domingo, 11 de maio de 2014

Aula 07 – O MINISTÉRIO DE PROFETA


2º Trimestre/2014

 
Texto Base:1Co 12:27-29; Ef 4:11-13

 
“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas”.

 

INTRODUÇÃO


Na Aula 05, quando discorremos sobre os Dons de Elocução, fizemos comentários sobre o Dom Espiritual de Profecia (1Co 12:10). Nesta Aula, o foco é o Dom Ministerial de Profeta (Ef 4:11). De início, parece não haver diferença entre um e outro, mas há alguns aspectos a considerar. Uma pessoa pode ter o dom espiritual de profecia sem ter o dom ministerial de profeta. No Novo Testamento, o ministério de profeta foi instituído por Cristo (Ef 4:7,11), para a Igreja, com o propósito de ser o porta-voz de Deus, não mais para a revelação do plano de Deus ao homem, mas para trazer mensagens divinas ao Seu povo no sentido de encorajar o povo a se manter fiel à Palavra e para nos fazer lembrar as promessas contidas nas Escrituras. Neste Novo Pacto, a profecia precisa ser entendida dentro de um contexto específico. Ela não pode ser considerada superior à revelação escrita, ou seja, a própria Escritura Sagrada. Nenhuma palavra “profética” pode ter o objetivo de substituir ou revogar a Revelação Escrita, pois esta é a suprema profecia.

I. O PROFETA DO ANTIGO TESTAMENTO

No Antigo Testamento, o ofício profético era uma das peculiaridades que Deus destinou ao Seu povo, Israel. Nenhuma outra nação teve este privilégio. Conforme Êxodo 19:5,6, Israel é considerado propriedade peculiar de Deus entre as nações da Terra. Assim, para que o povo não se corrompesse (cf. Pv 29:18), Deus sempre levantou no meio de Israel profetas, que eram seus porta-vozes, como havia sido prometido ainda no deserto através de Moisés (Dt 18:20,21), ele próprio um profeta de Deus (Dt 34:10).

1. Conceito. O vocábulo “profeta” é a transliteração do termo grego “prophétês”, que significa “aquele que prediz” ou “aquele que conta de antemão”, comum na descrição dos profetas do Antigo Testamento. O Senhor Deus fazia dele o Seu porta-voz, um embaixador que representava os interesses do reino divino na Terra. “Quando Deus levantava um profeta, designava-o a falar para toda a nação israelita, e até mesmo a povos ou nações estranhas (Jr 1:5). Ao longo de toda a história veterotestamentária o Senhor levantou homens e mulheres para profetizarem em seu nome: Samuel, o último dos juízes e o primeiro dos profetas para a nação de Israel (1Sm 3.19,20), Elias e Eliseu (1Rs 18.18-46; 2Rs 2.1-25), a profetisa Hulda (2Rs 22.14-20) e muitos outros, como os profetas literários Isaías, Jeremias e Daniel” (LBM).

O povo de Deus aprendeu ouvir e crer nos profetas. O conselho era: “Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas e prosperareis” (2Cr 20:20). Este era o grande segredo: crer em Deus e nos seus profetas. Estes se tornaram tão importantes entre os judeus, que eram consultados pelo povo e pela classe dominante. Deus os considerava tanto que disse que não faria coisas alguma sem antes revelar aos seus servos, os profetasCertamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas(Am 3:7).

2. O Oficio. O profeta era o "porta-voz" de Deus (Êx 4:10-16; 7:1); era alguém que falava em nome do Senhor: "Serás como a minha boca" (Jr 15:19). A sua missão principal era transmitir a mensagem divina através do Espírito, para encorajar o povo de Deus a permanecer fiel, conforme os preceitos da antiga aliança.

Através da inspiração divina o profeta recebia uma revelação que desvendava o oculto, anunciava juízos, emitia conselhos e advertências divinas. Às vezes eles também prediziam o futuro conforme o Espírito lhes revelava. Expressões como “veio a mim a palavra do Senhor” e “assim diz o Senhor” eram fórmulas usuais para o profeta começar a mensagem (Jr 1:4; Is 45:1). Nunca aparecia o “eu”: “eu profetizo”, não!.

Também, eram educadores ungidos pelo Senhor para ensinar ao povo a viver em santidade, tornando-lhe conhecida sua revelação e desvendando-lhe as coisas futuras (Nm 12:6). Eles se utilizavam de métodos variados para ensinar (Oséias 12:10; Hb 1:1).

Tinham, ainda, como missão: lutar contra a idolatria, zelar pela pureza religiosa, justiça social e fidelidade a Deus. Suas mensagens deveriam ser recebidas integralmente por toda a nação como Palavra de Deus (2Cr 20:20). Não hesitavam em enfrentar reis desobedientes, governadores, sacerdotes ou qualquer tipo de liderança que não seguisse a Palavra de Deus (1Rs 18:18).

Com a divisão do reino de Israel em duas partes – Reino de Norte e reino Sul – a atuação dos profetas foi muito importante. Eles tentaram de todas as formas trazer novamente Israel à unidade, mas não conseguiram. Eles pagaram um alto preço pelo seu ofício: foram perseguidos com grande violência, pois suas profecias confrontavam diretamente a prepotência dos seus líderes, a dissimulação dos sacerdotes e a injustiça social (vide Jr 1:18,19; Is 58:1-12).

Também, os profetas do Antigo Testamento vaticinaram a vinda do Profeta por Excelência, Jesus Cristo, o Messias prometido. O apóstolo Pedro assim se expressou: “Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia anunciado: que o Cristo havia de padecer”(At 3:18). A obra redentora de Cristo Jesus pode ser encontrada, tipológica e profeticamente, na Lei de Moisés e nos Profetas: "E todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias"(Atos 3:24). No texto em apreço, o apóstolo Pedro apresenta o perfil de Cristo no Antigo Testamento, provando, assim, que os últimos episódios eram o cumprimento das Escrituras.

3. O profetismo. No ministério mosaico iniciou-se a atividade profética em Israel (Nm 11:25). Entretanto, o profetismo, como movimento, surgiu séculos depois, no período aproximado do século VIII a.C., de forma mais efusiva quando da divisão da monarquia de Israel. Nos períodos monárquicos dos reinos de Judá e de Israel(reino do Norte), observamos a ação dos profetas exortando, denunciando e repreendendo aos reis (cf 1Rs18:18). O profeta Joel deu início esse movimento e João Batista não somente encerrou o profetismo em Israel, mas também foi o arauto de Cristo.

O objetivo precípuo desse movimento era “restaurar o monoteísmo, combater a idolatria, denunciar as injustiças sociais, e proclamar o Dia do Senhor com o objetivo de reacender a esperança messiânica no povo”. Nesse período, sobressai a característica do sofrimento e marginalização dos profetas; de homens dignos de reverência passaram a homens “dignos” de tratamentos mais baixos possíveis em virtude de sua mensagem denunciar os interesses escusos das lideranças religiosas e políticas de Israel e Judá (ler Hb 11:36-38). Eles foram cruelmente surrados, presos e mortos.

Profetismo sem Bíblia. Hoje, escutamos frequentemente: “Eu profetizo!”; “Profetize pra seu irmão”. A Bíblia ensina que a profecia não depende do "eu" querer: “... porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirado pelo Espírito Santo”(2Pe 1:21). É bom observarmos que os homens santos de Deus não usaram essa frase; ao contrário, quando profetizaram, disseram: “Assim veio a mim a palavra do Senhor...” (Jr 1:4); “Assim diz o Senhor...” (Jr 2:5; Is 56:1; 66:1); “Ouví a palavra do Senhor...” (Jr 2:4); “E veio a mim a palavra do Senhor”(Jr 2:1; 16:1); (...) “disse o Espírito Santo...” (At 13:2); “... Isto diz o Espírito Santo...” (At 21:11); “Mas o Espírito expressamente diz...” (1Tm 4:1). Em todos os casos, não aparece o "eu", aparece a pessoa divina.

II. O PROFETA EM O NOVO TESTAMENTO


1. A importância do termo “profeta” em o Novo Testamento. Em Efésios 4:11 e 1Coríntios 12:28, o termo “profeta” aparece em segunda posição nas duas listas, e na epístola aos Efésios o termo é identificado três vezes.

O Ministério de Profeta, juntamente com o dos apóstolos, era um dos pilares da igreja do primeiro século (Ef 2:20). O profeta era porta-voz de Deus; recebia revelações diretamente do Senhor e as transmitia à igreja; aquilo que falava por meio do Espírito Santo era a Palavra de Deus. Portanto, os profetas são partes do fundamento da igreja, por meio dos quais a revelação salvífica foi dada, conforme registrada na Bíblia Sagrada. Neste sentido, a profecia se findou com a formação do último livro do Novo Testamento, não havendo mais qualquer revelação salvífica que devamos esperar para o plano redentivo, pois este está concluído na revelação bíblica.

Hoje em dia não temos mais profeta no sentido técnico da palavra; seu ministério acabou quando a fundação da igreja foi concluída e o cânon do Novo Testamento se completou. Contudo, a função profética por meio da proclamação de Palavra para a edificação da igreja (cf. At 13:1,2) e evangelização dos incrédulos, continua presente nos dias de hoje. O Dom de Profeta, hoje, envolve a iluminação da Palavra divina, e não sua revelação.

2. O Oficio do profeta neotestamentário. Em lugar algum do Novo Testamento alguém é estabelecido como profeta ou ungido ou separado como tal. Parece que o ofício profético está mais ligado a uma comunidade local, a uma igreja local, como edificador, em diferença do profeta do Antigo Testamento, que era um andarilho, com visão e ministério além de sua comunidade local. Seu ofício principal consiste em proclamar e interpretar a Palavra de Deus, por vocação divina, com vistas à admoestação, exortação, ânimo, consolação e edificação da igreja (At 3:12-26; 1Co 14:3). O profeta neotestamentário é mais um edificador da igreja local do que um ledor de futuro. Além do mais, o profeta neotestamentário:

a) É um instrutor do povo de Deus dentro da Palavra de Deus. Ele ensina os preceitos da nova aliança, e proclama, em nome de Deus, a maneira correta de proceder. Ele fala não apenas em nível individual, mas também em nível coletivo. Mostra os pecados de pessoas e de instituições. Denuncia o pecado individual e estrutural e aponta o caminho correto: arrependimento. A crise de alguns segmentos de nossas denominações e de outros órgãos evangélicos não deve ser camuflada nem varrida para baixo do tapete. Se há pecado, se há desvios de recursos, se há desonestidade, ou simplesmente incompetência, isso deve ser tratado como tal. O profeta não se conforma com o pecado estrutural, também. Os profetas do Antigo Testamento não denunciavam apenas os pecados de Assíria, Egito e Babilônia, mas também os do povo de Deus. Não só de pessoas, mas da instituição. Assim deve ser o “profeta” neotestamentário.

b) É um consolador. Ao mesmo tempo em que anuncia o juízo e chama ao arrependimento, traz a mensagem de Isaías 40.1: “Consolai, consolai o meu povo”. O “profeta” não é apenas anunciador de catástrofes, como alguns presumem, mas é o arauto de um novo tempo, é pregoeiro do amor e da misericórdia de Deus; mostra o que Ele pode fazer na vida das pessoas.

3. O objetivo do Dom Ministerial de Profeta. Conforme Efésios 4:16, o objetivo é o aperfeiçoamento da igreja, com vistas à sua maturidade espiritual, pois como um organismo vivo, a igreja, deve desenvolver-se para a edificação em amor (Ef 4:16). Se ao “profeta” não foi permitido trazer a mensagem de repreensão e de advertências denunciando o pecado e a iniquidade (João 16:8-11), então a igreja já não será o lugar onde se possa ouvir a voz do Espírito. A política eclesiástica e a direção humana tomarão o lugar do Espírito Santo (2Tm 3:1-9; 2Pe 2:1-3,12-22). Desta feita, a igreja caminhará para decadência, desviando-se para o mundanismo e o liberalismo quanto ao ensino da Bíblia.

III. DISCERNINDO O VERDADEIRO PROFETA DO FALSO


A Palavra de Deus adverte-nos de que haverá entre nós, na própria igreja, falsos profetas (2Pe 2:1-3; Leia também At 20:30; 1Tm 4:1; 1Jo 4:1). Apesar da aparência de piedade, não passam de agentes de Satanás. Sua missão: corromper a fé dos salvos e destruir a unidade da Igreja (Mt 7:15-23). Como identificá-los? Como saber se estão em nosso meio?

1. Discernindo o caráter da pessoa. O caráter é o conjunto de qualidades boas ou más de um individuo, que determina a sua conduta em relação a Deus, a si mesmo e ao próximo. Essas especificidades são responsáveis pela maneira como uma pessoa age, regulando suas escolhas e decisões (Pv 16:2,9; 20:6,11). Portanto, o caráter de uma pessoa não apenas define quem ela é, mas também descreve seu estado moral e a distingue das demais de seu grupo (Pv 11:17; 12:2;14:14:20:27); é o traço distintivo de uma pessoa; é a sua marca.

Não nos preocupemos com os sinais, prodígios e maravilhas que alguém venha a fazer, mas, sim, com a presença do caráter cristão na sua vida. Não nos preocupemos com a vestimenta que alguém está usando, mas com a presença do caráter cristão na sua vida. O apóstolo Paulo denomina o caráter do autêntico cristão de “Fruto do Espírito”(Gl 5:22).

2. Simplicidade x arrogância. Alguns pastores e pregadores gostam muito do termo “profeta” e gostam mais ainda de usá-lo para si, para terem o direito de falarem o que querem, arrogando-se a famosa “voz profética”. Via de regra, quando alguém alega ter “voz profética”, fico atemorizado, pois sei que vem impropérios contra as pessoas. É uma postura arrogante de quem emite conceitos sobre a vida alheia com muita facilidade, e não raro, descuidando da sua vida pessoal.

Concordo com o pr. Elinaldo Renovato quando diz que a simplicidade e o amor são duas características do verdadeiro profeta. Ainda que a Palavra seja de juízo, o coração do profeta transborda de amor e a sua conduta simples demonstra a quem ele está servindo: o Deus de amor. Lembremo-nos de Jeremias (Jr 38:14-27); Oséias (Os 8:12) e do próprio Senhor Jesus (Mt 23:27). Já o falso profeta só pensa em si, em seu status e benefícios. Profetiza objetivando a autopromoção. Ele mente, ilude e engana. Lembremo-nos de Hananias, o profeta mentirosa que enfrentou Jeremias (Jr 28:10-12).

3. Pelos frutos os conhecereis (Mt 7:15-20). É pelos frutos que conhecemos quem é crente e quem não o é. A árvore má não pode dar frutos bons. Disse Jesus: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis”.

Vivemos tempos difíceis, o povo de Deus está famélico da palavra profética autêntica. Entretanto, muitos falsos profetas têm se levantado nestes últimos dias enganando o povo com mensagens antibíblicas e plenamente nocivas ao crescimento espiritual da igreja do Senhor, e que tem enganado muitos crentes incautos e fiéis cristãos à apostasia, desviando-as do foco principal: a Salvação e a Prosperidade Espiritual. A igreja precisa aprender a julgar as profecias e discernir os espíritos. A profecia precisa ser confrontada com a Palavra de Deus, já que o nosso Deus nunca se contradiz e foi Ele, através do seu Espírito, quem a inspirou.

Paulo orienta os crentes a serem ouvintes criteriosos. Ele diz: “[...] e os outros julguem” (1Co 14:2). O que é julgar? Porventura, significa que você deve ir para a igreja com o pé atrás, com um espirito crítico? Não! Devemos fazer a seguinte avaliação:

a) A mensagem é de Deus? Você precisa questionar se a mensagem está sendo um instrumento para a glorificação de Deus ou para a exaltação do pregador. Se Deus não está sendo glorificado, então, essa profecia não é verdadeira. O apóstolo Pedro ordena: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém” (1Pe 4:10,11). 

b) A mensagem está de acordo com as Escrituras? O apóstolo Pedro escreveu: “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus” (1Pe 4:11). Nós não podemos ser ouvintes sem discernimento espiritual. Paulo elogiou a igreja de Beréia, que examinava as Escrituras para ver se o que ele estava falando era de fato a verdade (At 17:11). Cabe aos membros da igreja ouvir o pregador com a Bíblia aberta, examinando as Escrituras para saber se de fato o pregador está ensinando de acordo com a Palavra de Deus.

c) A mensagem edifica a igreja? (1Co 14:3,4,5,12,17,26). A profecia tem como finalidade a edificação da igreja. O apóstolo Paulo é claro quanto a isso: “Mas o que profetiza fala aos homens, edificando, exortando e consolando” (1Co 14:3). Quando alguém fala uma mensagem sobre sua vida dizendo que é profecia, mas o deixa cheio de condenação ou medo, esta mensagem não vem de Deus.

d) A profecia produz frutos e concorda com o Espírito Santo em conduta e caráter? Um homem que profetiza e não paga suas contas é um falso profeta. Um homem que profetiza e vive em imoralidade sexual ou irresponsabilidade financeira está em engano profundo e é um falso profeta. A profecia deve concordar com o fruto do Espírito, que em Gálatas afirma ser “amor, alegria, paz, longanimidade, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão e domínio próprio”. Se a profecia não tem amor, alegria ou paz, ela não vem de Deus. Mt 7:15,16 afirma que os falsos profetas vêm como lobos em pele de cordeiro; parecem boas pessoas; até agem como cordeiros; mas, seus propósitos são devorar e enganar o corpo de Cristo.

Chequemos o caráter daqueles que estão em evidência e são capazes de influenciar a vida espiritual de um indivíduo ou de uma coletividade. Devemos aferir suas atitudes com base na Palavra de Deus. A primeira coisa que um falso profeta ou qualquer pessoa que está em engano nos dirá é: “não me julgue!”. Você não está julgando; está simplesmente checando seus frutos.

Estamos nos últimos dias da Igreja do Senhor nesta Terra; não devemos, pois, vacilarmos no final da nossa jornada de fé rumo à Terra Prometida (Fp 3:20).

CONCLUSÃO

O “profeta” neotestamentário não tem a missão de ungir governantes ou seu sucessor, mas tem a imperativa responsabilidade de transmitir a mensagem de Deus, nos momentos necessários, no tempo certo, para pessoas não cristãs ou para a comunidade cristã. Essa mensagem é de grande valia, para denunciar as ameaças ou existência de pecados que comprometem a integridade espiritual do Corpo de Cristo.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 58 – CPAD.

William Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. Mundo Cristão.

Dr. Caramuru Afonso Francisco - Os Dons do Espírito Santo. PortalEBD.

Pr. Elinaldo Renovato -  Dons Espirituais & Ministeriais(servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário). CPAD.

Efésios (Igreja, noiva gloriosa) – Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

Wayne Grudem - Teologia Sistemática. Vida Nova.

Carlos Alberto R. de Araújo – A Igreja dos Apóstolos. CPAD

 

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Aula 06 – O MINISTÉRIO DE APÓSTOLO


2º Trimestre/2014

 
Texto Básico: Ef 4:7-16

 
“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef 4:11).

 

INTRODUÇÃO


Nas Aulas anteriores estudamos os Dons Espirituais de Revelação, de Poder e de Elocução. A partir desta Aula estudaremos a respeito dos Dons Ministeriais, os quais se encontram relacionados em Efésios 4:11, a saber: Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Mestres. O primeiro Dom alistado por Paulo é o de Apóstolo; vamos iniciar nosso estudo por ele. É importante que se faça distinção entre os Dons Ministeriais e os “títulos ministeriais” ou os “cargos eclesiásticos”. Nos nossos dias, muitos têm confundido estes dois aspectos, que são completamente diferentes.

O dom é uma concessão de Cristo, que vem diretamente do Senhor para o crente, dom este que é percebido pelo crente através da comunhão que tem com Deus e pela presença do Espírito Santo na sua vida, e que independe de qualquer reconhecimento humano, mesmo da igreja local.

Já os “títulos ministeriais” e os “cargos eclesiásticos”, são posições sociais criadas dentro das igrejas locais, posições estas que, em sua nomenclatura, muitas vezes estão baseadas na relação de Ef 4:11, como a indicar que o seu ocupante tem o referido dom ministerial, mas que, nem sempre, corresponde a este dom. Como a igreja local, via de regra, é também uma organização humana, acabam sendo criados “títulos” e “posições” com o propósito de esclarecer a hierarquia administrativa, a própria estrutura de governo da organização eclesiástica, mas, a princípio, nada tem a ver com os Dons Ministeriais.

Na igreja primitiva não havia muita preocupação com “títulos” ou “posições”, tanto que, no texto sagrado, os incumbidos do governo da igreja, com exceção dos apóstolos (estes próprios assim estabelecidos pelo próprio Jesus, cujos requisitos se encontram em At 1:21,22) e dos diáconos (At 6:5,6, cuja função é nitidamente administrativa e social), são chamados de vários nomes, indistintamente, como “presbíteros” (1Pe 5:1), “anciãos” (At 14:23) e “bispos” (At 20:28; Fp 1:1), prova de que não havia, àquela época, uma “carreira administrativo-eclesiástica”, como se tem hoje em dia.

I. O COLÉGIO APOSTÓLICO

1. O termo “apóstolo”.Ele mesmo deu uns para apóstolos...” (Ef 4:11). O termo grego “apostolos” significa literalmente “enviado” ou “mensageiro”; ocorre pela primeira vez na literatura do Novo Testamento em Mateus 10:2. O Senhor Jesus Cristo é reconhecido como o Supremo Apóstolo (Hb 3:1), tendo sido o modelo para os Doze, assim como para Paulo, o qual veio a ser escolhido por Deus para ser seu apóstolo entre os gentios (At 13:1-3; Gl 1:14,15; 2:7-8). A partir do Pentecostes, os Doze assumiram a proclamação do Evangelho ao mundo, tornando-se juntamente com os profetas o fundamento da Igreja (Ef 2:20).

2. O Colégio Apostólico. Jesus tinha muitos discípulos, mas apenas doze apóstolos; um discípulo é um seguidor, um apóstolo é um comissionado. Entende-se por colégio apostólico o grupo dos doze primeiros discípulos de Jesus convidados por Ele a auxiliarem o seu ministério terreno. O Salvador os chamou e nomeou. Em sentido especial, eles constituíram o início do alicerce da Igreja (cf  Ef 2:20; 3:5; Mt 16:18; Ap 21:14). Tinham autoridade ímpar na igreja, no tocante à revelação divina e à mensagem original do evangelho, como ninguém mais até hoje (Ef 3:5). Por esta razão, este ofício inicial de apóstolo do Novo Testamento é ímpar e não repetido. Como testemunhas e mensageiros diretos do Senhor Jesus, com exceção de Judas Iscariotes, eles edificaram o alicerce da Igreja de Jesus Cristo, alicerce este que nunca poderá ser alterado, nem admitir acréscimo. Daí, aquele grupo de apóstolos não ter sucessores. São “Apóstolos do Cordeiro” num sentido único (Ap 21:14; 1Ts 2:6; Jd 17).

OBSERVAÇÃO:

Todos os crentes e igrejas serão verdadeiros somente à medida que fizerem o seguinte:

a) Aceitar o ensino e revelação originais dos apóstolos a respeito do evangelho, conforme o Novo Testamento registra, e procurar manterem-se fiéis a eles (At 2:42). Rejeitar os ensinos dos apóstolos é rejeitar o próprio Senhor (João 16:13-15; 1Co 14:36-38; Gl 1:9-11).

b) Continuar a missão e ministério apostólicos, comunicando continuamente sua mensagem ao mundo e à Igreja, através da proclamação e ensino fiéis, no poder do Espírito (At 1:8; 2Tm 1:8-14; Tt 1:7-9).

c) Não somente crer na mensagem apostólica, mas também defendê-la e guardá-la contra todas as distorções ou alterações. A revelação dos apóstolos, conforme temos no Novo Testamento, nunca poderá ser substituída ou anulada por revelação, testemunho ou profecia posterior (At 20:27-31; 1Tm 6:20) (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL - nota a Efésios 2:20,  p.1811).

3. A singularidade dos Doze. O apostolado dos Doze tinha uma singularidade bem destacada em relação aos demais apóstolos narrados no livro de Atos e também nas epístolas. Para se qualificar como apóstolo é preciso que atenda cumulativamente aos seguintes requisitos:

a) Ter visto Jesus Cristo após a ressurreição (ser testemunha ocular da ressurreição - At 1:21,22). Aqui neste texto Pedro diz que o substituto de Judas deve “se tornar testemunha conosco de sua ressurreição”. Além disso, foi “aos apóstolos que escolhera” que “depois de ter padecido se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias” (At 1:2,3; cf 4:33). Quando Paulo defendeu seu apostolado, afirmou: “Depois foi visto por Tiago, mais tarde por todos os apóstolos, e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo” (1Co 15:7-9). Estes versículos indicam que só podia ser apóstolo alguém que tivesse visto Jesus após a ressurreição.

b) Ter sido especificamente convocados pelo Senhor como apóstolo (Mt 10:1; Lc 6:13). Mesmo que o termo “apóstolo” não seja comum nos evangelhos, os doze discípulos são chamados “apóstolos” especificamente em um contexto onde Jesus os comissiona, “enviando-os” para pregar em seu nome (cf Mt 10:1-7). Da mesma forma, Jesus comissiona seus apóstolos em um sentido especial para serem “testemunhas [...] até aos confins da terra” (At 1:8). O apóstolo Paulo conta como, na estrada de Damasco, Jesus disse que o estava designando como apóstolo dos gentios (At 26:16,17). Mais tarde, Paulo afirma que foi especificamente designado por Cristo como apóstolo (veja Rm 1:1; Gl 1:1; 1Tm 1:12; 2:7; 2Tm 1:11).

c) Ter o ministério autenticado com milagres especiais (Mc 16:17,18). Os Doze foram revestidos de autoridade de Deus (At 2:4) para expulsar os demônios, curar enfermos, operar maravilhas. Disse Paulo: “Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas” (2Co 12:12).

II. O APÓSTOLO PAULO


1. Saulo e sua conversão. A conversão extraordinária de Saulo foi um divisor de águas não só em sua vida, mas também na história da humanidade. Antes dessa insólita experiência, foi o maior perseguidor do cristianismo; depois dela, tornou-se seu maior arauto. Sua vida foi vivida sempre com grande ardor e paixão. Antes de sua conversão, seu zelo sem entendimento o levou a perseguir implacavelmente os cristãos. Depois de sua conversão, seu zelo pela glória de Deus o fez gastar-se sem reservas pelos cristãos.

Parece que a conversão de Paulo não foi repentina. De acordo com a própria narrativa de Paulo, Jesus lhe disse: "... Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões" (At 26:14). Jesus comparou Paulo a um touro jovem, forte e obstinado, e ele mesmo, a um fazendeiro que usa aguilhões para domá-lo. Deus já estava trabalhando na vida de Paulo antes de ele se render no caminho de Damasco. Paulo era como um touro bravo que recalcitrava contra os aguilhões (At 26:14). Jesus já estava ferroando sua consciência quando ele viu Estevão sendo apedrejado e com rosto de anjo pedir ao Senhor para perdoar seus algozes. A oração de Estêvão ainda latejava na alma de Paulo. Jesus estava ferroando a consciência de Paulo quando ele prendia os cristãos e dava seu voto para matá-los, e eles morriam cantando. Mas, como esse boi selvagem não amansou com as ferroadas, Jesus apareceu a ele, o derrubou ao chão e o subjugou totalmente no caminho de Damasco. Paulo precisou ser jogado ao chão e ficar cego para se converter. Nabucodonosor precisou ir para o campo comer capim com os animais para se dobrar. E você, até quando vai resistir à voz do Espírito de Deus?

Se a conversão de Paulo não foi repentina, também não foi compulsiva. Cristo falou com ele em vez de esmagá-lo. Cristo o jogou ao chão, mas não violentou sua personalidade. Sua conversão não foi um transe hipnótico. Jesus apelou para sua razão e para seu entendimento. Jesus perguntou: "Saulo, Saulo, por que me persegues?". Paulo respondeu: "Quem és tu, Senhor?". Jesus respondeu: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues". Jesus ordenou: "levanta-te...", e Paulo prontamente obedeceu! A resposta e a obediência de Paulo foram racionais, conscientes e livres. A soberania de Deus não anula a responsabilidade humana. Jesus lanceou a mente e a consciência de Paulo com os seus aguilhões. Então ele se revelou através da luz e da voz, não para esmagá-lo, mas para salvá-lo. A graça de Deus não aprisiona. É o pecado que prende. A graça liberta! (1)

2. Um homem preparado para servir. O primeiro chamado de Paulo foi para andar com Deus e, como resultado dessa caminhada, fazer a obra de Deus. Ele serve a Deus ministrando aos homens. Quem serve a Deus não busca projeção pessoal. Quem serve a Deus não anda atrás de aplausos e condecorações. Quem serve a Deus não depende de elogios nem desanima com as críticas. Quem serve a Deus não teme ameaças nem se intimida diante de perseguições. Muitos batem no peito, arrogantemente, dizendo que são servos de Deus. Outros, besuntados de orgulho, fazem propaganda de seu próprio trabalho. Outros, ainda, servem a Deus, mas gostam dos holofotes. Há aqueles que fazem do serviço a Deus um palco onde se apresentam como os atores ilustres sob as luzes da ribalta. Um servo não busca glória para si mesmo. Fazer a obra de Deus sem humildade é construir um monumento para si mesmo. É levantar outra modalidade da torre de Babel. Paulo servia a Deus com lágrimas. A vida ministerial não lhe foi amena. Em vez de ganhar aplausos do mundo, recebeu ameaças, açoites e prisões. Paulo manteve sua consciência pura diante de Deus e dos homens, mas os judeus tramaram ciladas contra ele. Viveu num campo minado. Enfrentou inimigos reais, porém, às vezes, ocultos. Nem sempre Deus nos poupa dos problemas. Às vezes, ele nos treina nos desertos mais tórridos e nos vales mais profundos e escuros.

O apóstolo sintetiza o seu ministério em três verdades sublimes. Ele diz aos presbíteros de Éfeso: "Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus"(At 20:24). Aqui, Paulo fala sobre três verdades: vocação, abnegação e paixão. Paulo diz que recebeu seu ministério do Senhor Jesus. Ele não se lançou no ministério por conta própria. Ele foi chamado, vocacionado e separado para esse trabalho. Paulo não se tornou um pastor porque buscava vantagens pessoais. Não entrou para as lides ministeriais buscando segurança, emprego ou lucro financeiro. Paulo não tinha apenas convicção de sua vocação, mas também consciência das implicações desse chamado. Paulo diz que não considerava a vida preciosa para ele mesmo desde que cumprisse o seu ministério. O coração de Paulo não estava nas vantagens auferidas do ministério. Ele não estava no ministério cobiçando prata ou ouro. Não estava numa corrida desenfreada em busca de prestígio ou fama. Seu propósito não era ser aplaudido pelos homens ou ganhar prestígio entre os homens. Na verdade, ele estava pronto a trabalhar com as próprias mãos para ser pastor. Estava pronto a sofrer toda sorte de perseguição e privação para pastorear. Estava disposto a ser preso, a sofrer ataques externos e temores internos para pastorear a igreja de Deus. Estava pronto a dar a própria vida para cumprir cabalmente seu ministério. A grande paixão de Paulo era testemunhar o evangelho da graça de Deus. A pregação enchia o peito do velho apóstolo de entusiasmo. Paulo se considerava um arauto, um embaixador, um evangelista, um pregador. Sua mente estava totalmente voltada para a pregação. Seu tempo era todo dedicado à pregação. Mesmo quando estava preso, entendia que a Palavra não estava algemada (1). Não haja dúvida, Paulo foi um homem preparado para servir.

3. “O menor dos apóstolos”. Paulo não pertenceu ao grupo dos Doze apóstolos. Ele próprio, humildemente, ao escrever à igreja de Corinto, diz que se considerava o menor dos apóstolos e até não era digno de ser chamado apóstolo, uma vez que havia perseguido a igreja de Deus (1Co 15:9). Todavia, mesmo considerando-se "o menor dos apóstolos", Paulo revelou-se um grande servo de Deus. Ele foi, indubitavelmente, o maior evangelista, o maior teólogo, o maior missionário e o maior plantador de igrejas de toda a história do cristianismo. Nenhum homem exerceu tanta influência sobre a nossa civilização; nenhum escritor foi tão conhecido e teve suas obras tão divulgadas e comentadas quanto ele. Embora tenha vivido sob fortes pressões internas e externas, não deixou jamais sua alma ficar amargurada. Paulo foi o maior bandeirante do cristianismo, seu arauto mais eloquente, seu embaixador mais ilustre. Pregou com zelo aos gentios e aos judeus, nas escolas, cortes, palácios, sinagogas, praças e prisões. Com a mesma motivação, pregou quando tinha fartura e também quando passava por privações. Ele enriqueceu muitos, sem nada possuir. Embora tenha experimentado fome e frio, suportado cadeias e tribulações, passado os últimos dias numa masmorra e enfrentado o martírio por ordem de um imperador insano e déspota, sua vida ainda inspira milhões de pessoas em todo o mundo. Sua última doxologia, mesmo diante do patíbulo e já “sendo oferecido por aspersão de sacrifício”, foi: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda “; a Ele “seja glória para todo o sempre. Amém!” (2Tm 4:7,8,18b).

III. APOSTOLICIDADE ATUAL (Ef 4:11)

1. Ainda há apóstolos? Os apóstolos, em sentido restrito designam os Doze (Lc 6:13; At 1:26; 2:14) - os onze discípulos originais que continuaram após a morte de Judas, e Matias, que o substituiu (At 1:26). Esses Apóstolos “originais” eram testemunhas da ressurreição de Cristo (At 1:22; 1Co 9:1), escolhidos pessoalmente pelo Senhor (Mc 3:13-19; Gl 1:1), formando ao lado dos profetas o fundamento sobre o qual a Igreja está construída (Ef 2:20; cf At 2:42). Tão importante era esse grupo original de doze apóstolos que lemos que seus nomes estão escritos nos fundamentos da "Santa Jerusalém", e estão sobre eles os “doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (Ap 21:14). Nesse sentido restrito, o dom de apóstolo não mais existe.

2. Apóstolos fora dos doze. À primeira vista, poderíamos pensar que o grupo dos Doze nunca deveria ser expandido, de modo que ninguém pudesse ser acrescentado a ele. Mas Paulo claramente alega ser também um apóstolo (Rm 1:1; 1Co 9:1; Gl 1:1), o último dos apóstolos (1Co 15:8), no sentido de receber um mandato especial através de um encontro com o Senhor ressurreto para integrar a formação do testemunho inicial e fundamental de Jesus Cristo (cf At 9:3-8; 22:6-11; 26:12-18). E Atos 14:4, também, chama Barnabé apóstolo: “Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo...”. Assim, com Barnabé e Paulo são catorze os apóstolos de Jesus Cristo.

Tiago, o irmão de Jesus(que não era um dos doze discípulos originais), também é chamado apóstolo em Gálatas 1:19. Paulo conta que, quando foi a Jerusalém, ele não viu “outro dos apóstolos senão a Tiago, o irmão do Senhor”. Além disso, quando alista as aparições de Jesus, Paulo prontamente coloca Tiago com os apóstolos (cf 1Co 15:7-9).

Outros apóstolos além destes quinze pode ter havido, embora saibamos pouco ou nada sobre eles e não tenham certeza de que de fato existiram outros. Outras pessoas, é claro, tinham visto Jesus após a ressurreição (“Depois foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez”, 1Co 15:6). Desse grande número é possível que Cristo tenha designado alguns outros como apóstolos – mas é também possível que não o tenha feito. Os dados não são suficientes para decidir a questão. Têm sido sugeridos como apóstolos: Silas (1Ts 2:7), Apolo (1Co 4:6,9), Andrônico e Júnias (Rm 16:7).

3. O ministério apostólico atual. Como o termo “apóstolo” significa “enviado”, esse dom permanece na Igreja contemporânea com uma conotação estritamente missionária, distinguindo os cristãos separados por Deus para a tarefa missionária (Rm 1:5; 1Co 9:2; Gl 2:8), capacitando-os a fundar e consolidar igrejas (2Co 11:28) por meio das missões culturais ou transculturais. O próprio Novo Testamento possui três versículos nos quais a palavra apóstolo (gr. apostolos) é usada em um sentido amplo, não para se referir a qualquer ofício específico na igreja, mas simplesmente com o sentido de “mensageiro”.  Em Filipenses 2:25, Paulo chama Epafroditovosso mensageiro (apostolos) e vosso auxiliar nas minhas necessidades”; em 2Coríntios 8:23, Paulo refere-se àqueles que acompanharam a oferta que ele estava levando para Jerusalém como “mensageiro (apostoloi) das igrejas”; e em João 13:16, Jesus diz: “...nem é o enviado (apostolos) maior do que aquele que o enviou”.

Assim, o termo “apóstolo”, em sentido extensivo, é sinônimo do termo “missionário” (cf. At 9:13-17; 14:21-28; 1Co 9:19-23; Gl 1:15-17;; 2:7-14; Ef 3:6-8). É bom enfatizar que o apostolado não é um título pomposo, especial; também não é um cargo hierárquico; aliás, não há sucessão apostólica, essa é uma doutrina formada pela igreja romana para justificar a existência do poder papal. O ministério dos Doze não existe mais. O que há é o ministério de caráter apostólico. O verdadeiro apostolado baseia-se na pessoa e obra de Jesus, o Apóstolo por excelência (Hb 3:1), e a Igreja somente poderá ser genuína se for alicerçada na revelação infalível, inspirada por Cristo, aos primeiros apóstolos (ver Ef 2:20).

CONCLUSÃO


Ser apóstolo é ter uma missão especifica a cumprir no Reino de Deus. Num sentido geral, todos nós fomos chamados para ser enviados (João 20:21). O verbo grego “apostello” quer dizer “enviar”, e todos os cristãos são enviados ao mundo como embaixadores e testemunhas de Cristo para participar da missão apostólica de toda a igreja. Expressamos nossa convicção de que, hoje, uma igreja apostólica é aquela que segue a doutrina dos apóstolos, e não aquelas que dão a seus líderes o título de apóstolos. Portanto, sendo um Dom Ministerial, uma operação de Cristo, feita pelo Espírito Santo, temos de admitir que se trata de um dom que persiste nos nossos dias, mas não devemos nos esquecer que o Dom de Apóstolo nada tem que ver com os “títulos” que se têm dado na atualidade e que, se alguma base bíblica tem, só pode ser a referência de 2Co 11:13: “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo”.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

 Revista Ensinador Cristão – nº 58 – CPAD.

Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Mundo Cristão.

Os Dons do Espírito Santo – Dr. Caramuru Afonso Francisco. PortalEBD.

 Dons Espirituais & Ministeriais(servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário) – Elinaldo Renovato. CPAD.

(1) Rev. Hernandes Dias Lopes  -  Paulo, o maior líder do Cristianismo.

Efésisos (Igreja, noiva gloriosa) – Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

Wayne Grudem - Teologia Sistemática. Vida Nova.

Carlos Alberto R. de Araújo – A Igreja dos Apóstolos. CPAD

 

domingo, 27 de abril de 2014

Aula 05 - OS DONS DE ELOCUÇÃO


2º Trimestre/2014

 
Texto Básico: 1Co 12:7,10-12; 14:26-32

 
“Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém” (1Pedro 4:11).

INTRODUÇÃO


É válido repetir: os Dons são originados na graça de Deus e são ministrados, doados e distribuídos pelo Espírito Santo; eles são dados não para projeção pessoal, mas para o serviço; sua finalidade é a realização de alguma obra e ajuda concreta a alguém; não é uma espiritualidade intimista e subjetiva.

Nesta Aula, estudaremos a respeito dos três Dons de Elocução, a saber, Dom de Profecia, Dom de Variedade de Línguas e o Dom de Interpretação das Línguas. Os principais propósitos destes Dons são: edificação, exortação e consolação da Igreja (1Co 14:3). A igreja precisa ter muito cuidado com a manifestação destes Dons, pois atualmente, há muita confusão e falta de sabedoria no uso dos mesmos, principalmente  o de profecia. Por isso é assaz oportuno o estudo sobre este tema, a fim de que não sejamos enganados pelos falsos profetas que têm ardilosamente se infiltrados no meio do povo de Deus.

I. DOM DE PROFECIA (1Co 12:10)

“Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação” (1Co 14:3).

1. O que é o Dom de Profecia? O Dom de Profecia, relacionado por Paulo em 1Co 14:3, é um Dom de manifestação sobrenatural de mensagem verbal pelo Espírito, para a edificação, exortação e consolação do povo de Deus. Ao dizer que a profecia edifica, exorta e consola, o apóstolo Paulo não fornece uma definição, apenas cita os resultados da mensagem transmitida em uma linguagem que as pessoas conhecem. O maior valor da profecia é que ela, uma vez proferida, sendo de Deus, edifica a coletividade e não unicamente o que profetiza.

Em nossos dias, temos visto que os termos ”profecia“ e ”profetizar“ têm sido mal utilizados. Muitas pessoas falam de si mesmas palavras boas como se elas fossem verdadeiras profecias, e ainda motivam outras pessoas a fazerem o mesmo. Paulo perguntou: “... Porventura são todos profetas?“ (1Co 12:29). Essa pergunta foi feita para mostrar que nem todas as pessoas são profetas, ou seja, nem toda pessoa possui o Dom de Profecia dado pelo Espírito Santo. Desejar uma bênção para o próximo ou ter palavras de vitória tem sido encarado como uma profecia, o que é um erro terrível, pois os verdadeiros profetas falavam o que recebiam do Senhor: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”(2Pe 1:21). Portanto, à luz da Bíblia, nem todas as pessoas são profetas e a vontade do homem, por mais bondosa que seja, não pode originar uma profecia verdadeira. Também, profetizar não é pregar um sermão preparado, mas transmitir palavras espontâneas sob o impulso do Espírito Santo, para a edificação do indivíduo ou da igreja local, bem como levar à convicção do pecado e a consciência da presença de Deus (1Co 14:24,25).

2.  A relevância do Dom de Profecia. O Dom de Profecia na igreja é originado pelo Espírito Santo, não para predizer o futuro, mas para fortalecer e promover a vida espiritual, a maturidade e o caráter santo dos crentes. A profecia é necessária para impedir a corrupção espiritual e moral do povo de Deus. Apresenta-se, assim, como uma verdadeira manifestação de alívio e de descanso ao crente que, revigorado pela profecia, tem alento para prosseguir na sua caminhada rumo ao Céu. Este Dom é tão importante para a Igreja que o apóstolo Paulo exortou a sua busca (1Co 14:1).

Obviamente, nem toda profecia vem de Deus, ou Paulo não teria escrito 1Co 14:29 dizendo: “Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem”. O apóstolo João alerta: “Amados, não deis créditos a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1João 4:1).

Falsos profetas e falsas profecias estão no mundo atualmente. A falsa profecia leva ao engano e faz com que a pessoa seja manipulada ou dominada por falsos profetas que têm objetivos malignos e planos escusos. Mormente nos dias atuais, a profecia deve ser julgada e que o profeta deve obedecer ao ensino bíblico (1Co 14:29-33).

Pode acontecer que a pessoa que é agraciada com o Dom de Profecia receba a revelação do Espírito Santo e, por fraqueza, imaturidade e falta de temor de Deus, falar além do que devia. Portanto, quem profetiza deve ter o cuidado de falar apenas o que o Espírito Santo mandar, não alegando estar "fora de si" ou "descontrolado", pois "os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas" (1Co 14:32). 

3.  Propósitos da Profecia. O Dom de Profecia é concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para trazer mensagens de Deus com a finalidade de edificar, exortar e consolar a igreja – este é o tríplice propósito da profecia neotestamentária.

a) Edificação. Na edificação os crentes são espiritualmente transformados mais e mais para que não se conformem com este mundo (Rm 12:2-8). Neste processo, os crentes são edificados na santificação, no amor a Deus, no bem-estar do próximo, na pureza de coração, numa boa consciência e numa fé sincera.  Por isso, todas as profecias devem ser devidamente julgadas à luz da Bíblia, a fim de que não venham causar confusão à igreja nem abalar a fé daqueles que ainda não possui uma firme edificação.

b) Exortação. A exortação tem por sinônimo o encorajamento divino para os servos de Deus. Significa ajudar, assistir, incentivar, estimular, animar, consolar, unir pessoas separadas, admoestar. Todos esses significados revelam a missão da profecia, pois o Espírito Santo inspira o profeta a animar, despertar, alertar e falar palavras de encorajamento tanto à Igreja como a alguém em particular.

c) Consolação. A consolação é o terceiro propósito da profecia do Novo Testamento. Tendo em vista o fato de que estamos em um mundo decaído, que pode nos tirar a esperança e a alegria, esta função é indispensável para o fortalecimento da fé do povo de Deus.

Na vida terrena, temos, sempre, aflições, como nos disse o Senhor Jesus, mas é necessário que tenhamos sempre bom ânimo. Este ânimo é dado pelo Senhor e, portanto, é fundamental que as pessoas a quem o Senhor tem concedido este Dom o exercitem, de modo a impedir que os crentes sejam tomados pelo desânimo, em especial nos instantes de aumento da iniquidade como os vividos pela Igreja neste período imediatamente anterior à vinda do Senhor.

O bom ânimo é fundamental para que se faça algo na obra do Senhor. Quem nos mostra é o próprio Deus, que deu palavras de ânimo a Josué antes que se iniciasse, efetivamente, a sua gestão diante do povo de Israel(Js 1:6); como também o conselho que Davi, homem segundo o coração de Deus, ministrou a seu filho Salomão, pouco antes de morrer e após ter mandado aclamá-lo como novo rei sobre Israel(1Cr 22:13; 28:20); ou as palavras de Jesus em algumas ocasiões (Mt 9:2,22; Mc 6:50; Lc 8:48); Paulo, também, usou deste dom no retorno às igrejas que fundara ao término da sua primeira viagem missionária (At 14:22).

II. VARIEDADES DE LINGUAS (1Co 12:10)

“... e a outro, a variedade de línguas...”.

1. O que é o Dom de Variedades de Línguas? É o Dom dado pelo Espírito Santo para que as pessoas sejam instrumentos da voz do Senhor, para que o Espírito Santo demonstre que Se comunica com o Seu povo. Este Dom é evidência da Onipresença divina no meio do Seu povo, uma presença que nos faz descansar e que nos traz edificação.

Este Dom é diferente das línguas estranhas como evidência do Batismo com o Espírito Santo. Segundo a Bíblia, as línguas estranhas são um sinal para os não crentes (1Co 14:22). Quem possui este Dom deve orar pedindo que o Senhor também conceda o Dom de Interpretação. O que profetiza edifica o outro, mas o que fala línguas estranhas edifica a si mesmo. Parece que na igreja de Corinto havia uma desordem no culto quanto aos Dons de Línguas. Paulo exorta os crentes dizendo que eles estavam “como que falando ao ar” (1Co 14:9), ou seja, não havia proveito algum, já que ninguém era edificado. Portanto, segundo Paulo, aquele que fala em outras línguas fala a Deus e não aos homens. Ele não é um Dom público, mas íntimo, particular, e pessoal. Portanto, o Dom de Variedades de Línguas é um Dom para sua intimidade com Deus.

Achei bastante esclarecedores alguns pontos destacados pelo rev. Hernandes Dias Lopes acerca do Dom em epígrafe: (1)

a) Quem fala em outras línguas não é entendido, porque fala em mistério (1Co 14:2). A língua é algo que acontece no âmbito espiritual e não no racional. O apóstolo Paulo esclarece: “Pelo que, o que fala em outra língua deve orar para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera” (1Co 14:13). A própria pessoa que fala em outra língua não entende o que está falando. A mente dela não é edificada, pois não sabe o significado das suas palavras. Se essa pessoa não entende o que fala, muito menos, as outras pessoas entenderão. Ela está falando em mistério.

b) Quem fala em outra língua edifica-se a si mesmo e não à igreja (1Co 14:4). Esse Dom é íntimo e particular. Seu propósito não é a edificação da igreja, mas a auto-edificação. Visa sua intimidade com Deus.

c) Quem fala em outra língua não se torna entendido, por isso não edifica a igreja (1Co 14:5-11). Paulo apresenta três ilustrações a respeito do que ele fala nestes versículos. A primeira é quanto aos instrumentos musicais (1Co 14:7) - Se uma pessoa assentar-se para tocar piano e não conhecer as partituras musicais arrancará do piano apenas barulho e música desagradável aos ouvidos. A segunda ilustração é da trombeta (1Co 14:8) - Se uma pessoa der um sonido incerto ninguém se preparará para a batalha; haverá confusão no meio do arraial dos soldados e não preparação para a batalha. A terceira ilustração que Paulo usa é de uma conversa interpessoal (1Co 14:9-11) - Imagine você, um brasileiro, conversando com um japonês; vocês não conhecem a língua um do outro; por conseguinte, não haverá entendimento nem compreensão nessa possível conversa. Assim, Paulo diz que se você falar em outra língua, não poderá edificar a igreja, pois sua fala será incompreensível para as outras pessoas. A edificação passa pelo entendimento.

d) Quem fala em outra língua não entende o que fala (1Co 14:13-15). Não podemos ser despojados do nosso entendimento na adoração. Nosso culto precisa ser racional (Rm 12:2). A sua mente exerce um papel fundamental na adoração. O culto aceitável a Deus é um culto racional e lógico, em que é preciso unir os três elementos básicos da nossa vida: razão, emoção e vontade.

e) Quem fala em outra língua não pode edificar os outros (1Co 14:16,17). A pessoa que está falando em outra língua agradece a Deus, porém, quem está do seu lado não poderá dizer amém, por não entender o que está sendo falado. E se não entende não pode ser edificado.

f) O uso do Dom de Variedade de Línguas no culto público precisa ser com ordem (1Co 14:27,28). Paulo está dizendo neste texto que se houver intérprete pode falar, mas, no máximo três pessoas, e uma pessoa depois da outra. É preciso existir ordem no culto público. Se as pessoas falam ao mesmo tempo, o entendimento é prejudicado e a edificação se torna impossível.

g) O uso errado do Dom de Variedade de Línguas escandaliza os incrédulos (1Co 14:23). Há parâmetros claros para o funcionamento deste Dom. O primeiro parâmetro que Paulo diz é que os crentes não podem falar em outras línguas ao mesmo tempo. Essa prática pode levar o indouto que entra no templo a pensar que os crentes estão loucos. Essa prática não contribuiria para o entendimento dos incrédulos nem para a edificação dos crentes.

h) O Dom de Variedades de ínguas não deve ser proibido (1Co 14:39). Foi o Espírito Santo quem deu esse Dom à igreja, e tudo que o Espírito Santo dá é coisa boa. Portanto, não temos o direito de rejeitar aquilo que é dádiva do Espírito Santo.

2. Qual é a finalidade do Dom de Variedade de Línguas?  Todos os outros dons alistados na Bíblia são dons para a edificação da igreja; esse é o único dado para auto-edificação (1Co 14:4).  É por essa razão somente que esse Dom é inferior aos demais dons. À medida que o possuidor deste Dom fala em línguas vai sendo edificado, pois o Espírito Santo o toca e o renova diretamente (1Co 14:2).

3. A atualidade do Dom. O Dom de línguas continua sendo um sinal divino para a igreja atual quanto foi nos dias da Igreja Primitiva, logo não deve ser desprezado e nem proibido (1Co 14:39). Por causa dos excessos e equívocos cometidos no uso desse Dom, muitos negam sua importância e o rejeitam. Porém, foi o Espírito Santo quem deu esse Dom à Igreja e tudo que o Espírito Santo dá é coisa boa. Portanto, não temos o direito de rejeitar nem de falar mal daquilo que é dádiva do Espírito Santo. O fato de uma pessoa usar o Dom de forma errada não deve nos levar para o outro extremo, o de proibi-lo. O importante é corrigir a prática e não proibi-la. Se Deus lhe deu esse Dom, usufrua-o para sua edificação. Se Deus não lhe deu, não tenha complexo de inferioridade.

III. INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS (1Co 12:10)

“... e a outro, a interpretação das línguas”.

1. Definição do Dom. É uma habilidade sobrenatural, concedida pelo Espírito Santo, que torna o crente capaz de interpretar, na sua própria língua, aquilo que é falado pelo crente em linguagem celestial. Não se trata de “tradução de línguas”, mas de “interpretação de línguas”. Este Dom opera juntamente com o Dom de línguas, formando ambos uma profecia (1Co 14:5,13,27,28).

Há pregadores que emocionam seus auditórios ordenando que falem todos em línguas, ao mesmo tempo, como sinal da presença de Deus na reunião. Paulo, porém, recomenda que, em cultos públicos, quem fala em línguas: (a) ore para que possa interpretá-las(1Co 14:13); (b) que ore também com o entendimento quando orar em línguas(1Co 14:15); (c) fale, no culto, dois, no máximo três, e que haja intérprete(1Co 14:27), e (d) na ausência de interpretação, que se cale o falante(1Co 14:28). Portanto, é preciso reavaliar as atitudes de certos pregadores que contradizem o que a Bíblia diz no tocante ao falar em línguas no culto.

Na igreja de Corinto, se não houvesse intérprete, o irmão devia permanecer calado na igreja. Podia ficar em seu lugar e falar silenciosamente em outra língua consigo mesmo e com Deus, mas não tinha permissão de se expressar em público – “Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus” (1Co 14:28). Essa exortação cabe muito bem no quadro exortativo das igrejas hodiernas.

2. Há diferença entre Dom de Interpretação e o de Profecia? Sim, claro! Segundo o pr. Elinaldo Renovato, “o Dom de Interpretação de Línguas necessita de outra pessoa, também capacitada pelo Espírito Santo, para que interprete a mensagem e a igreja seja edificada; do contrário, os crentes ficarão sem entender nada. Já a profecia é auto-suficiente em sua ação para quem a ouve”. Sobre isso esclareceu Estêvam Ângelo de Souza, objetivamente: “não haverá interpretação se não houver quem fale em línguas estranhas, ao passo que a profecia não depende de outro dom”.

CONCLUSÃO

Observamos, portanto, que cada Dom Espiritual tem uma finalidade específica no meio do povo de Deus; tem um propósito, que é o de dar condições para que o crente prossiga a sua jornada em direção à Jerusalém celestial. Tem-se, portanto, no exercício dos dons espirituais, uma inequívoca demonstração do poder de Deus (1Co 2:4), mas sem qualquer oportunidade de exibicionismo ou de glorificação humana, mas única e exclusivamente para a glória de Deus e para pregação do Cristo crucificado (1Co 2:2). O Dom deve ser usado livre de escândalos, engano, falsificação, e dentro da decência e da ordem que a Palavra de Deus preceitua (1Co 14.26-40). Amém!

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

 Revista Ensinador Cristão – nº 58 – CPAD.

(1) 1Corintios (como resolver conflitos na Igreja) – Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Mundo Cristão.

Os Dons do Espírito Santo – Dr. Caramuru Afonso Francisco. PortalEBD.

 Dons Espirituais & Ministeriais(servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário) – Elinaldo Renovato. CPAD.