domingo, 9 de fevereiro de 2014

Aula 07 – OS DEZ MANDAMENTOS


1º Trimestre/2014

 
Leitura Bíblica: Êxodo 20:1-5,7-10,12-17

 
“Porque o fim da Lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10:4)

 

INTRODUÇÃO

A partir desta Aula, iniciaremos o estudo da segunda parte do Livro de Êxodo (cap. 20-40), cujo conteúdo apresenta uma série de leis e instruções detalhadas para a vida social e cerimonial dos israelitas. Na Aula de hoje estudaremos os dez Mandamentos; analisaremos a sua importância para o povo de Israel e os princípios que Deus espera que sigamos em sua Lei.

Três meses depois da saída do Egito, Deus conduziu os hebreus pelo deserto até o Monte Sinai, onde ficaram acampados (Êx 19:1,2). Ali, Israel se tornou uma nação eleita e santa ao entrar em um relacionamento de aliança com Deus (Êx 19:3-8). A eleição divina de Israel colocou essa nação em uma posição especialmente privilegiada no mundo. Neste pacto entre o “EU SOU” (Êx 3:14,15; 20:2) e os israelitas, o Senhor fez questão de relatar Sua atuação na libertação que tirou o povo do cruel cativeiro. Para gravar na mente hebraica a importância do pacto da lei, Deus se apresentou em forma de nuvem, figura que Israel não poderia reproduzir.

No Monte Sinai, o Senhor declarou, em particular, a Moisés, a quem chamou à Sua presença, as orientações preparatórias para a entrega da Lei (Êx 19:3-6). Ali, o Senhor proferiu os Dez Mandamentos (Decálogo) que se constituíram nos estatutos perpétuos para serem obedecidos (Êx 20:6; 24:12). Tais ordenanças revelam os princípios espirituais e relacionais de Deus ao Seu povo, bem como Sua natureza santa, os quais os homens devem observar como parâmetro de conduta (Dt 33:3).

Deus espera duas atitudes em relação às Suas ordenanças: que possamos ouvir e obedecer (Dt 11:26,27). Desse modo, tornamo-nos Sua propriedade peculiar, Seu reino sacerdotal e Seu povo santo (Êx 19:5,6).

I. OS PROPÓSITOS DA LEI

1. O Decálogo (Êx 20:3-17). O Decálogo é muito mais do que um código ritual ou cerimonial. No sentido espiritual, ele revela, prioritariamente, o caráter do Deus do pacto, inspirando os homens ao temor e à reverência. Além disso, no sentido moral, o Decálogo confronta o pecado e impulsiona o homem ao comportamento que conduz à vida.

a) Seu significado. No original hebraico, “Decálogo” significa, literalmente, “dez palavras”. Segundo Leo G.Cox, “estes dizeres não foram copiados do Egito ou de outras palavras, como alguns suspeitam. As declarações do monte Sinai são nobres e inteiramente diferentes de qualquer coisa encontrada em todo o conjunto da literatura egípcia”. Deus deu estas “palavras” não como meio de salvação, porque este povo já estava salvo do Egito, mas como norma de conduta. Levando em conta que a obediência era uma cláusula para a continuação do concerto (Ex 19:5), estas “palavras” se tronaram a base de perseverança na qualidade de povo de Deus. Paulo deixou claro que a observância da lei não é meio de salvação pessoal, pois a justificação é pela fé em Cristo (Gl 2:16). A lei conduz a Cristo, mas não salva (Gl 3:24).

b) Seu aspecto relacional. Deus fez escrever o Decálogo em duas tábuas de pedra. Foram guardadas dentro da arca durante séculos. Portanto, deu-se ao tabernáculo o nome de "tenda do testemunho" para lembrar aos israelitas que dentro da arca estava a lei e que deviam viver de acordo com ela. Os primeiros quatro mandamentos compõem a primeira tábua do Decálogo e mostram a relação apropriada do homem com Deus. Têm seu cumprimento no primeiro grande mandamento: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento” (Mt 22:37). Os últimos mandamentos têm que ver com as relações dos homens entre si e cumprem-se no amor ao próximo como a si mesmo. Somente os que amam a Deus podem em verdade amar a seu próximo.

c) Sua divisão. Segundo Leo G. Cox, “a divisão do Decálogo é entendida de modos variados. Segundo Agostinho, a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Luterana consideram Êx 20:2-6 o primeiro mandamento e dividem o versículo 17, que trata da cobiça, em dois mandamentos. O judaísmo hodierno reputa que o versículo 2 ordena a crença em Deus e é o primeiro mandamento; e combina os versículos 3 a 6 no segundo mandamento. A divisão aceita nos primórdios da igreja torna o versículo 3 o primeiro mandamento e os versículos 4 a 6 o segundo. Esta posição foi apoiada por unanimidade pela igreja primitiva, e é mantida hoje pela Igreja Ortodoxa Oriental e pela maioria das igrejas protestantes”.

d) O Decálogo é, também, para os cristãos? Sim. Os Mandamentos revelam Deus como uma Pessoa profundamente moral e amável. Como poderíamos nós, que O assumimos como Pai, não tentarmos ser como Ele? Os Dez Mandamentos aponta o caminho; também fornecem uma visão de uma sociedade justa e moral. Em Cristo, somos libertos para expressar a realidade da salvação que recebemos como uma oferta gratuita. E uma maneira pela qual podemos demonstrar nossa salvação é ter uma vida de completa harmonia com os padrões revelados por Deus nos Dez Mandamentos apresentados no Monte Sinai (cf. Rm 8:3,4).

2. Objetivos do Concerto divino. Os objetivos de Deus com a Lei foram, inicialmente:

a) Providenciar um padrão de justiça que pudesse ser alcançado. As leis de Deus eram demonstração de sua justiça por meio de símbolos e forneciam uma disciplina pela qual os israelitas poderiam ser conformados à santidade de Deus. Inicialmente, a lei foi dada ao povo de Israel, mas, de forma atemporal, os princípios norteadores da lei são eternos e contemplam a todos nós. Segundo Alexandre Coelho, “esses princípios são expostos em regras, ou seja, quando Deus desejou proteger o fruto do trabalho dos israelitas, ordenou que não se furtasse. Os princípios desse mandamento são a proteção da propriedade e a valorização do trabalho, e eles são expostos na regra ‘não furtarás’. Portanto, os princípios estão no topo, e as regras, na base. Regras podem variar com o passar do tempo, como o local e o povo, mas os princípios não” (Dt 4:8; Rm 7:12). Portanto, as leis sociais e cerimoniais mudam, mas as relações fundamentais entre Deus e o homem, e entre os homens, conforme exaradas no Decálogo, são eternas.

b) A lei de Deus também mostra o pecado do homem. Segundo Alexandre Coelho, “ela não faz do homem um pecador, mas mostra o quanto ele é inclinado a desobedecer às regras e princípios que Deus determinou. Paulo comenta isso em Romanos 5:20: ‘Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse’, isto é, fosse devidamente conhecida. ‘Pela lei vem o conhecimento do pecado’ (Rm 3:20), ou seja, o conhecimento pleno dele. ‘Mas eu não conheci o pecado, senão pela lei’ (Rm 7:7). Ou seja, Paulo deixa claro que a lei traz o conhecimento de nossos pecados. Ela não os cria, mas os denuncia”.

c) A lei mostra ainda a santidade de Deus. Segundo Alexandre Coelho, “Deus é santo, e não pode tolerar o pecado. A lei mostra que o padrão de Deus para uma vida justa deve ser buscado pelo homem. Com o passar do tempo, percebe-se que essa busca pela justiça não poderia ser alcançada sem a ajuda de um Salvador, a quem Deus enviou ao mundo, seu Filho Jesus Cristo. Apenas por Ele podemos nos aproximar da santidade de Deus e buscá-la para um viver santo neste mundo decaído”.

II. OS DEZ MANDAMENTOS (Êx 20:1-17)

A) DEVERES PARA COM DEUS

1. O primeiro mandamento – Êx 20:3“Não terás outros deuses diante de mim”. O versículo 2 é a introdução deste mandamento – “Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”. Neste, mostra quem tirou Israel da servidão egípcia: O SENHOR. Visto que Ele os libertara e provara que era supremo, Ele exigia absoluta prioridade a Ele: “não terás outros deuses diante de mim”. Deus proíbe o politeísmo que caracterizava todas as religiões do antigo Oriente Próximo. Israel não devia adorar, nem invocar nenhum dos deuses doutras nações. Deus lhe ordenou a temer e a servir somente a Ele (Dt 32:29; Js 24:14,15).

Para nós cristãos, este mandamento importa pelo menos três princípios:

a) A nossa adoração deve ser dirigida exclusivamente a Deus. Não deve haver jamais adoração ou oração a quaisquer “outros deuses”, espíritos ou pessoas falecidas, nem se permite buscar orientação e ajuda da parte deles (Lv 17:7; Dt 6:4; 1Co 10:19,20).

b) Devemos plenamente nos consagrar a Deus. Somente Deus, mediante sua vontade revelada e Palavra inspirada, pode guiar a nossa vida (Mt 4:4).

c) Nós cristãos devemos ter como propósito na vida, buscar a amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todas as nossas forças, confiando nEle para nos conceder aquilo que é bom para a nossa vida (Mt 6:33; Fp 3:8; Cl 3:5).

2. O segundo mandamento – Êx 20:4-6 – “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem”.

O primeiro mandamento de Deus no Sinai foi “não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20:3). E o segundo mandamento foi não fazer imagens de escultura e nem se encurvar a elas (Êx 20:4-6).

Segundo Leo G. Cox, “os versículos 4 e 5 devem ser considerados juntos. Não há condenação para confecção de imagens, contanto que não se tornem objetos de veneração. No Tabernáculo (Êx 25:31-34) e no primeiro Templo (1Rs 6:18,29) haviam obras esculpidas. A idolatria consiste em transformar uma imagem em objeto de adoração e atribuir a ela poderes do deus que representa. Se considerarmos que gravuras ou imagens de pessoas possuam poderes divinos e que sejam adorados, então elas se tornam ídolos. Há formas de criaturas nos céus (anjos), na terra (animais, seres humanos) e nas águas (peixes e baleias), e nenhuma dessas formas poderia jamais representar Deus. Tentar reduzir Deus a uma figura conhecida era o mesmo que reduzir sua glória. Deus apresentou os motivos para esta proibição: ‘Ele é Deus zeloso’, no sentido de que não permite que o respeito e a reverência devidos a Ele sejam dados a outrem”. Está escrito: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de esculturas” (Is 42:8).

Observação: As palavras “porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem”(Êx 20:5) devem ser interpretadas à luz do caráter de Deus e de outras Escrituras. Deus é zeloso no sentido de ser exclusivista, não tolerando que seu povo preste culto a outros deuses. Como um marido que ama a sua esposa não permite que ela reparta seu amor com outros homens, Deus não tolera nenhum rival.

Deus não castiga os filhos pelos pecados de seus pais senão nos casos em que os filhos continuem nos pecados dos pais. Castiga os que o "aborrecem" e não os arrependidos. "A alma que pecar, essa morrerá"; "o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho" (Ezequiel 18:20). Em vez disso, a maldade passa de geração a geração pela influência dos pais e quando chega a seu ponto culminante, Deus traz castigo sobre os pecadores” (Gn 15:16; 2Reis 17:6-23; Mt 23:32-36) (Hoff, Paul. O Pentateuco. Ed.Vida).

3. O terceiro Mandamento – Êx 20:7 – “Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”. A proibição de usar o nome de Deus “em vão” ocorre em função de o mesmo estar intimamente ligado ao caráter divino (Êx 3:15; Lv 22:32). Assim, por causa da natureza santa do nome do Senhor, o mesmo deve ser reverenciado, invocado, louvado e bendito (Mt 6:9). Tomar o nome do Senhor “em vão” inclui o fazer uma falsa promessa usando esse nome (Lv 19:12; cf. Mt 5:33-37), pronunciá-lo de modo hipócrita ou leviano, ou amaldiçoar e blasfemar envolvendo esse nome (Lv 24:10-16). O nome de Deus deve ser santificado, honrado e respeitado por ser profundamente sagrado, e deve ser usado somente de maneira santa (ver Mt 6:9).

Era comum o uso de palavras mágicas em encantamentos no mundo antigo. Um exemplo bíblico ocorre em Atos 19:13-16, onde lemos sobre a tentativa pecaminosa de invocar o nome do Senhor Jesus, por magos que usavam o nome do Salvador como uma forma de encantamento.

4. O quarto mandamento – Êx 20:8-11 – “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar”. O sábado (mencionado pela primeira vez em Gênesis 2:1-3 e depois juntamente com o relato do maná em Êxodo 16) agora é formalmente instituído como lei à nação de Israel. Esse dia era um símbolo do descanso que os cristãos hoje desfrutam em Cristo e também da redenção que a criação desfrutará no milênio. O sábado judaico (hb. Shabbath – “cessar, interromper”), o sétimo dia da semana, começa ao pôr-do-sol da sexta-feira e termina ao pôr-do-sol do sábado. Nenhuma passagem do Novo Testamento ordena os cristãos a observar o sábado.

Conquanto o cristão não esteja mais obrigado a observar o sábado judaico, ele tem fortes razões bíblicas para dedicar um dia, em sete, para seu repouso e adoração a Deus:

a) O principio de um dia sagrado de repouso foi instituído antes da lei judaica - “E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou”(Gn 2:3). Isto indica que o propósito divino é que um dia, em sete, fosse uma fonte de benção para toda a humanidade e não apenas para a nação judaica.

b) O propósito espiritual de um dia de descanso em sete é beneficio ao cristão. No Novo Testamento esse dia era visto como uma cessação de labor e ao mesmo tempo um dia dedicado a Deus; um período para se conhecer melhor a Deus e adorá-lo; uma oportunidade para dedicar-se em casa e em público às coisas de Deus(Nm 28:9; Lv 24:8).

c) Jesus nunca ab-rogou o principio de um dia de descanso para o homem. O que Ele reprovou foi o abuso dos líderes judaicos quanto à guarda do sábado(Mt 12:1-8; Lc 13:10-17; 14:1-6).

d) Jesus indica que o dia de descanso semanal foi dado por Deus para o bem-estar espiritual e físico do homem (Mc 2:27).

e) Nos tempos do Novo Testamento os cristãos dedicavam um dia especial, o primeiro dia da semana, para adorar a Deus e comemorar a ressurreição de Cristo(At 20:7; 1Co 16:2; Ap 1:10).

B) DEVERES PARA COM O PRÓXIMO

Os últimos seis mandamentos tratam dos relacionamentos humanos e estabelecem normas de convivência de suprema importância para a sociedade.

5. O quinto mandamento – Êx 20:12 – “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá”. Segundo Leo G. Cox, este é o primeiro mandamento em relação aos homens e rege o primeiro relacionamento que a pessoa tem com outrem: a relação dos filhos com os pais. Este mandamento é tão básico que é amplamente universal. A maioria das sociedades reconhece a importância de filhos obedientes. A melhor exegese deste versículo é a exortação de Paulo encontrada em Efésios 6:1-3, onde ele destaca as responsabilidades de pais e filhos.

Com este mandamento ocorre uma promessa. Quem honra os pais tem a garantia de vida longa. O propósito desta promessa visava a nação em sua permanência no território prometido (Israel) e o indivíduo que obedece. A promessa ainda vigora: a nação cujos filhos são obedientes permanece sob a benção de Deus, e os indivíduos obedientes aos pais têm a promessa de vida mais longa. Haverá exceções a esta regra, mas aqui destacamos sua aplicação geral.

6. O sexto mandamento – Êx 20:13  refere-se ao respeito e à preservação da vida humana: “não matarás”. Este mandamento proíbe o homicídio, o qual insulta a Deus, o doador da vida (Gn 9:6). A existência do homem é a Sua mais importante possessão. Por isso, o Senhor expressa Seu desejo de que ela seja honrada, respeitada e preservada.

7. O sétimo mandamento – Êx 20:14 – “Não adulterarás”. Esta ordenança protege a família de sua desintegração, pois o adultério viola a santidade do matrimônio enquanto instituição criada por Deus (Hb 13:4). O Mandamento abrange o comportamento de ambos os cônjuges (Lv 20:10), muito embora a comunidade judaica, no tempo de Jesus, pareça inclinada a aplicá-la apenas à mulheres (João 8:1-11).

A concepção em vigor atualmente afirma haver exceções a esta regra; mas, isso não tem justificativa bíblica. Jesus deixou claro que o adultério está no coração e ocorre antes do ato (Mt 5:28).

Este Mandamento condena todas as relações sexuais que acontecem fora do laço matrimonial. Também infere a proibição de atos que precedem e conduzem ao ato sexual.

8. O oitavo mandamento – Êx 20:15 – “Não furtarás”. Este Mandamento refere-se a qualquer ato que despoje outra pessoa de algo que lhe pertença. Ensina o respeito à propriedade particular. Infelizmente, esse mandamento tem sido desonrado por uma sociedade desonesta e fraudulenta. O amor ao dinheiro é o pecado básico condenado por este mandamento.

Dentre os exemplos de atitudes pecaminosas que quebram este mandamento, temos: subornos e prática de corrupção; comércio de produtos adulterados; roubo de propriedade intelectual; desídia no emprego; retenção do salário dos empregados; cobrança majorada ou indevida de valores na prestação de serviços; cobrança de juros abusivos; falta de pagamento das dívidas.

9. O nono mandamento – Êx 20:16 – “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”. Este Mandamento proíbe manchar a reputação de outra pessoa com declarações falsas que podem levá-la a receber punição ou até mesmo a morte. Ensina a respeitar a reputação dos outros.

Este Mandamento focaliza tanto o indivíduo como o sistema judicial, pois de acordo com as antigas leis de Israel, uma pessoa era considerada culpada ou inocente com base na declaração de uma testemunha fidedigna (Dt 17:6). O falso testemunho arruinava gradativamente a justiça.

Portanto, seja no tribunal ou em outro lugar, nossa palavra sempre deve ser verdadeira. Não devemos divulgar um relato até que verifiquemos sua veracidade. A repetição da fofoca é imoral; antes de falar devemos averiguar a correção do que dizemos.

10. O décimo mandamento – Êx 20:17 - “Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”.

Cobiçar é desejar ter o que o outro possui. Vai muito além de simplesmente admirar o bem de outra pessoa ou pensar: “eu gostaria de ter uma destes”. A cobiça inclui a inveja, que é ressentir-se do fato de outros terem o que você não tem; é possuir uma vontade incontrolável, excessiva e egoísta de apoderar-se do bem de outrem, sendo, portanto, a raiz da quebra dos demais mandamentos (Rm 7:7,8). Assim, a aliança com Deus nos convida a tratar os outros e seus bens com amor e cuidado (1Co 12:25).

CONCLUSÃO

Conquanto o Decálogo tenha sido destinado, originalmente, ao povo de Israel, o mesmo é perfeitamente aplicável à atualidade, pois estabelece a perfeita plataforma moral para a vida social de qualquer nação civilizada.

Em relação a Deus, somos instruídos a jamais permitir que nada, além dEle, ocupe o Seu lugar central em nossa vida. Portanto, cristãos autênticos não adoram e nem reverenciam imagens de criaturas que são consideradas “santas”.

Em memorial da criação, separamos um tempo (Cl 2:16,17), à parte de nossa jornada semanal de trabalho, para honrar, servir a Deus e viver para o louvor do Seu santo nome.

Em relação aos nossos semelhantes, somos orientados a valorizar a família, preservando e honrando nossos pais e a santidade do casamento. Além disso, obedecemos à orientação divina por meio de uma vida honesta, verdadeira e pura.

Jesus Cristo, em toda a Sua sabedoria, resumiu os mandamentos em duas atitudes: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mc 12:29-31). Estamos atentos a essa verdade? Que o Senhor permita-nos viver de modo a honrar o Seu nome e a Sua criação.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 57 – CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox -  O Livro de Êxodo - Comentário  Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Alexandre Coelho – Uma jornada de Fé (Moisés, o Êxodo e o Caminho à Terra Prometida). CPAD.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

HITLER - O "ANTI-CRISTO", O SEU ÓDIO À BÍBLIA E AO JESUS "JUDEU", E O SEU PROJETO PARA A DESTRUIÇÃO DA IGREJA CRISTÃ





Este vídeo mostra e prova de forma inequívoca como o líder nazi alemão, Adolf Hitler, tentou criar uma nova religião centralizada nele como "deus" e "salvador e senhor", criando a sua própria "bíblia" e hinos, e formando uma nova "igreja", a "Igreja Reich", com os seus próprios mandamentos e orações.
Não só era o plano de Hitler destruir todos os judeus, mas também a destruição do próprio cristianismo, através da criação de um sistema anti-cristão.
Veja o vídeo completo. Você vai ter dificuldade em acreditar que isto tenha realmente acontecido, mas é a pura e comprovada verdade, e o pior é que tudo se repetirá, mas ainda com dimensões maiores!
A revelação do Apocalipse diz que quando o Anticristo vir que não conseguiu destruir Israel, ele então irá voltar-se em fúria para destruir a Igreja - os descendentes da mulher: "E o dragão (Satanás) irou-se contra a mulher (Israel), e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo (a Igreja verdadeira)." - Apocalipse 12:17.
Estejamos alerta e preparados!
Shalom!
fonte: Shalom Israel!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

"ALÁ DEU ISRAEL AOS JUDEUS. NÃO EXISTE PALESTINA NO CORÃO"


 



Alá prometeu Israel aos judeus - assim afirma o sheikh Ahmad Adwan, um professor muçulmano que vive na Jordânia, que declarou recentemente na sua página no facebook que a "Palestina" não existe.

O blogueiro "Elder of Ziyon" traduziu fontes noticiosas árabes que comentaram as afirmações de Adwan no passado Sábado, segundo as quais ele cita o Corão - livro sagrado dos muçulmanos - e onde alegadamente diz que Alá designou Israel aos judeus até ao dia do juízo final (Sura 5, verso 21), e que os judeus são os herdeiros de Israel (Sura 26, verso 59).



"Digo àqueles que distorcem...o Corão; de onde é que vocês foram buscar o nome Palestina, seus mentirosos, seus amaldiçoados, quando Alá já lhe deu o nome de "Terra Santa" e deu-a em testamento aos Filhos de Israel até ao dia do Juízo Final?" - protestou Adwan - "Não existe nada de "Palestina" no Corão."

"A vossa reivindicação da Terra de Israel é uma falsidade e constitui um ataque ao Corão, aos judeus e à sua terra. Por isso não ireis ser bem sucedidos, e Alá não vos irá atender, antes vos humilhará, porque Alá é aquele que os protege" - avisou Adwan.

O sheik teve ainda outras palavras duras contra os "palestinianos", apelidando-os de "assassinos de crianças, idosos e mulheres" ao utilizá-los como escudos humanos de forma a acusar falsamente os judeus de os atacarem. O sheik relatou ter visto a mesma táctica utilizada por "palestinianos" contra o exército jordano nos anos 70.

"Este é o hábito e prática deles, uma crueldade, tendo corações de pedra para com os seus filhos, e mentindo à opinião pública para obter o seu apoio" - declarou Adwan.

Adwan tinha afirmado já anteriormente que o seu apoio ao povo judeu "vem do meu reconhecimento da sua soberania sobre a sua terra e da minha crença no Corão que nos diz e enfatiza em várias partes, como nesta sua (Alá) declaração: "Ó povo (i.e. os filhos de Israel), entrai na Terra Santa que Alá vos tem destinado." (Sura 5, verso 21).

Segundo Adwan, os judeus são um povo pacífico: "Se eles forem atacados, defendem-se, causando o menos possível de estragos aos atacantes. É para eles uma honra Alá tê-los escolhido sobre os mundos - significando sobre os povos e sobre os Jinns (criaturas espirituais) até ao Dia do Julgamento...Quando Alá os escolheu, fê-lo pela sua amabilidade, e não foi injusto para com outros povos; é só que eles (os judeus) mereceram isso."

Fonte: Shalom, Israel!

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Aula 06 - A PEREGRINAÇÃO DE ISRAEL NO DESERTO ATÉ O SINAI


1º Trimestre/2014

Texto Básico: Êxodo 19:1-6; Números 11:1-3

 
“Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritos para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos” (1Co 10:11)

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos acerca da caminhada do povo de Israel até a região do Sinai. Veremos como Deus guiou e sustentou seu povo durante a árdua jornada pelo deserto, a despeito da infidelidade, do pecado da murmuração e do pecado da idolatria. Só precisou três dias de peregrinação para demonstrar que era um povo obstinado. Em cada dificuldade deparada os hebreus murmuravam e demonstravam ingratidão. A idolatria no Egito era tão forte que chamuscou a alma do povo hebreu, demonstrado isso de forma tangível, na planície do Sinai, quando eles cultuaram um bezerro de ouro. Mas, a fidelidade de Deus e seu amor, foram determinantes para que Ele cuidasse, dia a dia, dos descendentes de Abraão. Deus tem um compromisso com a sua Palavra, Ele vela para cumpri-la. Apesar de nossas fraquezas, Deus não nos deixa sozinhos em nossa jornada rumo à Pátria Celestial.

I.  ISRAEL PEREGRINA PELO DESERTO

"Depois, fez Moisés partir os israelitas do Mar Vermelho, e saíram ao deserto de Sur, e andaram três dias no deserto; e não acharam água. E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?" (Êx 15:22,24).

Após a travessia do Mar Vermelho e livre definitivamente dos egípcios e do seu ardiloso rei, os hebreus agora iniciam sua Jornada de Fé rumo à Terra Prometida. O deserto é a sua trajetória até Canaã. Mas primeiramente tinha que passar pelo Sinai, porque ali, ao pé do monte Sinai, Israel receberia a lei, firmaria aliança perpétua com o Senhor e seria devidamente organizado como nação.

As dificuldades da caminhada são maiores do que podemos imaginar. Toda a viagem por ali terá sido muito penosa. Para atravessar o deserto de forma resiliente é necessária uma força motriz, a Fé. Sem este elemento propulsor não se atravessa o deserto incólume. É quando entramos na experiência do deserto que somos postos à prova, a fim de que se manifeste até que ponto conhecemos Deus e o nosso próprio coração.

Por que Deus guiou o seu povo por uma região tão medonha? Segundo Paul Hoff, Deus tinha que concretizar alguns propósitos:

a) Deus colocou os israelitas na escola preparatória do deserto, a fim de que as provações os disciplinassem e adestrassem para conquistarem a Terra Prometida. Ainda não estavam em condições de enfrentar as hostes de Canaã, nem desenvolvidos espiritualmente para servir ao Senhor uma vez que entrassem. Embora tenham sido libertados da escravidão, ainda tinham espírito de escravos, isto é, demonstravam traços de covardia, murmuração e rebeldia.

b) Deus desejava que os israelitas aprendessem a depender inteiramente dele. Desde o momento em que Israel partiu do Egito, Deus começou a submetê-lo a uma série de provas, tendo em vista desenvolver e fortalecer a sua fé. Não havia água nem alimentos. A única maneira de conseguir estas coisas era recebê-las do Senhor. O deserto era uma praça de esportes onde se podia desenvolver os músculos espirituais.

c) Deus conduziu-os ao deserto para prová-los e trazer à luz o que havia em seus corações (ler Dt 8:2-5). As provas e aflições no deserto demonstrariam se os hebreus creriam ou não na onipotência, no cuidado e no amor de Deus.

O apóstolo Paulo referiu-se às experiências de Israel no deserto como elementos que nos servem de exemplo e de advertência a fim de que não caiamos nos mesmos erros (1Co 10:1-13).

1. Israel chega a Mara (Êx 15:22-25). A primeira prova da Fé do povo hebreu, após o milagre do Mar Vermelho, aconteceu depois de três dias de viagem. Os hebreus estavam sedentos e exauridos pelo intenso calor do deserto, e após esses três dias de peregrinação, encontraram apenas águas amargas em Mara. As águas estavam impróprias e impotáveis para serem bebidas. Certamente, Deus estava provando a fé do seu povo recém-liberto da escravidão. Todavia, a Fé dele, mais uma vez, foi reprovada. O povo cometeu, pela segunda vez, o perigoso pecado da murmuração – “E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?” (Ex 15:24). Os hinos de louvores entoados pelo triunfo sobre o exército de Faraó no milagre do Mar Vermelho foram depressa substituídos pelas palavras de descontentamento; o aspecto das coisas depressa mudou. Em relação a Deus a murmuração é uma reclamação descabida. Quando você murmura, você está dizendo que Deus não está sendo suficiente. Por isso a murmuração em ralação a Deus é pecado.

Uma grande vitória como a travessia do Mar Vermelho proporcionou uma visão maravilhosa da onipotência de Deus, mas não treinou a fé para os problemas mais corriqueiros, como a necessidade diária de comida e bebida. Às vezes, grandes experiências com Deus não são suficientes para curar o coração duro e queixoso. Segundo Silas Daniel, é preciso que aja um arrependimento e um quebrantamento sinceros, seguidos de uma submissão total a Deus. Ou, como afirma o apóstolo Paulo, “crucificarmos o eu e entronizarmos Cristo somente” (Ef 4:31,32).

Em sua primeira prova após a travessia do Mar Vermelho, a Fé (o combustível) do povo foi reprovada. Eles não perceberam que Deus "ali os provou". Moisés, porém, tinha Fé; ele confiava na providência divina. Então ele orou e Deus lhe mostrou um lenho, que foi jogado nas águas amargas e elas se tornaram boas para o consumo.

Não existe nenhuma prova de que o “lenho” que foi lançado nas fontes tivesse a propriedade de tornar potáveis as águas. Deus tornou-as potáveis. O milagre não somente mostrou que Deus tinha cuidado de seu povo, mas também simbolizou no começo desta viagem que o Senhor tiraria as amargas experiências futuras se os israelitas buscassem sua ajuda.

O que podemos apreender com a experiência de Mara:

a) Às vezes, depois de alcançar grandes vitórias, como na travessia do mar Vermelho, vêm as experiências amargas.

b) A árvore lançada na água assemelha-se ao poder da cruz, não só porque redime, mas porque tem semelhança de uma vontade submissa a Deus. Ao aceitar as provas como permitidas por Deus, as amargas experiências tornam-se ternas.

c) A experiência de Mara deu a oportunidade de revelar-se outro aspecto do caráter de Deus por meio de um novo nome: Jeová Rafa, ou seja, "o Senhor que te sara". Deus provê cura. Como a mãe ama a seus filhos por inclinação natural, assim Deus cura a seu povo, pois está em sua natureza curar. Deus é a saúde de seu povo. Se lhe obedecesse, Ele não traria nenhuma das enfermidades mediante as quais julgou os egípcios.

Segundo Leo G. Cox, “assim como Deus curou as águas amargas de Mara, assim Ele curaria Israel satisfazendo-lhes as necessidades físicas e, mais importante que tudo, curando o povo de sua natureza corrompida”. Deus queria tirar o espírito de murmuração do meio do povo e lhe dar uma fé forte.

2. Rumo ao Sinai (Êx 16:1-21). Moisés agora conduz o povo rumo ao Sinai. Mas, para chegar lá teve que parar em três localidades: Elim, Sim e Refidim. Em cada uma dessas localidades houve um expediente especial da parte de Deus ao povo hebreu.

- A chegada em Elim – “Então, chegaram a Elim, e havia ali doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali se acamparam junto das águas” (Êx 15:27). Elim era um verdadeiro oásis no deserto. Ali havia água em abundância e também palmeiras. O Senhor, que cura as águas de Mara, conduz seu povo a um lugar de descanso e refrigério. Assim como há épocas de severas provações, também há "tempos de refrigério" na presença do Senhor (Atos 3:19).

- De Elim, Moisés conduziu o povo pelo “deserto de Sim”. "E partidos de Elim, toda a congregação dos filhos de Israel veio ao deserto de Sim, que está entre Elim e Sinai, aos quinze dias do mês segundo, depois que saíram da terra do Egito" (Ex 16:1). Nessa localidade os hebreus vivenciaram pela primeira vez o milagre do maná e onde se maravilharam com o milagre das codornizes (Êx 16:1-21).

Na localidade de Sim os israelitas sentiram fome e começaram a expressar de novo seus queixosos lamentos. Esquecendo-se da aflição no Egito, queriam voltar para onde tinham alimento em abundância. As queixas eram dirigidas contra Moisés, porém na realidade murmuravam contra o Senhor (Êx 16:8). Deus retribuiu-lhes o mal com o bem (2Tm 2:13); proveu codornizes e maná. A partir de então, o maná era fornecido diariamente, durante os quarenta anos de peregrinação no deserto (Êx 16:35); foi um fato completamente milagroso – “Eis que vos farei chover pão dos céus” (Êx 16:4); caía todas as noites, juntamente com o orvalho; a ração diária era de um gômer (3,7 litros) por pessoa. Quanto às codornizes foram fornecidas somente uma vez mais na marcha através do deserto (Nm 11:31,32).

Segundo Paul Hoff, a provisão de Deus no deserto de Sim nos fornece algumas lições:

a) Deus deseja ensinar a seu povo a confiar nele como provedor de seu sustento diário e a não se preocupar com o dia de amanhã. Deus provia cada vez para apenas um dia, exceto na véspera do sábado. Nunca falhou com seu povo nos quarenta anos de peregrinação.

b) Deus quis ensinar a seu povo a não ser preguiçoso nem avaro. Embora o maná fosse uma dádiva do céu, cada família tinha de fazer sua parte recolhendo o maná todas as manhãs. Ao avaro que recolhia muito mais do que necessitava, nada lhe sobrava (Êx 16:18).

c) Deus desejava ensinar os hebreus a obedecer-lhe, por isso lhes deu normas para recolher o maná. Se por incredulidade ou avareza um hebreu guardava maná para o dia seguinte, aparecia bicho e apodrecia o maná. Ou se não cumprisse a ordem de recolher uma porção dobrada na sexta-feira, jejuava forçosamente no dia de descanso porque nesse dia não caía maná do céu. Desse modo Deus provou a seu povo (Ex 16:4) e o preparou para receber a lei.

d) O maná é um símbolo profético de Cristo, o Pão verdadeiro (João 6:32-35). Assim como o maná, Cristo, que veio do céu, tem de ser recolhido ou recebido cedo na vida (Êx 16:21; 2Co 6:2) e tem de ser comido ou recebido pela fé para tornar-se parte da pessoa que o come.

- De Sim, Moisés conduz o povo à localidade de Refidim – “Depois, toda a congregação dos filhos de Israel partiu do deserto de Sim pelas suas jornadas, segundo o mandamento do SENHOR, e acamparam em Refidim; e não havia ali água para o povo beber” (Êx 17:1). A palavra “Refidim” quer dizer “descansos ou lugares para descansar”.

Chegados a Refidim onde esperavam encontrar um grande manancial, não acharam nada. Sob qualquer aspecto, Deus não estava tornando as coisas fáceis. A falta de água causou sofrimento cuja severidade podemos avaliar, mas isto não pode justificar a reação dos israelitas. Pela quarta vez, o povo murmurou contra Deus. Estavam prestes a apedrejar Moisés, e em sua incredu­lidade provocaram a Deus. Desconfiavam do cuidado do Senhor e com sarcasmo falaram a respeito da presença do Senhor no meio deles (Êx 17:7) a qual se manifestara a eles de modo tão patente na coluna de nuvem e na coluna de fogo e em seus livramentos no passado. Por isto se deu ao lugar o nome de Massá (Prova) e Meribá (Contenda). Moisés levou consigo os anciãos de Israel a Horebe a fim de que presenciassem a fonte milagrosa e dela dessem testemunho (Êx 17:6).

A rocha de Horebe é uma figura profética de Cristo ferido no Calvário (1Co 10:4), e a água é a figura do Espírito Santo que foi dado depois que Jesus foi crucificado e glorificado. Moisés feriu a rocha só uma vez e a água manou continuamente. Assim, também, ira de Deus feriu a Cristo uma vez e a corrente do Espírito ainda flui.

Nessa localidade também ocorreu a batalha contra os Amelequitas (Êx 17:8). O juízo de Deus foi severo contra esses inimigos de Israel – “E, assim, Josué desfez a Amaleque e a seu povo a fio de espada” (Ex 17:13). O juízo severo foi pronunciado porque Amaleque levantou a mão contra o trono de Deus, isto é, recusou-se a reconhecer que era o Senhor quem operava maravilhas a favor de Israel. “E Moisés edificou um altar e chamou o seu nome: O SENHOR é minha bandeira” (Êx 17:15). Os crentes devem lutar contra os inimigos espirituais, mas devem lembrar-se também de que lutam sob a bandeira do Senhor e "na força do seu poder".

Foi após essa batalha que o sogro de Moisés, Jetro, trouxe finalmente a esposa de Moisés, Zípora, com seus dois netos para o genro (Ex 18:1-12). Também, Jetro sob inspiração divina, deu conselhos importantes a Moisés (Êx 18:13-27). Trataremos sobre isso com mais detalhe na Lição nº 08.

II. ISRAEL NO MONTE SINAI


1. O Monte Sinai (Êx 19:2). Finalmente, após três meses da saída do povo do Egito, o acampamento israelita se moveu mais uma vez, partindo de Refidim e chegando ao pé do monte Sinai, onde o povo ficaria por cerca de um ano (Êx 19:1,2; Nm 10:11).

Ao pé do monte Sinai Israel recebeu a lei e fez aliança com o Senhor. Foi devidamente organizado como nação e aceitou ao Senhor como seu Rei. Esta forma de governo chama-se teocracia. Todo o livro de Levítico, que trata do ministério e do culto ao Senhor, teve o seu desenrolar no acampamento do Sinai, ao pé do monte.

Segundo Paul Hoff, a lei era um mestre para ensinar a Israel através dos séculos e ajudá-lo a permanecer em contato com Deus (Gl 3:24). Mas junto com a lei foi instituído um sistema de sacrifícios e cerimônias para que o pecado fosse retirado. Assim se ensinou que a salvação é pela graça.

Os israelitas prometeram solenemente cumprir toda a lei, e o motivo que levaria a cumprir a lei seria o amor e a gratidão a Deus por havê-los redimido e feito filhos seus. Todavia, não perceberam quão fraca é a natureza humana, nem quão forte é a tendência para pecar. Séculos depois parece que se esqueceram de que estavam obrigados pelo pacto a obedecer. Imaginaram que o Pacto era incondicional e que bastava ser descendente de Abraão para gozar do favor divino (Jr 7:4-16; Mt 3:9; João 8:33). Embora a salvação de Israel fosse um dom de pura graça e não pudesse ser negociada pela obediência, podia, contudo, ser perdida pela desobediência.

2. A permanência no Sinai. Apesar de terem chegado ao Sinai em Êxodo 19:1, os israelitas não iriam partir até Números 10:11,12. Chegaram “ao terceiro mês” (Ex 19:1) após partirem do Egito; Números 10:11 relata que os israelitas partiram do Sinai “no segundo ano, no segundo mês, aos vinte do mês”. Ou seja, o acampamento aos pés do Sinai durou cerca de onze meses. Seguramente, trata-se de um grande e importante momento nas vidas do povo de Deus. Mas, infelizmente, foi neste local que ocorreu o episódio mais marcante e emblemático da transgressão israelita em sua peregrinação no deserto, e que seria lembrado no Novo Testamento (1Co 10:7) como um dos maiores exemplos de apostasia da história - a criação do bezerro de ouro (Êxodo cap. 32). Com este ato insano Israel quebrou a aliança com o seu Deus. Pasme, isso ocorreu somente quarenta dias após haver prometido solenemente que guardariam a lei (Êx 19:8). Israel foi castigado, apesar da intercessão de Moisés e da misericórdia de Deus. Falaremos mais acerca desse episódio a seguir.

III. A IDOLATRIA DOS ISRAELITAS

1. O bezerro de ouro (Êx 32:1-6). Menos de quarenta dias depois de haver prometido solenemente que guardariam a lei, os israelitas quebraram a aliança com o Rei divino. Enquanto Moisés estava no monte com o Senhor, o povo israelita cansou-se de esperar seu líder e pediu a Arão que lhe fizesse uma representação visível da divindade. Isso mostra a tendência idólatra do coração humano. Não se contenta com um Deus invisível; quer ter sempre um Deus a quem se possa ver e apalpar. Israel queria servir a Deus por meio de uma imagem e a fez provavelmente na forma do deus egípcio, o boi Apis. Foi um grave pecado contra o Senhor (Êx 32:21). Diversas passagens bíblicas relacionam o ídolo aos demônios, e o culto idólatra ao culto diabólico (cf Lv 17:7; 1Co 10:19,20).

O primeiro mandamento de Deus no Sinai foi: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20:3). E o segundo mandamento foi não fazer imagens de escultura e nem se encurvar a elas (Êx 20:4-6). Segundo Leo G. Cox, “os versículos 4 e 5 devem ser considerados juntos. Não há condenação para confecção de imagens, contanto que não se tornem objetos de veneração. No Tabernáculo (Êx 25:31-34) e no primeiro Templo (1Rs 6:18,29) haviam obras esculpidas. A idolatria consiste em transformar uma imagem em objeto de adoração e atribuir a ela poderes do deus que representa. Se considerarmos que gravuras ou imagens de pessoas possuam poderes divinos e que sejam adorados, então elas se tornam ídolos. Deus apresentou os motivos para esta proibição: Ele é ‘Deus zeloso’, no sentido de que não permite que o respeito e a reverência devidos a Ele sejam dados a outrem”. Está escrito: “ Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de esculturas” (Is 42:8).

Segundo Silas Daniel, “há muitos ‘bezerros de ouro’ construídos por aí e que nada tem a ver com o Deus da Bíblia, apesar de serem tratados como se fossem representações fidedignas do verdadeiro Deus. Há, por exemplo, o ‘bezerro de ouro’ do evangelho da autoajuda, da teologia da prosperidade, do teísmo aberto, da teologia da libertação, do ecumenismo, do liberalismo, etc. Que Deus nos livre dessas versões deturpadas dEle! Conheçamos e prossigamos em conhecer o Deus da Bíblia (Os 6:3), pois somente assim poderemos ter um relacionamento saudável e realmente edificante com o Senhor”.

2. Cuidado com a idolatria.  Silas Daniel diz que “a idolatria é um dos pecados mais terríveis listados na Bíblia, porque consiste em dar glória e veneração a algo ou alguém que não seja o próprio Deus, o único que é digno de toda a honra, toda glória, todo louvor e toda adoração. Entretanto, apesar de tão claro, este é um dos pecados mais praticados e mais ignorados em nossos dias no meio evangélico. É triste dizer, mas está se tornando cada vez mais comum evangélicos que desenvolvem verdadeiros comportamentos idolátricos em relação a pessoas e coisas que, obviamente, não devem receber a nossa adoração.

As Sagradas Escrituras nos advertem, em 1João 5:21, contra o pecado da idolatria: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos”. A Bíblia Viva traduz assim este versículo: "Meus queridos filhos, afastem-se de qualquer coisa que possa tomar o lugar de Deus no coração de vocês". Na verdade, o que João está dizendo é: não abandone o real pelo ilusório. Todos os substitutos de Deus são ídolos e deles o crente deve guardar-se, vigilante.

Diz ainda Silas Daniel: “Idolatria não é só se prostrar diante de um ídolo de pedra, barro ou metal. Coisas ou pessoas também podem se tornar ídolos em nossa vida, quando começam a ganhar em nosso coração um lugar que não deveriam ter. Uma coisa é gostar, admirar e respeitar; outra bastante diferente é ‘endeusar’, idolatrar. Logo, segue o alerta: cuidado para que o mero gostar e admirar não dê lugar à adoração por pessoas e coisas. Não só a idolatria a pessoas tem feito muitos males na vida de muitos crentes”. Nossos ídolos podem ser qualquer coisa ou pessoa que ameace ocupar o trono do nosso coração. Substitutos de Deus podem exigir muito de nosso tempo, dinheiro e energia.

Segundo Silas Daniel, o profeta Samuel falou também sobre outro tipo de idolatria sutil no meio dos crentes. Disse ele, conforme registrado em 1Samuel 15:23: “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor. Ele também te rejeitou a ti...”. Segundo o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “porfiar” significa “discutir com calor”, “insistir”, “teimar”, “competir” e “disputar”. Ou seja, “porfiar” significa insubordinação, disputa entre irmãos, espírito de competição dentro da igreja, teimosia, arrogância, contenda, tudo isso, afirma Samuel, é pecado de idolatria. Portanto, fiquemos distante deste ídolo!

CONCLUSÃO

Os israelitas, durante a sua peregrinação até o Sinai cometeram vários deslizes espirituais. Diante de cada dificuldade, eles logo murmuravam. Descontentes, reclamaram de Moisés, todavia, eles não estavam murmurando de Moisés, mas do próprio Todo-Poderoso que os libertara da escravidão. Eles ainda eram uma massa de gente briguenta, murmuradora e sem fé caminhando pelo deserto. Mas, Deus escolheu e separou Israel para que se transformasse em uma nação santa. O deserto era somente um lugar de passagem, porém se tornou uma grande escola para o povo de Deus. Qual é a sua reação diante das adversidades? Como evitar a murmuração e não cometer os mesmos erros dos israelitas? Mantendo viva a chama da fé. A fé nos faz ver o impossível (Hb 11:1). Sem fé é impossível vencer as dificuldades cotidianas sem murmurar. Depois do deserto, Israel estava pronto para conquistar a Terra Prometida. Depois dos "desertos" desta vida, também estaremos prontos para a eternidade com Deus. Creia nisso!

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 57 – CPAD.

Eugene H. Merrill – História de Israel no Antigo Testamento. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox -  O Livro de Êxodo - Comentário  Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Alexandre Coelho – Uma jornada de Fé (Moisés, o Êxodo e o Caminho à Terra Prometida). CPAD.