4º Trimestre_2014
Texto Base: Dn 6:3-5,10,11,15,16,20
“Então, os príncipes e os presidentes
procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam
achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum
vício nem culpa” (Dn 6:4).
INTRODUÇÃO
Estudaremos, nesta Aula, o capítulo 6 do
livro de Daniel. O império Babilônico (“cabeça de ouro”) ficou para trás. Agora
está em evidência o império Medos-Persas (“peitoral e braços”). Ciro, o grande,
é o novo imperador. À época Daniel era um homem idoso – entre 85 e 90 anos de
idade -, mas, tal como ocorreu nos idos da “cabeça de ouro”, manteve a sua
integridade moral e espiritual imutável, mesmo em tempo de crise.
Muitos fraquejam quando passam pelo teste da
adversidade. A vida de Daniel, porém, prova que um homem pode ser íntegro tanto
na adversidade como na prosperidade. Daniel foi íntegro quando chegou à
Babilônia como escravo. Ele resolveu firmemente não se contaminar. Agora ele
passa pelo teste da prosperidade - foi o primeiro ministro da Babilônia e agora
é um governador do reino medo-persa. Sua integridade é a mesma. Ele não se
deixa seduzir pela fama nem pela riqueza. Ele é um homem absolutamente
confiável.
Há abundantes exemplos dignos de serem
seguidos nessa área da integridade. O jovem José, do Egito, foi íntegro ao
preferir a prisão à liberdade do pecado. O profeta Jeremias preferiu a prisão à
popularidade. João Batista, o precursor de Jesus, por ser íntegro, preferiu
perder a cabeça a perder a honra.
Concordo com o Rev. Hernandes Dias Lopes,
quando diz que vivemos uma crise de integridade sem precedentes no mundo. Há
falta de integridade na família. A fidelidade conjugal está ameaçada. Há falta
de integridade moral nos vários segmentos da sociedade. A integridade está
ausente na escola, no namoro, no casamento, no comércio, na vida financeira, nas
palavras e nos acordos firmados, nos palácios e até nas igrejas. Rui Barbosa, o
grande tribuno brasileiro, chegou a vaticinar que chegaria o tempo em que os
homens teriam vergonha de ser honestos. Esse tempo chegou. (1)
I.
DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO EM UM MEIO POLÍTICO CORRUPTO (Dn 6:1-6).
A Babilônia tinha caído, um novo império
tinha se levantado, mas os homens que subiram ao poder continuavam corruptos. O
absolutismo do rei no império babilônico mudou para a descentralização do poder
no império medo-persa. O regime de governo mudou, mas não o coração dos homens.
É um grande engano pensar que as coisas vão mudar para melhor em virtude das
mirabolantes promessas dos políticos. Mudam-se os partidos; mudam-se as
figuras, mas o espírito e a cultura do aproveitamento são os mesmos. (2)
1.
Dario reorganiza o governo e delega autoridade administrativa (Dn 6:1-3). Na
reorganização do governo, Dario dividiu a responsabilidade da administração. Ele
constituiu 120 prefeitos e três governadores. Desses três governadores, Daniel
se distinguiu. Dario encontrou nele “um espírito excelente” (Dn 6:3) e, apesar
da idade avançada de Daniel, planejava estender sua autoridade sobre todo o
reino. A corrupção estava instalada dentro do palácio, nas rodas mais altas do
governo de Dario, porém o caráter de Daniel era impoluto e imutável. Ele não
vendeu a sua consciência. As circunstâncias adversas não alteraram as
convicções de Daniel.
Daniel manteve-se íntegro a despeito do
ambiente. Ele não negociou os seus valores absolutos. Ele não se corrompeu. A
base de sua integridade foi sua fidelidade a Deus. Sua fé foi a pedra de
esquina de sua moralidade privada e pública.
A vida de Daniel nos mostra que é possível ser
íntegro mesmo cercado por um mar de lama de corrupção.
2.
Daniel se torna alvo de uma conspiração (Dn 6:4,5). “Então, os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel
a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele
era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa. Então, estes homens
disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a
procurarmos contra ele na lei do seu Deus”.
Os inimigos de Daniel queriam afastá-lo do
caminho deles. Mas como? Nada encontraram para atacar em sua vida moral, assim,
conspiraram contra ele por intermédio de sua fé no seu Deus. Daniel 6:4 nos
informa que os conspiradores procuravam “achar
ocasião" para acusar Daniel. Essa palavra (“ocasião”) significa, aqui,
que eles buscavam um pretexto, um motivo.
Daniel, porém, era fiel a Deus e, também,
era fiel ao seu senhor terreno. Ele realmente era diferente dos demais. E
porque era diferente dos outros líderes foi perseguido, e conspiraram contra
ele para matá-lo.
A vida de Daniel nos prova que um homem pode
permanecer íntegro mesmo quando é vítima de conspiração.
3.
O perigo das confabulações (tramas, conspirações) políticas. Ver
Daniel prestes a uma promoção que o colocaria acima dos prefeitos e dos demais
governadores era mais do que eles podiam tolerar. Eles precisavam destruir
Daniel a qualquer custo, mas não encontrava nenhuma falha nele. O fracasso em
encontrar falhas na administração de Daniel os fez buscar uma maneira de atacá-lo
no seu ponto mais forte: sua religião e a lei do seu Deus (Dn 6:5). Eles sabiam
que Daniel era um homem de oração, e era neste ponto que eles articularam a
construção de uma arapuca. Eles agiram em surdina, maquinaram nos bastidores,
tramaram na escuridão. Eles bajularam o rei e se tornaram hipócritas para
alcançar o fim que desejavam: a morte de Daniel.
Eles bajularam o rei Dario elevando-o ao
posto de divindade por um mês. O projeto trazia como isca a exaltação e a
lealdade ao rei. Era bastante comum para os governadores dos medos e persas
colocar-se no lugar de um dos seus deuses e requerer a adoração do povo. Dario
sentiu-se lisonjeado em ser o centro da devoção religiosa por um mês, por isso,
assinou o edito. Mas a intenção dos conspiradores era outra.
O rei tornou-se refém de seu próprio orgulho
e, por conseguinte, de seu próprio decreto. Dario assina uma sentença
irrevogável, pois a lei nesse império era maior do que o rei. Dario caiu na
arapuca da lei e da ordem. E assim, sentenciaram à morte o homem de confiança
do rei. Além da bajulação, usaram a mentira (Dn 6:7).
A integridade nem sempre nos ajuda a
granjear amigos. Pessoa íntegra é uma ameaça ao sistema de corrupção. Por ser
fiel, você pode ser perseguido com maior rigor. As trevas aborrecem a luz. Os
que andam na verdade perturbam os que vivem no engano.
Não podemos permitir que qualquer ser humano
ou qualquer outra coisa venha impedir de buscarmos a Deus em oração, de
cultuá-lo, pois nada existe de mais importante do que o Senhor.
Nós temos que nos submeter ao estado, pois
sua autoridade provém de Deus e seus oficiais são ministros de Deus. Mas há um
limite: quando a obediência ao estado implica em desobediência a Deus. Neste
ponto nosso dever, como cristãos, é desobedecer ao estado a fim de obedecer à
Deus. Pois, afinal de contas, se o estado abusa de sua autoridade dada por Deus
e tem a presunção, seja de ordenar aquilo que Deus proíbe, seja de proibir
aquilo que Deus ordena, nós precisamos dizer "não" ao estado a fim de
dizer "sim" a Cristo. Como diz Pedro: "Antes importa obedecer a
Deus do que aos homens" (At 5:29). Veja outros exemplos com atitudes
semelhantes: Êx 1:15-17; Dn 3; At 4:19; 5:29.
II. DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO QUE NÃO
TRANSIGIU COM SUA FÉ EM DEUS (Dn 6:10-16).
1. Nenhuma trama política mudaria em Daniel
o seu hábito devocional de oração (Dn 6:10). “Daniel, pois, quando soube que a
escritura estava assinada, entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas
abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e
orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer”.
Quando Daniel soube do decreto do rei a sua atitude
foi inequívoca: “Ele entrou em sua casa e três vezes no dia se
punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes
costumava fazer”. Daniel não muda sua agenda ao saber que estava
sentenciado à morte. Alterar seus hábitos de devoção ou tornar secreta a sua
relação com o seu Deus seria uma negação basilar de sua integridade espiritual.
Certamente, ele deve ter sido tentado a
transigir ao se ajoelhar para orar: "Por que não facilitar as coisas? Veja
a posição de privilégios de que goza. Pense na influência que continuará
exercendo se transigir só nesse ponto. Assegure seu futuro. Não ore a Deus em
público apenas durante este mês. Ore secretamente em seu coração, se quiser,
mas por que fazê-lo como sempre fez? Certamente, você será notado e perderá
tudo, inclusive a vida". Daniel não foge nem transige, mas continua orando
ao Senhor como costumava fazer. Daniel aprendeu a ser íntegro na mocidade e
jamais mudou sua rota. Mesmo ancião, prefere a morte a transigir com sua
consciência. (3)
2.
A momentânea vitória dos conspiradores. “Então, aqueles homens foram juntos e acharam
Daniel orando e suplicando diante do seu Deus” (Dn 6:11).
Os inimigos de Daniel encontraram-no orando.
Era tudo que eles precisavam para levar adiante o plano macabro. Assim como
caçadores orgulhosamente exibem sua presa, os vis conspiradores chegaram ao rei
Dario e exibiram o resultado do seu mau intento. Deram-lhe a informação de que
tanto queriam – “Daniel, um dos exilados de Judá, não te dá ouvidos, ó rei, nem
ao decreto que assinaste. Ele continua orando três vezes por dia” (Dn 6:13, NVI).
E a informação estava cheia de veneno: (a) acentuava o preconceito, falando de
Daniel como um exilado, mesmo depois de setenta anos de integridade como o
homem mais importante do governo; (b) acrescentava uma informação falsa,
afirmando que Daniel não fazia caso do rei. Mas, a
alegria dos conspiradores durou apenas uma noite. O juízo divino seria
implacável contra os mesmos.
3. Preservando a integridade (Dn
6:18-22). Uma pessoa íntegra procura agradar a Deus
mais que aos homens. Ela não depende de elogios nem muda sua rota por causa das
críticas. Uma pessoa íntegra cumpre com a palavra empenhada e seu aperto de mão
vale mais que um contrato. Daniel sabia que sua integridade o tornava impopular
diante dos outros líderes, mas sua consciência era cativa ao Senhor e
comprometida com a verdade. Os opositores de Daniel odiaram-no não porque ele
praticara o mal, mas porque ele praticara o bem. Eles bajularam e se tornaram
hipócritas para alcançar o fim que desejavam, a morte de Daniel. Eles agiram em
surdina, maquinaram nos bastidores, tramaram na escuridão. (4)
Por ser fiel, você pode ser perseguido com maior
rigor. As trevas aborrecem a luz. Os que andam na verdade perturbam os que
vivem no engano. O íntegro é uma ameaça aos corruptos.
III. DANIEL NA COVA DOS LEÕES (Dn
6:16,17)
A cova dos leões era a forma mais cruel de
sentença de morte no reino medo-persa. Babilônia matava numa fornalha, o reino medo-persa
na cova dos leões.
1.
Daniel preferiu morrer a se dobrar diante de um edito maligno (Dn 6:16,17).
Dario caiu na armadilha da bajulação e se tornou refém de seu próprio decreto.
Daniel, seu homem de maior confiança, foi sentenciado à cova dos leões por
causa de sua irretocável integridade. Daniel não discutiu, nem questionou sua
condenação com o rei. Sua convicção era de que o seu Deus o livraria se assim o
quisesse. Ele não deixou de orar e de manter seu hábito devocional. A sua fé em
Deus proporcionava-lhe paz interior para enfrentar aquela circunstância adversa.
Daniel foi denunciado, preso e lançado na
cova dos leões. Sua integridade não o livrou da maldade, da inveja e da
perseguição dos seus inimigos do palácio. Mas Deus fechou a boca dos leões na
cova da morte.
Como crentes em Cristo estaríamos dispostos
a sacrificar nossa vida e até morrer pelo nome de Jesus? O próprio Jesus
declarou que no final dos tempos os verdadeiros discípulos seriam odiados,
atormentados e levados à morte. Mesmo que você morra por causa de sua
integridade, você ainda é bem-aventurado porque felizes são aqueles que sofrem
por causa da justiça!
2.
Daniel foi protegido da morte pelo anjo de Deus (Dn 6:22,23). “O meu Deus enviou o seu anjo” (Dn 6:22).
A Bíblia diz que "o anjo do Senhor
acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra" (Sl 34:7). Daniel não
escapou da cova dos leões, mas o anjo de Deus entrou com ele naquela cova e
fechou a boca dos leões. A firmeza da fé de Daniel estava acima de qualquer
trama diabólica, por isso, Deus enviou o seu anjo que fechou a boca dos leões,
e assim não puderam devorá-lo. Sua comunhão com Deus era algo vital e
inalterável na relação entre ambos.
Você não pode evitar que os homens maus
tramem contra você, mas você pode orar, e Deus pode frustrar o propósito dos
ímpios. Os perversos não contavam com a intervenção de Deus, com o livramento
do anjo do Senhor. Os amigos de Daniel foram livres das chamas do fogo da
fornalha, porque creram no seu Deus. Agora, Daniel foi livre de ser triturado
pelos leões, porque, também, crera no seu Deus.
O
Anjo do Senhor que andou com Hananias, Misael e Azarias na fornalha de fogo,
esse mesmo Anjo abençoou Daniel, ficando ao seu lado durante aquela noite, e
demonstrou Sua autoridade sobre os leões ao restringir todos seus instintos
naturais, a fim de não matarem brutalmente o servo do Senhor. Está escrito em 1João 5:4: “esta é a
vitória que vence o mundo: a nossa fé”.
Quando cuidamos de nossa integridade, Deus
cuida de nossa reputação. Daniel não podia administrar a orquestração dos seus
inimigos, nem fazer o rei retroceder, nem mesmo se recusar a ir para a cova dos
leões. Ele não podia tapar a boca dos leões, mas podia manter-se íntegro. Ele
podia orar e pôr sua confiança em Deus. Isso ele fez.
Cabe a nós manter-nos fiéis, velar pelo
nosso testemunho e honrar a Deus com nossa vida. Cabe ao Senhor nos livrar das
garras do inimigo. Daniel creu em Deus e o anjo fechou a boca dos leões. Deus
livrou Daniel em meio do problema e não do problema. Muitas vezes, Deus não nos
poupa das aflições, mas nos livra nelas ou mesmo na morte. (5)
3.
Deus mais uma vez foi glorificado através da vida de Daniel (Dn 6:25-27). Quando
cuidamos de nossa integridade, o nome de Deus é exaltado (Dn 6:26,27). Mais do
que o nome de Daniel, o nome de Deus foi proclamado e exaltado em todo o
império medo-persa. Dario exaltou a Deus dizendo: Ele é o Deus vivo; Ele é o
Deus eterno que vive para sempre; Seu reino jamais será destruído; Seu domínio
jamais terá fim; Ele é o Deus que livra, salva e faz maravilhas; Ele é o Deus
que livrou Daniel.
O fim último de nossa vida é glorificar a
Deus. Devemos viver de tal maneira que os homens vejam nossas boas obras e
glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus (Mt 5:16).
CONCLUSÃO
Quando cuidamos de nossa integridade, Deus
nos exalta (Dn 6:28). Ele foi promovido no governo de Dario, o medo, sob o
reinado de Ciro, o persa. Deus honra aqueles que o honram. Dario tornou público
um novo edito: “Da minha parte é feito um
decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam
perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e para sempre permanente, e
o seu reino não se pode destruir; o seu domínio é até ao fim” (Dn 6:25).
Esse foi o fruto da integridade de Daniel em todas as situações. E a maldição
dos inimigos de Daniel caiu sobre a cabeça deles. Todos aqueles homens foram
lançados na cova dos leões e estraçalhados, e não escapou nem mesmo suas
famílias (Dn 6:24,25).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço
– Assembleia de Deus. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação
Pessoal.
Integridade Moral e Espiritual – Elienai
Cabral. CPAD.
Daniel – As visões para estes últimos dias.
Severino Pedro da Silva. CPAD.
Revista Ensinador Cristão – nº
60 – CPAD.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
(1) Rev. Hernandes Dias Lopes – Daniel, um
homem amado do Céu. HAGNOS.
(2) Ibidem.
(3) Ibidem.
(4) Ibidem.
(5) Ibidem.
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