segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Aula 07 - INTEGRIDADE EM TEMPOS DE CRISE


4º Trimestre_2014

 
Texto Base: Dn 6:3-5,10,11,15,16,20

 
“Então, os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa” (Dn 6:4).

 
INTRODUÇÃO

Estudaremos, nesta Aula, o capítulo 6 do livro de Daniel. O império Babilônico (“cabeça de ouro”) ficou para trás. Agora está em evidência o império Medos-Persas (“peitoral e braços”). Ciro, o grande, é o novo imperador. À época Daniel era um homem idoso – entre 85 e 90 anos de idade -, mas, tal como ocorreu nos idos da “cabeça de ouro”, manteve a sua integridade moral e espiritual imutável, mesmo em tempo de crise.

Muitos fraquejam quando passam pelo teste da adversidade. A vida de Daniel, porém, prova que um homem pode ser íntegro tanto na adversidade como na prosperidade. Daniel foi íntegro quando chegou à Babilônia como escravo. Ele resolveu firmemente não se contaminar. Agora ele passa pelo teste da prosperidade - foi o primeiro ministro da Babilônia e agora é um governador do reino medo-persa. Sua integridade é a mesma. Ele não se deixa seduzir pela fama nem pela riqueza. Ele é um homem absolutamente confiável.

Há abundantes exemplos dignos de serem seguidos nessa área da integridade. O jovem José, do Egito, foi íntegro ao preferir a prisão à liberdade do pecado. O profeta Jeremias preferiu a prisão à popularidade. João Batista, o precursor de Jesus, por ser íntegro, preferiu perder a cabeça a perder a honra.

Concordo com o Rev. Hernandes Dias Lopes, quando diz que vivemos uma crise de integridade sem precedentes no mundo. Há falta de integridade na família. A fidelidade conjugal está ameaçada. Há falta de integridade moral nos vários segmentos da sociedade. A integridade está ausente na escola, no namoro, no casamento, no comércio, na vida financeira, nas palavras e nos acordos firmados, nos palácios e até nas igrejas. Rui Barbosa, o grande tribuno brasileiro, chegou a vaticinar que chegaria o tempo em que os homens teriam vergonha de ser honestos. Esse tempo chegou. (1)

I.  DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO EM UM MEIO POLÍTICO CORRUPTO (Dn 6:1-6).

A Babilônia tinha caído, um novo império tinha se levantado, mas os homens que subiram ao poder continuavam corruptos. O absolutismo do rei no império babilônico mudou para a descentralização do poder no império medo-persa. O regime de governo mudou, mas não o coração dos homens. É um grande engano pensar que as coisas vão mudar para melhor em virtude das mirabolantes promessas dos políticos. Mudam-se os partidos; mudam-se as figuras, mas o espírito e a cultura do aproveitamento são os mesmos. (2)

1. Dario reorganiza o governo e delega autoridade administrativa (Dn 6:1-3). Na reorganização do governo, Dario dividiu a responsabilidade da administração. Ele constituiu 120 prefeitos e três governadores. Desses três governadores, Daniel se distinguiu. Dario encontrou nele “um espírito excelente” (Dn 6:3) e, apesar da idade avançada de Daniel, planejava estender sua autoridade sobre todo o reino. A corrupção estava instalada dentro do palácio, nas rodas mais altas do governo de Dario, porém o caráter de Daniel era impoluto e imutável. Ele não vendeu a sua consciência. As circunstâncias adversas não alteraram as convicções de Daniel.

Daniel manteve-se íntegro a despeito do ambiente. Ele não negociou os seus valores absolutos. Ele não se corrompeu. A base de sua integridade foi sua fidelidade a Deus. Sua fé foi a pedra de esquina de sua moralidade privada e pública.

A vida de Daniel nos mostra que é possível ser íntegro mesmo cercado por um mar de lama de corrupção.

2. Daniel se torna alvo de uma conspiração (Dn 6:4,5).Então, os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa. Então, estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus”.

Os inimigos de Daniel queriam afastá-lo do caminho deles. Mas como? Nada encontraram para atacar em sua vida moral, assim, conspiraram contra ele por intermédio de sua fé no seu Deus. Daniel 6:4 nos informa que os conspiradores procuravam “achar ocasião" para acusar Daniel. Essa palavra (“ocasião”) significa, aqui, que eles buscavam um pretexto, um motivo.

Daniel, porém, era fiel a Deus e, também, era fiel ao seu senhor terreno. Ele realmente era diferente dos demais. E porque era diferente dos outros líderes foi perseguido, e conspiraram contra ele para matá-lo.

A vida de Daniel nos prova que um homem pode permanecer íntegro mesmo quando é vítima de conspiração.

3. O perigo das confabulações (tramas, conspirações) políticas. Ver Daniel prestes a uma promoção que o colocaria acima dos prefeitos e dos demais governadores era mais do que eles podiam tolerar. Eles precisavam destruir Daniel a qualquer custo, mas não encontrava nenhuma falha nele. O fracasso em encontrar falhas na administração de Daniel os fez buscar uma maneira de atacá-lo no seu ponto mais forte: sua religião e a lei do seu Deus (Dn 6:5). Eles sabiam que Daniel era um homem de oração, e era neste ponto que eles articularam a construção de uma arapuca. Eles agiram em surdina, maquinaram nos bastidores, tramaram na escuridão. Eles bajularam o rei e se tornaram hipócritas para alcançar o fim que desejavam: a morte de Daniel.

Eles bajularam o rei Dario elevando-o ao posto de divindade por um mês. O projeto trazia como isca a exaltação e a lealdade ao rei. Era bastante comum para os governadores dos medos e persas colocar-se no lugar de um dos seus deuses e requerer a adoração do povo. Dario sentiu-se lisonjeado em ser o centro da devoção religiosa por um mês, por isso, assinou o edito. Mas a intenção dos conspiradores era outra.

O rei tornou-se refém de seu próprio orgulho e, por conseguinte, de seu próprio decreto. Dario assina uma sentença irrevogável, pois a lei nesse império era maior do que o rei. Dario caiu na arapuca da lei e da ordem. E assim, sentenciaram à morte o homem de confiança do rei. Além da bajulação, usaram a mentira (Dn 6:7).

A integridade nem sempre nos ajuda a granjear amigos. Pessoa íntegra é uma ameaça ao sistema de corrupção. Por ser fiel, você pode ser perseguido com maior rigor. As trevas aborrecem a luz. Os que andam na verdade perturbam os que vivem no engano.

Não podemos permitir que qualquer ser humano ou qualquer outra coisa venha impedir de buscarmos a Deus em oração, de cultuá-lo, pois nada existe de mais importante do que o Senhor.

Nós temos que nos submeter ao estado, pois sua autoridade provém de Deus e seus oficiais são ministros de Deus. Mas há um limite: quando a obediência ao estado implica em de­sobediência a Deus. Neste ponto nosso dever, como cris­tãos, é desobedecer ao estado a fim de obedecer à Deus. Pois, afinal de contas, se o estado abusa de sua autoridade dada por Deus e tem a presunção, seja de ordenar aquilo que Deus proíbe, seja de proibir aquilo que Deus ordena, nós precisamos dizer "não" ao estado a fim de dizer "sim" a Cristo. Como diz Pedro: "Antes importa obedecer a Deus do que aos homens" (At 5:29). Veja outros exemplos com atitudes semelhantes: Êx 1:15-17; Dn 3; At 4:19; 5:29.

II. DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO QUE NÃO TRANSIGIU COM SUA FÉ EM DEUS (Dn 6:10-16).

1. Nenhuma trama política mudaria em Daniel o seu hábito devocional de oração (Dn 6:10). “Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer”.

Quando Daniel soube do decreto do rei a sua atitude foi inequívoca: “Ele entrou em sua casa e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer”. Daniel não muda sua agenda ao saber que estava sentenciado à morte. Alterar seus hábitos de devoção ou tornar secreta a sua relação com o seu Deus seria uma negação basilar de sua integridade espiritual.

Certamente, ele deve ter sido tentado a transigir ao se ajoelhar para orar: "Por que não facilitar as coisas? Veja a posição de privilégios de que goza. Pense na influência que continuará exercendo se transigir só nesse ponto. Assegure seu futuro. Não ore a Deus em público apenas durante este mês. Ore secretamente em seu coração, se quiser, mas por que fazê-lo como sempre fez? Certamente, você será notado e perderá tudo, inclusive a vida". Daniel não foge nem transige, mas continua orando ao Senhor como costumava fazer. Daniel aprendeu a ser íntegro na mocidade e jamais mudou sua rota. Mesmo ancião, prefere a morte a transigir com sua consciência. (3)

2. A momentânea vitória dos conspiradores.Então, aqueles homens foram juntos e acharam Daniel orando e suplicando diante do seu Deus” (Dn 6:11).

Os inimigos de Daniel encontraram-no orando. Era tudo que eles precisavam para levar adiante o plano macabro. Assim como caçadores orgulhosamente exibem sua presa, os vis conspiradores chegaram ao rei Dario e exibiram o resultado do seu mau intento. Deram-lhe a informação de que tanto queriam – “Daniel, um dos exilados de Judá, não te dá ouvidos, ó rei, nem ao decreto que assinaste. Ele continua orando três vezes por dia” (Dn 6:13, NVI). E a informação estava cheia de veneno: (a) acentuava o preconceito, falando de Daniel como um exilado, mesmo depois de setenta anos de integridade como o homem mais importante do governo; (b) acrescentava uma informação falsa, afirmando que Daniel não fazia caso do rei.  Mas, a alegria dos conspiradores durou apenas uma noite. O juízo divino seria implacável contra os mesmos.

3. Preservando a integridade (Dn 6:18-22). Uma pessoa íntegra procura agradar a Deus mais que aos homens. Ela não depende de elogios nem muda sua rota por causa das críticas. Uma pessoa íntegra cumpre com a palavra empenhada e seu aperto de mão vale mais que um contrato. Daniel sabia que sua integridade o tornava impopular diante dos outros líderes, mas sua consciência era cativa ao Senhor e comprometida com a verdade. Os opositores de Daniel odiaram-no não porque ele praticara o mal, mas porque ele praticara o bem. Eles bajularam e se tornaram hipócritas para alcançar o fim que desejavam, a morte de Daniel. Eles agiram em surdina, maquinaram nos bastidores, tramaram na escuridão. (4)

Por ser fiel, você pode ser perseguido com maior rigor. As trevas aborrecem a luz. Os que andam na verdade perturbam os que vivem no engano. O íntegro é uma ameaça aos corruptos.

III. DANIEL NA COVA DOS LEÕES (Dn 6:16,17)

A cova dos leões era a forma mais cruel de sentença de morte no reino medo-persa. Babilônia matava numa fornalha, o reino medo-persa na cova dos leões.

1. Daniel preferiu morrer a se dobrar diante de um edito maligno (Dn 6:16,17). Dario caiu na armadilha da bajulação e se tornou refém de seu próprio decreto. Daniel, seu homem de maior confiança, foi sentenciado à cova dos leões por causa de sua irretocável integridade. Daniel não discutiu, nem questionou sua condenação com o rei. Sua convicção era de que o seu Deus o livraria se assim o quisesse. Ele não deixou de orar e de manter seu hábito devocional. A sua fé em Deus proporcionava-lhe paz interior para enfrentar aquela circunstância adversa.

Daniel foi denunciado, preso e lançado na cova dos leões. Sua integridade não o livrou da maldade, da inveja e da perseguição dos seus inimigos do palácio. Mas Deus fechou a boca dos leões na cova da morte.

Como crentes em Cristo estaríamos dispostos a sacrificar nossa vida e até morrer pelo nome de Jesus? O próprio Jesus declarou que no final dos tempos os verdadeiros discípulos seriam odiados, atormentados e levados à morte. Mesmo que você morra por causa de sua integridade, você ainda é bem-aventurado porque felizes são aqueles que sofrem por causa da justiça!

2. Daniel foi protegido da morte pelo anjo de Deus (Dn 6:22,23).O meu Deus enviou o seu anjo” (Dn 6:22).

A Bíblia diz que "o anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra" (Sl 34:7). Daniel não escapou da cova dos leões, mas o anjo de Deus entrou com ele naquela cova e fechou a boca dos leões. A firmeza da fé de Daniel estava acima de qualquer trama diabólica, por isso, Deus enviou o seu anjo que fechou a boca dos leões, e assim não puderam devorá-lo. Sua comunhão com Deus era algo vital e inalterável na relação entre ambos.

Você não pode evitar que os homens maus tramem contra você, mas você pode orar, e Deus pode frustrar o propósito dos ímpios. Os perversos não contavam com a intervenção de Deus, com o livramento do anjo do Senhor. Os amigos de Daniel foram livres das chamas do fogo da fornalha, porque creram no seu Deus. Agora, Daniel foi livre de ser triturado pelos leões, porque, também, crera no seu Deus. O Anjo do Senhor que andou com Hananias, Misael e Azarias na fornalha de fogo, esse mesmo Anjo abençoou Daniel, ficando ao seu lado durante aquela noite, e demonstrou Sua autoridade sobre os leões ao restringir todos seus instintos naturais, a fim de não matarem brutalmente o servo do Senhor. Está escrito em 1João 5:4: “esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”.

Quando cuidamos de nossa integridade, Deus cuida de nossa reputação. Daniel não podia administrar a orquestração dos seus inimigos, nem fazer o rei retroceder, nem mesmo se recusar a ir para a cova dos leões. Ele não podia tapar a boca dos leões, mas podia manter-se íntegro. Ele podia orar e pôr sua confiança em Deus. Isso ele fez.

Cabe a nós manter-nos fiéis, velar pelo nosso testemunho e honrar a Deus com nossa vida. Cabe ao Senhor nos livrar das garras do inimigo. Daniel creu em Deus e o anjo fechou a boca dos leões. Deus livrou Daniel em meio do problema e não do problema. Muitas vezes, Deus não nos poupa das aflições, mas nos livra nelas ou mesmo na morte. (5)

3. Deus mais uma vez foi glorificado através da vida de Daniel (Dn 6:25-27). Quando cuidamos de nossa integridade, o nome de Deus é exaltado (Dn 6:26,27). Mais do que o nome de Daniel, o nome de Deus foi proclamado e exaltado em todo o império medo-persa. Dario exaltou a Deus dizendo: Ele é o Deus vivo; Ele é o Deus eterno que vive para sempre; Seu reino jamais será destruído; Seu domínio jamais terá fim; Ele é o Deus que livra, salva e faz maravilhas; Ele é o Deus que livrou Daniel.

O fim último de nossa vida é glorificar a Deus. Devemos viver de tal maneira que os homens vejam nossas boas obras e glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus (Mt 5:16).

CONCLUSÃO

Quando cuidamos de nossa integridade, Deus nos exalta (Dn 6:28). Ele foi promovido no governo de Dario, o medo, sob o reinado de Ciro, o persa. Deus honra aqueles que o honram. Dario tornou público um novo edito: “Da minha parte é feito um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e para sempre permanente, e o seu reino não se pode destruir; o seu domínio é até ao fim” (Dn 6:25). Esse foi o fruto da integridade de Daniel em todas as situações. E a maldição dos inimigos de Daniel caiu sobre a cabeça deles. Todos aqueles homens foram lançados na cova dos leões e estraçalhados, e não escapou nem mesmo suas famílias (Dn 6:24,25).

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Integridade Moral e Espiritual – Elienai Cabral. CPAD.

Daniel – As visões para estes últimos dias. Severino Pedro da Silva. CPAD.

Revista Ensinador Cristão – nº 60 – CPAD.

Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

(1) Rev. Hernandes Dias Lopes – Daniel, um homem amado do Céu. HAGNOS.

(2) Ibidem.

(3) Ibidem.

(4) Ibidem.

(5) Ibidem.

 

 

domingo, 2 de novembro de 2014

Aula 06 – A QUEDA DO IMPÉRIO BABILÔNICO


4º Trimestre/2014

 
Texto Base: Dn 5:1,2,22-30

 
“E te levantaste contra o Senhor do céu, [...] além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de cobre, de ferro, de madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida e todos os teus caminhos, a ele não glorificaste” (Dn 5:23).

 

INTRODUÇÃO

Trataremos nesta Aula da Queda do Império Babilônico. Veremos isso à luz do capítulo 5 de Daniel. Por volta de 700 a.C, Deus inspirou o profeta Isaías a registrar uma profecia sobre o fim da poderosa Babilônia. Ele escreveu: “E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca mais será habitada, nem reedificada de geração em geração; nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos” (Is 13:19,20).

Segundo Roy E. Swim, após a morte de Nabucodonosor, o seu filho, Evil-Merodaque, o sucedeu no trono. Este é o rei que deu honra especial ao rei Joaquim (filho de Jeoaquim), depois de 37 anos de exílio, ao soltá-lo da prisão e designar-lhe uma pensão (cf. Jr 52:31-34; 2Rs 25:27-30). Depois de dois anos, Neriglissar, o cunhado de Evil-Merodaque, liderou uma revolta e o assassinou. Neriglissar tinha se casado com uma das filhas de Nabucodonosor e reivindicava um certo direito real, especialmente por meio do seu filho, Labashi-Marduque. Mas o jovem não recebeu apoio e logo foi morto pelos seus amigos de confiança. Os generais e líderes políticos escolheram Nabonido, outro genro de Nabucodonosor, um auxiliar experimentado e de confiança durante a maior parte do seu reinado. Nitocris, filha de Nabucodonosor, deu um filho a Nabonido. Seu nome era Belsazar.

Por causa do seu sangue real, Belsazar, três anos após a ascensão de Nabonido ao trono, foi feito co-regente com seu pai. Ele tinha a incumbência de governar a cidade e a província da Babilônia. Esse foi o rei Belsazar descrito por Daniel (1). À época deste rei, em face de uma série de reis incompetentes, Babilônia encontrava-se numa trajetória decaída, deixando para trás sua época dourada. A ruína de Babilônia estava prestes a acontecer, pois um destacamento militar persa, comandado por Ciro, deslocara-se rapidamente para o sul, estacionando junto aos muros de Babilônia. Os muros eram grandes e fortes e seus armazéns achavam-se repletos de alimentos. O rio Eufrates trazia água à vontade para dentro da cidade. Para os líderes nacionais, Babilônia era invencível a qualquer inimigo. Apesar da presença dos inimigos junto aos muros da Babilônia, deliberadamente o rei Belsazar decidiu desafiar o Deus Altíssimo e por isso teve que enfrentar as consequências finais das escolhas que livremente tomara.

Em cumprimento da Palavra profética, a cidade de Babilônia, que parecia invencível, foi derrotada pelos exércitos medo-persas em 538 a.C, justamente quando o exílio de 70 anos de Judá estava para terminar. Com o tempo, Babilônia se tornou um monte de ruínas, exatamente como havia sido profetizado. Nenhum deus se compara ao Autor da Bíblia: o Deus verdadeiro, Jeová (Is 46:9,10).

I. O FESTIM PROFANO DE BELSAZAR

1. A zombaria de Belsazar (Dn 5:1-4). O desprezo do conhecimento de Deus leva o homem a uma vida dissoluta moralmente. A atitude do rei em utilizar os utensílios do templo de Jerusalém em sua festa devassa e idólatra, mostrava o caráter perverso de Belsazar. Ele estava afrontando ao Senhor e profanando publicamente aquilo que pertencia a Deus. O castigo viria inevitavelmente e imediatamente.

A vida é uma semeadura. Colhemos o que plantamos. Aqueles que plantam o mal colhem o mal. Aqueles que semeiam vento colhem tempestade. Aqueles que semeiam na carne, da carne colhem corrupção. Aquilo que fazemos aqui determinará nosso destino amanhã. Querer fazer o mal e receber o bem é zombar de Deus, e de Deus ninguém zomba (Gl 6:7).

2. A insensatez e a crueldade do autocrata Belsazar. Segundo Roy.E.Swim, além de toda a herança real do grande Nabucodonosor, seu avô, Belsazar tornou-se conhecido por causa da sua devassidão e crueldade. Conta-se que um dos nobres de Belsazar venceu o rei numa caçada. Por esse motivo, Belsazar matou o nobre na mesma hora. Mais tarde, em uma festa, um dos convidados foi elogiado por uma das mulheres. O rei ordenou que o convidado fosse mutilado para eliminar qualquer possibilidade de ser elogiado novamente. Criado em um ambiente de luxo, em que o poder e a adulação fizeram parte da sua vida já em tenra idade, ele tinha poucas chances de não se tornar um egoísta insensato e um autocrata cruel. (2)

3. Uma festa profana. Segundo Roy.E.Swim, catorze anos como segunda pessoa no comando do reino, Belsazar precisava encarar grandes responsabilidades. Nabonido, seu pai, estava no campo de batalha com o exército caldeu tentando rechaçar os ataques das forças conjuntas dos Medos e Persas. Uma província após outra do império da Babilônia tinha caído. Agora, os exércitos de Ciro cercavam a capital como o último obstáculo a ser vencido. Mas, Belsazar não estava nenhum pouco preocupado com as ameaças de Ciro. Ele acreditava que Babilônia era impenetrável e que seus muros eram inexpugnáveis. Tendo em vista a fartura de mantimentos e o suprimento de água inesgotável que a cidade possuía, Belsazar tinha a confiança que os habitantes poderiam sobreviver a qualquer cerco. Para demonstrar o seu desdém pela ameaça persa, Belsazar decretou uma festa para toda a cidade. Por meio de um convite especial para mil dos seus grandes (Dn 5:1), ele preparou uma festa no palácio real. Ele convidou as mulheres do harém real para acrescentar diversão à festa. O próprio rei liderou a festa oferecendo bebida para todos. Em dado momento, inflamado pelo muito vinho, Belsazar se deixou levar por um impulso imprudente. Ele ordenou que fossem buscados os utensílios sagrados que seu avô tinha trazido de Jerusalém para a Babilônia (Dn 5:3). Eles beberam dessas taças, coisa que nenhum outro ousaria fazer até então. Belsazar e seus companheiros de festa beberam dessas taças e deram louvores aos deuses (Dn 5:4) da Babilônia (3).

A impiedade produz perversão. O desprezo do conhecimento de Deus leva o homem a uma vida dissoluta moralmente. Belsazar conhecia a verdade (Dn 5:22), mas não foi dirigido por ela. Ele conhecia a verdade, mas a rejeitou deliberadamente para viver regaladamente em seus pecados. Belsazar profanou os utensílios consagrados ao Deus de Israel. Logo, o juízo de Deus seria inevitável e irrevogável.

II. O IRREVOGÁVEL JUÍZO DE DEUS



 

1. O dedo de Deus escreve na parede (Dn 5:5). O banquete tinha como objetivo afrontar o Deus vivo. De modo blasfemo, quando a bebida começou a surtir efeito, Belsazar ordenou a seus mordomos que trouxessem os utensílios sagrados que Nabucodonosor havia removido do templo de Jerusalém. Dentre esses utensílios havia vasos sagrados que tinham sido dedicados ao Senhor, os quais foram utilizados pelos convivas para oferecerem brindes a seus ídolos (Dn 5:1-4). Esse foi o último desafio do imoral Belsazar.

Em meio àquela orgíaca festividade pagã, onde ressoavam risos sarcásticos regados a muita bebida embriagante, a mão de Deus escreveu na parede com letras de fogo, estranhas e misteriosas palavras. A Bíblia diz que o semblante do rei mudou, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro. A festança parou, e um silêncio mortal encheu a sala (Dn 5:5,6).

Quando Belsazar conseguiu falar, ele começou a gritar e chamar os peritos em astrologia, os caldeus e os adivinhadores (Dn 5:7), para explicar esse mistério. O rei prometeu todo tipo de recompensa e promoção para qualquer um que pudesse ler a escrita na parede e interpretar a sua mensagem. Esse homem seria vestido de púrpura (púrpura real), uma cadeia de ouro seria colocada ao redor do seu pescoço e ele se tornaria o terceiro em importância no governo do seu reino. Esse era o posto mais elevado disponível, visto que Nabonido ocupava o posto mais elevado, e Belsazar, o segundo. Quando os sábios não conseguiram decifrar a escrita, o rei e todos os convidados ficaram outra vez aterrorizados. (4)

2. A rainha lembrou-se do profeta Daniel (Dn 5:6-12). A rainha-mãe (esposa de Nabonido e mãe de Belsazar), ciente do fato da escrita na parede, a rainha-mãe informa ao rei sobre Daniel e conta a respeito dos dons sobrenaturais que ele possuía. Ela disse:

 Ó rei, vive eternamente! Não te turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante. Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos astrólogos, dos caldeus e dos adivinhadores. Porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e ciência, e entendimento, interpretando sonhos, e explicando enigmas, e solvendo dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar; chame-se, pois, agora Daniel, e ele dará interpretação” (Dn 5:10-12).

Após contar tudo ao rei, a rainha-mãe aconselha ao rei que chamasse Daniel, e, certamente, ele daria a interpretação.

3. Daniel entra na presença de Belsazar (Dn 5:13-16). Daniel, então, foi introduzido à presença do rei. Ele agora era um homem idoso, mas continuava sendo um homem de Deus. Bom é conservarmos a fidelidade ao Senhor até o fim de nossas vidas!

Segundo Roy.E.Swim, Daniel havia sido negligenciado e completamente esquecido havia muito tempo. Agora, como bom súdito, entra na presença do rei para, novamente, dar-lhe o recado de Deus. Belsazar propõe a Daniel a mesma recompensa extravagante que havia prometido aos sábios (Dn 5:16), mas Daniel não deu nenhuma importância às “ninharias” do rei (Dn 5:17) e foi direto à crise que o rei embriagado e sua cidade estavam enfrentando. Daniel o confrontou de forma cortês, mas sem rodeios com uma mensagem de Deus. Daniel recordou a Belsazar como Deus humilhou Nabucodonosor. Embora Belsazar soubesse desse evento trágico, não deu importância à sua lição - “E tu, seu filho Belsazar, não humilhaste o teu coração, ainda que soubeste de tudo isso. E te levantaste contra o Senhor do Céu. Então, dele foi enviada aquela parte da mão, e escreveu-se esta escritura” (Dn 5:22-24). Belsazar, ao profanar os vasos santos do Senhor cometeu um ato de afronta deliberada contra o Deus vivo. Poucas pessoas aprendem as lições da história.

III. A SENTENÇA CONTRA BELSAZAR E A QUEDA DE BABILÔNIA (Dn 5:22-28)

Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, Belsazar testemunhou as obras de Deus dentro de sua casa, mas as desprezou. Ele era da família real. Ele presenciou todos os acontecimentos relatados nos capítulos 1 a 4 do livro de Daniel. Ele devia ter a idade de Daniel e viu seu testemunho, bem como o testemunho de seus amigos. Viu como Deus libertou os amigos de Daniel da fornalha, como Nabucodonosor foi arrancado do trono para tornar-se um animal, até que seu coração foi humilhado e convertido. Belsazar conviveu com o testemunho fiel a respeito de Deus, mas tapou seus ouvidos, fechou seus olhos e endureceu seu coração. Deus deu um ano para Nabucodonosor arrepender-se, mas Belsazar cruzou a linha da ira de Deus naquela mesma noite e pereceu. Viver no pecado é loucura. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb 10:31). (5)

1. Os sábios não decifraram as palavras escritas na parede (Dn 5:15). “Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios e os astrólogos, para lerem esta escritura, e me fazerem saber a sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras”.

O presente versículo mostra a declaração do rei dizendo que os “sábios” foram incapazes diante daquele mistério. Aquilo que a mão misteriosa escrevera não se achava inserido em nenhum código deste mundo. Não é em vão que as Escrituras dizem: “o segredo do Senhor é para os que o temem; e ele lhes fará saber o seu concerto” (Sl 25:14). Os magos de Faraó foram até onde puderam, mas depois não puderam mais prosseguir. O poderio humano vai até uma certa distância, mas depois, como sempre, estaciona. Porém, o poder e a sabedoria de Deus triunfam em qualquer circunstância, tempo ou lugar. A Bíblia diz que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente”. Isto significa que Ele é o mesmo quanto ao tempo e a importância.

2. As quatro palavras “misteriosas” (Dn 5:25).Esta, pois, é a escritura que se escreveu: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM”. A mensagem era clara e específica. Deus havia empilhado os crimes do rei e completado a sua medida. O período de supremacia política de Babilônia havia terminado. Essa foi a última noite dos babilônios e do rei Belsazar. Os babilônios cruzaram a linha-limite que Deus traçara.

“Esta é a interpretação” (Dn 5:26-28): (6)

- “MENE: Contou Deus o teu reino e o acabou” (Dn 5:26). O reino babilônico cresceu, mas amadureceu para a ceifa. A profecia divina dizia claramente: “teu reino foi acabado!”. A mão que escreveu ali foi exatamente aquela que escreveu os “Dez Mandamentos” (a Balança de Deus) em tábuas de pedras; escrevera a sentença eterna de Belsazar. As palavras na parede significavam literalmente: Contado, Pesado, Dividido. Deus anuncia, através daquela escritura, que faltava justiça para a Babilônia e, simultaneamente, é decretada a destruição do reino.

- “TEQUEL: Pesado foste na balança e foste achado em falta” (Dn 5:27). Tequel significa “pesado” ou “avaliado”. A ideia está em 1Samuel 2:3: “...porque o Senhor é o Deus da sabedoria, e por Ele são as obras pesadas na balança”. Belsazar não consegue dar equilíbrio à balança e revela a falta em si de verdadeiros valores, segundo a escala de Deus. Os “Dez Mandamentos de Deus” e a “Graça e a Verdade” que veio por Jesus Cristo, são balanças divinas que regulam as nossas vidas. Deus pesa os homens de acordo com esse padrão. Todos os homens querem pesar as suas vidas nas suas próprias balanças, mas somente a balança inevitável de Deus é sempre fiel!

Alguém já disse que a balança de Deus tem dois pratos, mas um só fiel. Ninguém se engane, Deus pesa até as montanhas (Is 40:12), e não somente isso, mas pesa também: (a) o andar do homem (Is 26:7); (b) o espírito do homem (Pv 16:2); (c) a sinceridade do homem (Jó 31:6).

- “PERES: Dividido foi o teu reino e deu-se aos medos e aos persas”. Ao ler o escrito final, Daniel leu “UFARSIM”, mas ao dar a interpretação, empregou a forma “PERES”. O “u” é a conjunção aramaica “e”, que seria omitida ao ser dada a interpretação. “FARSIM” é a forma plural, enquanto que “PERES” é singular (2Sm 6:8). A antiga versão da Bíblia continha a palavra “UFARSIM”, sendo o “e” na língua aramaica equivalente à nossa conjunção “e”. As versões ARA e ARC trazem esta palavra, mas sem o “u” e com a conjunção “e”, seguida da palavra “PARSIM”. Como já disse, “PERES” é forma singular. Isso tomava o sentido de dividido, compartilhado; o reino de Belsazar está para ser dividido entre os Medos e Persas. Naquela mesma noite, Belsazar foi morto, e Dario, o medo, foi constituído rei, pondo fim ao período do Império Babilônico.

Belsazar, o último monarca babilônico que desafiou a Deus, tomou as decisões que afetaram sua vida. Deus pesou essas decisões a fim de constatar o quanto elas valiam. Deus entregou Belsazar às consequências naturais do curso de vida por ele escolhido. Em Romanos 1:18-32, o apóstolo Paulo revela a atitude de Deus para com todos aqueles que, à semelhança de Belsazar, escolhem seus próprios caminhos.

3. O fim repentino do império babilônico (Dn 5:30,31).Naquela mesma noite, foi morto Belsazar, rei dos caldeus. E Dario, o medo, ocupou o reino, na idade de sessenta e dois anos”.

Mal haviam acabado de colocar os adornos de honra em Daniel, quando os soldados de Ciro invadiram o palácio com gritos de guerra. Babilônia caiu.

Uma das profecias mais impressionantes sobre a queda de Babilônia está relacionada ao homem que a conquistou - o rei Ciro, da Pérsia. Quase dois séculos antes de Ciro assumir o trono, Jeová Deus o mencionou por nome e predisse que ele seria o conquistador de Babilônia. Falando sobre a futura conquista de Ciro, Isaías foi inspirado a escrever: “Assim disse o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela sua mão direita, para abater as nações diante de sua face... para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão” (Is 45:1).

“Os historiadores gregos Heródoto e Xenofonte confirmam o cumprimento dessa profecia surpreendente. Eles revelam que Ciro desviou o rio Eufrates, baixando o nível da água. Os exércitos de Ciro obtiveram assim acesso à cidade através de seus portões, que haviam sido deixados abertos”.

Conforme predito pelo profeta Jeremias, a poderosa Babilônia caiu “repentinamente”, em uma noite - Repentinamente, caiu Babilônia e ficou arruinada; lamentai por ela, tomai bálsamo para a sua ferida; porventura, sarará (Jr 51:8).

CONCLUSÃO

A queda de Babilônia está associada a profecias que em breve deverão cumprir-se com a Babilônia espiritual, um dos destacados temas do Apocalipse. O perfeito cumprimento das profecias relacionadas com Babilônia literal contribui para o fortalecimento de nossa confiança nas profecias que anunciam a iminente derrocada da Babilônia simbólica. Nações estão sendo avaliados bem de perto pelo Deus Altíssimo. Todos estão por sua própria escolha decidindo seu destino e Deus indubitavelmente cumprirá os Seus propósitos.

Na Palavra de Deus encontramos um admirável paralelismo relacionado com as profecias da queda de Babilônia literal e a queda da Babilônia simbólica no tempo do fim. Compare:

-Jeremias 51:13 com Apocalipse 17:1

-Jeremias 51:7 com Apocalipse 17:4

-Jeremias 51:8 com Apocalipse 14:8

-Jeremias 51:45 com Apocalipse 18:4

-Jeremias 51:48 com Apocalipse 18:20

-Jeremias 51:64 com Apocalipse 18:21.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Integridade Moral e Espiritual – Elienai Cabral. CPAD.

Daniel – As visões para estes últimos dias. Severino Pedro da Silva. CPAD.

Revista Ensinador Cristão – nº 60 – CPAD.

(1) Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

(2) Ibidem.

(3) Ibidem.

(4) Ibidem.

(5) Hernandes Dias Lopes – Daniel (Um homem amado do Céu). Hagnos.

(6) Severino Pedro da Silva – Daniel (as visões para estes últimos dias).CPAD.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Aula 05 – DEUS ABOMINA A SOBERBA


4º Trimestre/2014

 
Texto Base: Dn 4:10-18

 
“Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço, e glorifico ao Rei dos céus; porque todas as suas obras são verdades; e os seus caminhos, juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba” (Dn 4:37).

 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos acerca do capítulo 4 de Daniel. Neste capítulo, Daniel traz a imagem de uma árvore florescente representando a figura de Nabucodonosor, o imperador da Babilônia. Na imagem apresentada um homem anuncia que a árvore seria cortada e ficaria apenas o tronco com suas raízes. Isto demonstra o desastroso efeito da soberba. O sábio Salomão alerta: “A soberba precede a ruína, e altivez do espírito precede a queda” (Pv 16:18).

Um indivíduo soberbo é aquele que deseja ser mais do que é e ainda se coloca acima dos outros para humilhá-los e envergonhá-los. O soberbo superdimensiona a própria imagem e diminui o valor dos outros. É o narcisista que, ao se olhar no espelho, dá nota máxima e aplaude a si mesmo. É por isso que o sábio diz que, em vindo a soberba, sobrevém a desonra. A soberba é a sala de espera da desonra. É o corredor do vexame. É a porta de entrada da vergonha e da humilhação. A Bíblia diz que Deus resiste ao soberbo (Tg 4:6), declarando guerra contra ele. “Glória ao homem nas maiores alturas”, esse é o grito de guerra da humanidade orgulhosa e ímpia que continua desafiando Deus e tentando construir o céu na terra (Pv 11:1-9; Ap 18). Deus aborrece “olhos altivos” (Pv 6:16,17) e promete destruir “a casa dos soberbos” (Pv 15:25).

I. A PROVA DA SOBERANIA DIVINA (Dn 4:1-3)

A soberania de Deus é a autoridade inquestionável que o Senhor detém sobre o Universo, pelo fato óbvio de que Ele é o Criador de todas as coisas(Is 44:6;45:6; Ap 11:17). Sua soberania está baseada em sua onipotência, onipresença e onisciência. Quando afirmamos que Deus é soberano, estamos dizendo que Ele controla o Universo e pode fazer o que lhe aprouver. A soberba é um dos pecados da alma que afeta diretamente a soberania de Deus.

1. Nabucodonosor, chamado por Deus para um desígnio especial (Jr 25:9. “... Nabucodonosor [...] meu servo”.

Esta expressão não significa que o monarca babilônico adorava o Deus de Israel, mas apenas que era usado pelo Senhor para cumprir seus propósitos (à semelhança de Ciro, que é chamado de ungido do Senhor, em Isaías 45:1). Não há dúvida que ele foi submetido a um desígnio especial do Deus do Céu, o Deus de Daniel. Mesmo sendo um rei ímpio cumpria um desígnio especial de correção divina ao reino de Judá, por ter se corrompido com o sistema mundano, iniquo, inimigo de Deus. Ora, Deus tinha e tem o domínio de todos os reinos do mundo, e poder para fazer com que o ímpio Nabucodonosor, por um desígnio especial, se tornasse próspero em seu reino e crescesse em extensão, a ponto de se autodenominar “rei de reis”. O profeta Jeremias, que presenciou a investida babilônica contra o reino de Judá e seu exílio para Babilônia, diz que Deus chamou Nabucodonosor de “meu servo” (Jr 25:9). Na verdade, Nabucodonosor foi a “vara” de Deus de punição ao seu povo por ter abandonado o Senhor e tomado o caminho proibido da idolatria e dos costumes pagãos dos reinos vizinhos. Aprendemos que Deus, em sua soberania é Aquele “que muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis” (Dn 2:21).

2. A soberba de Nabucodonosor. Conquanto tenha sido um instrumento que Deus utilizou para corrigir e disciplinar o seu povo, Nabucodonosor foi traspassado pela arrogância, pela soberba. Por causa disso, Deus mostrou que ele seria punido severamente; ele seria, como a árvore do sonho, cortado até o tronco (Dn 4:18). Isto cumpriu-se literalmente na vida de Nabucodonosor, e ele, depois de humilhado, perdeu a capacidade moral de pensar e decidir porque seu coração foi mudado - de “coração de homem” (Dn 4:16) para “um coração de animal”. Ele foi dominado por uma insanidade sem precedente. A punição levaria “sete tempos”, período em que Nabucodonosor estaria agindo de forma irracional à semelhança dos animais do campo (Dn 4:28-33), tendo o seu corpo molhado pelo orvalho do céu. Esse estado de decadência do rei foi resultado de sua soberba.

O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que a soberba é a porta de entrada do fracasso e a sala de espera da ruína. O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade a faz cair na desgraça. Na verdade, o orgulho vem antes da destruição, e o espírito altivo, antes da queda. Nabucodonosor foi retirado do trono e colocado no meio dos animais por causa da sua soberba (cf. Dn 4:30-37). O rei Herodes Antipas I morreu comido de vermes porque ensoberbeceu seu coração em vez de dar glória a Deus (At 12:21-23). O reino de Deus pertence aos humildes de espírito, e não aos orgulhosos de coração.

Esse terrível mal também tem grassado igrejas locais. A Bíblia registra um exemplo: a igreja de Laodicéia. Esta igreja, a começar do seu líder, enchia o peito e dizia para todos, com evidente e louca arrogância: “Rico sou e de nada tenho falta” (Ap 3:17). Ora, é nesta tola manifestação de arrogância que se verifica a fraqueza espiritual. Só temos força espiritual quando reconhecemos a nossa insignificância, a nossa pequenez, o nosso nada diante de Deus. A autoglorificação é desprezível. A igreja de Laodicéia exaltou-se dando nota máxima a si mesma em todas as áreas. Mas Cristo a reprovou em todos os itens. A Bíblia diz: ”Louve-te o estranho, e não a tua boca; o estrangeiro, e não os teus lábios”(Pv 27:2). Deus detesta o louvor próprio. Jesus explicou essa verdade na parábola do fariseu e do publicano. Aquele que se exaltou foi humilhado, mas o que se humilhou, desceu para sua casa justificado.

3. Nabucodonosor proclama a soberania de Deus (Dn 4:1-3). “Nabucodonosor, rei, a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada! Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo. Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas, as suas maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio, de geração em geração”.

Nabucodonosor dá testemunho da grandeza e do poder de Deus. Chegou a esta conclusão depois da sua experiência humilhante de loucura. Foi restaurado de sua demência depois que se humilhou diante do Altíssimo. Reconheceu a soberania do Deus Onipotente e fez uma proclamação acerca do Eterno domínio de Deus (Dn 4:34-37). Ele aprendeu que o Senhor, em sua soberania, é quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis” (Dn 2:21).

II. DEUS FALA NOVAMENTE A NABUCODONOSOR POR MEIO DE SONHOS (Dn 4:4-9).

1. Deus adverte Nabucodonosor através de um sonho. Nabucodonosor sentia-se senhor de tudo a ponto de, mais uma vez, se permitir dominar por uma arrogância inconcebível. Então, Deus o adverte através de um sonho.

"tive um sonho" (Dn 4:5). À semelhança do capítulo dois quando teve o sonho da grande estátua representando seu reino e os reinos que o sucederiam, mais uma vez Deus fala com Nabucodonosor; mais uma vez ele ficou aflito por não entender o seu significado.

É interessante perceber que o modo como Deus falava com os homens nos antigos tempos era diverso. Ele utilizava de canais possíveis para se fazer inteligível aos seus servos. Pelo fato dos antigos, especialmente os caldeus, darem muita importância aos sonhos e a sua interpretação, Deus usou esse canal de comunicação para revelar o significado das imagens do sonho na cabeça do rei. É claro que esse modo de falar e revelar a sua vontade não seja o único modo da comunicação divina. Portanto, essa via de comunicação não era e não é uma regra que obrigue Deus ter que falar somente por meio de sonhos. Mas Ele o fez, porque os antigos acreditavam piamente que os sonhos tinham um sentido divino. Hoje, temos a Palavra de Deus como o canal revelador da fala de Deus aos homens. É bom que se diga que não existe dom de sonhar como afirmam alguns cristãos. Mas é certo que Deus pode usar esse meio e outros mais para revelar a sua vontade soberana aos seus servos (Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD).

2. Daniel é convocado (Dn 4:8,9).Mas, por fim, entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu contei o sonho diante dele: Beltessazar, príncipe dos magos, eu sei que há em ti o espírito dos deuses santos, e nenhum segredo te é difícil; dize-me as visões do meu sonho que tive e a sua interpretação”.

Há um contraste entre o sonho do capítulo 2 e o sonho do capítulo 4. O primeiro sonho foi esquecido pelo rei, mas o segundo sonho ele não o esqueceu (Dn 2:1,6 e 4:10-17). Como da vez passada (capítulo 2), todos os sábios da Babilônia, com seus magos, astrólogos, caldeus e os adivinhadores foram convocados à presença do rei para darem a interpretação do sonho e, mais uma vez, falharam (Dn 4:6,7). Finalmente, foi convocado Daniel, e este, ao ouvir do rei o relato pediu-lhe um tempo porque, por quase uma hora, estava atônito e sem coragem para revelar a verdade do sonho ao rei. Daniel ficou perturbado, e disse: “O sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação para os teus inimigos” (Dn 4:19).

3. Daniel ouve o sonho e dá a sua interpretação (Dn 4:19-26). O rei conta a Daniel todo o seu sonho. Ele viu uma grande árvore de dimensões enormes que produzia belos frutos e que era visível em toda a terra. Os animais do campo se abrigavam debaixo dela e os pássaros faziam seus ninhos nos seus ramos (Dn 4:10-12). O rei viu descer do céu “um vigia, um santo” (Dn 4:13) e esse vigia clamava forte: “Derribai a árvore e cortai-lhe os ramos” (Dn 4:14). “Então Daniel... esteve atônito quase uma hora” (4:19). O tempo que Daniel levou para interpretar o sonho significava que ele ficou amedrontado em contar ao rei a verdade. De certo modo, Daniel gozava da confiança do rei como conselheiro e preferia, como homem, que as revelações do sonho não atingissem a pessoa do rei. Mas Daniel não pôde evitar, porque o próprio rei, percebendo a perplexidade de Daniel, o instou a que não tivesse medo e contasse exatamente o que o seu Deus havia revelado.

a) Uma árvore majestosa (Dn 4:11,12). A “árvore” do sonho de Nabucodonosor era formosa e bela. A visão esplêndida dessa árvore indicava a formosura, a grandeza, o poder e a riqueza que representavam a glória de Nabucodonosor. Ninguém na terra havia alcançado todo esse poder antes dele. Daniel declarou ao rei que aquela árvore que seria cortada era o próprio rei e disse: “Es tu, ó rei” (Dn 4:22). Imaginemos o semblante de espanto de Nabucodonosor ao ouvir esta declaração. Como resignar-se serenamente ante um fato inevitável revelado pelo Deus de Daniel. Assim é a glória dos homens, como uma árvore que cresce e se torna frondosa e, de repente, é derribada. Assim Deus destrói os soberbos (Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD).

b) Juízo e misericórdia são demonstrações da soberania divina. “Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo, que virá sobre o rei, meu senhor: serás tirado de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Dn 4:24,25).

Aqui é mostrado como Daniel começou a interpretação da “grande árvore” que o rei tinha visto no sonho. Daniel declarou que aquele monarca era a árvore e que seria cortada como quando o lenhador corta a árvore do bosque. Mas Daniel acrescentou que um tronco, com suas raízes, seria deixado na terra (Dn 4:15). Nabucodonosor devia saber que, ao passar o tempo de castigo, seria restaurado novamente no seu posto como governador do império babilônico. Isto mostra que a intenção divina não era destruir Nabucodonosor sem dar-lhe a oportunidade de se converter e reconhecer a glória de Deus. Ele foi tirado do meio dos homens e ficou completamente louco, indo conviver com os animais do campo por “sete tempos” (Dn 4:25). Depois desse período de demência, Nabucodonosor voltou ao normal e louvou ao Deus Altíssimo – “Mas, ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração” (Dn 4:34).

O Deus Todo Poderoso sempre que aplica uma sentença, ela vem mesclada de misericórdia. Porém, é evidente que chegará o Dia quando não mais essa misericórdia existirá, e, a partir daí, Deus dará aos seus inimigos o cálice da sua ira (Ap 14:10). No presente século, o ser humano é convidado a tomar parte no “dia da salvação”, porém em breve chegará o momento em que ele tomará parte da ira de Deus e do Cordeiro (Ap 6:17).

III. A PREGAÇÃO DE DANIEL

Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e desfaze os teus pecados pela justiça e as tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres, e talvez se prolongue a tua tranquilidade” (Dn 4:27).

O texto mostra que Daniel aconselhou o rei a arrepender-se dos seus maus caminhos – “desfaze os teus pecados pela justiça e as tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres” -, mas tudo indica que o rei continuou a sua vida como antes: soberbo e arrogante. A Bíblia diz que a soberba torna os olhos altivos (Pv 21:4). Quando o homem não escuta a voz da graça, ouve a trombeta do juízo. Deus abriu para o rei a porta da esperança e do arrependimento, ele, porém, não entrou. Então, Deus o empurrou para o corredor do juízo. Deus o humilhou. O orgulho é algo abominável para Deus, pois Ele resiste ao soberbo (1Pe 5:5).

Após 12 meses o sonho se cumpriu literalmente (Dn 4:29-32). Nabucodonosor morou com os animais, comeu erva como boi, e seu corpo foi molhado pelo orvalho. Depois de restabelecido, o rei entendeu que tudo aconteceu por causa de seu orgulho. Então, ele declarou:

 Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço, e glorifico ao Rei dos céus; porque todas as suas obras são verdades; e os seus caminhos, juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba”.

Nabucodonosor, finalmente, foi restaurado, tanto da doença mental como da alma. Deus o transformou através das duras provas.

“A conversão de Nabucodonosor pode ser vista por intermédio de quatro evidências:

- ele glorificou a Deus (Dn 4:34). Agora, ele olha para o céu, para cima. Nossa vida sempre segue a direção de nosso olhar. Até agora ele só olhava para baixo, para a terra. Como aquele rico insensato que construiu só para esta vida, e Deus o chamou de louco. Muitos levantam os olhos tarde demais, como o rico que desprezou Lázaro. Ele levantou seus olhos, mas já estava no inferno.

- “ele confessou a soberania de Deus (Dn 4.35).

- “ele testemunhou sua restauração (Dn4.36) e adorou a Deus (Dn 4.37)”.

(Rev. Hernandes Dias Lopes – Daniel, um homem amado no céu).

CONCLUSÃO

Se desejamos viver vitoriosamente, tenhamos muito cuidado, para não sermos contagiados pela soberba, que tem levado muitos à queda, pois Deus resiste e continuará resistindo aos soberbos (Tg 4:6). Todavia, o Pai Celeste dá e dará graças, misericórdia e ajuda em todas as situações da vida, àqueles que têm o coração quebrantado e contrito, que se chega a Ele com humildade.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Integridade Moral e Espiritual – Elienai Cabral. CPAD.

Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Daniel – As visões para estes últimos dias. Severino Pedro da Silva. CPAD.

Hernandes Dias Lopes – Daniel (Um homem amado do Cé). Hagnos.

Revista Ensinador Cristão – nº 60 – CPAD.