescimento espiritual. Em primeiro lugar, o Espírito Santo vindo habitar no crente, faz com que ele inicie um contínuo processo de santificação, que nada mais é que a progressiva e contínua separação do pecado. A cada dia, o Espírito Santo faz-nos viver segundo a vontade de Deus, não mais segundo a nossa própria vontade. O velho homem, o homem pecaminoso, é mortificado a cada instante, ou seja, é mantido preso e crucificado (Gl 2:20), sem ação na nossa vida. Não andamos mais segundo a carne, ou seja, segundo estes desejos de nossa natureza pecaminosa, evitando praticar a iniqüidade e o mal. Isto só é possível porque passamos a nos inclinar para as coisas do espírito, a fim de agradar a Deus (Rm 8:5-13). A perseverança na oração permite-nos a mantermos uma vida de Santidade. O Espírito Santo geme pelo crente com gemidos inexprimíveis diante de Deus (Rm 8.26,27).
Em segundo lugar, o Espírito Santo, habitando em nós, faz com que desejemos, cada vez, que o nome de Jesus cresça em nós e que nós diminuamos na Sua presença (João 3:30). O Espírito Santo tem como finalidade a glorificação do nome de Jesus (João 16:14) e, se nós permitimos que Ele habite em nós, consequentemente, também estamos moldando a nossa vida a fim de que, também, através de nós, os homens glorifiquem a Jesus(Mt 5:16). Não seremos, portanto, egoístas, nem ególatras, mas, muito pelo contrário, tudo faremos para que, em nossas vidas, o nome de Jesus seja glorificado pelos homens, ainda que isto signifique o padecimento de nós mesmos(2Co4:5-11).
Em terceiro lugar, a habitação do Espírito Santo traz-nos a garantia e a certeza da nossa salvação. A Bíblia diz-nos que o Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Sendo assim, temos, em nós, a garantia de que somos salvos, temos a certeza da nossa própria salvação. É o próprio Deus, na Pessoa do Espírito, que dá testemunho de nossa comunhão com Ele. Há muitos crentes que são duvidosos a respeito da sua salvação, que se deixam embaraçar por quaisquer afirmações daqueles que os cercam, no sentido de que não podem ter garantia de que têm a vida eterna, notadamente de pessoas religiosas que acham que a salvação depende de obras e coisas similares. Entretanto, a Bíblia afirma-nos, claramente, que é o Espírito Santo quem nos dá esta certeza e a sua habitação em nós permite que tenhamos esta garantia. É por isso que a Bíblia nos afirma que o Espírito Santo é o selo da nossa redenção. Como todos sabemos, o selo é um símbolo, é um sinal que representa a garantia de um documento, que confirma a sua autenticidade, que confirma a autoridade de alguém (Gn 38:18;.Jr 22:24). O Espírito Santo é, portanto, a garantia que temos de que somos salvos.
Quando o Espírito habita em nós, dirigindo-nos, dando-nos orientação, testificando de nossa condição de filhos de Deus, temos a certeza de que estamos nas mãos do Senhor e de que ninguém de lá pode nos arrebatar (João 10:28).
III. COMO DEVE O CRENTE CHEGAR-SE A DEUS EM ORAÇÃO
1. Reverentemente.
A reverência e a consciência de nossa total submissão a Deus é um elemento que jamais pode faltar na vida do cristão e é algo que sempre está ausente na vida dos falsos mestres e daqueles que os seguem. Ao orar, penetramos na sala de audiência do Altíssimo, e devemos ir à sua presença possuídos de reverência. Os anjos velam o rosto em Sua presença. Os querubins e os serafins aproximam-se de Seu trono com solene reverência(Is 6:2-3). Quanto mais deveríamos nós, seres finitos e pecadores, apresentar-nos de modo reverente perante o Senhor, nosso Criador.
Note em 2Cr 6:13 a postura de Salomão ao orar ao Senhor, quando da dedicação do Templo. Ajoelhado e de forma referente proferiu uma das mais lindas orações que temos na Bíblia(6:14-42), a qual Deus respondeu imediatamente (2Cr 7:1). Deus requer de seus servos temor e tremor ao se prostrar diante dEle em oração, pois Ele é digno de toda a honra, glória e louvor. Ele é Único, Eterno, Supremo, Majestoso, Todo-Poderoso, Santo, Justo e Amoroso.
2. Honestamente.Andemos honestamente, como de dia, não em glutonaria, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e invejas”(Rm 13:13).
Honestidade é uma característica de uma pessoa que é decente, que é honrado, que é moralmente irrepreensível. Ser um cidadão honesto significa ser uma pessoa confiável, que tem zelo pelo seu nome e pela sua palavra. Para a Bíblia um bom nome é considerado algo muito precioso – “Mais, digno de ser escolhido é o bom nome do que as muitas riquezas...”(Pv 22:1). Ser honesto, contudo, está no rol das virtudes necessárias para alguém que “deseja o episcopado” - “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar”(1Tm 3:2).
Na Igreja Primitiva os cristãos eram ensinados a andar em honestidade. O Apóstolo Pedro ensinava: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma, tendo o vosso viver honesto entre os gentios...”(1Pe 2:11-12).
O cristão que vive em honestidade é incapaz de mentir, de enganar, de prometer e não cumprir, pois, ele tem zelo pela sua palavra. Em 1Coríntios 8:21 Paulo diz: “Pois zelamos o que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos homens”. Paulo não apenas tinha um viver honesto como ensinava aos irmãos a procurarem as coisas honestas – “A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens”(Rm 12:17). Para viver como salvo é preciso viver em honestidade. Você está vivendo com honestidade? Desta atitude depende as respostas de nossas orações(1João 3:19-22; João 15:7).
3. Confiantemente. “Acheguemo-nos, portanto, confiantemente junto ao trono da graça" (Hb 4.16). Porque Cristo se compadeceu das nossas fraquezas(Hb 4:15), podemos chegar confiadamente ao trono celestial, sabendo que nossas orações e petições são bem acolhidas e ouvidas por nosso Pai celestial.
Nossa confiança está baseada no conhecimento de que ele morreu para nos salvar e agora vive para nos proteger. Temos a garantia de um cordial “bem-vindo”, pois Ele disse que nos “achegássemos”. As pessoas na época do Antigo Testamento não podiam se aproximar dele. Somente o sumo sacerdote podia fazê-lo, e somente em determinado dia do ano. Agora, podemos estar na presença de Deus a qualquer hora do dia ou da noite para recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.
É chamado “Trono da Graça” porque dele fluem o amor, o socorro, a misericórdia, o perdão, o poder divino e tudo do que precisamos em todas as circunstâncias. Uma das maiores bênçãos da salvação é que Cristo, agora, é nosso sumo sacerdote, conduzindo-nos até a sua presença pessoal, de modo que sempre podemos buscar a ajuda de que carecemos(cf Hb 10:19-23).
No entanto, todo crente deve ter em mente que Deus é soberano e age como quer, concedendo ou não o que lhe pedimos. Ele conhece os seus filhos e sabe o que é melhor para nós (João 10:14,15). Por isso, para que a oração seja eficaz é necessário que ela seja feita segunda a perfeita vontade de Deus - “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1Jo 5:14). Uma das petições da oração modelo de Jesus, o Pai Nosso, confirma esse fato: “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (Mt 6:10; Lc 11:2; note a oração do próprio Jesus no Getsêmani, Mt 26:42).
Não somente devemos orar segundo a vontade de Deus, mas também devemos estar dentro da vontade de Deus, para que Ele nos ouça e atenda. O apóstolo João declara que “qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista” (1João 3.22).
Obedecer aos mandamentos de Deus, amá-lo e agradá-lo são condições prévias indispensáveis para termos resposta às orações.
CONCLUSÃO
Como está a nossa vida de oração? Cultivamo-la diariamente? Ou já nos conformamos com o presente século? Deus decidiu agir, em muitas ocasiões, através da oração dos crentes. Lembre-se do apóstolo Paulo e da grandeza do seu ministério. Lembre-se de Martinho Lutero e do impacto da sua vida em todo o mundo. Lembre-se de João Wesley e do avivamento que varreu a Europa e os Estados Unidos. Lembre-se de Smith Wigglesworth e das milhares de pessoas que foram curadas. E lembre-se de que, por trás de todas essas pessoas, existe uma vida de oração. A igreja pode transformar o mundo; você pode transformar o mundo. O caminho? Uma vida de oração.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 44. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee.

sábado, 30 de outubro de 2010

"Interpretação equivocada da Bíblia por pastor"

Sinceramente, fiquei absorto e muito envergonhado quando vi este vídeo. O pior foi que a Globo divulgou esse fato com muita pujança, certamente, para denegrir a imagem dos cristãos. Não acredito, em hipótese nenhuma, que esse descuidado e carnudo cristão(cristão?) procedeu a este tão grave erro porque interpretou erroneamente a Bíblia, não, não acredito! Acredito, sim, que ele fez isso conscientemente e de forma deliberada, para satisfazer os seus vis desejos carnais estimulado pelo seu condutor, Satanás. Acredito, também, que ele nunca foi a uma Escola Bíblica Dominical, e se foi dormiu na hora da aula. A sua atitude é indesculpável e aviltante! Isso é uma vergonha!!! O apóstolo Paulo assim escreve para esse tipo de pessoa: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia [...] acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus”(Gálatas 5:19-21).


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Aula 05 - ORANDO COMO JESUS ENSINOU

Leitura Bíblica: Mateus 6.5-13
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca”(Mt 26.41).

INTRODUÇÃO
Todos os que querem seguir o Senhor sabem que a oração é parte essencial da vida do discípulo. Nesta aula, vamos estudar a respeito da oração-modelo ensinada por Jesus Cristo, a saber, a chamada oração do Pai Nosso, exarada em Mateus 6:9-13. O seu ensino a respeito da oração originou-se da súplica dos seus discípulos: “Senhor, ensina-nos a orar...”(Lc 11:1). Em que pese o conhecimento que tinham da oração sob a perspectiva judaica, os discípulos tiveram de aprender com o Senhor a forma correta de conversar com Deus Pai. Nesta oração modelo, Cristo indicou, em cada área de interesse, a nossa posição diante de Deus Pai. Senão vejamos: “Pai nosso, que estás no Céu” – nossa posição: filhos de Deus; “Santificado seja o teu nome” – nossa posição: adoradores; “Venha o teu Reino” - nossa posição: súditos; “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no Céu” – nossa posição: servos; “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” – nossa posição: dependentes; “Perdoa-nos as nossas dívidas” – nossa posição: pecadores; “E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” – nossa posição: fracos espiritualmente. Como se vê, a estrutura da oração-modelo que o Senhor deixou não dá lugar para o “EU” e nem para o determinismo arrogante. Será que nossas petições estão sendo realmente sinceras? Estamos dispostos a pôr em prática a instrução bíblica? Para responder a essas perguntas precisamos atentar para cada detalhe da oração-modelo, começando pelo prefácio de Jesus: “Portanto, vós orareis assim...” (Mt 6.9). É bom ressaltar que essa oração que Jesus ensinou não pode ser feita como uma reza, mas deve expressar a verdade do nosso coração.
I. A ORAÇÃO DEVE SER INERENTE AO CRENTE
Vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes”(Mt 6:8). Se Deus já conhece minhas necessidades, por que então devo orar? Esta é uma dúvida comum, porém sabiamente esclarecida pela Bíblia. Em primeiro lugar, precisamos entender que orar é uma necessidade da alma humana, assim como os pulmões necessitam de ar. Não se deve orar somente para pedir, mas principalmente para se estar em comunhão com Deus. Somos nós que precisamos da oração e não Deus (Fp 4.6). Em segundo lugar, a oração é a base da nossa comunicação com Deus. Além disso, Deus faz coisas em resposta às orações que, sem elas, Ele não faria(Tg 4:2b). Em terceiro lugar, o próprio Senhor Jesus deixou o exemplo para ser seguido, e várias vezes incitou os discípulos a orar (Lc 11:9,10). Em quarto lugar, é através da oração que unimos nossa vontade à vontade de Deus, e, desse modo, ficamos conhecendo a vontade de Deus e comunicamos a nossa (2Co 12:7-10; At 1:24, 25).
1. Aprendendo a orar com o Mestre. Os discípulos perceberam que a oração era uma força real e vital na vida de Jesus. Eles observaram seus hábitos de oração. Viram-no frequentemente procurando um lugar deserto para falar com seu Pai. Eles perceberam que a maneira como Jesus orava era totalmente diferente das formas mecânicas da oração hebréia.
Certa feita, Jesus estava orando em determinado lugar. Quando acabou de orar os discípulos sentiram o desejo de orar como Jesus orava. Então um deles pediu que Jesus os ensinasse a orar(Lc 11:1). O Senhor prontamente atendeu ao súplice, pois Ele sabe que essa função é primordial na vida de qualquer cristão, e que deve ser praticada “sem cessar” enquanto estivermos neste mundo. A resposta imediata de Jesus ao pedido dos apóstolos é encontrada em Lucas 11:2-4 e em Mateus 6:9-13. Ele disse: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!”.
Todavia, nem esta oração, nem a semelhante encontrada em Lucas 11:2-4, são destinadas a repetir mecanicamente palavra por palavra. Jesus não estava ensinando palavras para serem memorizadas e recitadas; ele estava ensinando a orar. Ele deu um exemplo que mostra que tipo de coisas devem ser incluídas em nossas orações toda vez que buscarmos a face de Deus.
Orar sem hipocrisia. Certa feita, Jesus, no Sermão da Montanha, ensinou aos seus discípulos que eles deviam orar com sinceridade, ou seja, sem hipocrisia(Mt 6:5-8). Jesus disse isso porque os líderes religiosos de sua época gostavam das orações em lugares públicos para chamarem a atenção(Mt 6:5,6). Portanto, os discípulos não deveriam se posicionar propositadamente em áreas públicas de forma que os outros, vendo-os orar, ficassem impressionados por suas devoções.
Oração em oculto. “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará”(Mt 6:6). Se o motivo sincero é chegarmos a Deus, Ele ouvirá e responderá. Seu quarto secreto pode ser até mesmo dentro de um ônibus lotado.
É bom ressaltar que a oração em “oculto” não proíbe aquela feita em público, haja vista que a igreja primitiva se reunia para a oração coletiva(At 2:42; 12:12; 13:3; 14:23; 20:36). O ponto principal não é onde orarmos; a ênfase aqui está em por que orarmos – para sermos visto pelas pessoas ou para sermos ouvidos por Deus.
E, orando, não useis de vãs repetições”. A oração não deveria ser constituída de “vãs repetições” – por exemplo, sentenças decoradas ou frases vazias; Deus não se impressiona pela mera multiplicação do muito falar. Ele quer ouvir as expressões sinceras do coração.
2. Os discípulos já conheciam a respeito da oração? Observe que o discípulo suplicante não disse: “Ensina-nos como orar”; mas: “Ensina-nos a orar”. Ele sabia a forma teológica da oração, pois o povo israelita possuía uma longa tradição teologal e litúrgica nas quais a oração era componente essencial do culto a Jeová. De acordo com Atos 3.1, os judeus tinham um horário determinado para as orações: de manhã (às 9h), à tarde (às 15h) e à noite (no pôr do sol). Todavia, o que os discípulos não sabiam era o modelo que Jesus empregava quando Ele se dirigia ao Pai de forma tão impressionante e envolvente.
3. A oração era algo habitual para Jesus. A Bíblia nos mostra que Jesus orava com bastante frequência. Apesar das multidões, das tarefas e das pressões das pessoas, Jesus nunca deixou de dedicar tempo para estar a sós com Deus. Em Lucas 5:15-16 nós lemos: “Porém a sua fama se propagava ainda mais, e ajuntava-se muita gente para o ouvir e para ser por ele curada das suas enfermidades. Porém ele retirava-se para os desertos e ali orava”. Jesus considerava a oração uma prática extremamente importante na sua vida e ministério. Por isso, ele buscava se retirar para lugares solitários a fim de orar.
a) Se Jesus era e é Deus, existe necessidade de Deus orar? Alguém poderá responder que na condição humana Jesus precisava de Deus. Bem, isso desconstruiria a verdade de que Ele apenas esvaziou-se(Fp 2:7), mas não deixou de ser Deus(1João 5:20). Jesus Cristo não precisava orar, mas assim procedia pelo fato de que relacionar-se com o Pai é algo da própria natureza de sua divindade - "porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade,"(Cl 2:9).
b) Quando Jesus orou? Ele orou em vários momentos. Ele orou em horas de grandes aflições e provações, tais como suas orações no Getsêmani, poucas horas antes de sua morte. Ele orou momentos antes de grandes decisões, tais como no dia em que Ele escolheu os doze discípulos(Lc 6:12-16); note o que ele fez antes de selecioná-los:"Retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus" (Lc 6:12). Ele orou antes de grandes realizações, tal como ocorreu na ressurreição de Lázaro. Quando Jesus se preparou para ressuscitar Lázaro dentre os mortos, Ele primeiro se dirigiu ao seu Pai, em oração (João 11:41-43). Ele orou quando sua obra terminou (João 17:4). Ele também orou no momento mais crítico de sua vida: quando estava na cruz do Calvário recebendo todos os pecados do ser humano. Foi a mais terrível e chocante oração não-respondida da história da humanidade: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mt 27:46). Se o Pai celestial tivesse respondido a oração de Jesus na cruz, não haveria futuro para nós, mas um perpétuo e imensurável sofrimento além de uma eternidade no inferno! Entretanto, as Escrituras nos dá uma tremenda notícia: "Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo"(Ef 2:13). Assim sendo, para o nosso próprio bem, a melhor resposta para o clamor do Senhor Jesus foi o silêncio de Deus. Jesus deliberadamente veio à Terra com o único propósito de redimir o homem caído. Sua vinda não foi um acidente ou o resultado de alguma circunstância invisível, mas fazia parte do plano eterno de Deus para a nossa salvação.
c) Onde Jesus orou? Jesus frequentemente procurava um lugar e uma hora livre e sem interrupções para falar com seu Pai em oração. Frequentemente, Ele subia a montes, ou saia para um jardim, e gostava mais do período da noite ou ao amanhecer, quando havia menos distração com o mundo agitado. Tais hábitos eram tão típicos da vida de Cristo que Judas sabia exatamente onde encontrá-lo, embora só estivesse estado em Jerusalém poucos dias (João 18:1-3).
d) Por que Jesus orou? As circunstâncias das orações de Jesus sugerem motivos imediatos para oração: tentações, provações, tristeza, momentos decisivos, etc. Mas estes são realmente apenas o reflexo de uma razão maior pela qual Jesus orou. Ele valorizava sua comunhão com o Pai. Por isso, mantinha esse momento de íntima relação com seu Pai através da oração. Tendo a escolha entre multidões de homens e seu Pai, Jesus frequentemente escolheu a companhia deste. Quando tinha que escolher entre o sono e a oração, Jesus encontrava o profundo fortalecimento espiritual de que necessitava, não no descanso físico, mas na conversa espiritual com seu Pai.
Estas orações de Jesus nos induzem a entender sobre o privilégio de sermos chamados filhos de Deus. Portanto, a oração deve ser uma prática habitual na vida do crente, assim como foi na vida de Jesus.
II. A ORAÇÃO-MODELO
O fato de um dos discípulos pedir que Jesus os ensinasse a orar, como também João ensinou aos seus discípulos(Lc 11:1), deixa claro que a oração de Jesus distinguia da oração judaica e da oração dos discípulos de João Batista. Por se tratar de um serviço tão sublime e indispensável ao corpo da Igreja, Jesus atendeu o pedido dos seus discípulos e lhes mostrou o modelo para nos dirigir ao Pai em oração, a chamada “oração do Senhor”, “oração dominical” ou, como é conhecido, o “Pai nosso”. Essa oração-modelo não foi ensinada pelo Senhor para ser repetida automaticamente como uma reza, como muitos a têm tornado, mas, muito pelo contrário, nela temos uma verdadeira aula de como devemos orar corretamente e de forma agradável ao Senhor.
Note a beleza singela da oração-modelo que o Senhor nos deixou: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!”(Mt 6:9-13).
1. “Pai nosso, que estás nos céus” (Mt 6:9).
“Pai nosso” -
Aqui, a melhor tradução do original da palavra “Pai” é “Paizinho”. Dessa forma soa em aramaico a palavra Abbá, que é um diminutivo, o modo como as crianças se dirigem ao pai. Essa foi a grande novidade introduzida por Jesus. Deus não era somente o Deus dos patriarcas, o Senhor dos Exércitos, o Senhor assentado num alto e sublime trono, não! Jesus nos revelou outra maneira de nos comunicarmos com Deus! Os judeus concebiam Deus como o Pai do povo todo, mas não ousavam dirigir-se pessoalmente a Ele com tanta intimidade. Jesus, porém, o fez(Mc 14:36), e ensinou os seus discípulos, de todos os tempos, a endereçarem a oração ao Pai nessa total intimidade e confiança.
Somente através de Cristo e a redenção conquistada na cruz do Calvário, nós podemos realmente considerar a Deus como o nosso perfeito e querido PAI. A Bíblia declara que o Espírito Santo testifica com o nosso espírito de que somos filhos de Deus (Rm 8:16). O apóstolo Paulo confirma em Romanos 8:15: "Recebestes o espírito de adoção de filhos, no qual clamamos Aba, Pai”. O significado é igual ao significado da palavra que as crianças usam com freqüência: Pai. Logo após a ressurreição Jesus disse: "Subo para meu Pai, e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus”(João 20:17).
“que estás nos céus” – Isso nos lembra que este Pai bondoso, amoroso e misericordioso está nos Céus, ou seja, é o Senhor do universo, o Soberano, aquele que tem todo o poder. Lembrar que Deus é Pai, mas está nos céus, é lembrar que Ele não é nosso empregado, nem está à nossa disposição ou à disposição de nossos caprichos.
2. “Santificado seja o teu nome” (Mt 6:9). Na Bíblia, o nome equivale à pessoa. A oração-modelo nos lembra que o nome do Senhor é santificado, ou seja, que para termos uma verdadeira comunhão com Deus é necessário que estejamos em santidade diante de Deus. Por isso o apóstolo Pedro nos exorta: “como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo”(1Pe 1:15,16). Portanto, é dever de todo o crente honrar como santo o nome do Senhor nosso Deus, não só de lábios, mas com sua vida santa. Não é possível que queiramos orar a Deus sem que estejamos em paz com Ele, o que somente se dá mediante a justificação pela fé em Jesus (Rm5:1).
3. “Seja feita a tua vontade” (Mt 6:10). Nesta petição reconhecemos que Deus sabe o que é melhor e que rendemos nossas vontades à dele. O apóstolo João disse que “se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve”(1João 5:14). Aliás, devemos temer orar por qualquer coisa que não esteja de acordo com a vontade de Deus. Talvez alguém pergunte: “Como saber qual é a vontade de Deus?”. Podemos responder em termos gerais que a vontade de Deus nos é revelada nas Escrituras Sagradas. Portanto, devemos estudá-las a fim de conhecer melhor a vontade de Deus e aprender a orar com mais discernimento. Uma das vontades de Deus é dominar os corações dos seres humanos. A Bíblia diz que "O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se" (2Pedro 3:9). Quando alguém ora pedindo que Deus mostre a sua vontade ele está orando para que Jesus domine os corações dos homens e mulheres.
III. DECORRÊNCIAS PRÁTICAS DA ORAÇÃO-MODELO
1. “O pão nosso de cada dia”.
Aqui, o peticionário é ensinado a tornar conhecidos seus desejos pessoais e suas necessidades. O ser humano apresenta constante necessidade de alimento, tanto físico quanto espiritual. Temos de viver em dependência diária de Deus, reconhecendo-o como a fonte de todo bem. Nenhum homem pode ignorar as providências divinas, mesmo que suas posses “garantam” sua manutenção (Dt 11.14,15; 28.12; Mt 5.45). “Os filhos dos leões necessitam e sofrem fome, mas aqueles que buscam ao SENHOR de nada têm falta”(Sl 34:10).
2. Perdão das nossas dívidas – “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. Essas palavras nos levam a pensar que não temos o direito de pedir perdão se nós mesmos não estamos dispostos a perdoar. O perdão de Deus para nós é proporcional ao perdão que concedemos aos outros. A questão é séria. Nenhuma igreja ou comunidade se mantém unida sem o perdão, porque viver juntos sempre traz mal-entendidos, atritos, conflitos e ofensas e, mais do que nunca, o perdão mútuo é necessário. Por isso, a pessoa que ora o ”Pai Nosso” não precisa ser apenas criatura de Deus, mas uma criatura redimida (perdoada) por Deus. Redimida pela cruz, no sangue do Cordeiro ela não apenas deve ter encontrado anulação dos pecados do passado, mas também a libertação da sua natureza não reconciliável.
Jesus deixa claro que só seremos perdoados por Deus pelas nossas faltas, se perdoarmos os que nos prejudicam: “se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas”(Mt 6.14,15).
O apóstolo Paulo disse em Efésisos 4:32: “Antes sede uns para como os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”. Precisamos nos perdoar mutuamente, porque Cristo já nos perdoou. O perdão de Deus foi concedido quando nos convertemos e nos incentiva a perdoarmos uns aos outros. Só o perdão compartilhado pode garantir a continuidade da vida comunitária.
3. Livramento do mal“E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal”. Todo crente está sujeito às tentações e ataques do mal. Todos têm o seu lado frágil e susceptível ao mal de cada dia (Rm 7.15-19; Gl 5.17; Tg 1.14,15; 1 Co 10.12,13). Mas a que tentação Jesus se referiu? A todo tipo de tentação, mas talvez, principalmente, a de abandonar o evangelho de Cristo em troca das sugestões de Satanás: abundância, riqueza, poder e prestígio(Lc 4:1-13). Esse abandono pode ser motivado pela ganância, mas também pelo desânimo, pelo medo e pela insegurança. Judas foi tentado, caiu e abandonou definitivamente o plano de Deus(Lc 22:3-6,47,48). Pedro foi tentado, caiu, mas se arrependeu(Lc 22:54-62). Esse é o pedido mais importante: que Deus nos poupe de o trairmos, de o negarmos, pois assim trairíamos e negaríamos a nós mesmos e a todos aqueles que lutam para que o reino venha.
Portanto, nesta parte da oração, Jesus lembra-nos do compromisso divino de nos livrar do mal enquanto vivemos neste mundo de aflições e que está imerso no maligno (1João 5:19), compromisso este que foi ratificado e reiterado pelo próprio Senhor em sua oração sacerdotal (João 17:15). Este compromisso é a certeza que o cristão tem de que o mal não lhe tocará (1João 5:18). Isto não quer dizer, em absoluto, que o crente sincero nunca terá dificuldades ou lutas, nem que não poderá sofrer. Deus prometeu a vitória e somente há vitória após uma luta, de forma que a promessa de vitória é uma indireta declaração de que haverá lutas na vida do cristão, o que, aliás, foi explicitado pelo próprio Senhor(João 15:33).
4) Expressamos o nosso amor e adoração ao Deus único e verdadeiro - “porque teu é o reino, e o poder, e a glória para sempre. Amém”. A oração-modelo termina com uma expressão de adoração, parte indispensável em qualquer oração. É através da oração que expressamos nosso amor ao Senhor, que lhe rendemos a glória que só a Ele é devida. Lamentavelmente, nos nossos dias, oração tem significado apenas um petitório. Somente pedimos, pedimos, pedimos e, para finalizar, pedimos. Nem sempre nos lembramos de agradecer ao que Deus nos fez, que dirá adorá-lO, render-Lhe glória e louvor. É fundamental que a nossa oração, pelo menos, tenha uma parte de adoração. É preciso que louvemos e glorifiquemos a Deus em nossas orações.
CONCLUSÃO
Jesus deu aos discípulos mais do que palavras, quando mostrou um exemplo consistente de fé em suas orações. Teriam eles aprendidos? Os episódios iniciais no livro de Atos mostram que eles aprenderam a importância da oração. Depois que Pedro e João foram perseguidos e passaram algum tempo na prisão por causa de sua pregação, eles encontraram outros cristãos e oraram juntos com confiança, pedindo coragem para continuar sua obra (Atos 4:23-31). Sua citação da poderosa mensagem do Salmo 2 mostra que eles entenderam que o poder da oração é encontrado no poder daquele que ouve essas orações: o Deus que se assenta nos céus.
Como vai a sua vida de oração? Você tem se dirigido a Deus, desfrutando da intimidade que Jesus nos proporcionou com o Pai? “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém!”(2Co 13:13).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 44. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Aula 04 - A ORAÇÃO EM O NOVO TESTAMENTO

Leitura Bílica: Lucas 24.46,49,52,53; Atos 1.4,5,12,14

“Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar”(1 Ts 5.16,17).


INTRODUÇÃO

No Novo Testamento a oração é praticada por qualquer servo de Deus. O imperativo é: “orai sem cessar”(1Ts 5:17) por nós mesmos (Mt.24:20; 26:41; Mc.13:18,33; Lc.22:40), uns pelos outros (Tg.5:16; Cl 1:3), pelos inimigos da Igreja (Mt.5:44; Lc.6:28), pelos ministros do Evangelho e pela obra do Senhor (Ef.6:19; 1Ts.5:25; Hb.13:18), como também pelas autoridades constituídas (1Tm 2:2) e por todos os homens (1Tm 2:1). Cristo rogou por Seus discípulos e fez especial intercessão por Pedro; também, intercedeu em favor dos seus inimigos (Lc 23:34).
As igrejas do Novo Testamento frequentemente se dedicavam à oração coletiva (Atos 1:4;2:42; 4:24-31; 12:5,12; 12:12;13:2). O poder e presença de Deus e as reuniões de oração integravam-se. O livro de Atos dos Apóstolos e as cartas de Paulo trazem lindos relatos de como os cristãos da igreja primitiva perseveravam unidos em encontros de oração, tanto no pátio do templo judaico - local de reuniões inserido na cultura da época(Atos 3:1) - como nas residências(At 12:5;12).
A Igreja foi inaugurada numa casa, quase que com certeza, na casa de Maria, mãe de Marcos, o autor do Evangelho que tem o seu nome. Foi ainda nesta casa que a Igreja continuou se reunindo, especialmente em Cultos de Oração, conforme se lê em Atos 12:12. A intenção de Deus é que seu povo do Novo Testamento se reúna para a oração definida e perseverante; note as palavras de Jesus: “A minha casa será chamada casa de oração”(Mt 21:13).
I. A ORAÇÃO NO INÍCIO DA IGREJA
Depois de refrear a curiosidade dos discípulos quanto à data futura do seu reino(At 1:8), Jesus direcionou a atenção deles para uma questão mais imediata: a natureza e abrangência da missão da qual seriam incumbidos. Eles seriam testemunhas de Jesus tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. Antes disso, porém, precisam receber o poder do Espírito Santo. Mas, para isso eles deveriam estar no lugar certo, ou seja, unidos em oração.
Logo após de comissionar os discípulos, Jesus foi elevado às alturas(At 1:9). “E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir”(At 1:10,11). Após esse espetacular acontecimento os discípulos voltaram para Jerusalém(At 1:12). De acordo com Lucas 24:52, os discípulos voltaram a Jerusalém tomados de grande júbilo.
A luz do amor de Deus e a promessa da volta de Jesus inflamavam o coração desses homens e faziam seus rostos resplandecerem, apesar dos incontáveis problemas que os cercavam. Ao entrarem na cidade, subiram para o cenáculo onde se reuniam(At 1:13). Ali, “Todos estes perseveravam unânime em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos”(At 1:14). Foi a primeira reunião de oração da Igreja recém-inaugurada.
Observe o termo “unânime”. Este termo, que ocorre onze vezes em Atos, é umas das chaves para descobrir o segredo da bênção. Onde os irmãos vivem juntos em união, Deus ordena a sua bênção: vida para sempre(Sl 133). Outra chave para descobrir o segredo da bênção de Deus se encontra nas palavras “perseveravam [...] em oração”. Como naquela época, no início da igreja, em nosso tempo Deus opera quando as pessoas oram. Em geral, preferimos fazer qualquer outra coisa, mas o poder revitalizante do Espírito Santo de Deus é derramado quando esperamos diante de Deus em oração veemente, quando oramos sem pressa e em conjunto com outros cristãos.
OUTRAS CITAÇÕES EM ATOS SOBRE A ORAÇÃO NO INÍCIO DA IGREJA
a) A oração dos cento e vinte discípulos que estavam no cenáculo foi respondida em Pentecostes, por ocasião da descia do Espírito Santo sobre eles.
b) As pessoas que se converteram no dia de Pentecostes perseveraram na oração(At 2:42). Os versículos subseqüentes (43-47) descrevem as condições ideais experimentadas por essa comunidade de oração.
c) Depois da libertação de Pedro e João, os cristãos oraram pedindo ousadia(Ato 4:29). Como resultado, o lugar onde estavam reunidos tremeu, todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciaram a palavra de Deus com grande intrepidez(Atos 4:31).
d) A fim de poderem se dedicar mais intensivamente à oração e ao ministério da Palavra, os doze apóstolos(doze porque Matias fazia parte do grupo) sugeriram que sete homens fossem escolhidos para cuidar das finanças e da filantropia(Atos 6:3-4). Em seguida, os apóstolos oraram e impuseram as mãos sobre os sete escolhidos(Atos 6:6). Os versículos seguintes registram grandes vitórias na propagação do evangelho(At 6:7-8).
e) Estevão orou pelos inimigos, quando estava prestes a ser martirizado(Atos 7:60). O capítulo 9 registra uma das respostas a essa oração, a saber, a conversão de Saulo de Tarso, que testemunhou o apedrejamento de Estevão.
f) Pedro e João oraram pelos Samaritanos convertidos, e este receberam o Espírito Santo(Atos 8:15-17).
g) Depois de sua conversão, Saulo de Tarso orou enquanto estava na casa de Judas; em resposta a essa oração, Deus lhe enviou Ananias(Atos 9:11-17).
h) Pedro orou em Jope, e Dorcas voltou à vida(Atos 9:40). Em decorrência disso, muitos creram no Senhor(Atos 9:42).
i) Quando Pedro foi preso, os cristãos oraram por ele com grande fervor(Atos 12:5). Para espanto daqueles que estavam orando, Deus respondeu e o libertou miraculosamente da prisão(Atos 12:6-17).
j) Os profetas e mestres de Antioquia jejuaram e oraram(Atos 13:1-3). Iniciou-se, assim, a primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé. Alguém disse que “esta foi a oração de impacto mais amplo de todos os tempos, pois, por meio dos missionários Paulo e Barnabé, seus efeitos foram sentidos nos confins da terra e atravessaram o tempo, até os dias de hoje”.
l) Ao voltarem para Listra, Icônio e Antioquia, Paulo e Barnabé oraram por aqueles que haviam crido(Atos 14:23). Um desses indivíduos era Timóteo. Quem sabe foi em resposta a essas orações que Timóteo acompanhou Paulo e Silas na segunda viagem missionária.
m) Na prisão em Filipos, as orações de Paulo e Silas à meia-noite foram respondidas com um terremoto e a conversão do carcereiro e sua família(Atos 16:25-34).
n) As orações de Paulo com os presbíteros efésios em Mileto(Atos 20:36) foram seguidas de demonstrações comoventes de afeto e tristeza deles por saberem que não veriam o apóstolo novamente nesta vida.
o) Os cristãos em Tiro oraram com Paulo na praia(Atos 21:5) e, sem dúvida, essas orações o acompanharam até o patíbulo em Roma.
p) Antes de naufragar, Paulo orou em público dando graças a Deus pelo alimento e, com isso, restaurou o ânimo da tripulação e dos passageiros taciturnos (At 27:35-36).
q) Na ilha de Malta, Paulo orou pelo pai enfermo do governador. O resultado foi uma cura miraculosa (Atos 28:8).
Fica evidente, portanto, que a Igreja primitiva vivia na esfera da oração. Quando os cristãos oravam, Deus operava!. Nem mesmo a perseguição impediu os crentes de orar. É um exemplo pra todos nós, hoje!
II. PRINCÍPIOS DA ORAÇÃO CONGREGACIONAL
É indispensável que a igreja, reunida, busque a Deus em oração, para que tenhamos uma verdadeira adoração e a presença de Deus se faça sentir no meio dos crentes. Cada crente deve, assim que chegar à igreja, buscar a face do Senhor, orar para que o nome do Senhor seja glorificado na reunião. Atualmente, este momento não tem mais o vigor e a dedicação que existia alguns anos atrás, quando o povo de Deus, ao chegar à casa do Senhor, dobrava seus joelhos e, numa atitude de reverência, seguindo o que determina a Bíblia Sagrada (Ec 5:1), orava ao Senhor até o início da reunião. O culto na igreja começa quando ali chegamos e devemos aproveitar o nosso tempo para orar e buscar a presença de Deus. As reuniões não têm sido mais proveitosas espiritualmente para os crentes exatamente porque não há este propósito de orarmos ao Senhor desde o instante de nossa chegada à igreja local.
Muitos são os elementos predominantes na constituição da oração congregacional, mas nesta aula nos deteremos a apenas três: a oração pelo crescimento da igreja, principalmente no aspecto espiritual; a oração focada nas necessidades específicas dos fiéis; e a dedicação à oração dos líderes das igrejas locais.
1. O crescimento da obra de Deus. “E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara”(Lc 10:2). Um dos princípios espirituais é o crescimento da “Obra” de Deus. Em Lucas 10:2, Jesus admoesta a todos os crentes a estarem sempre conscientes de que os perdidos têm uma alma eterna, de valor incalculável, e que terão que passar a eternidade no céu ou no inferno, e que muitos poderão ser salvos se alguém tão somente lhes anunciar o evangelho. Mas, antes de Deus realizar uma obra, geralmente Ele conclama seu povo à oração. Uma vez o povo em oração, Deus realiza a obra.
A igreja local não deve se preocupar em crescimento quantitativo, numérico. Por estarem a correr atrás de números, de quantidade, muitas igrejas locais assumiram uma postura totalmente irresponsável no evangelismo (ação organizada e ativada pelos membros para informar, persuadir e integrar o ouvinte da Palavra à igreja), onde o que importa é a presença regular de cada vez maior número de pessoas ao templo, quando o que se tem de buscar é a salvação das almas por Jesus Cristo, o novo nascimento. Devemos lutar para que vidas sejam transformadas, para que haja verdadeiras e genuínas conversões. Quando se toma este rumo, sabemos que o número pode não impressionar, mas não estamos atrás de número, pois sabemos que o mundo inteiro não vale sequer uma alma que alcança a redenção (Sl 49:6-8; Mt 8:36).
Atualmente, muitas igrejas procuram se cercar de métodos e de estratégias para aumentar a eficiência e a eficácia da evangelização. Nas últimas décadas, surgiram mais métodos de evangelização e técnicas de crescimento de igrejas do que em toda a história da Igreja. É o “crescimento por células”, “crescimento por grupos pequenos”, “evangelismo explosivo”, “crescimento por propósitos”, enfim, um sem-número de fórmulas e modelos que procuram recuperar o tempo perdido e fazer com que as igrejas retomem a evangelização como prioridade. Muitos destes métodos foram testados e, aqui ou ali, tiveram algum resultado (além de, vez por outra, enriquecer os seus idealizadores…), mas nada, absolutamente coisa alguma, pode substituir o modelo bíblico, que é o do comprometimento de toda a igreja local, o amor real de cada crente pelas almas perdidas, a união, a comunhão e a oração(vide Atos 2:46,47).
2. Outras necessidades. A ordem é: “orai uns pelos outros”(Tg 5:16). Neste elemento primário da oração não é delimitado o que devemos pedir em oração, então tudo o que não venha obstar a vida espiritual do cristão deve-se interceder a Deus em seu favor. É plenamente aceitável que intercedamos a Deus pelos enfermos, desempregados, pelos que estão presos, pela estabilidade conjugal dos fiéis, pelas famílias, etc. Muitas são as necessidades da igreja, e todas elas devem ser apresentadas a Deus por intermédio da oração.
É bom ressaltar que, embora orar por outras necessidades dos irmãos seja um princípio a ser atendido, não devemos priorizá-lo quando nos reunimos em oração na Igreja. O principal objetivo da oração é o de conhecer a Deus e alcançar intimidade com Ele. No entanto, muitas pessoas oram somente com a intenção de notificar a Deus a respeito de suas necessidades ou de pedir solução para os seus problemas. É lógico que a petição é parte integrante da oração, porém, precisamos ter sempre em mente, que Deus sabe, antecipadamente, todas as nossas necessidades - “Sem que haja uma palavra na minha língua, Eis que, ó Senhor, tudo conheces!”(Salmos 139:4); “Aquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos...”(Ef 3:20); “E será que antes que clamem, Eu responderei: estando eles ainda falando, Eu os ouvirei”(Is 65:24). É bom ressaltar que a maior necessidade do homem é espiritual. Jesus, em seus milagres supria, primeiramente, a alma perdoando os pecados e, só depois, promovia a cura física.
3. A oração dos líderes. O líder é alguém que deixa uma marca na vida, bem como no coração das pessoas. O seu proceder fará com que alguém sinta o desejo de fazer o que a Palavra de Deus diz. Ele procura causar um impacto na vida dos liderados não para querer receber glória ou querer aparecer, mas para que seja um fruto para toda a eternidade. Em 2Cr 6:24-40, temos o belo exemplo de Salomão dirigindo suas palavras a Deus em oração, solicitando o cuidado especial de Deus sobre o povo que escolhera para que fosse seu, entre todos os povos da terra(1Rs 8:51-53). O procedimento espiritual demonstrado por Salomão naquele momento diante do povo de Israel, o qual foi sincero, haja vista que Deus atendeu a sua oração de imediato(2Cr 7:1), deve ser o valor padrão, a marca visível, na vida de todos os líderes hodiernos do povo de Deus.
O apóstolo Paulo, o grande líder da igreja primitiva, era um homem que cultivava a prática da oração (1T5s 3:10; Cl 1:9). Quaisquer que fossem as circunstâncias de sua vida, nada o arrebataria do sublime propósito de manter a comunhão com Deus através da oração (vide At 14:23; 16:16,25; 20:6; 25:5; 22:17). Ele fez a seguinte recomendação a Timóteo: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens” (1Tm 2:1).
O líder da igreja local que não tem a marca da submissão a Deus, mediante o exercício devocional da oração, que não estimula o povo a este mister, certamente, verá uma igreja fracassada e o rebanho com espiritualidade anêmica e altamente vulnerável aos ardis de Satanás.
III. O APÓSTOLO PAULO E A ORAÇÃO
Paulo era um líder que cultivava a prática da oração. Por meio dela ele obteve revelações do Senhor e desenvolveu um piedoso zelo pela ordem nas igrejas locais.
1. As revelações do Senhor. Paulo foi o apóstolo que mais recebeu revelações acerca das doutrinas cristãs. A vida desse homem de Deus é um exemplo de que a autenticidade e o zelo comedido são características de quem vive imitando a Cristo(1Co 11:1). Como obreiro, sempre buscou pela integridade em suas atitudes e zelava pelo bom andamento da obra cristã com sabedoria, sempre tendo a oração como elemento fundamental para o crescimento da obra de Deus.
Fez quatro grandes viagens missionárias, sendo que na última foi à Roma como prisioneiro, para ser julgado, e nunca mais retornou para a Judéia.
Certamente escreveu inúmeras cartas, mas somente 13(treze) destas chegaram até nós, chamadas de Epístolas Paulinas, que são: Epístola aos Romanos; 1ª e a 2ª aos Coríntios; aos Gálatas; aos Efésios; aos Filipenses; aos Colossenses; 1ª e a 2ª aos Tessalonicenses; 1ª e 2ª a Timóteo; a Tito e a Filemon. Através de suas cartas, Paulo transmitiu às comunidades cristãs e aos seus discípulos uma fé fervorosa em Jesus Cristo, na sua morte e ressurreição.
Não há dúvida de que o incessante contato com o Senhor através da oração, bem como o altruísmo demonstrado por esse incansável servo de Deus pela evangelização e pelo zelo da igreja do Senhor, resultou no acelerado crescimento da igreja primitiva. Paulo é um excelente exemplo de como Deus pode transformar e aperfeiçoar o caráter daquele que se entrega a Ele, sem reservas (Gl 1:14; Fp 3:4-7; 2Co 12:9; 2Tm 1:3).
2. O zelo de Paulo pela ordem na igreja. O zelo é o grande cuidado, a preocupação que se dedica a algo ou alguém; é a forte disposição na realização de algo. Em 2Co 11:2, Paulo confessa ser “zeloso” em relação à igreja em Corinto, zelo que não se limitava àquela igreja local, mas que era uma característica do seu ministério, pois todas as suas cartas mostram a preocupação do apóstolo com a Noiva de Cristo.
Paulo desejava que o amor da igreja fosse dedicado somente a Cristo, da mesma maneira que uma noiva pura guarda seu amor para apenas um homem. A muitos, porém, têm faltado este “zelo de Deus” em os nossos dias. Muitos têm se calado, deixando de ensinar a Palavra de Deus, exortar ou admoestar o povo do Senhor. Calam-se e permitem um sem-número de inovações, modismos e desvios espirituais, porque trocaram o “zelo de Deus” pelo amor do dinheiro, pela posição social, pelas vantagens passageiras desta vida. Paulo, porém, não era assim, mas tinha plena consciência de seu dever para com Deus e para com a Igreja, sabendo que tinha de apresentar a Deus uma virgem pura e imaculada.
Em determinadas situações, o líder deve ter um caráter firme para tomar decisões que nem sempre são simpáticos, mas necessárias. Paulo disciplinou o crente coríntio que tinha relações sexuais com mulher de seu pai(1Co 5); chamou a atenção de Pedro quando este dissimulava suas atitudes entre os crentes de Antioquia( Gl 2:11-14). Também repreendeu Elimas, o feiticeiro que tentava desviar o procônsul Sérgio Paulo(At 13:6-12), e considerou insensatos os gálatas que estavam abandonando a liberdade do Evangelho. Entretanto, seu zelo era demonstrado também no carinho que tinha para com as igrejas, mesmo quando estavam em dificuldades.
Também, Paulo demonstrou grande zelo pela ordem da igreja de Creta, cujo pastor era Tito(vide Tt 1:5-11). Creta, uma pequena ilha no Mar Mediterrâneo, tinha uma grande população de judeus. As igrejas dali provavelmente foram fundadas por judeus cretenses que estiveram em Jerusalém no Pentecostes(At 2:11) mais de 30 anos antes de Paulo escrever a carta à Tito. O trabalho que precisava ser concluído consistia em estabelecer um ensino correto e designar presbíteros em cada cidade.
Paulo deixara Tito na igreja de Creta para que cuidasse das questões éticas e administrativas da comunidade. A situação era tão grave que o apóstolo precisou escrever uma carta àquele jovem pastor falando da urgente necessidade de se manter a ordem na igreja. Tais instruções são suficientes para equipar qualquer pessoa que pretenda engajar-se no ministério pastoral.
Se os conselhos de Paulo a Tito fossem observados por todas as igrejas, não haveria tantos problemas na condução do rebanho do Senhor. Não haveria tantos escândalos pela má conduta dos que se dizem chamados para o ministério, mas infelizmente, não são qualificados. Segundo sua orientação, Tito deveria ser enérgico com os que perturbavam o bom andamento do trabalho. Os insubordinados e inconseqüentes teriam de ser severamente admoestados (Tt 1:10-14). A verdadeira Igreja de Cristo não subsiste sem obreiros irrepreensíveis em todas as áreas da vida.
3. Paulo e a oração. O ministério apostólico de Paulo era alicerçado na oração. Ele gostava de estar em oração: com os irmãos (At 16.13); com os anciãos (At 20.36) e com um grupo de discípulos em Tiro (At 21.5). Ele não somente orava, mas também rogava que outros irmãos orassem por ele (2Co 1:11); (Cl 4.3); (1Ts 5:25); (2Ts 3:1).
Além de um apóstolo exemplar, era um cuidadoso pastor do rebanho do Senhor. Preocupava-se com todas as igrejas, mesmo aquelas que nunca tinham sido visitadas por ele, como é o caso da igreja em Colossos. Veja a sua preocupação com aquela igreja, mesmo estando na prisão(Cl 4:3): “Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual”(Cl 1:9). Sabendo ele, através de Epafras, do perigo iminente que aquela igreja corria com a infiltração de heresias através dos falsos mestres e pastores, ele imediatamente incluiu os cristãos de Colossos na sua lista de pedidos de oração. Em 2Co 11:28 ele comenta que "me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas”. Ele orava por elas todas, diariamente. De maneira que entendemos o seu "não cesso de orar" como significando uma lembrança diária dos problemas individuais e das necessidades de cada igreja. Muitos de nós não cessam de orar porque nunca começam!
CONCLUSÃO
As igrejas que declaram basear sua teologia prática e missão, no padrão divino revelado no livro de Atos e outros escritos do Novo Testamento, devem exercer a oração fervorosa e coletiva como elemento vital da sua adoração - e não apenas um ou dois minutos por culto. Nenhum volume de pregação, ensino, cânticos, música, animação, movimento e entusiasmo manifestará o poder e presença genuínos no Espírito Santo, sem a oração neotestamentária, mediante a qual os crentes “perseveravam unanimemente em oração e súplicas”(Atos 1:14; 2:42). É somente aos pés do Senhor Jesus que a igreja encontra direção e disposição para o trabalho, bem como forças para não fraquejar diante das dificuldades. Jesus está voltando e a necessidade da igreja se manter fervorosamente unida em oração é cada vez mais premente, pois o adversário de nossas almas está fazendo tudo que está ao seu alcance para desviar o maior número de cristãos dos caminhos do Senhor. O alerta do apóstolo Pedro é vital para a igreja de hoje: “Mas já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração”(1Pe 4:7).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 44. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee.