domingo, 3 de abril de 2016

Aula 02 – A NECESSIDADE UNIVERSAL DA SALVAÇÃO EM CRISTO


2º Trimestre/2016

Texto Base: Romanos 1:18-20,25-27; 2:1,17-21

 
Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer” (Rm 3:10).

 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula, veremos que o pecado atingiu todo o ser humano, por isso, a necessidade de salvação, na pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, é universal. Como o salário do pecado é a morte (Rm 6:23), assim que o homem desobedeceu a Deus, morreu espiritualmente, moralmente e fisicamente, ou seja, ficou sem comunhão com Deus, perdeu a sensibilidade de amar o próximo e foi sentenciado à degradação física; exatamente como Deus lhe havia falado (Gn 2:16,17). Estava, pois, arriscado a ficar eternamente separado de Deus, mas o Senhor, na sua infinita misericórdia, não o permitiu: em primeiro lugar, prometendo restaurar a comunhão perdida (Gn 3:15); em segundo lugar, impedindo que esta situação de morte adentrasse, de imediato, para o âmbito da eternidade (como ocorrera com os anjos rebeldes), impedindo o acesso do homem à árvore da vida e o expulsando do jardim do Éden (Gn 3:3,24). Dentro desta situação de risco de vida, deste perigo de ficar eternamente separado do seu Criador, Deus inicia a execução do plano da “salvação”, isto é, do “livramento”, do “escape”, a fim de levar-nos para o reino do Filho do seu amor (Cl 1:13). A queda do homem, portanto, não trouxe apenas alguns arranhões à humanidade, mas ruína, destruição e morte. Então, o homem não precisa apenas de cosméticos para melhorar sua aparência; precisa, sim, de ressurreição para levantá-lo da morte.

I. A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DOS GENTIOS (Rm 1:18-32)

O testo de Romanos 1:18-32 não é apenas uma radiografia da sociedade gentílica dos dias de Paulo e um sombrio quadro do mundo pagão, mas também um diagnóstico sombrio da condição do homem contemporâneo. A humanidade toda está moralmente arruinada.

1. A rejeição (Rm 1:21-23).Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis”. O texto mostra que a rejeição do conhecimento de Deus foi consciente. Em princípio, o pecado humano é pecado por omissão. Um duplo "não" os acusa (eles não glorificaram a Deus nem lhe deram graças). Quando os homens rejeitam a verdade, abraçam a mentira em seu lugar. A ausência da verdade sempre assegura a presença do erro.

Na visão do Rev. Hernandes Dias Lopes, o homem rejeita conscientemente o conhecimento de Deus de duas formas:

a) Deixando de glorificá-lo por quem Ele é. O homem deveria olhar para a natureza e ver nela a glória de Deus. Deixar de reconhecer os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua divindade nas obras da criação é privar Deus da sua própria glória. Portanto, quando o ser humano, seja nos grandes centros urbanos, seja nas selvas mais remotas, dá glória aos seus ídolos, ele não faz isso de forma inocente. Trata-se de uma rebelião deliberada.

b) Deixando de agradecer-lhe pelo que fez. Glorificamos a Deus por quem ele é e damos graças a Deus por aquilo que ele faz. A criatura deixa de ser grata para ser ingrata. Deus criou a terra e a encheu de fartura. Deus deu ao homem vida, saúde, pão, as estações e tudo mais para o seu aprazimento. Contudo, a resposta do homem a todo esse bem é uma consciente e deliberada ingratidão.

Qual é a razão dessa rejeição consciente? Tudo começa na mente. Os homens se tornaram nulos em seus próprios raciocínios. O homem começou a pensar e tirou Deus como referência do seu pensamento. O homem começou a refletir e tirou Deus como fonte de todo o bem. O homem começou a criar as suas próprias hipóteses, e muitas filosofias foram inventadas. O homem tornou-se o centro e a medida de todas as coisas. Não havia mais espaço para Deus. O resultado é que, nesse vazio de Deus, o raciocínio do homem tornou-se nulo.

2. A revelação (Rm 1:18-20).A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”.

A revelação natural é suficiente para tornar o homem indesculpável perante Deus. Desde o principio do mundo, dois atributos invisíveis de Deus podem ser reconhecidos claramente por todos: “seu eterno poder e sua [...] divindade” (Rm 1:20). O termo “divindade” sugere o caráter de Deus, e não sua essência; diz respeito aos atributos gloriosos, e não à sua divindade inerente, pois essa última já é pressuposta. O argumento é claro: a criação pressupõe um Criador; um projeto pressupõe um projetista. Ao olhar para o sol, a lua e as estrelas, qualquer um pode dizer que existe um Deus Todo-Poderoso. Qual a resposta à pergunta: “E quanto às pessoas que nunca ouviram o Evangelho?” A resposta é: “Tais homens são [...] indesculpáveis” (Rm 1:20). Deus se revelou a eles na criação, mas eles não responderam a essa revelação. Assim, as pessoas não são condenadas por rejeitar um Salvador do qual nunca ouviram falar, mas por não viver de acordo com o conhecimento de Deus ao qual elas têm acesso. Aqui, cai por terra a teoria do índio inocente, dos povos remotos que estão em estado de inocência. Todos os povos são indesculpáveis diante de Deus. Eles pecam contra Deus conscientemente.

3. A punição (Rm 1:22-32). Romanos 1:22-32 revela as consequências do pecado na vida do ser humano, que tiveram a oportunidade de glorificar a Deus, mas não o fizeram, e agora colhem os maus frutos dessa obstinação. Em três ocasiões, diz-se que “Deus entregou” os homens. Ele os “entregou [...] à imundícia (Rm 1:24), às paixões infames (Rm 1:26) e à uma disposição mental reprovável (Rm 1:28). Em outras palavras, a ira de Deus se voltou contra toda a personalidade do ser humano.

Em resposta à concupiscência perversa do coração dos homens, Deus os entregou à impureza sexual: adultério, relações ilícitas, lascívia, prostituição, etc. A vida de tais indivíduos se tornou uma sucessão de orgias nas quais desonram o seu corpo entre si. Esses homens foram abandonados por Deus porque abandonaram a verdade de Deus, colocando em seu lugar a mentira da idolatria. O ídolo é uma mentira, uma representação falsa de Deus. O idólatra adora a imagem de uma criatura; desse modo, insulta e desonra o Criador, o qual é eternamente digno de honra e glória, e não de afronta.

Enganam-se aqueles que pensam que o Deus do juízo está dormindo, inativo ou indiferente ao que acontece no mundo. O estado de degradação em que a sociedade se encontra já é uma retribuição divina, uma manifestação temporal do seu juízo. No dia do juízo final, a sentença eterna de Deus será apenas esta: "Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo..." (Ap 22:11). A penalidade eterna do homem será experimentar eternamente os resultados de seu abominável pecado.

Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, o juízo mais severo de Deus é dar ao homem o que ele quer (Rm 1:24,26,28). Não há castigo maior para o homem do que Deus o entregar a si mesmo. Deus pergunta: "É isso que você quer? Seja feita a sua vontade". Esse é o maior juízo de Deus, entregar o homem a si mesmo, à sua própria vontade. Os homens que tanto amam o esgoto do pecado são enviados para lá; o que querem, eles terão.

Deus entrega esses "filhos da ira" (Ef 2:3) desprotegidamente a si próprios, a saber, às concupiscências de seu coração (Rm 1:24), às paixões infames (Rm 1:26), a uma disposição mental reprovável (Rm 1:28), ou seja, à maneira que eles próprios escolheram para viver. Em outras palavras, Deus os entregou à sensualidade (Rm 1:24,25), à perversão sexual (Rm 1:26,27), e à vida antissocial (Rm 1:28-32). Assim, os perdidos gozam para sempre da horrível liberdade que sempre pediram; porém, essa liberdade é a mais perturbadora escravidão.

Segundo afirma o Rev. Hernandes Dias Lopes, a graça restritiva de Deus age no mundo, apesar da rebeldia humana, e assim, impede que a sociedade chafurde no abismo do pecado e se transforme num inferno existencial. Os juízos dentro da História ainda não são juízos totais. São aplicados como que com freios acionados, mesclados a uma profusão de paciência e longanimidade (Rm 2:4). No entanto, quando o homem se mostra resistente à graça e obcecado por lambuzar-se no pecado, Deus então o entrega.

“A humanidade é como um caminhão que desce ladeira abaixo. Deus está com o pé no freio, e o homem, com o pé no acelerador. Deus quer evitar a tragédia, e o homem acelera rumo ao abismo, até o momento que Deus tira o pé do breque e esse caminhão avança desgovernado para uma terrível tragédia. O que acontece é que Deus tira a culpa. O homem consegue pecar e a consciência não o acusa mais. Aí ele se gloria no pecado e aplaude o vício. As pessoas mergulham no pântano mais asqueroso da imoralidade e se corrompem ao extremo sem nenhum constrangimento, isso é o juízo de Deus. Por que Deus não manda fogo e enxofre como fez com Sodoma e Gomorra? Pior é entregar o pecador ao fogo do seu coração, preparando-o para o fogo do juízo” (Hernandes Dias Lopes).

II. A NECESSIDADE DE SALVAÇÃO DOS JUDEUS (Rm 2:1-3:1-8)

1. Os judeus em relação aos gentios. Paulo defende a tese nos três primeiros capítulos de que tanto os gentios como os judeus são culpados diante de Deus em virtude da revelação que receberam. Os judeus receberam a revelação especial, as Escrituras; e os gentios, a revelação natural. Por não viverem de acordo com a revelação recebida, ambos são indesculpáveis perante Deus. Tanto os gentios como os judeus são culpados por não viverem em conformidade com o conhecimento recebido. Os dois grupos têm algum conhecimento de Deus como Criador (Rm 1:20) ou Juiz (Rm 1:32; 2:2), e ambos contradizem com o seu comportamento, o conhecimento que possuem. Qual é, então, a diferença entre eles? Os gentios são mais coerentes que os judeus moralistas. E que os gentios praticam coisas que sabem ser erradas e aprovam os outros que as praticam (Rm 1:32), e os judeus moralistas praticam coisas que sabem ser erradas, mas condenam os outros que agem da mesma forma. Assim, o segundo grupo é culpado do pecado da hipocrisia, pois condena o erro na vida dos outros enquanto eles próprios praticam os mesmos erros. Tanto os gentios como os judeus são absolutamente culpados diante de Deus. Ambos pecaram e estão destituídos da glória de Deus. Os gentios pecaram contra a revelação natural e os judeus contra a revelação especial. Ambos precisam de igual forma ser salvos e ambos só podem ser salvos pela fé em Cristo Jesus.

2. Os judeus em relação à Lei. Outro aspecto da argumentação do apóstolo Paulo em relação aos judeus encontra-se em Romanos 2:17-29. Paulo pergunta: Os judeus aos quais a lei foi dada também estão perdidos?”. A resposta, evidentemente, é afirmativa.

Por certo, muitos judeus consideravam-se imunes ao julgamento de Deus. A seu ver, Deus jamais condenaria um judeu ao inferno; os gentios, em contrapartida, eram tidos como o combustível das chamas infernais. Paulo termina com essa pretensão mostrando que, em determinadas circunstâncias, os gentios podem estar mais próximos de Deus que os judeus. Em primeiro lugar, o apóstolo recapitula o que um judeu prezava como privilégio em relação a Deus. Tal indivíduo possuía um sobrenome judeu e, portanto, era membro do povo escolhido de Deus na terra. Repousava na lei, que não foi criada para dar repouso, mas para despertar na consciência o senso de pecaminosidade (Rm 2:17). Gloriava-se em Deus, o único Deus verdadeiro que havia estabelecido um relacionamento singular de aliança com a nação de Israel. Conhecia a vontade de Deus, pois uma descrição geral dessa vontade é apresentada nas Escrituras. Aprovava as coisas excelentes, pois a lei o havia ensinado a avaliar os valores morais (Rm 2:18). Orgulhava-se de ser guia dos moral e espiritualmente cegos, luz dos que se encontram nas trevas da ignorância (Rm 2:19). Julgava-se qualificado para corrigir os ignorantes ou incultos e ensinar as crianças, pois a lei lhe fornecia um resumo da sabedoria e da verdade (Rm 2:20).

Todavia, essas coisas das quais o judeu se vangloriava, não haviam mudado sua vida. Consistiam apenas em orgulho de sua raça, de sua religião e em conhecimento, sem nenhuma transformação moral correspondente. Ensinava, a outros, lições que ele próprio não havia aprendido. Pregava que não se devia furtar, mas ele próprio não praticava isso (Rm 2:21). Sua proibição do adultério era um caso de “faça o que digo, mas não faça o que eu faço” (Rm 2:22). Gloriava-se em possuir a lei, mas, pela transgressão dos seus preceitos, desonrava o Deus que a havia estipulado. Havia uma contradição entre o conhecer a lei e o praticá-la. Apenas o conhecimento da letra da lei, sem a devida absorção de suas normas e preceitos, conduziu o judaísmo a um moralismo estéril e farisaico (Rm 2:23).

A disparidade que os judeus legalistas demonstravam entre o discurso e a prática levava os gentios a blasfemarem o nome de Deus (Rm 2:24). Como é típico dos seres humanos, julgavam o Senhor de acordo com os que professavam ser seus seguidores. O mesmo acontecia no tempo de Isaias (Is 52:5) e continua acontecendo nos dias de hoje. Um dos maiores perigos que a igreja contemporânea enfrenta é o da inconsistência no testemunho. Um cristão de vida dupla é pior que um ateu. Um crente vivendo na prática do pecado é o maior agente do diabo na igreja. Cada um de nós deve perguntar: “Se a única imagem que outros têm de Jesus Cristo é o que encontram espelhando em nós, de que maneira o veem? ”.

3. Os judeus em relação à aliança (Rm 2:25-29; 3:1-8). A identidade dos judeus como povo escolhido é algo bem definido nas Escrituras Sagradas. Desde a sua criação como nação eleita, Israel foi identificado como povo de Deus (Ex 19:5). Os judeus estavam em posição vantajosa, porém eram culpados. A lei e a circuncisão não lhes serviam como garantia de sua identidade como povo de Deus. Aos olhos dos judeus, entretanto, isso parecia colocar em dúvida a aliança, as promessas e o próprio caráter de Deus. John Stott entende que os judeus devem ter reagido a Paulo com um misto de incredulidade e indignação, pois toda a tese paulina seria para eles uma ultrajante destruição daquilo que constitui as próprias bases do judaísmo, a saber, o caráter de Deus e a sua aliança.

Os judeus, inconformados com a teologia de Paulo que dinamitou os alicerces de sua pretensa segurança, investem contra o apóstolo com a seguinte pergunta: "Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?" (Rm 3:1). Paulo responde com firmeza: "Muita, sob todos os aspectos. Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos de Deus" (Rm 3:2). Paulo e os judeus estavam em pleno acordo com o fato de que Deus havia escolhido os judeus como povo especial e dado a eles a lei e a circuncisão. Agora, se a lei e a circuncisão não davam aos judeus nenhuma garantia em relação ao juízo divino, qual então era a vantagem de ser judeu? Muita, sob todos os aspectos! Um item, porém, sobrepuja a todos os outros, a saber: o fato de que aos judeus, e a nenhuma nação, foi atribuído o privilégio singular, a honra máxima, de serem eles os guardiões dos oráculos de Deus, de toda a revelação especial que consistia não só em mandamentos, mas também em predições e promessas. O problema é que os judeus pensavam que possuir os oráculos de Deus era privilégio, e não responsabilidade. Com certeza ser guardião dessa revelação especial de Deus é um privilégio imenso, mas também implica gigantesca responsabilidade.

Os judeus certamente poderiam argumentar com Paulo que eles eram diferentes e melhores que os gentios pagãos e não podiam ser postos no mesmo nível, uma vez que possuíam o selo de Deus, a circuncisão. Esse selo os tornava um povo especial e diferente no mundo. Segundo John Stott, os judeus tinham uma confiança quase supersticiosa no poder salvador de sua circuncisão. Epigramas rabínicos - por exemplo: "o homem circuncidado não vai para o inferno" e "a circuncisão livrará Israel do inferno" – eram evidentes expressões dessa crença. Para os judeus, os gentios eram "cães incircuncisos". O mais triste é que os judeus se fiavam na marca física, em vez de depositarem sua fé na realidade espiritual que esse sinal representava (Dt 10:16; Jr 9:26; Ez 44:9). O verdadeiro judeu era aquele que possuía uma experiência espiritual interior no coração, não apenas uma cirurgia física exterior.

Os judeus sentiam-se seguros acerca da sua salvação por causa da circuncisão. De igual forma, muitos cristãos, hoje, podem argumentar que são especiais porque possuem a Bíblia, frequentam uma igreja, foram batizados e participam da Santa Ceia. O verdadeiro cristão, porém, não é uma pessoa que meramente se submete a certos ritos, mas alguém que adotou esses ritos porquanto crê que foram estabelecidos pelo Senhor e deseja desta forma expressar-lhe amor e devotamente buscando o louvor que procede não dos homens, mas de Deus.

III. A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DA HUMANIDADE (Rm 3:9-20)

Não confundir necessidade de salvação universal com “universalismo”. Há uma tendência atual de afirmar que, no final das contas, Deus, em sua graça, salvará a todos os perdidos, mesmo aqueles que jamais responderam (e mesmo rejeitaram) o sacrifício de Cristo. Essa perspectiva teológica, bastante cultivada atualmente, denomina-se de “universalismo”. Esse ensinamento é totalmente falso. O arrependimento sempre foi e continuará sendo uma prerrogativa àqueles que querem ser salvos. Veja os seguintes trechos bíblicos que comprovam tal fato: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”(Mc 16:16); “Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”(Atos 16:31); “Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados”(At 2:38); “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor”(Atos 3:19). Desta feita, não faz qualquer sentido a posição dita “universalista”, segundo a qual toda a humanidade, mais cedo ou mais tarde, alcançará a salvação, mesmo na eternidade, visto que, como é desejo de Deus a salvação de todos os homens, não há como alguém ser eternamente condenado, pois isto implicaria em admitir que Deus não poderia salvar a todos ou não cumpriria os seus propósitos ou, ainda, que o sacrifício de Cristo fosse limitado em seus efeitos. Deus tem compromisso com a sua Palavra e, ao apresentar uma promessa condicional, tem de fazer prevalecer, pela sua fidelidade, o que prometeu.

1. A universalidade e o jugo do pecado. A argumentação de Paulo em Romanos 3:9-20 é: todos os homens são culpados diante de Deus, todos estão debaixo da condenação do pecado (Rm 3:9). Paulo é enfático no seu diagnóstico acerca do estado deplorável em que se encontra o ser humano. O pecado atingiu todo o seu ser: corpo e alma. O pecado enfiou seus tentáculos em todas as áreas de sua vida: razão, emoção e volição. Todo o seu ser está rendido ao pecado e a serviço do pecado. O homem está chagado da cabeça aos pés.

Paulo já fundamentou sua tese provando que os gentios, mesmo não tendo a lei escrita, tinham a lei moral dentro deles e o céu estrelado acima deles, mostrando-lhes a majestade de Deus. Uma vez que não deram glórias nem graças a Deus, antes se enveredaram pelos atalhos da idolatria e da imoralidade, tornaram-se passíveis de morte (Rm 1:18-32). De forma semelhante, Paulo desbancou a tola pretensão dos críticos moralistas que julgavam e condenavam publicamente os gentios por seus grosseiros pecados, mas os cometiam, em segredo. Por serem hipócritas, pregando uma coisa e vivendo outra, também não escapariam do justo juízo de Deus (Rm 2:1-16). Com a mesma veemência, Paulo atacou a falsa confiança dos judeus que se julgavam melhores que os demais homens, refugiando-se na lei e na circuncisão, acreditando que Deus os trataria com favoritismo. Paulo põe o machado da verdade na raiz dessa tola pretensão, lançando assim os judeus na mesma vala comum dos demais homens, provando que eles eram tão culpados diante de Deus quanto os gentios pagãos e tão inescusáveis quanto os críticos moralistas (Rm 2:17-3:8).

Se é verdade que o jugo do pecado é universal, também é verdade que a necessidade da salvação em Cristo é universal. O Evangelho de Deus, cujo conteúdo é Cristo, destina-se a todos os gentios, a todos os povos. Os judeus pensavam que as boas-novas de salvação eram destinadas apenas a eles. No entanto, o plano eterno de Deus incluía todos os povos. Cristo morreu a fim de comprar para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5:9). John Stott é enfático quando escreve: "Precisamos libertar-nos de todo orgulho, seja de raça, nação, tribo, casta ou classe, e reconhecer que o Evangelho de Deus é para todos, sem exceção e sem distinção”.

A universalidade da promessa da salvação não significa que todos serão salvos ao acaso. A condição humana para a salvação está bem explicitada em João 3:16, onde lemos, textualmente, que Deus amou o mundo de uma maneira extraordinária que deu Seu Filho Unigênito, “para todo aquele que nEle crê”. Crer em Deus, para a salvação, é mais do que partilhar um conjunto de doutrinas, é uma decisão contínua de negar a si mesmo e seguir os passos de Cristo (Mt 16:24). Essa fé é operada, no pecador, através do Espírito Santo, que o convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8), quando este ouve a Palavra de Deus (Rm 10:17).

2. Valores e comportamentos.  Na argumentação de Paulo em Romanos 3:10-18 podemos ver a depravação total da humanidade na distorção e perversão do seu relacionamento com Deus (Rm 3:10-12), consigo (Rm 3:13,14) e com o próximo (Rm 3:15-17). Vemos claramente uma inversão de valores, fruto de uma humanidade caída e distanciada de Deus.

10. Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.

11. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus.

12. Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.

13. A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;

14. cuja boca está cheia de maldição e amargura.

15. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.

16. Em seus caminhos há destruição e miséria;

17. e não conheceram o caminho da paz.

18. Não há temor de Deus diante de seus olhos.

Aqui, Paulo pinta um quadro sinistro: ninguém é justo; de fato, ninguém entende sua deplorável condição. E ninguém está tentando entender, nem mesmo procurando por Deus, a fonte de toda sabedoria e conhecimento. O pecado distorceu valores e comportamentos na sociedade. Paulo, assim, chega à conclusão que todos os homens, sem distinção de raça, cultura ou religião são culpados diante de Deus. O pecado atingiu a todos, sem exceção. Paulo registra: “Como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Rm 3:10-12). É interessante observar o uso de "nem um", "não há'" e "todos”, asseverando assim a universalidade da culpa humana. Ninguém é justo ou bom (Rm 3:10-12), uma vez que todos pecam por palavras (Rm 3:13,14) e por obras (Rm 3:15), por causa de um estilo de vida que é mau e desastroso (Rm 3:16), e não bom (Rm 3:17), já que lhes falta o temor do Senhor, que é o princípio da sabedoria (Rm 3:18).

CONCLUSÃO

Diante de tudo que foi visto até aqui, concluímos que a necessidade universal da salvação em Cristo Jesus é urgente e essencial. O homem está sob a ira de Deus, por isso precisa de salvação. Não precisamos de nenhum guia espiritual ou do exemplo inspirador de algum mártir. Precisamos de um Salvador real, porque estamos sob a ira real de Deus. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23).

O que deve o homem fazer para ser salvo? Em primeiro lugar, se expor à Palavra de Deus. Ouvir a Palavra com atenção, com reflexão, com reverência, com interesse, com sede de conhecer a Verdade: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará… se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8:32,36); “De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10:17).  Em segundo lugar, arrepender-se de seus pecados, confessá-los e deixá-los: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Pv 28:13). Jesus iniciou o Seu ministério dizendo: “Arrependei-vos, pois está próximo o reino dos céus”(Mt 3:2); “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor” (Atos 3:19).  Em terceiro lugar, aceitar o convite de Jesus e permitir que Ele more no seu coração: “Eis que estou à porta, e bato. Se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3:20); “Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10:9). Em quarto lugar, permanecer na fé, permanecer no caminho: “Mas aquele que persevera até o fim será salvo” (Mt 24:13); “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (João 15:7).

“Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:22,23).

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Luciano de Paula Lourenço

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

Revista Ensinador Cristão – nº 66. CPAD.

Romanos – O Evangelho segundo Paulo. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

A Mensagem de Romanos. John Stott. ABU.

Maravilhosa Graça. José Gonçalves. CPAD.

 

terça-feira, 29 de março de 2016

Aula 01 – A EPÍSTOLA AOS ROMANOS


2º Trimestre/2016

 
Texto Base: Romanos 1:1-17

 “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1:16).

 

INTRODUÇÃO

Com esta Aula, damos início ao estudo do 2º Trimestre letivo de 2016. São treze temas propostos, tendo como texto base a Epistola do apóstolo Paulo aos Romanos. Alguém disse que a Epístola aos Romanos é “a Catedral da Fé”. Em termos teológicos, Romanos é a Epístola mais importante do Novo Testamento, pois constitui o texto bíblico mais próximo de uma apresentação sistemática da fé cristã. Segundo John Stott, “ela é a mais completa, a mais pura e a mais grandiosa declaração do Evangelho encontrada no Novo Testamento. Sua mensagem é a de que os seres humanos nascem em pecado e escravidão, mas que Jesus Cristo veio para libertá-los. Nela se anuncia a boa nova da libertação: libertação da ira de Deus contra toda impiedade; libertação da alienação para uma vida de reconciliação; libertação da condenação da lei de Deus; libertação do medo da morte; e libertação para dedicar-nos em amor a uma vida de serviço a Deus e aos outros. Lutero disse que todo cristão deveria não apenas conhecer de coração a Epístola aos Romanos, palavra por palavra, mas também ocupar-se com ela a cada dia, como pão cotidiano para a sua alma”. Ao lermos a Epístola aos Romanos, vemos qual a condição do homem diante de Deus por causa do pecado e como o Senhor, na Sua infinita graça e misericórdia, proporciona a salvação em Cristo e como esta salvação transforma a criatura humana, tornando-a um filho de Deus, um ser separado e livre do pecado, pronto a servir ao Senhor e a ser inundado pelo amor divino que foi o motor de todo este glorioso processo.

Na atualidade, muitos não compreendem o que é a salvação e como ela se opera na vida do homem. Ao estudarmos a Epístola aos Romanos, com foco na doutrina da salvação (chamada pelos teólogos de “soterologia”), teremos condição de compreender aquilo que já sentimos e usufruímos e, assim, poder louvar a Deus com a profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus, assim como fez o próprio apóstolo, enquanto escrevia esta carta: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm 11:33-36).

I. AUTOR, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS

1. O autor (Rm 1:1). “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus”. Aqui, Paulo se apresenta como o remetente da carta. Ele o faz com senso de humildade, chamando a si mesmo de servo de Cristo e, também, com senso de autoridade, afirmando seu apostolado (Rm 1:1). Paulo, contudo, não a escreveu de próprio punho, mas ditou-a a um amanuense chamado Tércio, conforme se encontra em Romanos 16:22 – “Eu, Tércio, que esta carta escrevi, vos saúdo no Senhor”. Amanuenses eram profissionais que escreviam textos à mão. Era o que se pode chamar de escrevente, ou copista. Entre os Romanos, os senhores, geralmente, tinham um escravo amanuense que fazia o trabalho de secretário, cuidando da escrita dos negócios de seu amo. Como Tércio envia à Igreja de Roma sua saudação pessoal, fica claro que ele também era cristão e que, muito provavelmente, estava prestando um serviço gratuito a Paulo.

Quanto a sua importância, a Epístola aos Romanos é o maior compêndio de teologia do Novo Testamento. É a epístola das epístolas, a mais importante e proeminente que Paulo escreveu. É uma exposição e uma defesa do evangelho da graça. John Stott considera Romanos uma espécie de manifesto cristão. Nenhum livro da Bíblia exerceu tanta influência sobre a teologia protestante e nenhuma carta de Paulo revela de forma tão clara o pensamento teológico do apóstolo aos gentios.

2. Local e data. Há um consenso geral de que Paulo escreveu a Epístola aos Romanos durante sua estada de três meses na Grécia (At 20:2,3), na província da Acaia, numa região próxima de Corinto. Isso é confirmado pela recomendação de Paulo a Febe, a portadora da Carta à igreja de Roma. Febe era da Igreja de Cencréia (Rm 16:1), uma pequena cidade a 12 quilômetros de Corinto, onde se situava um importante porto da capital da Acaia. Paulo estava encerrando sua terceira viagem missionária e se preparava para viajar a Jerusalém a fim de levar as ofertas levantadas entre as igrejas gentias que socorreriam os pobres da Judéia (Rm 15:30,31). É bastante provável que esta Carta tenha sido escrita por volta do ano 57 ou 58 d.C. É, portanto, a última Carta escrita por Paulo antes de seu prolongado período de detenção, primeiro em Cesaréia (At 23:31-26:32) e depois em Roma (At 28:16-31). Nesse tempo, o apóstolo Paulo já havia concluído suas três viagens missionárias.

3. Destinatários (Rm 1:7).A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. A Epístola foi destinada, originalmente, à Igreja de Roma, que era composta por judeus e gentios. Dirigindo-se a seus irmãos judeus, Paulo demonstra sua preocupação com eles e explica como podem ajustar-se ao plano divino (cf. Rm 9:1-11:2). Visto que o caminho para que judeus e gentios pudessem estar unidos no corpo de Cristo foi aberto pelo próprio Deus, os dois grupos poderão louvá-lo por sua sabedoria e amor (cf. Rm 11:13-36).

Mas, quem fundou a igreja de Roma? Com toda convicção podemos afirmar que Paulo não foi o fundador da Igreja, uma vez que ele escreve falando acerca de seu desejo de visitar aqueles irmãos (Rm 1:10-13). Tampouco a Igreja de Roma foi fundada por algum dos outros apóstolos. O catolicismo romano ensina que o apóstolo Pedro foi o fundador da Igreja, e seu episcopado na Igreja durou 25 anos, ou seja, de 42-67 d.C. Essa tese, porém, carece de fundamentação. Primeiro, porque Pedro era o apóstolo da circuncisão (Gl 2:9), e não o apóstolo destinado aos gentios, ou seja, o seu ministério era destinado prioritariamente aos judeus. Segundo, porque Paulo não menciona Pedro em sua carta aos Romanos, o que seria uma gritante falta de cortesia. Terceiro, porque Paulo diz que gostaria de ir a Roma para compartilhar o evangelho e distribuir algum dom espiritual (Rm 1:11), o que não faria sentido se Pedro já estivesse entre eles. Além disso, Paulo tinha o princípio de pregar o evangelho não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio (Rm 15:20). Há três possibilidades para a origem da Igreja de Roma:

- A primeira possibilidade é que essa Igreja foi estabelecida pelos judeus ou prosélitos de Roma, convertidos na Festa do Pentecostes em Jerusalém no ano 30 d.C., os quais retornaram à capital do império para plantar a Igreja (At 2:10). Em Roma estava o maior centro judaico do mundo antigo. Havia mais de treze comunidades sinagogais na cidade. Mantinham um contato intenso com Jerusalém. As pessoas viajavam para lá e para cá como comerciantes, artesãos e também como peregrinos devotos. Confessando sua fé, deram origem a um movimento cristão muito vivo. Desse modo, o cristianismo em Roma originou-se da atuação de crentes que nós chamamos de anônimos. As famosas estradas romanas facilitaram sobremodo a mobilização das pessoas e a rápida expansão do evangelho.

- A segunda possibilidade é que essa Igreja tenha sido estabelecida por cristãos desconhecidos, convertidos pelo ministério de Paulo, emissários de algum dos centros gentílicos que haviam compreendido plenamente o caráter universal do evangelho. Vale ressaltar que as três grandes cidades onde Paulo estivera por mais tempo - Antioquia, Corinto e Éfeso - eram justamente as três com as quais (assim como Alexandria) o intercâmbio com Roma se mostrava mais intenso.

- A terceira possibilidade é que a Igreja de Roma teria sido fundada por Áquila e Priscila. A Bíblia nos informa que este abençoado casal tinha morado na Itália, mais precisamente em Roma, de onde tiveram que sair por ordem do Imperador Cláudio que, no ano 49 d.C., expulsou de Roma todos os judeus – conheceram Paulo em Corinto – “E depois disto partiu Paulo de Atenas e chegou a Corinto. E, achando um certo judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), se ajuntou com eles. E, como era do mesmo oficio, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por oficio fazer tendas” (Atos 18:2-3). Ao que tudo indica voltaram para Roma, pois, Paulo ao escrever a Epistola aos Romanos enviou saudações ao casal, como também para a Igreja que se reunia em sua casa - “Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus...Saudai também a igreja que está em sua casa...” (Rm 16:3-5). É, pois, possível que eles tenham fundado a Igreja de Roma, antes, é claro, muito antes de terem sido expulsos, pelo Imperador Cláudio. Porém, não há qualquer comprovação bíblica, ou histórica. São hipóteses, apenas!

A verdade é que havia, em Roma, uma grande e poderosa Igreja formada tanto por gentios, como também por judeus. Se ela foi fundada pelos judeus, ou prosélitos que estavam em Jerusalém no Dia do Pentecoste, se ela foi fundada por Áquila e Priscila, ou se foi fundada por outro, em nada altera a História da Igreja!

II. FORMA LITERÁRIA, CONTEÚDO E PROPÓSITO

1. Forma literária. Segundo estudiosos do assunto, Paulo utilizou o estilo de diatribe na Epístola aos Romanos. Nesse modelo literário, que era um recurso muito usado pelos filósofos estóicos e críticos, o autor valia-se de uma exposição critica a respeito de alguma obra. Um exemplo claro de diatribe (crítica severa) no livro de Romanos está no capítulo 2 versos 1-16, onde Paulo responde a objeções de um interlocutor não identificado. Nos versículos 5-11, Paulo usa uma linguagem duríssima contra os soberbos e orgulhosos, porque sabe que são atitudes de difícil trato. Na verdade, a soberba não tem perdão porque jamais o pede. Talvez por isso Jesus tenha iniciado seu sermão do monte dizendo que o Reino dos Céus pertence aos humildes de espírito. Talvez por isso Jesus tenha condenado o fariseu de Lucas 18:9-14.

2. Conteúdo. O conteúdo da Epístola aos Romanos possui alguns dos maiores temas das Escrituras. São esses temas que tornam essa Epístola a mais teológica do Novo Testamento. É considerada a mais importante obra do apóstolo, não só pela sua extensão (é a mais longa das epístolas paulinas), mas também por ser uma exposição dos fundamentos da doutrina cristã, a mais sistemática de todas as Escrituras. É, pois, a Epístola paulina em que mais se percebe a estrutura costumeira das epístolas de Paulo, quais sejam, a de construção em quatro partes, a saber: a apresentação, a parte dogmática, a parte prática e a conclusão.

a) A apresentação de Paulo e dos seus destinatários. Nesta primeira parte da Epístola, o apóstolo se apresenta e apresenta os crentes de Roma. Abrange o capítulo 1, dos versículos 1 a 17, terminando com a apresentação do próprio tema da carta, qual seja: a justificação pela fé (Rm 1:17). Em nenhum outro lugar a doutrina da justificação aparece com tanta clareza quanto aqui.

b) Parte dogmática ou doutrinária. Aqui, o apóstolo traz o ensino a respeito do que considera ser a justificação pela fé em Jesus Cristo, o que o apóstolo considera como sendo o Evangelho de Cristo, esta boa notícia de que o homem pode ser justificado diante de Deus se crer em Jesus. Esta parte, que é a mais substanciosa da epístola e que a caracteriza como o principal tratado teológico da Bíblia, vai do capítulo 1, versículo 18, até o capítulo 11. A começar dos efeitos do pecado na humanidade, o apóstolo fala a respeito da justiça divina, do papel condenatório da lei, da submissão do homem ao pecado, do papel justificador da fé em Cristo Jesus, da graça divina e do efeito dela no homem e, por fim, da análise da questão da eleição divina e do livre-arbítrio, tomando-se como caso concreto a ser analisado o povo de Israel.

c) Parte prática. Esta parte do Conteúdo da Epístola abrange os capítulos 12 ao capítulo 15 versículo 13, quando o apóstolo disserta a respeito das ações esperadas de quem é justificado pela fé, o que mostra como não tem qualquer sentido as afirmações de que a Epístola aos Romanos é um livro teórico ou um livro que se contraponha a epístola de Tiago, como acreditou Martinho Lutero. Muito pelo contrário, ao terminar a sua exposição a respeito da justificação, o apóstolo começa a falar da necessidade de o crente viver em santidade, separado do pecado e que como suas ações, neste sentido, são indispensáveis, imprescindíveis para a demonstração de uma verdadeira vida cristã. Por isso, fala da consagração do crente, da ética cristã baseada no amor ao próximo, na submissão do crente às autoridades terrenas, na tolerância do cristão com os fracos na fé e na supremacia do amor como sentimento supremo no comportamento de cada salvo sobre a face da Terra.

d) Conclusão. Abrange desde o capítulo 15 versículo 14 até o final do capítulo 16. É um relato do apóstolo sobre as suas intenções e motivos que o levaram a esta exposição da fé para que os crentes de Roma o conhecessem. Nela, o apóstolo mostra a sua disposição de partir para Roma depois de entregar as ofertas que levava a Jerusalém e de ter a ajuda e o apoio da igreja em Roma para o início de sua missão na Espanha, fazendo questão de saudar vários amigos, que se encontravam na capital de César e que serviriam de referência e recomendação a ele para aqueles irmãos.

A Epístola aos romanos, portanto, deve ser lida como uma verdadeira defesa da graça e do amor de Deus em favor do homem. Não é por outro motivo, aliás, que Martinho Lutero, um dos maiores entusiastas desta Epístola, dizia que ela e o evangelho segundo João eram suficientes para que alguém tivesse pleno conhecimento da obra e do ensino de Jesus Cristo. É por isso que, ao longo da história da Igreja, comentários e estudos sobre Romanos tenham sido tomados como verdadeiras “sumas teológicas”, ou seja, como grandes sínteses e resumos da doutrina cristã como um todo.

3. Propósito. O propósito principal para esta Epistola de Paulo ser escrita naquele momento era preparar o caminho para sua visita a Roma, informar os crentes em Roma de seus planos de visita, e conseguir o apoio deles para o seu futuro ministério na Espanha. Paulo ansiava por visitar Roma e se Deus quisesse, logo ele estaria lá (Rm 1:10-13). O apóstolo sabia que Roma era a cidade mais importante do império, como uma influência que se espalhava por toda parte – ministrar ali seria estratégico. Ele estava para ir a Jerusalém (Rm 15:25), no entanto, seus olhos permaneciam na Espanha (Rm 15:24). O apóstolo já considerava cumprida a sua missão no Oriente: Macedônia, Acaia, Galácia e todas as regiões onde havia plantado igrejas. Seu interesse agora era o Ocidente. Roma seria o lugar onde o apóstolo receberia o apoio para avançar com a obra missionária, depois de ter ido a Jerusalém. Assim, Paulo cumpriria estrategicamente duas missões importantes: visitar Jerusalém levando a oferta angariada nas igrejas da Macedônia e Acaia, bem como, visitaria Roma, estabelecendo ali, um ponto de apoio para a sua missão no Ocidente.

Também, Paulo queria contra-atacar qualquer mal entendido a respeito de seus objetivos e de sua mensagem – havia uma difamação muito difundida dirigida a ele por alguns que se diziam cristãos e muitos judeus (veja, por exemplo, 1Corintios capítulo 3 e 2Corintios capítulos 10 e 11). Para muitos cristãos romanos, Paulo era apenas um nome; eles nunca o haviam encontrado e apenas tinham ouvido falar dele. Assim, Paulo consumiu algum tempo para construir sua credibilidade e autoridade demonstrando cuidadosamente sua teologia. É como se ele estivesse dizendo: “Aqui está quem eu sou e aquilo em que acredito”.

Outro propósito para Paulo escrever esta Epístola era edificar os romanos em sua fé, pois eles não tinham líderes ou mestres apostólicos. Ele conhecia os conflitos inevitáveis que se apresentariam aos cidadãos do Reino de Cristo na maior cidade do Império Romano. Esta era uma igreja que não possuía uma Bíblia completa – eles tinham as Escrituras hebraicas (o Antigo Testamento), mas os Evangelhos ainda não haviam sido escritos e as outras Epístolas haviam sido enviadas para outras igrejas. A Epístola aos Romanos, portanto, era a primeira peça de literatura estritamente cristã que esses crentes veriam. Assim, sob a inspiração do Espírito Santo, Paulo, de forma clara e cuidadosa redigiu esta obra prima teológica que traz a forte mensagem do supremo poder de Deus, da salvação pela graça - independentemente das obras, tanto para os gentios como para os judeus -, e da justificação pela fé.

III. VALOR ESPIRITUAL

1. Fundamentação doutrinária. Nas palavras do Rev. Hernandes Dias Lopes, a Epístola de Paulo aos Romanos é muito mais que simplesmente uma carta, é um tratado teológico. É o maior compêndio de teologia do Novo Testamento. É a epístola das epístolas, a mais importante e proeminente carta de Paulo. Os eruditos comparam a Epístola aos Romanos à cordilheira do Himalaia. Nela Paulo subiu às alturas excelsas e atingiu o ponto culminante da teologia cristã. Por inspiração divina, o velho apóstolo expôs de forma lógica as grandes doutrinas da graça. A Epístola aos Romanos trata de alguns dos temas mais profundos do cristianismo: as doutrinas da chamada eleição, da predestinação, da justificação, da glorificação e da herança eterna. É uma verdadeira enciclopédia teológica.

Todos os reformadores viam esta Epístola como sendo a chave divina para o entendimento de todas as Escrituras, já que nela Paulo une todos os grandes temas da Bíblia: pecado, lei, julgamento, destino humano, fé, obras, graça, justificação, eleição, o plano da salvação, a obra de Cristo e do Espírito Santo, a esperança cristã, a natureza e vida da igreja, o lugar do judeu e do não-judeu nos propósitos de Deus, a filosofia da igreja e a história do mundo, o significado e a mensagem do Antigo Testamento, os deveres da cidadania cristã e os princípios da retidão e moralidade pessoal. Romanos nos abre uma perspectiva através da qual a paisagem completa da Bíblia pode ser vista e a revelação de como as partes se encaixam no todo se torna clara.

Nesta Epístola, Paulo mostra que a justiça de Deus manifesta-se no Evangelho. Na cruz de Cristo Deus revelou sua ira sobre o pecado e seu amor ao pecador. A cruz de Cristo foi a justificação de Deus, uma vez que nela Deus satisfez plenamente sua justiça violada. Se a ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens, no Evangelho a justiça de Deus se revela para a salvação de todo o que crê. Paulo anuncia ainda que a justificação não é alcançada pelas obras da lei, mas pela fé na obra de Cristo. Não é a obra que fazemos para Deus que nos salva, mas a obra que Deus fez por nós em Cristo que nos traz a vida eterna. Não é nossa justiça que nos recomenda a Deus, mas a justiça de Cristo a nós imputada. O Justo Jesus justifica o injusto ser humano. O injusto que não tem justiça própria é justificado ao confiar na justiça de Jesus Cristo, o Justo. Romanos 4 é um brilhante ensaio no qual Paulo prova que o próprio Abraão, o pai fundador de Israel, foi justificado não por suas obras (Rm 4:4-8), nem por sua circuncisão (Rm 4:9-12), nem pela lei (Rm 4:13-15), mas pela fé. Em consequência, Abraão é agora "o pai de todos os que creem", sejam eles judeus ou gentios (Rm 4:11,16-25). A imparcialidade divina é evidente.

2. Renovação espiritual. Indubitavelmente, os destinatários originais da Epístola aos Romanos experimentaram um grandioso avivamento espiritual mediante a sua leitura. Todavia, a influência espiritual e moral do texto sagrado desta Epístola se estenderam por todo o período da Igreja, proporcionando avivamentos extraordinários na vida de muitas pessoas. Muitos líderes influentes da igreja, em diferentes séculos, dão testemunho do impacto produzido pela Epístola aos Romanos em suas vidas, tendo sido ela, em diversos casos, o instrumento para sua conversão. Esta Epístola, provavelmente mais que qualquer outro livro da Bíblia, tem influenciado a história do mundo de forma dramática. Vejamos três fatos contados por alguns expoentes historiadores do cristianismo:

- Aurélio Agostinho (354-430 d.C), conhecido no mundo todo como Agostinho de Hipona e que viria a tornar-se o maior dos Pais Latinos da igreja primitiva, por intermédio da leitura da Epístola aos Romanos, foi convertido a Cristo em 386 d.C. Agostinho viveu de forma devassa, entregue às paixões carnais, prisioneiro do sexo ilícito e ao mesmo tempo objeto das orações de Mônica, sua mãe, até que se assentou a chorar no jardim de seu amigo Alípio, quase persuadido a começar vida nova, mas sem chegar à resolução final de romper com a vida que levava. Ali sentado, ouviu uma criança cantar numa casa vizinha: Tolle, legel Tolle, legel (Pega e lê! Pega e lê). Ao tomar o manuscrito do amigo que estava ao lado, seus olhos caíram nestas palavras: "Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências" (Rm 13:13,14). Seus olhos foram imediatamente abertos, seu coração foi transformado e as sombras de suas dúvidas, dissipadas. O próprio Agostinho confessa: "Não li mais nada e não precisava de coisa alguma. Instantaneamente, ao terminar a sentença, uma clara luz inundou meu coração e todas as trevas da dúvida se desvaneceram". Agostinho tornou-se o maior teólogo da igreja ocidental.

- Martinho Lutero (1483-1546) O monge agostiniano Martinho Lutero rompeu os grilhões da escravidão espiritual diante de Romanos 1:17 e descobriu que o justo vive pela fé. Até então, Lutero vivia atormentado pela culpa. A justiça de Deus o esmagava e o levava ao desespero. O monge afligia sua alma com intermináveis confissões ao vigário, no confessionário, flagelando seu corpo com castigos e penitências. Lutero recorreu a todos os recursos do catolicismo de sua época na tentativa de amenizar a angústia de um espírito alienado de Deus, diz Stott (STOTT, John. Romanos, p. 15).

- João Wesley (1703 -1791). Grande avivalista e despertador das igrejas reformadas no século XVIII, e do movimento metodista. Este grande bandeirante do cristianismo recebeu a certeza da salvação ao ouvir numa igreja morávia a leitura do prefácio do comentário de Romanos escrito por Lutero. João Wesley tornou-se um líder espiritual de grande expressão na Inglaterra. Criou depois a Igreja Metodista, uma igreja que buscava a santidade sem deixar de engajar-se firmemente na obra missionária. O reavivamento inglês salvou a Inglaterra dos horrores da Revolução Francesa. Esse movimento espiritual espalhou-se para a Nova Inglaterra e atingiu horizontes ainda mais largos.

Frase de João Wesley: “Uma pessoa pode ir à igreja duas vezes por dia, participar da ceia do Senhor, orar em particular o máximo que puder, assistir a todos os cultos e ouvir muitos sermões, ler todos os livros que existem sobre Cristo. Mas ainda assim tem que nascer de novo”.

CONCLUSÃO

A Epístola aos Romanos é a maior, a mais rica e a mais abrangente declaração da parte de Paulo sobre o Evangelho. Suas declarações condensadas sobre verdades imensas são como molas retraídas – quando são liberadas, elas voam pela mente e pelo coração até encherem o horizonte do indivíduo e moldarem a sua vida. O estudo desta Epístola é vitalmente necessário para a saúde e entendimento espiritual do cristão. Portanto, leiam esta Epístola, pois lhes dará a consciência da dimensão do grande amor de Deus por todos os homens. Ela nos conduzirá a amarmos mais Deus e honrarmos o Senhor Jesus Cristo em nossa maneira de viver.

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Luciano de Paula Lourenço

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

Revista Ensinador Cristão – nº 66. CPAD.

Romanos – O Evangelho segundo Paulo. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

A Mensagem de Romanos. John Stott. ABU.

Maravilhosa Graça. José Gonçalves. CPAD.

sábado, 26 de março de 2016

LIÇÕES BÍBLICAS DO 2º TRIMESTRE/2016


 

No 2º Trimestre letivo de 2016 estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema:MARAVILHOSA GRAÇA - O Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos”. Serão 13 temas relacionados com a Epístola aos Romanos. Estudar esta Epístola é como matricular-se na escola superior do Espírito Santo e aprender as verdades mais profundas e mais importantes do cristianismo. Paulo escreve Romanos para repartir com a igreja da capital do império o significado do Evangelho. Nessa Epístola ele discorre sobre a condição de ruína e perdição tanto dos gentios como dos judeus. Também mostra que a salvação é pela graça, independentemente das obras, tanto para os gentios como para os judeus.

As lições serão comentadas pelo Pr. José Gonçalves e estão distribuídas sob os seguintes Temas:

Lição 1 - A Epístola aos Romanos.

Lição 2 - A Necessidade Universal da Salvação em Cristo.

Lição 3 - Justificação, somente pela fé em Jesus Cristo.

Lição 4 - Os Benefícios da Justificação.

Lição 5 - A Maravilhosa Graça.

Lição 6 - A Lei, a Carne e o Espírito.

Lição 7 - A Vida Segundo o Espírito.

Lição 8 - Israel no Plano da Redenção.

Lição 9 - A Nova Vida em Cristo.

Lição 10 - Deveres Civis, Morais e Espirituais.

Lição 11 - A Tolerância Cristã.

Lição 12 - Cosmovisão Missionária.

Lição 13 - O cultivo das relações interpessoais.

I. MARAVILHOSA GRAÇA

“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2:11).

A Maravilhosa graça de Deus é a mais extraordinária manifestação do amor divino para com a humanidade. Ela traduz a bondade do Senhor e o seu desejo de favorecer o homem, de ser misericordioso com o ser humano, ainda que o homem não mereça esta benevolência divina, vez que pecou e se rebelou contra o seu Criador. Entretanto, apesar do pecado, Deus mostrou seu amor em relação ao homem, por intermédio da sua Maravilhosa Graça. Sem que o homem mereça coisa alguma, Deus providenciou um meio pelo qual o homem pudesse retornar a conviver com Ele. Ele enviou seu Filho para que morresse em nosso lugar e satisfizesse a justiça divina. Portanto, a todos quantos crerem na obra do Filho, Deus permite que venha novamente a ter comunhão com Ele, ainda que imerecidamente. É este favor imerecido que consiste na Maravilhosa Graça de Deus.

1. Aspectos da Graça de Deus. Vários são os aspectos da Graça de Deus. Como demonstração, citarei apenas quatro aspectos.

a) A Graça comum. Deus não é apenas o Criador da Terra, do homem, e de tudo que nela há, mas, pela sua Graça Comum, ou Universal, ele é também o Sustentador de todas as coisas, incluindo a existência do homem, conforme afirmou Paulo, em Atenas: “Porque n’Èle vivemos, e nos movemos, e existimos...”(Atos 17:28).

Sem a Graça comum, ou Universal, que é um favor imerecido que ele quis e continua concedendo ao homem, não haveria vida sobre a Terra. Deus, através de sua Graça Comum, abençoa todos os homens, crentes e incrédulos. Foi o que o Senhor Jesus deixou claro, quando afirmou: “... porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos”(Mt 5:45).

Assim, quer o homem saiba disto, ou não; quer reconheça ou não a misericórdia de Deus; quer seja grato ou não, na verdade a sua vida está nas mãos de Deus e é sustentado pela sua Graça.

É Deus quem controla o dia e a noite, que administra as estações do ano, que mantém a regularidade dos movimentos de rotação e translação da Terra, que mantém o equilíbrio da cadeia alimentícia, que regula o sistema de defesa do corpo humano, entre tantos outros benefícios concedidos pela sua Graça Comum, ou Universal. Por isto, nós que conhecemos a Palavra de Deus, dizemos que “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim”(Lm 3:22).

b) A graça salvadora. Sem qualquer mérito humano, mas unicamente pela sua graça, Deus quis prover um meio de salvar o ser humano. E proveu. E a graça salvadora de Deus não tem limites, é inesgotável, é abundante. Por isto, ela envolve todo o mundo, é suficiente para predispor toda a humanidade a tornar-se merecedora da Redenção Divina, oferecendo-lhe a oportunidade de escapar da justa e inevitável condenação – “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor”(Rm 6:23.) E porque é o “Deus de toda a graça”, conforme está escrito em 1Pedro 5:10, ele “...quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade”(1Tm 2:4). Nesse sentido, e para que isto pudesse acontecer, foi que “... a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”(Tito 2:11).

c) Graça justificadora e regeneradora. A graça de Deus é a fonte da justificação do homem (cf Rm 3:24; Ef 2:8). Ela substitui o pecado na vida do homem, que é justificado pela fé em Cristo Jesus. Quando somos justificados, somos atingidos pela graça divina (Rm 5:18), graça que sobrepuja a nossa velha natureza, de tal sorte que o apóstolo diz que “onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5:20). Também na vida do justificado, a graça reina pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor (Rm 5:21).

A graça, portanto, passa a ser o critério do nosso relacionamento com Deus. Somos, a todo momento, atingidos pelo favor imerecido do Senhor. É por este motivo que o tempo em que vivemos é denominado de “dispensação da graça” (cf. Ef 3:2), ou seja, o período em que o relacionamento de Deus para com os homens é regido pela “graça”, pelo favor divino em relação ao homem que não leva em consideração os méritos humanos.

A justificação é recebida pela fé quando o ser humano crê em Jesus, aceitando-o como seu único e suficiente Salvador, ou seja, no momento em que ocorre a conversão, quando se torna uma “nova criatura” (2Co 5:17). Desta feita, a pessoa torna-se partícipe da família de Deus, como bem diz o apóstolo Paulo: “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus” (Ef 2:19).

d) Graça santificadora. A santificação é parte integrante da vida cristã, e o cristão que não deseja a santificação está perdendo o temor a Deus. Como Deus deseja também nos auxiliar no processo de santificação, Ele nos dá o seu Santo Espírito para habitar em nós e nos orientar nesta separação do mundo, ou seja, separação do pecado (não dos pecadores). A graça de Deus só pode ser eficaz, na vida do convertido, se ele se dispuser a negar-se a si mesmo, para ter uma vida de santidade.

A santificação é um processo espiritual, que tem início na conversão, e deve prosseguir por toda a vida do crente, até a morte, ou o seu encontro com Cristo, em sua vinda. É o estado vivencial daquele que é santo, que vive em santidade. A falta de santificação anula os efeitos da regeneração e da justificação. Diz a Bíblia: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12.14).

A vida cristã somente pode progredir e se desenvolver se houver separação do pecado, o que deve ser perseguido até o dia do arrebatamento da Igreja. A salvação é um contínuo processo que, iniciando-se na regeneração, fruto do arrependimento e da conversão, prossegue, após a justificação, mediante a santificação, até o seu instante final, que é a glorificação.

II. O EVANGELHO DE JESUS CRISTO REVELADO NA CARTA AOS ROMANOS

A Epístola aos Romanos não foi escrita prioritariamente para corrigir algum problema na igreja de Roma, mas para fazer uma apresentação e uma defesa do Evangelho de Jesus Cristo. Este é o Evangelho libertador que Cristo trouxe ao mundo, por mercê de Deus, independentemente das obras humanas (Ef 2:8,9). Paulo se referiu a este Evangelho de maneira muito eloquente em Atos 20:24: “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”. Nenhum título poderia expressar de maneira mais apropriada o evangelho que Paulo pregava do que “o evangelho da graça de Deus”. Esta é a mensagem que toca profundamente e trata do favor de Deus concedido aos pecadores culpados e ímpios que não mereciam outra coisa senão a eternidade no inferno. Este Evangelho da graça conta como o Filho do amor de Deus se despiu da glória suprema do Céu para sofrer, derramar seu sangue e morrer no Calvário a fim de oferecer o perdão dos pecados e a vida eterna a todos os que creem nele. A mensagem do Evangelho de Cristo é a única porta aberta por Deus para a salvação do pecador.

1.  O que é o Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos? Na visão do Rev. Hernandes Dias Lopes, o Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos:

a) Não é o evangelho da prosperidade. Hoje vemos florescer no mundo outro evangelho (Gl 1:6,7), um falso evangelho, o evangelho da prosperidade, e não o evangelho da cruz. Esse evangelho promete conforto, e não sacrifício; sucesso, e não renúncia; riquezas na terra, e não bem-aventurança no céu. Esse evangelho coloca o ser humano no centro, em vez de Deus. É antropocêntrico, e não teocêntrico. Nesse evangelho é Deus quem está a serviço do homem, e não o homem a serviço de Deus. Nesse evangelho é a vontade do homem que deve ser feita no céu, e não a vontade de Deus que deve ser feita na terra.

O evangelho da prosperidade é um falso evangelho. Confunde prosperidade com salvação; riqueza na terra com bem-aventurança no Céu. Troca a cruz pelo dinheiro; a bem-aventurança eterna pela prosperidade; a salvação pelo sucesso. Esse falso evangelho substitui a promessa das mansões celestiais pelas mansões da terra; constrói castelos de areia na terra, mas não faz nenhuma provisão para o Céu. Esse falso evangelho tem ludibriado muitos obreiros gananciosos, atraído muitas pessoas avarentas e afastado de Deus os incautos em vez de conduzi-los ao Salvador.

b) Não está centralizado em milagres e prodígios. Há muitos falsos obreiros que pregam um evangelho apenas para aliviar a dor do corpo, e não para sarar as enfermidades da alma. Pregam cura, e não arrependimento; milagres, e não a fé salvadora. Pregam sobre os supostos direitos que o homem tem e não sobre a necessidade de esse mesmo homem se arrepender.

Precisamos reafirmar com toda convicção que Deus realiza milagres, pois Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Ele jamais abdicou de seu poder. Porém, o evangelho não é constituído apenas de milagres. O milagre pode abrir portas para o evangelho, mas não é o evangelho. As pessoas que mais viram milagres foram as gerações mais incrédulas. As três gerações que mais viram prodígios na História foram as pessoas que viveram nos dias de Moisés, de Elias e dos Apóstolos. Essas três gerações se renderam à incredulidade. O milagre em si não é suficiente para converter o pecador. Somente o Espirito Santo pode fazê-lo. Depois do estupendo milagre do Pentecostes, o povo ficou cheio de ceticismo, preconceito e zombaria, mas quando Pedro se levantou para pregar a Palavra os corações se derreteram.

Jesus não veio ao mundo apenas com o propósito de aliviar a dor do corpo; ele veio para salvar o homem do pecado e da ira vindoura. Sua missão principal foi morrer na cruz e ressuscitar dentre os mortos para nos salvar.

c) Não ê o evangelho do descompromisso com o senhorio de Cristo. Há muitas pessoas que entram para a igreja, mas não nascem de novo. Elas fazem parte da igreja na terra, mas não da Igreja no Céu. Têm seu nome registrado no rol de membros da igreja, mas não no Livro da Vida. São filhos de crentes, mas não filhos de Deus. Foram batizados com água, mas não com o Espírito Santo. São pessoas que aderiram à igreja, mas não se converteram a Cristo. Professam o nome de Cristo com seus lábios, mas o negam com suas obras. Chamam Jesus de Salvador, mas não o obedecem como Senhor. São pessoas que frequentam a igreja, mas não mudam de vida. Professam uma coisa, mas praticam outra. Há um abismo entre o que dizem e o que fazem, entre sua teologia e sua vida.

Aqueles que ainda têm apetite pelas iguarias do mundo nunca experimentaram o sabor do pão do Céu, pois Jesus disse que quem comer esse Pão nunca mais terá fome. Aqueles que correm para as fontes do mundo jamais beberam da água da vida, pois Jesus disse que quem beber dessa água nunca mais terá sede.

d) É o poder de Deus para salvação de todo o pecador, de todos aqueles que creem em Jesus Cristo (Rm 1:16).

Há poderes que destroem, como a bomba atômica que sepultou as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Mas, o Evangelho é o poder Onipotente de Deus para livrar o homem da ira vindoura e reintegrá-lo àquela glória da qual ele foi destituído por causa do pecado. O Evangelho de Jesus Cristo é o poder de Deus para a salvação. Não há salvação fora do Evangelho. Não há esperança para o pecador sem o Evangelho. O Evangelho é a mensagem do amor de Deus, da graça salvadora e do perdão infinito. O Evangelho é Deus amando o pecador; é o justo perdoando o culpado; é a porta do Céu escancarando-se para o perdido; é a vida sendo oferecida aos mortos em seus delitos e pecados.

O Evangelho de Jesus Cristo livra o homem da condenação e dá-lhe salvação; tira-o do império das trevas e transporta-o para o reino da luz. O Evangelho de Jesus Cristo arranca o homem das cadeias da condenação e concede-lhe libertação. Tira-o das entranhas da morte e oferta-lhe vida eterna. Essa salvação é passada, presente e futura. Quanto à justificação, já fomos salvos; quanto à santificação, estamos sendo salvos; quanto à glorificação, seremos salvos. Na justificação fomos salvos da condenação do pecado; na santificação estamos sendo salvos do poder do pecado; e na glorificação seremos salvos da presença do pecado.

2. Algumas verdades acerca do Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos. O Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro “Romanos – o evangelho segundo Paulo”, destaca as seguintes verdades acerca do Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos:

a) O Evangelho não vem do homem, mas de Deus - "... separado para o evangelho de Deus" (Rm 1:1).  Paulo deixa claro que ele não é a fonte do evangelho, mas apenas seu arauto. O apóstolo não é a fonte da mensagem, mas seu canal. Ele não cria a mensagem, apenas a transmite. A origem do Evangelho não está na terra, mas no céu. O evangelho não é fruto da cogitação humana, mas da revelação divina. Há muitos "evangelhos" inventados ou distorcidos pelos homens. Esses outros evangelhos representam as reivindicações pretensiosas de homens presunçosos. Esses evangelhos não passam de falsos evangelhos (Gl 1:6-8). O Evangelho de Deus é sua jubilosa proclamação da vitória e da exaltação de seu Filho, e da consequente anistia e libertação que os homens podem desfrutar pela fé nele.

b) O Evangelho foi concebido na eternidade (Rm 1:2) – “o qual antes havia prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras”. O Evangelho não é uma inovação, uma espécie de plano B, porque o plano A fracassou. O Evangelho foi concebido na eternidade, anunciado por Deus na História, prometido pelos profetas, prefigurado nos sacrifícios judaicos e plenamente cumprido em Cristo. Há uma continuidade perfeita entre o Antigo e o Novo Testamento. O Evangelho que Paulo anuncia é aquele prometido pelos profetas no Antigo Testamento e revelado aos apóstolos no Novo Testamento. Paulo crê firmemente na suficiência das Escrituras para nos revelar o conteúdo do Evangelho. Ele não aceita nenhum Evangelho além daquele revelado nas Escrituras. Nada de introduzir alguma novidade estranha à Palavra de Deus. O conteúdo do Evangelho se limita à revelação divina que temos nas Sagradas Escrituras.

c) A essência do Evangelho (Rm 1:3,4) – “acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos - Jesus Cristo, nosso Senhor”. O Evangelho tem como essência o Filho de Deus. É o Evangelho de Jesus Cristo. Jesus Cristo é o eixo, o cerne, o conteúdo e a essência do Evangelho. Portanto, apartar-se de Jesus, um passo que seja, significa afastar-se do Evangelho. O centro das Escrituras é o próprio Cristo. Como Filho, ele é mais que Abraão, Moises, Davi, Salomão ou qualquer profeta.  É a plenitude concreta de Deus.  Na verdade o cristianismo é Cristo. Ele é a essência, a suma e a substância do Evangelho. Jesus é o Messias dos judeus e o Senhor dos cristãos.

d) A natureza do Evangelho (Rm 1:16,17) - “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé”. O Evangelho é a boa-nova do amor de Deus ao homem; é a boa notícia do perdão de Deus ao pecador. No evangelho resplandecem tanto o amor quanto a justiça de Deus.

e) A abrangência do Evangelho (Rm 1:5). “... entre todos os gentios". O Evangelho de Deus, cujo conteúdo é Cristo, destina-se a todos os gentios, a todos os povos. Os judeus pensavam que as boas-novas de salvação eram destinadas apenas a eles. No entanto, o plano eterno de Deus incluía todos os povos. Cristo morreu a fim de comprar para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5:9). John Stott é enfático quando escreve: "Precisamos libertar-nos de todo orgulho, seja de raça, nação, tribo, casta ou classe, e reconhecer que o Evangelho de Jesus Cristo é para todos, sem exceção e sem distinção. Este é um tema de suma importância em Romanos".

f) A finalidade do Evangelho (Rm 1:16)Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego". O Evangelho é o poder de Deus para a salvação. O Evangelho não é um poder destruidor, mas salvador. Nenhum poder na terra pode salvar o homem, exceto o Evangelho.

g) O resultado do Evangelho (Rm 1:17) – “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé”. O Evangelho produz não apenas fé salvadora, mas também fé santificadora. O justo viverá pela fé. O justo é salvo pela fé, vive pela fé, vence pela fé e caminha de fé em fé.

CONCLUSÃO

Que Deus nos abençoe e nos dê inteligência espiritual para que possamos, com a indispensável inspiração do Espírito Santo, expor Aulas inspiradas, e que elas venham proporcionar maturidade e crescimento espiritual em todos aqueles que delas participarem. Sem o conhecimento das Escrituras é impossível chegarmos à maturidade cristã e crescermos espiritualmente. O profeta Oséias denunciou que o povo de Deus perece por falta de conhecimento (Oséias 4:6). Quando a igreja despreza ou subestima o ensino sólido e fiel das Escrituras, ela sucumbe diante das muitas novidades, estranhas à verdade, que aparecem no mercado religioso. Precisamos ser zelosos da doutrina para podermos reconhecer o que é falso ensino e assim rechaçá-lo.

Que o Espírito Santo nos ilumine!

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Ev. Luciano de Paula Lourenço

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Romanos – O Evangelho segundo Paulo. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

A Mensagem de Romanos. John Stott. ABU.